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ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

ANÁLISE FINANCEIRA
E GERENCIAL

SUMÁRIO 1
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

LISTA DE FIGURAS

> FIGURA 1 - Impacto das decisões organizacionais no DRE 20


> FIGURA 2 - Fontes de financiamento da estrutura de
capital empresarial 21
> FIGURA 3 - Classificação primária dos gastos empresariais 24
> FIGURA 4 - Classificação dos custos 37
> FIGURA 5 - Exemplo de layout de uma empresa do
segmento industrial 39
> FIGURA 6 - Exemplo de um produto skate 42
> FIGURA 7 - Classificação dos custos 52
> FIGURA 8 - Perspectiva do método de custeio por absorção. 73
> FIGURA 9 - Perspectiva do método de custeio variável 81
> FIGURA 10 - Sistema de informações gerenciais 110
> FIGURA 11 - Exemplo de codificação de centros de custo
nas organizações 111
> FIGURA 12 - Apuração de gastos por centros de custos/plano
de contas 114

2 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

LISTA DE TABELAS

> TABELA 1 - Resultados apurados 30


> TABELA 2 - Matéria-prima utilizada na produção da
Indústria de Skates Exemplo Ltda. 43
> TABELA 3 - Mão de obra direta utilizada na produção da
Indústria de Skates Exemplo Ltda. 43
> TABELA 4 - Mão de obra indireta utilizada na produção da
Indústria de Skates Exemplo Ltda. 47
> TABELA 5 - Materiais indiretos utilizados na produção da
Indústria de Skates Exemplo Ltda. 47
> TABELA 6 - Outros custos indiretos utilizados na produção da
Indústria de
Skates Exemplo Ltda. 48
> TABELA 7 - Comportamento dos Custos Variáveis em diferentes
níveis de produção da Indústria de Skates Exemplo Ltda. 55
> TABELA 8 - Comportamento dos Custos Fixos em diferentes
níveis de produção da Indústria de Skates Exemplo Ltda. 57
> TABELA 9 - Comportamento dos Custos em diferentes níveis
de produção da Indústria de Skates Exemplo Ltda. 59
> TABELA 10 - Gastos gerais da Indústria de Skates Exemplo Ltda. 62
> TABELA 11 - Gastos gerais da Indústria de Skates Exemplo Ltda.
separados por departamento 63
> TABELA 12 - Vendas da Indústria de Skates Exemplo Ltda. 65
> TABELA 13 - Custos Fixos e Variáveis da Indústria de Skates
Exemplo Ltda. 65
> TABELA 14 - Despesas administrativas da Indústria de Skates
Exemplo Ltda. 66
> TABELA 15 - Despesas comerciais da Indústria de Skates
Exemplo Ltda. 66

SUMÁRIO 3
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

LISTA DE TABELAS

> TABELA 16 - Demonstrativo de Resultado do Exercício da


Indústria de Skates Exemplo Ltda. 67
> TABELA 17 - Empresa Exemplo: vendas brutas - mês 07 75
> TABELA 18 - Empresa Exemplo: Custos Indiretos de
Fabricação (CIFs) - mês 07 75
> TABELA 19 - Empresa Exemplo: horas de produção por
produto - mês 07 76
> TABELA 20 - Empresa Exemplo: rateio dos CIFs por horas
de produção - mês 07 76
> TABELA 21 - Empresa Exemplo: rateio dos CIFs por unidade
produzida - mês 07 76
> TABELA 22 - Empresa Exemplo: custos totais de mão de obra
direta - mês 07 77
> TABELA 23 - Empresa Exemplo: custos totais de material direto -
mês 07 77
> TABELA 24 - Empresa Exemplo: custos diretos e indiretos por produto -
mês 07 77
> TABELA 25 - Empresa Exemplo: custos dos produtos
vendidos - mês 07 78
> TABELA 26 - Empresa Exemplo Ltda. - mês 07 79
> TABELA 27 - Empresa Exemplo Ltda. - mês 07 79
> TABELA 28 - Empresa Exemplo: custos totais - mês 07 80
> TABELA 29 - Empresa Exemplo: vendas brutas - mês 07 82
> TABELA 30 - Empresa Exemplo: Custos Indiretos de
Fabricação (CIFs) - mês 07 82
> TABELA 31 - Empresa Exemplo: custos variáveis e fixos por
produto - mês 07 83
> TABELA 32 - Empresa Exemplo: custos totais - mês 07 83
> TABELA 33 - Empresa Exemplo Ltda. - mês 07 84

4 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

LISTA DE TABELAS

> TABELA 34 - Produção mensal da Empresa Exemplo Ltda. 90


> TABELA 35 - Custos Indiretos de fabricação da Empresa
Exemplo Ltda. 90
> TABELA 36 - Direcionadores de custeio ABC - Empresa
Exemplo Ltda. 92
> TABELA 37 - Taxa de rateio: custeio ABC – Empresa Exemplo Ltda. 93
> TABELA 38 - Itens que compõem os custos do setor de manutenção 95
> TABELA 39 - Custos totais estimados: Empresa Exemplo Ltda. 97
> TABELA 40 - Custos totais projetados: Empresa Exemplo Ltda. 98
> TABELA 41 - Custo-padrão vs. custos reais: Empresa Exemplo Ltda. 100
> TABELA 42 - Resumo de gastos de viagem: gerência comercial 113
> TABELA 43 - Resumo de gastos de viagem: supervisão de produção 113
> TABELA 44 - Apuração do resultado no ponto de equilíbrio 118
> TABELA 45 - Gastos totais em diferentes níveis de produção 119
> TABELA 46 - Estimativas de resultado em diferentes níveis
de produção 119
> TABELA 47 - Apuração do resultado por custeio variável 122
> TABELA 48 - Apuração do resultado por custeio variável
com aumento de preço e manutenção dos custos 123
> TABELA 49 - Apuração do resultado por custeio variável com
redução de preço e manutenção dos custos 124

SUMÁRIO 5
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

LISTA DE GRÁFICOS

> GRÁFICO 1 - Comportamento dos Custos Variáveis Totais em


diferentes níveis de produção da Indústria de Skates Exemplo Ltda. 56
> GRÁFICO 2 - Comportamento dos Custos Fixos Totais em
diferentes níveis de produção da Indústria de Skates Exemplo Ltda. 58
> GRÁFICO 3 - Comportamento dos Custos Totais em diferentes
níveis de produção da Indústria de Skates Exemplo Ltda. 60
> GRÁFICO 4 - Ponto de equilíbrio 116

6 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

SUMÁRIO

UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL 15

INTRODUÇÃO 15
1.1 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL 17
1.1.1 DECISÕES FINANCEIRAS E GESTÃO DE CUSTOS 22
1.1.1.1 TERMINOLOGIA NA GESTÃO DOS CUSTOS ORGANIZACIONAIS 23
1.1.1.2 A GESTÃO DE CUSTOS COMO APOIO À GESTÃO FINANCEIRA 27

BIBLIOGRAFIA COMENTADA 32

CONCLUSÃO 33

UNIDADE 2 2 APURAÇÃO DE CUSTOS QUANTO AOS PRODUTOS 36

INTRODUÇÃO 36
2.1 APURAÇÃO DE CUSTOS QUANTO AOS PRODUTOS 38
2.1.1 CUSTOS DIRETOS E CUSTOS INDIRETOS 40
2.1.1.1 CUSTOS DIRETOS 41
2.1.2 CUSTOS INDIRETOS DE FABRICAÇÃO 45

CONCLUSÃO 50

UNIDADE 3 3 APURAÇÃO DE CUSTOS QUANTO AO VOLUME DE PRODUÇÃO 52

INTRODUÇÃO 53
3.1 CUSTOS VARIÁVEIS 54
3.2 CUSTOS FIXOS 56
3.3 TOTALIZAÇÃO DOS CUSTOS E APURAÇÃO DO CUSTO
UNITÁRIO DO PRODUTO 59

SUMÁRIO 7
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

SUMÁRIO

3.4 DEPARTAMENTALIZAÇÃO 61
3.5 CUSTOS, DESPESAS E A APURAÇÃO DOS RESULTADOS
ORGANIZACIONAIS 64

CONCLUSÃO 69

UNIDADE 4 4 SISTEMAS DE CUSTEIO 71

INTRODUÇÃO 71
4.1 SISTEMAS DE CUSTEIO 72
4.1.1 CUSTEIO POR ABSORÇÃO 72
4.2 CUSTEIO VARIÁVEL 80

CONCLUSÃO 85

UNIDADE 5 5 PLANEJAMENTO E CONTROLE DE CUSTOS 87

INTRODUÇÃO 87
5.1 PLANEJAMENTO E CONTROLE DE CUSTOS 88
5.1.1 CUSTEIO BASEADO EM ATIVIDADES (ABC) 89
5.2 CUSTOS CONTROLÁVEIS E CUSTOS ESTIMADOS 94
5.2.1 CUSTOS CONTROLÁVEIS 94
5.2.2 CUSTOS ESTIMADOS 96
5.3 CUSTO-PADRÃO 98
5.4 CUSTO DE REPOSIÇÃO 101

BIBLIOGRAFIA COMENTADA 103

CONCLUSÃO 104

8 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

SUMÁRIO

UNIDADE 6 6 GESTÃO DE CUSTOS E ANÁLISE FINANCEIRA 106

INTRODUÇÃO 106
6.1 GESTÃO DE CUSTOS E ANÁLISE FINANCEIRA 107
6.1.1 IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS DE CUSTOS 107
6.1.2 CENTRO DE CUSTOS E PLANO DE CONTAS 110
6.2 RELAÇÃO CUSTO/VOLUME/LUCRO 115
6.2.1 PONTO DE EQUILÍBRIO 116
6.2.2 VARIAÇÕES NO VOLUME DE PRODUÇÃO 119
6.2.3 VARIAÇÕES NA ESTRUTURA DA EMPRESA 120
6.3 RELATÓRIOS FINANCEIROS E VARIAÇÕES DE PREÇO 122
6.3.1 AUMENTO DE PREÇOS E O IMPACTO NOS RESULTADOS
DA EMPRESA 123
6.3.2 REDUÇÃO DE PREÇOS E O IMPACTO NOS RESULTADOS
DA EMPRESA 123
6.3.3 PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA 124

CONCLUSÃO 125

REFERÊNCIAS 127

SUMÁRIO 9
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

ICONOGRAFIA

ATENÇÃO ATIVIDADES DE
APRENDIZAGEM
PARA SABER

SAIBA MAIS
ONDE PESQUISAR CURIOSIDADES
LEITURA COMPLEMENTAR
DICAS

GLOSSÁRIO QUESTÕES

MÍDIAS
ÁUDIOS
INTEGRADAS

ANOTAÇÕES CITAÇÕES

EXEMPLOS DOWNLOADS

10 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

BIODATA DO AUTOR
Sérgio Rafacho

Doutor em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas


Gerais (UFMG). Mestre em Educação pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de
Minas Gerais (CEFET-MG). Especialista em Finanças pelo Instituto de Educação Conti-
nuada da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (IEC-PUC-MG), Administra-
dor pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG). Pesquisador do
grupo de Pesquisa AMTEC, registrado da na plataforma lattes.cnpq.

Professor universitário de graduação e pós-graduação nas áreas de Finanças, Opera-


ções, Administração Geral e Jogos Empresariais. Atua como consultor empresarial
em empresas do segmento industrial, comercial e de prestação de serviços. Já atuou
como analista de sistemas da UFMG, como funcionário de empresas de grande porte
e como empresário no ramo de construção, indústria e prestação de serviços. Expe-
riência e reengenharia de empresas, produção, processos, adequação orçamentá-
ria, estruturação de controle de gastos, adequação e parametrização do processo de
compras, organização dos processos administrativos organizacionais.

JUSTIFICATIVA
Diariamente, as pessoas tomam decisões que impactam a vida. Sejam decisões
simples, sejam complexas, de forma proporcional à sua importância, elas sempre
impactarão de alguma forma o cotidiano. Como o capital é necessário na maioria das
situações em que se vive, as decisões financeiras sempre terão impacto decisivo na
maneira de se viver. Analisar, planejar e decidir sobre finanças são ações fundamen-
tais para o sucesso tanto para pessoas físicas quanto jurídicas.

SUMÁRIO 11
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

ENGAJAMENTO
Compreender os conceitos e fundamentos que permeiam a análise financeira e
gerencial das organizações é fator fundamental para que o gestor desenvolva habi-
lidades e competências determinantes para o sucesso em sua carreira. Diante dessa
realidade, serão apresentadas algumas questões para que você possa refletir sobre
a importância de se aprofundar no conhecimento sobre a análise financeira das
empresas:

• Como a compreensão sobre finanças corporativas pode contribuir para que o


gestor organizacional tenha sucesso em suas decisões?

• Em mercados de concorrência tão acirrados como o atual, qual a importân-


cia do planejamento, da análise, do controle e acompanhamento dos gastos
empresariais?

• A implantação adequada de sistemas de custos deve ser realizada de forma


predeterminada ou deve ser adequada às especificidades de cada segmento
mercadológico?

• Qual o impacto de variações significativas nas atividades operacionais e nos


resultados organizacionais?

APRESENTAÇÃO DA
DISCIPLINA
Se uma pessoa toma decisões erradas, como gastar acima de seus limites ou investir
sem analisar a relação entre custo e benefício, haverá reflexos danosos em suas finan-
ças que implicarão em problemas em vários aspectos de sua vida. Da mesma forma,
decisões erradas nas organizações podem resultar em impactos significativamente
negativos e até mesmo levá-las à falência. Não são poucas as empresas que fecham
devido à falta de planejamento e coerência em suas decisões financeiras.

12 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

Nesta disciplina, serão estudados conceitos fundamentais e importantes sobre a


Administração Financeira e Gerencial das empresas, abordando temas importan-
tes para o sucesso da carreira do gestor relacionados à análise e gestão dos custos
empresariais. Serão abordados conceitos relacionados à composição e métodos de
custeio, implantação e análise das variações de custos e preços nas organizações.

“Uma mente que se abre para uma nova ideia, jamais volta ao seu tamanho
original.”

Frase atribuída a Einsten, que pode se tornar uma realidade quando há dedicação
aos estudos!

OBJETIVOS DA DISCIPLINA
Ao final desta disciplina, esperamos que você seja capaz de:

• Aplicar conceitos relacionados à análise financeira e gerencial na gestão das


organizações empresariais.

• Avaliar os impactos da gestão adequada dos gastos organizacionais nos resul-


tados financeiros das empresas.

• Compreender a importância de se utilizar métodos de custeio adequados às


necessidades e especificidades de cada organização.

• Analisar o impacto das variações dos níveis de atividades operacionais nos


resultados corporativos.

• Avaliar os resultados de uma gestão inadequada dos gastos organizacionais


em seus resultados.

SUMÁRIO 13
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

UNIDADE 1
OBJETIVO
Ao final desta unidade, esperamos
que possa:

> Compreender a importância da gestão financeira


para o sucesso das organizações.

> Compreender como os demonstrativos contábeis


contribuem para o processo de tomada de decisões
organizacionais.

> Conhecer a terminologia utilizada na área de custos


e sua importância na interpretação dos dados
financeiros das organizações.

> Aplicar os conceitos basilares da área de custos.

14 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

1 INTRODUÇÃO À ANÁLISE
FINANCEIRA E GERENCIAL
A gestão financeira das organizações deve ser conduzida com o objetivo de maximi-
zar os resultados e, consequentemente, o valor de mercado das empresas, aumen-
tando a riqueza de seus proprietários, que investem em negócios, abrindo mão de
outras oportunidades de investimento (muitos deles especulativos), tendo a expecta-
tiva de obter maiores retornos econômicos e financeiros.

A manutenção e o desenvolvimento de uma empresa resultam em diversos bene-


fícios não somente para os seus proprietários, mas também para todos os grupos
interessados (stakeholders) em suas atividades, uma vez que suas próprias ativida-
des influenciam ou recebem influência dos negócios que envolvem tal organiza-
ção. O sucesso das organizações tem reflexo direto na vida de seus funcionários, que
mantêm sua fonte de renda e criam novas expectativas futuras; para a população,
que consegue adquirir novos produtos (em muitos casos com preços mais competi-
tivos devido à concorrência), e para o país, que recebe mais impostos gerados pelas
empresas e é aliviado em relação aos gastos sociais com a redução do desemprego.

Porém, a manutenção de uma empresa, em um mercado cada vez mais globalizado


e concorrente, exige de seus administradores conhecimento específico sobre técni-
cas e ferramentas de gestão financeira que contribuam para o alcance de seus obje-
tivos estratégicos. Uma das áreas fundamentais das empresas que deve ter atenção
de seus gestores é a área de custos. Nesta unidade, serão abordados conceitos funda-
mentais sobre a gestão financeira das empresas e sobre a importância do conheci-
mento da área de custos para o sucesso financeiro organizacional.

INTRODUÇÃO
Em sua prática profissional, o administrador financeiro tem de tomar decisões que
vão refletir sobre os resultados financeiros e econômicos de sua empresa. Para que
esse processo tenha maior eficácia, é fundamental que ele tenha à sua disposição

SUMÁRIO 15
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

relatórios e informações sobre o desempenho organizacional da instituição que está


gerindo, que possibilitem a ele tomar decisões com segurança. Deve-se ressaltar que,
mesmo não sendo a única fonte de dados, a contabilidade é a principal fonte de
informações financeiras para o processo de tomada de decisões empresariais. Outras
informações relacionadas à própria empresa e às condições mercadológicas em que
atua também devem ser agregadas e consideradas nesse processo, tão importante
para o sucesso das empresas.

A contabilidade é importante para o gestor financeiro, pois deve revelar a real posição
econômico-financeira da empresa:

Frequentemente, os responsáveis pela administração estão tomando deci-


sões, quase todas importantes, vitais para o sucesso do negócio. Por isso, há
necessidade de dados, de informações corretas, de subsídios que contribuam
para uma boa tomada de decisão. Decisões tais como comprar ou alugar uma
máquina, preço de um produto, contrair uma dívida a longo ou curto prazos,
quanto de dívida contrairemos, que quantidade de material para estoque
deveremos comprar, reduzir custos, produzir mais... A Contabilidade é o gran-
de instrumento que auxilia a administração a tomar decisões. Na verdade, ela
coleta todos os dados econômicos, mensurando-os monetariamente, regis-
trando-os e sumarizando-os em forma de relatórios ou de comunicados, que
contribuem sobremaneira para a tomada de decisões (MARION, 2018, p. 4).

Tendo à sua disposição relatórios que refletem a situação da empresa, o administra-


dor terá maiores condições de analisar a real situação da organização em que atua,
passando a direcionar os esforços de seus colaboradores no sentido de maximizar os
lucros. De forma similar, poderá verificar a rentabilidade de seus ativos, confrontan-
do-os com os custos de seus passivos a fim de obter resultados cada vez mais satisfa-
tórios para os acionistas da empresa.

Porém, a eficácia de todo processo de tomada de decisões está diretamente relacio-


nada à qualidade da análise das informações disponibilizadas e também à capacida-
de do administrador financeiro de compreender, interpretar e mensurar tais informa-
ções, transformando-as em resultados favoráveis. Muitos administradores almejam
alcançar altos níveis hierárquicos dentro das organizações, porém é importante que
tenham conhecimento da responsabilidade de se tomar decisões de forma coerente
e eficaz.

Nesta unidade, serão trabalhados diversos aspectos relacionados à análise financeira


gerencial, que são fundamentais para o sucesso do administrador.

16 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

1.1 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FINANCEIRA E


GERENCIAL

As decisões empresariais devem refletir o direcionamento estratégico estabelecido


por seus diretores e, em sua maioria absoluta, refletem em seus resultados, sejam
pela geração de receitas, seja de gastos. Quando a empresa mantém um sistema de
registro contábil adequado às suas operações, tais reflexos podem ser observados
em demonstrativos contábeis, que são relatórios exigidos pelo governo para pres-
tação das contas empresariais e que refletem a posição econômica e financeira das
empresas.

Esses relatórios são importantes para o administrador financeiro avaliar a situação da


empresa e contribuir com o processo de tomada de decisões inerente à sua função.
Dois dos principais demonstrativos contábeis que são fundamentais para acompa-
nhar a evolução da empresa são o Balanço Patrimonial e o Demonstrativo do Resul-
tado do Exercício:

Balanço Patrimonial (BP): para Gitman (2009), o balanço patrimonial representa a


demonstração resumida da posição financeira e econômica da empresa em determi-
nada data. Essa demonstração confronta os ativos (o que a empresa possui) com os
passivos (obrigações ou patrimônio líquido). Com esse relatório, o gestor empresarial
pode identificar e acompanhar a evolução patrimonial da empresa.

SUMÁRIO 17
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

QUADRO 1 - ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMONIAL

BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO
Maior Liquidez Ativo Circulante Passivo Circulante

Disponível Contas a Pagar

Aplicações Impostos

Contas a Receber Fornecedores

Estoques [...]
Passivo Não circulante
[...]
Ativo Não Circulante Financiamentos de Longo Prazo

Investimentos
Patrimônio Líquido
Veículos
Capital Social
Máquinas e Equipamentos
Lucros ou Prejuízos Acumulados
Imóveis
[...]
Menor Liquidez [...]

Fonte: Elaborado pelo autor.

Demonstrativo do Resultado do Exercício (DRE): o DRE é o relatório responsável


pela apuração do resultado obtido pela empresa em determinado período. Partindo
das Receitas de Vendas obtidas pela empresa, diminui os gastos (impostos, custos,
despesas, ganhos, perdas, etc.) para, ao final, apresentar o lucro ou prejuízo obtido
pela empresa no período de apuração. Esse relatório permite ao gestor financeiro
verificar a eficácia de sua gestão em relação às receitas e gastos empresariais e, conse-
quentemente, seus lucros.

18 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

QUADRO 2 - DEMONSTRATIVO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

DRE
Receita Bruta de Vendas

(-) Impostos/Deduções

(=) Receita Líquida de Vendas

(-) Custo dos Produtos/Mercadorias/Serviços Vendidos

(=) Margem Bruta

(-) Despesas Administrativas

(-) Despesas Comerciais

(-) Despesas de Depreciação

(-) [...]

(=) Resultado Operacional (ou Lucro Antes de Juros e Imposto de Renda)

(+) Receitas Não Operacionais (inclusive financeiras)

(-) Despesas Não Operacionais (inclusive financeiras)

(=) Lucro Antes do Imposto de Renda

(-) Imposto de Renda/Contribuição Social sobre o Lucro Líquido

(=) Resultado do Exercício

Fonte: Elaborado pelo autor,.

As decisões do gestor financeiro têm reflexos diretos no DRE, sendo que, por meio
desse relatório, pode-se acompanhar a eficiência do processo de tomada de decisões
em relação aos resultados obtidos pela companhia. A figura a seguir apresenta uma
ilustração dos reflexos das decisões empresariais em seus resultados:

SUMÁRIO 19
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

FIGURA 1 - IMPACTO DAS DECISÕES ORGANIZACIONAIS NO DRE

Fonte: Elaborada pelo autor.

As ações organizacionais demandam investimentos em ativos e capital de giro para


que suas operações ocorram de forma adequada aos objetivos propostos. Outro
aspecto importante relacionado às decisões financeiras está ligado às fontes de finan-
ciamento de suas atividades. Essas fontes podem ser oriundas de:

a. Capital de terceiros, agrupadas no passivo circulante (curto prazo) ou passivo


não circulante (longo prazo);

b. Capital próprio, agrupadas no patrimônio líquido.

20 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

FIGURA 2 - FONTES DE FINANCIAMENTO DA ESTRUTURA DE CAPITAL EMPRESARIAL

ATIVO PASSIVO

PASSIVO CIRCULANTE
ATIVO CIRCULANTE (Curto Prazo)
(Curto Prazo)
Captando recursos de terceiros, estes
recursos “entram” na empresa através
do Passivo Circulante ou Exigível
PASSIVO NÃO a Longo Prazo.
CIRCULANTE
(Longo Prazo)

ATIVO NÃO CIRCULANTE


(Longo Prazo) Captando recursos através de novos
sócios (mercado de ações, por exemplo),
PATRIMÔNIO LÍQUIDO estes recursos “entram” na empresa
através do Patrimônio Líquido.

