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ESTRUTURA DA
CONTABILIDADE
BRASILEIRA
AULA 3
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26/02/2024, 20:58 UNINTER
CONVERSA INICIAL
Na aula de hoje vamos tratar da estrutura da contabilidade sob um ponto de vista teórico,
aprofundando conceitos basilares, como postulados, princípios e convenções. Para isso, é
importante entender como as entidades se relacionam com o ambiente em que estão inseridas, no
sentido macro e microeconômico.
Esse estudo é importante, pois permite que alguns questionamentos sobre o estudo e
aplicação da contabilidade sejam respondidos, por exemplo: como é determinado o limite de
atuação da contabilidade, uma vez que o patrimônio também é objeto de estudos de outras
ciências, como economia, administração e jurídicas?
Espera-se que ainda, no decorrer desta aula você possa entender por que que a contabilidade
é uma ciência social aplicada.
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Os postulados podem ser classificados como (a) descrições da realidade observada e (b)
ambientais, que delimitam a área de atuação da contabilidade acerca do objeto de estudo,
permitindo a construção de teorias (conceitos, normas) e a aplicação prática da contabilidade.
Dos postulados, os ambientais são os mais importantes, pois fornecem as bases de toda a
estrutura da contabilidade, são eles:
Quadro 3 – Postulados
Essa é a ordem que devemos observar para entender como a contabilidade é estruturada.
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Exemplo
A Maria trabalhou anos e guardou dinheiro para investir em seu próprio negócio, o sonho
de abrir uma padaria. Quando observou que já tinha o suficiente procurou um contador para
abrir seu negócio, legalizou seu empreendimento e, em poucos dias, a “Padaria da Maria” se
tornou realidade. A Maria agora é sua própria patroa.
De quem é o dinheiro investido na Padaria da Maria?
O dinheiro agora pertence à Padaria da Maria, pois quando a Maria abriu sua empresa, ela
entregou seus recursos para criar uma entidade, dotada de personalidade jurídica.
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Observe que a Maria agora é uma empresária, e como tal tem responsabilidade para gerir
o seu negócio. Deve tomar alguns cuidados, pois a padaria consome recursos para manter-se
em funcionamento. Ela precisa pagar as despesas de estrutura referente a energia, água,
matéria prima, fornecedores, salários de empregados, impostos, pró-labore (salários dos
sócios ou proprietários).
Como ela vai fazer isso? A Maria espera produzir seus produtos e vender toda a sua
produção. Somente assim a padaria poderá gerar receitas por meio das vendas, pagar todos
os custos de produção e despesas de funcionamento, e apurar resultados (gerar caixa e
lucros).
E as contas da Maria, como ela vai pagar? A Maria como proprietária precisa estimar um
salário mensal para que possa pagar suas contas pessoais, denominado de pró-labore
(remuneração do proprietário/sócios).
O contador tem a responsabilidade de orientar a Maria para não ferir o princípio da
entidade, explicando que o dinheiro das vendas de produtos da Padaria da Maria é da padaria
e não da Maria. Isso é importante, pois as vendas diárias (caixa) são receitas e somente no fim
do período se apura resultados (lucros ou prejuízos).
Logo, se a Maria começar a misturar suas contas pessoais (supermercado, lazer etc.) com
as da sua empresa, pode correr o risco de entrar em descontinuidade (não conseguir pagar os
recursos necessários para desenvolver sua atividade empresarial) e dessa forma perde
também a principal fonte de renda da pessoa física.
E se a Maria, levar para a contabilidade as notas e cupons fiscais das suas despesas
pessoais para o contador no fim do mês? A contabilidade somente vai registrar as despesas
referentes à empresa (CNPJ). As despesas da Maria não serão contabilizadas.
Em resumo, mesmo sendo proprietária, a Maria é pessoa física, isto é, recebe salário
(pró-labore) da Padaria da Maria, para poder saldar seus gastos pessoais. A Padaria da Maria
é pessoa jurídica (entidade contábil) e obtém receitas pelas vendas de seus produtos,
gerando caixa e apurando resultados no fim do período. Aplica-se aqui o princípio da entidade,
pelo qual o capital dos sócios não se confunde com o da empresa.
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Em síntese, o patrimônio dos sócios não deve se misturar ou se confundir com a contabilidade
da entidade (empresa). Na contabilidade da entidade, somente devem ser registrados os fatos que
se refiram ao patrimônio da empresa. As despesas particulares dos sócios não devem ser
registradas como despesa da entidade.
