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Contabilidade Gerencial

Contabilidade Gerencial
Autor: Clóvis Luís Padoveze
Como citar este documento: PADOVEZE, Clóvis Luís. Contabilidade Gerencial. Valinhos: 2014.

Sumário
Apresentação da Disciplina 03
Unidade 1: O Sistema Contábil, a Legislação e Necessidades Gerenciais 05
Assista a suas Aulas 32
Unidade 2: Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS 40
Assista a suas Aulas 77
Unidade 3: Tópicos Avançados da Contabilidade Financeira 85
Assista a suas Aulas 116
Unidade 4: A Contabilidade Gerando Informações para Tomada de Decisão 124
Assista a suas Aulas 153

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Apresentação da Disciplina

A disciplina Contabilidade Gerencial tem Standards, adotados no Brasil por meio da


por objetivo apresentar a estrutura básica Lei 11.638/07, que alterou a Lei 6.404/76
em que se baseia a Controladoria, uma das Sociedades por Ações nos artigos
vez que a atividade de Controladoria que apresentam a obrigatoriedade da
fundamenta-se na estrutura da publicação das demonstrações contábeis.
Contabilidade Financeira. A Contabilidade Dentro da disciplina serão apresentados
Financeira é segmento da Ciência Contábil, a estruturação básica do sistema de
a qual é regulamentada pelos princípios informação contábil, os aspectos
fundamentais de contabilidade, também regulatórios legais e tributários,
denominados de PCGA– Princípios uma introdução ao IFRS, as normas
Contábeis Geralmente Aceitos. Hoje, internacionais de contabilidade e as
no Brasil, a estrutura da Contabilidade instituições responsáveis no Brasil pela
Financeira é baseada nos pronunciamentos contabilidade regulamentada. Serão
contábeis elaborados pelo CPC – Comitê apresentados os principais conceitos
de Pronunciamentos Contábeis, que, introduzidos pelas normas internacionais,
por sua vez, são oriundos das normas bem como serão estudados os aspectos
internacionais de contabilidade do mais avançados de contabilidade
IFRS – International Financial Reporting financeira. Ao final serão apresentados os
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fundamentos da contabilidade gerencial,
a contabilidade gerando informações
para o processo de tomada de decisão,
planejamento e avaliação de resultados e
desempenho.

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Unidade 1
O Sistema Contábil, a Legislação e Necessidades Gerenciais

Objetivos

»» Definir os objetivos da ciência contábil.


»» Apresentar os aspectos regulatórios da contabilidade financeira e sua interação com a
legislação tributária.
»» Introduzir os conceitos de contabilidade financeira e contabilidade gerencial.
»» Apresentação da contabilidade como sistema de informação e sua utilização gerencial
nas empresas.

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Introdução

Objetivo da Contabilidade

A contabilidade, nome mais comum utilizado para a ciência contábil, é o ramo das ciências
sociais que tem como objetivo básico controlar o patrimônio de uma entidade por meio da
mensuração econômica das transações de suas operações. Em outras palavras, a contabilidade
tem como objetivo o controle econômico de uma entidade. Historicamente, a contabilidade
moderna foi conhecida a partir da obra Summa de Arithmética, Geometria, Proportioni et
Proporcionalitá, do frei Luca Pacioli, de 1494, mas evidências históricas comprovam a utilização
da contabilidade no formato moderno por volta dos anos 1.200 em Veneza, Itália. O que
caracteriza a contabilidade moderna é a descoberta do método das partidas dobradas, em
contraposição ao método antigo, das partidas simples, que, consistia, basicamente num
inventário dos bens e direitos de uma entidade.
O método das partidas dobradas implica um registro duplo das transações, para posterior
acumulação dos dados, obrigando a identificar a causa e o efeito de cada transação. Assim, para
justificar uma obrigação com um fornecedor de matéria prima (a causa) há a necessidade do
registro de uma mercadoria em estoque (o efeito). Da mesma forma, para justificar a entrada de

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dinheiro em caixa por um serviço prestado entidades empresariais com fins lucrativos.
à vista (efeito), há a necessidade de Um patrimônio empresarial está em
registrar a causa (uma receita). constante mudança, o que é próprio
O patrimônio de qualquer entidade é da dinâmica de um negócio; em outras
formado por bens, direitos e obrigações, palavras, a essência de um negócio
sendo a resultante aritmética da soma empresarial está em realizar operações que
dos bens e direitos, menos as obrigações, gerem um resultado positivo, lucro, para a
denominada de patrimônio líquido. O empresa. As operações são desenvolvidas
patrimônio líquido, pela contabilidade, internamente nas empresas, por meio das
representa a riqueza da entidade. atividades selecionadas e consideradas
Uma entidade contábil é uma unidade necessárias para atingir os seus objetivos
objeto de administração que merece de produzir e entregar produtos e serviços
um controle econômico individualizado. à sociedade. Isto pode ser visto na Figura 1,
Assim, uma entidade contábil pode ser onde fica claro que a empresa é um sistema
uma organização governamental, o próprio que processa recursos e produz bens e
governo federal, uma empresa, uma pessoa serviços.
física ou uma entidade sem fins lucrativos.
A partir de agora, trataremos apenas das
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Figura 1 – A empresa como um sistema processador

Recursos Processamento Produto ou Serviço

Custo: mensuração econômica dos recursos


Receita: mensuração econômica do produto ou serviço

A figura deixa claro que o processo sistêmico empresarial é o processo que vai gerar resultado
das operações, lucro ou prejuízo, uma vez que tanto os custos quanto as receitas serão
mensuradas economicamente, sendo a diferença o resultado obtido nas operações. Assim, uma
empresa caracteriza-se por um conjunto de quatro fluxos das suas atividades, conforme mostra
a Figura 21.

1 Extraído de PADOVEZE, 2010a, p.5.


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Figura 2 -Fluxo operacional, econômico, financeiro e patrimonial das atividades

O fluxo operacional representa a realização física das operações por meio das atividades
dentro da empresa. A partir daí é que se caracteriza o sistema contábil. O sistema contábil
identifica as transações geradas pelas operações, que alteram um patrimônio, e as mensura
economicamente (isto é, atribui valor monetário), que é denominado de fluxo econômico. A
primeira mensuração identifica as receitas, custos, despesas e tributos, permitindo apurar o

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resultado final, ou seja, o lucro ou prejuízo de resgate imediato), identificam-se os
gerado pelas operações. Esta etapa é que elementos patrimoniais resultantes ou
caracteriza também um dos fundamentos necessários para as operações, os bens,
da ciência contábil, que é o regime de direitos e obrigações.
competência, que significa que o lucro Essas figuras deixam claro o objetivo
deve ser apurado quando ele é gerado, e o papel da contabilidade na gestão
independentemente dos momentos do empresarial. Por meio da mensuração
pagamento das despesas e do recebimento econômica dos fluxos das atividades,
das receitas. ela consegue cumprir seu objetivo
Como toda despesa deverá ser paga fundamental: o controle econômico de
e toda a receita deverá ser recebida, uma entidade.
claramente se sucede o fluxo financeiro,
com os impactos das despesas, receitas, 1.1. Contabilidade Financeira e
investimentos e financiamentos no fluxo Gerencial
de caixa da empresa. O fluxo patrimonial
representa a etapa final do processo, A contabilidade nasceu gerencial. Ela
onde, além do saldo de caixa (que inclui nasceu precipuamente para fazer o
saldos bancários e aplicações financeiras controle econômico de uma empresa.
10/169 Unidade 1 • O Sistema Contábil, a Legislação e Necessidades Gerenciais
Nos primórdios da ciência contábil, o principal objeto eram os empreendimentos comerciais,
como as frotas de navios e caravanas utilizadas para identificar mercadorias em regiões
mais distantes para venda em outros mercados. Assim, desde seu início, a contabilidade
caracterizou-se como um sistema de prestação de contas, que ainda é o seu principal objetivo
junto à sociedade, como pode ser visto na Figura 32.

Figura 3 – Contabilidade e prestação de contas

Mercado de Mercado de
Bolsa de Valores
Investimentos Capitais

Empresas Investidores
Investimentos Diretos

Aplicações Fontes de Recursos

Retorno do Investimento
Prestação de Contas
Contabilidade

Como demonstra a Figura 3, qualquer empresa é um empreendimento que se caracteriza


2 Extraído de PADOVEZE, 2006, p.31.
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por um investimento que precisa ser de avaliação do desempenho empresarial
financiado. Os financiamentos são que é o retorno do investimento.
considerados as fontes de recursos obtidas Essa necessidade de prestação de contas
e os investimentos são considerados por meio da contabilidade, ao longo de seu
as aplicações efetuadas na empresa, desenvolvimento e principalmente a partir
em ativos fixos e em capital de giro. Os da revolução industrial, onde começaram a
financiamentos podem ser captados surgir os primeiros grandes conglomerados
junto a bolsas de valores e outros industriais e comerciais, fez com que
mercados financeiros, ou podem ser feitos houvesse a necessidade de se estabelecer
diretamente pelos proprietários utilizando algumas regras, de tal forma que, tanto
suas poupanças particulares. os contadores, como os proprietários
Como todo investimento deve produzir e os investidores externos à empresa,
um lucro que seja suficiente para cobrir utilizassem uma linguagem única.
o custo financeiro dos financiamentos, Essa linguagem única caracterizou
a contabilidade presta conta para os o surgimento da contabilidade
investidores, sejam eles os próprios financeiracomo o primeiro grande
proprietários, outros investidores e segmento da ciência contábil. A linguagem
entidades financeiras, pelo modelo contábil única foi estabelecida, ao longo do tempo,
12/169 Unidade 1 • O Sistema Contábil, a Legislação e Necessidades Gerenciais
por meio da identificação e criação dos princípios contábeis geralmente aceitos (PCGA3),
que são um conjunto de regras, consideradas as melhores para todos os interessados da
informação contábil (stakeholders).
A contabilidade, no seu nascimento, era fundamentalmente gerencial e atinha-se apenas ao
fundamento da mensuração econômica e registro das transações. Cada empresa utilizava-
se de regras que julgava as melhores para a condução de seus negócios. Desta maneira, uma
das principais características da contabilidade financeira está justamente na padronização
das regras a serem utilizadas para todas as empresas. As regras adotadas em nosso país, a
partir de 2008, são as constantes nas normas internacionais e os princípios contábeis têm sido
denominados hoje de práticas contábeis internacionais. A Figura 4 apresentada a seguir mostra
as principais características e diferenças entre a contabilidade financeira e a contabilidade
gerencial.

3 Do inglês GAAP – General AcceptedAccountingPrinciples.


13/169 Unidade 1 • O Sistema Contábil, a Legislação e Necessidades Gerenciais
Figura 4 - Características e diferenças entre contabilidade financeira e contabilidade gerencial
FATOR CONTABILIDADE FINANCEIRA CONTABILIDADE GERENCIAL
Usuário dos relatórios Externos e internos Internos
Objetivo dos relatórios Análise financeira do retorno do Planejamento, controle e avaliação
investimento de desempenho.
Processo de tomada de decisão
Forma dos relatórios Balanço Patrimonial, Demonstração Orçamentos, contabilidade por
dos Resultados, Demonstração dos responsabilidade, relatórios de custos
Fluxos de Caixa e Demonstração das e desempenho.
Mutações do Patrimônio Líquido Qualquer relatório específico e
necessário para o processo de tomada
de decisão.
Frequência dos relatórios Anual e trimestral Quando necessário
Custos ou valores utilizados Primariamente históricos Históricos e esperados
(passados) (previstos)
Base monetária de mensuração Moeda corrente Qualquer moeda, índices,
medidas físicas etc.
Restrições às informações PCGA - Práticas Contábeis Nenhuma

A contabilidade gerencial é essencialmente utilizada para os usuários internos com o objetivo


de tomada de decisão, planejamento, controle e avaliaçãode desempenho. Para tanto, ela
se utiliza de qualquer tipo de informação econômica ou quantitativa, e estrutura relatórios
sempre que necessário em qualquer formato, objetivando ser útil para o processo decisório.
O grande fundamento da contabilidade gerencial é a sua perspectiva de futuro. Assim, deve
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utilizar todos os instrumentos necessários princípio de mensuração econômica da
para os processos de planejamento, sejam contabilidade financeira é o custo real
operacionais, táticos ou estratégicos, ou histórico. A sua sustentação são as
bem como não deve limitar-se, quando práticas contábeis internacionais e os
necessário, às restrições impostas pelas relatórios são padronizados para que sejam
práticas contábeis da contabilidade compreendidos igualmente por qualquer
financeira. usuário.
A contabilidade financeira, mesmo sendo Em termos de gestão econômica
utilizada também pelos usuários internos, das empresas, é necessário que os
tem como referência básica os usuários responsáveis, contadores, controllers,
externos. Assim, um fundamento da tesoureiros e diretores, saibam que é
informação da contabilidade financeira necessário o uso conjunto desses dois
é a objetividade. Os números refletidos grandes segmentos da contabilidade, pois
nas suas demonstrações devem ter eles são complementares. Assim, podemos
claramente a possibilidade de averiguação então, hoje, caracterizar a contabilidade
e auditoria, devendo ser respaldados gerencial como o conjunto dos
por documentação hábil e aceita nos instrumentos de gestão complementares
meios empresariais. Em função disso, o à contabilidade financeira, que se fazem
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necessários para a gestão econômica saídas são representadas pelos relatórios
integral do sistema empresa. e informações contábeis, sejam eles
padronizados ou não, formais ou
1.2. O Sistema Contábil eas De- transmitidos de forma oral. O objetivo do
monstrações Contábeis Básicas sistema contábil é o controle do patrimônio
empresarial.
A contabilidade caracteriza-se operacional
Acompanhando o desenvolvimento das
como um sistema de informação, com
organizações e suas necessidades de
entradas, processamento e saídas, em
informações, a contabilidade foi criando
função de seu objetivo. As entradas do
segmentos especializados, os subsistemas
sistema contábil são dados e informações
contábeis, que têm como objetivo dar foco
das transações realizadas, e os recursos
a determinado conjunto de informações,
humanos, tecnológicos e materiais que
transformando-se assim em instrumentos
serão utilizados no processamento. O
de gestão, como pode ser visto na Figura
processamento dá-se pelo seu sistema
54.
de registros e acumulação, que é feito
nas contas contábeis pelo método
contábil das partidas dobradas. As
4 Extraído de PADOVEZE,2010b,p.36.
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Figura 5 - Sistema contábil, especializações e subsistemas contábeis
Sistema de Informação Contábil

Contabilidade Contabilidade Contabilidade


por Unidades Estratégica em outras
de Negócio Moedas

Análise Sistema Contabilidade


de Balanço e Orçamentário de
Investimentos Custos

Contabilidade Contabilidade Controle


Societária Tributária Patrimonial

A base de todos os subsistemas contábeis é o sistema de contabilidade financeira. A partir dele,


os demais subsistemas cumprem sua missão de complementá-lo, dando suporte completo às
necessidades de informações gerenciais para a empresa.

17/169 Unidade 1 • O Sistema Contábil, a Legislação e Necessidades Gerenciais


Tabela 1 - BALANÇO PATRIMONIAL Inicial
Exemplo numérico para construção das ATIVO CIRCULANTE
Disponibilidades 2.800
demonstrações contábeis básicas Clientes 35.000
Estoques 28.000
Soma 65.800
As demonstrações contábeis básicas são: ATIVO NÃO CIRCULANTE
Realizável a longo prazo 200
a. Demonstração do resultado do Investimentos 0
período. Imobilizado 78.000
Intangível 0
b. Balanço patrimonial ao final do (-) Depreciações e amortizações acumuladas -16.000
Soma 62.200
período. ATIVO TOTAL 128.000
PASSIVO CIRCULANTE
c. Demonstração dos fluxos de caixa do Fornecedores 17.000
período. Salários, encargos e contas a pagar 13.000
Tributos a recolher 2.000
Para dar suporte à estruturação dessas Empréstimos 3.000
Soma 35.000
demonstrações, partiremos de um PASSIVO NÃO CIRCULANTE
balanço patrimonial inicial assumido, Financiamentos 24.000
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
utilizandoexemplos dos principais eventos Capital Social 50.000
econômicos de uma empresa comercial. Reservas 10.000
Lucros acumulados 9.000
Soma 69.000
PASSIVO TOTAL 128.000

18/169 Unidade 1 • O Sistema Contábil, a Legislação e Necessidades Gerenciais


A seguir, listamos os principais eventos identificar os eventos de receitas e
econômicos de uma empresa, que serão a despesas, pelo regime de competência, que
base para estruturarmos as demonstrações comporão a demonstração do resultado
contábeis básicas. do período. São os eventos 2, 3, 6, 8, 9,
Tabela 2 - Eventos econômicos de um período 13,14 e 16. A demonstração do resultado
1. Compra de mercadorias a prazo 305.000
resultante está na Tabela 3, apresentada a
2. Venda de mercadorias a prazo 420.000
3. Custo das mercadorias vendidas 302.900 seguir.
4. Recebimento de clientes 417.100 Tabela 3 - DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO PERÍODO
5. Pagamentos a fornecedores 303.400
Receita operacional 420.000
6. Despesas do período 95.000 (-) Custo das mercadorias vendidas -302.900
7. Pagamento de despesas 93.500 = Lucro bruto 117.100
8. Depreciação do imobilizado 7.800 (-) Despesas operacionais -95.000
9. Tributos sobre o lucro 3.840 (-) Depreciação -7.800
10. Pagamento de tributos 3.600 = Lucro operacional antes das despesas financeiras 14.300
11. Obtenção de financiamento a longo prazo 12.000 (-) Despesas financeiras -2.900
12. Pagamento de empréstimos de curto prazo 1.200 (+) Receitas financeiras 140
13. Juros de empréstimos de curto prazo 400 = Lucro antes dos tributos sobre o lucro 11.540
14. Juros de financiamentos de longo prazo 2.500 (-) Tributos sobre o lucro -3.840
15. Aquisição de novos imobilizados 22.000 = Lucro líquido do período 7.700
16. Receitas financeiras 140
17. Lucros distribuídos durante o ano 4.800 Com a demonstração do resultado do
A primeira demonstração básica é período, mais os demais eventos de
recebimento e pagamento, podemos
19/169 Unidade 1 • O Sistema Contábil, a Legislação e Necessidades Gerenciais
estruturar o balanço final. A Tabela Tabela 4 - BALANÇO PATRIMONIAL Inicial Final
ATIVO CIRCULANTE
4 apresenta os dois balanços Disponibilidades 2.800 3.540
patrimoniais. Clientes 35.000 37.900
Estoques 28.000 30.100
Soma 65.800 71.540
ATIVO NÃO CIRCULANTE
Realizável a longo prazo 200 200
Investimentos 0 0
Imobilizado 78.000 100.000
Intangível 0 0
(-) Depreciações e amortizações acumuladas -16.000 -23.800
Soma 62.200 76.400
ATIVO TOTAL 128.000 147.940
PASSIVO CIRCULANTE
Fornecedores 17.000 18.600
Salários, encargos e contas a pagar 13.000 14.500
Tributos a recolher 2.000 2.240
Empréstimos 3.000 2.200
Soma 35.000 37.540
PASSIVO NÃO CIRCULANTE
Financiamentos 24.000 38.500
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Capital Social 50.000 50.000
Reservas 10.000 10.000
Lucros acumulados 9.000 11.900
Soma 69.000 71.900
PASSIVO TOTAL 128.000 147.940

