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*Notas de aula baseadas em: Brigham et al (2008) Caps. 2 e 3 e no livro de Iudícibus e Marion (2011)
1. BALANÇO PATRIMONIAL
Este tipo de balanço é uma “fotografia instantânea” da posição financeira da empresa.
É dividido em dois lados: à esquerda temos os ativos e à direita os passivos (ou as
reivindicações contra esses ativos). O total dessas duas contas devem fechar, ou seja, se
igualar. Os ativos estão ordenados conforme sua liquidez, ou seja, o tempo que leva para
convertê-los em caixa. As reivindicações estão dispostas conforme a ordem em que devem ser
pagas: as contas a pagar normalmente são em 30 dias; as notas a pagar 90 dias etc.
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BALANÇO PATRIMONIAL - MICRODRIVE
Ativos Ano 2 Ano 1 Passivos e Patrimônio Líquido Ano 2 Ano 1
Caixa e equivalentes $10 $15 Contas a pagar $60 $30
Investimentos de curto prazo 0 65 Notas a pagar 110 60
Contas a Receber 375 315 Diferidos 140 130
Estoques 615 415 Passivo Circulante Total 310 220
Ativos Circulantes totais 1000 810 Títulos de dívida de longo prazo 754 580
Fábrica e equipamentos líquidos 1000 870 Exigível total 1064 800
Ações preferenciais (400.000 ações) 40 40
Ações ordinárias (50.000.000 ações) 130 130
Lucros retidos 766 710
Patrimônio líquido 896 840
Total 2000 1680 Total de passivo e patrimônio líquido 2000 1680
Algumas considerações:
- Somente o caixa representa efetivamente dinheiro. Existem alguns ativos de curto prazo que
são rapidamente convertidos em dinheiro chamados de “equivalentes de caixa” e são
computados juntamente ao caixa na primeira conta do ativo (a de maior liquidez).
- Passivo e Patrimônio Líquido: existem dois tipos de reivindicações contra os ativos: os
passivos (o que a empresa deve, no exemplo $1.064 no Ano 2) e o patrimônio líquido dos
acionistas, sendo este último dividido em PL dos acionistas preferenciais (que é fixo, no caso
$40 no Ano 2) e PL dos acionistas ordinários (no caso $896). Sendo assim, o Total do passivo e
do patrimônio líquido fica: $1064+$896+$40 = $2.000.
Anotações:
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2. DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS
Este tipo de demonstração, por sua vez, relata as operações da empresa ao longo de
um determinado período, por exemplo, durante o ano 2 a empresa obteve vendas de $3.000,
como mostrado a seguir:
Ano 2 Ano 1
Vendas líquidas $3.000 $2.850,0
Custos (antes da depreciação) 2.616,2 2.497,0
Lucro Bruto (EBITDA) $383,8 $353,0
Depreciação 100,0 90,0
Custos operacionais totais (Custos +Deprec.) $2.716,2 $2.587,0
Lucros antes de juros e impostos (EBIT) $283,8 $263,0
Menos despesas financeiras 88,0 60,0
Lucro antes dos impostos (EBT) $195,8 $203,0
Imposto de Renda (40%) 78,3 81,0
Lucro líquido antes dos dividendos preferenciais $117,5 $122,0
Dividendos preferenciais 4,0 4,0
Lucro líquido disponível aos acionistas ordinários $113,5 $118,0
Dividendos Ordinários $57,5 $53,0
Aumento dos lucros retidos $56 $65,0
Dados por ação:
Preço da ação ordinária $23,00 $24,0
Lucros por ação (EPS)a $2,27 $2,36
Dividendos por ação (DPS)b $1,15 $1,06
Valor de livro por ação (BVPS)c $17,92 $16,80
A empresa lucrou $2,27 por ação no Ano 2, que ficou abaixo dos $2,36 o Ano 1, mas
ainda assim aumentou seus dividendos de $1,06 para $1,15.
