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Licenciatura em Contabilidade e Gestão Pública

C o n t a b i l i d a d e F i n a n c e i ra

Ati v o s F i x o s Ta n g í v e i s
(NCRF 7)

F á ti m a C r a v o – 2 0 2 2 / 2 0 2 3
Apresentação do tema

Os ativos fixos tangíveis são bens móveis ou imóveis essenciais para o desenvolvimento da
atividade operacional das empresas, fazem parte do grande conjunto de ativos denominados
investimentos (Classe 4) e apresentam duas características importantes:

1 - continuidade ou permanência na empresa, porque têm sempre um período de vida útil superior
a 1 ano;

2 – utilizados no decurso da atividade da empresa, não se destinando a ser vendidos ou


transformados.

Exemplos: edifícios, terrenos, equipamentos, mobiliário, viaturas

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Introdução

Os ativos fixos tangíveis incluem-se na classe 4 - investimentos

Esta classe inclui os bens detidos com continuidade ou


permanência e que não se destinam a ser vendidos ou
transformados no decurso das operações da empresa
Introdução

Esta classe é constituída por 6 contas:

C o n t a 4 1 – i n v e s t i m e n t o s f i n a n c e i r o s

C o n t a 4 2 – p r o p r i e d a d e s d e i n v e s t i m e n t o

C o n t a 4 3 – a t i v o s f i x o s t a n g í v e i s

C o n t a 4 4 – a t i v o s i n t a n g í v e i s

C o n t a 4 5 – i n v e s t i m e n t o s e m c u r s o

C o n t a 4 6 – a t i v o s n ã o c o r r e n t e s d e t i d o s p a r a v e n d a
Introdução

Conta 43 – ativos fixos tangíveis


Evidencia a quantia escriturada dos elementos tangíveis da
empresa que sejam detidos para uso na produção ou
fornecimentos de bens ou serviços, para arrendar a outros ou
para fins administrativos e se espera que sejam usados durante
mais do que um período
Introdução

Balanço

Ativo não corrente


Introdução

Ativos correntes

1. Espera-se que seja realizado no decurso normal do ciclo operacional da entidade

2. Esteja detido essencialmente para a finalidade de ser negociado

3. Espera-se que seja realizado num período até 12 meses após a data do balanço

4. É caixa ou equivalente a caixa


Introdução

Todos os outros ativos devem ser classificados como não correntes

Inclui-se nos ativos não correntes os ativos tangíveis, intangíveis e financeiros cuja
natureza seja de longo prazo
Introdução

A NCRF 7 tem por base a norma internacional de contabilidade IAS 16 – Ativos fixos
tangíveis, adotada pela Comissão Europeia

Os Ativos Fixos Tangíveis são itens tangíveis que:

a) Sejam detidos para uso na produção ou fornecimento de bens ou serviços, para


arrendamento a outros, ou para fins administrativos, e

b) Se espera que sejam usados durante mais do que um período


Introdução

O custo dos ativos fixos tangíveis extingue-se ao longo da respetiva vida útil

Depreciação (imputação sistemática a gastos do exercício da quantia depreciável do ativo


fixo tangível)
Introdução

Contas Ativos Fixos Tangíveis (SNC)

43 Ativos Fixos Tangíveis

43.1 Terrenos e recursos naturais

43.2 Edifícios e outras construções

43.3 Equipamento básico

43.4 Equipamento transporte

43.5 Equipamento administrativo

43.6 Equipamentos biológico

43.7 Outros ativos fixos tangíveis

43.8 Depreciações acumuladas

43.9 Perdas por imparidade acumuladas


Introdução

Conta 431 – terrenos e recursos naturais

Regista as quantias referentes a terrenos e recursos naturais que se destinam ao uso na


produção, ao fornecimento de bens ou serviços ou para fins administrativos, como
sejam plantações de natureza permanente, minas, pedreiras, etc

São ainda registados nesta conta os terrenos subjacentes a edifícios mesmo que tenham
sido adquiridos em conjuntos e sem indicação separada de valores.
Introdução

Conta 432 – edifícios e outras construções

Regista as quantias referentes a edifícios e outras construções afetos à atividade


operacional da empresa como sejam edifícios fabris, comerciais, administrativos,
compreendendo as instalações fixas que lhes sejam próprias (água, energia elétrica,
aquecimento, etc).
Introdução

Conta 433 – equipamento básico

Regista as quantias referentes ao conjunto de máquinas, instalações e outros bens,


afetos à atividade da empresa
Introdução

Conta 434– equipamento de transporte

Regista as quantias referentes ao equipamento de transporte.