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Por último, estruturamos o fluxo de caixa. O Tabela 5 - FLUXO DE CAIXA - MÉTODO INDIRETO
I - Fluxo de caixa das atividades operacionais
fluxo de caixa pode ser elaborado por dois Lucro líquido do período 7.700
métodos, o direto e o indireto. (+) Depreciações 7.800
(+) Despesas financeiras 2.900
Primeiramente apresentamos o fluxo de = Lucro gerado pelas operações 18.400
(-) Aplicações no capital de giro
caixa pelo método indireto, que parte Variação de clientes -2.900
do lucro líquido ajustado por despesas e Variação de estoques -2.100
Variação de fornecedores 1.600
receitas não efetivadas financeiramente no Variação de salários e contas a pagar 1.500
período, adiciona ou exclui as variações do Variação de tributos a recolher 240
Soma -1.660
capital de giro obtidas por diferenças entre = Lucro gerado para o caixa 16.740
II - Fluxo de caixa das atividades de investimentos
os balanços iniciais e finais, e conclui com
Variação do realizável a longo prazo 0
as transações financeiras de investimentos Aumento dos investimentos 0
Aquisição de imobilizados -22.000
e financiamentos, conforme evidenciado Aumento de intangíveis 0
na Tabela 5. -22.000
III - Fluxo de caixa das atividades de financiamentos
Aumento dos financiamentos de longo prazo 12.000
Redução dos financiamentos de curto prazo -1.200
Distribuição de lucros -4.800
6.000
Saldo de caixa gerado no período 740
(+) Saldo inicial de caixa 2.800
= Saldofinal de caixa 3.540

21/169 Unidade 1 • O Sistema Contábil, a Legislação e Necessidades Gerenciais


A Tabela 6 apresenta a estrutura do fluxo Essas três demonstrações contábeis
de caixa pelo método direto. básicas apresentam os resultados dos três
fluxos das atividades:
Tabela 6 - FLUXO DE CAIXA - MÉTODO DIRETO
I - Fluxo de caixa das atividades operacionais a. O fluxo econômico, evidenciado
Recebimento de clientes 417.100
(-) Pagamentos a fornecedores -303.400
pela demonstração do resultado do
(-) Pagamentos de despesas operacionais -93.500 período, que indica o lucro gerado.
(-) Pagamentos de tributos -3.600
= Lucro gerado para o caixa 16.600
É por meio dessa demonstração que
II - Fluxo de caixa das atividades de investimentos se conhece a estrutura de custos e
Variação do realizável a longo prazo 0
Aumento dos investimentos 0
despesas e a capacidade de geração
Aquisição de imobilizados -22.000 operacional de lucros e caixa.
Aumento de intangíveis 0
-22.000 b. O fluxo financeiro, evidenciado pela
III - Fluxo de caixa das atividades de financiamentos
Aumento dos financiamentos de longo prazo 12.000
demonstração dos fluxos de caixa
Redução dos financiamentos de curto prazo -1.200 por qualquer método, que tem como
Distribuição de lucros -4.800
6.000
objetivo monitorar a liquidez da
(+) Receitas financeiras 140 empresa, o ativo mais dinâmico da
Saldo de caixa gerado no período 740
(+) Saldo inicial de caixa 2.800
entidade.
= Saldofinal de caixa 3.540
c. O fluxo patrimonial, que é o reflexo

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dos dois fluxos anteriores, refletido 1.3. A Legislação Contábil
na demonstração do balanço e Tributária
patrimonial, onde fica evidentetanto
o resultado da geração de lucros A estrutura da contabilidade brasileira em
como da administração financeira da termos de legislação fundamentalmente
empresa. está alicerçada em dois diplomas legais:
Com relação aos métodos de apresentação a. O novo Código Civil constante da
dos fluxos de caixa, entendemos que Lei 10.406/02, que obriga todas as
se deve dar ênfase ao método indireto, empresas a elaborarem o balanço
pois, por meio dele, conseguimos fazer patrimonial e a demonstração do
o elo de ligação entre a geração do lucro resultado do exercício.
(regime de competência) e as decisões de b. E a Lei 6.404/76 das sociedades por
investimento e financiamento constantes ações, que determina a estrutura
do balanço patrimonial. O método direto das demonstrações contábeis nos
é importante para a gestão de tesouraria, capítulos 175 a 205.
mas não tem a riqueza gerencial do
método indireto. A estrutura legal da contabilidade consta,
efetivamente, na Lei 6.404/76, porque
23/169 Unidade 1 • O Sistema Contábil, a Legislação e Necessidades Gerenciais
mesmo sendo inicialmente uma lei para um tipo de organização jurídica, as sociedades por
ações, a legislação tributária do imposto de renda e o CFC – Conselho Federal de Contabilidade
estenderam a obrigatoriedade desta estrutura para todas as empresas, independentemente de
ser sociedade anônima, limitada ou empresário individual.
As leis 11.638/07 e 11.941/09 adaptaram a estrutura contábil constante da Lei 6.404/76,
transformando-a para os padrões internacionais de contabilidade do IFRS – International
Financial Reporting Standards, hoje também obrigatórios.
As companhias abertas, sociedades por ações que têm seus títulos negociados na BOVESPA,
também devem obedecer regras complementares, se for o caso, da CVM – Comissão de Valores
Mobiliários.

Legislação Tributária
Não há dúvida que a complexidade do sistema tributário brasileiro, bem como o seu impacto
econômico em função da carga tributária ser considerada elevada, afeta a gestão contábil,
tanto nos seus aspectos societários como gerenciais.
Os principais tributos que afetam os negócios de forma permanente são:

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I. Tributos sobre as transações de compra e venda
• Esfera federal: IPI – Imposto sobre os Produtos Industrializados.
• Esfera federal: PIS e COFINS – tributos considerados contribuições sociais.
• Esfera estadual: ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços.
• Esfera municipal: ISS – Imposto sobre Serviços.
• SIMPLES – tributação apenas sobre o faturamento das vendas para PMEs que faturam
até $ 3.600.000,00
II. Tributos federais sobre o lucro
• IR – Imposto de Renda.
• CSLL – Contribuição Social sobre o Lucro Líquido.
III. Tributos e encargos sobre a folha de pagamento
• INSS – Contribuição Previdenciária.
• Seguro de acidente do trabalho.
• FGTS – Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, contribuição direta ao trabalhador.

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IV. Tributos sobre movimentação financeira
• IOF – Imposto sobre Operações Financeiras.
• IOC – Imposto sobre Operações Cambiais.
• IRRF – Imposto Retido na Fonte não recuperável.
A legislação é extensa e a maior parte é regulamentada pela Receita Federal do Brasil, exceto
nos casos do ICMS e ISS que tem regulamentos próprios emitidos por cada estado ou município.

Tributação e Obrigatoriedade das Demonstrações Contábeis


A Receita Federal do Brasil não exige contabilidade, ficando optativa para empresas
enquadradas no SIMPLES e no regime de imposto de renda do Lucro Presumido e Arbitrado.
Contudo, o código civil é mandatório, e assim, as demonstrações contábeis devem ser
obrigatoriamente levantadas pelo menos em 31 de dezembro de cada ano.

1.4. Necessidades Gerenciais

Na introdução foi salientado que a contabilidade nasceu gerencial e, posteriormente, ganhou


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os contornos regulatórios, segmento este que passou a ser denominado de contabilidade
financeira.
Cabe à ciência contábil desenvolver todos os segmentos de atuação que permitam o
gerenciamento econômico completo da empresa, para o processo de tomada de decisão,
controle, planejamento e avaliação de desempenho.
A empresa se caracteriza como uma organização hierárquica, que desenvolve atividades por
meio de seus departamentos e produz e entrega produtos e serviços à sociedade. Assim, a
contabilidade deve suportar a gestão com instrumentos que permitam ver o todo, as partes e o
analítico, conforme apresentado na Figura 6.

Figura 6 - Estrutura da Contabilidade para Apoio à Administração


Gerenciamento Gerenciamento Gerenciamento
Global Setorial Específico
O TODO AS PARTES O ANALÍTICO

Contabilidade Financeira Unidades de Negócio Eventos Econômicos


Análise de Balanço Setores Produtos e Serviços
Análise de Fluxo de Caixa Atividades Custos
Gestão Tributária Departamentos Formação de Preços
PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO
CONTABILIDADE ESTRATÉGICA

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Verificamos que a contabilidade, ao longo de seu desenvolvimento, criou instrumentos de
gestão para todas as necessidades do processo decisório, também denominados de segmentos
da ciência contábil. Assim, há instrumentos de gestão claramente destinados a gerenciar a
empresa como um todo, instrumentos de gestão que focam a necessidade de gerenciar as
partes e instrumentos de gestão alinhados com as transações dos eventos econômicos e o
gerenciamento do custo e preços de venda dos produtos e serviços.
Esta estrutura gerencial básica deve ser suportada permanentemente em termos de
perspectiva de futuro, cuja base é o segmento contábil representado pelo planejamento
orçamentário e os instrumentos de contabilidade de apoio ao planejamento estratégico,
agrupados no segmento de contabilidade estratégica, que serão desenvolvidos no Capítulo 4.

28/169 Unidade 1 • O Sistema Contábil, a Legislação e Necessidades Gerenciais


Para saber mais
HENDRIKSEN, Eldon S. e VAN BREDA, Michael F. Teoria da Contabilidade. São Paulo: Atlas,
1999.
IUDÍCIBUS, Sérgio de. Teoria da Contabilidade. 10. Ed., São Paulo: Atlas, 2010.
PADOVEZE, Clóvis Luis. Sistemas de Informações Contábeis. 6ª. Ed., São Paulo; Atlas, 2009.
STICKNEY, Clyde P. e WEIL, Roman L. Contabilidade Financeira. São Paulo: Atlas, 2001.

29/169 Unidade 1 • O Sistema Contábil, a Legislação e Necessidades Gerenciais


Link
Lei 6.404/76 das Sociedades por ações, alterada pelas Leis 11.638/07 e
11.941/09.
<www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm>

Regulamento do Imposto de Renda – RIR/1999


<www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao>

SIMPLES – Lei complementar 123 de 14.12.2006.

30/169 Unidade 1 • O Sistema Contábil, a Legislação e Necessidades Gerenciais


Glossário
Contabilidade financeira: denomina-se contabilidade financeira um dos dois maiores
segmentos de utilização da ciência contábil que é a estrutura contábil regulada por lei para
atender às necessidades legais dos investidores, proprietários, acionistas, governo e outros
interessados nas demonstrações contábeis, que contém um conjunto de padronização para
que seja entendida por qualquer usuário em qualquer situação ou parte do mundo.
Contabilidade gerencial: denomina-se contabilidade gerencial a utilização da ciência contábil
para o processo de gestão empresarial, para tomada de decisão, planejamento, controle e
avaliação de desempenho. A contabilidade gerencial caracteriza-se por desenvolver todos os
instrumentos de gestão (também chamados de segmentos da contabilidade) necessários para
complementar a estrutura já existente da contabilidade financeira.
Patrimônio: patrimônio pode ser definido como o conjunto de todos os bens, direitos e
obrigações. Os direitos são valores a receber ou serem realizados em dinheiro no futuro
e as obrigações são valores que devem ser pagos em dinheiro no futuro. Esses elementos
patrimoniais estão representados na figura mais importante da estrutura contábil que é o
balanço patrimonial.

31/169 Unidade 1 • O Sistema Contábil, a Legislação e Necessidades Gerenciais


Assista a suas aulas

Aula 1 - Tema: Contabilidade e o Sistema Aula 1 - Tema: Contabilidade Financeira


Empresa  – Bloco I e Gerencial  – Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
4893157f8e63a2e1f7139cca4fe94b25>. 85f3dce2a4078683ec3a14be220a2bab>.

32/169
Assista a suas aulas

Aula 1 - Tema: Demonstrações Contábeis Aula 1 - Tema: Estrutura Legal Contábil e


Básicas – Parte I  – Bloco III Sistema Tributário Brasileiro – Bloco IV
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
23fe8035783eb4e68dac4dff7a071a35>. 144584054f5d6596fb373060766fc470>.

33/169
Questão 1
1. O objetivo da ciência contábil é:

a) ( ) levantar o balanço patrimonial.


b) ( ) apurar a demonstração do resultado de um período.
c) ( ) o controle econômico do patrimônio de uma entidade.

34/169
Questão 2
2. A demonstração do resultado do período é visualizada no:

a) ( ) fluxo econômico das atividades.


b) ( ) fluxo patrimonial das atividades.
c) ( ) fluxo financeiro das atividades.

35/169
Questão 3
3. O grande papel da contabilidade financeira de prestação de contas é
resumido no indicador do:

a) ( ) retorno do investimento.
b) ( ) valor do lucro operacional.
c) ( ) valor do patrimônio líquido.

36/169
Questão 4
4. Os fundamentos da informação da contabilidade financeira e da con-
tabilidade gerencial, são, respectivamente:

a) ( ) prestação de contas e avaliação de desempenho.


b) ( ) objetividade e perspectiva de futuro.
c) ( ) apuração do lucro e análise de balanço.

37/169
Questão 5
5. A estrutura legal contábil brasileira atual está contida:

a) ( ) no Regulamento do Imposto
de Renda.
b) ( ) na Lei 6.404/76.
c) ( ) no sistema tributário
brasileiro.

38/169
Gabarito
1. Resposta: C

2. Resposta: A

3. Resposta: A

4. Resposta: B

5. Resposta: B

39/169
Unidade 2
Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS

Objetivos

»» Apresentar as instituições responsáveis pela normatização


da contabilidade no Brasil.
»» Definir os conceitos de sociedade de grande porte e pequena
e média empresa para fins contábeis.
»» Apresentar o conjunto completo das demonstrações
contábeis para fins legais.
»» Introduzir os principais conceitos e alterações introduzidos
pelas normas internacionais.
»» Apresentar os aspectos relevantes da contabilidade social.

40/169
Introdução

Instituições Responsáveis pela Contabilidade no Brasil

A Lei 11.638/07 trouxe uma série de alterações à Lei 6.404/76 das sociedades por ações, onde
consta a estrutura legal da contabilidade brasileira, e determinou que as empresas brasileiras
adotassem os padrões internacionais de contabilidade do IFRS – International Financial
Reporting Standards, objetivando atualizar a estrutura contábil brasileira em relação aos demais
países, com o fim de padronização, mas também devido à forte pressão dos investidores do
mercado financeiro.
Havia dúvida no mercado financeiro em relação à adoção dos padrões internacionais (ligados
à Europa) ou dos padrões de contabilidade norte-americanos, também denominados de US
GAAP. A opção foi pelos padrões do IFRS, até que haja uma convergência mundial com os
padrões norte-americanos.
Para essa tarefa, as instituições contábeis brasileiras resolveram por bem criar um organismo
independente das organizações legalmente responsáveis para ciência contábil em nosso país,
para o papel central de promover a integração completa dos padrões contábeis brasileiros com

41/169 Unidade 2 • Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS


os padrões do IFRS. procedimentos técnicos, orientações
Para tanto, o Comitê de Pronunciamentos e interpretações contábeis eram de
Contábeis – CPC foi criado em 07.10.2005 responsabilidade, basicamente:
pela Resolução Número 1.055/05 do CFC a. do Conselho Federal de
– Conselho Federal de Contabilidade para Contabilidade, para todas as
ser o único órgão responsável pela emissão empresas no território nacional.
dos pronunciamentos contábeis no Brasil, b. da CVM – Comissão de Valores
em função das necessidades de1: Mobiliários, para as companhias
a. convergência internacional das abertas.
normas contábeis. Também eram agentes legalmente
b. centralização na emissão de normas autorizados o IBRACON, para as auditorias
contábeis. independentes; o Banco Central para as
c. representação das instituições instituições financeiras; a SUSEP para
nacionais interessadas em eventos as instituições seguradoras; e a Receita
internacionais. Federal, no âmbito tributário.

Antes da criação do CPC, as normas, O CPC é composto por dois representantes


das seguintes entidades:
1 Adaptado de PADOVEZE, 2012b, p.126/7.
42/169 Unidade 2 • Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS
1. ABRASCA – Associação Brasileira das Companhias Abertas.
2. APIMEC Nacional – Associação dos Analistas e Profissionais de Investimentos do Mercado
de Capitais.
3. BOVESPA – Bolsa de Valores de São Paulo.
4. CFC – Conselho Federal de Contabilidade.
5. FIPECAFI – Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras.
6. IBRACON – Instituto dos Auditores Independentes do Brasil.