A entidade é uma premissa subjacente da contabilidade, sendo muito mais do que uma
diretriz, é importante ser observada para preservar a existência da entidade contábil e sua essência
econômico, resguardando o patrimônio por meio da manutenção dos recursos necessários para o
desenvolvimento da sua atividade e reinvestindo para que a empresa possa estar em continuidade
por um período de tempo indeterminado.
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Verifique que as transações operacionais são cíclicas, estão em constante movimento. Para
estar em continuidade, uma entidade em plenas condições de operação compra, produz, vende,
recebe e paga, sendo este um ciclo operacional contínuo. Caso haja uma interrupção neste
processo, a entidade corre o risco de deixar de existir.
Deste modo, a característica fundamental para identificar uma entidade geradora de riqueza
é a sua capacidade de agregar valor e gerar riquezas por meio das vendas de produtos ou
serviços (receitas, lucros) e distribuir riqueza, ao pagar impostos, salários (força de trabalho) e
remunerar o capital investido pelos sócios (distribuição de lucros), impactando o ambiente onde
está inserida.
Sob os aspectos normativos, o Pronunciamento Técnico CPC 00 (CPC, 2019) discorre sobre
como as demonstrações contábeis são elaboradas com base na suposição de que a entidade que
reporta informação está em pleno funcionamento e continuará assim no futuro previsível. Em
termos gerais, presume-se que a entidade que reporta a informação é capaz de gerar riquezas e
valores de forma contínua.
Presume-se, também, que uma entidade em continuidade não tem intenção de liquidar ou
deixar de negociar, pois, caso exista a intenção ou necessidade de liquidação, devem ser
elaborados demonstrativos especiais para aquele momento específico, para que a entidade possa
ser avaliada de acordo com as premissas contábeis de uma entidade em descontinuidade.
3.1 PRUDÊNCIA
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Os ativos devem ser reconhecidos pelo menor custo possível. Por exemplo, no momento de
avaliar o custo dos estoques da empresa, o contador deve analisar dois critérios:
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Custo histórico: valor do registro inicial, aquele que vem informado na nota fiscal de compra
de cada produto, ou o custo de transformação (produção).
Custo de reposição: valor de mercado, ou seja, preços correntes (atuais), quanto custaria
para repor este produto no estoque.
De posse dessas informações, que devem ser igualmente relevantes, e atendendo aos
requisitos da representação fidedigna e da neutralidade, o contador deve adotar aquela que
apresenta o menor valor para o reconhecimento e evidenciação dos estoques (custo ou mercado, o
que for menor). Para este ativo (estoques), normalmente o custo histórico costuma ser o de menor
valor. No entanto, diante dos avanços tecnológicos, pode acontecer do valor de mercado ser o
menor valor para reposição.
Os passivos devem ser reconhecidos, mensurados e evidenciados pelo maior valor possível.
Como os passivos representam saída de recursos da entidade (saída de dinheiro do caixa), é
recomendado que os valores estimados e registrados sejam os maiores possíveis, como em
situações que não se tem os valores exatos para o reconhecimento, como nos casos de processos
judiciais ou trabalhistas.
As contas de resultados, como receitas e ganhos devem ser estimadas pelo menor valor
possível e ser reconhecidas mais tarde, e não mais cedo. Já as despesas e perdas devem ser
reconhecidas mais cedo e não mais tarde, de modo que o resultado (lucro) seja sempre o menor
valor entre as várias alternativas apresentadas (Hendriksen; Breda, 2014, p. 106).
Nesse sentido, o contador deve ter o cuidado para não superestimar lucros, ainda não
realizados, para conter o otimismo dos gestores e não induzir a tomada de decisão, pois as
consequências das perdas ou falências são muito maiores do que a dos ganhos. Por fim, uma
informação fidedigna precisa ser completa e neutra, com observância da característica da
prudência.
Mas o que isso realmente quer dizer? Que, ao efetuar uma venda, a entidade obrigatoriamente
precisa emitir uma “nota fiscal de venda” (exigência legal) para transferir algo dos seus ativos (no
caso, o estoque) para o comprador (cliente).
Esse foi um exemplo de forma jurídica, ou legal, ou seja, a empresa obrigatoriamente precisa
emitir uma nota fiscal de venda para poder reconhecer a Receita de Vendas e reconhecer (ativos)
em forma de dinheiro no caixa ou direitos (duplicatas de clientes a receber). Assim, podemos
entender que a forma jurídica ou legal é representada pela formalização de contratos e emissão de
notas fiscais de compras e vendas.
E a essência sobre a forma? Observe o exemplo do registro da transação de duplicatas
descontadas.
