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CONTABILIDADE INTERNACIONAL

INDRODUÇÃO
A linguagem da informação contabilística não é homogênea e varia conforme o país.
Facto disso é a classificação da contabilidade como sendo uma ciência social aplicada.
Isso significa dizer que ela recebe grande influência do meio em que está inserida.

A contabilidade internacional surge para construir um ponto comum entre os relatórios


financeiros elaborados por contextos de outros países e definir métodos de adaptação aos
padrões internacionais a partir da contabilidade local.

Ela está estruturada a partir do estudo das normas contabilísticas vigentes em cada país e
tem como objetivo a transformação de relatórios a diferentes regras normativas, conforme
os interesses comerciais relacionados a operações de exportação/importação ou entre
empresa matriz e filial situada no exterior, por exemplo.

O seu estudo tem sido essencial, pois possibilita a integração de informações econômicas
entre o mercado internacional e a interação de pesquisas e trabalhos acadêmicos com
compreensão lógica mesmo que através de técnicas contábeis distintas.

Muito se tem falado sobre o fim da contabilidade internacional, já que as normas de


alguns países têm há algum tempo convergido ás normas internacionais, num processo de
harmonização. Porém a tendência é de que elas sempre mantenham uma certa
divergência. A proposta é que os princípios básicos que norteiam a contabilidade sejam
comuns a fim de facilitar cada vez mais a troca de informações entre diferentes mercados
globais.

1. Dimensão internacional da contabilidade


As informações contabilísticas podem variar substancialmente de um país para outro, de
acordo com os princípios contabilísticos que o governam. Algumas dessas dimensões:
 Culturais;
 Práticas empresariais;
 Sistemas políticos;
 Inflação;
 Tributação; e
 Riscos empresariais.

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2. Sistemas contabilísticos internacionais

Em uma organização, decisões são tomadas de acordo com a forma como elas irão afetar
o desempenho e a saúde financeira futura da entidade. As Normas Internacionais de
Contabilidade (ou IFRS – International Financial Reporting Standards) afetam várias
áreas e setores nas organizações: contabilidade, gestão financeira, auditoria, marketing,
produção, distribuição, pesquisa e desenvolvimento, entre outras.

É preciso conhecimento de técnicas financeiras e sobre as IFRS, para planejamento e


entendimento das estratégias futuras da entidade, para uma eficaz tomada de decisão e
análise dos impactos. As IFRS estão cada vez mais se aproximando do sistema de gestão,
administração dos negócios e gestão de risco das entidades.

O International Accounting Standards Committee (IASC) está comprometido no


estreitamento dessas diferenças ao harmonizar as regulamentações, normas
contabilísticas e procedimentos relativos à elaboração e apresentação das demonstrações
financeiras.

Entende-se que as normas contábilisticas internacionais emitidas pelo International


Accounting Standards Board (IASB) regulamentam a contabilidade internacional. São
elas:

 International Accounting Standards (IAS); e


 International Financial Reporting Standards (IFRS).

International Accounting Standards Board (IASB)

Desde o surgimento do IASB existe um projeto entre o FASB e o IASB para


desenvolverem juntos os melhores standards para atualização, renovação e
desenvolvimento de novas normas. O IASB possui 14 membros de diversos países que
participam efetivamente do desenvolvimento das normas. Apesar de o IASB estar
localizado em Londres, o IFRS foi desenvolvido para adoção global.

International Financial Reporting Standards (IFRS)

Objetivos das IFRS As demonstrações financeiras são comumente preparadas de acordo


com um modelo de contabilidade fundamentado no custo histórico recuperável e no

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conceito de manutenção do capital financeiro nominal. O objetivo global das normas
internacionais de contabilidade é fornecer informações que sejam úteis para tomadas de
decisões e para os investidores.

Acredita-se que as demonstrações financeiras preparadas utilizando as IFRS aumentam


seu valor agregado. Isso ocorre, pois, as IFRS são consideradas as melhores e mais
completas metodologias de divulgação e contabilização.

