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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

SE 309 – Análise Econômica e Financeira Prof.ª Dayane Rocha de Pauli


dayanerocha@ufpr.br

*Notas de aula baseadas em: Brigham et al (2008) Caps. 2 e 3 e no livro de Iudícibus e Marion (2011)

DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS, FLUXOS DE CAIXA E


ANÁLISES FINANCEIRAS

Quando os primeiros empréstimos foram feitos, os credores podiam inspecionar


fisicamente os ativos de quem lhes tomou emprestado, e julgar sobre os riscos de
inadimplência. No entanto, as empresas foram evoluindo, se tornando cada vez maiores e
adquirindo diferentes ativos (trens, barcos, postos de troca distantes etc.). A partir desse
momento ficou difícil para os credores analisarem a situação da empresa que estavam
financiando. Também havia aqueles investimentos que geravam participações nos lucros, o
que impunha a necessidade da determinação numérica desses. Ao mesmo tempo, donos de
fábricas e grandes comerciantes necessitavam de relatórios para ver como estavam sendo
administrados seus negócios, e o governo necessitava de informações para calcular os
impostos a serem cobrados. Por todas essas razões, surgiu a necessidade de demonstrações
por contadores e da verificação da precisão do trabalho dos contadores por auditores.
Dos relatórios emitidos pelas empresas a seus acionistas, o relatório anual é,
provavelmente, o mais importante. Dois tipos de informação estão presentes neste relatório.
Primeiro, há uma seção verbal, normalmente escrita pelo presidente do conselho para
descrever os resultados operacionais da empresa e os novos desenvolvimentos que virão em
seguida. Em segundo lugar, o relatório anual apresenta diversas demonstrações financeiras,
das quais destacaremos: o balanço patrimonial, a demonstração de resultados e a
demonstração dos fluxos de caixa. Retomaremos rapidamente cada um desses, utilizando o
exemplo do livro Brigham et al (2008): a empresa MicroDrive.
Para encontrar exemplos reais no Brasil visitar: <www.b3.com.br> e escolher no menu
“Acesso rápido”, o item “Empresas Listadas” e escolher a empresa que se deseja visualizar o
relatório e as demais informações lá contidas.
No Brasil, a lei 11.638/2007 mostra as obrigatoriedades de demonstrações das
companhias abertas e sociedades de grande porte.

1. BALANÇO PATRIMONIAL
Este tipo de balanço é uma “fotografia instantânea” da posição financeira da empresa.
É dividido em dois lados: à esquerda temos os ativos e à direita os passivos (ou as
reivindicações contra esses ativos). O total dessas duas contas devem fechar, ou seja, se
igualar. Os ativos estão ordenados conforme sua liquidez, ou seja, o tempo que leva para
convertê-los em caixa. As reivindicações estão dispostas conforme a ordem em que devem ser
pagas: as contas a pagar normalmente são em 30 dias; as notas a pagar 90 dias etc.

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BALANÇO PATRIMONIAL - MICRODRIVE
Ativos Ano 2 Ano 1 Passivos e Patrimônio Líquido Ano 2 Ano 1
Caixa e equivalentes $10 $15 Contas a pagar $60 $30
Investimentos de curto prazo 0 65 Notas a pagar 110 60
Contas a Receber 375 315 Diferidos 140 130
Estoques 615 415 Passivo Circulante Total 310 220
Ativos Circulantes totais 1000 810 Títulos de dívida de longo prazo 754 580
Fábrica e equipamentos líquidos 1000 870 Exigível total 1064 800
Ações preferenciais (400.000 ações) 40 40
Ações ordinárias (50.000.000 ações) 130 130
Lucros retidos 766 710
Patrimônio líquido 896 840
Total 2000 1680 Total de passivo e patrimônio líquido 2000 1680

Algumas considerações:
- Somente o caixa representa efetivamente dinheiro. Existem alguns ativos de curto prazo que
são rapidamente convertidos em dinheiro chamados de “equivalentes de caixa” e são
computados juntamente ao caixa na primeira conta do ativo (a de maior liquidez).
- Passivo e Patrimônio Líquido: existem dois tipos de reivindicações contra os ativos: os
passivos (o que a empresa deve, no exemplo $1.064 no Ano 2) e o patrimônio líquido dos
acionistas, sendo este último dividido em PL dos acionistas preferenciais (que é fixo, no caso
$40 no Ano 2) e PL dos acionistas ordinários (no caso $896). Sendo assim, o Total do passivo e
do patrimônio líquido fica: $1064+$896+$40 = $2.000.