Duplicatas descontadas referem-se à transação na qual a entidade, de posse de seus
recebíveis (conta de clientes), solicita ao banco um adiantamento, mediante o pagamento de juros
e tarifas bancárias, dando como garantia as duplicatas que os clientes ainda farão os pagamentos.
Se considerasse a natureza da conta de duplicatas a receber de clientes (direito, classificada
no ativo) e a forma jurídica, o registro se daria no ativo como conta redutora, por exemplo:
duplicatas a receber de clientes (-) duplicatas descontadas.
No entanto, para esse registro, deve observada a essência sobre a forma, pois o desconto de
duplicatas descontadas nada mais é do que uma transação financeira, ou seja, um empréstimo com
garantias. Isso quer dizer que a entidade não transferiu os riscos de não receber do seu cliente
para o banco.
Desse modo, as duplicatas a receber de clientes dadas como garantia, continuarão registradas
no ativo. Caso algum cliente deixe de pagar, o ônus continua sendo da entidade que contratou o
empréstimo. Já a transação de duplicatas descontadas deverá ser registrada contabilmente no
passivo.
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Assim, as convenções são observáveis em toda a plenitude da aplicação contábil, por meio da
adequação às normas, legislações e pronunciamentos, sem ferir os princípios da contabilidade.
Resumindo, a contabilidade das entidades tem como propósito gerar informações úteis aos
usuários.
TROCANDO IDEIAS
Nesta aula estudamos a evolução dos aspectos conceituais aplicados na contabilidade e
apresentamos a primazia da essência sobre a forma. Assim, convido-os a conversar com o
contador da empresa em que já desenvolve atividades profissionais ou de empresas que conhece,
investigando as seguintes questões:
Como o registro contábil é realizado? O ativo é reconhecido ou lançado direto na despesa?
O que se considera no registro contábil? A análise do tempo de vida útil do bem ou o período
de concessão do leasing?
De posse dessas informações, entre no fórum e discuta com os demais colegas, troquem
experiências.
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NA PRÁTICA
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FINALIZANDO
O objetivo desta aula foi apresentar a evolução da estrutura da contabilidade, seus enfoques,
os postulados, princípios, convenções e a correlação com a Estrutura Conceitual vigente (CPC 00).
É importante destacar que a ciência contábil está em constante evolução na busca de
acompanhar seu objeto de estudo (o patrimônio das entidades). Diante disso, o contador deve
estar sempre atento à temporalidade, pois um conceito utilizado hoje pode ser revogado a qualquer
momento. Por isso é importante estar sempre atualizado.
REFERÊNCIAS
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ADRIANO, S. Manual dos Pronúncias Contábeis Comentados. Minha Biblioteca. São Paulo:
Editora Gen, 2018.
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁVEIS - CPC. Pronunciamento Técnico CPC 00 (R2).
Estrutura Conceitual para Relatório Financeiro. Ata da 155ª Reunião Ordinária do CPC, 10 dez.
2019. Disponível em: <http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/573_CPC00(R2).pdf>. Acesso em:
30 abr. 2020.
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE - CFC. Resolução n. 750, de 29 de dezembro de
1993. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 31 dez. 1993.
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE - CFC. Resolução n. 1.282, de 28 maio 2010. Diário
Oficial da União, Brasília, DF, 02 jun. 2010.
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE - CFC. Norma Brasileira de Contabilidade, NBC TSP
Estrutura Conceitual, de 23 de setembro de 2016. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 4 out. 2016.
HENDRIKSEN, E. S.; BREDA, M. F. van. Teoria da Contabilidade. São Paulo: Atlas, 2014.
IUDÍCIBUS, Sérgio de. Teoria da Contabilidade. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2009
IUDÍCIBUS, S. de. Teoria da Contabilidade. 11. ed. São Paulo: Gen, 2014.
GABARITO
A partir do conteúdo estudado sobre a Estrutura Conceitual para a elaboração e apresentação
das demonstrações contábeis, essência da primazia sobre a forma e postulados ambientais,
analise as seguintes sentenças, atribuindo V para as verdadeiras e F para as falsas.
(V) As demonstrações contábeis devem ser elaboradas com base na premissa de que a
entidade estará em continuidade por tempo indeterminado.
(V) A primazia da essência sobre a forma pode ser aplicada na contabilização de uma
operação de venda com compromisso de recompra como se fosse um empréstimo obtido pelo
vendedor.
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(F) Como os princípios contábeis foram revogados, o contador não precisa observá-los nos
procedimentos de contabilização.
Agora, assinale a opção que apresenta a sequência correta:
a. V, F, V
b. F, F, V
c. V, V, F
d. V, V, V
e. F, F, F
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