3. Modelos racionais de regulamentação contabilística

Harmonização contabilística
Processo que visa o aumento da comparabilidade das praticas contabilísticas através da
fixação de limites ao seu grau de variação.

Harmonização Comparabilidade
informativa inter-
Globalização contabilística
empresarial
internacional mundial

Avaliação da
Eficácia na tomada
eficácia de cada
de decisões sobre
empresa num
investimentos
cenário mundial
bolsistas

Órgãos emissoras de normas

Exemplos:
 Estados (Moçambique/Portugal) através de diplomas legais baseados em
propostas de Comissões Técnicas.
 International Accounting Standards Board (IASB)
 International Federation of Accountants ( IFAC)
 Financial Accounting Standards Board (FASB)
 Banco Mundial
 Organizações da Nações Unidas (UNCTAD/ISAR)

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 União Europeia

4. Normas internacionais de contabilidade

4.1 Normalização Contabilística

Estudamos anteriormente nos módulos antecedentes a este, a importância que os


princípios contabilísticos desempenham na preparação das demonstrações financeiras de
modo a poder obter-se uma compreensão uniforme destes mesmos documentos.

Os princípios contabilísticos são o fundamento mais importante desta uniformidade, não


são, no entanto, suficientes.

De facto, a crescente utilização das demonstrações financeiras, isto é, da informação de


natureza contabilística pelos utilizadores mais diversos, a internacionalização crescente
das actividades económicas e das próprias empresas, veja-se o aumento crescente da
importância das chamadas multinacionais, tem levado à necessidade do desenvolvimento
da contabilidade em geral e ao interesse generalizado dos princípios contabilísticos e
regras comuns de preparação de contas.

A resposta a estas necessidades tem levado ao estabelecimento cada vez em maior escala,
de normas, políticas e práticas contabilísticas que genericamente são enquadradas no
âmbito da normalização contabilística.

Esta Normalização consiste no essencial no estabelecimento de um sistema de princípios,


normas, políticas e práticas contabilísticas que tratem uniformemente as mesmas
situações independentemente da entidade económica em que se verifiquem.

Devemos, desde de já notar que o seu desenvolvimento não tem sido uniforme. De facto
tendo a contabilidade como objectivo o fornecimento de informação quantitativa de
natureza predominantemente financeira sobre entidades económicas é naturalmente,
influenciada pelo meio envolvente. Esta influência levou a que os sistemas, práticas e
conceitos se tenham desenvolvido de maneira diferente nos diversos países, dependendo
do seu nível de desenvolvimento, mas também das suas tradições legais, políticas e da
natureza, dimensão e complexidade das unidades económicas, bem como de outras
condicionantes de natureza social. Por exemplo é considerada normal e desejável a
codificação de normas contabilísticas e planos de contas nos países influenciados pelo

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direito romano enquanto nos países de influências anglo-saxonica ( common law) são as
organizações profissionais que lideram tais processos.

Dentro do desenvolvimento da normalização contabilística a nível nacional compete-nos


destacar dois casos que, devido a importância das respectivas economias, ao
desenvolvimento dos respectivos mercados de capitais tem contribuído para o
desenvolvimento das normas contabilísticas a nível interno e influenciado pela via dos
contactos internacionais o seu desenvolvimento nos restantes países do mundo: Estados
Unidos da América e Reino Unido. Quer num quer noutro, a importãncia das
organizações profissionais tem sido determinante.

A nível internacional, o estabelecimento de normas e práticas comuns tem sido rodeado


de diversas dificuldades e muitas divergências de opinião. Pelo facto de, como
mencionamos mais atrás, nuns países as normas serem estabelecidas por via legislativa,
no exercício do poder político enquanto noutros essa tarefa cabe a organismos
profissionais, coloca-se a questão de como deverão as normas internacionais ser
estabelecidas, e qual o conceito básico de norma internacional a ser adoptado. Neste
ultimo aspecto duas soluções têm prevalecido.