Anotações:

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2. DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS
Este tipo de demonstração, por sua vez, relata as operações da empresa ao longo de
um determinado período, por exemplo, durante o ano 2 a empresa obteve vendas de $3.000,
como mostrado a seguir:
Ano 2 Ano 1
Vendas líquidas $3.000 $2.850,0
Custos (antes da depreciação) 2.616,2 2.497,0
Lucro Bruto (EBITDA) $383,8 $353,0
Depreciação 100,0 90,0
Custos operacionais totais (Custos +Deprec.) $2.716,2 $2.587,0
Lucros antes de juros e impostos (EBIT) $283,8 $263,0
Menos despesas financeiras 88,0 60,0
Lucro antes dos impostos (EBT) $195,8 $203,0
Imposto de Renda (40%) 78,3 81,0
Lucro líquido antes dos dividendos preferenciais $117,5 $122,0
Dividendos preferenciais 4,0 4,0
Lucro líquido disponível aos acionistas ordinários $113,5 $118,0
Dividendos Ordinários $57,5 $53,0
Aumento dos lucros retidos $56 $65,0
Dados por ação:
Preço da ação ordinária $23,00 $24,0
Lucros por ação (EPS)a $2,27 $2,36
Dividendos por ação (DPS)b $1,15 $1,06
Valor de livro por ação (BVPS)c $17,92 $16,80

Lucro Líquido $113.500.000


EPS    $2,27
Ações ordinárias em circulação $50.000.000
Dividendos pagos aos acionistas ordinários $57.500.000
DPS    $1,15
Ações ordinárias em circulação $50.000.000
Patrimônio Líquido Total $896.000.000
BVPS    $17,92
Ações ordinárias em circulação $50.000.000

A empresa lucrou $2,27 por ação no Ano 2, que ficou abaixo dos $2,36 o Ano 1, mas
ainda assim aumentou seus dividendos de $1,06 para $1,15.

3. DEMONSTRAÇÃO DE FLUXO DE CAIXA


Esta demonstração resume as mudanças na posição de caixa da empresa. A
demonstração separa as atividades em três categorias: atividades operacionais (incluem o LL,
a depreciação e as mudanças em ativos e passivos circulantes (cuja diferença resulta na NCG)
e as dívidas de curto prazo); atividades de investimento (incluem investimentos ou vendas de
ativos fixos); atividades de financiamento (emissão de dívidas de CP e LP e de ações, assim
como os dividendos pagos e recompra de ações etc.).
Serve para responder questões como: a empresa está gerando caixa o suficiente para
comprar os ativos adicionais necessários para seu crescimento? Para repagar dívidas ou
investir em novos produtos? Por isso o fluxo de caixa é uma parte importante do relatório
anual.

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Caixa proporcionado
Atividades Operacionais
Lucro líquido 117,5
Ajustes:
Ajustes que não representam caixa
Depreciação 100,0
Devidos a mudança no capital de giro:
Aumentos em contas a receber -60,0
Aumentos em estoques -200,0
Aumentos em contas a pagar 30
Aumentos em diferidos 10
Caixa líquido gerado por atividades operacionais -2,5

Atividades de investimento a longo prazo


Caixa utilizado para adquirir novos ativos -230,0

Atividades de financiamento
Venda de investimento de curto prazo 65
Aumentos de notas a pagar 50
Aumentos de títulos de dívida de longo prazo 174
Pagamentos de dividendos -61,5
Caixa líquido gerado por atividades financeiras 227,5

