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Rácios – Caso Prático

Análise e Gestão Financeira


2018/2019

Jorge Abrantes
Caso Prático

A empresa turística XYZ tem registado ao longo dos últimos anos


uma evolução das suas vendas. No entanto, os resultados apurados
não espelham esse crescimento da atividade.

As Demonstrações Financeiras, espelhadas na página seguinte,


mostram que os ativos da empresa têm decaído ano após ano, com o
reforço dos capitais próprios ano após ano.

Do mesmo modo, a empresa tem conseguido amortizar regularmente


os empréstimos contraídos.
Anos
Balanços históricos Contas Ano n-2 Ano n-1 Ano n

ACTIVO

Activos Fixos 100.000 120.000 100.000

Inventários 100.000 80.000 70.000


Contas a Receber 40.000 80.000 120.000
Caixa e Bancos 100.000 40.000 20.000

TOTAL ACTIVO 340.000 320.000 310.000

CAP PRÓPRIO

Capital (realizado) 50.000 50.000 50.000


Resultados transitados -20.000 0 20.000
Resultados 20.000 20.000 10.000

TOTAL CAP PRÓPRIO 50.000 70.000 80.000

PASSIVO

Empréstimos m/l.p. 180.000 150.000 140.000

Empréstimos c.p 50.000 40.000 30.000


Contas a Pagar 60.000 60.000 60.000

TOTAL PASSIVO 290.000 250.000 230.000

TOTAL PASSIVO + CP 340.000 320.000 310.000


Demonstrações de resultados Anos
Contas Ano n-2 Ano n-1 Ano n
históricas
Rendimentos

Vendas/Prestações de Serviços 400.000 430.000 450.000

Gastos

Custo das vendas 250.000 270.000 280.000


Pessoal 80.000 82.000 85.000
Forn. E Serviços Externos (FSE)
. Combustíves 20.000 25.000 35.000
. Energia/Água 10.000 14.000 16.000
. Promoção e Publicidade 2.000 2.000 2.000
. Honorários 5.000 5.000 10.000
. Outros FSE 5.000 6.000 7.000

TOTAL GASTOS 372.000 404.000 435.000

RAGFI (RAEFI) 28.000 26.000 15.000

Gastos Financeiros 8.000 6.000 5.000

Resultados antes impostos (RAI) 20.000 20.000 10.000

IRC 0 0 0

RESULTADOS LÍQUIDOS 20.000 20.000 10.000


Rácios de liquidez

n-2 n-1 n

Rácios de Liquidez

Liquidez geral (Ativo Corrente / Passivo Corrente) 2,18 2,00 2,33

Liquidez reduzida ((Ativo Corrente - Inv) / Passivo Corrente) 1,27 1,20 1,56

Liquidez Imediata (Caixa e Bancos / Passivo Corrente) 0,91 0,40 0,22

 Bom nível de liquidez geral (o fundo de maneio é positivo!)

 Impacto dos inventários reduz significativamente os rácios de liquidez


que, mesmo assim, se mantem positivo

 Liquidez imediata no Ano n é de 22%, ou seja, é a cobertura que os


valores em Caixa e Bancos suportam face às contas a pagar de c.p.
(fornecedores e empréstimos de c.p.)
Rácios de rotação
n-2 n-1 n

Rácios de Rotação

Rotação de stocks (Custo das vendas/Stock Médio) 2,50 3,00 3,73

Rotação Ativo (Vendas/Ativo Médio) 1,18 1,30 1,43

Rotação Ativo Fixo (Vendas/Ativo Fixo Médio) 4,00 3,91 4,09

Rotação Ativo corrente (Vendas/Ativo corrente Médio) 1,67 1,95 2,20

Rotação Cap. Próprio (Vendas/Cap. Próprio Médio) 8,00 7,17 6,00

 Rotação crescente devido ao aumento das vendas

 Rotação do Cap. Próprio influenciado pelo aumento do Cap. Próprio


(nº de vezes que o dinheiro investido pelos detentores do capital é
convertido em vendas)
Rácios de duração

n-2 n-1 n

Rácios de Funcionamento (em dias)

Duração média dos inventários (Invent. Médios/CMVMC) 146 121,67 97,77

PMRecebimentos (Clientes Médio/Vendas) 36,50 50,93 81,11

PMPagamentos (Fornecedores Médio/Compras*) (*Custo das vendas) 87,60 81,11 78,21

 Nº médio de dias que os inventários estão na empresa

 PM Pagamentos em diminuição, ao contrário do PM Recebimentos que


tem vindo a aumentar ao longo dos anos. Em (n) estou a financiar os
clientes pagamento mais cedo do que aquilo que recebo