Fonte: Elaborada pelo autor.

A partir do momento em que as empresas conhecem os resultados de suas opera-


ções, obtêm parâmetros para que o gestor avalie aspectos referentes à segurança, à
liquidez e à rentabilidade dos investimentos realizados. Tais resultados devem ser
comparados com os planejamentos prévios realizados pela gestão das empresas,
bem como podem ser utilizados para planejamentos futuros, uma vez que refletem
o desenvolvimento da empresa em seu mercado.

Segundo MASAKAZU (2019), o crescimento e o desenvolvimento de uma empresa


estão intimamente ligados a um bom sistema de planejamento, pois com ele todas as
atividades que se pretende desenvolver são planejadas com base em cenários cons-
truídos a partir de informações captadas de diversas fontes. Preveem-se o montan-
te de recursos necessários para a sua execução e as respectivas fontes, o prazo em
que se pretende que as metas sejam atingidas e atribuem-se as responsabilidades.
É importante que haja monitoramento dos resultados para que se possa controlar,
avaliar cada etapa e realizar reconduções de rota sempre que variáveis internas ou
externas indiquem essa necessidade.

SUMÁRIO 21
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

Permeando todo esse contexto, encontra-se a gestão de custos, área importante das
finanças corporativas, que merece atenção constante dos gestores, uma vez que deci-
sões erradas sobre custos podem acarretar prejuízos irrecuperáveis para as empresas.

1.1.1 DECISÕES FINANCEIRAS E GESTÃO DE CUSTOS

As decisões empresariais exercem influência sobre os aspectos internos (preços,


custos, despesas, investimentos, financiamentos, etc.) da organização, pois atuam
sobre variáveis sobre as quais o gestor tem controle. Porém, tais decisões não influen-
ciam aspectos externos à organização, como impostos, taxas de juros do mercado
financeiro, entre outros relacionados ao seu campo de atuação.

Essa realidade aumenta a responsabilidade do administrador financeiro em relação


aos riscos decorrentes de suas decisões, pois os fatores externos influenciam de forma
decisiva os resultados das organizações. As empresas que, em períodos de reces-
são econômica, não tiverem controle e domínio sobre seus gastos e, principalmen-
te, sobre os custos dos produtos ou serviços que comercializa, tendem a ficar mais
suscetíveis em relação aos riscos de mercado.

Por outro lado, as empresas que planejam e controlam seus custos de forma asser-
tiva podem ser beneficiadas em momentos de dificuldade mercadológica, pois têm
domínio sobre seus gastos, podendo adaptá-los a novas realidades e atuar de forma
segura e lucrativa, aproveitando, inclusive, oportunidades que surgem em meio à
crise.

Nesse cenário, a gestão de custos organizacionais assume papel importante na atua-


ção do gestor financeiro, pois está entre os fatores sobre os quais tem controle e está
diretamente relacionada à formação do preço de venda dos produtos ou serviços
que a empresa comercializa e que serão ofertados ao mercado, mediante, em muitos
casos, forte concorrência.

Muitas empresas não se mantêm no mercado por praticarem preços inferiores aos
custos dos produtos ou serviços disponibilizados. Assim, a situação financeira da
empresa fica ainda mais complicada quando ela não consegue apropriar de forma
correta os gastos efetivos que não são diretamente relacionados ao produto, como
aluguéis, despesas administrativas e despesas comerciais. Tais gastos devem ser

22 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

incorporados aos preços de forma adequada e, para isso, há necessidade de se iden-


tificar critérios coerentes com as atividades que cada produto ou serviço demanda
para ser disponibilizado aos clientes.

Passa-se, então, a estudar conceitos relacionados à terminologia adotada por grande


parte dos profissionais que atuam na área financeira, mais especificamente na área
de custos.

1.1.1.1 TERMINOLOGIA NA GESTÃO DOS CUSTOS


ORGANIZACIONAIS

Ao se dirigir a uma loja para comprar um produto, é comum perguntar: quanto custa
este produto? É uma pergunta comum na sociedade, porém, como especialistas, os
gestores devem considerar uma terminologia adequada e padronizada que possi-
bilite a associação de cada termo utilizado no meio organizacional com o processo
produtivo praticado na empresa.

No âmbito empresarial, é importante se considerar a padronização dos termos utili-


zados para que a comunicação entre os profissionais não seja prejudicada pelo
entendimento incorreto sobre o que se pretende transmitir. Não há nesse trabalho a
intenção de resolver questões relacionadas a possíveis impasses na interpretação de
termos associados à área de custos, e sim de apresentar como terminologia básica,
conceitos associados a cada termo utilizado.

A figura a seguir apresenta uma perspectiva de vários termos utilizados na apuração


de custos em grande parte das empresas.

SUMÁRIO 23
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

FIGURA 3 - CLASSIFICAÇÃO PRIMÁRIA DOS GASTOS EMPRESARIAIS

Fonte: Elaborada pelo autor.

De acordo com Martins (2010), gastos, custos e despesas são palavras sinônimas ou
dizem respeito a conceitos e podem ser confundidas com desembolso ou investi-
mento. O autor também se refere à “perda” como um termo que pode se confundir
com os demais citados, por isso, deve-se adotar uma padronização em relação aos
termos utilizados que reflita exatamente o que se pretende transmitir quando está se
comunicando na área empresarial.

Nesse sentido, o autor define significados para cada termo empregado na área de
custos. Segundo o Martins (2010):

a. Gasto: compra de um produto ou serviço qualquer, que gera sacrifí-


cio financeiro (desembolso) para a entidade, sacrifício este representa-
do por entrega ou promessa de entrega de ativos (normalmente dinheiro).

Existem gastos com a compra de matérias-primas, com a mão de obra, tanto na


produção quanto na distribuição, gastos com honorários da diretoria, na compra
de imobilizado, etc. Somente existe gasto na passagem para propriedade da
empresa do bem ou serviço, ou seja, no momento em que existe o reconheci-
mento contábil da dívida assumida ou da redução do ativo dado em pagamento.

Não estão incluídos todos os sacrifícios que a entidade acaba por arcar,
já que não são incluídos o custo de oportunidade ou os juros sobre o
capital próprio, uma vez que estes não implicam a entrega de ativos.

É importante perceber que gasto implica em desembolso, porém são conceitos

24 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

distintos.

b. Desembolso: pagamento resultante da aquisição do bem ou serviço.

c. Investimento: gasto ativado em função de sua vida útil ou de benefícios atri-


buíveis a futuro(s) período(s).

d. Custo: gasto relativo a bem ou serviço utilizado na produção de outros bens


ou serviços. O custo é reconhecido no momento da utilização dos fatores de
produção, para a fabricação de um produto ou execução de um serviço. Exem-
plos: a matéria-prima foi um gasto em sua aquisição que imediatamente se
tornou investimento, e assim ficou durante o tempo de sua estocagem; no
momento de sua utilização na fabricação de um bem, surge o custo da maté-
ria-prima como parte integrante do bem elaborado.

e. Despesa: bem ou serviço consumido direta ou indiretamente para a obtenção


de receitas. De forma geral, despesas representam os esforços de administra-
ção e vendas da empresa. A comissão do vendedor, por exemplo, é um gasto
que se torna imediatamente em despesa.

f. Perda: bem ou serviço consumido de forma anormal e involuntária. Não se


trata de uma despesa ou custo por sua característica involuntária, ou seja, não
é um gasto realizado de forma intencional destinado à obtenção de receita.

Ainda segundo Martins (2010), todo produto vendido e todo serviço ou utilidade trans-
feridos provocam despesa. Costuma-se chamá-lo custo do produto vendido. Dessa
forma, é apresentada a Demonstração de Resultado do Exercício. Tecnicamente, o
correto seria apresentá-lo como despesa que é “o somatório dos itens que compuse-
ram o custo de fabricação do produto ora vendido”. Todos os custos que são ou foram
gastos se transformam em despesas quando da entrega dos bens ou serviços a que
se referem. Muitos gastos são transformados automaticamente em despesas, outros
passam primeiro pela fase de custos, outros ainda percorrem o caminho completo,
passando por investimento, custo e despesa.

SUMÁRIO 25
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

De acordo com Padoveze (2006), a contabilidade de custos foi adotada de


forma predominante em empresas do segmento industrial, porém, em
empresas do segmento comercial ou de prestação de serviços, seus princí-
pios e termos foram adotados devido à similaridade em relação à contabili-
zação de suas etapas produtivas até a obtenção das receitas de suas vendas.
De forma geral, em empresas que prestam serviços à sociedade, os esfor-
ços realizados para produção dos serviços prestados são considerados como
custos dos serviços prestados. A mesma situação ocorre em relação a empre-
sas do segmento comercial, nas quais os gastos realizados para a aquisição
dos produtos comercializados são considerados como custos das mercado-
rias vendidas.

A diferença fundamental entre o custo dos produtos das empresas comer-


ciais e o custo dos produtos nas empresas industriais é que as empresas
comerciais têm somente um insumo para custo das mercadorias adquiridas
para revenda, enquanto as empresas industriais têm de utilizar vários insu-
mos para o processo de obtenção (produção) dos produtos.

Todos os conceitos abordados na disciplina farão uso dos termos apresenta-


dos neste tópico e suas respectivas apropriações.

26 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

1.1.1.2 A GESTÃO DE CUSTOS COMO APOIO À GESTÃO


FINANCEIRA

A gestão dos custos tem sido objeto de análise de diversos gestores no sentido de
otimizar os recursos investidos nas organizações e com objetivo na maximização de
seus resultados. A relação entre custo e benefício sempre deve ser considerada pelos
gestores financeiros quando da análise dos desembolsos empresariais, uma vez que
recursos investidos de forma não assertiva dificilmente são recuperados em sua tota-
lidade. Compreendendo a necessidade de se obter a maior assertividade possível em
termos de retorno financeiro, o amplo domínio dos conceitos básicos sobre os custos
no contexto que envolve a análise financeira e gerencial é fundamental para que as
organizações obtenham sucesso em seus empreendimentos.

Considerando que existem fatores internos e externos que influenciam nos resultados
empresariais, que somente os fatores internos podem ser controlados pelos gestores
e, por isso, a importância de se conhecer bem os conceitos relacionados a custos,
nesta unidade serão abordados esses conceitos, de forma que você possa compreen-
der a importância da gestão dos custos empresariais.

Considerando que toda empresa tem como objetivo a maximização de seus resulta-
dos financeiros, é importante ressaltar que as duas principais maneiras que a empre-
sa tem para ampliar seus resultados são por meio do aumento de suas receitas ou da
redução de seus gastos.

Em relação ao aumento das receitas, os gestores se veem limitados pelas condições


mercadológicas relacionadas ao contexto de atuação da empresa. Com os merca-
dos cada vez mais competitivos, nem sempre os chamados “preços ideais” podem
ser praticados livremente pelas organizações, sem a perda ou redução do volume de
vendas, impactando significativamente em seus resultados. Conforme já abordado,
os fatores externos não são afetados pelas decisões dos gestores e, por isso, a empre-
sa deve se adaptar às condições do mercado procurando ajustar suas operações, de
forma a superar a concorrência com o máximo de eficiência possível.

Essa necessidade de ajustes de suas operações faz com que o gestor se volte para a
redução de seus gastos, implicando em medidas severas de corte de despesas, custos
e demais fatores, ao mesmo tempo em que deve procurar otimizar os investimentos
realizados, no intuito de se maximizar seus resultados.

SUMÁRIO 27
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

Suponha que uma determinada empresa apure, em seu DRE, um resultado


lucrativo de 10% sobre sua Receita Líquida no ano de 20X8 e, em seu plane-
jamento para o próximo ano, pretende multiplicar por dois esse percentual.

Para alcançar esse objetivo, ela poderia atuar de duas formas distintas:
dobrando o valor de suas receitas ou reduzindo 10% de seus gastos, sem
que haja perda de qualidade em seus produtos.

Considerando estas possibilidades:

a) para dobrar suas receitas, a empresa teria de multiplicar seus esforços de


marketing, ampliar seus canais de distribuição, ampliar todas as suas opera-
ções e estrutura, de forma que ela suporte o aumento de suas atividades.
Isso sem considerar as reações da concorrência em relação às suas ações, as
condições econômicas do país, a capacidade de compra de seu mercado-al-
vo e outros fatores externos à empresa sobre as quais ela não tem domínio;

b) para reduzir seus gastos em 10% sem que haja perda de qualidade em
seus produtos, a empresa poderia fazer uma avaliação geral de seus gastos
buscando identificar possibilidades de cortes ou reduções, adquirir tecnolo-
gia que possibilitasse maior produtividade com menores custos, capacitar
suas equipes para obterem maior produtividade, enfim, são diversas possibi-
lidades internas, todas controladas pelo gestor, desde que ele tenha controle
sobre seus custos.

Qual dos dois objetivos seria mais plausível de ser alcançado: dobrar o lucro
dobrando suas receitas, o que implicaria um enorme esforço organizacio-
nal, ou reduzir seus gastos de forma consciente e de acordo com os valores
da organização?

28 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

Obviamente, a melhor solução seria utilizar as duas alternativas, porém, o que


se pretende ilustrar com esse exemplo é a importância da empresa manter sua
gestão financeira equilibrada e alinhada com os objetivos estratégicos da orga-
nização, pois, como já demonstrado, todas as decisões dos gestores das organi-
zações refletem direta ou indiretamente nos resultados financeiros e econômi-
cos da organização.

De acordo com Santos (2017), a análise de custos, no sentido amplo, tem por finali-
dade mostrar os caminhos a serem percorridos na prática da gestão profissional de
um negócio. É notório que a ausência de informações e de análise de custos e resul-
tados, em qualquer entidade, nos dias atuais, poderá resultar em fracasso do negócio.
É primordial a administração das empresas se municiar de informações de planeja-
mento e controle de custos e lucros para enfrentar os concorrentes que comerciali-
zam produtos semelhantes no mercado.

Ainda segundo o autor, para gerenciar com sucesso um negócio, as seguintes infor-
mações são necessárias:

• controle das vendas diárias e acumuladas no mês por produto e consolidado;

• custo e ganho marginal por produto e acumulado;

• vendas planejadas mês a mês e do ano;

• ponto de equilíbrio, isto é, o nível mínimo de vendas desejado;

• custo estrutural fixo mês a mês e do ano;

• formação de preços de vendas;

• análise de mix, visando à maximização de lucro;

• lucro operacional planejado e real;

• análise da eficiência de uso de mão de obra e materiais, etc.

A disponibilidade de todas estas informações somente é possível caso a empresa


mantenha rigoroso controle sobre todos os seus gastos. Para utilizá-las, os gestores
das organizações devem conhecer amplamente os conceitos relacionados à gestão
de custos, estando capacitados a aplicá-los nas empresas, com objetivo de maximi-
zar os resultados.

SUMÁRIO 29
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

Para Padoveze (2006), os diversos tipos de gastos da empresa apresentam-se com


diversas naturezas e atendem a uma variedade de objetivos no processo de transfor-
mação de seus recursos em produtos e serviços finais. A necessidade de informações
para uma adequada gestão dos custos, recursos, processos, produtos e serviços exige
um estudo pormenorizado de todos os gastos que ocorrem na empresa, classifican-
do-os segundo suas principais naturezas e objetivos.

Ainda segundo o autor, não se pode fazer uma gestão de custos tratando todos os
gastos de uma única forma, assim como é muito difícil uma administração com boa
relação entre custo e benefício tratando cada custo de forma individualizada. Portan-
to, é fundamental que a classificação dos gastos organizacionais seja realizada de
forma a agrupar os custos com natureza e objetivos semelhantes em determina-
das classes, facilitando a administração, apurações, análises e modelos de tomada de
decisão a serem utilizados posteriormente.

Considere que uma loja que comercializa roupas tenha os seguintes resulta-
dos apurados em dois anos subsequentes:

TABELA 1 - RESULTADOS APURADOS

ANO 1 ANO 2 VARIAÇÃO VARIAÇÃO %


Receitas de Vendas 72.000,00 83.520,00 11.520,00 16,00%
(-) Custos das Mercadorias -43.200,00 -58.464,00 -15.264,00 35,33%
Vendidas ____________ ____________ ____________ ____________
(=) Margem Bruta 28.800,00 25.056,00 -3.744,00 -13,00%
(-) Despesas Administrativas -20.000,00 -15.000,00 5.000,00 -25,00%
-6.000,00 -7.200,00 -1.200,00 20,00%
(-) Despesas Comerciais
____________ ____________ ____________ ____________
(=) Resultado Operacional 2.800,00 2.856,00 56,00 2,00%
Fonte: Elaborada pelo autor.

Observando o quadro apresentado, pode-se fazer várias considerações ressaltando


a importância de se manter uma gestão de custos adequada às necessidades da
empresa e também padronizada:

30 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

• a organização das informações de acordo com a natureza dos gastos e de


acordo com a terminologia de custos apresentada contribui para a interpreta-
ção dos dados em relação à gestão da empresa;

• a manutenção dessa classificação em períodos seguidos possibilita a realiza-


ção de uma análise da gestão da empresa de um período para o outro;

• a separação entre custos e despesas permite a análise diferenciada da gestão


dos custos (que envolve gestão de fornecedores, contratação de fretes, segu-
ros, preços de aquisição, etc.) e da gestão das despesas (que engloba salários
dos funcionários administrativos e comerciais, comissões, gastos com telefone,
limpeza, manutenção predial, etc.).

Em relação à análise da gestão da empresa, considerando os conceitos e terminolo-


gias relacionadas à gestão de custos apresentadas nesta unidade, com base nos valo-
res apresentados, pode-se destacar os seguintes aspectos:

• mesmo obtendo um aumento de 16,00% em suas vendas, o resultado opera-


cional da empresa aumentou apenas 2,00%;

• houve aumento considerável (35,33%) nos custos da empresa de um ano para


o outro;

• houve redução significativa (25,00%) nas despesas administrativas;

• houve aumento das despesas comerciais em 20%, que influenciaram no


aumento de vendas, porém não na mesma proporção (pois as vendas aumen-
taram 16,00%);

• em primeira análise, pode-se concluir que os esforços da empresa em reduzir


suas despesas administrativas e ampliar suas ações comerciais para aumentar
as vendas tiveram impacto minimizado pelo aumento desproporcional dos
custos das mercadorias vendidas;

• o aumento dos custos pode ter ocorrido devido ao aumento do preço de


compra dos produtos e/ou redução no preço de venda;

• outra hipótese seria o aumento do preço de compra seguido da impossibili-


dade de repassar esse aumento para os consumidores da empresa, uma vez
que o mercado se apresentava recessivo e/ou a concorrência praticou preços
menores, influenciando a precificação dos produtos da empresa.

SUMÁRIO 31
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

Pode-se observar nesse exemplo que há uma separação das despesas entre adminis-
trativas e comerciais.

Todas essas análises não seriam possíveis se não houvesse uma padronização tanto
na apuração quanto na classificação dos gastos empresariais. Pelo fato de a contabi-
lidade adotar essa padronização e terminologia, todos os interessados na análise e
interpretação dos dados da empresa assumem que os custos estão associados aos
produtos da empresa e que as despesas remetem aos esforços de administração e
vendas que a empresa pratica em suas atividades.

BIBLIOGRAFIA COMENTADA
No decorrer desta unidade, você compreendeu a importância da contabilidade para
a gestão financeira das organizações pelo fato de ser a principal fonte de informações
econômicas e financeiras do gestor financeiro.

ROSS, Stephen A.; WESTERFIELD, Randolph W.; JAFFE, Jeffrey; LAMB, Robert. Admi-
nistração financeira. Tradução de Evelyn Tesche et al. 10. ed. Porto Alegre: AMGH,
2015.

O livro “Administração financeira”, dos autores Ross, Westerfield, Jaffe e Lamb apre-
senta uma perspectiva diferenciada da gestão financeira abordando temas impor-
tantes, como estrutura de capital, risco, financiamentos de curto e longo prazos, orça-
mento e valor agregado. Vale a pena conferir!

ASSAF NETO, Alexandre. Finanças corporativas e valor. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2014.

De autoria de Alexandre Assaf Neto, renomado autor da área de finanças empresa-


riais, o livro “Finanças corporativas e valor” apresenta importantes aspectos das finan-
ças das corporações considerando a realidade de mercado.

Aborda inicialmente sobre fundamentos da administração financeira, para, em


seguida, desenvolver conhecimentos sobre demonstrações contábeis, valor agrega-
do, decisões de curto e longo prazos e avaliações de empresas. É uma obra impres-
cindível para o gestor financeiro!

32 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

CONCLUSÃO
O gestor financeiro sempre deve buscar a maximização dos resultados da empresa
tendo como campo de análise para o processo de tomada de decisões os aspectos
externos e internos à organização. Em relação aos aspectos externos, deve estar aten-
to a fatores relacionados à concorrência, ao contexto econômico, às condições de
financiamento, entre outros. De maneira análoga, deve se ater aos aspectos internos,
porém considerando que estes podem e devem ser afetados por suas decisões.

Nesse sentido, suas análises devem ser baseadas nas informações registradas em seu
sistema contábil, de forma a refletir as consequências (resultados) das ações geren-
ciais. Para tanto, há a necessidade de que estas informações sejam contabilizadas
de forma adequada e padronizada, para que, por meio de análises comparativas, a
evolução econômica e financeira possa ser acompanhada período a período.

A análise financeira gerencial deve visar fundamentalmente à evolução econômico-


-financeira da empresa, utilizando, para isso, informações de períodos passados para
planejar ações futuras que visem ao crescimento da empresa. Nesse contexto, obser-
vam-se várias empresas serem encerradas com pouco tempo de existência devido à
falta de conhecimento de seus gestores sobre as informações financeiras da organi-
zação que estão administrando.

Conhecendo tais informações, o gestor pode direcionar as ações empresariais visan-


do maximizar seus resultados, minimizando, na medida do possível, os riscos de seu
negócio. No campo empresarial, a compreensão dos riscos associados a cada novo
investimento é fator decisivo para a minimização dos insucessos organizacionais.

Como o risco está presente em todo contexto que permeia as atividades empre-
sariais, a utilização dos demonstrativos contábeis de forma adequada por parte do
gestor financeiro contribui para a assertividade do processo de tomada de decisões
sobre o direcionamento que se dará à empresa. Seja por meio da busca pelo aumen-
to das receitas de vendas, seja pela redução dos gastos, o gestor encontrará nesses
relatórios as informações que darão sustentação às suas decisões. Considerando essa
perspectiva, o conhecimento adequado sobre o significado dos termos contábeis é
fundamental para a eficácia de suas decisões.

SUMÁRIO 33
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

A organização e o controle adequado das informações financeiras, principalmente


aquelas relacionadas aos gastos, contribui para a minimização de riscos e, consequen-
temente, para o sucesso organizacional. Continuamente, deve-se planejar, controlar,
avaliar e reavaliar as questões financeiras, tomando as medidas de ajuste, quando
necessário. O sucesso financeiro é extremamente dependente de um processo de
tomada de decisões eficaz.

Conclua esta primeira unidade consciente de que deu um importante passo para
compreender a importância do efetivo controle financeiro para o sucesso empresarial.

34 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

UNIDADE 2
OBJETIVO
Ao final desta unidade, esperamos
que possa:

> Compreender o processo de apuração de custos


empresariais.

> Identificar custos diretos e custos indiretos no


âmbito empresarial.

> Aplicar conceitos relacionados à classificação de


custos diretos e indiretos.

> Analisar informações sobre custos organizacionais


em ambientes produtivos.

> Avaliar a estrutura de custos organizacionais no


contexto empresarial.