Resumo
Mudança líquida no caixa -5
Caixa no início do ano 15
Caixa no final do ano 10

Da demonstração de fluxo de caixa da empresa, quando todas as origens e usos de caixa são
totalizados, vemos que as saídas excederam as entradas em $5 durante o Ano 2. Este
resultado deveria ser preocupante para seus gestores. A empresa possuía $2,5 de falta de
caixa das operações, gastou um adicional de $ 230 em ativos novos e pagou outros $61,5 em
dividendos. Ela cobriu essa saída de caixa fazendo grandes empréstimos e vendendo $65 de
seus investimentos de curto prazo.
Nota da professora:
Colocando os valores na estrutura de fluxo de caixa de outra forma:
Fluxo de caixa
Receita Bruta Operacional (receita esperada com o investimento) -
(-) Deduções (ex: CS, PIS/PASEp, Cofins, ICMS e IPI) -
Receita Líquida Operacional -
(-) Custos e Despesas Operacionais -
Lucro Bruto (EBITDA – Earning before interest, taxes, depreciation and amortization) -
(-) Depreciação (para efeitos fiscais) -
Lucro Bruto Operacional (LBO) ou LL antes do IR (EBIT) -
(-) Impostos sobre o lucro -
Lucro líquido 117,5
(+) Depreciação 100,0
(-) Investimento Bruto (compra e instalação de equipamentos, frete, seguro, treinamentos) -230
(-) Variações na Necessidade de Capital de Giro -220
(+) Valor Residual 227,5
Fluxo de caixa do projeto -5

4
Ainda, em análise de projetos de investimentos no Brasil, é comum utilizarmos a seguinte
estrutura:
+ Receita Bruta
- Impostos Indiretos
- Custo Operacional
- Despesas não financeiras
= EBITDA (Earnings before interest, taxes, depreciation and amortization)
DRE

- Depreciação
- Despesas Financeiras (juros)
= LAIR (Lucro antes do imposto de renda)
- IR +CSSL
= LL (Lucro Líquido)
+ Depreciação
FC

- Amortização do financiamento
= Fluxo de caixa líquido do acionista

Sobre o resultado das estimativas anuais do fluxo de caixa obtido com essa estrutura,
podemos implementar análises de viabilidade econômica utilizando o VPL, VAUE, TIR,
Payback, B/C etc.