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Caixa proporcionado
Atividades Operacionais
Lucro líquido 117,5
Ajustes:
Ajustes que não representam caixa
Depreciação 100,0
Devidos a mudança no capital de giro:
Aumentos em contas a receber -60,0
Aumentos em estoques -200,0
Aumentos em contas a pagar 30
Aumentos em diferidos 10
Caixa líquido gerado por atividades operacionais -2,5
Atividades de financiamento
Venda de investimento de curto prazo 65
Aumentos de notas a pagar 50
Aumentos de títulos de dívida de longo prazo 174
Pagamentos de dividendos -61,5
Caixa líquido gerado por atividades financeiras 227,5
Resumo
Mudança líquida no caixa -5
Caixa no início do ano 15
Caixa no final do ano 10
Da demonstração de fluxo de caixa da empresa, quando todas as origens e usos de caixa são
totalizados, vemos que as saídas excederam as entradas em $5 durante o Ano 2. Este
resultado deveria ser preocupante para seus gestores. A empresa possuía $2,5 de falta de
caixa das operações, gastou um adicional de $ 230 em ativos novos e pagou outros $61,5 em
dividendos. Ela cobriu essa saída de caixa fazendo grandes empréstimos e vendendo $65 de
seus investimentos de curto prazo.
Nota da professora:
Colocando os valores na estrutura de fluxo de caixa de outra forma:
Fluxo de caixa
Receita Bruta Operacional (receita esperada com o investimento) -
(-) Deduções (ex: CS, PIS/PASEp, Cofins, ICMS e IPI) -
Receita Líquida Operacional -
(-) Custos e Despesas Operacionais -
Lucro Bruto (EBITDA – Earning before interest, taxes, depreciation and amortization) -
(-) Depreciação (para efeitos fiscais) -
Lucro Bruto Operacional (LBO) ou LL antes do IR (EBIT) -
(-) Impostos sobre o lucro -
Lucro líquido 117,5
(+) Depreciação 100,0
(-) Investimento Bruto (compra e instalação de equipamentos, frete, seguro, treinamentos) -230
(-) Variações na Necessidade de Capital de Giro -220
(+) Valor Residual 227,5
Fluxo de caixa do projeto -5
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Ainda, em análise de projetos de investimentos no Brasil, é comum utilizarmos a seguinte
estrutura:
+ Receita Bruta
- Impostos Indiretos
- Custo Operacional
- Despesas não financeiras
= EBITDA (Earnings before interest, taxes, depreciation and amortization)
DRE
- Depreciação
- Despesas Financeiras (juros)
= LAIR (Lucro antes do imposto de renda)
- IR +CSSL
= LL (Lucro Líquido)
+ Depreciação
FC
- Amortização do financiamento
= Fluxo de caixa líquido do acionista
Sobre o resultado das estimativas anuais do fluxo de caixa obtido com essa estrutura,
podemos implementar análises de viabilidade econômica utilizando o VPL, VAUE, TIR,
Payback, B/C etc.
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A principal fonte de dados para isso é a pesquisa “Maiores e Melhores” divulgada anualmente pela Revista
Exame: <exame.abril.com.br/negocios/melhores-e-maiores>. Outras fontes de informação setorial é o site do
Instituto Assaf (www.institutoassaf.com.br) e a Pesquisa Industrial Anual (PIA), do IBGE, que pode ser acessada a
partir do site do SIDRA <www.sidra.ibge.gov.br>. Além disso, existem estudos setoriais mais elaborados
realizados por empresas de consultoria.
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Outros, como os índices de valor de mercado de ações, de administração de ativos etc., podem ser encontrados
no Cap. 3 de Brigham et al.
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SITUAÇÃO FINANCEIRA
A situação financeira da empresa refere-se à sua capacidade de liquidar os compromissos já
assumidos e ao seu potencial de crédito junto aos fornecedores, instituições financeiras etc.
Estes indicadores mostram as grandes linhas de decisões financeiras, em termos de obtenção
e aplicação de recursos. Normalmente, quanto menores forem, melhor será a condição
financeira da empresa. São eles:
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1.3 Imobilização do Capital Próprio
SIGNIFICADO : Quanto a empresa aplicou no Ativo Permanente para cada unidade
monetária do Patrimônio Líquido.