O CPC sempre convidará representantes do:


Banco Central do Brasil
Comissão de Valores Mobiliários – CVM
Secretaria da Receita Federal
Superintendência de Seguros Privados – SUSEP
Em resumo, hoje o arcabouço regulatório para a contabilidade brasileira está fundamentado:
a. na Lei 6.404/76 com as alterações produzidas pelas Leis 11.638/07 e 11.941/09.
43/169 Unidade 2 • Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS
b. nas normas produzidas pelo CPC, que são referendadas pelos órgãos legalmente
responsáveis pela contabilidade, como o CFC, a CVM, o Banco Central do Brasil, a SUSEP e
as agências reguladores.

As normais emitidas pelo CPC hoje são denominadas no seu conjunto como práticas contábeis,
em substituição às nomenclaturas anteriores de princípios de contabilidade geralmente
aceitos(PCGA ou GAAP-inglês) e osprincípios fundamentais de contabilidade, denominação esta
que havia sido adotada pelo CFC – Conselho Federal de Contabilidade.

Normas Emitidas pelo CPC– Comitê de Pronunciamentos Contábeis


Basicamente, o trabalho do CPC foi fazer uma tradução adaptada à semântica brasileira dos
padrões internacionais de contabilidade do IFRS. A base de todas as normas contábeis está
hoje contida nos Pronunciamentos Contábeis, que são abreviados pela sigla CPC.
Além das normas contidas nos CPCs, o CPC também emite interpretações e orientações. Até o
momento foram emitidos:
• 46 CPCs numerados, ou seja, Pronunciamentos Contábeis, mais dois CPCs não

44/169 Unidade 2 • Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS


numerados, que são o CPC-PME:Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas (R1)
e o CPC Pronunciamento Conceitual Básico(R1)-Estrutura Conceitual para Elaboração
e Divulgação dos Relatórios Contábil-Financeiros. Alguns CPCs numerados foram
substituídos por outros.
• 18 Interpretações, iniciadas com a sigla ICPC.
• 6 Orientações Técnicas, iniciadas com a sigla OCPC.
Em razão da natural dinâmica da economia, sempre surgem novos conceitos e eventos
econômicos que não haviam sido previstos. Assim, é função do CPC identificar esses novos
conceitos e eventos econômicos, e, se sua contabilização, reconhecimento e mensuração não
estiverem contemplados em CPCs já existentes, elaborar um novo pronunciamento contábil.
Neste processo, primeiramente o CPC emite uma minuta, que é colocada em audiência pública
por determinado tempo, para depois ser traduzido num pronunciamento contábil normatizado.

A CVM – Comissão de Valores Mobiliários e Governança Corporativa


Antes da criação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis, as normas gerais de contabilidade
eram de responsabilidade do CFC – Conselho Federal de Contabilidade, cabendo à CVM –

45/169 Unidade 2 • Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS


Comissão de Valores Mobiliários, por investidores minoritários aqueles
lei, determinar as adaptações para as investidores que adquirem e negociam
sociedades anônimas de capital aberto. títulos emitidos por empresas no país,
As sociedades anônimas de capital aberto, mas cuja quantidade de títulos não lhes
conhecidas como companhias abertas, dá poder de decidir na administração da
são as sociedades anônimas que tem empresa de quem são participantes por
seus títulos (ações, debêntures, bônus) meio dos títulos. O poder de decidir na
negociados nas bolsas de valores em administração da empresa sempre fica com
âmbito mundial. No Brasil, a CVM tem os investidores e acionistas majoritários,
responsabilidade pela administração também denominados de controladores.
da estrutura de negociação de títulos
financeiros emitidos por empresas, que Governança Corporativa2
inclui os fundos de investimentos, títulos
de dívida, e, em especial, o movimento da O conceito geral que fundamenta este
BOVESPA. papel básico da CVM é denominado
mundialmente de governança
O fundamento da gestão da CVM é dar corporativa. O conceito de governança
garantia aos investidores ou acionistas corporativa representa a participação
minoritários. São denominados de 2 Adaptado de PADOVEZE, 2012a, p.94.
46/169 Unidade 2 • Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS
ativa dos investidores institucionais na melhoria no processo de comunicação
administração geral dos negócios da com os investidores, denominado de
empresa. De modo geral, representa a níveis de governança. Parte do Nível 1, até
necessidade que os acionistas minoritários o Nível 3, chegando até o nível máximo
têm de participar efetivamente da direção chamado de Novo Mercado. Para cada
geral dos negócios da corporação. Nível, a companhia aberta é obrigada a
As empresas que adotam o conceito prestar informações adicionais ao mercado
de governança corporativa tendem de investidores, por meio da diretoria
a dar maior transparência de seus de Relações com os Investidores. Essas
negócios e padrões contábeis e informações são consideradas adicionais
financeiros ao mercado, tornando-se porque não estão na estrutura mínima de
empresas com maior aceitação geral, informações que são obrigatórias pela Lei
e, consequentemente, atrativas para 6.404/76.
investimentos.
1.1 Sociedades de Grande Porte
A BOVESPA, com o intuito de provocar
e Pequenas e Médias Empresas
a melhoria constante no processo de
governança corporativa, instituiu um A lei 11.638/07 criou o conceito de
conjunto de regras para incentivar a
47/169 Unidade 2 • Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS
sociedades de grande porte, que, mesmo este aspecto não está explicitado na lei
sob outra organização jurídica, equiparam- 11.638/07, a interpretação mais aceita é
se em vários aspectos às sociedades de que não há talobrigatoriedade.
anônimas de capital aberto. Caracterizam- No Brasil há várias legislações e
se como empresas de grande porte as entidades que classificam as Pequenas
sociedades ou conjunto de sociedades sob e Médias Empresas– PMEs, em função
controle comum que tiveram, no exercício do seu faturamento ou da quantidade
social anterior, ativo total superior a de funcionários. Uma das principais
$250.000.000,00 ou receita bruta anual classificações é dada pelo regime tributário
superior a $300.000.000,00. do SIMPLES, onde se caracterizam PMEs
As sociedades de grande porte têm a as empresas que comfaturamento anual
obrigatoriedade de auditoria independente inferior a $3.600.000,00.
por auditor registrado na CVM – Comissão Em termos de legislação contábil, regulada
de Valores Mobiliários. Alguns juristas pelo pronunciamento CPC-PME, a
interpretam que as sociedades de grande definição de pequenas e médias empresas
porte têm também a obrigatoriedade de é diferente, tendo como referência a
publicar as demonstrações financeiras negociação de suas ações ou cotas.
para os usuários externos. Contudo, como
48/169 Unidade 2 • Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS
prática contábil é ditada pelo
Para fins contábeis, caracteriza-se PME correspondente órgão regulador com
como o conjunto composto por sociedades poder legal para tanto.
fechadas e sociedades que não sejam
requeridas a fazer prestação pública de suas Para as PMEs existe um pronunciamento
contas. O termo empresas de pequeno e contábil específico, sem número,
médio porte adotado no pronunciamento denominado CPC-PME. Para as demais
CPC-PME não inclui: sociedades aplicam-se todos os outros
a. As companhias abertas, reguladas pronunciamentos contábeis (46
pela Comissão de Valores Mobiliários pronunciamentos até março/2013), que
– CVM. são denominados no mercado como Full
CPC, ou seja, CPCs completos. Contudo, a
b. As sociedades de grande porte, como
PME tem a opção de utilizar apenas o CPC-
definido na Lei 11.638/07.
PME ou o Full CPC, devendo esta escolha
c. As sociedades reguladas pelo ser registrada em nota explicativa no
Banco Central do Brasil, pela primeiro ano de sua adoção, e, a partir daí,
Superintendência de Seguros adotá-los com uniformidade ao longo dos
Privados e outras sociedades cuja anos.

49/169 Unidade 2 • Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS


Em resumo, o ponto central para caracterizar-se como PME não é o seu faturamento ou
tamanho, mas não possuira obrigatoriedade de prestação pública de contas. A prestação
pública de contas é uma obrigatoriedade das companhias abertas, com ações nas bolsas de
valores, e em empresas que emitiram títulos de dívida, como bônus e debêntures, onde, mesmo
não sendo companhias abertas, há a necessidade de prestação de contas aos investidores. O
que é importante ressaltar é que sociedades anônimas de capital fechado podem se caracterizar
como PME, para fins de estruturação de sua contabilidade, desde que não sejam sociedades de
grande porte.
A Figura 1 mostra as características principais que diferenciam companhias abertas,
sociedades de grande porte e PMEs, para fins de estruturação das informações contábeis.

50/169 Unidade 2 • Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS


Figura 1 - Estrutura contábil e tipo de sociedade empresarial
Sociedade anônima Sociedade de
Elementos diferenciadores de capital aberto grande porte PME
Ações negociadas Limitadas e S/As Limitadas e S/As fechadas sem
Caracterização principal na BOVESPA fechadas* obrigatoriedade de prestação
de contas
Auditora independente Obrigatório Obrigatório Não obrigatório
Órgão regulamentador contábil CVM CVM CFC
Pronunciamentos contábeis Full CPC Full CPC CPC - PME ou Full CPC
Publicação das demonstrações financeiras Obrigatório Não obrigatório Obrigatório se for S/A fechada
Não obrigatoriedade Não obrigatoriedade da DVA e da
Demonstrações Contábeis Completas da DVA** DFC*** se o patrimônio líquido
for inferior a $ 2.000.000,00.
*Recei ta Bruta s uperi or a $ 300.000.000,00 ou a ti vo tota l s uperi or a $ 250.000.000,00.
** DVA - Demons tra çã o do Va l or Adi ci ona do
*** DFC - Demons tra çã o dos Fl uxos de Ca i xa

1.2 Conjunto Completo das Demonstrações Contábeis

O conjunto completo das demonstrações contábeis em nosso país compreende as seguintes


demonstrações:
I. Balanço patrimonial ao final do período.
II. Demonstração do resultado do período de divulgação.
51/169 Unidade 2 • Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS
III. Demonstração do resultado novos conceitos de avaliação introduzidos
abrangente. pelos pronunciamentos contábeis do
IV. Demonstração das mutações do CPC. Contudo, ela pode ser suprimida na
patrimônio líquido. publicação, caso suas movimentações
estejam contempladas adequadamente
V. Demonstração dos fluxos de caixa.
na Demonstração das Mutações do
VI. Demonstração do valor adicionado. Patrimônio Líquido.
VII. Notas Explicativas.
A seguir mostraremos a estrutura das
VIII. Relatório da administração. principais demonstrações contábeis,
IX. Parecer dos auditores independentes. indicando as principais modificações na
evidenciação. O balanço patrimonial com
As demonstrações de cada exercício serão as novas regras contábeis tem a seguinte
publicadas com a indicação dos valores estrutura, como mostra a Figura 1.
correspondentes das demonstrações do
exercício anterior.
A demonstração do resultado abrangente
não está prevista na Lei 11.638/07, mas
é considerada obrigatória em função dos
52/169 Unidade 2 • Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS
Balanço Patrimonial
Figura 1 - Balanço Patrimonial - Leis 11.638/07 e 11.941/09
ATIVO PASSIVO
CIRCULANTE CIRCULANTE
Caixa e Bancos Empréstimos e financiamentos
Aplicações financeiras Títulos descontados
Títulos a Receber de Clientes Fornecedores
(-) Créditos de liquidação duvidosa Salários e Encargos a pagar
Estoques Tributos sobre mercadorias
Adiantamentos Tributos sobre lucro
Outros créditos Adiantamento de clientes
Despesas do exercício seguinte Dividendos e lucros a distribuir

NÃO CIRCULANTE NÃO CIRCULANTE


Realizável a longo prazo Empréstimos e financiamentos
Títulos a receber Tributos refinanciados
Títulos mobiliários para negociação Mútuos de empresas relacionadas
Títulos mobiliários para venda Provisões contingentes
Créditos com pessoas ligadas Receitas (-) Despesas diferidas
Investimentos
Em empresas ligadas PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Em outras empresas Capital Social
Imobilizado (-) Ações em tesouraria
Imóveis, Máquinas, Móveis, Veículos Reservas de capital
(-) Depreciação e exaustão acumulada Ajustes de avaliação patrimonial
Intangível Reservas de lucros
Gastos com aquisição ou geração de Lucros ou Prejuízos acumulados
marcas, softwares licenciáveis, Outros resultados abrangentes
patentes etc. e goodwil adquirido

53/169 Unidade 2 • Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS


As principais alterações promovidas em absorver os itens de ativos
relação à estrutura anterior são: intangíveis.
a. Criação do conceito de Ativo Não f. Extinção da nomenclatura Exigível
Circulante, que compreende o a Longo Prazo, substituído pela
realizável a longo prazo e os itens do nomenclatura Passivo Não
antigo ativo permanente. Circulante.
b. Supressão do conceito de ativo g. Inclusão da conta de Ações em
permanente, que passa a não mais Tesouraria, Ajustes de Avaliação
existir. Patrimonial e Outros Resultados
c. Necessidade de classificação Abrangentes, no Patrimônio Líquido.
separada dos ativos ou instrumentos h. Extinção do item Reserva de
financeiros em aplicações financeiras, Reavaliações, uma vez que esta
instrumentos financeiros para possibilidade foi extinta pela Lei
negociação e instrumentos 11.638/07.
financeiros para venda.
d. Extinção do ativo diferido.
e. Criação de um novo grupo para
54/169 Unidade 2 • Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS
Extinção do Ativo Diferido e Introdução do Intangível
Pode ser considerada a maior alteração, mas não são conceitos substitutos, e, sim,
completamente diferentes.
O ativo diferido, em essência, é uma possibilidade de postergar o lançamento de despesas em
mais de um ano, partindo da premissa que o gasto pode ajudar lucros de períodos futuros.
O ativo intangível não é uma despesa postergada, mas sim gastos para obter ou adquirir um
bem incorpóreo, mas que pode ser objeto de venda, renda ou negociação.

Extinção da Reserva de Reavaliação


A reavaliação caracteriza-se como um lançamento adicional ao valor de aquisição dos
bens imobilizados em função de sua valorização ao longo do tempo. Esta possibilidade foi
extinta. Foi aberta a faculdade das empresas manterem a reserva de realização existente até
31.12.2007, com mesmos procedimentos antigos, até a sua realização definitiva.
Também foi aberto pelo CFC e pelo CPD, por meio da Interpretação ICPC 10, a possibilidade de
um ajuste do valor dos bens imobilizados e propriedades para investimentos, denominado de
custo atribuído (deemedcost), apenas no primeiro balanço de transição de adoção das normas
55/169 Unidade 2 • Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS
internacionais. práticas contábeis permitidas nos CPCs,
receitas e despesas ainda não realizadas,
de ajustes a valor justo de determinados
Ações em Tesouraria elementos patrimoniais. As principais
Esta conta contábil já era utilizada pelas possibilidades são a variação cambial
companhias abertas, quando necessário, de investimentos no exterior e ajustes a
mesmo não havendo previsão na Lei valor justo de instrumentos financeiros
6.404/76. Ela deve ser utilizada quando a destinados à venda. Quando esses ativos
empresa, eventualmente, recompra suas forem realizados (vendidos), esses valores
próprias ações, até o momento de revendê- serão transferidos para a demonstração do
las ou cancelá-las. Esta possibilidade, para resultado do exercício da realização.
as companhias abertas, deve ser aprovada
antecipadamente pela CVM.
Demonstração de Outros Resultados
Abrangentes
Ajustes de Avaliação Patrimonial Na mesma linha do conceito da conta
Esta conta é destinada a absorver, de ajustes de avaliação patrimonial,
temporariamente, e apenas em cima de ele apresenta resultados de ajustes de

56/169 Unidade 2 • Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS


avaliação de elementos patrimoniais ainda não realizados, até o exercício de sua realização,
ou que, por definição dos pronunciamentos contábeis, não devem compor a demonstração do
resultado do exercício. A Figura 2 mostra as principais receitas ou despesas que devem compor
esta demonstração contábil. A demonstração do resultado abrangente deve iniciar com a
última linha da demonstração do resultado do exercício e, em sequência, demonstrar todos os
itens de outros resultados abrangentes.

Figura 2 - Demonstração dos Resultados Abrangentes


Lucro Líquido do Exercício
(+) Itens de despesa e receita que não transitaram pela DRE
Variação cambial de aplicações financeiras no exterior
Variação cambial de investimentos em controladas e coligadas no exterior
Ajuste a valor justo de instrumentos financeiros disponíveis para venda
Variação dos passivos de planos de previdência privada de benefício definido
Ajustes por mudanças de práticas contábeis
Ajustes por erros de exercícios anteriores
Resultado Abrangente

O objetivo básico desta demonstração é não misturar na demonstração de resultados do


exercício, que compreende receitas e despesas recorrentes oriundas de suas operações,
receitas e despesas eventuais que só ocorrerão no longo prazo, ou mesmo com pouca

57/169 Unidade 2 • Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS


possibilidade de ocorrência, como decorrente da venda de empresas controladas, ou que serão
objeto de eliminação, como a variação dos passivos de planos de previdência privada.

Demonstração do Resultado do Exercício


A Figura 3 mostra a nova formatação da demonstração do resultado do exercício, que sofreu
poucas modificações.

58/169 Unidade 2 • Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS


Figura 3 - DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO
Receita Bruta de Vendas *
(-) Deduções - Tributos incidentes sobre vendas, devoluções
e abatimentos*
Receita Líquida de Vendas
(-) Custo das Vendas (CMV, CPV, CSV)
Lucro Bruto
(-) Despesas Operacionais
Administrativas
Com Vendas
Pesquisa e Desenvolvimento
Lucro Operacional antes das Despesas Financeiras Líquidas
(-) Despesas Financeiras
(+) Receitas Financeiras
Lucro ou Prejuízo Operacional
Outras Receitas e Despesas
Resultado das Operações Descontinuadas
Lucro Antes do Imposto de Renda e Contribuição Social
(-) Imposto de Renda e Contribuição Social
(-) Participações
Resultado Líquido do Exercício
* Eliminado na evidenciação pelo CPC

Receita Bruta de Vendas


Esta conta e sua redução não deverão ser evidenciadas nas demonstrações publicadas, por
determinação do CFC e CPC. A razão básica é que os tributos incidentes sobre vendas, que
59/169 Unidade 2 • Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS
se somam à receita líquida para fins de Outras Receitas e Despesas e
evidenciação da receita bruta, não são Resultados Não Operacionais
receitas da empresa, e, sim, do governo.
Esta nomenclatura substitui a anterior, que
A evidenciação da receita bruta pode era Outros Resultados Não Operacionais. A
causar distorção na análise comparativa partir de agora não existe mais o conceito
entre empresas, pois estas podem estar em de resultados não operacionais. Outras
regimes tributários diferentes causados por receitas e despesas não recorrentes (como
suas operações. Como exemplo pode-se resultado na baixa de imobilizados) são
citar a receita de empresas exportadoras, apresentadas abaixo da linha do Lucro
em queprevalece a isenção de ICMS, PIS e Operacional, que é para evidenciar o
COFINS sobre as exportações. Assim, uma resultado recorrente das operações, mas
empresa do mesmo segmento que exporta não devem ser entendidas como não
mais que outra terá uma receita bruta operacionais.
menor.