 Tendo em atenção a duração média dos inventários (já pagos) situação


penalizante para a tesouraria
Rácios de equilíbrio financeiro

n-2 n-1 n

Rácios de Equilíbrio Financeiro

Debt to Equity (Passivo não corrente / Cap. Próprios) 3,60 2,14 1,75

Debt to Equity (PT) (Passivo Total/Cap. Próprio) 5,80 3,57 2,88

Cobertura dos Imob. Cap. Próprios (Cap. Próprios/Activos Fixos) 0,50 0,58 0,80

Autonomia Financeira (Cap. Próprios/Ativo) 0,15 0,219 0,258

Endividamento (Passivo/Capitais Totais) 0,85 0,78 0,742

Solvabilidade (Capital Próprio/Passivo) 0,172 0,280 0,348

Estrutura do endividamento (Passivo Corrente/Passivo) 0,38 0,40 0,39


Rácios de equilíbrio financeiro

 Aumento do capital proprio com impactos na redução do nível de


endividamento e, na mesma ordem, aumento da autonomia financeira e
níveis de solvabilidade

 Composição do passivo assente em dívida de médio longo prazo (na


ordem dos 60%)

 Redução dos empréstimos a aumento dos capitais próprios com impacto


direto no rácio de estrutura financeira (debt to equity) com uma menor
dependência de financiamento de credores externos (por cada unidade
investida pelos detentores de capital em (n) os financiadores externos
investiram 2,88 unidades.
Rácios de rentabilidade
n-2 n-1 n

Rácios de Rentabilidade

Rentabilidade Liq. Vendas (Result. Liq./Vendas) 5,0% 4,7% 2,2%

Rentabilidade Oper. Vendas (Res. Oper./Vendas) 7,0% 6,0% 3,3%

Rentabilidade Líq. Ativo (Res. Liq./Ativo Médio) 5,9% 6,1% 3,2%

Rentabilidade Cap. Próprio (Res. Liq./Cap. Próprios Médios) (ROE) 40,0% 33,3% 13,3%

 Rentabilidade positiva mas decrescente ao longo dos anos (mesmo com o


nível de vendas a aumentar). Impacto dos gastos operacionais.

 Rentabilidade do capital próprio (ROE – return on equity) elevada, mesmo face


a outras alternativas de ativos financeiros sem risco, tendo sido de 40% em (n-2)

 Aumento do capital próprio na empresa (via RL positivos) penaliza detentores de


capital (ROE baixa)
Análise Dupont
n-2 n-1 n

Análise Dupont

Rentabilidade das Vendas (Lucro Liq./Vendas) 5,0% 4,7% 2,2%

Rotação Ativo (Vendas/Ativo Médio) 1,18 1,30 1,43

Alavancagem Financeira (Ativo Total/Capital Próprio) 6,80 4,57 3,88

Análise Dupont 0,40 0,28 0,12

Rentabilidade dos capitais próprios em decréscimo devido à diminuição da eficiência


da empresa (rentabilidade das vendas) e à alavancagem financeira (mais capital
próprio, fruto de resultados líquidos e criação de riqueza, penaliza o rácio!). A
produtividade do ativo (rotação do ativo) tem aumentado ao longo dos anos, o que
mostra uma boa capacidade dos ativos em serem convertidos em vendas.
Rácios - Conclusões
• Empresa com “problemas” nos últimos anos de análise, penalizando os seus
resultados líquidos (lucros)

• Aumento das vendas não compensa crescimento do custo das vendas e de


demais gastos operacionais, levando à deterioração da sua margem
(rentabilidade)

• Rotação de stocks a aumentar mas problemas nas cobranças a trazer


impactos na tesouraria da empresa (ao nível da liquidez imediata)

• Autonomia financeira e níveis de endividamento têm melhorado ao longo dos


anos fruto da amortização de empréstimos e dos RL positivos

• Rotação dos recursos crescente pelo aumento das vendas

• Rentabilidade dos capitais próprios penalizada pela margem das vendas


(apesar do aumento da eficiência pelo aumento da rotação do ativo) e da
alavancagem financeira (fruto do crescimento dos capitais próprios)

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