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ARMANDO RASOTO
SUMÁRIO
- Introdução
- O que significa a sigla?
- O que significa o conceito?
- Um exemplo
- Diferença entre o lucro operacional e o EBITDA
- Mas...para que o EBITDA?
- Usando o EBITDA para se avaliar a empresa
- A lógica do multiplicador
- Outro ponto importante no conceito do EBITDA: a alavancagem produzida pela
dívida
- Cuidado especial com o multiplicador
INTRODUÇÃO
Afinal, o lucro, antes dos juros (tanto receitas como despesas financeiras), do
Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro e antes das depreciações
e amortizações, corresponde ao potencial de caixa que o ativo operacional de uma
empresa é capaz de produzir, antes inclusive de considerar o custo de qualquer
capital tomado emprestado.
Não corresponde ao efetivo fluxo de caixa físico já ocorrido no período
porque parte das vendas pode não estar recebida e parte das despesas pode não
estar paga. Mas representa o potencial de geração genuinamente operacional de
caixa; assim que recebidas todas as receitas e pagas todas as despesas, esse é o
valor de caixa produzido pelos ativos, antes de computadas as receitas e as
despesas financeiras e os itens não operacionais e extraordinários.
UM EXEMPLO
Balanços:
31/12/00 31/12/01
Caixa 72.000 72.000
Aplicações Financeiras - 165.256
Clientes 450.000 450.000
Estoques 180.000 180.000
Imobilizado 750.000 750.000
Dep. Acumulada . - . (75.000)
Imobilizado Líquido 750.000 675.000
Ativo 1.452.000 1.542.256
Fornecedores 180.000 180.000
Empréstimos 522.000 522.000
Capital 750.000 750.000
Lucros Acumulados - 90.256
Passivo 1.452.000 1.542.256
Demonstração do resultado:
2001
Vendas 1.800.000
CMV (1.080.000)
Lucro Bruto 720.000
Despesas Operacionais (360.000)
Depreciação (75.000)
Receitas Financeiras 2.160
Despesas Financeiras (62.640)
Lucro Antes dos Tributos 224.520
Imp. Renda e Cont. Social (74.091)
Lucro Líquido 150.429
As despesas financeiras
Receitas Financeiras
Depreciações e Amortizações
Resumindo
Demonstração do resultado:
2001
Vendas 1.800.000
CMV (1.080.000)
Lucro Bruto 720.000
Despesas Operacionais (360.000)
EBITDA 360.000
Depreciação (75.000)
Receitas Financeiras 2.160
Despesas Financeiras (62.640)
Lucro Antes dos Tributos 224.520
IR + CS (74.091)
Lucro Líquido 150.429
Como todavia o EBITDA está atrás do efeito caixa, ele despreza o valor das
depreciações, amortizações e exaustões; só que estas compõem o valor do resultado
operacional.
Algumas exceções
Em alguns casos isso pode sofrer algumas variações; no caso de instituições
financeiras, por exemplo, normalmente não faz nenhum sentido calcular-se o
EBITDA, já que as despesas financeiras não são evitáveis por decisão de
reestruturação financeira da empresa; além disso, elas são genuinamente
operacionais.
Aliás, nesse caso foi dinheiro mesmo, já que não houve incremento de contas
a receber nem de contas a pagar. Assim o caixa gerado pelas operações foi mesmo
de R$360.000,00. Tanto que, caso quiséssemos, poderíamos montar o seguinte
fluxo de caixa:
Fluxo de caixa
2001
Dos Clientes 1.800.000
Aos Fornecedores (1.080.000)
Despesas Operacionais (360.000)
EBITDA 360.000
Receitas Financeiras 2.160
Despesas Financeiras (62.640)
IR+CS (74.091)
“Caixa das Operações” (*) 225.429
Dividendos (60.172)
Aplicação Financeira (165.256)
Caixa no Período 0
Saldo Inicial de Caixa 72.000
Saldo Final de Caixa 72.000
(*) Interessante notar que costumamos denominar de caixa das operações ou
caixa das atividades operacionais ao efeito caixa de todas as operações que
compõem o resultado do período, ou seja, damos um sentido bastante amplo ai à
palavra operacional. Enquanto o EBITDA es refere ao caixa operacional no seu
sentido mais restrito possível, limitando-se ao caso do caixa gerado estritamente
pelas atividades genuinamente operacionais, e antes dos atributos.
Vemos nesse fluxo de caixa que o dinheiro trazido pelas operações foi
exatamente o lucro antes da depreciação; e que após o pagamento dos dividendos,
todo o saldo disponível foi investido na aplicação financeira.
E é lógico que, maior o EBITDA de uma empresa, maior tende a ser o seu
valor de mercado, já que todos querem uma empresa que produza dinheiro. E
quanto maior a relação entre o EBITDA e o valor investido no ativo, tanto melhor.
USANDO EBITDA PARA SE AVALIAR A EMPRESA
A lógica do multiplicador
Essa seqüência de fluxos nos diz que a taxa interna de retorno (TIR) é de
18,04% ao ano. Ou seja, ser proprietário desse fluxo de caixa corresponde a ganhar
essa taxa ao ano.(1)
Segundo raciocínio
Com isso, se ela é uma boa dívida, que custa menos do que sua aplicação
produz dentro da empresa, esse benefício não estará ajudando a valorizar a
empresa. Por outro lado, se a dívida for muito cara, com taxa superior ao que ela
produz de retorno para a empresa, esse fato não irá diminuir o valor da empresa.
Não se pode fazer relação fixa entre o multiplicador e a taxa de retorno. Isso
porque o fluxo de caixa de uma empresa depende das depreciações, amortizações e
exaustões.
Assim, o mesmo multiplicador de 3,5, usado como exemplo básico neste
caso, pode representar uma taxa de retorno bem mais alta para o caso de uma
empresa com pouca depreciação. Ou o contrário numa empresa com depreciação
muito maior. Para isso influenciam o investimento necessário no imobilizado e a
sua vida útil econômica.