Relaciona os valores do Ativo Permanente com os valores do Patrimônio Líquido.
Quando os valores do Patrimônio Líquido são superiores aos do Ativo Permanente existe o
chamado Capital Circulante Próprio (CCP = PL - AP).
Ex: Calcule para a Microdrive.
ÍNDICES DE SOLVÊNCIA
Esses índices costumam ser avaliados pelo critério de “quanto maior melhor”. Um ativo
líquido pode ser negociado num mercado ativo, e como conseqüência, pode ser rapidamente
convertido em caixa a um preço de mercado vigente, e a “posição de liquidez” de uma
empresa leva em conta essa questão: a empresa será capaz de pagar suas dívidas à medida
que elas vencerem no próximo ano e nos demais? Como foi mostrado no balanço patrimonial
da empresa MicroDrive, ela possui dívidas de curto prazo que totalizam $310 que devem ser
pagos dentro do próximo ano. Ela terá dificuldade de cumprir essas obrigações? São
apresentados a seguir quatro índices que procuram direcionar esta conclusão.
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2.1 Liquidez Corrente
SIGNIFICADO: indica quanto a empresa possui no ativo circulante para cada $1 de dívidas de
curto prazo.
Relaciona os recursos aplicados no curto prazo (ativo circulante) com as dívidas também de
curto prazo (passivo circulante). Quanto maiores os recursos, maior a margem de segurança
da empresa, melhor a sua situação financeira.
Mais detalhadamente, os ativos circulantes normalmente incluem caixa, aplicações
financeiras, contas a receber e estoques. Já os passivos circulantes consistem em contas a
pagar, empréstimos de curto prazo, dívidas que vencem no curto prazo, impostos a pagar, e
outras contas a pagar (principalmente salários).
Ex: Calcule para a MicroDrive e analise, sabendo que a média do setor é de 4,2. 3
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Adiantando, o índice de liquidez corrente da MicroDrive é menor que a do seu setor. Isso é bom ou ruim?
Depende de quem está fazendo esta pergunta. Se for um credor, que normalmente gosta de um alto nível de
liquidez corrente, ele provavelmente não gostará do resultado. Se for um acionista, um alto índice de liquidez
pode indicar que a empresa tem uma quantidade de dinheiro presa em ativos não produtivos, tais como caixa
em excesso ou aplicações financeiras, ou em estoques. Sendo assim, um acionista pode gostar do resultado da
MicroDrive onde o índice de liquidez corrente se situa abaixo do nível setorial.
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liquidação. Portanto, uma medida da habilidade da empresa em pagar suas obrigações de
curto prazo, sem recorrer à venda de seus estoques, é importante.
Ex: Calcule para a MicroDrive.
RENTABILIDADE
Neste grupo de informações encontramos dois conjuntos de índices que expressam as
margens de lucratividade das vendas e as taxas de retorno sobre os recursos investidos.
Obviamente quanto maiores forem esses índices, maior a rentabilidade.
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3.6 Retorno sobre o investimento total (ROI)
SIGNIFICADO: quanto a empresa obtém de lucro para cada $1 de Investimento total.
Indica a lucratividade da empresa face ao montante global de recursos aplicados. É também
chamado de Rentabilidade do Ativo.
Ex: Calcular para a MicroDrive, sabendo que o setor apresentou 9% (com a baixa capacidade
de geração de lucro da empresa mais suas altas despesas financeiras, espera-se que seu ROA
seja menor que a do setor, isso se verifica realmente?).
Bibliografia:
BRIGHAM, Eugene F., GAPENSKI,Louis C., EHRHARDT, Michael C. Administração financeira:
teoria e prática. S.Paulo Atlas, 2001.
IUDICIBUS, Sérgio de; MARION, José Carlos. Curso de Contabilidade para não contadores. 7a.
edição. Editora Atlas, 2011.
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Você notará uma performance melhor com esse indicador. Isso se deve ao fato de que houve um grande uso de
capital de terceiros na empresa, aumentando a relação LL/Capital próprio.
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