ANÁLISE HORIZONTAL E ANÁLISE VERTICAL


Análise horizontal: é realizada a partir de um conjunto de balanços e demonstrações de
resultados consecutivos. Para cada elemento desses demonstrativos são calculados números
índices, cuja base corresponde ao valor mais antigo da série (base fixa). Desse modo a
evolução de cada elemento patrimonial e de resultados ao longo de diversos períodos
sucessivos. Contudo a análise horizontal nos mostra a evolução no tempo de cada elemento
específico.
Por exemplo, o lucro líquido da empresa MicroDrive foi de $117,5 no Ano 2 e $122 no Ano 1.
A variação entre esses anos foi de: (117,5-122)/122 = -3,69%. Então a análise horizontal fica:
Ano 1 Ano 2
100 96,31
Com isso, ficam mais visíveis as variações ao longo do tempo quando se utiliza uma série
grande. Contudo, deve-se tomar cuidado com a inflação anual: antes de realizar as análises de
comparação temporal, deve-se deflacionar os valores, de modo que fiquem expressos em
moeda de um período apenas (mudas os valores correntes para valores constantes).
Análise vertical: No balanço, a análise vertical fornece indicadores que facilitam a avaliação da
estrutura do ativo (como os recursos estão sendo aplicados) e das suas fontes de
financiamento. Esses indicadores correspondem às participações percentuais dos saldos das
contas e dos grupos patrimoniais sobre o total do ativo (ou do passivo + patrimônio líquido).
Isoladamente, essas duas técnicas poderão induzir a erros de avaliação ou encobrir fatos
importantes. Conjuntamente, essas técnicas se completam e permitem identificar aqueles
elementos merecedores de uma investigação mais profunda para determinar as causas dos
seus desvios e adotar medidas corretivas cabíveis.
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ÍNDICES FINANCEIROS
Os índices financeiros, também chamados de múltiplos em Engenharia Econômica, são
importantes fontes de informação na análise financeira de uma empresa. Promovem uma
análise inter-relacionada das demonstrações vistas anteriormente, levantando informações
diferentes daquelas obtidas analisando-se isoladamente as demonstrações contábeis. Devem
ser comparados, normalmente, com o resultado médio do setor em que a empresa se
encontra1. Existem inúmeros indicadores dos quais2:
Indicadores da situação financeira
Índices de Estrutura Patrimonial
Passivo Circulante + Passivo Não-circulante
Capital de terceiros / Capital próprio
Patrimônio Líquido
Capital de terceiros / Capital total Passivo Circulante + Passivo Não-circulante
(ou endividamento geral) Ativo Total
Passivo Circulante
Composição do endividamento
Passivo Circulante + Passivo Não-circulante
Ativo Não-circulante
Imobilização do capital próprio
Patrimônio Líquido
Ativo Não-circulante
Imobilização dos recursos não-correntes
Passivo Não-circulante + Patrimônio Líquido
Ativo Total
Grau de alavancagem total (GAT)
PL
Índices de Solvência
Ativo Circulante
Liquidez Corrente
Passivo Circulante
Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo
Liquidez Geral
Passivo Circulante + Passivo Não-circulante
Ativo Circulante - Estoques
Liquidez Seca
Passivo Circulante
Lucratividade das Vendas
Saldo Médio do Ativo Total
Saldo Médio do Patrimônio Líquido
Vendas
Giro do Ativo
Saldo médio do Ativo Total
Lucro Bruto
Margem Bruta
Receita Operacional Líquida
Lucro Operacional
Margem Operacional
Receita Operacional Líquida
Lucro Líquido
Margem Líquida
Receita Operacional Líquida
Lucro Bruto
Mark-up global
Custos das Vendas
Taxas de retorno
Lucro Líquido disponível aos acionistas ordinários
Retorno sobre o investimento total (ROI)
Saldo médio do Ativo Total
Lucro Líquido disponível aos acionistas ordinários
Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE)
Saldo Médio do Patrimônio Líquido

1
A principal fonte de dados para isso é a pesquisa “Maiores e Melhores” divulgada anualmente pela Revista
Exame: <exame.abril.com.br/negocios/melhores-e-maiores>. Outras fontes de informação setorial é o site do
Instituto Assaf (www.institutoassaf.com.br) e a Pesquisa Industrial Anual (PIA), do IBGE, que pode ser acessada a
partir do site do SIDRA <www.sidra.ibge.gov.br>. Além disso, existem estudos setoriais mais elaborados
realizados por empresas de consultoria.
2
Outros, como os índices de valor de mercado de ações, de administração de ativos etc., podem ser encontrados
no Cap. 3 de Brigham et al.
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SITUAÇÃO FINANCEIRA
A situação financeira da empresa refere-se à sua capacidade de liquidar os compromissos já
assumidos e ao seu potencial de crédito junto aos fornecedores, instituições financeiras etc.
Estes indicadores mostram as grandes linhas de decisões financeiras, em termos de obtenção
e aplicação de recursos. Normalmente, quanto menores forem, melhor será a condição
financeira da empresa. São eles:

1.1. Participação de Capital de Terceiros


1.1.1 Participação do Capital de Terceiros em relação ao Capital Próprio
1.1.2 Participação do Capital de Terceiros em relação ao Capital Total
SIGNIFICADO: Quanto a empresa tomou de capitais de terceiros para cada $ de capital
próprio ou de capital total.
Relaciona as duas grandes fontes de recursos de empresas, ou seja, Capitais Próprios e
Capitais de Terceiros, medindo a porcentagem de recursos aportada pelos credores. Os
credores preferem índices baixos de endividamento porque, quanto mais baixo for o índice,
maior é a proteção dos credores contra prejuízos no caso de falência. Os acionistas, por outro
lado, gostam do fato de que a alavancagem magnifica os lucros esperados (embora aumente
o risco).
Ex: Calcule o índice de endividamento sobre os ativos totais da MicroDrive e interprete,
sabendo que a média do setor de computadores foi de 40%.