SUMÁRIO 35
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

2 APURAÇÃO DE CUSTOS
QUANTO AOS PRODUTOS
A correta classificação dos gastos empresariais, de acordo com suas respectivas natu-
rezas e objetivos, permite ao gestor financeiro realizar análises das informações dispo-
nibilizadas nos relatórios gerenciais de forma assertiva, direcionando ações para corri-
gir possíveis distorções que tenham ocorrido em relação aos objetivos planejados e
propostos para a empresa.

De acordo com Padoveze (2006), os diversos tipos de gastos da empresa apresen-


tam-se com diversas naturezas e atendem a uma variedade de objetivos no processo
de transformação de seus recursos em produtos e serviços finais. A necessidade de
informações para uma adequada gestão dos custos, recursos, processos, produtos e
serviços exige um estudo pormenorizado de todos os gastos que ocorrem na empre-
sa, classificando-os segundo suas principais naturezas e objetivos.

Tendo como base a importância de se conhecer os custos empresarias de forma


organizada e classificada de acordo com os objetivos organizacionais, nesta unidade
estudaremos sobre a apuração dos custos nas empresas, os critérios de classificação
dos custos diretos e indiretos, utilizando, para tanto, abordagens teóricas e exemplos
práticos de aplicação.

INTRODUÇÃO
Os custos empresariais podem ser classificados em relação aos produtos e também
em relação ao volume de produção. Quanto aos produtos, são classificados em dire-
tos e indiretos, e, quanto ao volume de produção, em fixos e variáveis. Os itens que
compõem os custos em uma indústria são a matéria-prima, a mão de obra e os insu-
mos de produção. Essa classificação dos custos contribui para a análise financeira e
gerencial identificando os fatores que compõem os custos dos produtos ou serviços
de forma que o gestor avalie possíveis distorções que estejam gerando gastos desne-
cessários à empresa, ao mesmo tempo em que reflete as decisões empresariais dire-
cionadas à otimização dos custos.

36 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

De acordo com Padoveze (2006), a necessidade de informações para uma adequada


gestão dos custos, recursos, processos, produtos e serviços exige um estudo porme-
norizado de todos os gastos que ocorrem na empresa, classificando-os segundo suas
principais naturezas e objetivos.

O esquema apresentado a seguir mostra um panorama geral da classificação dos


custos.

FIGURA 4 - CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS

Diretos: matéria-prima, mão de


obra direta.
Indiretos: energia elétrica, seguros, depreciação,
Quanto aos mão de obra indireta, taxas e impostos,
produtos materiais auxiliares, aluguel, combustível...

Custos
Quanto ao Fixos: seguro, depreciação, mão de obra
volume de indireta, taxas e impostos, aluguel...
produção
Variáveis: matéria-prima, mão de obra direta,
energia elétrica, materiais auxiliares, combustíveis...

Fonte: Elaborada pelo autor.

Nesta unidade, abordaremos a classificação dos custos quanto aos produtos (diretos
ou indiretos). E, na próxima unidade, trataremos dos custos quanto ao volume de
produção (variáveis e fixos). Ao compreender o processo de classificação dos custos
quanto aos produtos, o gestor conseguirá analisar os fatores relacionados aos custos
dos produtos que contribuem para a formação de preços dos produtos das empre-
sas, atuando de forma assertiva no planejamento da organização e corretiva quando
necessário, seja negociando com fornecedores ou ajustando os processos produtivos.

SUMÁRIO 37
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

2.1 APURAÇÃO DE CUSTOS QUANTO AOS


PRODUTOS

A apuração dos custos em uma organização requer a adoção de critérios específicos


a cada ramo de atividade, porém a busca por uma apropriação adequada dos gastos
é comum quando se busca identificar o valor real que é gasto para se produzir e
comercializar um determinado produto ou serviço. Esses critérios são estabelecidos
pela área da contabilidade direcionada para a gestão dos custos: a Contabilidade de
Custos. Segundo Marion (2018), a Contabilidade de Custos está voltada para o cálculo
e a interpretação dos custos dos bens fabricados ou comercializados, ou dos serviços
prestados pela empresa.

Um dos principais desafios da área de custos é a identificação de um critério de rateio


que seja coerente com o que determinado produto ou serviço demanda para sua
produção. Veja um exemplo:

38 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

Suponha que a Indústria de Skates Exemplo Ltda. produza três produtos que
utilizam linhas de produção diferentes. O layout da empresa está represen-
tado a seguir:

FIGURA 5 - EXEMPLO DE LAYOUT DE UMA EMPRESA DO SEGMENTO INDUSTRIAL

Administração Comercial

Escritório da
Controle de Departamento
Almoxarifado Gerência de
Qualidade de Manutenção
Produção

Equipamentos da Linha de produção 3 – Produto C

Equipamentos da Linha de produção 3 – Produto C

Equipamentos da Linha de produção 3 – Produto C

Fonte: Elaborada pelo autor.

Considere também os seguintes aspectos relacionados à Indústria de Skates


Exemplo Ltda.:

- A produção do Produto A corresponde a 50% da produção total da empresa.

- A produção dos Produtos B e C corresponde a 25% da produção total da


empresa cada.

- Os equipamentos da Linha de Produção 03, responsável pela produção do


produto C, estão mais desgastados e demandam 80% dos gastos do setor de
manutenção, que tem 2 funcionários; e as demais linhas, 10% cada.

Sabendo que todos os gastos da empresa devem ser cobertos pelo preço de
venda dos produtos A, B e C, seria adequado (ou justo) dividir os gastos da
manutenção por 3? Obviamente que não!

SUMÁRIO 39
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

Essa apropriação linear faria com que os produtos B e C ficassem mais caros do que
realmente demandam do departamento de manutenção. Reforçando essa análise,
podemos considerar que, caso o produto C não fosse produzido na empresa, uma
parte significativa do departamento de manutenção não seria necessária na empresa.

Para Hoji (2019), a eficiente gestão dos recursos empresariais depende da interpre-
tação das informações que envolvem a empresa, as quais devem ser interpretadas e
utilizadas como diretrizes para as decisões de curto, médio e longo prazos.

Essa é apenas uma perspectiva dentre as várias que podem ser aplicadas quando
tratamos sobre critérios de rateio, um dos maiores desafios da área de custos. Nesta
unidade, abordaremos bastante esses critérios, que são fundamentais para a correta
apropriação e valoração dos produtos nas organizações.

2.1.1 CUSTOS DIRETOS E CUSTOS INDIRETOS

Conforme já estudamos, os gastos empresariais podem ser classificados em custos,


despesas, investimentos e perda. Também vimos que o custo é reconhecido no
momento da utilização dos fatores de produção, para a fabricação de um produto
ou execução de um serviço. No âmbito de uma empresa comercial, os custos se refe-
rem aos gastos para aquisição dos produtos e figuram no relatório de resultado como
custo das mercadorias vendidas. Em relação aos produtos, os custos podem ser clas-
sificados como diretos ou indiretos.

De acordo com Martins (2010), a classificação de direto e indireto deve ser feita em
relação ao produto feito ou serviço prestado, e não à produção no sentido geral. Alguns
custos têm características especiais, como parte dos materiais de consumo que pode-
ria ser apurada diretamente como lubrificantes de máquinas, por exemplo, mas, dada
a sua irrelevância e a dificuldade de se apurar a quantidade exata por produto, são
classificados como indiretos, utilizando-se rateio para apuração do valor unitário.

Essa classificação contribui para que se possam identificar as incidências de gastos


que compõem os custos unitários dos produtos produzidos pelas empresas. Inicial-
mente, a apuração dos custos identifica os materiais e mão de obra que incidem
diretamente no custo da empresa. Em sequência, devem ser apurados os gastos que
incidem indiretamente na produção e que dependem da definição da base de rateio
mais adequada para apuração do custo unitário do produto.

40 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

2.1.1.1 CUSTOS DIRETOS

Os custos são classificados em relação aos produtos, sendo que custos diretos são
aqueles que podem ser diretamente apropriados aos produtos, pois apresentam
uma medida de consumo, como peso, horas de mão de obra, unidade de embala-
gem, materiais consumidos, dentre outros, que permitem a apuração direta (sem
rateios) por unidade do produto.

De acordo com Padoveze (2013), custos diretos são aqueles que podem ser fisica-
mente identificados para um segmento particular em consideração. Assim, se o que
está em consideração é uma linha de produtos, então, os materiais e a mão de obra
envolvidos na sua manufatura seriam custos diretos. Dessa forma, relacionando-os
com os produtos finais, os custos diretos são os gastos industriais que podem ser
alocados direta e objetivamente aos produtos. Um custo será direto, se for:

a. Possível verificar ou estabelecer uma ligação direta com o produto final.

b. Possível visualizá-lo no produto final.

c. Clara e objetivamente específico do produto final e não se confundir com


outros produtos.

d. Possível medir sua participação no produto final, etc.

Ainda segundo o autor, os atributos que definem um custo direto em relação ao


produto final são: possibilidade de verificação, possibilidade de medição, identifica-
ção clara, possibilidade de visualização da relação do insumo com o produto final,
especificidade do produto etc.

Os principais custos diretos são mão de obra e materiais, comumente chamados de


mão de obra direta e materiais diretos. Em relação à mão de obra direta, o valor a
ser apropriado no custo do produto corresponde aos salários, encargos e os demais
valores pagos aos funcionários envolvidos diretamente na produção. Já para os mate-
riais diretos, o valor a ser apropriado é correspondente aos materiais que compõem o
produto, ou seu consumo é identificado de forma clara e assertiva.

SUMÁRIO 41
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

Considere que a Indústria de Skates Exemplo Ltda. produz skates para venda por
atacado. Cada produto disponibilizado ao cliente tem materiais quantificáveis de
itens. Vejamos um exemplo de uma lista de componentes deste produto:

FIGURA 6 - EXEMPLO DE UM PRODUTO SKATE

Fonte: SHUTTERSTOCK, 2019

Utilizando o critério de apuração de custos diretos, ou seja, aqueles que podem ser
quantificados diretamente por meio de uma unidade de medida que permita a
quantificação sem rateios, conseguimos apurar o custo direto da matéria-prima do
produto.

Tomemos a seguinte tabela de materiais da Indústria de Skates Exemplo


Ltda.:

42 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

TABELA 2 - MATÉRIA-PRIMA UTILIZADA NA PRODUÇÃO DA INDÚSTRIA DE SKATES EXEMPLO LTDA.

PRODUÇÃO MENSAL: 1.440

OPERA- QUANT. POR SUBTO- QUANT.


OPERAÇÃO UNID. TOTAL
ÇÃO PRODUTO TAL TOTAL

Roda de silicone Unid. 6,00 x 4 = 24,00 5.760 34.560

Rolamento para roda de


Unid. 4,00 x 4 = 16,00 5.760 23.040
silicone

Truck Par 60,00 x 1 = 60,00 1.440 86.400

Shape Unid. 30,00 x 1 = 30,00 1.440 43.200

Lixa para shape com cola Unid. 8,00 x 1 = 8,00 1.440 11.520

Parafuso para fixar truck


Unid. 2,00 x 8 = 16,00 11.520 23.040
no shape

Total 154,00 221.760


Fonte: Elaborada pelo autor.

Os valores apresentados na tabela se referem aos custos dos materiais diretos, no


qual estão inclusos os custos de reposição como frete, seguros e custo da própria
matéria-prima.

Analisando a tabela, observamos que todos os itens podem ser quantificados atra-
vés de uma unidade de medida e sem a utilização de rateios. Dessa forma, podemos
calcular o custo unitário de matéria-prima do produto, dividindo o custo total pela
quantidade produzida:

• Custo unitário de matéria-prima = $ 221.760 / $ 1.440 = $ 154,00

O passo seguinte é identificar o custo da mão de obra utilizada diretamente no


produto. Vejamos os apontamentos realizados na produção da empresa:

TABELA 3 - MÃO DE OBRA DIRETA UTILIZADA NA PRODUÇÃO DA INDÚSTRIA DE SKATES EXEMPLO LTDA.

PRODUÇÃO MENSAL: 1.440

CENTRO ENCARGOS VALE- TOTAL DA


Nº DE TOTAL DE BENEFÍCIOS
DE OPERAÇÃO CARGO SALÁRIO SOCIAIS -TRANSP. FOLHA DE
FUNC. SALÁRIOS (10%)
TRABALHO (70%) (4%) PAGAMENTO

A1 Cortar shape 1 Operário 1.600 1.600 1.120 64 112 2.896

A2 Cortar lixa 2 Operário 1.600 3.200 2.240 128 224 5.792


A - shape
Colar shape
A3 1 Operário 1.600 1.600 1.120 64 112 2.896
na lixa

A4 Furar shape/lixa 1 Operário 1.600 1.600 1.120 64 112 2.896

SUMÁRIO 43
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

PRODUÇÃO MENSAL: 1.440

CENTRO ENCARGOS VALE- TOTAL DA


Nº DE TOTAL DE BENEFÍCIOS
DE OPERAÇÃO CARGO SALÁRIO SOCIAIS -TRANSP. FOLHA DE
FUNC. SALÁRIOS (10%)
TRABALHO (70%) (4%) PAGAMENTO

Montar rolam.
B1 2 Operário 1.600 3.200 2.240 128 224 5.792
na roda
B - truck
Montar roda no
B2 1 Operário 1.600 1.600 1.120 64 112 2.896
truck

Montar truck
C1 1 Operário 1.600 1.600 1.120 64 112 2.896
C - skate no shape

C2 Embalar 1 Operário 1.600 1.600 1.120 64 112 2.896

TOTAL 10 16.000 11.200 640 1.120 28.960

Fonte: Elaborada pelo autor.

No caso da mão de obra, devemos apurar o número de horas trabalhadas na produ-


ção mensal. É normal que os funcionários não trabalhem ininterruptamente o dia
todo, e a empresa deve prover meios internos para apurar essas horas. No nosso exem-
plo, vamos considerar as seguintes premissas da empresa na produção de um skate:

• O setor A gaste 30 minutos; o setor B, 20 minutos; e o setor C, 10 minutos, tota-


lizando 60 minutos (ou 1 hora) por produto acabado.

• O mês de produção indicado na tabela teve 20 dias úteis, e os operários traba-


lham 8 horas por dia útil, totalizando 160 horas mensais de trabalho (8 horas
x 20 dias = 160).

• A empresa registrou 90% de eficiência média no tempo produtivo dos funcio-


nários, ou seja, 10% do tempo dos funcionários foram dedicados a outras ativi-
dades não produtivas. Dessa forma, temos 144 horas de efetiva produtividade
para cada funcionário.

• Como a empresa tem 10 funcionários, o tempo total efetivo utilizado na produ-


ção mensal foi o de 1.440 horas de trabalho.

• Podemos calcular o custo unitário da mão de obra direta dividindo o custo


total da mão de obra pela quantidade produzida.

• Custo unitário da mão de obra direta = $ 28.960 / $ 1.440 = $ 20,11.

Somando os custos de matéria-prima e custos de mão de obra direta, conseguimos


apurar o custo direto unitário do produto:

• Custo Unitário Direto = MPunit + MODunit = $ 154,00 + $ 20,11 = $ 174,11

44 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

Para apuração do total dos custos diretos, podemos somar os custos totais de maté-
ria-prima e de mão de obra direta:

• Total dos Custos Diretos = MPTotal + MODTotal

Total dos Custos Diretos = $ 221.760 + $ 28.960 = $ 250.720

2.1.2 CUSTOS INDIRETOS DE FABRICAÇÃO

Os custos indiretos são aqueles que, por suas características, não oferecem condição
de mensuração objetiva, sendo sua apropriação realizada de forma estimada e arbi-
trária, geralmente por meio de rateio que tem como base algum indicador relaciona-
do ao custo envolvido.

De acordo com Martins (2010), o rol dos custos indiretos inclui custos indiretos propria-
mente ditos e alguns custos que poderiam ser tratados como diretos, mas que são
tratados como indiretos em função de sua irrelevância ou da dificuldade de medição,
ou até do interesse da empresa em ser mais ou menos rigorosa em suas informações.

Já segundo Padoveze (2013), todos os gastos que não são considerados diretos clas-
sificam-se como indiretos. São aqueles que não podem ser alocados de forma direta
ou objetiva aos produtos ou a outro segmento ou atividade operacional, e, caso sejam
atribuídos aos produtos, serviços ou departamentos, esses gastos o serão por meio de
critérios de distribuição (rateio, alocação, apropriação são outros termos utilizados).
São também denominados custos comuns.

O autor também considera que os custos indiretos caracterizam-se, basicamente,


por serem de caráter genérico e não específicos de produtos finais. Sua relação com
os produtos finais existe, porém de forma indireta. Exemplo de custo indireto são os
gastos com as gerências ou diretorias da fábrica, pois essas pessoas trabalham gene-
ricamente para todos os produtos da empresa, e não especificamente para deter-
minado produto. Para alocar esses gastos a cada um dos produtos da empresa, há a
necessidade de se elaborar um critério de distribuição, com alguma base numérica
ou percentual, normalmente denominado rateio.

SUMÁRIO 45
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

Custos Indiretos de Fabricação (CIF)

O Custo Indireto de Fabricação é apurado através da seguinte composição:

CIF = MOI + MI + OCI, sendo que:

- MOI faz referência à mão de obra indireta, que corresponde aos funcioná-
rios que não trabalham diretamente na produção, mas que dá suporte ao
processo produtivo.

- MI se refere a materiais indiretos, que são materiais que não integram o
produto, mas são utilizados em sua produção, como lixas, materiais de
limpeza do próprio produto, etc.

- OCI se refere a outros custos indiretos, que são os demais gastos associados
à fábrica, mas que não têm relação direta com o produto, como telefone,
materiais de limpeza da fábrica, material de higiene dos funcionários, etc.

No intuito de contribuir com nosso aprendizado, vamos dar continuidade ao exem-


plo da Indústria de Skates Exemplo Ltda., agora apurando os custos indiretos de
fabricação.

A tabela apresentada a seguir apresenta os funcionários da empresa que


não trabalham diretamente na produção, mas são imprescindíveis para o
correto funcionamento da empresa:

46 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

TABELA 4 - MÃO DE OBRA INDIRETA UTILIZADA NA PRODUÇÃO DA INDÚSTRIA DE SKATES EXEMPLO LTDA.

PRODUÇÃO MENSAL: 1.440

ENCARGOS VALE- TOTAL DA


CENTRO DE Nº DE TOTAL DE BENEFÍCIOS
OPERAÇÃO CARGO SALÁRIO SOCIAIS -TRANSP. FOLHA DE
TRABALHO FUNC. SALÁRIOS (10%)
(70%) (4%) PAGAMENTO

Gerência de Gerência de
G1 1 Gerente 6.000 6.000 3.500 200 350 10.050
Fábrica Fábrica

Supervisão
Supervisão B1 1 Supervisor 2.000 2.000 1.400 80 140 3.620
da Fábrica

Controle de
CQ1 1 Encarregado 1.800 1.800 1.260 72 126 3.258
Controle de Qualidade
Qualidade Controle de
CQ1 1 Auxiliar CQ 1.200 1.200 840 48 84 2.172
Qualidade

Manutenção
M1 1 Encarregado 1.800 1.800 1.260 72 126 3.258
da Fábrica
Manutenção
Manutenção Auxiliar de
M1 1 1.200 1.200 840 48 84 2.172
da Fábrica manut.

TOTAL 6 14.000 9.100 520 910 24.530

Fonte: Elaborada pelo autor.

Utiliza-se o critério de apuração de custos indiretos, ou seja, aqueles que não ofere-
cem condição de mensuração objetiva, sendo sua apropriação realizada por meio de
rateio. Em relação à mão de obra indireta de fabricação, temos:

• Custo Unitário da Mão de Obra Indireta = $ 23.530 / $ 1.440 = 16,34.

Os custos de materiais indiretos de fabricação no período são os seguintes:

TABELA 5 - MATERIAIS INDIRETOS UTILIZADOS NA PRODUÇÃO DA INDÚSTRIA DE SKATES EXEMPLO LTDA.

MATERIAIS INDIRETOS DE FABRICAÇÃO

Materiais de limpeza dos produtos 188,00

Materiais diversos 100,00

Total 288,00
Fonte: Elaborada pelo autor.

O cálculo do custo unitário de materiais indiretos de fabricação é apurado por meio


do seguinte cálculo:

• Custo Unitário de Materiais Indiretos = $ 288,00 / $ 1.440 = 0,20.

SUMÁRIO 47
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

Considerando os demais custos indiretos de fabricação da empresa utilizados no


mesmo período, temos:

TABELA 6 - OUTROS CUSTOS INDIRETOS UTILIZADOS NA PRODUÇÃO DA INDÚSTRIA DE


SKATES EXEMPLO LTDA.

OUTROS CUSTOS INDIRETOS DE FABRICAÇÃO

Aluguel da fábrica 5.000,00

Água 400,00

Energia elétrica 800,00

Materiais utilizados na manutenção 600,00

Material de limpeza 250,00

Material de expediente 150,00

Total 7.200,00
Fonte: Elaborada pelo autor.

O cálculo do custo unitário de outros custos indiretos de fabricação é apurado através


do seguinte cálculo:

• Custo Unitário – Outros Custos de Fabricação = $ 7.200 / $ 1.440 = $ 5,00

Somando os custos de mão de obra indireta, os materiais indiretos e os outros custos


indiretos de fabricação, apuramos o custo indireto unitário do produto:

• CIF unitário = MOI + MI + OCI = $ 16,34 + $ 5,00 + $ 0,20 = $ 21,54

Outra forma de calcular o CIF unitário seria dividindo o valor total dos CIFs pela produ-
ção mensal:

• Valor Total dos CIFs = $ 23.530 + $ 288,00 + $ 7.200 = $ 31.018

• Valor Unitário dos CIFs = $ 31.018 / $ 1.440 = $ 21,54

48 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

Para apuração do custo unitário total de cada produto, devemos somar os


custos diretos e custos indiretos de fabricação:

• Custo Unitário Total = Custos Diretos + Custos Indiretos de Fabricação

Custo Unitário Total = $ 174,11+ $ 21,54 = $ 195,65

Outra forma de calcular o custo unitário total do produto seria dividindo o valor total
dos custos (diretos + indiretos) pela produção mensal:

• Total dos Custos de Produção = Custos Diretos + Custos Indiretos

• Total dos Custos de Produção = $ 250.720 + $ 31.018 = $ 281.738

• Total dos Custos de Produção = $ 281.738 / $ 1.440 = $ 195,65

Como podemos concluir, o custo de $195,65 foi apurado em um determinado perío-


do, no nosso exemplo em 1 mês, sendo que nos períodos seguintes de apuração
pode haver valores diferentes, devido principalmente ao comportamento dos custos
indiretos e ao volume de produção. No nosso exemplo, consideramos um mês com
20 dias úteis, mas esse valor é diferente, dependendo do número de feriados do mês
e do próprio mês, uma vez que os meses apresentam número de dias diferentes.

A apuração dos custos quanto aos produtos permite ao gestor analisar separada-
mente os custos que são aplicados direta e indiretamente na produção dos produtos
ou serviços comercializados pela empresa, sendo um importante instrumento para
controle dos fatores de produção. Através dessa classificação, o gestor poderá asso-
ciar os valores apurados às decisões tomadas pela empresa visando otimizar seus
recursos. Caso identifique que os custos diretos estão acima dos padrões para seu
segmento de atuação, por exemplo, poderá atuar de forma corretiva ajustando os
processos para correção das distorções, sendo que o mesmo pode ocorrer em relação
aos custos indiretos.

SUMÁRIO 49
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

CONCLUSÃO
Organizar, classificar e apurar custos envolve dedicação e principalmente envolvi-
mento por parte dos gestores organizacionais, pois depende da aplicação de proces-
sos trabalhosos que englobam toda a organização. Desde o registro das atividades
operacionais mais simples até a elaboração de relatórios gerenciais de custos, a estru-
turação dos custos organizacionais exige rigor na aplicação dos critérios de classifica-
ção de custos, uma vez que a aplicação de critérios inadequados ou destorcidos pode
gerar perdas financeiras e econômicas para a empresa.