Por exemplo a Comunidade Europeia tem desenvolvido as suas normas de contabilidade


através do conceito de harmonização. De acordo com este conceito poderão prevalecer
nos diferentes países abrangidos normas diferentes desde que as mesmas estejam de
acordo com as diferentes alternativas permitidas na Directiva e, a política adoptada seja
devidamente relatada nas demonstrações financeiras. De acordo com o conceito de
normalização em sentido estrito (standard) esta flutuação não deverá ocorrer, devendo a
mesma situação ter sempre um tratamento uniforme.

Outro tipo de dificuldade reside na obrigatoriedade de aplicação das normas


internacionais. A todas as empresas, grandes médias ou pequenas? A todos os países
independentemente do grau de desenvolvimento?

Apesar de alguns críticos salientarem a importância das diferenças de tradição entre os


países, as diferenças nas necessidades dos diversos utilizadores e os perigos que a
normalização a nível internacional acarreta à soberania nacional, o movimento no sentido
do estabelecimento de normas internacionais tem tido progressos importantes. Integrada
nesta tendência já mencionámos a actividade de normalização contabilística a nível da

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Comunidade Europeia, no entanto o mais importante órgão de normalização internacional
é o International Accounting Standards Board - IASB.

As Normas Internacionais de Relato Financeiro são produzidas pelo International


Accounting Standards Board (IASB). O IASB foi constituído em 1973 pela Austria,
Canadá, França, Alemanha, Japão, México, Holanda, reino unido e Irlanda (como IASC
- Internacional Accounting Standards Committee) para trabalhar no melhoramento e
harmonização do relato financeiro. O IASB desenvolve as IFRS através dum processo
internacional que envolve toda profissão de Contabilidade e auditoria, os preparadores e
utentes das demonstrações financeiras e organismos nacionais de formulação de normas
de relato financeiro.

Os objectivos formais do IASB são os seguintes:

a) Desenvolver, no interesse público, um único conjunto de normas de relato


financeiro que sejam de alta qualidade, fáceis de entender; cuja aplicação possa
ser requerida a nível global.
b) Promover o uso e aplicação rigorosa destas normas
c) Trabalhar activamente com organismos nacionais de formulação de normas com
forma a convergência de normas nacionais e IFRS para o alcance de soluções de
alta qualidade.

A estrutura do IASB possui as seguintes componentes:

a) A IASC Foundation é uma corporação independente consistindo de dois


organismos, os Fiduciários e o AISB.
b) Os fiduciários to IASC Foundation nomeiam os membros do IASB, controlam o
IASB e fazem a angariação de fundos necessários para o funcionamento do IASB.
c) O IASB tem responsabilidade única de formular normas de Contabilidade
d) Existem mais dois organismos, o Standards Advisory Council e o International
Financial Reporting Interpretations Committee (IFRIC).

Trustee – Consiste de 19 indivíduos de proveniência geográfica e funcional diferente. Os


fiduciários nomeiam os membros do IASB, do IFRIC e também do Standards Advisory
Council. Adicionalmente a sua monitoria da efectividade do IASB e a angariação de
financiamento, os Fiduciários também aprovam o orçamento do IASB e têm
responsabilidade de alterar a constituição do IASB. Os fiduciários foram nomeados de

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forma que inicialmente, 6 eram da América do Norte, 6 da Europa, 4 da Ásia Pacífico e
3 de outras áreas desde que o equilíbrio geográfico fosse mantido.

a) A Federação Internacional de Contabilistas (IFAC) propôs candidatos para 5 dos


19 Fiduciários enquanto organizações internacionais de preparadores, utentes e
académicos nomearam um Fiduciário cada.
b) Os restantes 11 Fiduciários foram seleccionados sem obedecer qualquer critério
consistente.