1.2 Composição do endividamento


SIGNIFICADO: Qual o percentual de obrigações de curto prazo em relação às obrigações
totais.
Relaciona as dívidas de curto prazo com as dívidas de longo prazo.
Uma coisa é ter dívidas de curto prazo que precisam ser pagas com os recursos possuídos
hoje, mais aqueles gerados a curto prazo; outra é ter dívidas a longo prazo, pois aí a empresa
dispõe de tempo para gerar recursos para pagar essas dívidas.
Ex: Calcule para o exemplo da MicroDrive:

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1.3 Imobilização do Capital Próprio
SIGNIFICADO : Quanto a empresa aplicou no Ativo Permanente para cada unidade
monetária do Patrimônio Líquido.
Relaciona os valores do Ativo Permanente com os valores do Patrimônio Líquido.
Quando os valores do Patrimônio Líquido são superiores aos do Ativo Permanente existe o
chamado Capital Circulante Próprio (CCP = PL - AP).
Ex: Calcule para a Microdrive.

1.4 Imobilização dos Recursos Permanentes


SIGNIFICADO : Qual o percentual de recursos não correntes aplicados no ativo Permanente.
Relaciona os recursos existentes na empresa de longo prazo no financiamento de suas
atividades. Quando o total dos recursos não correntes (Patrimônio Líquido + Exigível a Longo
Prazo) é superior ao total do ativo Permanente, ocorre a existência do Capital Circulante
Líquido, que representa a folga financeira a curto prazo, ou seja, financiamentos de que a
empresa dispõe para o seu giro e que não serão cobrados a curto prazo.
Ex: Calcule para a Microdrive:

ÍNDICES DE SOLVÊNCIA
Esses índices costumam ser avaliados pelo critério de “quanto maior melhor”. Um ativo
líquido pode ser negociado num mercado ativo, e como conseqüência, pode ser rapidamente
convertido em caixa a um preço de mercado vigente, e a “posição de liquidez” de uma
empresa leva em conta essa questão: a empresa será capaz de pagar suas dívidas à medida
que elas vencerem no próximo ano e nos demais? Como foi mostrado no balanço patrimonial
da empresa MicroDrive, ela possui dívidas de curto prazo que totalizam $310 que devem ser
pagos dentro do próximo ano. Ela terá dificuldade de cumprir essas obrigações? São
apresentados a seguir quatro índices que procuram direcionar esta conclusão.

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2.1 Liquidez Corrente
SIGNIFICADO: indica quanto a empresa possui no ativo circulante para cada $1 de dívidas de
curto prazo.
Relaciona os recursos aplicados no curto prazo (ativo circulante) com as dívidas também de
curto prazo (passivo circulante). Quanto maiores os recursos, maior a margem de segurança
da empresa, melhor a sua situação financeira.
Mais detalhadamente, os ativos circulantes normalmente incluem caixa, aplicações
financeiras, contas a receber e estoques. Já os passivos circulantes consistem em contas a
pagar, empréstimos de curto prazo, dívidas que vencem no curto prazo, impostos a pagar, e
outras contas a pagar (principalmente salários).
Ex: Calcule para a MicroDrive e analise, sabendo que a média do setor é de 4,2. 3

2.2 Liquidez Geral


SIGNIFICADO: quanto a empresa possui no Ativo Circulante e no Realizável a Longo Prazo
para cada $1 de dívida total. Ou seja, indica a condição da empresa pagar as suas dívidas em
longo prazo.
Mesmo princípio do anterior, mas envolvendo além dos recursos e dívidas de curto prazo
também as de longo prazo.
Ex: Calcule para a MicroDrive.