Não são poucas as organizações que têm problemas gerenciais e financeiros justa-
mente por não se dedicarem de forma adequada à apuração de seus custos. A classi-
ficação incorreta dos custos dos produtos a serem vendidos compromete o processo
de formação de preços da empresa, sendo que vender um produto por um preço
abaixo de seu custo gera prejuízos irrecuperáveis, pois o processo de produção ou
aquisição dos produtos incorre na composição dos custos de cada produto.

Já a correta classificação dos custos, permite aos gestores analisarem suas ativida-
des operacionais, confrontando com as estratégias estabelecidas para a empresa, de
forma a atuar corrigindo possíveis distorções que venham ocorrer no direcionamento
das ações organizacionais.

Conhecer os conceitos custos diretos e indiretos e aplicá-los na classificação dos


custos organizacionais contribui para que sejam identificados os custos que estão
diretamente associados aos produtos e serviços, e também aqueles que não têm
essa característica e, porém, são imprescindíveis para a produção. Havendo custos
desnecessários, essa classificação permite a identificação desses, contribuindo para a
eliminação de perdas e redução dos prejuízos nas organizações.

Aprendendo sobre apuração dos custos diretos e indiretos, o gestor financeiro terá
uma importante ferramenta de gestão, que influenciará de forma decisiva em seu
sucesso profissional no âmbito empresarial.

50 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

UNIDADE 3
OBJETIVO
Ao final desta unidade, esperamos
que possa:

> Classificar Custos Variáveis e Custos Fixos no âmbito


empresarial.

> Aplicar conceitos relacionados à classificação de


custos Variáveis e Fixos.

> Aplicar conceitos relacionados aos custos fixos e


variáveis na apuração do custo unitário do produto.

> Aplicar conceitos de Departamentalização na


apuração dos gastos empresariais.

> Analisar o impacto da gestão dos gastos nos


resultados empresariais.

SUMÁRIO 51
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

3 APURAÇÃO DE CUSTOS
QUANTO AO VOLUME DE
PRODUÇÃO
Abordando o comportamento dos custos organizacionais, Padoveze (2006) ressalta a
importância da análise da evolução dos custos (fixos e variáveis) em relação ao volu-
me de atividade da empresa, argumentando que, nesta análise, toma-se como refe-
rência o volume de produção e verifica-se como os custos aumentam ou diminuem
em relação a esse volume.

FIGURA 7 - CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS

Diretos: matéria-prima, mão de


obra direta.
Indiretos: energia elétrica, seguros, depreciação,
Quanto aos mão de obra indireta, taxas e impostos,
produtos materiais auxiliares, aluguel, combustível...
Custos
Quanto ao Fixos: seguro, depreciação, mão de obra
volume de indireta, taxas e impostos, aluguel...
produção
Variáveis: matéria-prima, mão de obra direta,
energia elétrica, materiais auxiliares, combustíveis...

Fonte: Elaborada pelo autor.

Nesta unidade abordaremos a classificação dos custos quanto ao volume de produ-


ção (variáveis ou fixos). Ao compreender o processo de classificação dos custos quan-
to ao volume de produção, o gestor poderá identificar o comportamento dos custos
dos produtos da empresa diante de oscilações de mercado que influenciam em sua
produção, intervindo na gestão dos custos e ajustando as operações da empresa em
relação ao mercado.

52 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

INTRODUÇÃO
Tanto a produção quanto as vendas de produtos ou serviços das empresas variam
de um período para outro. Porém, existem custos que variam de forma proporcional
à produção ou às vendas, e há outros que permanecem fixos independentemen-
te destas variações. Este comportamento dos custos organizacionais influencia de
forma significativa na apuração dos custos dos produtos ou serviços vendidos. Se os
custos não forem apropriados adequadamente, podem ocorrer distorções na forma-
ção dos preços, resultando, inclusive, em prejuízos.

Suponha que em um setor de montagem de uma indústria existam 5


operários que trabalham montando peças para um determinado produto
e 1 supervisor de produção que dedica 5 horas por semana para supervi-
sionar a produção destes operários. Quanto maior a produção demandada,
maior será o número de horas dos operários dedicadas à produção daque-
le determinado produto, porém, o trabalho do supervisor se mantém fixo,
independentemente da quantidade produzida. Como o número de horas
trabalhadas pelos operários varia proporcionalmente à produção, é consi-
derado como Custo Variável. Por não apresentar esta característica em rela-
ção à produção, o valor das horas trabalhadas pelo supervisor é considerado
como Custo Fixo.

A correta apuração entre Custos Fixos e Custos Variáveis permite que os custos de
produção sejam feitos de forma mais assertiva, contribuindo para que o custo unitá-
rio dos produtos seja coerente com os reais gastos incorridos em sua produção. Cabe
salientar que esta classificação considera em determinado período o volume de ativi-
dades de produção, o valor total dos custos desta produção e o custo unitário do
produto.

SUMÁRIO 53
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

3.1 CUSTOS VARIÁVEIS

Os Custos Variáveis consideram a relação entre o volume de produção e valor incorri-


do na produção em determinado período. Como já vimos, os custos que apresentam
variação proporcional direta com a quantidade produzida são considerados custos
variáveis. Segundo Padoveze (2013), Custos Variáveis:

São assim chamados os custos cujo montante em unidades monetárias varia


na proporção direta das variações do nível de atividade a que se relacionam.
Tomando como referencial o volume de produção ou vendas, os custos variá-
veis são aqueles que, em cada alteração da quantidade produzida ou vendi-
da, terão uma variação direta e proporcional em seu valor. Se a quantidade
produzida aumentar, o custo aumentará na mesma proporção. Se a quanti-
dade diminuir, o custo também diminuirá na mesma proporção. Por exemplo,
se a quantidade tiver um aumento de 10% e o custo aumentar também em
10%, será considerado um custo variável. Da mesma forma, se a quantidade
tiver uma redução de 20% e o custo diminuir em 20%, será também conside-
rado um custo variável. (PADOVEZE, 2013, p. 51).

De forma geral, podemos considerar que, quanto maior a quantidade a ser produzida
de determinado produto, maior (e na mesma proporção) será o valor do custo total
desta proporção. Vejamos um exemplo para auxiliar a nossa compreensão:

54 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

Considerando os dados da Indústria de Skates Exemplo Ltda., podemos


identificar os Custos Variáveis.

Utilizaremos os valores para Custos Diretos de Fabricação da empresa, tota-


lizando $ 250.720,00, e, como se tratam de custos que variam de forma
proporcional ao volume de produção, iremos considerá-los custos variáveis.
A Tabela a seguir apresenta esta variação proporcional:

TABELA 7 - COMPORTAMENTO DOS CUSTOS VARIÁVEIS EM DIFERENTES NÍVEIS DE PRODUÇÃO DA


INDÚSTRIA DE SKATES EXEMPLO LTDA.

VOLUME DE CUSTO VARIÁVEL CUSTO VARIÁVEL

PRODUÇÃO UNITÁRIO TOTAL


0 174,11 0,00
1.000 174,11 174.111,11
1.440 174,11 250.720,00
2.000 174,11 348.222,22
5.000 174,11 870.555,56

Fonte: Elaborada pelo autor.

Analisando a tabela, podemos observar que, quanto maior a produção, maior será o
Custo Variável Total. A análise do gráfico a seguir, representativo dos Custos Variáveis,
contribui para a nossa compreensão sobre o comportamento dos custos variáveis.

SUMÁRIO 55
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

GRÁFICO 1 - COMPORTAMENTO DOS CUSTOS VARIÁVEIS TOTAIS EM DIFERENTES NÍVEIS


DE PRODUÇÃO DA INDÚSTRIA DE SKATES EXEMPLO LTDA.

Produção x Custos Variáveis

1.000.000

900.000

800.000
700.000
600.000
500.000
Custo Variável Total
400.000

300.000
200.000

100.000
0
0 1.000 2.000 3.000 4.000 5.000 6.000

Fonte: Elaborado pelo autor.

Podemos observar no gráfico que o valor total dos custos variáveis varia proporcional-
mente aos níveis de produção, sendo esta característica determinante para que seja
classificado como custo variável.

3.2 CUSTOS FIXOS

Diferentemente dos Custos Variáveis, os Custos Fixos não apresentam relação com a
quantidade produzida, mantendo-se com valores fixos em diferentes níveis de produ-
ção. Aluguéis, salários de gerentes e supervisores de produção, seguros da fábrica,
depreciação de máquinas e equipamentos, dentre outros, apresentam esta caracte-
rística.

De acordo com Padoveze (2013), o conceito de custo fixo é aplicado àqueles custos
cujos valores não variam dentro do período analisado. Os valores gastos a título de
tais custos serão sempre os mesmos, não importando o volume produzido ou vendi-
do dos produtos.

56 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

De forma geral, podemos considerar que, independentemente da quantidade a ser


produzida de determinado produto, o valor destes custos se manterá no mesmo
patamar. Dando continuidade ao exemplo da indústria de Skates Exemplo Ltda.,
vejamos como se daria a apuração dos custos fixos.

Trabalharemos com Custos Indiretos de Fabricação da empresa, totalizan-


do $ 31.018, sendo que todos apresentam características indicando que são
custos que permanecem fixos independentemente da quantidade produzi-
da. Considerando a mesma estrutura (composição) de custos, em diferentes
níveis de produção, estes custos permanecem fixos.

TABELA 8 - COMPORTAMENTO DOS CUSTOS FIXOS EM DIFERENTES NÍVEIS DE PRODUÇÃO DA INDÚSTRIA DE


SKATES EXEMPLO LTDA.

VOLUME DE PRODUÇÃO CUSTO FIXO TOTAL (*) CUSTO FIXO UNITÁRIO


0 31.018,00 0
1.000 31.018,00 31,02
1.440 31.018,00 21,54
2.000 31.018,00 15,51
5.000 31.018,00 6,20

(*) Os Materiais Indiretos, por apresentarem valor pouco significativo, foram conside-
rados como fixos.

Fonte: Elaborada pelo autor.

Analisando a tabela, podemos observar que, quanto maior a produção, devido a


rateio, menor será o Custo Fixo Unitário. A análise do gráfico representativo dos Custos
Fixos contribui para a nossa compreensão sobre o comportamento dos custos fixos.

SUMÁRIO 57
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

GRÁFICO 2 - COMPORTAMENTO DOS CUSTOS FIXOS TOTAIS EM DIFERENTES NÍVEIS DE


PRODUÇÃO DA INDÚSTRIA DE SKATES EXEMPLO LTDA.

Produção x Custos Fixos

70.000
Valor
60.000

50.000

40.000
$ 31.018 $ 31.018 Custo Fixo Total( * )
30.000

20.000

10.000

0
0 1.000 2.000 3.000 4.000 5.000 6.000
Quantidade

Fonte: Elaborado pelo autor.

Podemos observar no gráfico que o valor total dos custos fixos se mantém estável nos
diversos níveis de produção, sendo esta característica determinante para que seja
classificado desta forma.

Alguns custos podem apresentar características de custos variáveis e custos


fixos ao mesmo tempo, sendo reconhecidos como custos semivariáveis, ou
semifixos. Por exemplo, se um funcionário da produção ganhar um prêmio
por produtividade além de seu salário mensal, terá uma parcela de seus
rendimentos na empresa fixa (salário mensal) e outra parcela que varia de
acordo com sua produtividade (prêmio por produtividade). Nestes casos,
cabe ao gestor considerar estas duas perspectivas na apuração dos custos
dos produtos envolvidos neste processo.

58 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

3.3 TOTALIZAÇÃO DOS CUSTOS E APURAÇÃO DO


CUSTO UNITÁRIO DO PRODUTO

Após a totalização e classificação de todos os custos envolvidos na produção, é possí-


vel a identificação do valor unitário de cada produto, considerando que, no decorrer
do processo, parte dos custos foi apurada por meio de rateio (custos fixos) e parte
considerando a variação proporcional da produção (custos variáveis).

Vejamos como se daria este processo no exemplo da Indústria de Skates Exemplo


Ltda.:

TABELA 9 - COMPORTAMENTO DOS CUSTOS EM DIFERENTES NÍVEIS DE PRODUÇÃO DA INDÚSTRIA DE


SKATES EXEMPLO LTDA.

Custo Total Custo Unitá-


Volume de Custo Fixo Custo Variável
(Fixo + Variá- rio (Fixo +
Produção Total Total
vel) Variável)
0 31.018,00 0,00 31.018 -
1.000 31.018,00 174.111,11 250.129 205,13
1.440 31.018,00 250.720,00 281.738 195,65
2.000 31.018,00 348.222,22 379.240 189,62
5.000 31.018,00 870.555,56 901.574 180,31

Fonte: Elaborada pelo autor.

Observamos na tabela que, quanto maior a produção, menor o Custo Unitário Total
do Produto. Isto acontece justamente pelo fato de os Custos Fixos permanecerem
estáveis mesmo com a variação do volume de produção.

SUMÁRIO 59
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

GRÁFICO 3 - COMPORTAMENTO DOS CUSTOS TOTAIS EM DIFERENTES NÍVEIS DE


PRODUÇÃO DA INDÚSTRIA DE SKATES EXEMPLO LTDA.

Produção x Custos Total (Fixos+Variáveis)


400.000

350.000

300.000

250.000

Custo Fixo Total


200.000
Custo Total

150.000

100.000

50.000

0
0 500 1.000 1.500 2.000
Quantidade

Fonte: Elaborado pelo autor.

Podemos observar no gráfico que o valor total dos custos, no ponto Zero, já totaliza
$ 31.018, valor correspondente aos custos fixos, ou seja, se a empresa não produzir
nenhuma unidade, os custos fixos ocorrerão da mesma forma. Porém, na medida
em que a quantidade produzida cresce, os custos totais crescem acompanhando o
aumento da produção.

Se a empresa aumentar sua estrutura de forma que seus custos fixos aumen-
tem (aumento do espaço da fábrica com aumento do aluguel ou contrata-
ção de mais supervisores, por exemplo), os custos fixos podem aumentar em
níveis; neste caso, os cálculos devem ser refeitos.

60 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

3.4 DEPARTAMENTALIZAÇÃO

O termo departamentalização se refere à divisão de uma organização em áreas


distintas (departamentos), de acordo com as atividades desenvolvidas nas respecti-
vas áreas.

Segundo Martins (2010), Departamento é a unidade mínima para a Contabilidade


de Custos, representada por pessoas e máquinas (na maioria dos casos), em que se
desenvolvem atividades homogêneas. Diz-se unidade mínima administrativa pelo
fato de que há um responsável para cada Departamento, sobre o qual a responsabi-
lidade de seu controle será atribuída.

Dependendo da estrutura organizacional de cada empresa, o departamento pode


ter outra nomenclatura, como setor, seção ou ilha, sendo que um departamento
também pode ser dividido em vários Centros de Custos.

De acordo com Padoveze (2013), originariamente, a contabilidade classifica os gastos


apenas em contas contábeis, que representam os principais tipos de gastos que a
empresa tem. Contudo, para fins de custos, essa classificação única é insuficiente.
É necessário uma segunda classificação, agora por setor (ou atividade, ou departa-
mento). Os gastos também devem ser contabilizados em centros de custos contá-
beis, que representam o menor segmento de atividade ou de área de responsabili-
dade, onde são executados trabalhos homogêneos. Um centro de custo (ou centro
de despesa) pode ser tanto uma atividade como um departamento, dependendo da
estrutura organizacional.

Suponha que a Indústria de Skates Exemplo Ltda. apresente a seguinte rela-


ção de despesas administrativas e comerciais em um mês:

SUMÁRIO 61
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

TABELA 10 - GASTOS GERAIS DA INDÚSTRIA DE SKATES EXEMPLO LTDA.

Gastos gerais - Indústrias de Skates Exemplo Ltda.


Recursos Humanos (A) Nº de Func. Salário

Gerente administrativo 01 5.000,00 5.000,00

Secretária Administrativa 01 1.800,00 1.800,00


Gerente comercial 01 5.000,00 5.000,00
Secretária Comercial 01 1.800,00 1.800,00
Recepcionista 01 1.200,00 1.200,00
Telefonista 01 1.200,00 1.200,00
Serviços gerais 01 1.050,00 1.050,00
Auxiliar Administrativo 03 1.400,00 4.200,00
Auxiliar Comercial 02 1.400,00 2.800,00
Vendedor 04 1.500,00 6.000,00
Comprador 01 2.000,00 2.000,00
Auxiliar Compras 02 1.400,00 2.800,00
Total 34.850,00

Despesas diversas (B) Valor


Aluguel 5.100,00
Energia elétrica 1.800,00
Água 990,00
Telefone para vendas 5.000,00
Telefone administrativo 1.800,00
Telefone Compras 2.800,00
Material de limpeza 450,00
Material de expediente 1.200,00
Condomínio predial 600,00
Total 19.740,00

TOTAL GERAL (A) + (B) 54.590,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

Podemos agrupar os gastos da empresa e confrontá-los com as receitas para iden-


tificarmos o resultado operacional da empresa. Porém, aplicando os princípios da
departamentalização, os dados são expostos de forma a contribuir para uma análise
dos setores da empresa, considerando o objetivo de cada departamento. Vejamos:

62 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

TABELA 11 - GASTOS GERAIS DA INDÚSTRIA DE SKATES EXEMPLO LTDA. SEPARADOS POR DEPARTAMENTO

Gastos gerais – Cia Exemplo Ltda.


Despesas Despesas Despesas
Recursos Nº de
Salário Adminis- Comer- com
Humanos (A) Func.
trativas ciais Compras
Gerente
1 5.000,00 5.000,00 5.000,00
administrativo

Secretária
1 1.800,00 1.800,00 1.800,00
administrativa

Gerente
1 5.000,00 5.000,00 5.000,00
comercial
Secretária
1 1.800,00 1.800,00 1.800,00
comercial
Recepcionista 1 1.200,00 1.200,00 400,00 400,00 400,00
Telefonista 1 1.200,00 1.200,00 400,00 400,00 400,00
Serviços gerais 1 1.050,00 1.050,00 350,00 350,00 350,00
Auxiliar adminis-
3 1.400,00 4.200,00 4.200,00
trativo
Auxiliar
2 1.400,00 2.800,00 2.800,00
comercial
Vendedor 4 1.500,00 6.000,00 6.000,00
Comprador 1 2.000,00 2.000,00 2.000,00
Auxiliar compras 2 1.400,0 2.800,00 2.800,00
Total 34.850,00 12.150,00 16.750,00 5.950,00

Despesas diversas (B) Valor


Aluguel 5.100,00 1.700,00 1.700,00 1.700,00
Energia elétrica 1.800,00 600,00 600,00 600,00
Água 990,00 330,00 330,00 330,00
Telefone para vendas 5.000,00 5.000,00
Telefone Administrativo 1.800,00 1.800,00
Telefone compras 2.800,00 2.800,00
Material de limpeza 450,00 150,00 150,00 150,00
Material de expediente 1.200,00 400,00 400,00 400,00
Condomínio predial 600,00 200,00 200,00 200,00
Total 19.740,00 5.180,00 8.380,00 6.180,00

TOTAL GERAL (A) + (B) 54.590,00 17.330,00 25.130,00 12.130,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

SUMÁRIO 63
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

Com os dados distribuídos por departamento, no exemplo indicado Administrativo,


Comercial e Compras, a análise do gestor financeiro pode ser realizada com base
na função de cada departamento, comparando ano a ano, por exemplo; podendo,
inclusive, efetuar comparações com departamentos similares de outras unidades da
própria empresa ou mesmo de outra.

Um aspecto a ser considerado nos valores apresentados se refere à divisão por três
(rateio) de algumas despesas comuns a todos os departamentos, como material de
limpeza, de expediente, condomínio, aluguel, dentre outros. Esta divisão por média
simples nem sempre é adequada, uma vez que um departamento pode estar utili-
zando determinado benefício em maior proporção do que outro.

Por exemplo, o espaço utilizado pelo departamento comercial, pelo maior núme-
ro de funcionários alocados neste setor, neste caso, seria considerável que despesas
como aluguel, condomínio e material de limpeza fossem distribuídas de acordo com
o espaço utilizado. Neste caso, a base de rateio poderia ser a quantidade de metros
quadrados utilizada por cada departamento.

Despesas que já estão alocadas por departamento, pelo fato de terem identificadores
específicos, como as contas de telefone, não necessitam de rateio e podem ser aloca-
das diretamente a cada departamento. A mesma compreensão ocorre em relação
aos salários e outras despesas que apresentarem a mesma característica.

Com base no exemplo apresentado, podemos compreender a importância do


processo de departamentalização para a gestão das finanças empresariais, uma vez
que este processo permite que o gestor visualize os resultados da empresa de forma
abrangente e, ao mesmo tempo, segmentada de acordo com a função de seus diver-
sos setores.

3.5 CUSTOS, DESPESAS E A APURAÇÃO DOS


RESULTADOS ORGANIZACIONAIS

Todas as decisões da gestão das empresas que envolvem recursos financeiros e econô-
micos exercerão influência em seus resultados. O aumento de preços, por exemplo,
poderá gerar aumento de receitas e, consequentemente, melhoria em seu resultado.
Por outra perspectiva, o aumento dos salários dos funcionários ou qualquer outro

64 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

aumento nos gastos organizacionais sem o devido repasse aos preços gerará redução
em seu resultado.

Os custos e as despesas das organizações são contabilizados e apresentados no


Demonstrativo de Resultado do Exercício (DRE), relatório contábil no qual é apura-
do o lucro ou prejuízo da empresa. Neste tópico abordaremos a forma com que os
gastos empresariais são apresentados na apuração dos resultados empresariais.

Pensando novamente no exemplo da Indústria de Skates Exemplo Ltda.,


vejamos como as despesas e os custos que apuramos até o momento são
apresentados no DRE. Para complementar as informações, vamos considerar
que, no mesmo período de apuração dos custos, a empresa tenha comer-
cializado apenas um de seus produtos, conforme apresentado na Tabela
seguinte.

TABELA 12 - VENDAS DA INDÚSTRIA DE SKATES EXEMPLO LTDA.

PRODUTO QUANTIDADE PREÇO DE VENDA CUSTO FIXO UNITÁRIO

Skate modelo A 1.440 340,00 489.600,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

Em relação aos custos Variáveis e Fixos apurados, temos:

TABELA 13 - CUSTOS FIXOS E VARIÁVEIS DA INDÚSTRIA DE SKATES EXEMPLO LTDA.

PRODUTO QUANTIDADE PREÇO DE VENDA CUSTO FIXO UNITÁRIO

Custos Variáveis 1.440 - 174,11 - 250.720,00


Custos Fixos - 31.018,00
Custos dos Produtos Vendidos - 281.738,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

SUMÁRIO 65
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

Por terem natureza similar, as despesas do departamento de compras foram soma-


das às despesas administrativas. Vejamos:

TABELA 14 - DESPESAS ADMINISTRATIVAS DA INDÚSTRIA DE SKATES EXEMPLO LTDA.

GASTOS VALOR
Despesas Departamento Administrativo - 17.330,00
Despesas Departamento de Compras - 12.130,00
Despesas Administrativas - 29.460,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

As despesas comerciais normalmente são apresentadas de forma separada, pois é


interessante comparar e analisar os reflexos dos gastos com a área comercial e a
variação das vendas, como uma forma de verificar a efetividade dos esforços da área
comercial.

TABELA 15 - DESPESAS COMERCIAIS DA INDÚSTRIA DE SKATES EXEMPLO LTDA.

GASTOS VALOR
Despesas - 25.130,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

No DRE estes gastos são confrontados com as receitas em formato padronizado pela
legislação. Enfim, a apuração do resultado da Indústria de Skates Exemplo.

66 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

TABELA 16 - DEMONSTRATIVO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO DA INDÚSTRIA DE SKATES EXEMPLO LTDA.