Standards Advisory Council – O standards Advisory Council providencia um veículo


formal para outros grupos e indivíduos com experiência geográfica e funcional diversos
a aconselharem o IASB e as vezes os próprios fiduciários.

International Financial Reporting Interpretations Committee – O IFRIC publica


explicações sobre áreas complexas na aplicação das IFRS.

O predecessor do IASB, o IASC, emitiu 41 normas chamadas Normas Internacionais de


Contabilidade (IAS) e no dia 1 de Abril de 2001, o IASB adoptou todas estas normas e
agora emite suas normas chamadas Normas Internacionais de Relato Financeiro (IFRS).
Até agora já foram emitidas 6 IFRS. Daqui em diante chamaremos todas normas
internacionais de Contabilidade de IFRS.

4.2 A formulação das Normas Internacionais de Relato Financeiro

As Normas Internacionais de Relato Financeiro (IFRS) são formuladas seguindo o


mesmo processo que se seguia na formulação das IAS.

4.2.1 Processo de formulação

A agenda geral do IASB é inicialmente estabelecida em coordenação com o Standards


Advisory Council. O processo para desenvolver uma norma individual envolve os
seguintes paços:

Paço 1 Durante os primeiros paços do projecto, o IASB pode estabelecer o Advisory


Committee (comité de aconselhamento) para aconselhar em questões que possam surgir
do projecto. A consultação com o Standards Advisory Council e o Advisory Committee
é permanente durante todo o projecto.

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Paço 2 O IASB desenvolve e publica um Discussion Document para comentários pelo
público.

Paço 3 Depois de receber e rever os comentários, o IASB desenvolve e publica um


Exposure Draft para publicação.

Paço 4 Depois de receber e rever os comentários o IASB então emite a versão final da
Norma Internacional de Relato Financeiro (IFRS).

O período de exposição para comentários públicos é normalmente 90 dias. Entretanto, em


casos excepcionais, propostas podem ser emitidas com um período para comentário de
60 dias. As interpretações do IFRIC, quando ainda em minuta, são expostas para
comentário durante um período de 60 dias.

4.2.2 Coordenação com organismos nacionais de formulação de normas

Uma coordenação entre o processo de formulação de normas do IASB e de países


individuais é importante para o sucesso do IASB.

O IASB está explorando formas de integrar o seu processo de formulação de normas com
os processos de países individuais. Particularmente, o IASB está a explorar o seguinte
procedimento para projectos que têm implicações internacionais:

a) O IASB e organismos nacionais de formulação de normas iriam coordenar as suas


agendas de trabalho para que quando o IASB inicia um projecto, os organismos
nacionais possam adiciona-lo nas suas agendas para que consigam contribuir para
o alcance do consenso internacional. Da mesma maneira, onde os organismos
nacionais começarem projectos, o IASB iria considerar se quer desenvolver uma
nova norma sobre a mesma matéria ou rever suas normas existentes. Durante um
período razoável, o IASB e o organismo nacional devem ter como alvo rever todas
normas onde existem diferenças significativas neste momento, dando prioridade
para as áreas onde as maiores diferenças existem.
b) Os organismos nacionais não precisam votar pelas soluções preferidas do IASB
nas suas normas nacionais já que cada país tem a opção de adoptar as normas do
IASB com pequenas emendas ou então adoptar tão somente as normas nacionais.
Entretanto, a existência de consenso internacional é claramente um factor que os

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membros de organismos nacionais iriam considerar ao decidirem votar na emissão
de normas nacionais.
c) O IASB iria continuar a publicar os seus próprios Exposure Drafts e outros
documentos para comentário.
d) Os organismos nacionais iriam publicar os seus Exposure Documents
aproximadamente na mesma altura que os Exposure Drafts do IASB e procurar
comentários específicos nas áreas onde existirem diferenças significativas entre
os dois documentos. Nalguns casos, os organismos nacionais podem incluir no
seu Exposure Document comentários específicos em questões de relevância
particular para o seu país ou incluir orientações mais claras do que constar do
documento equivalente do IASB.
e) Os organismos nacionais iriam seguir o seu próprio processo de formulação de
normas que iriam idealmente escolher integrar com o processo do IASB. Esta
integração iria evitar atrasos desnecessários na conclusão de normas e também
iria minimizar a possibilidade de surgimento de diferenças desnecessárias nas
normas que forem a surgir.