Resultado das Operações


Descontinuadas
Também não foi previsto na Lei 11.638/07,
60/169 Unidade 2 • Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS
mas impôs-se pelos conceitos decorrentes beneficiárias. São bastante incomuns.
dos pronunciamentos contábeis do CPC. Não confundir com participação dos
Esta conta deverá ser apresentada quando, administradores e participação nos lucros e
dentro de um determinado exercício, resultados dos funcionários, que são custos
a empresa vender ou alienar alguma ou despesas operacionais.
empresa controlada, fábrica ou unidade
de negócios. Assim, as receitas e despesas
dessas operações descontinuadas devem Demonstração das Mutações do
ser separadas das demais receitas e Patrimônio Líquido
despesas da sociedade, e apresentadas
A Figura 4 mostra um exemplo desta
em uma única linha como resultado das
demonstração. Os números foram
operações descontinuadas, uma vez que
adaptados do exemplo numérico do
elas não existirão em exercícios futuros.
capítulo anterior, e foram incorporadas
mutações mais comuns que podem
Participações acontecer nas empresas.
São participações no resultado que
constam do estatuto social companhia,
como gastos com participações de partes
61/169 Unidade 2 • Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS
Tabela 1 - DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Ajustes de
Capital Reservas Reservas de Lucros Avaliação
Social de Capital Lucros Acumulados Patrimonial Total
Saldos em 31.12.x0 50.000 0 10.000 9.000 0 69.000
Lucro líquido do exercício 0 0 0 7.700 0 7.700
Reserva legal 385 -385 0 0
Variação cambial de investimentos no exterior 0 0 0 0 -200 -200
Ajuste a valor justo de instrumentos financeiros 0 0 0 0 200 200
Distribuição de lucros 0 0 0 -4.800 0 -4.800
Saldos em 31.12.x1 50.000 0 10.385 11.515 0 71.900

Lucros e Prejuízos Acumulados


É importante ressaltar que a CVM não permite que as companhias abertas apresentem saldo
nesta conta. Todos os lucros do exercício devem ter uma destinação, mesmo que seja para
reservas de lucros. Assim, em princípio, as companhias abertas têm a conta de prejuízos
acumulados, quando existirem, mas não podem ter saldo na conta de lucros acumulados.

62/169 Unidade 2 • Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS


Demonstração dos Fluxos de Caixa novas ações do capital social e aquisição
de imobilizados feita diretamente por meio
Esta demonstração pode ser publicada
de financiamentos bancários. Exemplos
tanto pelo método direto quanto pelo
dessas demonstrações podem ser vistos
método indireto, devendo, contudo,
nas Tabelas 5 e 6 do Capítulo 1.
contemplar os três fluxos de caixa de forma
separada:
a. O fluxo de caixa das atividades Demonstração do Valor Adicionado
operacionais. Demonstração obrigatória apenas pelas
b. O fluxo de caixa das atividades de companhias abertas. Abaixo um exemplo
investimento. apresentado na Tabela 23. O objetivo
c. O fluxo de caixa das atividades de desta demonstração, integrante do
financiamento. conceito de balanço social, é mostrar o
Esta demonstração não deve conter valor adicionado criado pela empresa
variações patrimoniais que não passaram para a riqueza do país, e a contribuição na
pelo caixa (caixa, bancos e aplicações empresa na arrecadação de tributos e dos
financeiras de resgate imediato), tais como benefícios distribuídos aos funcionários e
pagamento de dívidas com entrega de investidores.
3 Extraído de PADOVEZE, 2012b, p.396/7.
63/169 Unidade 2 • Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS
Tabela 2 -Demonstração do Valor Adicionado
Período de 01.01.X1 a 31.12.X1
I – RECEITAS $ Observações
Receita bruta das vendas de mercadorias ou
serviços 50.000 (1)
(-)Provisão para devedores duvidosos (33) (2)
(+) Outras receitas operacionais 10 (3)
(+) Outras receitas e despesas 10 (4)
Soma 49.987
II - INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS
Custo das mercadorias vendidas 18.915 (5)
Impostos sobre compras (IPI, ICMS, II, ISS, PIS,
COFINS) 5.445 (6)
Seguros 44 (7)
Energia elétrica 1.020 (7)
Outras despesas ou serviços recebidos de
terceiros 0 (8)
Soma   25.424  

64/169 Unidade 2 • Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS


III - VALOR ADICIONADO (I - II)   24.563  
IV - RETENÇÕES (9)
Depreciações e amortizações   780  
V - VALOR ADICIONADO PRODUZIDO PELA
EMPRESA (III - IV) 23.783  
VI - VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM
TRANSFERÊNCIA (10)
Equivalência patrimonial 240
Receitas financeiras 120
Soma   360
VII - VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR 24.143  

VIII - DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO


Gastos com pessoal
. Salários 8.000
. Encargos sociais exceto INSS e FGTS 4.400
Soma 12.400 (a)
Impostos, Taxas e Contribuições

65/169 Unidade 2 • Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS


. Tributos sobre as vendas (IPI, ICMS, PIS, COFINS,
ISS) 12.000
. Tributos sobre as compras (5.445)
. Imposto sobre importações (II) 0
. IRRF sobre aplicações financeiras 0
. INSS e FTGS 3.040
. Provisão IR/CSLL 382
Soma 9.977 (b)
Juros e aluguéis
. Despesas financeiras 556
. Aluguéis 0
Soma 556 (c)
Lucros distribuídos
. Dividendos 726
. Juros sobre o capital próprio 0
Soma 726 (d)
Lucros retidos
. Lucro líquido do exercício 1.210

66/169 Unidade 2 • Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS


. Dividendos distribuídos (726)
Soma 484 (e)
TOTAL DA DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO 24.143 (a+b+c+d+e)

(1) Inclui IPI, ICMS, PIS, COFINS, ISS.


(2) A PDD é considerada um ajuste da receita
bruta.
(3) Variação monetária, no nosso exemplo.
(4) Valor da venda (-) valor da baixa dos bens
vendidos.
(5) Para indústria, é o consumo de materiais.
(6) Normalmente é necessário um levantamento como informações
adicionais, pois não está presente, explicitamente, nas demonstrações
contábeis básicas.
(7) Devem ser consideradas como recebidas de terceiros, basicamente todas
as despesas operacionais.
(8) Representam trabalho executado fora da
empresa.

67/169 Unidade 2 • Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS


(9) Despesas contábeis não desembolsadas, mas redutoras do lucro líquido,
que a
empresa retém para fazer face a sua continuidade.
(10) Significam lucros internados oriundos de valor adicionado de outras
empresas.

Principais Conceitos e Alterações Introduzidos pelas Normas Internacionais


São muitos os conceitos e alterações introduzidos, objetivando cobrir a complexidade crescente
das operações empresariais, bem como da grande variedade de instrumentos financeiros à
disposição das organizações. A seguir estão apresentados os principais conceitos e alterações,
que atingem a maior parte das empresas.

Extinção do Ativo Diferido e da Possibilidade de Reavaliação de Ativos


Esses tópicos já foram abordados anteriormente. Caso uma empresa tenha os dois elementos
patrimoniais, ocorridos até 31.12.07, e queira mantê-los, poderão fazê-lo com os mesmos
procedimentos anteriores, até a sua extinção.

68/169 Unidade 2 • Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS


Ajustes de Exercícios Anteriores Leasing Financeiro
Não poderão mais existir. Foram Caracteriza-se leasing financeiro quando
substituídos por: a empresa assume todos os ônus, riscos e
a. Mudanças nas políticas contábeis. benefícios do bem objeto do arrendamento
(em linhas gerais, quando a empresa quer
b. Retificação de erros de exercícios
ficar com o bem objeto do leasing). Neste
anteriores.
caso, a operação deverá ser caracterizada
c. Mudanças nas estimativas contábeis. como uma compra de imobilizado
O valor resultante das mudanças nas financiado e a contraprestação do leasing
estimativas contábeis deverá ser não será considerada despesa, e, sim,
absorvido normalmente na demonstração redução do financiamento.
do resultado do próximo exercício. Os
outros dois ajustes deverão ser feitos
retrospectivamente, desde o exercício que Doações Governamentais para
ocorreu o evento, por meio da republicação Investimento
de todas as demonstrações contábeis Deverão ser contabilizadas como receita
obrigatórias. operacional. Caso haja a necessidade
de transformar em reserva de lucros de
69/169 Unidade 2 • Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS
incentivos fiscais, o valor constante na Instrumentos Financeiros e
demonstração do resultado será utilizado Contabilização de Hedges
para a formação desta reserva.
Os instrumentos financeiros classificados
como para negociação ou para venda
Capitalização dos Juros de deverão ser ajustados periodicamente ao
Aquisição ou Construção de Ativos valor justo ou valor de mercado. O valor
Imobilizados resultante do ajuste de instrumentos
financeiros para negociação será
Os encargos financeiros decorrentes de contabilizado diretamente no resultado.
empréstimos e financiamentos destinados O ajuste a valor justo dos instrumentos
à construção ou aquisição de ativos disponíveis para venda, enquanto não
imobilizados deverão ser capitalizados, isto realizados, serão contabilizados no
é, deverão compor o valor do imobilizado, patrimônio líquido na conta de Ajustes
até o momento de colocar o imobilizado de Avaliação Patrimonial. Caso esses
em operação. A partir daí, os encargos instrumentos estejam hedgeados, o valor
financeiros serão consideradas despesas do hedge deverá ser a contabilização do
financeiras. principal.

70/169 Unidade 2 • Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS


Ajuste a Valor Presente
Os direitos e obrigações prefixados de longo prazo deverão ser contabilizados a valor presente;
portanto, os juros constantes das parcelas deverão ser considerados como receita ou despesa
financeira e não comporão o valor da transação. Caso haja relevância em elementos similares
de operações de curto prazo, o mesmo procedimento deverá ser efetivado.

Tributos Diferidos
Todas as diferenças temporárias de receitas ou despesas entre a contabilidade e a autoridade
fiscal (normalmente as diferenças entre o lucro contábil e o lucro tributável para empresas
enquadradas no Lucro Real), incluindo prejuízos fiscais compensáveis, deverão ser objeto da
contabilização, pelo regime de competência, dos tributos diferidos, ativos e passivos, até sua
realização.

Critérios de Depreciação e Amortização


Três novos conceitos foram inseridos pelas normas internacionais, quais sejam:

71/169 Unidade 2 • Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS


a. Conceito de vida útil: um imobilizado Valor Justo
ou intangível deverá ser depreciado
Talvez seja o conceito mais polêmico
em função de sua vida útil (medida
introduzido pelas normas internacionais.
por tempo ou por quantidades
Todos os elementos patrimoniais deverão
produzidas) e não mais pelas taxas
ser objeto de reavaliação anualmente pelo
das regras fiscais e nem pela vida
seu valor justo. São fundamentalmente
técnica ou física do bem ou direito.
dois tipos de valor justo:
b. Conceito de valor residual: o valor
a. O valor de mercado ou similar de
residual de um ativo é o valor
mercado.
provável de venda após a sua vida
útil. b. O valor em uso, calculado pelo fluxo
de caixa descontado.
c. Conceito de valor depreciável ou
amortizável: o valor base para
Contudo, é fundamental ressaltar que, no
depreciação ou amortização não será
caso dos ativos, o valor justo deverá ser
mais o valor ativado inicialmente,
utilizado para reduzir o seu valor, e não
mas sim o valor de aquisição (ou o
para aumentar, exceto em três situações,
valor justo, quando cabível) menos o
onde será utilizado tanto para reduzir
valor residual.
72/169 Unidade 2 • Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS
quanto para aumentar o valor dos ativos:
a. Ativos biológicos (florestas, criação de gado etc.).
b. Instrumentos financeiros para venda ou negociação.
c. Propriedades para investimentos (imóveis não utilizados nas operações normais da
empresa).
A aplicação do valor justo para os demais ativos (estoques, imobilizados, intangíveis) será
utilizada unicamente para reduzir o seu valor.

Impairment – Redução ao valor recuperável dos ativos


Impairment significa perda, depreciação ou deterioração econômica de um ativo. Anualmente
as empresas deverão fazer o teste do impairment, ou seja, verificar se os ativos estão com valor
contábil superior ao valor justo. Valor recuperável de um ativo é o seu valor justo.
Quando o valor líquido contábil de um ativo estiver superior ao seu valor justo, a empresa
deverá contabilizar a diferença como provisão para desvalorização de ativos, como despesa ou
custo operacional. Para tanto, deverá ser utilizado o maior valor justo entre o valor de mercado
e o valor em uso (obtido pelo fluxo de caixa descontado).
73/169 Unidade 2 • Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS
Pelas práticas brasileiras, a provisão para as companhias abertas. Além dessa
do impairment poderá ser estornada demonstração, informações sobre os
em exercícios anteriores, total ou recursos humanos, investimentos em
parcialmente, limitada ao valor constante saúde, ambiente, cultura, lazer etc.
na contabilidade. Em nosso país, a contabilidade social está
regulamentada pela Norma Brasileira de
Contabilidade Social Contabilidade NBC T 15, emitida pelo CFC–
Conselho Federal de Contabilidade pela
A contabilidade social ou contabilidade de Resolução CFC no. 1.003 de 19.08.2004.
responsabilidade social caracteriza-se por
um conjunto de informações de natureza
social e ambiental que tem como objetivo
mostrar à sociedade a efetiva contribuição
da empresa para os diversos segmentos da
sociedade.
A principal demonstração da contabilidade
social é a Demonstração do Valor
Adicionado, hoje obrigatória apenas
74/169 Unidade 2 • Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS
Para saber mais
IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto Rubens. Manual de
Contabilidade das Sociedades por Ações. 7ª. Ed., São Paulo: Atlas, 2012.
PADOVEZE, Clóvis Luís; BENEDICTO, Gideon Carvalho de;LEITE, Joubert da Silva
Jerônimo. Manual de Contabilidade Internacional. São Paulo: Cengage Learning, 2012.
STICKNEY, Clyde P.; WEIL, Roman L. Contabilidade Financeira. São Paulo: Atlas, 2001.

Link
<www.cpc.org.br>
<www.cfc.org.br>
NBC T 15, emitida pelo CFC-Conselho Federal de Contabilidade pela
Resolução CFC no. 1.003 de 19.08.2004.

75/169 Unidade 2 • Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS


Glossário
Valor justo: considera-se valor justo um valor atribuível a um ativo que reflita um valor de
mercado em que as partes negociadoras sejam independentes entre si e que o valor não sofra
pressão de nenhuma parte interessada. Para fins de aplicação do teste de recuperabilidade
(impairment) é também considerado valor justo, o valor resultante dos fluxos futuros de
benefícios trazidos por um ativo ou grupo de ativos à empresa, calculado por meio do fluxo de
caixa descontado, também denominado de valor em uso.
Redução ao valor recuperável de um ativo: conhecido internacionalmente como impairment,
é o reconhecimento na contabilidade de que o valor contábil está superior ao valor justo,
reconhecimento este feito pelo lançamento como despesa operacional de uma provisão de
desvalorização do ativo ou conjunto de ativos. Impairment significa deterioração ou dano
econômico no valor de um ativo.
Pronunciamento contábil: em nosso país, é uma norma de contabilidade emitida pelo CPC –
Comitê de Pronunciamentos, que deve ser referendada pelos órgãos legalmente reguladores
da contabilidade brasileira (CFC, CVM, Banco Central do Brasil etc.), e que deve ser utilizada por
todas as entidades no país. Os pronunciamentos são fundamentados nos princípios contábeis
geralmente aceitos universalmente, princípios estes formadores da ciência contábil.

76/169 Unidade 2 • Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS


Assista a suas aulas

Aula 2 - Tema: A Estrutura Contábil Aula 2 - Tema: Conjunto Completo das


Brasileira - Bloco I Demonstrações Contábeis - Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
e3973fc582492748b4978b547fb6426b>. f82a5bd2d60d155f0e8f103b5973ad63>.

77/169
Assista a suas aulas

Aula 2 - Tema: Principais Conceitos Aula 2 - Tema: Valor Justo, Depreciação e


Introduzidos pela Adoção Impairment - Bloco IV
do IFRS - Bloco III Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f-
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ 1d/8acb67d761bdddd0a9635b09187a7efd>.
7333f9b4f5b514ad2c16872c3b4fa0ad>.

78/169
Questão 1
1. O principal órgão de elaboração de normas contábeis no Brasil é:

a) ( ) A CVM – Comissão de Valores Mobiliários.


b) ( ) O CRC – Conselho Regional de Contabilidade.
c) ( ) O CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis.

79/169
Questão 2
2. As sociedades de grande porte e as PMEs devem adotar, para elaborar
suas demonstrações contábeis, respectivamente:

a) ( ) o CPC-PME; o conjunto Full CPC.


b) ( ) o conjuntoFull CPC; o CPC-PME e o conjunto Full CPC, opcionalmente.
c) ( ) o conjuntoFull CPC; o CPC-PME.

80/169
Questão 3
3. O evento da variação cambial de investimentos no exterior, enquanto
não realizado, deverá ser contabilizado:

a) ( ) como ajustes de avaliação patrimonial.


b) ( ) como receita ou despesa financeira na demonstração do resultado do exercício.
c) ( ) como receita ou despesa operacional na demonstração do resultado do exercício.

81/169
Questão 4
4. A utilização do valor justo para avaliação anual do imobilizado:

a) ( ) aumentará o valor contábil se o valor justo for superior a este.


b) ( ) será considerado um valor de reavaliação se o for justo for superior a este.
c) ( ) diminuirá o valor contábil se o valor justo for inferior a este.