(1) Receitas obtidas com aplicações de saldos disponíveis.


(2) Despesas com financiamento de capital de giro da empresa.

Fonte: Elaborada pelo autor.

No DRE apresentado foram considerados 21,65% de Impostos sobre as recei-


tas de vendas e 15% sobre o Lucro antes do Imposto de Renda e Contribui-
ção Social. Porém, o valor dos impostos deve ser calculado de acordo com o
regime de tributação adotado por cada empresa e também de acordo com
os percentuais praticados no estado da federação no qual a nota fiscal está
sendo emitida.

SUMÁRIO 67
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

Os percentuais da tabela foram calculados sobre a Receita Líquida (Receita Bruta


menos Impostos e Devoluções) pelo fato de que os percentuais de impostos são
definidos pelo governo (ambiente externo) e as decisões do gestor não afetam estes
percentuais.

Após a apuração do DRE é possível identificar o impacto dos custos e das despesas
no resultado da empresa, buscando estabelecer parâmetros que definem o sucesso
ou não da gestão empresarial, tendo como base o resultado (lucro ou prejuízo) do
exercício em determinado período. Segundo Marion (2018), o sucesso da gestão, sem
dúvida, será medido comparando-se o resultado do exercício (obtido pela Demons-
tração do Resultado do Exercício) com os investimentos realizados na empresa por
seus proprietários.

Observamos que os Custos dos Produtos Vendidos correspondem a 73,4% das Recei-
tas Líquidas; as Despesas Administrativas, 7,7%; e as Despesas Comerciais, 6,6%. Estes
percentuais podem ser comparados pelo gestor com percentuais de outras empre-
sas do mesmo setor e com a média do segmento de atuação da empresa. Também
podem ser comparados com períodos anteriores da própria empresa, para efeito de
associação entre decisões do gestor e os resultados obtidos.

Por exemplo, se a empresa optar por comprar um equipamento novo que otimize
e reduza o custo da produção, os reflexos serão projetados nos Custos dos Produtos
Vendidos. Por outro lado, se mudar a administração da empresa para outro imóvel
com aluguel inferior, os reflexos desta decisão serão projetados nas despesas admi-
nistrativas e nas despesas comerciais, uma vez que o aluguel é rateado nos dois
departamentos.

Para Hoji (2019), a análise de demonstrações contábeis tem a finalidade de eviden-


ciar, com base nas informações disponibilizadas, a posição econômica e financeira
da empresa em uma data, bem como o seu desempenho em determinado período.

De posse das informações, o gestor financeiro deve buscar interpretar os dados de


acordo com sua experiência e vivência na organização que está gerindo, relacionan-
do suas decisões com estas informações e interpretando-as de acordo com os concei-
tos que embasam a apuração e classificação dos gastos empresariais.

68 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

CONCLUSÃO
Esta unidade apresentou conceitos importantes para a análise financeira e gerencial,
que são determinantes para o sucesso das organizações. O conhecimento sobre o
comportamento dos custos organizacionais contribui para que o gestor compreen-
da a influência das variações na produção e nos resultados empresariais. Os Custos
Fixos incidem sobre as finanças das empresas de forma independente da produção,
por isto devem ser foco de atenção constante por parte da gestão da empresa. Já os
custos variáveis variam de acordo com a produção, e o gestor deve acompanhar sua
evolução a cada nível de produção alcançado pela empresa. Identificados e classifi-
cados, os custos fixos e variáveis são totalizados para apuração do Custo Unitário do
Produto, informação importante no processo de formação de preços da empresa.

A Departamentalização também contribui para o processo de formação de preços


e para o processo de apuração do resultado organizacional, pois segmenta a orga-
nização em áreas distintas de acordo com os objetivos das atividades desenvolvidas
em cada setor. Por sua vez, a contabilidade da empresa classifica e agrupa os gastos
destes setores de forma que possam ser agrupados e analisados pelo gestor.

Todos estes procedimentos são confrontados com as receitas de vendas da empre-


sa no intuito de se apurar o resultado organizacional. Como todas as empresas têm
como objetivo o lucro, é fundamental para o gestor compreender os processos apre-
sentados nesta unidade, buscando analisar os impactos das decisões nos resultados
empresariais.

SUMÁRIO 69
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

UNIDADE 4
OBJETIVO
Ao final desta unidade, esperamos
que possa:

> Conhecer os métodos de custeio por absorção e


variável.

> Aplicar conceitos relacionados aos métodos de


custeio.

> Aplicar os métodos de custeio no âmbito


empresarial.

> Diferenciar as características dos sistemas de custeio


aplicados nas organizações.

> Analisar os resultados organizacionais de acordo


com o método de custeio adotado.

70 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

4 SISTEMAS DE CUSTEIO
A forma com que os custos empresariais são apurados influencia nas respectivas
análises que os gestores devem fazer sobre o comportamento dos custos organi-
zacionais. Por isso, é fundamental que o gestor financeiro tenha conhecimento dos
diversos métodos de custeio disponíveis no mercado, para que possa tanto definir o
mais adequado para sua empresa quanto analisar seus resultados em concomitância
com as decisões tomadas pela empresa em relação às suas finanças.

Nesta unidade, serão abordados o método de custeio por absorção, que é aceito pela
atual legislação brasileira para o Imposto de Renda e o método de custeio variável,
importante ferramenta de auxílio à gestão das empresas. Os dois métodos utilizam
os mesmos conceitos básicos como custos diretos, indiretos, fixos e variáveis, diferin-
do na forma (ou método) com que são apresentados na apuração dos resultados das
empresas. É importante que, em sua prática profissional, o gestor domine as particu-
laridades de cada método para que possa compreender os reflexos de suas decisões
nas finanças organizacionais.

INTRODUÇÃO
O termo “sistema de custeio” se refere ao método através do qual os custos são apro-
priados aos produtos para, em seguida, definir o preço de venda dos respectivos
produtos. Isso significa que, apropriar custos de forma que o custo apurado não reflita
os reais gastos para a disponibilização do produto, pode resultar em diversas perdas
para as organizações, por definir um preço acima ou abaixo do custo unitário a ser
identificado.

Por exemplo, um preço de venda definido a partir de um custo superestimado pode


resultar em perda de mercado, pelo fato de a empresa vir a praticar preços acima da
concorrência, principalmente se esta utilizar métodos de custeio precisos em relação
a seus produtos. Por outra perspectiva, um preço de venda definido a partir de um
custo subestimado pode resultar em vendas com prejuízo para a empresa, sendo
esse prejuízo potencializado caso a empresa tenha aumento de vendas devido à
prática de preços abaixo do mercado.

SUMÁRIO 71
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

4.1 SISTEMAS DE CUSTEIO

O sistema de custeio adotado pelas empresas é fator determinante para seu suces-
so econômico e financeiro, uma vez que todos os seus esforços operacionais, admi-
nistrativos e financeiros são direcionados para a maximização de seus resultados. A
correta compreensão dos métodos de custeio por absorção e variável consiste numa
competência inerente ao trabalho do gestor, uma vez que os gastos empresariais
devem ser trabalhados de forma a atender às necessidades de informações existen-
tes em sua prática profissional.

4.1.1 CUSTEIO POR ABSORÇÃO

O sistema de custeio por absorção tem como característica apropriar custos fixos e
variáveis aos produtos, de forma que os custos apurados em determinado período
sejam absorvidos por esses produtos.

De acordo com Padoveze (2013), o custeio por absorção é o método legal e fiscal que
utiliza apenas os gastos da área industrial para formar o custo unitário dos produtos e
serviços; é consistente com o modelo oficial de apuração dos resultados das empre-
sas. Esse método caracteriza-se por:

• utilizar os custos diretos industriais;

• utilizar os custos indiretos industriais por meio de critérios de apropriação ou


rateio;

• não utilizar os gastos administrativos;

• não utilizar os gastos comerciais, sejam diretos, sejam indiretos;

• o somatório do custo dos produtos e serviços vendidos no período dá origem


à rubrica custo dos produtos e serviços na demonstração de resultados do
período;

• o somatório do custo dos produtos e serviços ainda não vendidos dá origem
ao valor dos estoques industriais no balanço patrimonial do fim do período
(estoques em processo e estoque de produtos acabados).

Ao utilizar esse método, a empresa considera que todos os custos relacionados à mão

72 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

de obra direta, ao material direto e aos custos indiretos de fabricação em determi-


nado período são rateados ou alocados aos produtos, independentemente de terem
sido comercializados. Segundo Santos (2017), o método de custeio por absorção
consiste na apropriação de todos os custos de produção aos produtos elaborados de
forma direta e indireta (rateios).

A figura apresentada a seguir mostra uma perspectiva sobre a utilização deste méto-
do de custeio:

FIGURA 8 - PERSPECTIVA DO MÉTODO DE CUSTEIO POR ABSORÇÃO.

DRE

Receitas Líquidas
( - ) Custos
( = ) Margem bruta
( - ) Despesas administrativas
( - ) Despesas administrativas
( = ) Resultado operacional
Custos Apropriados ao produtos

Despesas Lançadas no DRE


Balanço Patrimonial
Ativo Passivo

Investimentos Contabilizandos no Ativo

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Como todo processo que envolve classificação e apuração de custos está diretamen-
te ligado à contabilidade da empresa, no método de custeio de absorção os seguin-
tes tratamentos contábeis são dados às informações apuradas.

SUMÁRIO 73
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

Custos: essa forma de apuração considera inicialmente a apuração dos custos em


diretos e indiretos para, quando da ocasião da venda, serem lançados no Demonstra-
tivo do Resultado do Exercício (DRE). Os produtos acabados que não foram comer-
cializados são contabilizados em uma conta normalmente chamada de estoque de
produtos acabados.

Despesas: as despesas são apuradas de acordo com a operação da empresa, geral-


mente separadas em administrativas e comerciais, seguindo critérios definidos pela
gestão da própria empresa para, em seguida, serem lançadas no DRE.

Investimentos: os investimentos em máquinas e equipamentos são contabilizados


como ativos da empresa e registrados na coluna ativo do balanço patrimonial. É impor-
tante ressaltar que o desgaste desses investimentos decorrentes de seu uso na produ-
ção também é considerado no processo de apuração de custos pela depreciação.

De acordo com Padovese (2013), considera-se insumo industrial de depre-


ciação a perda de valor dos ativos imobilizados utilizados no processo indus-
trial. Normalmente, a perda de valor dá-se pelo uso e desgaste ou pela obso-
lescência. Assim, a diferença entre o valor do bem novo e o valor do bem
usado é denominada depreciação. Essa perda de valor é um gasto e, sendo
da área industrial, é um custo de fabricação. A cada redução de valor do
bem, quanto mais usado ele é, ou quanto mais transcorre o tempo, um valor
a título de depreciação é contabilizado.

Como exemplo, suponha um equipamento com vida depreciável de 10


anos que foi adquirido por $ 20.000, poderá ser depreciado à taxa linear de
$ 2.000 por ano, sendo esse valor, mesmo não representando uma saída de
caixa, deduzido das receitas da empresa e, consequentemente, reduzindo os
impostos sobre o lucro da empresa.

À medida que os gastos são realizados pela empresa, vão sendo absorvidos pelos
produtos. Veja um exemplo de aplicação do método de custeio por absorção aplica-
do ao contexto empresarial.

74 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

Considere que a empresa Exemplo Ltda. comercializou, no mês 07 de deter-


minado ano, três produtos: Gray, White e Yellow. A planilha de vendas foi a
seguinte:

TABELA 17 - EMPRESA EXEMPLO: VENDAS BRUTAS - MÊS 07

PRODUTO QUANT. PREÇO UNIT. TOTAL


Produto Gray 1.000 100,00 100.000,00
Produto White 2.000 200,00 400.000,00
Produto Yellow 4.000 50,00 200.000,00
Total 7.000 700.000,00

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Os Custos Indiretos de Fabricação (CIFs) da empresa apurados neste mês foram os


seguintes:

TABELA 18 - EMPRESA EXEMPLO: CUSTOS INDIRETOS DE FABRICAÇÃO (CIFS) - MÊS 07

ITENS VALOR
Energia elétrica 4.500,00
Aluguel da fábrica 7.500,00
Materiais de expediente e de limpeza 1.000,00
Materiais utilizados na limpeza dos produtos acabados 2.000,00
Salário + Encargos/benefícios da equipe de controle de qualidade 17.600,00
Salário + Encargos/benefícios da equipe de manutenção 15.400,00
Salários + Encargos/benefícios do gerente e supervisores de produção 22.000,00

TOTAL 70.000,00

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Considerando que nesse mesmo mês foram registradas 2.800 horas de produção
e utilizando esse indicador como base de rateio, tem-se a seguinte taxa de custo
indireto:

SUMÁRIO 75
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

TABELA 19 - EMPRESA EXEMPLO: HORAS DE PRODUÇÃO POR PRODUTO - MÊS 07

PRODUTO Nº HORAS
Produto Gray 400
Produto White 800
Produto Yellow 1.600

TOTAL 2.800

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Taxa de rateio = $ 70.000 / 2.800 = $ 25,00

A aplicação da taxa de rateio nos Custos Indiretos de Fabricação da Empresa Exem-


plo Ltda. demanda que sejam consideradas as horas utilizadas na produção de cada
produto para que os custos sejam absorvidos pelos respectivos produtos:

a) o primeiro cálculo a ser realizado é referente ao valor total do CIF a ser apropriado
a cada produto, de acordo com as horas de produção:

TABELA 20 - EMPRESA EXEMPLO: RATEIO DOS CIFS POR HORAS DE PRODUÇÃO - MÊS 07

PRODUTO Nº HORAS RATEIO CIF VALOR A APROPRIAR


Produto Gray 400 25,00 10.000,00
Produto White 800 25,00 20.000,00
Produto Yellow 1.600 25,00 40.000,00

TOTAL 2.800 70.000,00

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

b) apurados os valores dos CIFs totais por produto, a etapa seguinte é calcular o valor
dos CIFs a serem apropriados a cada unidade do produto:

TABELA 21 - EMPRESA EXEMPLO: RATEIO DOS CIFS POR UNIDADE PRODUZIDA - MÊS 07

VALOR A PRODUÇÃO VALOR A


PRODUTO
APROPRIAR NO MÊS APROPRIAR
Produto Gray 10.000,00 1.000 10,00
Produto White 20.000,00 2.000 10,00
Produto Yellow 40.000,00 4.000 10,00

TOTAL 70.000,00

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

76 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

Considerando os valores dos custos diretos apurados para os produtos da Empresa


Exemplo Ltda., as tabelas apresentadas a seguir mostram a composição dos custos
unitários dos produtos comercializados pela empresa no mês 07:

a) Custo de Mão de Obra Direta (MOD)

TABELA 22 - EMPRESA EXEMPLO: CUSTOS TOTAIS DE MÃO DE OBRA DIRETA - MÊS 07

PRODUTO QUANT. PREÇO UNIT. TOTAL


Produto Gray 1.000 18,00 18.000,00
Produto White 2.000 22,00 44.000,00
Produto Yellow 4.000 5,00 20.000,00

TOTAL 7.000 82.000,00

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

b) Custo de Material Direto (MD)

TABELA 23 - EMPRESA EXEMPLO: CUSTOS TOTAIS DE MATERIAL DIRETO - MÊS 07

PRODUTO QUANT. PREÇO UNIT. TOTAL


Produto Gray 1.000 32,00 32.000,00
Produto White 2.000 38,00 76.000,00
Produto Yellow 4.000 11,00 44.000,00

TOTAL 7.000 152.000,00

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

c) Custo Totais (MOD + MD + CIFs):

TABELA 24 - EMPRESA EXEMPLO: CUSTOS DIRETOS E INDIRETOS POR PRODUTO - MÊS 07

MATE-
CUSTO
RIAIS QUANTIDADE
PRODUTO MOD CIFS UNITÁRIO TOTAL
DIRE- PRODUZIDA
TOTAL
TOS
Produto
18,00 32,00 10,00 60,00 x 1.000 60.000,00
Gray
Produto
22,00 38,00 10,00 70,00 x 2.000 140.000,00
White
Produto
5,00 11,00 10,00 26,00 x 4.000 104.000,00
Yellow

TOTAL 304.000,00
Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

SUMÁRIO 77
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

Quando se apura a Mão de Obra Direta, somente são consideradas as horas


de trabalho produtivas, ou seja, aquelas nas quais os funcionários estão efeti-
vamente trabalhando na produção. Porém, devido a diversas circunstâncias
que ocorrem no contexto produtivo, podem haver horas nas quais os funcio-
nários não estão produzindo, como paradas para ajustes nos equipamentos,
horários de descanso regulamentados e até mesmo licenças médicas. Como
essas horas também são pagas aos funcionários, os valores correspondentes
devem ser apropriados como Mão de Obra Indireta, compondo, dessa forma,
os custos de produção.

De forma similar, as perdas normais de Materiais Diretos devem ser apro-


priadas como Materiais Indiretos. Por exemplo, numa fábrica de calçados de
couro, pelo fato de as peças de couro não apresentarem corte linear (retan-
gular, por exemplo), há perdas das bordas e de partes da peça quando são
feitos os cortes dos moldes dos calçados. Os valores referentes a essas perdas
devem ser considerados como Materiais Indiretos, compondo também os
custos de produção.

De acordo com os valores apurados, os Custos dos Produtos Vendidos (a serem lança-
dos no DRE) de produção são os seguintes:

TABELA 25 - EMPRESA EXEMPLO: CUSTOS DOS PRODUTOS VENDIDOS - MÊS 07

PRODUTO QUANT. PREÇO UNIT. TOTAL


Produto Gray 1.000 60,00 60.000,00
Produto White 2.000 70,00 140.000,00
Produto Yellow 4.000 26,00 104.000,00

TOTAL 7.000 304.000,00

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Conforme abordado no início deste tópico, no método de custeio por absorção,


inicialmente os custos são classificados em diretos e indiretos e depois lançados no
DRE. Veja como ficaria o DRE da Empresa Exemplo Ltda.:

78 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

TABELA 26 - EMPRESA EXEMPLO LTDA. - MÊS 07

DEMONSTRATIVO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO (DRE) VALORES (%)

(=) Receita bruta de vendas 700.000,00

(-) Impostos/Devoluções (1) (151.550,00)

(=) Receita líquida de vendas 548.450,00 100,0%

(-) Custo dos produtos vendidos (304.000,00) -55,4%

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Considerando as despesas administrativas e comerciais realizadas pela empresa no


mês 07, bem como as receitas e despesas financeiras, o resultado operacional da
empresa seria identificado da seguinte forma:

TABELA 27 - EMPRESA EXEMPLO LTDA. - MÊS 07

DEMONSTRATIVO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO (DRE) VALORES (%)

(=) Receita bruta de vendas 700.000,00

(-) Impostos/Devoluções (1) (151.550,00)

(=) Receita líquida de vendas 548.450,00 100,0%

(-) Custo dos produtos vendidos (304.000,00) -55,4%

(=) Margem bruta 244.450,00 44,6%

(-) Despesas administrativas (38.660,00) -7,0%

(-) Despesas comerciais (27.990,00) -5,1%

(=) Resultado operacional 177.800,00 32,4%

(1) Refere-se ao ICMS (18%), PIS (0,65%) e COFINS (3%).


Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

De acordo com o que se apurou no decorrer deste tópico, o valor do custo dos produ-
tos vendidos apresentado no DRE é resultante da soma entre custos variáveis e custos
fixos:

SUMÁRIO 79
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

TABELA 28 - EMPRESA EXEMPLO: CUSTOS TOTAIS - MÊS 07

ITENS VALOR
Custos diretos
Mão de obra direta 82.000,00
Materiais diretos 152.000,00
Custos indiretos 70.000,00

TOTAL 304.000,00

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Pode-se observar que, nas diferentes perspectivas em que os custos são apresenta-
dos, o valor dos custos totais é o mesmo, ou seja, $ 304.000. Essas diferentes perspec-
tivas ocorreram devido à aplicação do método de rateio aplicado aos CIFs que, no
exemplo, utilizou como base de rateio as horas de produção demandadas por cada
produto.

4.2 CUSTEIO VARIÁVEL

O sistema de custeio variável tem como característica a apuração dos custos e despe-
sas variáveis de forma separada dos custos e despesas fixas, no intuito de se identificar
o comportamento dos custos empresariais em diferentes níveis de atividade.

De acordo com Lunelli (2019), o método de custeio variável atribui para cada custo
uma classificação específica, na forma de custo fixo ou custo variável. O custo final
do produto (ou serviço) será a soma do custo variável, dividido pela produção corres-
pondente, sendo os custos fixos considerados diretamente no resultado do exercício.
Gerencialmente, é um método muito utilizado, mas, por sua restrição fiscal e legal,
sua utilização implica na exigência de dois sistemas de custos:

• o sistema de custo contábil (absorção ou integral);

• uma sistemática de apuração paralela, segregando-se custos fixos e variáveis.

Esse método de custeio é utilizado pela gestão das organizações para a formação
de preços, uma vez que permite a identificação da variação dos custos de forma
proporcional à produção da empresa, não sendo utilizado na apuração contábil que
as empresas apresentam aos órgãos governamentais. Como os custos fixos corres-
pondem à estrutura de produção da empresa e os custos variáveis aos recursos

80 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

consumidos pelos produtos produzidos, o sistema de custeio variável apresenta aos


gestores uma perspectiva gerencial do comportamento dos custos.

FIGURA 9 - PERSPECTIVA DO MÉTODO DE CUSTEIO VARIÁVEL

Apuraçã do Resultado

Receitas Líquidas
(-) Custos variáveis
(-) Despesas variáveis
(=) Margem de contribuição
(-) Custos fixos
(-) Despesas fixas
Custos Apropriados ao produtos
(=) Resultado operacional

Gastos Despesas Lançadas no resultado


separados Balanço Patrimonial
em
Ativo Passivo

Investimentos Contabilizandos no Ativo

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Observando a figura, percebe-se que, nesse método de custeio, os custos e despe-


sas variáveis são agrupados para serem deduzidos das receitas líquidas da empresa,
resultando na margem de contribuição. A margem de contribuição é utilizada pelos
gestores para a identificação de quanto cada produto “contribui” para que a empresa
arque com seus gastos fixos e obtenha lucro. Da margem de contribuição, são dedu-
zidos os custos fixos e as despesas fixas para se apurar o resultado operacional.

O método de custeio variável não é aceito pela legislação do Imposto de


Renda brasileiro, sendo um método gerencial adotado em diversas empre-
sas que contribui para o processo de tomada de decisões organizacionais.

SUMÁRIO 81
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

Já que, à medida que a produção da empresa varia em diferentes níveis, os custos


fixos se mantêm estáveis e os custos variáveis acompanham essa variação, o custo
unitário apresenta valores distintos nos diferentes níveis de produção. Esse compor-
tamento contribui para que o gestor perceba e avalie o impacto dessas variações nos
custos e, consequentemente, nos resultados empresariais. Veja um exemplo de utili-
zação do método de custeio variável aplicado ao contexto empresarial.

No sentido de contribuir para a identificação das diferenças dos métodos de


custeio, utilize os mesmos dados da empresa Exemplo Ltda. apresentados
no tópico anterior.

Conforme abordado, a empresa comercializou, no mês 10 de determinado


ano, três produtos: Gray, White e Yellow. A planilha de vendas foi a seguinte:

TABELA 29 - EMPRESA EXEMPLO: VENDAS BRUTAS - MÊS 07

PRODUTO QUANT. PREÇO UNIT. TOTAL


Produto Gray 1.000 100,00 100.000,00
Produto White 2.000 200,00 400.000,00
Produto Yellow 4.000 50,00 200.000,00

TOTAL 7.000 700.000,00

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Os Custos Indiretos de Fabricação da empresa apurados neste mês foram os seguin-


tes:

TABELA 30 - EMPRESA EXEMPLO: CUSTOS INDIRETOS DE FABRICAÇÃO (CIFS) - MÊS 07

ITENS VALOR
Energia elétrica 4.500,00
Aluguel da fábrica 7.500,00
Materiais de expediente e de limpeza 1.000,00
Materiais utilizados na limpeza dos produtos acabados 2.000,00

82 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

Salário + Encargos/benefícios da equipe de controle de qualidade 17.600,00


Salário + Encargos/benefícios da equipe de manutenção 15.400,00
Salários + Encargos/benefícios do gerente e supervisores de produção 22.000,00

TOTAL 70.000,00

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Utilizando os mesmos critérios apresentados no tópico sobre o custeio de absorção,


conforme apresentado na tabela anterior, chegou-se à taxa de rateio de Custos Indi-
retos de $10,00.