4.2.3 Os membros de coordenação do IASB

Sete dos membros permanentes do IASB têm responsabilidade de coordenação com


organismos nacionais de formulação de normas para promover a convergência de normas
nacionais com as IFRS. O IASB tem como visão uma parceria entre o IASB e estes
organismos nacionais enquanto trabalham juntos para alcançar a convergência de normas
á nível mundial.

Os países com tais membros que têm responsabilidades de coordenação são Austrália e
Nova Zelândia, Canadá, França, Alemanha, Japão, Reino Unido e EUA.

Adicionalmente, todos membros do IASB têm responsabilidade de contacto com


organismos sem membros de coordenação e muitos países são também representados no
Standards Advisory Council, mais de 140 membros em mais de 100 países.

4.2.4 Tratamento de referência e tratamento alternativo permitido

Muitos dos IAS antigos permitiam dois tratamentos contabilísticos os mesmos


acontecimentos/transacção. Um tratamento é designado tratamento de referência e o outro
é chamado tratamento alternativo permitido.

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Entretanto, com a revisão das normas, muitas alternativas estão a ser eliminadas.

4.2.5 Interpretações das IFRS

Em Setembro de 1996, o Conselho do IASC aprovou a formação do Standing


Interpretations Committee (Comité Permanente de Interpretações) para emitir
explicações sobre áreas consideradas complexas na aplicação das IFRS. Este comité
mudou de nome para Internatioinal Financial Reporting Interpretations Committee.

As tarefas do IFRIC são:

a) Interpretar a aplicação de IFRS e fornecer orientações atempadas nas questões de


relato financeiro não especificamente focalizadas nas IFRS no contexto da
estrutura conceptual do IASB e executar outras tarefas a pedido do IASB.
b) Para ter em conta o objectivo do IASB de trabalhar activamente com organismos
nacionais para alcançar a convergência entre as normas nacionais e as IFRS.
c) Para publicar, depois da autorização do IASB, de Draft Interpretations para
comentários do público e considerar comentários feitos dentro dum período
razoável antes de emitir interpretações finais.
d) Prestar relatórios ao IASB e obter aprovação para interpretações finais.

Ao desenvolver interpretações, os 12 membros do IFRIC trabalham em conjunto com


formadores nacionais de normas. Se não mais de 3 dos seus membros votarem contra uma
interpretação, o IFRIC irá propor que o IASB aprove a interpretação para emissão. Tal
como no casos das IFRS, ¾ do IASB devem votar a favor duma interpretação para ser
aprovada para emissão.

4.2.6 Âmbito e aplicação das IFRS

Qualquer limitação na aplicabilidade de IFRS específicos é clarificada na própria norma.


As IFRS não são para transações imateriais. Cada IFRS estabelece o seu âmbito no
princípio.

Em cada país individual, a legislação nacional governa de certa forma a preparação e


publicação de demonstrações financeiras. Estes regulamentos nacionais incluem normas
de Contabilidade emitidas por organismos nacionais de regulamentação e/ou organismos
profissionais de Contabilidade no país em questão.

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O IASB concentrou no essencial ao produzir as IFRS. Isto significa que o IASB evitou
fazer com que as IFRS fossem muito complicadas porque doutra forma seria impossível
a sua aplicação a volta do mundo.

4.2.7. Os efeitos das IFRS a volta do mundo

O IASB, e antes deste o seu sucessor, o IASC, existe já a 25 anos e interessa olhar para o
seu impacto desde aquele tempo.