82/169
Questão 5
5. O teste do impairmentserá aplicado anualmente e será contabilizado:

a) ( ) Se o valor contábil for superior ao maior dos dois tipos de valor justo.
b) ( ) Se o valor contábil for inferior ao maior dos dois tipos de valor justo.
c) ( ) Se o valor de mercado for superior ao valor em uso.

83/169
Gabarito

1. Resposta: C

2. Resposta: B

3. Resposta: A

4. Resposta: C

5. Resposta: A

84/169
Unidade 3
Tópicos Avançados da Contabilidade Financeira

Objetivos

»» Definir e apresentar os principais processos de reavaliação.


»» Introduzir, definir e exemplificar a aplicação do conceito de equivalência patrimonial.
»» Apresentar o conceito de combinação de negócios e os fundamentos de fusão, cisão e
incorporação, goodwill e compra vantajosa.
»» Introduzir os conceitos básicos de consolidação das demonstrações contábeis.

85/169
Introdução

Processos de Reavaliação
Genericamente podemos definir processos de reavaliação todas as remensurações dos valores
dos elementos patrimoniais que devem ser feitas contabilmente após o reconhecimento inicial
de um ativo ou passivo.
O reconhecimento inicial de um ativo, pelos princípios contábeis, é feito pelo custo de
aquisição ou produção. O reconhecimento inicial de um passivo é feito pelo valor presente do
total da obrigação a ser paga.
Os principais processos de reavaliação são os seguintes:
a. Contabilização dos juros dos ativos e passivos financeiros, pelo regime de competência de
exercícios, no encerramento do balanço patrimonial, em função do tempo transcorrido.
b. Ajuste a valor presente dos créditos e obrigações pré-fixadas de longo prazo, partindo
da premissa que as parcelas das vendas e compras a prazo contêm, implicitamente, juros
embutidos.
c. Depreciação, amortização e exaustão dos ativos imobilizados e intangíveis, em função

86/169 Unidade 3 • Tópicos Avançados da Contabilidade Financeira


do seu uso, considerando a vida útil As normas internacionais de contabilidade
esperada de utilização. permitem, em circunstâncias especiais,
d. Provisão para desvalorização de aumentar o valor dos ativos imobilizados
ativos quando inferior ao valor justo, e intangíveis ao valor de mercado. Na
para os estoques, imobilizados, contabilidade brasileira, esta condição
intangíveis e investimentos. deverá ser efetuada quando da saída de
um sócio de uma empresa limitada. Essa
e. Ajuste para mais ou para menos,
diferença é denominada de reavaliação.
pela diferença entre o valor justo e
o valor contábil, dos instrumentos Para apresentar um exemplo numérico,
financeiros para venda e negociação, vamos supor que a empresa tenha feito
propriedades para investimento e uma entrada de capital social de $900.000
ativos biológicos. e adquirido um imobilizado no mesmo
f. Reavaliação de ativos imobilizados e valor. Após determinado período de
intangíveis, quando permitido por lei. tempo, verificou que o valor de mercado
do imobilizado (imóvel, equipamento etc.)
é $2.000.000, constante de um laudo de
avaliação feito por técnico qualificado para
Reavaliação de Ativos tal. A diferença é considerada um valor de
87/169 Unidade 3 • Tópicos Avançados da Contabilidade Financeira
reavaliação.
Valor atual de mercado 2.000.000
(-) Valor contábil -900.000
Reavaliação do ativo 1.100.000

A contabilização básica é um lançamento que aumenta o valor do imobilizado no ativo, em


contrapartida à criação de uma reserva de reavaliação no patrimônio líquido. Outrossim, as
novas práticas contábeis determinam a contabilização do IR Diferido, quando existir diferenças
temporárias do lucro contábil com o lucro real. A reavaliação implica, intrinsecamente, num
ganho a ser obtido no futuro, quando o imobilizado for vendido, gerando, consequentemente,
um IR futuro a ser pago. Assim, exclui-se o valor da reserva de reavaliação do patrimônio
líquido, o valor ao IR futuro a ser pago, contabilizando-o como um passivo não circulante.
Utilizamos o percentual de 24% de IR e CSLL.

88/169 Unidade 3 • Tópicos Avançados da Contabilidade Financeira


Tabela 1 - Reavaliação de ativos imobilizados
ATIVO PASSIVO
IMOBILIZADO PASSIVO NÃO CIRCULANTE
Valor contábil 900.000 IR Diferido 264.000
Reavaliação do imobilizado 1.100.000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO
2.000.000 Capital Social 900.000
Reserva de reavaliação 836.000
1.736.000
TOTAL 2.000.000 TOTAL 2.000.000

Encaminhando as operações por mais um período, vamos supor uma demonstração de


resultados e os efeitos contábeis e tributários da reavaliação. Vamos supor que as transações
de compra e venda tenham sidotodas feitas à vista, exceto o valor do IR/CSLL a recolher que
ficará para o ano seguinte.
Tabela 2 - Demonstração do Resultado do período antes do IR
Receita líquida de vendas 1.500.000
(-) Custo das mercadorias vendidas -850.000
= Lucro bruto 650.000
(-) Depreciação do valor original -90.000
(-) Depreciação da reavaliação -110.000
Lucro antes do IR 450.000

Todo processo de reavaliação de ativos a valor justo, no Brasil, pela Receita Federal, não é
dedutível ou tributável, até sua realização. No caso específico da reserva de reavaliação, o valor
89/169 Unidade 3 • Tópicos Avançados da Contabilidade Financeira
da depreciação contábil decorrente dela não pode ser considerado despesa dedutível para fins
de apuração do lucro real. A Tabela 3 mostra a apuração do lucro real nessa circunstância.
Tabela 3 - Apuração do Lucro Real e do IR a recolher
Lucro contábil 450.000
(+) Depreciação da reavaliação 110.000
Lucro real 560.000
IR/CSLL a recolher - 24% 134.400

Assim, a base do IR/CSLL a recolher é maior que o lucro contábil. Para tanto, devemos
contabilizar uma realização do IR Diferido que consta do passivo não circulante, pois parte
da reserva será realizada. O valor da reserva realizada, proporcional ao valor da depreciação
contabilizada, no caso 10%, deverá ser transferida para reserva de lucros. A Tabela 5 mostra
como fica o balanço patrimonial considerando os impactos da depreciação da reavaliação do
imobilizado, bem como do IR diferido no passivo não circulante e no patrimônio líquido.

90/169 Unidade 3 • Tópicos Avançados da Contabilidade Financeira


Tabela 5 - Balanço Patrimonial após realização de reserva de reavaliação
ATIVO PASSIVO
CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE
Caixa e Bancos 650.000 IR/CSLL a recolher 134.400
PASSIVO NÃO CIRCULANTE
NÃO CIRCULANTE -IMOBILIZADO IR Diferido 237.600
Valor contábil 900.000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Reavaliação do imobilizado 1.100.000 Capital Social 900.000
(-) Depreciação acumulada - vlr. Original -90.000 Reserva de reavaliação 752.400
(-) Depreciação acumulada - vlr. Reavaliação -110.000 Reserva de lucros 83.600
1.800.000 Lucros acumulados 342.000
2.078.000
TOTAL 2.450.000 TOTAL 2.450.000

O valor do IR Diferido no ativo foi diminuído do valor constante na demonstração do resultado


($264.000 - $26.400). O valor da reserva de reavaliação foi diminuída em $83.600, que
corresponde à 10% sobre ela, o mesmo percentual que foi depreciado o imobilizado. Este valor
foi transferido para reserva de lucros, pois foi realizado.

1.1 Equivalência Patrimonial

Este procedimento de avaliação aplica-se aos investimentos em controladas e coligadas. Uma


empresa investida é controlada quando a empresa investidora possui mais de 50% de suas

91/169 Unidade 3 • Tópicos Avançados da Contabilidade Financeira


ações ou cotas. Com isso, claramente a significativa, o método de equivalência
investidora tem o poder de administração patrimonial deverá ser aplicado.
da investida, por força de lei. O método de equivalência caracteriza-
Uma empresa é considerada coligada se pela aplicação do percentual de
quando: participação da investidora, no patrimônio
a. A investidora tem 20% ou mais de líquido e nos resultados da investida, para
participação, sem ser proprietária em contabilização do investimento do ativo e
nível de controle legal. do resultado operacional na investidora.

b. A investidora exerce influência O objetivo da avaliação pelo método da


significativa. equivalência patrimonial é:
a. Ajustar o valor do investimento no
Define-se influência significativa a ativo da investidora, em decorrência
existência do poder de participar nas da variação do valor patrimônio
decisões financeiras e operacionais da líquido da investida.
investida. Portanto, se uma empresa b. Incorporar na demonstração do
participa com menos de 20%, mas resultado da investidora o resultado
de alguma forma exerce influência (lucro ou prejuízo) que a investidora
92/169 Unidade 3 • Tópicos Avançados da Contabilidade Financeira
tem direito sobre o resultado da investida.
Este procedimento tem algumas regras complementares, tais como:
a. Ajustar as demonstrações contábeis da investida pelas mesmas práticas contábeis
adotadas pela investidora.
b. Na apuração do resultado que deve ir para a demonstração de resultados da investidora,
não deve ser considerado o efeito de aumento ou diminuição da participação societária
no ano.
c. Os lucros distribuídos pela investida não devem ser considerados como receita da
investidora, devendo fazer parte do resultado da equivalência patrimonial.

Equivalência na Aquisição
O primeiro procedimento de contabilização da equivalência patrimonial é no ato da aquisição.
Aplica-se o percentual de aquisição no valor do patrimônio líquido da empresa investida. A
diferença entre o valor pago e o valor patrimonial equivalente será considerada ágio ou deságio
na aquisição do investimento.

93/169 Unidade 3 • Tópicos Avançados da Contabilidade Financeira


Tabela 6 - Contabilização da valor do investimento pelo método de equivalência patrimonial
Hipótese de Ágio Hipótese de Deságio
Valor pago pelo investimento (a) 800.000 500.000
Valor do patrimônio líquido da investida (b) 2.000.000 2.000.000
Percentual adquirido das ações ou cotas (c) 30% 30%
Valor patrimonial equivalente ( d = b x c) 600.000 600.000
Ágio/Deságio na aquisição ( e = a - d) 200.000 -100.000

Para exemplificar a contabilização, vamos adotar a hipótese de aquisição com ágio, verificando
como fica a evidenciação no ativo não circulante.

Tabela 7 - Contabilização de aquisição de investimento pelo método de equivalência patrimonial


ATIVO NÃO CIRCULANTE
Investimentos
Valor patrimonial equivalente 600.000
Ágio na aquisição de investimento 200.000
800.000

Vamos agora verificar como fica a contabilização num período seguinte, quando a investida tem
um resultado apurado. Vamos supor que a investida teve lucro líquido de $300.000.

94/169 Unidade 3 • Tópicos Avançados da Contabilidade Financeira


Tabela 8 - Apuração do valor patrimonial equivalente e do resultado de equivalência patrimonial
Lucro líquido da investida 300.000
Patrimônio líquido final da investida (a) 2.300.000
Participação da investidora (b) 30%
Novo valor patrimonial equivalente (c=axb) 690.000
Valor patrimonial equivalente na aquisição
( ou no exercício anterior) (d) 600.000
Valor da equivalência patrimonial
contabilizada em resultados ( e=c-d) 90.000

O valor da equivalência patrimonial de $90.000 a ser contabilizado na demonstração de


resultados, em condições normais, resulta da aplicação do percentual de participação na
investida no lucro dela mesma ($300.000 x30%). Note que não foi considerada para apurar o
valor adicional de equivalência patrimonial com o valor do ágio, e, sim, com o valor sem o ágio.
Em seguida, podemos visualizar como fica a demonstração de resultados da investidora.

Tabela 9 - Demonstração do resultado da investidora


Receita líquida de vendas 1.500.000
(-) Custo das mercadorias vendidas -850.000
= Lucro bruto 650.000
(+) Equivalência patrimonial 90.000
= Lucro operacional 740.000

95/169 Unidade 3 • Tópicos Avançados da Contabilidade Financeira


No balanço patrimonial, o valor de $90.000 será adicionado ao valor do investimento no ativo
não circulante.

Tabela 10 - Contabilização do investimento após equivalência patrimonial lançada em resultados


ATIVO NÃO CIRCULANTE
Investimentos
Valor patrimonial equivalente 690.000
Ágio na aquisição de investimento 200.000
890.000

1.2 Combinação de Negócios: Fusão, Cisão, Incorporação

Esses eventos econômicos complexos são estudados no conjunto denominado de


reorganizações societárias. O objetivo de qualquer reorganização societária é criar valor
para a empresa. Assim, espera-se que após realizadas essas reorganizações, todas as partes
envolvidas tenham melhoria de seus resultados.

Mergers&Acquisitions (Incorporações, Fusões e Aquisições)1


O mercado financeiro norte-americano trata genericamente das reorganizações
1 Extraído e adaptado de PADOVEZE, 2006b, p.195/8
96/169 Unidade 3 • Tópicos Avançados da Contabilidade Financeira
societárias sob o tema M&A – uma ou mais sociedades, constituídas para
Mergers&Acquisitions. Sob esta esse fim ou já existentes,extinguindo-se
denominação enquadram-se as aquisições, a companhia cindida, se houver versão de
as fusões e incorporações de empresas, todo o seu patrimônio, ou dividindo-se o
não se fazendo distinção técnica entre seu capital, se a versão for parcial.
fusão e incorporação, tratando essas duas Esta definição pode ser representada
formas dereorganizaçãosocietária como se da seguinte forma:a empresa A é cindida
fossem a mesma coisa. No Brasil, elas têm (repartida), gerando duas novas empresas
uma definição diferenciada. Além disso, em decorrente da cisão, as empresas B e C,
nosso país a legislação societária (Lei das extinguindo-se a empresa original A.
Sociedades Anônimas – 6404/76, artigos
220 a 234) reconhece também a forma de
A=B+C
cisão.

Pode também haver uma cisão em que


Cisão a empresa A continua existindo, mas
com patrimônio inferior, gerando uma
É a operação pela qual a companhia
ou mais empresas com ativos e passivos
transfere parcelas do seu patrimônio para
transferidos para as novas entidades. No
97/169 Unidade 3 • Tópicos Avançados da Contabilidade Financeira
exemplo dado a seguir, a empresa A continua existindo com um patrimônio menor, gerando
duas novas empresas decorrentes da cisão, as empresas B e C.
A=A+B+C
Esta situação pode ser assim representada em demonstrações financeiras:
Cisão Empresas Resultantes da Cisão
Balanço Patrimonial Empresa Original - A Empresa A Empresa B Empresa C
Ativo Circulante 110.000 10.000 70.000 30.000
Ativo Permanente 145.000 15.000 90.000 40.000
Total 255.000 25.000 160.000 70.000
Passivo Circulante 114.000 7.000 85.000 22.000
Exigível a Longo Prazo 58.000 8.000 35.000 15.000
Patrimônio Líquido 83.000 10.000 40.000 33.000
Total 255.000 25.000 160.000 70.000

Incorporação
Incorporação é a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que
lhes sucede em todos os direitos e obrigações. Na incorporação, normalmente a empresa
controladora, absorve a(s) empresa(s) controlada(s) ou coligada(s), fazendo com que as
empresas absorvidas (incorporadas) deixem de existir. Isto pode ser representado como

98/169 Unidade 3 • Tópicos Avançados da Contabilidade Financeira


apresentado a seguir. A empresa A incorpora a empresa B, continuando a existir apenas a
empresa A, agora com o patrimônio maior pela adição do ativo e passivo da empresa B, que
deixa de existir.
A+B=A
Na tabela dada a seguir, a empresa A, controladora de 100% da empresa B, faz a sua
incorporação, remanescendo apenas a empresa A.
Incorporação
Balanço Patrimonial Empresa A Empresa B Empresa A - Incorporadora
Ativo Circulante 10.000 10.000 20.000
Ativo Permanente 40.000 44.000 44.000
Investimento na Empresa B - 100% 40.000 0 0
Total 50.000 54.000 64.000
Passivo Circulante 7.000 12.000 19.000
Exigível a Longo Prazo 8.000 2.000 10.000
Patrimônio Líquido (a) 35.000 40.000 35.000
Total 50.000 54.000 64.000

A empresa A, após a incorporação de B, tem seu ativo circulante aumentado pelos ativos
circulantes da empresa B incorporada, e incorpora também, pelo exemplo, os imobilizados da
empresa B. Os passivos também são somados, já que a empresa A passa a assumir os passivos
da empresa B.
99/169 Unidade 3 • Tópicos Avançados da Contabilidade Financeira
O patrimônio líquido e o capital social da empresa A, após a incorporação, são os mesmos
da situação anterior, uma vez que ela já tinha adquirido a empresa B no passado. Verifica-se,
na empresa A,que o valor do Investimento na Empresa B, na situação inicial, desaparece na
situação final após a incorporação. O mesmo ocorre com o patrimônio líquido da empresa B,
que desaparece na nova situação, uma vez que no processo de incorporação de controlada ou
coligada, eliminam-se os valores do investimento da controladora com o patrimônio líquido
equivalente da controlada.

Fusão
É a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar sociedade nova, que lhes
sucederá em todos os direitos e obrigações. Normalmente a empresa maior é que provoca a
fusão, passando a manter o controle administrativo da nova empresa formada. No exemplo, a
fusão da empresa A com a empresa B gerou a empresa C, que passa a assumir todos os direitos
e obrigações das duas empresas fundidas.
A+B=C
Neste caso, os acionistas das empresas A e B receberão ações da empresa C, em troca das

100/169 Unidade 3 • Tópicos Avançados da Contabilidade Financeira


ações das empresas que serão extintas. A tabela a seguir mostra as demonstrações financeiras
desta reorganização societária.
Fusão
Balanço Patrimonial Empresa A Empresa B Empresa C - Fusionada
Ativo Circulante 20.000 30.000 50.000
Ativo Permanente 35.000 44.000 79.000
Total 55.000 74.000 129.000
Passivo Circulante 7.000 12.000 19.000
Exigível a Longo Prazo 8.000 2.000 10.000
Patrimônio Líquido (a) 40.000 60.000 100.000
Total 55.000 74.000 129.000

Os tipos de fusões são os mais variados e podem ser classificados de várias maneiras. A
classificação mais utilizada é classificar as fusões entre horizontais e verticais. Considera
horizontal a fusão em queas empresas reunidas são do mesmo segmento de negócio, quando
por exemplo, uma montadora de veículos funde-se com outra montadora de veículos. A fusão
vertical caracteriza-se por adicionar uma ou mais etapas da cadeira produtiva. Assim, a fusão
de uma montadora com uma indústria fornecedora de autopeças seria considerada uma fusão
vertical.