Nesse ponto, ressalta-se a mudança de perspectiva de Custos Direto e Indireto para


Custo Variável e Custo Fixo. Como os Custos Diretos estão diretamente relacionados à
produção, apresentam características que os classificam como Variáveis, e os Custos
Indiretos de Fabricação, como Custos Fixos.

A planilha a seguir foi elaborada considerando esta nova perspectiva:

a) Em termos unitários, tem-se:

TABELA 31 - EMPRESA EXEMPLO: CUSTOS VARIÁVEIS E FIXOS POR PRODUTO - MÊS 07

Custos
Custos variáveis Custo
fixos Quantidade
Produto unitário Total
Materiais produzida
MOD CIFs total
diretos
Produto Gray 18,00 32,00 10,00 60,00 x 1.000 60.000,00
Produto White 22,00 38,00 10,00 70,00 x 2.000 140.000,00
Produto Yellow 5,00 11,00 10,00 26,00 x 4.000 104.000,00

Total 304.000,00

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

b) Já em termos totais (de acordo com a mesma apuração apresentada no método


de custeio por absorção), tem-se:

TABELA 32 - EMPRESA EXEMPLO: CUSTOS TOTAIS - MÊS 07

ITENS VALOR
Custos variáveis
Mão de obra direta 82.000,00

SUMÁRIO 83
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

ITENS VALOR
Materiais diretos 152.000,00
Custos fixos 70.000,00
Total 304.000,00

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

No método de custeio variável, a apuração do resultado da Empresa Exemplo Ltda.


seria apresentada da seguinte forma:

TABELA 33 - EMPRESA EXEMPLO LTDA. - MÊS 07

APURAÇÃO DO RESULTADO - CUSTEIO VARIÁVEL VALORES (%)

(=) Receita bruta de vendas 700.000,00

(-) IImpostos/Devoluções (1) (151.550,00)

(=) Receita líquida de vendas 548.450,00 100,0%

(-) Custos variáveis (234.000,00)

(=) Despesas variáveis (2) (7.000,00) -1,3%

(=) Margem de contribuição 307.450,00 56,1%

(-) Custos fixos (70.000,00) -12,8%

(-) Despesas fixas (3) (59.650,00) -10,9%

(=) Resultado operacional 177.800,00 32,4%

(1) Refere-se ao ICMS (18%), PIS (0,65%) e COFINS (3%).


(2) Considerado como despesa variável 1% de comissão sobre a Receita Bruta de Vendas.
(3) Agrupamento das despesas administrativas e comerciais (exceto comissão).
Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Na apresentação do resultado do mês, as despesas comerciais referentes às comis-


sões de vendas foram consideradas como despesas variáveis, pois apresentam as
mesmas características de classificação dos custos variáveis (variação diretamente
proporcional às vendas ou produção) sobre os quais já se tratou, quando foi aborda-
da a apuração de custos quanto ao volume de produção. Se houver qualquer outra
despesa que apresente esses mesmos aspectos, também deve ser classificada como
despesa variável.

84 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

CONCLUSÃO
A correta compreensão dos métodos de custeio apresentados é importante para a
eficácia das decisões que envolvem a análise financeira e gerencial. Os métodos de
custeio buscam atribuir valores adequados aos custos dos produtos sendo ferramen-
tas de apoio ao gestor para controle das finanças organizacionais.

Utilizando o sistema de custeio por absorção, o profissional de finanças poderá


compreender os métodos exigidos pela legislação vigente do Imposto de Renda
para prestação das contas empresariais ao Fisco, bem como associar aos produtos,
gastos decorrentes dos processos operacionais e produtivos das empresas de forma
que, à medida em que esses gastos ocorram, sejam absorvidos pelos produtos. Como
os custos são classificados e agrupados separadamente das despesas, esse método
contribui para que o gestor analise a eficiência dos fatores de produção ao mesmo
tempo em que consegue perceber os impactos da gestão dos recursos investidos na
gestão das atividades de apoio da empresa.

Ao aprender sobre o método de custeio variável, o gestor compreenderá sobre a atri-


buição de custos fixos e variáveis aos produtos, utilizando as informações disponibili-
zadas para análise dos reflexos das variações mercadológicas nos volumes de produ-
ção da empresa e, consequentemente, em seus resultados. Como nesse método os
custos e as despesas variáveis são agrupados e o mesmo ocorre com os custos e as
despesas fixas, ele é importante para a formação de preços das empresas, contribuin-
do para que o gestor identifique a variação dos custos face aos diferentes níveis de
produção e em relação à sua estrutura fixa.

Como o sistema de custeio adotado pela empresa influencia de forma significativa


a perspectiva que seus gestores terão sobre o comportamento dos gastos organiza-
cionais, aprender sobre os diferentes métodos de custeio existentes contribuirá para
que estes tenham diferentes perspectivas sobre sua gestão e, consequentemente,
aumentando as possibilidades de sucesso empresarial.

SUMÁRIO 85
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

UNIDADE 5
OBJETIVO
Ao final desta unidade, esperamos
que possa:

> Conhecer sobre a importância do planejamento e


controle de custos.

> Aplicar conceitos relacionados ao Custeio Baseado


em Atividades (ABC).

> Compreender o conceito de custos controláveis e


custos estimados.

> Aplicar conceitos relacionados ao custo-padrão e ao


custo de reposição.

86 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

5 PLANEJAMENTO E
CONTROLE DE CUSTOS
Nesta unidade, serão abordados o planejamento e o controle de custos nas organiza-
ções, evidenciando aspectos importantes relacionados a essa temática. A assertivida-
de do direcionamento dado às empresas depende das informações disponibilizadas
a seus gestores. O efetivo controle dos custos que envolvem as atividades operacionais
é fator preponderante para o sucesso empresarial. Nesse sentido, o custeio baseado
em atividades, que você estudará nesta unidade, é uma importante ferramenta para
a identificação dos custos gerados pelas tarefas executadas na empresa.

No decorrer da unidade, você estudará conceitos sobre os custos controláveis, que


são aqueles sobre os quais existem análises e controle do desempenho por parte
da empresa, e também sobre os custos estimados, que contribuem para a projeção
dos resultados a partir de custos históricos registrados pela própria empresa. Por fim,
aprenderá sobre o custo-padrão, importante instrumento para o estabelecimento
de metas e custos nas organizações, e o custo de reposição, que está relacionado ao
valor de reposição que a empresa terá para repor seus estoques.

Todos são conceitos importantes para a análise financeira e gerencial, podendo ser
aplicados aos diversos ramos de atividades existentes no mercado.

INTRODUÇÃO
Planejamento e controle são atividades que podem ser aplicadas a diversas áreas da
sociedade, pois estão diretamente relacionadas ao desenvolvimento humano, orga-
nizacional e, por consequência, da sociedade. Como os recursos monetários estão
envolvidos na maioria das atividades empresariais, o correto planejamento e o efetivo
controle dos custos incorridos nas operações das empresas assume papel fundamen-
tal para o sucesso financeiro e econômico das empresas.

Para Marion (2018), frequentemente os responsáveis pela administração estão toman-


do decisões, quase todas importantes, vitais para o sucesso do negócio. Por isso, há

SUMÁRIO 87
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

necessidade de dados, de informações corretas, de subsídios que contribuam para


uma boa tomada de decisão. A contabilidade é o grande instrumento que auxilia
a administração a tomar decisões. Na verdade, ela coleta todos os dados econômi-
cos, mensurando-os monetariamente, registrando-os e sumarizando-os em forma de
relatórios ou de comunicados que contribuem sobremaneira para a tomada de deci-
sões.

Como as empresas necessitam ter resultados favoráveis para a sua sobrevivência e


crescimento, não planejar nem controlar custos pode resultar em perdas irrecupe-
ráveis para as organizações, devido a decisões tomadas com base em informações
erradas ou mesmo tomadas sem qualquer relatório gerencial. Devido à sua impor-
tância estratégica, o gestor financeiro deve trabalhar de forma contundente para que
o planejamento e controle de custos ocorram de forma contínua dentro das organi-
zações em que atua.

5.1 PLANEJAMENTO E CONTROLE DE CUSTOS

Planejamento e controle são termos aplicados em várias áreas das organizações.


Quando se utiliza o termo planejamento, considera-se que se refere a projeções futu-
ras baseadas em dados e informações disponíveis no momento do planejamento e
que são projetadas em função de objetivos predeterminados. Já o termo controle é
utilizado no sentido de verificar, por meio de comparação entre o que foi planejado
e o que efetivamente foi realizado, no intuito de se corrigirem possíveis distorções.

De acordo com Hoji (2019), as informações sobre o negócio são importantes para o
planejamento da empresa porque norteiam as ações e decisões que precisam ser
tomadas para que as metas sejam atingidas. À medida que a empresa vai evoluindo
e sua gestão vai se tornando mais complexa, é indispensável o emprego de um bom
sistema de informações gerenciais. A informação é, sem dúvida, um importante dife-
rencial competitivo da empresa em relação a seus concorrentes.

O planejamento e o controle das atividades empresariais e de seus respectivos custos


são processos importantes para que o gestor acompanhe o efeito de suas decisões
no resultado da empresa.

88 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

5.1.1 CUSTEIO BASEADO EM ATIVIDADES (ABC)

O sistema de Custeio Baseado em Atividades (ABC), também conhecido como Acti-


vity Based Costing, tem como característica principal sua abordagem aos custos,
com base nas atividades desenvolvidas pela empresa em seu processo produtivo.
Para tanto, utilizam-se direcionadores dessas atividades para a definição dos custos
a serem apropriados a cada produto. Esses direcionadores devem ser definidos de
acordo com a natureza e objetivo de cada atividade, sendo importante que sua defi-
nição seja realizada de forma criteriosa.

De acordo com Martins (2010), o Custeio Baseado em Atividades é um método de


custeio que procura reduzir sensivelmente as distorções provocadas pelo rateio arbi-
trário dos custos indiretos. Com o avanço tecnológico e a crescente complexidade
dos sistemas de produção, em muitas indústrias os custos indiretos vêm aumentan-
do continuamente, tanto em valores absolutos quanto em termos relativos, compa-
rativamente aos custos diretos (destes, o item mão de obra direta é o que mais vem
decrescendo). Porém, a utilidade do Custeio Baseado em Atividades (ABC) não se
limita ao custeio de produtos, sendo, acima de tudo, uma eficiente ferramenta a ser
utilizada na gestão de custos.

De acordo com Yanase (2018), pelo método de custeio tradicional, os mecanismos


adotados para encontrar valores apropriados aos custos dos produtos por meio de
rateios podem gerar algumas distorções, a ponto de distorcer valores encontrados, o
que representa riscos em suas análises. Tomar decisões sobre números incertos pode
levar a indesejáveis caminhos, caso se considerem os rateios. Dessa forma, a adoção
do método de custeio ABC tem por objetivo atenuar o uso do mecanismo de rateio
e produzir valores mais próximos da realidade em relação aos custos dos produtos,
uma vez que a ideia central desse sistema é identificar os recursos utilizados em cada
atividade e seus valores para serem incorporados aos custos.

Um dos principais objetivos do método de custeio ABC é identificar as atividades que


não agregam valores aos produtos que estão sendo fabricados, de forma que não
sejam apropriados custos indevidos ao produto, gerando distorções em seu custo
final e, consequentemente, em seu preço de venda. Veja um exemplo de aplicação
do método de custeio ABC no contexto empresarial.

SUMÁRIO 89
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

Suponha que a empresa Exemplo Ltda. apresentou a seguinte relação de


itens produzidos em um determinado mês:

TABELA 34 - PRODUÇÃO MENSAL DA EMPRESA EXEMPLO LTDA.

Empresa Exemplo – Produção mensal – Mês 07

VOLUME DE PRODUÇÃO PREÇO DE VENDA UNITÁ-


PRODUTO
MENSAL RIO
Produto Gray 1.000 100,00
Produto White 2.000 200,00
Produto Yellow 4.000 50,00
Total 7.000

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Considere também que a empresa tenha três departamentos de suporte à sua


produção, cujos gastos são classificados como custos indiretos de fabricação: gestão
da fábrica, controle de qualidade e manutenção dos equipamentos. A tabela seguin-
te apresenta os custos indiretos de fabricação da empresa:

TABELA 35 - CUSTOS INDIRETOS DE FABRICAÇÃO DA EMPRESA EXEMPLO LTDA.

Empresa Exemplo – Custos indiretos de fabricação – Mês 07

GESTÃO DA CONTROLE DE
MANUTENÇÃO
FÁBRICA QUALIDADE

ITENS SELE- TOTAL


ÇÃO DA INSPE- EXECU-
PLANEJ. GESTÃO PLANEJ.
AMOS- ÇÃO ÇÃO
TRA
Energia
675,00 1.125,00 450,00 900,00 450,00 900,00 4.500,00
elétrica
Aluguel
da fábri- 1.125,00 1.875,00 750,00 1.500,00 750,00 1.500,00 7.500,00
ca

90 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

GESTÃO DA CONTROLE DE
MANUTENÇÃO
FÁBRICA QUALIDADE

ITENS SELE- TOTAL


ÇÃO DA INSPE- EXECU-
PLANEJ. GESTÃO PLANEJ.
AMOS- ÇÃO ÇÃO
TRA
Materiais
de expe-
diente 150,00 250,00 100,00 200,00 100,00 200,00 1.000,00
e de
limpeza
Materiais
utilizados
na limpe-
za dos 300,00 500,00 200,00 400,00 200,00 400,00 2.000,00
produtos
acaba-
dos.
Salários
+ Encar-
gos/
benefí-
cios da
2.640,00 4.400,00 1.760,00 3.520,00 1.760,00 3.520,00 17.600,00
equi-
pe de
controle
de quali-
dade
Salários
+ Encar-
gos/
benefí-
cios da 2.310,00 3.850,00 1.540,00 3.080,00 1.540,00 3.080,00 15.400,00
equi-
pe de
manu-
tenção
Salários
+ Encar-
gos/
benefí-
cios do 3.300,00 5.500,00 2.200,00 4.400,00 2.200,00 4.400,00 22.000,00
gerente e
supervi-
sores de
produção
Total 10.500,00 17.500,00 7.000,00 14.000,00 7.000,00 14.000,00 70.000,00

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

A primeira etapa do custeio ABC consiste na identificação das atividades executa-


das por cada setor da empresa. Considerando as informações da tabela, as seguintes
atividades e seus respectivos direcionadores foram considerados no custeio ABC.

SUMÁRIO 91
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

TABELA 36 - DIRECIONADORES DE CUSTEIO ABC - EMPRESA EXEMPLO LTDA.

SETOR DIRECIONADORES PRODUTO TOTAL


GRAY WHITE YELLOW
Planejamento da produção (%
20,0% 30,0% 50,0% 100,0%
tempo dedicação)
Gestão
Gestão da produção (% tempo
15,0% 25,0% 60,0% 100,0%
dedicação)
Número de itens verificados para a
60 140 300 500
Qualidade seleção da amostra
Número de amostras analisadas 20 56 120 196
Número de equipamentos envol-
12 16 22 50
vidos no processo produtivo
Manutenção
Número de equipamentos com
4 6 10 20
manutenção realizada no mês

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Conforme já abordado, a definição dos direcionadores deve ser realizada de acordo


com a natureza e o objetivo de cada atividade realizada na empresa. No exemplo
apresentado, observa-se que:

• em relação às atividades de gestão, o tempo do gestor e dos supervisores da


fábrica que foi dedicado a cada produto foi utilizado como direcionador;

• considerando as atividades relacionadas ao controle de qualidade, como os


produtos apresentam diferentes quantidades produzidas e, consequente-
mente, as quantidades de itens verificados variam, as respectivas quantidades
de amostras foram utilizadas como direcionadoras;

• por fim, no que se refere às atividades relacionadas à manutenção, as quanti-


dades de equipamentos nas linhas de produção de cada produto que deman-
daram atividades de planejamento e execução da manutenção foram consi-
deradas como direcionadoras.

O objetivo desse método é relacionar os custos indiretos às suas respectivas ativida-


des por meio dos direcionadores para cálculo dos valores a serem apropriados. Essa
apropriação resultou nos seguintes valores:

92 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

TABELA 37 - TAXA DE RATEIO: CUSTEIO ABC – EMPRESA EXEMPLO LTDA.

Empresa Exemplo – Taxa de rateio conforme Custeio ABC – Mês 07

Atividades Gray White Yellow Total


Planejamento da produção 2.100,00 3.150,00 5.250,00 10.500,00
Gestão do processo produtivo 2.625,00 4.375,00 10.500,00 17.500,00
Seleção da amostra para inspeção 840,00 1.960,00 4.200,00 7.000,00
Inspeção da qualidade nos itens selecio-
1.428,57 4.000,00 8.571,43 14.000,00
nados
Planejamento da manutenção dos equi-
1.680,00 2.240,00 3.080,00 7.000,00
pamentos
Execução da manutenção nos equipa-
2.800,00 4.200,00 7.000,00 14.000,00
mentos
Custo total 11.473,57 19.925,00 38.601,43 70.000,00
Produção mensal 1.000 2.000 4.000
CIFs unitário 11,47 9,96 9,65

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Os valores encontrados são decorrentes das seguintes considerações:

• em relação às atividades de gestão, foram aplicados os percentuais do tempo


destinado a cada atividade. Por exemplo, na atividade planejamento da produ-
ção, os cálculos são os seguintes:

- $ 10.500 x 20% = $ 2.100 (produto Gray);

- $ 10.500 x 30% = $ 3.150 (produto White);

- $ 10.500 x 50% = $ 5.250 (produto Yellow).

• considerando as atividades relacionadas ao controle de qualidade, foram apli-


cadas as proporções dos números de itens considerados nas atividades. Por
exemplo, em relação à seleção da amostra para inspeção, os cálculos são os
seguintes:

- $ 7.000 / 500 x 60 = $ 840 (produto Gray);

- $ 7.000 / 500 x 140 = $ 1.960 (produto White);

- $ 7.000 / 500 x 300 = $ 4.200 (produto Yellow).

SUMÁRIO 93
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

• no que se refere às atividades relacionadas à manutenção, foram aplicadas as


proporções dos números de equipamentos considerados nas atividades. Por
exemplo, em relação à execução da manutenção dos equipamentos de cada
linha de produção, os cálculos são os seguintes:

- $ 14.000 / 20 x 4 = $ 2.800 (produto Gray);

- $ 14.000 / 20 x 6 = $ 4.200 (produto White);

- $ 14.000 / 20 x 10 = $ 7.000 (produto Yellow).

Conforme se observa na tabela, as taxas de rateio encontradas para cada produto


($ 11,47; $ 9,96 e; $ 9,65) são obtidas de acordo com as atividades consideradas nos
diferentes processos produtivos, diferentemente de uma taxa de rateio única, muitas
vezes definida de forma arbitrária.

5.2 CUSTOS CONTROLÁVEIS E CUSTOS ESTIMADOS

No âmbito financeiro, o planejamento e o controle dos custos têm papel preponde-


rante no direcionamento das empresas. Após a definição do direcionamento estra-
tégico, o plano financeiro deve ser elaborado de forma a tornar possível o alcance
dos objetivos estratégicos estabelecidos. Nesse sentido, os objetivos relacionados
aos custos organizacionais devem ser planejados de forma coerente com a realida-
de mercadológica que envolve a empresa, sendo que, para que haja efetividade em
relação ao alcance das metas definidas, o controle financeiro (incluindo o controle
dos custos) deve ser efetivo.

5.2.1 CUSTOS CONTROLÁVEIS

Abordando sobre controle de custos, Martins (2010) apresenta algumas questões


que devem ser formuladas para se controlar a situação financeira de uma organiza-
ção. Para que haja efetivo controle sobre as finanças empresariais, as repostas devem
ser afirmativas para as seguintes questões:

94 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

a. Conheço bem a origem e o valor de cada receita e o destino de cada gasto?

b. As receitas e os gastos estão dentro dos valores e limites que deveriam estar?

c. Quando algumas delas se desviam do comportamento que deveria ter, a


empresa tem conhecimento dessa situação?

d. A empresa é capaz de identificar rapidamente a razão do desvio?

e. A empresa atua para corrigir esses desvios quando há condições de fazê-lo?

Para o autor, controlar significa conhecer a realidade, compará-la com o que deveria
ser, tomar conhecimento rápido das divergências e suas origens e tomar atitudes
para sua correção. Pode-se dizer que uma empresa tem controle de seus custos e
gastos quando conhece os que estão sendo incorridos, verifica se estão dentro do
esperado, analisa as divergências e toma medidas para a correção de tais desvios.

No âmbito empresarial, o controle dos custos é realizado, em primeiro nível, pelos


respectivos responsáveis pelos diversos departamentos (ou setores) existentes nas
empresas, considerando que esses custos são gerados pelos próprios departamentos.

De acordo com Martins (2010), custos controláveis são aqueles que estão diretamen-
te sob responsabilidade de uma determinada pessoa cujo desempenho se quer
analisar e controlar. Já os custos não controláveis são aqueles que estão fora dessa
responsabilidade ou controle. Considerando como exemplo o departamento de
manutenção de uma indústria, há os seguintes gastos associados ao departamento
de manutenção.

TABELA 38 - ITENS QUE COMPÕEM OS CUSTOS DO SETOR DE MANUTENÇÃO

Empresa Exemplo – Custos do setor de manutenção – Mês 07

ITENS
Energia elétrica
Materiais de expediente e de limpeza
Peças utilizadas em manutenção preventiva
Peças utilizadas em manutenção corretiva
Salários + Encargos/benefícios da equipe de manutenção
Salários + Encargos/benefícios do gerente e supervisores de produção
Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

SUMÁRIO 95
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

Analisando os itens listados, percebe-se que parte dos custos é inerente ao departa-
mento, considerando que são gerados a partir de atividades operacionais do próprio
departamento, como os salários da equipe de manutenção, ou seja, são custos contro-
láveis pelo gestor do departamento, pois estão sob sua responsabilidade. Por outra
perspectiva, existem custos que originalmente não foram gerados pelo departamen-
to, como aqueles associados ao gerente e supervisores de produção. Estes não são de
responsabilidade do gestor do departamento de manutenção da empresa, ou seja,
são custos não controláveis pelo gestor de manutenção.

5.2.2 CUSTOS ESTIMADOS

Conforme abordado, o controle de custos gera relatórios que permitem o acompa-


nhamento e, quando necessárias, ações corretivas no intuito de se alcançar os obje-
tivos preestabelecidos no planejamento da empresa. Porém, as informações geradas
pelo controle permitem que se façam estimativas de custos futuros, de possibilida-
des de produção e também de possíveis melhorias no processo produtivo. Parte-se
da ideia que custos incorridos em períodos anteriores podem ser ajustados de forma
que sejam estabelecidas estimativas futuras para os custos da empresa com base nos
volumes de produção projetados.

Para Martins (2010), custos estimados seriam projeções introduzidas nos custos
médios passados em função de determinadas expectativas, considerando prováveis
alterações de alguns custos, de modificações no volume de produção, de qualida-
de de materiais ou do próprio produto, introdução de tecnologias diferentes, etc. O
processo de controle seria baseado na fixação de custos estimados para cada produ-
to (diretos e indiretos), apuração do custo realmente incorrido, comparação entre
ambos, localização de divergências e retificação dos desvios.