No que diz respeito a Europa, as demonstrações financeiras de muitas das principais


empresas multinacionais já são preparadas de acordo com requisitos nacionais, directivas
da União Europeia e IFRS. Adicionalmente, as IFRS estão a ter uma influência crescente
nas práticas Contabilísticas nacionais. Muitos destes desenvolvimentos receberam um
maior ímpeto devido a internacionalização dos mercados capitais.

No Japão, a influência das IFRS tinha, até recentemente sido quase nula. Isto era
principalmente devido a mistura entre a fiscalidade e o relato financeiro (como é o caso
em Moçambique). O Ministério Japonês das

Finanças estabeleceu um comité para aconselhar o governo da necessidade de alinhar os


requisitos contabilísticos nacionais com as IFRS. A Bolsa de Valores de Tóquio já
anunciou que vai aceitar demonstrações financeiras de empresas estrangeiras que estejam
de acordo com as normas contabilísticas do país de origem.

Isto foi visto como uma tentativa de atrair empresas estrangeiras para cotarem naquela
bolsa, particularmente as empresas de Hong Kong e Singapura. Como estes países
baseiam a sua Contabilidade nas normas internacionais, esta acção é por isso um
reconhecimento implícito das IFRS, pelo Ministério Japonês das Finanças.

Os EUA e o Japão foram dois dos países desenvolvidos que foram os mais relutantes na
aceitação de contas preparadas de acordo com as IFRS, mas desenvolvimentos recentes
sugerem que tais demonstrações financeiras podem brevemente ser aceites nas bolsas de
valores destes dois países.

Nos EUA, o Securities and Exchange Comission (SEC) concordou em 1993 permitir
empresas estrangeiras cotadas nas bolsas Americanas a seguir as IFRS em certas questões
incluindo as demonstrações de fluxo de caixa de acordo com a IAS 7. O efeito geral é que
onde o tratamento duma IFRS diferir do US GAAP, estes tratamentos serão aceites. O

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SEC já está a apoiar o IASB porque também quer atrair empresas estrangeiras para as
bolsas Americanas.

4.3 Algumas críticas ao IASB

Comecemos por ver alguns problemas causados pelas normas de Contabilidade.

4.3.1 As normas de Contabilidade e escolhas alternativas

Algumas vezes argumenta-se que as empresas devem ser dadas alternativas em questões
de relato financeiro pois as normas de Contabilidade as vezes são detrimentais ao relato
financeiro. Existem argumentos em ambos lados:

Nos argumentos a favor das normas (tanto nacionais como internacionais) constam os
seguintes:

 Reduzem ou eliminam variações confusas nos métodos usados na preparação


das demonstrações financeiras;
 Fornecem um ponto de enfoco no debate e discussões sobre a prática de
Contabilidade;
 Obrigam as empresas a divulgar as políticas contabilísticas usadas na
preparação das demonstrações financeiras;
 São uma alternativa menos rígida do que a conformidade baseada na legislação;
 Tem obrigado as empresas a divulgar mais informação contabilística do que
iriam divulgar se as normas não existissem, por exemplo a IAS 33, Resultados
por acção.

Muitas empresas resistem a divulgação de informações que são requeridas pela legislação
nacional. Entretanto existem os seguintes argumentos contra a padronização das normas
e a favor da escolha livre:

 Um conjunto de regras dá um método de preparação das demonstrações


financeiras que pode não funcionar noutras circunstâncias. Por exemplo, a IAS
16, no tocante as amortizações não é apropriada para propriedades de
investimento (propriedades não ocupadas pelo proprietário mas detidas somente
para investimento), que são tratadas na IAS 40, Propriedade de Investimento.
 As normas podem ser sujeitadas a lobbies e pressão do governo (no caso de
normas nacionais).