101/169 Unidade 3 • Tópicos Avançados da Contabilidade Financeira


A Lógica das Fusões
Cada fusão tem atrativos e aspectos que são considerados bons meios para aumentar o valor
da riqueza dos acionistas, como por exemplo:
• Sinergia: aumentar o valor da empresa combinando, por exemplo, economias
operacionais com maior escala de produção, economias financeiras, já que empresas
de maior porte têm naturalmente maior poder de negociação, aumento de poder de
mercado, reduzindo a competição etc.
• Considerações fiscais: por exemplo, adquirir empresas com prejuízos fiscais.
• Preços atrativos: compras de ativos abaixo de seu custo de reposição.
• Diversificação e crescimento: oportunidade de entrar em novos negócios etc.

O objetivo central de todas as fusões é o mesmo do objetivo básico de finanças, qual seja, criar
maior valor para o acionista. Portanto, qualquer fusão que consiga obter e manter este objetivo
será considerada interessante financeiramente.

102/169 Unidade 3 • Tópicos Avançados da Contabilidade Financeira


1.3 Goodwill e Compra Vanta- Na incorporação, a prática contábil
josa: Procedimentos de Conta- exige um tratamento específico. Este
bilização tratamento específico, que veremos a
seguir, também deve ser adotado quando
A reorganização societária mais conhecida a empresa apresenta suas demonstrações
é a incorporação. De um modo geral, são consolidadas, mesmo que ainda não tenha
dois momentos decisórios: havido a incorporação.
a. O momento da aquisição de uma
empresa a ser controlada. Procedimentos Contábeis na
b. O momento da incorporação dos Incorporação
ativos e passivos da controlada
Os procedimentos são dois:
dentro dos ativos e passivos da
controladora, eliminando a figura da a. Primeiro, trazer todos os ativos e
controlada adquirida. passivos avaliados individualmente a
valor justo, inclusive com intangíveis
Enquanto a incorporação não é efetuada,
sendo identificados no momento da
o valor do investimento deve ser avaliado
aquisição.
pelo método da equivalência patrimonial.
b. Confrontar o valor pago com o valor
103/169 Unidade 3 • Tópicos Avançados da Contabilidade Financeira
líquido dos ativos e passivos a valor ser amortizado no período definido. Se for
justo, identificando se houve ágio ou considerado de vida útil indefinida, para as
deságio na aquisição. PMEs deverá ser amortizado em 10 anos,
Se a empresa pagou a mais que o valor e para as demais empresas não haverá
líquido dos ativos avaliados a valor amortização, devendo, apenas, fazer o
justo, esta diferença será denominada teste anual do impairment.
Tabela 11 – Identificação de goodwill numa incorporação
de goodwill, que nos pronunciamentos
COMBINAÇÃO DE NEGÓCIOS
contábeis brasileiros é denominado de $
Valor da Aquisição (a) 100.000
ágio por expectativa de rentabilidade futura. (-) Ativos e Passivos a Valor Justo
O goodwillcaracteriza-se por ser um ativo Disponibilidades
Dupls. Receber
8.000
25.000
Estoques 22.000
intangível não identificado, uma vez que, Imobilizados 44.000
Intangível - Marca 10.000
numa incorporação, ativos intangíveis Intangível - Patentes 4.000
Fornecedores (8.000)
da adquirida, identificados, deverão ser Financiamentos
Sub total (b)
(25.000)
80.000
avaliados a valor justo e contabilizado Goodwill adquirido ( a - b ) 20.000

separadamente. Contabilização como intangível

O goodwill adquirido pode ser considerado


de vida útil definida ou indefinida. Se for Se empresa pagou menos do que o valor
considerado de vida útil definida deverá líquido dos ativos e passivos avaliados a
104/169 Unidade 3 • Tópicos Avançados da Contabilidade Financeira
valor justo, significa que ela teve um ganho patrimonial da incorporadora.
(o deságio é um ganho). Nesse sentido, o
valor resultante deverá ser contabilizado
diretamente como resultado operacional, Princípios de Consolidação das
como receita de compra vantajosa. Demonstrações Contábeis
Tabela 12 – Identificação de receita de compra vantajosa numa incorporação Pelas práticas internacionais de
COMBINAÇÃO DE NEGÓCIOS
$ contabilidade, as demonstrações contábeis
Valor da Aquisição (a) 100.000

(-) Ativos e Passivos a Valor Justo


de um grupo empresarial obrigatoriamente
Disponibilidades
Dupls. Receber
20.000
23.000
devem ser apresentadas de forma
Estoques
Imobilizados
25.000
54.000 consolidada. Em outras palavras, as
Intangível - Marca 12.000
Intangível - Patentes 13.000 demonstrações contábeis de um grupo
Fornecedores (8.000)
Financiamentos
Sub total (b)
(25.000)
114.000
empresarial não devem ser apresentadas
Deságio na aquisição ( a - b ) (14.000)
com os dados unicamente da empresa
Contabilização dentro da Demonstração do controladora.
Resultado do Exercício como COMPRA VANTAJOSA

Verificamos que com a aplicação do


Os valores justos dos ativos e passivos da método da equivalência patrimonial,
incorporada serão adicionados aos valores os dados contábeis das controladas e
contábeis dos itens similares no balanço coligadas são apresentados basicamente
105/169 Unidade 3 • Tópicos Avançados da Contabilidade Financeira
em duas linhas nas demonstrações pratiquem vendas de uma empresa
contábeis da controladora: na conta do grupo para outro, há, dentro das
investimentos, no balanço patrimonial e demonstrações contábeis individuais,
nos resultados de equivalência patrimonial, ativos, passivos, despesas e receitas
na demonstração do resultado do exercício. geradas internamente no grupo. Com isso,
Porém os dados de receita, despesa, ativos os procedimentos básicos de consolidação
e passivos não são evidenciados nas das demonstrações contábeis são:
demonstrações contábeis da controladora.
Um dos principais objetivos da 1. Somar todos os elementos patrimoniais
consolidação de balanços é então do ativo e passivo, e as receitas e
apresentar, em demonstrações contábeis despesas decorrentes de transações
únicas e de forma consolidada, todos efetuadas com terceiros (empresas fora
os elementos patrimoniais de ativos e do grupo empresarial).
passivos, bem como os elementos de 2. Eliminar os efeitos das transações
despesas e receitas de todas as empresas realizadas entre as empresas do grupo,
do grupo empresarial. tanto na demonstração dos resultados
Como é muito comum que as empresas como no balanço patrimonial.
do grupo transacionem entre si, ou seja, 3. Identificar a parcela patrimonial e
106/169 Unidade 3 • Tópicos Avançados da Contabilidade Financeira
de resultados de participações de acionistas minoritários em alguma empresa do grupo
empresarial.

Exemplo Numérico
No Grupo Empresarial X, a Empresa A é controladora e detém 90% da Empresa B. Os dados
da empresa B evidenciam um Patrimônio Líquido total de $45.000 e o lucro líquido do último
período de $4.100.
Valor Participação Valor
Contábil de A Equivalente
Patrimônio Líquido de B 45.000 90% 40.500
Lucro Líquido de B 4.100 90% 3.690

O valor de $40.500 está refletido no balanço patrimonial da empresa A como Investimentos em


Controladas.
O valor de $3.690 está refletido na demonstração do resultado da empresa A como
Equivalência Patrimonial.

107/169 Unidade 3 • Tópicos Avançados da Contabilidade Financeira


Participação Minoritária
Se a empresa A tem 90% da empresa B, ou seja, não tem a totalidade das ações ou cotas da
empresa B, isso significa que há acionistas minoritários nela, possuindo os restantes 10% da
participação societária em B, e com os mesmos direitos econômicos que a controladora.
Valor Participação Valor
Contábil Minoritária Equivalente
Patrimônio Líquido de B 45.000 10% 4.500
Lucro Líquido de B 4.100 10% 410

Assim, o valor equivalente da participação minoritária na empresa B deve ser eliminado ou


ajustado nas demonstrações contábeis consolidadas, para refletir os dados exclusivamente de
direito do grupo empresarial X.

Vendas Intercompanhias
Dentro da demonstração de resultados da empresa A verificamos que ela vendeu, no ano,
$50.000 para a controlada empresa B, com um custo de venda de $29.100. Para simplificação,
verificamos que todas as compras feitas por B junto à controlada foram vendidas no ano, não

108/169 Unidade 3 • Tópicos Avançados da Contabilidade Financeira


existindo estoques na empresa B decorrentes de compras efetuadas junto à empresa A.

Processo de Consolidação
A Tabela 1 mostra os dados de resultados das duas empresas, os ajustes e eliminações e os
saldos consolidados.

109/169 Unidade 3 • Tópicos Avançados da Contabilidade Financeira


Tabela 1 - CONSOLIDAÇÃO DA DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO
Grupo Empresarial X Ajustes e Saldos
Empresa A Empresa B Eliminações Consolidados
RECEITA OPERACIONAL
Vendas a terceiros 370.000 200.000 570.000
Vendas a controlada 50.000 0 50.000 0
Soma 420.000 200.000 50.000 570.000
(-) CUSTO DAS MERCADORIAS VENDIDAS
a terceiros 273.800 160.000 20.900 412.900
a controlada 29.100 0 29.100 0
Soma 302.900 160.000 50.000 412.900
= Lucro Bruto 117.100 40.000 0 157.100
(-) Despesas operacionais -98.690 -28.000 -126.690
(-) Depreciação -7.800 -4.200 -12.000
(+) Equivalência patrimonial 3.690 0 3.690 0
= Lucro operacional 14.300 7.800 0 18.410
(-) Despesas financeiras -2.900 -1.780 -4.680
(+) Receitas financeiras 140 90 230
= Lucro antes dos tributos sobre o lucro 11.540 6.110 0 13.960
(-) Tributos sobre o lucro -3.840 -2.010 -5.850
= Lucro líquido do período 7.700 4.100 8.110
(-)Participação minoritária no lucro 0 0 410 -410
= Lucro Líquido do grupo empresarial 7.700 4.100 7.700

Foram então ajustados ou eliminados:


a. Na receita operacional líquida, o valor das vendas intercompanhias.
110/169 Unidade 3 • Tópicos Avançados da Contabilidade Financeira
b. No custo das mercadorias Tabela 2 - CONSOLIDAÇÃO DO BALANÇO PATRIMONIAL
Grupo Empresarial X Ajustes e Saldos
vendidas, o valor das vendas Empresa A Empresa B Eliminações Consolidados
ATIVO CIRCULANTE
intercompanhias, já que, dentro Disponibilidades 2.800 1.500 4.300
Clientes - Terceiros 33.000 22.000 55.000
do custo das vendas da empresa Clientes - Grupo empresarial 2.000 0 2.000 0

B, consta o valor das vendas Estoques


Soma
28.000
65.800
15.000
38.500
43.000
102.300
recebidas de A. ATIVO NÃO CIRCULANTE
Realizável a longo prazo 200 200 400
Investimentos em controlada 40.500 0 40.500 0
c. O valor da equivalência Imobilizado 78.000 47.000 125.000
Intangível 0 5.300 5.300
patrimonial constante da (-) Depreciações e acumuladas -16.000 -11.000 -27.000
demonstração do resultado de A. Soma
ATIVO TOTAL
102.700
168.500
41.500
80.000
103.700
206.000
PASSIVO CIRCULANTE
d. Foi inserido, ao final da Fornecedores - Terceiros 17.000 8.000 25.000
Fornecedores - Grupo empresarial 0 2.000 2.000 0
demonstração, o valor da Salários, encargos e contas a pagar 13.000 9.400 22.400

participação minoritária no lucro Tributos a recolher


Empréstimos
2.000
3.000
1.000
2.200
3.000
5.200
de B. Soma
PASSIVO NÃO CIRCULANTE
35.000 22.600 55.600

Financiamentos 24.000 12.400 36.400


PATRIMÔNIO LÍQUIDO
A Tabela 2 mostra os dados do balanço Capital Social 90.000 35.000 35.000 90.000
Reservas 11.800 5.900 5.900 11.800
patrimonial das duas empresas, os Lucros acumulados 7.700 4.100 4.100 7.700
Soma 109.500 45.000 109.500
ajustes e eliminações e os saldos
PARTICIPAÇÃO MINORITÁRIA 0 0 4.500 4.500
consolidados. PASSIVO TOTAL 168.500 80.000 206.000

111/169 Unidade 3 • Tópicos Avançados da Contabilidade Financeira


Foram então ajustados ou eliminados:
a. No ativo circulante, os valores que A tem a receber de B.
b. No ativo não circulante da empresa A, o valor do investimento em controladas.
c. No passivo circulante, os valores que B tem que pagar para A.
d. No patrimônio líquido, todos os valores de B foram eliminados, pois agora são refletidos
na somatória dos ativos e passivos das duas empresas.
e. O valor da participação minoritária no patrimônio líquido da empresa B, em rubrica
separada, após o valor do patrimônio líquido consolidado.

112/169 Unidade 3 • Tópicos Avançados da Contabilidade Financeira


Para saber mais
IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto Rubens. Manual de
Contabilidade das Sociedades por Ações. 7ª. Ed., São Paulo: Atlas, 2012.
PADOVEZE, Clóvis Luís; BENEDICTO, Gideon Carvalho de;LEITE, Joubert da Silva
Jerônimo. Manual de Contabilidade Internacional. São Paulo: Cengage Learning, 2012.
SANTOS, José Luiz; SCHMIDT, Paulo; FERNANDES, Luciane Alves. Fundamentos de
Contabilidade Avançada. São Paulo: Atlas, 2004.

Link
<www.cpc.org.br>
<www.cfc.org.br>

113/169 Unidade 3 • Tópicos Avançados da Contabilidade Financeira


Glossário
Equivalência patrimonial: é um método contábil de avaliação ou mensuração de ativo,
aplicado, em função de normas contábeis, aos investimentos de aquisição societária parcial
ou total de empresas que se caracterizam como controladas ou coligadas. A origem da
denominação deste método decorre do critério de cálculo, onde se aplica o percentual da
participação societária adquirida da investida, sobre os valores do patrimônio líquido e do
resultado líquido do exercício da investida, trazendo esses valores para o balanço patrimonial e
demonstração do resultado da investidora, respectivamente.
Combinação de negócios: é um termo introduzido pelas normas internacionais de
contabilidade, adotadas no Brasil, para caracterizar os processos de reorganização societária
de fusão, cisão e incorporação, assim como para caracterizar os procedimentos contábeis de
consolidação das demonstrações contábeis em controladas e coligadas, mesmo que ainda não
tenham havido oficialmente os processos de fusão e incorporação.

114/169 Unidade 3 • Tópicos Avançados da Contabilidade Financeira


Glossário
Goodwill: termo internacional que identifica a diferença do valor pago na aquisição de uma
empresa maior do que o valor dos ativos e passivos avaliados individualmente a valor de
mercado ou valor justo; ágio na aquisição de investimentos societários. No Brasil é denominado
de ágio por expectativa de resultados futuros. O goodwill caracteriza-se como um ativo
intangível não identificado, provavelmente decorrente da sinergia que pode ser obtida na
junção de empresas, clientela, localização, fundo de comércio, tecnologia, participação de
mercado etc.

115/169 Unidade 3 • Tópicos Avançados da Contabilidade Financeira


Assista a suas aulas

Aula 3 - Tema: Processos de Reavaliação - Bloco I Aula 3 - Tema: Equivalência Patrimonial - Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
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1d/074714e80bb7e38a4767af4a2d23970a>. 15fd02d48f04ff77e9360de9177e792c>.

116/169
Assista a suas aulas

Aula 3 - Tema: Combinação de Negócios - Bloco III Aula 3 - Tema: Princípios de Consolidação
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ das Demonstrações Financeiras - Bloco IV
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7250cba486eae58e422bd1e78bd75d0b>. pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
f261f1cf958afecb9b56d6382f0a6df9>.

117/169
Questão 1
1. O fundamento contábil da reavaliação de ativos:

a) ( ) atende às regras do CPC.


b) ( ) traz para a contabilidade o valor dos ativos a preços de mercado.
c) ( ) identifica o possível ganho na venda de bens.

118/169
Questão 2
2. O método de equivalência aplica-se a:

a) ( ) investimentos em controladas exclusivamente.


b) ( ) investimentos em coligadas onde há influência significativa.
c) ( ) investimentos em controladas e coligadas.

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Questão 3
3. O que caracteriza um ato de incorporação de empresa:

a) ( ) adquirir o total das ações ou cotas de uma empresa.


b) ( ) fazer um ato societário extinguindo a empresa investida, trazendo os ativos e
passivos para o patrimônio da empresa investidora.
c) ( ) fazer as demonstrações contábeis consolidadas.

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Questão 4
4. Quando o valor pago na aquisição de uma empresa for inferior ao valor
líquido dos ativos e passivos avaliados a valor justo:

a) ( ) caracteriza-se a diferença como compra vantajosa e este valor é contabilizado como


receita operacional na investidora.
b) ( ) caracteriza-se a diferença como goodwill e a diferença deve ser contabilizada como
intangível na investidora.
c) ( ) caracteriza-se a diferença como goodwill e a diferença deverá ser amortizada em
dez anos.

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Questão 5
5. A participação minoritária num balanço consolidado representa:

a) ( ) a participação dos sócios não controladores na empresa investida.


b) ( ) a participação dos sócios não controladores na empresa investidora.
c) ( ) o valor patrimonial equivalente apresentado no balanço patrimonial da investidora.