Considerando o que o abordado sobre custos fixos e custos variáveis, os custos esti-
mados devem considerar a variação proporcional dos custos variáveis e a manuten-
ção dos custos fixos de acordo com a estrutura da empresa.

96 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

Se, por exemplo, uma empresa com produção mensal de 600 unidades de
determinado produto, mas mantém estrutura fixa que permite a produção
mensal de até 1.000 unidades por mês, seus custos fixos tendem a se manter
estáveis até o nível máximo. Veja como ficaria a projeção de custos estima-
dos da empresa em diferentes níveis de produção utilizando a mesma capa-
cidade produtiva:

TABELA 39 - CUSTOS TOTAIS ESTIMADOS: EMPRESA EXEMPLO LTDA.

Empresa Exemplo – Custos estimados em diferentes níveis de produção

CUSTO CUSTO CUSTO


QUANTIDADE CUSTOS CUSTOS
VARIÁVEL VARIÁVEL UNITÁRIO
PRODUZIDA FIXOS TOTAIS
UNITÁRIO TOTAL TOTAL
27,00 x 600 16.200,00 5.000,00 21.800,00 36,33
27,00 x 800 21.600,00 5.000,00 27.400,00 34,25
27,00 x 1.000 27.000,00 5.000,00 33.000,00 33,00
Total 82.200,00

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Havendo necessidade de ampliar as instalações produtivas para uma produção


maior, os custos fixos serão alterados. Suponha que a empresa ampliou sua estrutu-
ra de forma que sua capacidade máxima produtiva passou a ser de 1.400 unidades
(40% de aumento). Considere que, nessa expansão, a empresa tenha adquirido equi-
pamentos mais modernos, com maior eficiência produtiva, resultando no aumento
de seus custos fixos de $ 5.000 para $ 6.000 (20% de aumento). Sua estimativa de
custos seria apresentada da seguinte forma.

SUMÁRIO 97
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

TABELA 40 - CUSTOS TOTAIS PROJETADOS: EMPRESA EXEMPLO LTDA.

Empresa Exemplo - Custos totais em diferentes níveis de produção.

CUSTO CUSTO CUSTO


QUANTIDADE CUSTOS CUSTOS
VARIÁVEL VARIÁVEL UNITÁRIO
PRODUZIDA FIXOS TOTAIS
UNITÁRIO TOTAL TOTAL
27,00 x 1.000 27.000,00 6.000,00 34.000,00 34,00
27,00 x 1.200 32.400,00 6.000,00 39.600,00 33,00
27,00 x 1.400 37.800,00 6.000,00 45.200,00 32,29
Total 118.800,00

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Os custos variáveis unitários, por suas características, tendem a se manter


estáveis em diferentes níveis de produção. Porém, a empresa deve procu-
rar otimizar sua gestão de custos, sempre buscando a melhor relação entre
custo e benefício em sua produção. Reduções nos custos de matérias-pri-
mas, por exemplo, podem exercer impacto importante nos custos variáveis.

Considerando o exemplo apresentado, percebe-se que as estimativas contribuem


para o acompanhamento e controle dos custos organizacionais, sendo que, à medi-
da que os custos realmente incorridos na produção apresentem distorções significa-
tivas em relação aos custos estimados, a gestão da empresa deve atuar para identifi-
car as causas das distorções observadas, atuando no sentido de corrigi-las.

5.3 CUSTO-PADRÃO

Para que uma empresa realize seu planejamento financeiro buscando projetar seus
resultados futuros em determinado período, é necessário que ela, além de estimar
suas receitas, elabore um planejamento de todos os gastos que envolvem suas opera-
ções, em conformidade com o planejamento estratégico elaborado para o período
estabelecido.

98 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

Nesse sentido, os custos de seus produtos ou serviços devem ser calculados de forma
antecipada em relação à sua produção, considerando todo o âmbito que envolve a
produção da empresa, incluindo suas limitações e também as condições do merca-
do em que atua, diferentemente do custo ideal, que seria alcançado através de uma
produção realizada nas melhores condições possíveis. Quando a empresa efetua esse
planejamento considerando incorporação, metas de realização de custos a serem
atingidas, o resultado desse processo de identificação do custo planejado para um
produto ou serviço é chamado custo-padrão.

Para Padoveze (2006), o custo-padrão pode ser utilizado para diversas metas ou obje-
tivos, sendo que seu maior objetivo está ligado aos conceitos de controle empresarial.
Dessa forma, os objetivos mais importantes do custo-padrão são:

a. determinação do custo, que deve ser o custo correto;

b. avaliação das variações ocorridas entre o real e o padronizado;

c. definição de responsabilidades e obtenção do comprometimento dos respon-


sáveis por cada atividade padronizada, servindo como elemento motivacional;

d. avaliação de desempenho e eficácia operacional;

e. base para o processo orçamentário.

Segundo o autor, o custo-padrão tem as seguintes características:

• compõe-se de elementos físicos e monetários;

• utiliza dados e informações que devem acontecer no futuro;

• deve ser cuidadosamente predeterminado, dentro de bases unitárias;

• aplica-se basicamente a operações repetitivas, servindo como medida prede-


terminada estável para processos e atividades organizacionais específicas;

• deve servir como modelo de comparação ou meta.

Ainda segundo Padoveze (2006), a diferença entre custos orçados e estimados e


custo-padrão é que, enquanto os custos orçados ou estimados têm como foco os
custos que devem acontecer, o custo-padrão tem como foco os custos que deveriam
acontecer, ou seja, são estabelecidos de acordo com metas de custos que devem ser
alcançadas pela empresa.

SUMÁRIO 99
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

Após o estabelecimento do custo-padrão, o gestor poderá utilizá-lo de forma compa-


rativa com o custo real, buscando identificar as possíveis distorções e, principalmente,
suas respectivas causas para atuar corretivamente.

Considerando que a empresa Exemplo calcula o custo-padrão de seus produ-


tos e que os utiliza para analisar a performance de sua gestão de custos, após
o fechamento mensal de suas operações ela poderá comparar os custos
incorridos no decorrer do mês com o custo-padrão. A tabela a seguir apre-
senta dados que exemplificam essa comparação.

TABELA 41 - CUSTO-PADRÃO VS. CUSTOS REAIS: EMPRESA EXEMPLO LTDA.

Empresa Exemplo – Comparativo do custo-padrão com o custo real – Mês 07

CUSTO-PADRÃO CUSTO REAL VARIAÇÃO


PRODUTO CUSTO CUSTO
MOD MD CIFS MOD MD CIFS VALOR %
UNIT. UNIT.

Produto
19,50 32,00 10,00 61,50 18,00 32,00 10,00 60,00 -1,50 -2,4%
Gray

Produto
20,00 38,00 10,00 68,00 22,00 38,00 10,00 70,00 2,00 2,9%
White

Produto
5,50 11,00 10,00 26,50 5,00 11,00 10,00 26,00 -0,50 -1,9%
Yellow
Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

A análise comparativa entre o custo-padrão e o custo real contribuirá para a análi-


se da eficiência das operações da empresa que estão refletidas em seus custos em
termos econômicos e financeiros. Como o custo-padrão apresenta estimativas que
podem ser alcançadas, as distorções favoráveis e desfavoráveis observadas nos dados
podem indicar necessidades de ajustes nas operações e também em futuras defini-
ções do próprio custo-padrão.

100 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

5.4 CUSTO DE REPOSIÇÃO

O custo de reposição se refere ao custo que a empresa terá para repor seus esto-
ques, sejam de matérias-primas, sejam produtos acabados. Por isso, um dos grandes
desafios dos gestores de custos é manter uma base de informações atualizada que
permita a análise das condições de mercado, principalmente em relação à reposição
dos materiais e insumos consumidos na produção. Se, ao findar de um determinado
mês, os custos apurados no processo produtivo informarem valores que não poderão
ser praticados em períodos futuros, o gestor deve considerar essas informações em
sua formação de preços.

Por exemplo, se determinada matéria-prima foi adquirida do fornecedor por $ 25,00 /


kg no início do mês e, ao final do mês, no momento de reposição ela estiver custando
$ 30,00 / kg, qual custo deve ser considerado na formação do preço da produção que
utilizou a matéria-prima comprada inicialmente? Para responder a essa pergunta,
aspectos mercadológicos devem ser considerados no âmbito das decisões empresa-
riais.

O primeiro deles seria a aceitação do mercado em relação ao repasse do preço, pois


a concorrência pode estar praticando preços que não consideram o aumento da
sua mercadoria. Outro aspecto a ser considerado seria a necessidade de reposição
dos estoques para a continuidade da empresa. Esse raciocínio deve ser aplicado não
somente aos estoques da empresa, mas também a todos os itens que compõem os
custos organizacionais.

SUMÁRIO 101
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

Para ilustrar esse contexto, pode-se tomar como exemplo o que acontece
com o mercado de combustíveis quando ocorrem aumentos de preços nas
refinarias e os postos ainda têm estoques adquiridos antes desses aumentos.
Se uma parte dos postos de gasolina optarem por repassar imediatamente
o preço e outra parte optar por manter o preço até o estoque acabar, a prin-
cípio estes tenderão a vender mais, porém não obterão o lucro (num futuro
próximo) que os demais postos terão.

Considerando o exemplo do segmento de combustíveis, como esse mercado tem


alta rotatividade devido ao alto consumo de combustível da sociedade e os estoques
nos postos não são tão altos se comparados com outros segmentos, os reflexos para
ambas as partes serão momentâneos, porém, em mercados com elevados investi-
mentos em estoques e produção de bens e serviços, os reflexos podem gerar impac-
tos mais decisivos nos resultados das organizações.

102 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

BIBLIOGRAFIA COMENTADA

FREZATTI, Fábio. Orçamento empresarial: planejamento e controle gerencial. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2017.

O livro “Orçamento empresarial: planejamento e controle empresarial”, do autor Fábio


Frezatti, apresenta conceitos e exemplos de aplicação prática dos diversos compo-
nentes que que fazem parte do orçamento das organizações, inclusive aqueles rela-
cionados aos gastos empresariais. É um livro importante para a sua formação, pois
permitirá que você tenha uma visão ampla de todo o processo de planejamento e
controle financeiro das organizações.

SUMÁRIO 103
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

CONCLUSÃO
Nesta unidade, foram abordados aspectos importantes sobre o planejamento e
controle dos custos para a análise financeira das organizações. Você compreendeu
que a disponibilização de informações corretas é determinante para que as empresas
obtenham sucesso em relação ao planejamento de suas atividades. Manter controle
das atividades operacionais e dos seus respectivos custos incorridos contribui para
que o gestor mantenha o foco na relação entre o direcionamento dado à empresa,
refletido em seu planejamento, e os resultados obtidos no desenvolvimento de suas
atividades, podendo atuar de forma a corrigir possíveis desvios em relação aos resul-
tados esperados.

Ao estabelecer metas de desempenho, a gestão das empresas pode se valer de dados


e resultados históricos relacionados às suas operações para definir e projetar metas,
estabelecendo custos-padrão para seus produtos, de forma que possa identificar
desvios em seus custos que estejam prejudicando os resultados estimados.

Como a responsabilidade dos gestores envolve o processo de tomada de decisões que


direcionarão as atividades da empresa em busca de resultados favoráveis, o processo
de planejamento e controle dos custos assume papel importante na determinação
das ações que a empresa tomará em busca de seu crescimento. O planejamento
deve procurar dar respaldo às decisões do gestor, já o controle dos resultados permite
que, quando necessárias, ações corretivas sejam tomadas no sentido de corrigir even-
tuais distorções em relação às metas estabelecidas no planejamento.

Portanto, você compreendeu que planejamento e controle são tarefas imprescin-


díveis para as organizações, sendo de responsabilidade dos gestores conduzir esses
processos para que obtenham sucesso em suas ações frente à direção das empresas.

104 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

UNIDADE 6
OBJETIVO
Ao final desta unidade, esperamos
que possa:

> Compreender aspectos importantes sobre a


implantação de sistemas de custos.

> Aplicar conceitos relacionados a centros de custos e


plano de contas.

> Compreender o conceito de ponto de equilíbrio nas


organizações.

> Analisar o impacto das variações do volume de


produção nos custos empresariais.

> Analisar o impacto da variação da estrutura da


empresa nos custos empresariais.

> Analisar a influência das oscilações de preços nos


resultados da organização.

SUMÁRIO 105
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

6 GESTÃO DE CUSTOS E
ANÁLISE FINANCEIRA
Nesta unidade, serão abordados conceitos relacionados à implantação de sistemas
de planejamento e controle de custos no âmbito organizacional, bem como a impor-
tância de se manter um controle efetivo dos custos empresariais, que permita aos
gestores acompanhar e corrigir possíveis variações nos custos e, consequentemente,
nos resultados, entre o que foi planejado e o que está sendo realizado em relação às
atividades operacionais da empresa.

Em seguida, serão abordados conceitos sobre a utilização de centros de custos e plano


de contas nas empresas, para o efetivo controle das movimentações financeiras da
organização. Você também conhecerá conceitos relacionados à análise do ponto de
equilíbrio nas empresas, buscando compreender o impacto de variações (positivas e
negativas) no volume de produção e na estrutura organizacional nos custos empre-
sariais. Por fim, serão apresentadas perspectivas sobre a influência das variações de
preço nos resultados organizacionais.

INTRODUÇÃO
Quando se fala no conceito de sistema no ambiente empresarial, a abordagem é
direcionada para as etapas que o compõem (entrada – processamento – saída //
feedback), podendo ser aplicada a diversas áreas da gestão das empresas. No que se
refere à gestão dos custos organizacionais, a abordagem sistêmica considera os vários
registros sobre as atividades operacionais da empresa, que são utilizadas como entra-
da de dados para serem processadas e transformadas em informações apresentadas
em relatórios disponibilizados aos gestores.

Nesse sentido, em relação aos sistemas de planejamento e controle de custos, o


processamento dos dados deve considerar os diversos parâmetros de referência que
a área de custos disponibiliza para seu efetivo controle. Um sistema que não obede-
ce a esses parâmetros se tornará obsoleto por não fornecer informações que contri-
buam para a efetividade das decisões do gestor em relação ao alcance dos resultados

106 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

esperados pela empresa. Por outra perspectiva, a correta compreensão e aplicação


dos conceitos basilares sobre custos na implantação de sistemas de planejamento e
controle de custos resultará na disponibilização de importantes ferramentas de auxí-
lio ao processo de tomada de decisões empresariais.

6.1 GESTÃO DE CUSTOS E ANÁLISE FINANCEIRA

Conforme os estudos, a eficiência da gestão dos custos organizacionais é um dos prin-


cipais condicionantes para o sucesso econômico e financeiro das empresas. Como os
aspectos externos à empresa não estão sob o controle do gestor, seu foco deve ser
dirigido para os aspectos internos da organização a qual está dirigindo, sendo que os
custos devem ser tratados com a devida importância no âmbito organizacional.

6.1.1 IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS DE CUSTOS

Para que haja a eficiência desejada na gestão dos custos, é importante que a empre-
sa tenha um eficiente sistema de controle de seus custos. Isso não significa que a
simples contratação de um sistema de informações comprovadamente eficiente
resolva todos os problemas relacionados à gestão dos custos organizacionais. Quan-
do se diz “comprovadamente eficiente”, a ideia é que, ao contratar qualquer sistema
de informações, no caso de ser terceirizado, o gestor deve verificar se esse sistema já
foi implantado em outra organização e se tem sido executado em conformidade com
as necessidades dessa organização, pois são diversos os casos de sistemas contrata-
dos de terceiros e não implantados de forma que permitam o controle proposto pelo
sistema.

Também é importante que, no caso de a empresa querer desenvolver um sistema


internamente, haja a preocupação com a forma com que os dados da empresa serão
transformados em informações por meio dos procedimentos executados pelo siste-
ma de informações. Normalmente, os profissionais da área de Tecnologia da Infor-
mação (TI) são analistas e programadores que não têm conhecimentos específicos
sobre contabilidade, sendo necessário que exista uma correta comunicação entre as
necessidades contábeis da empresa e esses profissionais.

SUMÁRIO 107
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

Constatada a eficiência do sistema de TI, o principal aspecto a ser acompanhado


pelo gestor passa a ser a verificação dos processos existentes na organização, se estão
adequados, de forma que o lançamento dos dados seja realizado de maneira padro-
nizada e consistente. De acordo com Martins (2018), a primeira grande função do
sistema de custos é o conhecimento de o que ocorre na empresa. E esse primeiro
levantamento já começa a causar diversos problemas de natureza comportamental
dentro de muitas empresas. Mesmo quando ele é implantado não com essa finali-
dade de controle, acaba por provocar reações. Por fim, e não menos importante, o
gestor também deve se preocupar com os equipamentos da empresa, se atendem
aos requisitos do sistema a ser implantado.

Toda a equipe de profissionais envolvidos no funcionamento do sistema deve ser foco


da atenção do gestor da empresa, pois lançamentos indevidos podem gerar proble-
mas nos relatórios gerados pelo sistema, com reflexos significativos no processo de
tomada de decisões da empresa. Para Martins (2018):

O sucesso de um sistema de informações depende do pessoal que o alimenta


e o faz funcionar. O sistema representa um conduto que recolhe dados em
diversos pontos, processa-os e emite, com base neles, relatórios na outra extre-
midade. Esses relatórios não podem ser, em hipótese alguma, de qualidade
melhor do que a qualidade dos dados recebidos no início do processamen-
to. Podem é ser piores, se seu manuseio não for absolutamente correto. Mas
todos os dados iniciais quase sempre dependem de pessoas, e, se estas falha-
rem ou não colaborarem, todo o sistema acabará por falir.

Normalmente, o problema mais grave reside na qualificação e competência


do pessoal envolvido nas fases iniciais do processamento; os primeiros infor-
mes nascem de diversos apontamentos na produção, em que o nível médio
de escolaridade e o grau de interesse por serviços burocráticos podem ser
relativamente baixos. Esse nível de educação insuficiente do pessoal que
inicia o processo é, em muitos casos, o grande responsável pelos insucessos
de sistemas de custos (MARTINS, 2018, p. 357).

108 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

Uma empresa que gerenciava uma rede de sacolões e supermercados apre-


sentou problemas na apuração do custo de um de seus produtos. O proble-
ma ocorreu porque, ao dar entrada no produto “Leite”, o responsável pelo
registro das informações lançava como a caixa com 12 litros de leite como
uma só caixa e, na saída desse produto no sistema Ponto de Venda (PDV)
que registrava as saídas nos caixas da empresa, o sistema considerava como
uma caixa aquela com um litro de leite. Como consequência, quanto mais
se vendia o produto, maior era o “prejuízo” registrado. Com a detecção, o
problema foi corrigido com a padronização dos lançamentos e, consequen-
temente, o resultado foi apresentado de forma adequada.

Esta é uma questão aparentemente simples e por isso o problema foi detec-
tado com certa facilidade, porém, em sistemas que tratam informações mais
complexas, que envolvem grande volume de dados, com grandes quantida-
des e variedades de produtos, a identificação pode ser dificultada e as conse-
quências para a empresa podem ser bem maiores.

Como quase toda mudança gera desconforto, também é importante que o gestor
prepare não somente a equipe envolvida, mas toda a empresa. A implantação deve
ser realizada de forma gradativa e acompanhada com a maior proximidade possível
por parte dos gestores. O sistema que está sendo substituído não deve ser descon-
tinuado sem que o novo sistema esteja implantado de forma comprovadamente
eficiente. Cabe ressaltar que, nessa abordagem, o conceito de “sistema” está relacio-
nado ao conceito que envolve entrada – processamento – saída, e não necessariamen-
te o “sistema de informação”, que também considera esse conceito, abordando-o no
tratamento dos dados que recebe, transformando-os em informações para os gesto-
res das organizações. Os sistemas de informações contábeis, para serem eficientes
em termos de gestão, além de disponibilizarem informações obrigatórias de acordo
com a legislação, devem fornecer informações gerenciais que servem de base para o
processo de tomada de decisões das empresas:

SUMÁRIO 109
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

FIGURA 10 - SISTEMA DE INFORMAÇÕES GERENCIAIS

Feedback

Entrada Processamento Saída

Relatórios e
Procedimentos
Dados informações
contábeis
gerenciais

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Todo sistema de informações deve considerar os objetivos que determinam sua exis-
tência para tratar os dados que recebe. Com a atual evolução tecnológica, existem
diversos sistemas que buscam a integração de todas as informações da empresa,
porém, quanto maior o nível de integração, maior a complexidade de sua implanta-
ção, por isso o gestor deve buscar sistemas que sejam adequados ao volume de infor-
mações e à complexidade que envolve as operações da empresa.

6.1.2 CENTRO DE CUSTOS E PLANO DE CONTAS

O tratamento dos dados relacionados às diversas atividades empresariais deve


obedecer aos critérios estabelecidos pela gestão para que possam se tornar infor-
mações adequadas às necessidades da empresa e fornecer relatórios consistentes e
confiáveis. Para tanto, é necessário que toda a empresa conheça esses critérios e que
também haja um sistema de classificação e atribuição de valores que obedeçam a
esses critérios e sejam praticados por todos os colaboradores da organização.

Uma importante ferramenta de classificação de agrupamento e classificação das ativi-


dades empresariais é o processo que utiliza os gastos por centros de custos utilizando

110 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

um plano de contas. Um centro de custos é uma unidade da empresa utilizada para


acumulação de seus gastos, podendo ser relacionado diretamente à produção ou
não. A figura apresentada a seguir ilustra um exemplo de atribuição de centros de
custos aos setores empresariais:

FIGURA 11 - EXEMPLO DE CODIFICAÇÃO DE CENTROS DE CUSTO NAS ORGANIZAÇÕES

Presidência
c.c. 0500

ADMINISTRAT COMERCIAL PRODUÇÃO


c.c. 0100 c.c. 0200 c.c. 0300
PCP
c.c. 0311
RH VENDAS SUPERVISÃO
c.c. 0110 c.c. 0210 c.c. 0310
ENGENHARIA
c.c. 0312
TI MKT TQC c.c.
c.c. 0120 c.c. 0220 0320

ALMOXARIFADO
FINANC SAC c.c. 0330
c.c. 0130 c.c. 0230
MONTAGEM
c.c. 0330
CONTAB
c.c. 0140 ACABAMENTO
c.c. 0340

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

O exemplo apresentado considera os departamentos da empresa como centros de


custos distintos, sendo que, à medida que são realizados gastos em cada departa-
mento, estes são classificados e alocados de forma acumulativa por período em cada
centro de custos. Dando sequência ao exemplo, a empresa pode se valer do plano de
contas contábil para identificar e classificar a natureza desses gastos.

Cada empresa deve assumir um plano de contas de acordo com a natureza de suas
atividades, porém, de forma geral, como eles seguem critérios contábeis, mantém
uma estrutura que segue os principais demonstrativos contábeis utilizados para pres-
tação de contas pelas empresas. Veja um exemplo de aplicação de classificação de
gastos utilizando um sistema com centros de custos e plano de contas contábil.

SUMÁRIO 111
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

O quadro abaixo apresenta parte do plano de contas de contábil de uma


determinada empresa:

QUADRO 3 - EXEMPLO DE CODIFICAÇÃO DE PLANO DE CONTAS NAS ORGANIZAÇÕES

01 Receitas
01 01 Receitas de produtos
01 02 Receitas de serviços
[...]

02 Gastos
02 01 Gastos operacionais
02 01 01 Viagens
02 01 01 001 Locomoção
02 01 01 002 Hospedagem
02 01 01 003 Alimentação
02 01 01 004 Outros gastos
[...]

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Conforme abordado, tanto os centros de custos quanto os planos de contas devem


ser estabelecidos de forma adequada às necessidades de cada empresa. No exem-
plo, assumindo que os centros de custos e plano de contas apresentados nas últimas
figuras pertencem à mesma empresa, considere que dois funcionários viajaram pela
empresa por motivos distintos:

- o primeiro funcionário é um supervisor de produção e viajou para realizar um trei-


namento operacional relacionado a um dos produtos da empresa;

- o segundo funcionário é gerente comercial e viajou para apresentar características


dos produtos da empresa a um possível futuro cliente.