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Por exemplo, nos EUA, a norma FAS 19 sobre a Contabilidade nas empresas de
Óleo e Gás resultou num lobby muito forte das petrolíferas que persuadiu o SEC
a interferir. A norma FAS 19 foi por isso suspensa.
 Muitas normas nacionais não são baseadas numa estrutura conceptual, embora as
IFRS tenham esta base.
 Pode haver uma tendência de rigidez em vez de simplicidade na aplicação das
regras.

4.3.2 Problemas políticos

Qualquer organismo internacional, independentemente do seu propósito, enfrenta


dificuldades políticas enormes ao tentar obter consenso internacional e o IASB não é uma
excepção. Como é que o IASB pode reconciliar o relato financeiro em economias tão
diferentes como as dos países em vias de desenvolvimento no terceiro mundo as
economias sofisticadas dos países industrializados do primeiro mundo?

Os países em vias de desenvolvimento suspeitam o IASB, temendo que este organismo


seja dominado pelos EUA. Isto acontece porque a aceitação pelo SEC das IFRS é vista
como um grande entrave a ultrapassar. De facto, é o mercado Americano que deve ser
persuadido a aceitar as IFRS.

Os países em vias de desenvolvimento estão a ser apoiados dalguma forma pela emissão
da norma sobre a agricultura, que é mais relevante para estes países.

Existem também tensões entre os modelos de relato financeiro nos EUA contra o Reino
Unido e o modelo da

União Europeia. O modelo dos EUA/UK é baseado no relato para o investidor enquanto
o modelo da União

Europeia é mais preocupado com as regras fiscais, dando menos importância as


necessidades dos accionistas.

A desintegração da antiga URSS e a passagem de muitos países do Leste para economias


abertas também criou dificuldades. É provável que muitos destes países precisem de
adoptar as normas internacionais quando os seus países estabilizarem.

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Precisas estar actualizado com o processo de desenvolvimento de normas do IASB e os
problemas que enfrenta tal como relatados nos media. Tens de saber discutir:

 O processo de formulação das normas


 O uso e aplicação das IFRS
 O trabalho futuro do IASB
 Críticas ao IASB

4.3.3 Impactos da Implantação das Normas Internacionais de Contabilidade

Os impactos com a implantação do IFRS são muitos. Segundo analistas da ERNST &
YOUNG, a implantação do IFRSs traz um conjunto considerável de barreiras a serem
transpostas. Uma das que mais chamam a atenção é a necessidade de afinar a
comunicação com os leitores dos demonstrativos desde a primeira publicação. É possível
que erros aconteçam durante o primeiro exercício de divulgação pelo modelo no País,
afirmam aqueles analistas. As empresas ainda terão de incorporar as diferenças culturais
das normas internacionais. Com o IFRS, quem prepara os balanços tem de participar
ativamente da definição das políticas de gestão de risco. Empresas que atuam nos ramos
de energia, telecomunicações, imobiliário, varejo e bens de consumo, aumentam
consideravelmente o grau de subjetividade e interpretação, enfrentaram maiores
dificuldades para aplicar as novas normas contabilísticas. É evidentemente, audacioso, o
que irá requerer esforço adicional e treinamento por parte dos preparadores das
demonstrações financeiras. Essa falta de preparo trará certo ônus para as empresas tendo
em vista que essas empresas que nunca investiram em capital humano agora deverão
investir pesado para se inserirem no mercado mundial. Por outro lado, com esse
significativo progresso, varias entidades instaladas no mundo, avançam no processo de
globalização e acompanham mais de 100 outros países que já usam as normas
internacionais da Contabilidade. Além disso, passam a reportar suas informações
financeiras com um grau de transparência sem precedentes, fortalecendo, por
consequência, todo o ambiente de negócios. A implantação do IFRS trará grandes
mudanças nas organizações, devendo-se observar os aspectos culturais, fiscais e relativos
à elaboração das demonstrações financeiras. Saber se a mudança atinge os resultados
mundiais da organização. A estratégia do processo de mudança deve reconhecer a
necessidades de competências técnicas. É necessária uma organização que gere