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Gabarito

1. Resposta: B

2. Resposta: C

3. Resposta: B

4. Resposta: A

5. Resposta: A

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Unidade 4
A Contabilidade Gerando Informações para Tomada de Decisão

Objetivos

»» Introduzir os conceitos de avaliação de desempenho global da empresa por


meio das técnicas de análise de balanço.
»» Apresentar os conceitos para o gerenciamento setorial da empresa por
unidades de negócio.
»» Introduzir os fundamentos gerenciais analíticos pelas técnicas e conceitos da
contabilidade de custos.
»» Identificar os instrumentos de atuação da contabilidade no planejamento
estratégico das empresas.

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Introdução

A contabilidade é essencialmente um sistema de informação que controla um patrimônio


empresarial. O conceito de controle contábil, desenvolvido há séculos, é um conceito amplo e
supratemporal. O controle contábil deve abranger os três momentos temporais, quais sejam, o
passado, presente e futuro.
Assim, o controle contábil é:
a. Subsequente, com informações do desempenho passado.
b. Concomitante, com informações do desempenho presente.
c. Antecedente, com informações do desempenho futuro.

Portanto, a estrutura contábil é claramente uma estrutura de informações úteis para a tomada
de decisão. A estrutura da contabilidade financeira, de imediato, já permite avaliar o passado
para inferir o futuro da empresa. Nesse sentido, a teoria contábil considera que a informação
contábil tem um efeito preditivo, ou seja, dados passados que permitem vislumbrar o futuro da
organização. Este capítulo explora quatro fundamentos da contabilidade, auxiliando o processo
de tomada de decisão, em âmbito operacional, tático e estratégico.

125/169 Unidade 4 • A Contabilidade Gerando Informações para Tomada de Decisão


Visão Global da Empresa: Análise I – Análise vertical
Gerencial de Balanços
II – Análise horizontal
Este instrumento contábil de gestão
é o primeiro fundamento gerencial da III – Indicadores econômico-
informação contábil. A análise gerencial financeiros
de balanços caracteriza-se por uma IV – Avaliação final
meditação em cima dos números das
demonstrações contábeis, objetivando Análises Vertical e Horizontal
fazer uma avaliação de sua rentabilidade,
A análise vertical caracteriza-se como
de sua liquidez e estrutura patrimonial,
uma análise percentual de estrutura
para fazer um julgamento da sua situação
ou participação. Busca deixar clara a
financeira e de lucratividade, com vistas a
participação dos diversos elementos do
inferir seu desempenho futuro e justificar
balanço patrimonial e da demonstração do
ou não o investimento na empresa.
resultado sobre um elemento patrimonial
As técnicas de análise de balanço ou de ao qual é atribuído um número totalizador.
análise das demonstrações financeiras são:
A análise vertical considera como elemento
126/169 Unidade 4 • A Contabilidade Gerando Informações para Tomada de Decisão
patrimonial totalizador: A análise vertical deve ser analisada
a. O ativo total, para análise vertical do em conjunto com a análise horizontal,
balanço patrimonial. assim como conjuntamente o balanço
patrimonial e a demonstração do
b. A receita operacional líquida,
resultado, tendo como referência as inter-
para análise da demonstração do
relações que existem entre os elementos
resultado.
patrimoniais dessas duas demonstrações.

A análise horizontal busca evidenciar as A Tabela 1 mostra a análise vertical (AV) e


variações de crescimento ou diminuição horizontal (AH) do balanço patrimonial de
dos elementos patrimoniais entre em ano e dois períodos.
outro. O objetivo é verificar o quanto variou
(aumentou ou diminuiu)certoelemento
patrimonial e se essa variação é condizente
com o ambiente econômico, com o ramo
de atuação ou com o planejamento
estratégico e orçamentário realizado
anteriormente.

127/169 Unidade 4 • A Contabilidade Gerando Informações para Tomada de Decisão


Tabela 1 - Análise vertical e horizontal do balanço patrimonial
Balanço Patrimonial 31.12.x1 AV 31.12.x2 AV AH
ATIVO CIRCULANTE
Disponibilidades 2.800 2% 1.970 1% -30%
Clientes 35.000 27% 39.700 27% 13%
Estoques 28.000 22% 28.300 19% 1%
Soma 65.800 51% 69.970 48% 6%
ATIVO NÃO CIRCULANTE
Realizável a longo prazo 200 0% 200 0% 0%
Investimentos 0 0% 0 0% 0%
Imobilizado 78.000 61% 100.000 68% 28%
Intangível 0 0% 0 0% 0%
(-) Depreciações acumuladas -16.000 -13% -23.800 -16% 49%
Soma 62.200 49% 76.400 52% 23%
ATIVO TOTAL 128.000 100% 146.370 100% 14%
PASSIVO CIRCULANTE
Fornecedores 17.000 13% 18.600 13% 9%
Salários, encargos e contas a pagar 13.000 10% 14.500 10% 12%
Tributos a recolher 2.000 2% 2.240 2% 12%
Empréstimos 3.000 2% 2.200 2% -27%
Soma 35.000 27% 37.540 26% 7%
PASSIVO NÃO CIRCULANTE
Financiamentos 24.000 19% 38.500 26% 60%
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Capital Social 50.000 39% 50.000 34% 0%
Reservas 10.000 8% 10.000 7% 0%
Lucros acumulados 9.000 7% 10.330 7% 15%
Soma 69.000 54% 70.330 48% 2%
PASSIVO TOTAL 128.000 100% 146.370 100% 14%

128/169 Unidade 4 • A Contabilidade Gerando Informações para Tomada de Decisão


uma contrapartida de aumento do capital
Alguns dados chamam a atenção. social, nem da retenção de lucros, já que
As estruturas verticais são similares, o patrimônio líquido cresceu apenas 4%.
mostrando no ativo um crescimento de Provavelmente a empresa deu prioridade
participação do não circulante, que passou para a distribuição de lucros em vez de
de 49% para 52%, basicamente em razão reinvestimento do lucro.
do crescimento significativo no imobilizado
A Tabela 2 apresenta um exemplo
(28%).
da análise vertical e horizontal da
No passivo houve uma queda da demonstração do resultado.
participação do capital próprio (o
patrimônio líquido), de 54% para 49%,
com um crescimento mais expressivo
dos financiamentos do passivo não
circulante (60%), que passou de 19%
para 26% do ativo total. Isso decorre
de um aumento de endividamento,
provavelmente para financiar o grande
crescimento do imobilizado, sem haver
129/169 Unidade 4 • A Contabilidade Gerando Informações para Tomada de Decisão
Tabela 2 - Análise vertical e horizontal da demonstração do resultado
Ano X1 AV Ano X2 AV AH
Receita operacional líquida 394.800 100,0% 420.000 100,0% 6%
(-) Custo das mercadorias vendidas -287.755 -72,9% -302.900 -72,1% 5%
= Lucro bruto 107.045 27,1% 117.100 27,9% 9%
(-) Despesas operacionais -88.400 -22,4% -95.000 -22,6% 7%
(-) Depreciação -7.020 -1,8% -7.800 -1,9% 11%
= Lucro operacional 11.625 2,9% 14.300 3,4% 23%
(-) Despesas financeiras -2.600 -0,7% -2.900 -0,7% 12%
(+) Receitas financeiras 125 0,0% 140 0,0% 12%
= Lucro antes do IR 9.150 2,3% 11.540 2,7% 26%
(-) IR/CSLL -3.020 -0,8% -3.840 -0,9% 27%
= Lucro líquido do período 6.130 1,6% 7.700 1,8% 26%

Esta análise é extremamente rica. A análise vertical da demonstração do resultado mostra a


evolução da estrutura de custos e despesas da empresa, em relação à receita e o seu impacto
no montante do lucro operacional e lucro líquido.

Verificamos que a receita operacional líquida cresceu 6%, percentual este que em nosso país,
com uma inflação ao redor de 5% a 6%, é considerado baixo. Com inflação dessa magnitude, é
importante que as receitas cresçam pelo menos cerca de 10% ao ano.

130/169 Unidade 4 • A Contabilidade Gerando Informações para Tomada de Decisão


Identificamos também que o custo das Indicadores Econômico-Financeiros
mercadorias vendidas cresceu menos que
Normalmente são classificados em três
a receita, o que é bom, provocando uma
blocos:
melhora expressiva do lucro bruto. As
despesas operacionais cresceram mais a. Indicadores de liquidez e solvência.
que a inflação, o que, em princípio, não b. Indicadores de atividades.
é considerado bom. Contudo, a redução c. Indicadores de lucratividade e
obtida no custo das mercadorias vendidas rentabilidade.
foi o fator principal para que a margem
A Tabela 3 mostra um painel de
operacional aumentasse de 2,9% para
indicadores, com parâmetros para
3,4% da receita líquida, com uma variação
julgamento que indicam situações boas
de crescimento de 23%, que é excelente.
ou não. Os parâmetros são empíricos, mas
As receitas e despesas financeiras tiveram utilizados com esse grau de aproximação.
um crescimento moderado e a margem
líquida aumentou 0,2 pontos percentuais,
e o montante do lucro líquido aumentou os
expressivos 26%.

131/169 Unidade 4 • A Contabilidade Gerando Informações para Tomada de Decisão


Tabela 3 - Painel de indicadores - considerando período anual
31.12.x1 31.12.x2 Parâmetro
I - Indicadores de solvência e liquidez
Liquidez corrente 1,88 1,86 acima de 1,00 até 1,50
Liquidez seca (sem estoques) 1,08 1,11 acima de 0,50 até 0,70
Liquidez geral -curto e longo prazo 1,12 0,92 ao redor de 1,00
Endividamento geral 0,86 1,08 ao redor de 1,00
Endividamento financeiro 0,39 0,58 até 1,00

II - Indicadores de atividades
Prazo médio de recebimento de clientes 32 dias 34 dias quanto menor, melhor
Prazo médio de estocagem 35 dias 34 dias quanto menor, melhor
Prazo médio de pagamento a fornecedores 21 dias 22 dias quanto maior, melhor
Giro do ativo total 3,1 vezes 2,9 vezes quanto maior, melhor

III - Indicadores de lucratividade


Margem bruta 27,1% 27,9% quanto maior, melhor
Margem operacional 2,9% 3,4% quanto maior, melhor
Margem Líquida 1,6% 1,8% quanto maior, melhor
Retorno sobre o patrimônio líquido final 8,9% aa 10,9% aa Acima de 12%% aa

Os indicadores de liquidez e solvência mostram uma situação financeira tranquila da empresa,


bem como uma estrutura conservadora de capital de terceiros, mesmo tendo havido um
crescimento do índice de endividamento financeiro.

132/169 Unidade 4 • A Contabilidade Gerando Informações para Tomada de Decisão


Os prazos médios de atividade são investimento em empresas, que têm um
considerados normais. O crescimento do parâmetro mundial de rentabilidade acima
prazo médio de recebimento de clientes de 12% ao ano. A rentabilidade do primeiro
também é evidenciado no ativo circulante, ano é considerada baixa e do segundo ano,
com um crescimento da conta de clientes razoável.
de 13%, maior que o crescimento da Avaliação Final
receita líquida, que foi de apenas 6%.
No geral, podemos considerar que
A pequena melhora no prazo médio de a estrutura patrimonial e financeira
estocagem também é refletida no balanço da empresa é boa, assim como seus
patrimonial, uma vez que o valor dos indicadores de atividades são considerados
estoques cresceu apenas 1%, enquanto normais. Houve uma melhora da
que o custo das mercadorias vendidas lucratividade no segundo ano, mas
cresceu 5%. a rentabilidade do investimento dos
Finalmente, o indicador de desempenho acionistas ainda deixa a desejar. Os
global conclusivo, que é o retorno do caminhos naturais para aumentar a
patrimônio líquido, mostra que houve rentabilidade é dar maior produtividade
crescimento, ainda que 10,9% ao ano para os investimentos, uma vez que o giro
seja considerado baixo como retorno de do ativo total caiu no segundo ano, ao
133/169 Unidade 4 • A Contabilidade Gerando Informações para Tomada de Decisão
mesmo tempo em que se deve aumentar c. Avaliar o desempenho dos
a receita de vendas, para obter alguns responsáveis de cada área de
ganhos de margem operacional nos negócio.
próximos anos.
Para tanto, o sistema de contabilidade deve
1.1 Análise Setorial da Empresa: estar preparado para identificar e acumular
Visão por Unidades de Negócio as transações que permitam a utilização
desse instrumento de gestão. São dois
Os objetivos da contabilidade por pontos principais neste sistema:
unidades de negócio (business units) ou
a. A identificação das unidades de
contabilidade por centros de resultados
negócio.
são:
b. A identificação e precificação das
a. Segmentar o resultado da empresa transferências entre as unidades de
para identificar a contribuição das negócio.
várias áreas de negócio no total.
b. Analisar o retorno do investimento
em cada área de negócio.

134/169 Unidade 4 • A Contabilidade Gerando Informações para Tomada de Decisão


Identificação das Unidades de Transferências Entre as Unidades de
Negócio Negócio
Não há uma única contabilidade por Dentro de uma corporação é comum que
unidades de negócio. Pode-se estruturar haja transações de compra e venda, ou
várias visões do resultado da empresa, que mesmo de transferências internas, entre
denominamos de dimensões. Em princípio, as unidades organizacionais. Assim, um
as quatro dimensões mais utilizadas são: aspecto crucial é identificar e precificar
a. Contabilidade por áreas de negócio. essas transações e transferências.

b. Contabilidade por fábricas, filiais ou A precificação dessas transações


divisões. e transferências é denominada de
transferpricing(preços de transferência)
c. Contabilidade por processos fabris e
e é utilizada em âmbito nacional
comerciais.
e internacional na organização. A
d. Contabilidade por produtos e correta precificação das transações e
serviços. transferências internas é que permitirá a
correta mensuração dos resultados das
áreas de negócio.

135/169 Unidade 4 • A Contabilidade Gerando Informações para Tomada de Decisão


Vários tipos de preços de transferência têm sido estudados pelos estudiosos e empresários, tais
como preço baseado no custo real, custo mais margem arbitrada, custo padrão, custo padrão
mais margem, preço negociado, preço arbitrado. Nosso entendimento é para aplicação do
único preço de transferência que valida o sistema: preço de mercado, ou seja, preço de venda
para terceiros.
Avaliação do Desempenho
A metodologia mais empregada é avaliar o desempenho pelo retorno do investimento,
considerando o lucro operacional de cada unidade de negócio, confrontado com os
investimentos operacionais que foram necessários para estruturar a unidade de negócio,
representados pelos ativos colocados à disposição da unidade de negócio, em termos de
estoques e ativos fixos.
Exemplo Numérico
A Tabela 4 mostra um exemplo de apuração de resultados por unidades de negócio e o modelo
básico de avaliação de desempenho pelo retorno do investimento.

136/169 Unidade 4 • A Contabilidade Gerando Informações para Tomada de Decisão


Tabela 4 - Contabilidade por unidades de negócio
Unidades de Negócio
BU 1 BU 2 BU 3 Total
Receitas
Receita líquida de vendas 84.000 147.000 189.000 420.000
Transferências internas 50.000 40.000 0 90.000
Soma 134.000 187.000 189.000 510.000
Custos
Custo das vendas externas -60.580 -102.986 -139.334 -302.900
Transferências internas 0 -53.000 -37.000 -90.000
Soma -60.580 -155.986 -176.334 -392.900

Lucro bruto 73.420 31.014 12.666 117.100


(-) Despesas operacionais -66.500 -23.750 -4.750 -95.000
(-) Depreciações -1.560 -3.900 -2.340 -7.800
Lucro operacional (a) 5.360 3.364 5.576 14.300

Ativos à disposição
Estoques 5.660 6.226 16.414 28.300
Imobilizado 15.240 38.100 22.860 76.200
Soma (b) 20.900 44.326 39.274 104.500

Retorno do investimento (a/b) 25,6% 7,6% 14,2% 13,7%


IR/CSLL - 33% -8,5% -2,5% -4,7% -4,5%
Retorno do investimento líquido do IR 17,2% 5,1% 9,5% 9,2%

137/169 Unidade 4 • A Contabilidade Gerando Informações para Tomada de Decisão


Os principais pontos a salientar são:
a. As receitas de vendas a terceiros são somadas às receitas das transferências internas
remetidas.
b. O custo das vendas a terceiros é somado ao custo das transferências internas recebidas.
c. O total das receitas de transferências tem que ser igual ao custo das transferências, pois
delas devem se anular aritmeticamente entre si.
d. Consideramos como ativos à disposição os valores dos estoques e imobilizados
requisitados por cada unidade de negócio.
e. O retorno do investimento foi calculado antes e depois da alíquota média do IR da
organização.
f. Verifica-se que uma unidade essencialmente transferidora, como é o exemplo da BU1,
pode contribuir com maior lucro e maior retorno do investimento do que, eventualmente,
unidades de negócio essencialmente vendedoras a terceiros.

1.2 Fundamentos Analíticos da Contabilidade: Contabilidade de Custos

São vários os objetivos da contabilidade de custos, dos quais podemos salientar os seguintes:
138/169 Unidade 4 • A Contabilidade Gerando Informações para Tomada de Decisão
a. Apurar o custo dos produtos para fins de valorização dos estoques para a contabilidade
societária e fiscal.
b. Apurar o custo dos produtos e serviços para analisar a rentabilidade de cada um.
c. Apurar o custo dos produtos e serviços para formar o preço de venda, como um
parâmetro para precificação.
d. Atribuir responsabilidades sobre as diversas etapas da geração dos custos e despesas e
promover a eficiência e eficácia empresarial.

A contabilidade de custos caracteriza-se por ser um instrumento de gestão analítico – uma


vez que parte do desdobramento da contabilidade por unidades de negócio – para analisar a
contribuição que cada produto ou serviço pode dar à empresa.
É por meio do modelo decisório de análise de rentabilidade dos produtos e serviços que a
empresa aplica suas táticas comerciais na busca da otimização do resultado empresarial.

