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Albert

o Patrício Lourenço Matsinhe

É possível alcançar harmonização contabilística global efetiva?


Os prós da harmonização
Os contras da harmonização

Licenciatura em Contabilidade e Auditoria


4º Ano

Universidade Pedagógica de Maputo


Faculdade de Economia e Gestão
Maputo, 2022
Alberto Patrício Lourenço Matsinhe

É possível alcançar harmonização contabilística global efetiva?


Os prós da harmonização
Os contras da harmonização

Licenciatura em Contabilidade e Auditoria


4º Ano

Projecto de pesquisa sobre harmonização


contabilística global efectiva, orientado pelo:
Docente Raimundo Alfândega na cadeira de
estágio técnico prático profissional, para
efeitos de avaliação e posteriormente para a
obtenção do grau de licenciatura.
O supervisor: Raimundo Alfândega

Universidade Pedagógica de Maputo


Faculdade de Economia e Gestão
Maputo, 2022
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CAPÍTULO II: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. Harmonização contabilística – conceito


A harmonização pode ser definida de acordo com Jorge Niyama (2008), como um processo que
busca preservar as particularidades inerentes a cada país, mas que permita reconciliar os sistemas
contabilísticos que facilite a comunicação e contribuam para reduzir as diferenças internacionais
no financial reporting, permitindo a comparabilidade das informações.

Para Nobes e Alexander (1994) a harmonização é definida como o processo que visa incrementar
a compatibilidade das práticas contabilísticas, mediante o estabelecimento de limites ao seu grau
de variação.

Para Nobes e Parker citado por Celso Cunha (2021) harmonização contabilística é o processo
que visa o aumento da comparabilidade das práticas contabilísticas através da fixação de limites
ao seu grau de variação.

De uma forma geral, é considerada a existência de dois níveis de harmonização


(Canibaño e Mora, 2000; Giner e Mora, 2001; Garrido et al., 2002; Taplin, 2004; Fontes et al.,
2005; Ali, 2005):

 a harmonização material ou de facto, que se refere aos quadros de referência que


conduzem às práticas contabilísticas utilizadas por diferentes empresas e/ou organizações
e à busca de semelhanças consistentes entre esses quadros e práticas;
 a harmonização formal ou de jure, que se refere aos normativos contabilísticos, ou seja
às semelhanças na regulamentação e legislação contabilística de diferentes países.
Entende-se que a harmonização formal conduz à harmonização material.

Normalmente, a harmonização está relacionada com o cumprimento de requisitos de


consenso e, por isso, é mais fácil de implementar, a curto prazo. Deste modo, segundo Hulle
(1997), não é de estranhar que, para que se atinja o consenso desejado, uma das suas
consequências mais evidentes seja a inclusão de várias opções no tratamento de questões em que
há incompatibilidade de posições.
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2.2 A Crescente Importância do IASC


A profissão contabilística desde há muito que reconheceu a necessidade de ter uma
estrutura harmonizada à escala global. Há mais de vinte e sete anos, a profissão contabilística
tomou a iniciativa de constituir o International Accounting Standards Committee (IASC) e o
International Federation of Accountants (IFAC), com o intuito de produzir uma orientação em
resposta às cada vez maiores exigências da comunidade empresarial. São estes dois organismos
que estão incumbidos de desenvolver normas internacionais harmonizadas para a preparação e
verificação da informação das organizações.

Nobes (1996a) refere que, nos seus primeiros anos de vida, o IASC era visto como uma
arma inofensiva pelos principais países anglo-saxónicos, embora muitos países da Europa
Continental o encarassem como um “Cavalo de Tróia”, que escondia o inimigo contabilístico
anglo-saxónico dentro de uma fachada internacional respeitável. Contudo, toda esta situação
começou a mudar à medida que o IASC atingia a sua maturidade, tendo assumido especial
relevância a ocorrência de importantes desenvolvimentos no seu 21º ano de vida (1993).

2.3. Normalização no Seio do IASC


Em vinte e nove de junho de 1973, os órgãos reguladores dos sistemas contabilísticos de
dez países (Estados Unidos, Reino Unido, França, Canadá, Austrália, Japão, Alemanha, Holanda,
Irlanda e México), assim como dezasseis organismos profissionais destes países, acordaram
constituir um órgão supra-nacional, que se designou por IASC (International Accounting
Standards Committee), com o propósito de coordenar, mundialmente, a profissão contabilística e
de elaborar normas de aplicação universal.

A sua crescente influência nos sistemas contabilísticos mundiais, bem como o aumento
de importância do IASC, levou a que no ano de 2001 se procedesse a significativas alterações na
sua estrutura e no seu funcionamento, passando a denominar-se por IASCF (International
Accounting Standards Committee Foundation), alterando a sua composição e organização
interna.