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oportunidades para a formação e a preparação de seus colaboradores. Deve haver um
planeamento detalhado com sugestões de alterações para entender as informações
faltantes e as melhorias necessárias. Todas as novas normas, que se aplicam a
organização, precisam ser entendidas para que se determinem as respostas. Podemos
afirmar que, com a convergência às normas internacionais, as empresas deverão se
adaptar tanto cultural quanto fisicamente, ou seja, devem investir em pessoas, processos
e sistemas para que garantam uma aplicabilidade por inteiro, forte e coesa das normas
internacionais.

4.4. Normas Internacionais de Contabilidade em vigor

O trabalho do IASC conduziu ao estabelecimento de diversas Normas Internacionais, as


quais se encontram em vigor as seguintes:

IAS 1: Apresentação de Demonstrações Financeiras (revista em 1997)

IAS 2: Inventários (revista em 1993)

IAS 7: Demonstrações de Fluxos de Caixa (revista em 1992)

IAS 8: Resultados Líquidos do Período, Erros Fundamentais e Alterações nas Políticas


Contabilísticas (revista em 1993)

IAS 10: Acontecimentos Após a Data do Balanço (revista em 1999)

IAS 11: Contratos de Construção (revista em 1993)

IAS 12: Impostos sobre o Rendimento (revista em 2000)

IAS 14: Relato por Segmentos (revista em 1997)

IAS 15: Informação Reflectindo os Efeitos das Variações de Preços (reformatada em


1994)

IAS 16: Activos Fixos Tangíveis (revista em 1998)

IAS 17: Locações (revista em 1997)

IAS 18: Rédito (revista em 1993)

IAS 19: Benefícios dos Empregados (revista em 2002)

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IAS 20: Contabilização dos Subsídios do Governo e Divulgação de Apoios do Governo
(reformatada em 1994)

IAS 21: Os Efeitos de Alterações em Taxas de Câmbio (revista em 1993)

IAS 22: Concentrações de Actividades Empresariais (revista em 1998)

IAS 23: Custos de Empréstimos Obtidos (revista em 1993)

IAS 24: Divulgações de Partes Relacionadas (reformatada em 1994)

IAS 26: Contabilização e Relato dos Planos de Benefícios de Reforma (reformatada em


1994)

IAS 27: Demonstrações Financeiras Consolidadas e Contabilização de Investimentos em


Subsidiárias (revista em 2000)

IAS 28: Contabilização de Investimentos em Associadas (revista em 2000)

IAS 29: Relato Financeiro em Economias Hiperinflacionárias (reformatada em 1994)

IAS 30: Divulgações nas Demonstrações Financeiras de Bancos e de Instituições


Financeiras Similares (reformatada em 1994)

IAS 31: Relato Financeiro de Interesses em Empreendimentos Conjuntos (revista em


2000)

IAS 33: Resultados por Acção (1997)

IAS 34: Relato Financeiro Intercalar (1998)

IAS 35: Unidades Operacionais em Descontinuação (1998)

IAS 36: Imparidade de Activos (1998)

IAS 37: Provisões, Passivos Contingentes e Activos Contingentes (1998)

IAS 38: Activos Intangíveis (1998)

IAS 40: Propriedades de Investimento (2000)

IAS 41: Agricultura (2001)

A lista dá uma imagem do caminho já percorrido e da aceitação cada vez mais


generalizada das Normas Internacionais. De facto, muitas organizações nacionais da

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profissão procuram activamente aplicá-las, bem como cada vez mais, muitas companhias
internacionais, havendo até diversos exemplos de algumas mencionando que as suas
contas são preparadas de acorco com as Normas Internacionais. Será mesmo de salientar,
que alguns países em desenvolvimento tais como, o Paquistão, o Botswana e Malawi,
aceitam e implementam as Normas Internacionais logo que são postas em vigor.

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