112 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

Considere também que, em suas respectivas viagens, ambos tiveram gastos de loco-
moção, hospedagem e alimentação. A tabela a seguir apresenta o resumo dos gastos
de viagem do gerente comercial:

TABELA 42 - RESUMO DE GASTOS DE VIAGEM: GERÊNCIA COMERCIAL

Funcionário: Gerente

Setor: Gerência comercial

Centro de custos: 0210


PLANO
GASTOS DE VIAGEM VALOR
DE CONTAS
Locomoção (incluindo passagens) 3.600,00 02.01.01.001
Hospedagem 1.800,00 02.01.01.002
Alimentação 480,00 02.01.01.003
Outros gastos 0,00 02.01.01.004

TOTAL 5.880,00

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

A tabela a seguir apresenta o resumo dos gastos de viagem do supervisor de produ-


ção:

TABELA 43 - RESUMO DE GASTOS DE VIAGEM: SUPERVISÃO DE PRODUÇÃO

Funcionário: Supervisor

Setor: Supervisão de produção

Centro de custos: 0310


PLANO
GASTOS DE VIAGEM VALOR
DE CONTAS
Locomoção (incluindo passagens) 2.850,00 02.01.01.001
Hospedagem 1.200,00 02.01.01.002
Alimentação 350,00 02.01.01.003
Outros gastos 0,00 02.01.01.004

TOTAL 4.400,00

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

SUMÁRIO 113
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

Utilizando os códigos de centro de custos e do plano de contas, ao finalizar o mês, a


empresa poderá apurar os gastos totais por viagens, por centros de custo e por centro
de contas. A figura apresentada a seguir demonstra o esquema de totalização desses
gastos:

FIGURA 12 - APURAÇÃO DE GASTOS POR CENTROS DE CUSTOS/PLANO DE CONTAS

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Com base nos critérios estabelecidos pela empresa para a classificação de seus gastos,
como ambos funcionários realizaram gastos com a mesma natureza, recebem códi-
gos de planos de contas iguais, porém são atribuídos a diferentes centros de custos.
Ao apurar o resultado final de suas operações por período, os gestores da empresa
poderão identificar todos os seus gastos de forma geral e por período, o que auxilia
significativamente na identificação dos gastos empresariais e também na localização
de distorções de valores.

Cabe ressaltar que, no exemplo apresentado, os centros de custos apresentam dois


níveis “99.99” e o plano de contas apresenta quatro níveis “99.99.99.999”, podendo
variar de acordo com cada empresa. Essa forma de apresentação (utilizando o núme-
ro “9” entre pontos) que mostra a configuração dos níveis é comumente chamada de

114 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

“máscara”, no ambiente que envolve sistemas de informação, sendo que esses siste-
mas devem estar preparados para receber os códigos das empresas nos diferentes
formatos demandados por estas.

Ao receber o lançamento de cada receita ou gasto da empresa, o sistema


deve estar configurado para solicitar ao usuário responsável pelo lançamento
os respectivos códigos de centro de custos e plano de contas. Há lançamen-
tos cujos códigos já são assumidos automaticamente por estarem precon-
figurados no sistema de informações utilizado pela empresa (como a maior
parte das receitas, por exemplo), porém, para que haja eficiência na utiliza-
ção do sistema, todos os colaboradores que realizam ou lançam os gastos (e
receitas, em casos específicos) nas empresas, devem estar cientes dos códi-
gos relacionados ao gasto realizado e efetivamente realizarem o lançamento
da forma apropriada. Devido à existência de resistência humana às mudan-
ças, talvez esta seja a parte mais desafiadora do gestor na implantação de
um sistema de informações, inclusive de custos. Por isso, há a necessidade
de um sistema periódico de verificação dos lançamentos, sendo essa verifi-
cação mais intensa na fase de implantação do sistema.

6.2 RELAÇÃO CUSTO/VOLUME/LUCRO

O comportamento dos custos diante das variações de diferentes níveis de produção


deve ser objeto de constante atenção por parte dos gestores. Conforme aprendido
sobre custos, há aqueles que variam proporcionalmente com o volume de bens ou
serviços produzidos (custos variáveis), também há custos que permanecem estáveis
(custos fixos) independentemente do volume produzido. Cabe ressaltar que esses
custos permanecem fixos de acordo com a estrutura da empresa, podendo haver
variações no caso de mudanças significativas nessa estrutura.

A gestão das empresas deve considerar essas características de seus custos, conhe-
cendo os impactos em seus resultados à medida que a produção varia. Projeções
devem ser realizadas no sentido de prever resultados indesejados, possibilitando a

SUMÁRIO 115
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

adoção de medidas que visem reduzir ou até mesmo eliminar perdas para a orga-
nização. Um ponto de partida interessante para essas análises é a identificação do
ponto de equilíbrio.

6.2.1 PONTO DE EQUILÍBRIO

O ponto de equilíbrio (ou break even point) é o nível de atividade em que a empresa
apresenta resultado operacional nulo, ou seja, não é lucro nem prejuízo. É utilizado
como forte parâmetro para a definição de metas organizacionais que servem de dire-
cionamento de suas atividades. Para Santos (2017), a análise do equilíbrio entre recei-
tas de vendas e custos é muito importante como instrumento de decisão gerencial.
O sucesso financeiro de qualquer empreendimento empresarial está condicionado
à existência da melhor informação gerencial. Veja o gráfico do ponto de equilíbrio.

GRÁFICO 4 - PONTO DE EQUILÍBRIO

Receitas e Custos
( $ mil)
350
Receitas de Vendas (PV x QV)

300

Lucro operacional Gastos totais (GT = GF + GV)


250

200

Gastos totais
Prejuízo operacional
RT (P. Eq.) 150
Ponto de Equilíbrio (RT = GT)
100

50 Gastos Fixos (GF)

0 500 1.000 1.500 2.000 2.500 3.000 3.500 4.000


Q (P. Eq.) Unidades Produzidas e Vendidas (QV)

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

116 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

Analisando o gráfico, observa-se que os Gastos Fixos (GF) permanecem estáveis inde-
pendentemente do volume de produção (quantidade produzida, eixo X), ao passo
que os Gastos Variáveis (GV), partindo dos Gastos Fixos, variam proporcionalmente ao
volume de produção. O mesmo ocorre com as Receitas de Vendas (RV), porém estas
têm seu ponto inicial em zero, ou seja, se não há vendas, não há receitas. As vendas
acima do ponto de equilíbrio geram lucro operacional, já abaixo do ponto equilíbrio
geram prejuízo operacional. No ponto de equilíbrio, não há lucro nem prejuízo opera-
cional. Veja um exemplo com os valores apresentados no gráfico.

Considere que a empresa Exemplo Ltda. apresenta os seguintes dados:

Custos fixos totais: $ 41.000

Despesas fixas totais: $ 19.000

Custo variável unitário: $ 60,00

Preço de venda: $ 100,00

Margem de contribuição unitária: PV – CV → $ 100,00 – $ 60,00 = 40,00.

(1) O primeiro passo é calcular a quantidade no ponto de equilíbrio (Qpe)


por meio da seguinte fórmula:

Custos fixos + Despesas fixas


Qpe =
Margem de contribuição unitária

Dessa forma, tem-se:

41.000 + 19.000 60.000 = 1.500 unidades


Qpe = =
40,00 40,00

SUMÁRIO 117
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

(2) Em seguida, calculam-se os gastos totais considerando a quantidade no


ponto de equilíbrio:

Gastos totais = Gastos Fixos + Gastos Variáveis

Gastos totais = $ 60.000 + 1.500 x $ 60,00 = $ 60.000 + $ 90.000 = $ 150.000.

(3) Em seguida, calcula-se a Receita de Vendas no ponto de equilíbrio:

RV = Preço de venda X Quantidade no ponto de equilíbrio

RV = $ 100,00 X 1.500 = $ 150.000

(4) Finalmente, confrontando as receitas totais com os gastos totais, consta-


ta-se o resultado operacional igual a zero, ou seja, o ponto de equilíbrio foi
alcançado:

TABELA 44 - APURAÇÃO DO RESULTADO NO PONTO DE EQUILÍBRIO

APURAÇÃO DO RESULTADO VALORES


(=) Receita líquida de vendas 150.000,00
(-) Custo e despesas variáveis (90.000,00)
(=) Margem bruta 60.000,00
(-) Custos fixos (41.000,00)
(-) Despesas fixas (19.000,00)
(=) Resultado operacional 0,00

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Conforme comprovado matematicamente, com base na estrutura de custos fixos da


empresa e nos custos variáveis unitários, alcançando a produção de 1.500 unidades,
a empresa alcançará o ponto de equilíbrio, ou seja, não obterá lucro nem prejuízo em
suas operações (considerando a venda de toda a sua produção).

118 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

6.2.2 VARIAÇÕES NO VOLUME DE PRODUÇÃO

Identificado o ponto de equilíbrio, os gestores das empresas passam a ter um impor-


tante referencial para a gestão de seus custos. Fazendo projeções de diferentes
contextos de produção, é possível obter estimativas dos gastos totais da empresa em
níveis acima e abaixo do ponto de equilíbrio. Veja um exemplo dessas projeções:

TABELA 45 - GASTOS TOTAIS EM DIFERENTES NÍVEIS DE PRODUÇÃO

CUSTO CUSTO
VOLUME DE DESPESAS CUSTOS GASTOS
VARIÁVEL VARIÁVEL
PRODUÇÃO FIXAS FIXOS TOTAIS
UNITÁRIO TOTAL
0 60,00 0,00 19.000,00 41.000,00 60.000,00
500 60,00 30.000,00 19.000,00 41.000,00 90.000,00
1.000 60,00 60.000,00 19.000,00 41.000,00 120.000,00
1.500 60,00 90.000,00 19.000,00 41.000,00 150.000,00
2.000 60,00 120.000,00 19.000,00 41.000,00 180.000,00
2.500 60,00 150.000,00 19.000,00 41.000,00 210.000,00
Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Com base nas mesmas projeções, também é possível obter estimativas de resultados
a serem alcançados:

TABELA 46 - ESTIMATIVAS DE RESULTADO EM DIFERENTES NÍVEIS DE PRODUÇÃO

CUSTO
GASTOS
VOLUME DE PREÇO DE RESULTADO
PRODUÇÃO VENDA VARIÁVEL OPERACIONAL
TOTAIS
TOTAL
0 100,00 0,00 -60.000,00 -60.000,00
500 100,00 50.000,00 -90.000,00 -40.000,00
1.000 100,00 100.000,00 -120.000,00 -20.000,00
1.500 100,00 150.000,00 -150.000,00 0,00
2.000 100,00 200.000,00 -180.000,00 20.000,00
2.500 100,00 250.000,00 -210.000,00 40.000,00
Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Observa-se que, quanto maior a distância entre a quantidade produzida e a quan-


tidade no ponto de equilíbrio, maior a distância do resultado. Isso ocorre devido ao
comportamento em conjunto dos custos fixos e variáveis. Em níveis de produção mais

SUMÁRIO 119
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

elevados, a proporcionalidade em relação à produção dos custos variáveis permane-


ce e a estabilidade dos custos fixos favorece o resultado. Em níveis de produção mais
baixos, essa estabilidade se torna um fator de influência negativo para os resultados
empresariais.

Portanto, é importante que a gestão da empresa mantenha sua estrutura de custos


fixos adequada a seu nível de atividade, uma vez que estruturas muito acima no nível
de atividade podem gerar perdas desnecessárias para a empresa, ao passo que estru-
tura abaixo do nível de atividade podem ocasionar perdas de vendas (e, consequen-
temente, perda de lucro), devido à falta de capacidade de atendimento à demanda
de mercado.

6.2.3 VARIAÇÕES NA ESTRUTURA DA EMPRESA

Quando a empresa alcança uma posição no mercado que demanda investimentos


em sua capacidade produtiva, é esperado que, ao aumentar essa capacidade, seus
custos fixos também aumentem. Isso ocorre porque a ampliação da capacidade
produtiva da empresa demanda um novo nível de recursos para funcionamento e
manutenção dessa capacidade. Por exemplo, um número maior de equipamentos
demanda mais tempo e recursos para manutenção dos novos equipamentos, poden-
do gerar contratações de pessoal e ocorrer a mesma situação em relação à equipe de
supervisão da fábrica, de controle de qualidade, de limpeza. Também podem ocor-
rer gastos extras em itens que compõem os gastos fixos da empresa, como energia
elétrica, material de expediente e de limpeza e aluguel.

Cabe ao gestor identificar as capacidades mínima e máxima de cada nível de estru-


tura. Em relação à capacidade produtiva, tal identificação está relacionada à capaci-
dade individual dos equipamentos que a empresa dispõe, dos recursos humanos, do
fluxo de movimentações possíveis dentro das atuais instalações da empresa, entre
outros. É importante que a empresa esteja atenta à demanda média historicamente
atendida por ela, procurando ajustar sua capacidade de forma que não haja desper-
dício de recursos.

120 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

Tomando como exemplo uma empresa que apresenta níveis de estrutura


com respectivas necessidades de gastos fixos, pode-se identificar o impac-
to das variações da estrutura da empresa em seus gastos totais e unitários.
A tabela apresentada a seguir demonstra níveis mínimos e máximos de
produção distribuídos por faixa e utiliza a média entre os volumes mínimo e
máximo de produção para o cálculo dos gastos totais e unitários. Cada nível
de produção demanda uma estrutura compatível com as atividades neces-
sárias para os respectivos volumes de produção, sendo que cada modifica-
ção na estrutura resulta em modificação nos valores referentes às despesas
e custos fixos. Veja:

QUADRO 4 - APURAÇÃO DO CUSTO UNITÁRIO EM DIFERENTES NÍVEIS DE PRODUÇÃO.

VOLUME DE PRODUÇÃO
CUSTO CUSTO CUSTO
DESPESAS CUSTOS GASTOS
VARIÁVEL VARIÁVEL UNITÁRIO
FIXAS FIXOS TOTAIS
UNITÁRIO TOTAL TOTAL
MÍNIMO MÁXIMO MÉDIA

0 3.000 1.500 60,00 90.000,00 19.000,00 41.000,00 150.000,00 100,00

3.000 6.000 4.500 60,00 180.000,00 28.500,00 61.500,00 270.000,00 60,00

6.000 9.000 7.500 60,00 360.000,00 42.750,00 92.250,00 495.000,00 66,00

9.000 12.000 10.500 60,00 540.000,00 64.125,00 138.375,00 742.500,00 70,71

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Analisando as informações da tabela, percebe-se que, para cada nível de produção,


as despesas e custos fixos se mantêm estáveis, passando a variar a cada mudança de
nível. Esse comportamento apresenta reflexos nos gastos totais por faixa de produção
e, consequentemente, nos respectivos custos unitários. Observando as tendências
de demanda do mercado, o gestor pode analisar os resultados estimados para cada
faixa de volume de produção e adequar a estrutura da empresa de acordo com as
expectativas de produção para o atendimento da demanda observada, contribuindo
para a maximização dos resultados da empresa.

SUMÁRIO 121
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

6.3 RELATÓRIOS FINANCEIROS E VARIAÇÕES DE


PREÇO

Os preços de venda dos produtos e serviços devem ser formados a partir dos custos
unitários identificados para cada produto ou serviço, tendo como objetivo cobrir os
demais gastos da empresa e também gerar o lucro desejado para a organização. Se,
por exemplo, o gasto variável unitário de um determinado produto custar 60% de seu
preço de venda, essa diferença de 40% (margem de contribuição) deve ser suficiente
para cobrir todos os gastos fixos da empresa e também proporcionar lucro.

Tomando como exemplo uma empresa com essas características de composição


de seus custos que vendeu 1.000 unidades de um produto ao preço de $ 200,00,
com custos e despesas variáveis correspondentes a 60% ($ 120,00), haveria a seguinte
apuração do resultado a ser apresentado nos relatórios financeiros da empresa:

TABELA 47 - APURAÇÃO DO RESULTADO POR CUSTEIO VARIÁVEL

Empresa Exemplo Ltda. - Mês 10

APURAÇÃO DO RESULTADO - CUSTEIO VARIÁVEL VALORES (%)


(=) Receita líquida de vendas 200.000,00 100,0%
(-) Custos variáveis (100.000,00) -50,0%
(-) Despesas variáveis (20.000,00) -10,0%

(=) Margem de contribuição 80.000,00 40,0%

(-) Custos fixos (35.000,00) -17,5%


(-) Despesas fixas (18.000,00) -9,0%
(=) Resultado operacional 27.000,00 13,5%
Operações realizadas para apuração da margem de contribuição:
Receita de Vendas: 1.000 x $ 200,00 = 200.000,00
Custos variáveis: 1.000 x $ 100,00 = 100.000,00
Despesas variáveis: 1.000 x $ 20,00 = 20.000,00

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

122 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

6.3.1 AUMENTO DE PREÇOS E O IMPACTO NOS


RESULTADOS DA EMPRESA

Considerando que, devido a uma demanda excessiva de mercado, a empresa aumen-


tasse seu preço em 10% (passando para $ 220,00) e, ao mesmo tempo, mantives-
se seus gastos no mesmo nível, o resultado da empresa seria favorecido devido ao
ganho unitário em cada unidade vendida:

TABELA 48 - APURAÇÃO DO RESULTADO POR CUSTEIO VARIÁVEL COM AUMENTO DE PREÇO E MANUTENÇÃO
DOS CUSTOS

Empresa Exemplo Ltda. – Mês 10

APURAÇÃO DO RESULTADO - CUSTEIO VARIÁVEL VALORES (%)


(=) Receita líquida de vendas 220.000,00 100,0%
(-) Custos variáveis (100.000,00) -45,5%
(-) Despesas variáveis (20.000,00) -9,1%

(=) Margem de contribuição 100.000,00 45,5%

(-) Custos fixos (35.000,00) -15,9%


(-) Despesas fixas (18.000,00) -8,2%
(=) Resultado operacional 47.000,00 23,5%
Operações realizadas para apuração da margem de contribuição:
Receita de Vendas: 1.000 x $ 220,00 = 220.000,00
Custos variáveis: 1.000 x $ 100,00 = 100.000,00
Despesas variáveis: 1.000 x $ 20,00 = 20.000,00

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Analisando os resultados da empresa após o aumento de preços e concomitante


manutenção dos gastos, observa-se um aumento significativo tanto na margem de
contribuição quanto no resultado operacional.

6.3.2 REDUÇÃO DE PREÇOS E O IMPACTO NOS


RESULTADOS DA EMPRESA

Considerando que, devido a uma retração da demanda de mercado, a empresa redu-


zisse seu preço em 10% em relação ao valor inicial (passando para $ 180,00) e, ao

SUMÁRIO 123
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

mesmo tempo, mantivesse seus gastos no mesmo nível, o resultado da empresa seria
diminuído devido à redução do ganho unitário em cada unidade vendida.

TABELA 49 - APURAÇÃO DO RESULTADO POR CUSTEIO VARIÁVEL COM REDUÇÃO DE PREÇO E MANUTENÇÃO
DOS CUSTOS

Empresa Exemplo Ltda. – Mês 10

APURAÇÃO DO RESULTADO - CUSTEIO VARIÁVEL VALORES (%)


(=) Receita líquida de vendas 180.000,00 100,0%
(-) Custos variáveis (100.000,00) -55,6%
(-) Despesas variáveis (20.000,00) -11,1%

(=) Margem de contribuição 60.000,00 33,3%

(-) Custos fixos (35.000,00) -19,4%


(-) Despesas fixas (18.000,00) -10,0%
(=) Resultado operacional 7.000,00 3,5%
Operações realizadas para apuração da margem de contribuição:
Receita de Vendas: 1.000 x $ 180,00 = 180.000,00
Custos variáveis: 1.000 x $ 100,00 = 100.000,00
Despesas variáveis: 1.000 x $ 20,00 = 20.000,00

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Analisando os resultados da empresa após a redução do preço, ao mesmo tempo


em que manteve os níveis de seus gastos, pode-se perceber que a redução significa-
tiva da margem de contribuição unitária do produto exerceu influência proporcional
na margem de contribuição total e também exerceu impacto negativo no resultado
operacional da empresa.

Considerando o impacto das variações tanto positivas quanto negativas dos preços
dos produtos ou serviços comercializados pela empresa em seus resultados financei-
ros, percebe-se que a rentabilidade das organizações também está associada à capa-
cidade dos gestores da empresa em manter controle de seus custos de forma que
sempre estejam em níveis aceitáveis de eficiência.

6.3.3 PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA

Conforme estudado, a apuração de custos busca identificar valores incorridos na


produção de bens ou serviços, sendo que sobre esses valores são aplicadas taxas de

124 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

administração para a cobertura das despesas administrativas e comerciais decorren-


tes das atividades da empresa. Após a aplicação desses valores, são formados preços
de venda que devem conter o lucro pretendido pela empresa e os tributos relaciona-
dos às suas operações.

Porém, em operações de transferência de produtos entre filiais ou até mesmo no


caso de exportações e importações, existem condições que devem ser aplicadas para
essas situações, formando o preço de transferência. De acordo com Silva (2014), preço
de transferência é o valor pelo qual são transferidos bens, direitos e serviços entre as
atividades e áreas internas de uma organização. Já segundo Camargo (2017), o preço
de transferência (ou transfer price) ocorre sempre em que duas empresas vincula-
das (ou seja, do mesmo grupo empresarial) e que se situam em territórios diferentes,
vendem ou transferem entre elas bens, serviços ou propriedade intangível.

No caso de haver distorções significativas nos preços de transferências praticados


entre instituições coligadas e os preços praticados em operações similares entre
empresas não coligadas, a legislação permite que haja ajuste nos preços para fins
tributários.

CONCLUSÃO
O conceito de sistema é aplicado a várias áreas das organizações, sendo que, quando
se aborda o enfoque sistêmico no meio empresarial, a própria organização é conside-
rada como um sistema composto por subsistemas independentes. É nessa perspec-
tiva que o sistema de planejamento e controle de custos se insere, se tornando uma
valiosa ferramenta de apoio ao processo de tomada de decisões empresariais.

Conhecer as características de um sistema de custos e os requisitos para a sua implan-


tação nas empresas contribuirá de forma significativa para o gestor, uma vez que,
conhecendo e controlando os custos incorridos nas atividades operacionais, pode-
rá ter uma percepção ampla de o que ocorre em termos financeiros na empresa
que está dirigindo, bem como seu posicionamento em relação à concorrência e ao
mercado. Conhecendo seus custos e comparando-os com os praticados no merca-
do, o gestor poderá direcionar a empresa para o posicionamento estratégico mais
adequado em relação à sua real condição, uma vez que a gestão dos custos empre-
sariais é fator determinante para o sucesso empresarial.

SUMÁRIO 125
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

Desde a definição do público-alvo até o planejamento da mais simples atividade


empresarial, o conhecimento sobre os custos da organização e a otimização de sua
gestão sempre serão fatores decisivos para o sucesso empresarial, principalmente
considerando o acirramento da concorrência nos diversos segmentos de atuação
organizacional. A aplicação correta de conceitos relacionados a custos, bem como
o acompanhamento constante dos custos incorridos nas atividades operacionais e
impacto de suas variações nos resultados da organização, são fatores preponderantes
para que a empresa alcance suas metas e objetivos preestabelecidos em seu plane-
jamento estratégico.

Cabe ao gestor compreender tal característica da análise financeira e gerencial, cien-


te de que a contínua busca pela maximização dos resultados empresariais invariavel-
mente passa pela gestão eficiente e eficaz de seus custos.

126 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

REFERÊNCIAS
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128 SUMÁRIO
ANÁLISE FINANCEIRA E GERENCIAL

SUMÁRIO 129

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