Métodos de Custeio e Necessidades Legais e Gerenciais


Para as necessidades legais, o método de custeio a ser utilizado é o custeamento por absorção,

139/169 Unidade 4 • A Contabilidade Gerando Informações para Tomada de Decisão


onde se identificam os custos diretos aos diversos produtos e serviços (materiais, mão de obra
direta) e adicionam-se aos custos diretos os custos indiretos fabris (mão de obra indireta,
gastos gerais de fabricação, depreciação industrial), por algum critério de alocação ou rateio.
Para objetivos de formação de preços de venda a partir do custo, a metodologia do
custeamento por absorção ou metodologia equivalente (custeamento por atividades –
ABC – ActivityBasedCosting) não traz prejuízos gerenciais significativos, uma vez que,
nesse momento, as quantidades e o mix dos diversos produtos e serviços são definidos
antecipadamente e não há modificação na estrutura de produtos e serviços e de seus custos e
receitas esperadas.
Outrossim, aanálise da rentabilidade dos produtos e serviços e para tomada de decisão
tática para otimização da lucratividade, por meio da mudança do mix e volume dos diversos
produtos e serviços, só é possível a utilização do método de custeamento direto/variável, que
compreende o modelo da margem de contribuição.

Modelo Decisório da Contabilidade de Custos: Modelo da Margem de


Contribuição1
1 Adaptado de PADOVEZE, 2013, p.313.
140/169 Unidade 4 • A Contabilidade Gerando Informações para Tomada de Decisão
O único modelo que pode ser utilizado para identificar a contribuição de cada produto ou
serviço na lucratividade geral da empresa é o modelo da margem de contribuição, que é uma
decorrência do método de custeamento direto/variável.
O método de custeamento direto/variável é o único método considerado científico pela ciência
contábil2, pois contempla os seguintes conceitos:
a. Não mistura na apuração do custo dos produtos e serviços gastos de natureza fixa com
gastos de natureza variável.
b. Identifica apenas os custos variáveis e diretos, claramente identificáveis à cada unidade
de produto ou serviço.
c. Identifica a margem de contribuição de cada produto ou serviço, que é, de fato, o único
lucro ou margem atribuível aos produtos.
d. Por não misturar custos de natureza fixa e natureza variável, permite a utilização do
instrumental de simulação para otimização da lucratividade.
A Tabela 5 mostra o modelo adequado para o processo de tomada de decisão com produtos e
serviços.
2 Cf. CATELLI, Armando; GUERREIRO, Reinaldo. Uma análise crítica do sistema ABC. Revista Brasileira de Contabilidade,n.91, jan-
fev, 1995.
141/169 Unidade 4 • A Contabilidade Gerando Informações para Tomada de Decisão
Tabela 5 - Modelo geral para análise de custos e rentabilidade
Produto A Produto B Produto C Total
Quantidade de venda ou produção 2.000 3.000 4.500
Preço de venda unitário* 15,00 12,00 10,00
Custo variável unitário 4,00 2,80 2,80
Despesa variável unitária 1,00 1,00 1,00
Margem de contribuição unitária 10,00 8,20 6,20
Margem de contribuição percentual 66,7% 68,3% 62,0%
Receita total * 30.000 36.000 45.000 111.000
Custos e despesas variáveis totais -10.000 -11.400 -17.100 -38.500
Margem de contribuição total 20.000 24.600 27.900 72.500
Participação da margem de cada
produto na margem de contribuição total 27,6% 33,9% 38,5% 100,0%
Custos específicos diretos aos produtos -5.000 -5.000 -6.000 -16.000
Despesas específicas diretas aos produtos -2.000 -3.000 -1.500 -6.500
Margem de contribuição direta 13.000 16.600 20.400 50.000
Margem de contribuição direta percentual 43,3% 46,1% 45,3% 45,0%
Participação da margem direta de cada
produto na margem direta total 26,0% 33,2% 40,8% 100,0%
Custos fixos gerais 0 0 0 -10.000
Despesas fixas gerais 0 0 0 -15.000
Lucro operacional 25.000
Margem de lucro operacional percentual 22,5%
* já excluidos dos tributos sobre a venda/receita

As principais características do modelo são:


142/169 Unidade 4 • A Contabilidade Gerando Informações para Tomada de Decisão
a. Identifica os dados unitários consultorias para determinada linha
específicos de cada produto ou de produto, licenciamentos, royalties
serviço que são o preço de venda etc.
unitário, o custo direto/variável d. Apura a margem de contribuição
unitário e a margem de contribuição direta de cada produto ou serviço.
unitária.
e. Os custos e despesas fixas gerais não
b. Mensura a margem de contribuição são alocados a nenhum produto ou
unitária de cada produto ou serviço, serviço, devendo ser evidenciadas
bem como a margem de contribuição pelo seu total para obter o lucro
total que cada produto ou serviço operacional total da empresa.
dá para a empresa, medida esta que
f. Torna-se claramente um modelo
é a mais importante para avaliar a
simulador, permitindo que a
contribuição de cada produto ou
empresa tome decisões táticas de
serviço para a lucratividade total da
mudança de quantidades, preços
companhia.
e mix de produtos e serviços,
c. Permite alocar os custos e despesas objetivando melhorar a lucratividade,
fixas específicas para cada produto considerando, é claro, as possíveis
ou serviço, se houver, tais como restrições ou fatores limitantes, se
143/169 Unidade 4 • A Contabilidade Gerando Informações para Tomada de Decisão
houver. tem que ser alinhada ao processo de
Fica claro então que, para fins de análise planejamento estratégico.
de rentabilidade e decisões de alteração Padoveze, já citado, entende que a
de mix, volume e preços de produtos e contabilidade estratégica explicita-se
serviços, o único modelo a ser adotado nas organizações com a estruturação de
é o modelo da margem de contribuição, sistemas de informações que permitam
oriundo do método de custeamento direto/ dar apoio aos responsáveis pelo
variável. planejamento estratégico. Esses sistemas
de informações devem ser monitorados
pela contabilidade ou controladoria, mas,
Contabilidade Apoiando a
pelo fato de conterem informações de
Estratégia3
caráter estratégico, devem ser alimentados
Muito se fala em contabilidade estratégica com dados e informações oriundos de
e são diversos entendimentos dos autores toda a empresa, assim como deve incluir
de como de fato a contabilidade pode informações colhidas do ambiente externo.
auxiliar na estratégia. Num ponto todos
A responsabilidade pelo planejamento
concordam: a contabilidade estratégica
estratégico não é da contabilidade. Esta é
3 Baseado em PADOVEZE, 2012a, cap. 9 a 12. uma responsabilidade da cúpula diretiva
144/169 Unidade 4 • A Contabilidade Gerando Informações para Tomada de Decisão
da empresa (presidente, dono(s), diretores). Subsistema de Análise do Ambiente
A responsabilidade da contabilidade é e Estruturação de Cenários
estruturar sistemas de informações que
Neste sistema, cabe a coleta de
auxiliem esses gestores nessa tarefa.
informações e respectivos julgamentos,
Este autor entende que quatro subsistemas confrontando os pontos fortes e fracos
de contabilidade estratégica devem existir da empresa (o ambiente interno)
em qualquer organização, sendo eles: com as ameaças e oportunidades do
1. Subsistema de análise do ambiente, ambiente externo, com foco em manter a
interno e externo, e estruturação de competitividade empresarial. Além disso,
cenários. deve desenvolver a leitura e assunção de
variáveis macroeconômicas, os cenários,
2. Subsistema de informações de
para dar retaguarda aos processos de
acompanhamento do negócio.
planejamento estratégico, táticos e
3. Subsistema de indicadores chaves de operacionais.
desempenho para monitoramento da
estratégia.
4. Subsistema para gerenciamento
do risco corporativo.
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Subsistema de Informações de f. Avaliação do tamanho dos mercados
Acompanhamento do Negócio de atuação.
Este subsistema tem como característica g. Identificação da participação da
disponibilizar informações que situem a empresa nos diversos mercados que
empresa no seu ramo de atuação, dentro atua etc.
da conjuntura econômica. Assim, deve ter Portanto, devem estar disponibilizados
informações para: dados, informações, tabelas e análises
a. Acompanhamento do desempenho que permitam à empresa acompanhar os
do setor de atuação. negócios em que atua.

b. Acompanhamento do desempenho
do país ou países onde atua.
Subsistema de Indicadores Chaves de
Desempenho para Monitoramento
c. Acompanhamento das exportações e da Estratégia
importações concorrentes.
Subsistema necessário para complementar
d. Acompanhamento do desempenho
as informações contábeis financeiras
dos concorrentes.
e gerenciais, que tem como foco a
e. Acompanhamento e monitoramento mensuração monetária. Assim, é
da competividade cambial.
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necessário um conjunto de indicadores de desempenho que complementem as medidas
financeiras.
São vários sistemas propostos, tais como:
a. Sistema de qualidade total, Isso.
b. KPI – Key Performance Indicators.
c. Gerenciamento por diretrizes.
d. Balanced Scorecard etc.

A Tabela 6 mostra um exemplo desse subsistema, baseado na concepção do balancedscorecard.

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Tabela 6 - Exemplo de Acompanhamento de Indicadores com
Balanced Scorecard

Perspectiva Meta Mês 1 Mês 2 Mês 3 Mês N Acumulado Anualizado Variação


Aprendizado e Crescimento
Horas de treinamento - Internos 2.400 120 200 220 180 720 2.160 -10%
Cursos Externos 60 5 4 7 5 21 63 5%
Turn Over 0,75 0,8 0,9 0,5 0,7 0,725 0,725 -3%

Processos Internos
Rejeitos por milhão 1.200 120 100 80 150 450 1.350 13%
Repasse / Horas Padrão - % 1,43 1,5 1,2 1,5 1,3 5,5 1,375 -4%
Fornecedores - dias em atraso 2 4 5 6 4 4,75 4,75 138%
Investimentos em qualidade - % 0,95 1,5 1,2 0,95 0,8 1,1125 1,1125 17%

Clientes
Dias de tramitação pedidos 2 4 3 2 2 2,75 2,75 38%
Entrega - dias 1 1,5 1,2 1,4 1 1,275 1,275 28%
Treinamento de Clientes - horas 80.000 5.000 6.000 7.000 7.500 25.500 76.500 -4%
Satisfação de Clientes 98% 90% 85% 88% 92% 0,8875 0,8875 -9%
Reclamações dos clientes
Graves 6 1 0 0 0 1 3 -50%
Não Graves 12 1 2 3 2 8 24 100%
Total 18 2 2 3 2 9 27 50%
Não Resolvidas 0 0 1 1 0 0,5 0,5

Financeira
Rentabilidade 15% 1,0% 2,0% 1,5% 1,3% 5,8% 17,25% 15%
Margem Operacional 8% 7,0% 10,0% 9,0% 8,0% 8,5% 8,50% 6%
Investimentos em P&D - % ROL 2,5% 3,0% 3,5% 3,0% 2,8% 3,1% 3,08% 23%

296

Subsistema para Gerenciamento do Risco Corporativo


Qualquer empreendimento está sujeito a riscos. O risco é inerente a qualquer negócio;
não deixa de ser a essência do investimento, que é arriscar. Para tanto, é necessária uma
arquitetura informacional para monitorar a exposição da organização ao risco. Esta arquitetura
é denominada de gerenciamento do risco corporativo.

148/169 Unidade 4 • A Contabilidade Gerando Informações para Tomada de Decisão


O gerenciamento do risco corporativo tem como objetivo manter um processo sustentável
de criação de valor para o acionista. Assim, deve contemplar a conciliação entre riscos de
conformidade (compliance) e riscos de oportunidades ou desempenho (performance).
A Tabela 7 mostra um exemplo de acompanhamento e monitoramento de riscos corporativos.

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Tabela 7 - Relatório Geral de Avaliação de Riscos
A = Alto M = Moderado B = Baixo Avaliação Sistema de
Variação Valor Probabilidade Valor do Proteção Contabilização
Riscos Identificados Dado Impacto
Possível Nominal Avaliação % Risco Tipo Valor
Riscos correntes
Patrimoniais
Aplicações Financeiras 20.000 B 1% A 200 Swap 5.000 sim
Créditos em moeda estrangeira 2,90 20% 10.000 M 50% A -2.900 Securitização 10.000 não
Débitos em moeda estrangeira 2,90 20% 25.000 M 50% A 7.250 Hedge Cambial 23.000 sim
Perdas no estoque não contabilizadas 10.000 A 90% A 9.000 SIG (1) 0 não
Créditos com clientes concentrados 20.000 B 10% A 2.000 SIG 0 não
Inadimplências - atrazos existentes 5.000 A 99% A 4.950 SIG 0 não
Imobilizados - passíveis de furtos 2.000 B 10% B 200 Seguro 500 não
Imobilizados - obsolescência 50.000 B 2% A 1.000 SIG 0 não
Soma 142.000 21.700 38.500
Contingentes
Processo Trabalhista 1 4.000 B 2% B 80 não 0 não
Processo Trabalhista N 2.500 A 95% A 2.375 não 0 sim
Risco Trabalhista N 30.000 B 5% A 1.500 SIG 0 não
Risco Procedimento ICMS 50.000 M 50% A 25.000 SIG 0 não
Risco Procedimento IR/CSLL 150.000 M 50% A 75.000 SIG 0 não
Soma 236.500 103.955
Riscos futuros
Patrimoniais
Resultados de Controladas 1 20% 200.000 M 50% A 20.000 SIG 0 não
Perda de controle interno 1 2% 800.000 B 20% M 3.200 SIG 0 não
Soma 1.000.000 23.200
Operacionais
Aumentos de custos de fornecedores 1 15% 800.000 B 20% A 24.000 Contrato Futuro 2.300 não
Estratégicos
Perda de market-share 1 10% 2.000.000 B 5% A 10.000 SIG 0 não
2.800.000 34.000 2.300

Total Geral 4.178.500 182.855 40.800


(1) SIG - Sistema de Informação Gerencial

Este exemplo deve ser desdobrado, de tal forma que se estruture um sistema mais analítico,
com maior poder de previsibilidade.
150/169 Unidade 4 • A Contabilidade Gerando Informações para Tomada de Decisão
Para saber mais
CATELLI, Armando. Controladoria. 2ª. Ed., São Paulo: Atlas, 2009.
ATKINSON, Anthony; BANKER, Rajiv; KAPLAN, Robert S.; YOUNG, Mark S. Contabilidade
Gerencial. São Paulo: Atlas, 2000.
GUERREIRO, Reinaldo. Gestão do Lucro. São Paulo: Atlas, 2006.

Link
<www.gecon.com.br>
<www.ifac.org/> IFAC: International Federation of Accountants
<www.strategicfinance.com> Strategic Finance

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Glossário
Lucratividade: associa-se a palavra lucratividade ao valor dos diversos tipos de lucros que
são mensurados na demonstração do resultado de um período como o lucro bruto, o lucro
operacional e o lucro líquido, e sua mensuração em relação ao total da receita operacional
líquida em termos de margens percentuais de lucro.
Rentabilidade: este termo designa o quanto rendeu o capital investido. Assim, é uma
associação do valor de determinado tipo de lucro, com o valor de determinado tipo de
investimento. Desse modo, podemos ter a rentabilidade operacional, confrontando o lucro
operacional com o ativo operacional ou a rentabilidade do acionista, confrontando o lucro
líquido do exercício com o valor do patrimônio líquido. Os indicadores de rentabilidade são os
mais importantes para avaliar o desempenho das empresas, porque eles mostram o resultado
percentual anual obtido com os investimentos feitos.
Margem de contribuição: um dos mais importantes fundamentos da análise de lucratividade
empresarial, seja de unidades de negócio ou de produtos e serviços individualizados. Mede
a contribuição objetiva e direta de cada objeto de análise. Matematicamente, a margem de
contribuição é obtida pelo valor da venda sem tributos (unitária ou total) menos os custos e
despesas variáveis e diretos (unitário ou total).

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Assista a suas aulas

Aula 4 - Tema: Análise Geral de Balanços - Bloco I. Aula 4 - Tema: Contabilidade por Unidade
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ de Negócios - Bloco II.
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
907c70fd24ca878e95ab1a232db6557f>. pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
29d4555f2becfc8e3326ff1469797f70>.

153/169
Assista a suas aulas

Aula 4 - Tema: Fundamentos de Contabilidade Aula 4 - Tema: Contabilidade Estratégica- Bloco


de Custo - Bloco III. IV.
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f-
0dd663c10e52146912f24b321ef76ff8>. 1d/473b4218a79c8369f7b9dfdfe06267c0>.

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Questão 1
1. A análise vertical e análise horizontal têm por finalidade, respectivamen-
te:

a) ( ) fazer um conjunto de indicadores econômico-financeiros.


b) ( ) calcular a variação de um período para outro e calcular a participação de
determinado item num item totalizador.
c) ( ) calcular a participação de determinado item num item totalizador e calcular a
variação de um período para outro.

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Questão 2
2. Pode-se considerar como o melhor indicador de análise de balanço:

a) ( ) o retorno do investimento sobre o patrimônio líquido.


b) ( ) a margem operacional sobre vendas.
c) ( ) o índice de liquidez corrente.

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Questão 3
3. Para precificar as transferências internas entre as unidades de negó-
cio, o preço de transferência mais indicado é:

a) ( ) preço baseado no custo real.


b) ( ) preço baseado no mercado.
c) ( ) preço baseado num custo padrão adicionando uma margem.

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Questão 4
4. Um dos fundamentos que caracterizam o modelo da margem de con-
tribuição como científico, para análise de lucratividade é:

a) ( ) o modelo não mistura custos de natureza fixa com custos de natureza variável.
b) ( ) o modelo utiliza o método de custeamento por absorção.
c) ( ) o modelo identifica o lucro unitário por produto ou serviço.

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Questão 5
5. A contabilidade estratégica caracteriza-se por:

a) ( ) fazer com que o contador elabore o planejamento estratégico.


b) ( ) criar um departamento de contabilidade estratégica.
c) ( ) estruturar sistemas de informações que apoiam os responsáveis pelo planejamento
estratégico.

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Gabarito

1. Resposta: C 4. Resposta: A

2. Resposta: A 5. Resposta: C

3. Resposta: B

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