2.3 Liquidez Seca ou teste ácido


SIGNIFICADO: indica quanto a empresa possui de Ativo Líquido para cada $1 de Passivo
circulante.
Relaciona os recursos de curto prazo (excluídos os estoques) com as dívidas de curto prazo,
indicando o quanto a empresa é independente de seus estoques para pagar suas dívidas de
curto prazo.
Os estoques são, tipicamente, o menos líquido dos ativos circulantes de uma empresa
e, portanto, aqueles nos quais os prejuízos têm maior probabilidade de ocorrer na hipótese de

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Adiantando, o índice de liquidez corrente da MicroDrive é menor que a do seu setor. Isso é bom ou ruim?
Depende de quem está fazendo esta pergunta. Se for um credor, que normalmente gosta de um alto nível de
liquidez corrente, ele provavelmente não gostará do resultado. Se for um acionista, um alto índice de liquidez
pode indicar que a empresa tem uma quantidade de dinheiro presa em ativos não produtivos, tais como caixa
em excesso ou aplicações financeiras, ou em estoques. Sendo assim, um acionista pode gostar do resultado da
MicroDrive onde o índice de liquidez corrente se situa abaixo do nível setorial.
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liquidação. Portanto, uma medida da habilidade da empresa em pagar suas obrigações de
curto prazo, sem recorrer à venda de seus estoques, é importante.
Ex: Calcule para a MicroDrive.

RENTABILIDADE
Neste grupo de informações encontramos dois conjuntos de índices que expressam as
margens de lucratividade das vendas e as taxas de retorno sobre os recursos investidos.
Obviamente quanto maiores forem esses índices, maior a rentabilidade.

3.1. Giro dos Ativos Totais


SIGNIFICADO: Quanto a empresa vendeu para cada $1 de investimento total.
Relaciona o total das receitas da empresa com o total de recursos aplicados nas suas
atividades. Um índice menor que o do setor indica que a empresa está gerando um volume
insuficiente de negócios para seu dado nível de investimento em ativos totais. As vendas
devem, então, ser aumentadas, e alguns ativos deveriam ser eliminados.
Ex: Calcule para a MicroDrive.

3.2 Margem Bruta, Operacional e Líquida


SIGNIFICADO: Quanto a empresa obtém de lucro (bruto, operacional ou líquido,
respectivamente) para cada $1 vendidos.
Indica, portanto, a lucratividade da empresa face ao montante das Receitas.
Ex: Calcule os três índices para a MicroDrive.

3.5 Mark-up Global


SIGNIFICADO: indica quanto do preço do produto (representado aqui pelo Lucro Bruto) está
acima do seu custo de produção. Deve ser comparado com o do setor.
Ex: Calcular para a MicroDrive.

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3.6 Retorno sobre o investimento total (ROI)
SIGNIFICADO: quanto a empresa obtém de lucro para cada $1 de Investimento total.
Indica a lucratividade da empresa face ao montante global de recursos aplicados. É também
chamado de Rentabilidade do Ativo.
Ex: Calcular para a MicroDrive, sabendo que o setor apresentou 9% (com a baixa capacidade
de geração de lucro da empresa mais suas altas despesas financeiras, espera-se que seu ROA
seja menor que a do setor, isso se verifica realmente?).

3.8 Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE)


SIGNIFICADO: quanto a empresa obteve de lucro para cada $1 de Capital próprio aplicado.
Ex: Calcular para a MicroDrive, sabendo que o setor apresentou 15%. 4

Bibliografia:
BRIGHAM, Eugene F., GAPENSKI,Louis C., EHRHARDT, Michael C. Administração financeira:
teoria e prática. S.Paulo Atlas, 2001.
IUDICIBUS, Sérgio de; MARION, José Carlos. Curso de Contabilidade para não contadores. 7a.
edição. Editora Atlas, 2011.

4
Você notará uma performance melhor com esse indicador. Isso se deve ao fato de que houve um grande uso de
capital de terceiros na empresa, aumentando a relação LL/Capital próprio.
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