O IASC procura alcançar o seu objectivo de homogeneização da informação financeira


através da normalização das práticas contabilísticas.
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Assim, Epstein e Mirza (1998) referem o conjunto de medidas utilizadas pelo IASC, por
forma a dar continuidade aos seus objectivos:

 Persuadir os seus membros a convidar o IASC sempre que dois ou mais países, que não
partilhem da mesma legislação, se proponham a discutir sobre princípios contabilísticos;
 Encorajar os países que não tenham normas contabilísticas próprias a adoptar as do IASC
como normas nacionais do país;
 Convidar outros países que, apesar de terem normas próprias, carecem de regulamentação
em certos assuntos particulares, a adoptar as soluções do IASC como a base para a
emissão de normas nacionais nessa matéria em concreto;
 Sugerir aos países que já têm normas de contabilidade a necessidade de as comparar com
as normas internacionais com vista a eliminar qualquer diferença significativa;
 Esforçar-se por demonstrar àqueles países, que têm a estrutura das suas práticas
contabilísticas definidas na lei, os benefícios de uma harmonização com as normas
internacionais de contabilidade.

Na tentativa de acomodar abordagens tão diversas, o IASC optou, inicialmente, por lidar
com princípios gerais, evitando detalhes excessivos.

2.5. A Rápida aproximação à Normalização do IASC


Os compromissos celebrados pelo IASC com organizações de tanto prestígio como a
IOSCO (que agrupa as entidades supervisoras das bolsas de valores de cerca de 100 países, entre
as quais cabe destacar a norte-americana: Securities and Exchange Commission), bem como a
recomendação da Federação das Bolsas Euro-asiáticas (com vinte membros pertencentes a
dezoito países), juntamente com a efectuada pela The Arab Society of Certified Accountants, para
que se adoptem as normas internacionais de contabilidade como corpo normativo das nações
árabes, têm provocado um reconhecimento crescente das importantes contribuições do IASC no
processo normalizador, sub-estimando o papel levado a cabo pela União Europeia (Álvarez,
1998).

Esta política de aproximação ao normativo do IASC atraiu, não só os países comunitários


como a França e a Alemanha, mas também algumas potências económicas como a China,
Austrália e Japão e, inclusivamente, muitos países em vias de desenvolvimento. Estes encontram
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nas normas do IASC uma importante economia de custos de investigação (embora à custa de
perder parte da sua soberania nacional ao adoptar um conjunto de normas “estranhas” para
regular os interesses económicos nacionais) e uma forma de captar investidores estrangeiros ao
facilitar-lhes um conjunto de regras mais transparentes.

2.5. Harmonização contabilística – A influência do IASB


O IASB é a estrutura dentro do IASC Foundation, que emite as normas para as
Demonstrações Financeiras (DF) do sector privado.

Fruto desta reformulação, as normas emitidas até 2001 são designadas por IAS
(Internacional Accounting Standards) e as suas interpretações emitidas pelo SIC (Standing
Interpretations Committee) – tendo estas normas (IAS) sido emitidas pela entidade enquanto se
designava por IASC. A partir de 2001, as normas emitidas no âmbito do IASC Foundation, mais
concretamente pelo IASB, passam a designar-se por IFRS (Internacional Financial Reporting
Standards) e as respectivas interpretações pelo IFRIC (International Financial Interpretations
Committee). Estas modificações tiveram origem numa mudança de paradigma, agora com maior
enfoque no relato financeiro.

O IASB assumiu como objectivos a formulação e publicação, no interesse público, de


normas de contabilidade, a aplicar na apresentação das DF, promovendo a sua aceitação e
cumprimento a nível mundial, assim como o desenvolvimento de tarefas para a melhoria e para a
harmonização de regulamentos, princípios, normas e procedimentos, relativos à apresentação da
informação financeira (IASB, 2014).

Vantagens e desvantagens da harmonização contabilística internacional: porquê adoptar


normas internacionais de contabilidade?
Alguns países, por diversas razões, não possuem um padrão próprio de sistemas
contabilísticos, nem uma estrutura sistema legal (leis ou regulamentos), nem organismos
profissionais de classes suficientemente fortes que possam influir na elaboração de normas
contabilísticas. Para países com tais características, torna-se mais fácil a implementação de
normas contabilísticas internacionais que facilitem o processo de harmonização, porque os
ajustes necessários para reconciliação são significativamente menores e, portanto, nesses casos, é
uma vantagem.
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Outra vantagem que é destacada para as as empresas, principalmente de países


emergentes que estão à busca de recursos de investidores estrangeiros, é a possibilidade de
apresentar suas demonstrações contabilísticas em linguagem inteligível (normas internacionais).
Com razoável margem de segurança, tenderão a levar vantagem comparativamente as empresas
que venham a apresentar relatórios contabilísticos em moeda de seu país de origem.

Por outro lado para as empresas multinacionais uma nítida vantagem proporcionada pela
harmonização contabilística internacional é a redução de custos para gerenciar sistemas
contabilísticos diferenciados em diferentes países.

A harmonização contabilística internacional também deverá contribuir para a realização


de trabalhos de auditoria mediante redução de custos.

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