Introdução

Conta 435– equipamento administrativo

Regista as quantias referentes ao equipamento destinado a tarefas administrativas e o


mobiliário diverso.
Introdução

Conta 436– equipamentos biológicos

Regista as quantias referentes aos animais e plantas vivos que reúnam os requisitos de
reconhecimento como investimentos (golfinhos num jardim zoológico)
Introdução

Conta 437– outros ativos fixos tangíveis

Regista as quantias referentes aos ativos fixos tangíveis que não se enquadrem em
nenhuma das contas anteriores.
Introdução

Conta 438– depreciações acumuladas

Regista as depreciações acumuladas referentes aos ativos fixos tangíveis.

4341 43841 642

10 000 2 000 2 000


RECONHECIMENTO

Os ativos são gastos não extintos, porque a sua utilidade permanece para além de um ano
económico.

Essa é a razão porque estes elementos não são contabilizados como gasto no ano em que
são adquiridos.

Contudo, o seu valor vai decrescendo ao longo do tempo. Essa perda de valor, designada
de depreciação, vai sendo reconhecida como gasto ao longo da vida destes ativos.

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RECONHECIMENTO

De acordo com a NCRF 7, um elemento do ativo fixo tangível deve ser reconhecido
no ativo quando:

i) For provável a obtenção de benefícios económicos futuros associados a esse


ativo; e

ii) O seu custo possa ser mensurado com fiabilidade

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RECONHECIMENTO

O s A F T p o d e m s e r o b ti d o s :
1. A tí t u l o o n e ro s o ( c o m p ra ) ;
2. C o n st r u í d o s p e l a e m p re s a ;
3. Po r t ro ca co m o u t ro s ati vo s ;
4. D o a d o s

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MENSURAÇÃO INICIAL

1. Os activos fixos tangíveis adquiridos a título oneroso são inicialmente valorizados pelo
seu CUSTO

O custo deve incluir:

(i) PREÇO DE COMPRA, incluindo direitos de importação e impostos não reembolsáveis e


excluindo descontos comerciais e abatimentos

(ii) Custos necessários para colocar o activo na localização e condição de funcionamento

(iii) Estimativa do custo de desmantelamento e remoção do bem e de restauração do local

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MENSURAÇÃO INICIAL

Porquê incluir na mensuração inicial os custos de desmantelamento e remoção do


bem, se eles apenas são incorridos no final da sua vida útil?

Resposta: para efetuar um correto BALANCEAMENTO entre os gastos incorridos com os


rendimentos obtidos

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MENSURAÇÃO INICIAL

Se assim não fosse, no final da vida útil do bem, seriam reconhecidos gastos
quando o bem já não proporciona benefícios económicos (rendimentos)

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MENSURAÇÃO INICIAL

Exemplos de custos necessários para colocar o ativo na localização e condição de


funcionamento:

(i) Custos de preparação do local;

(ii) Custos iniciais e de entrega e manuseamento;

(iii) Custos de instalação e montagem;

(iv) Custos para testar o correto funcionamento do ativo, deduzido de eventuais


receitas na fase de teste;

(v) Honorários a profissionais


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MENSURAÇÃO INICIAL

O reconhecimento dos custos na quantia escriturada de um ativo cessa quando o ativo


está na localização e condição necessária para ser capaz de funcionar da forma pretendida

Custos incorridos na utilização ou reinstalação de um ativo não são incluídos na quantia


escriturada

(exemplo: custos relacionados com o facto do ativo ainda não ter sido colocado em uso quando
já o poderia ter sido ou esteja a ser usado a uma capacidade inferior à sua capacidade
total)

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Mensuração inicial

2. Se um ativo fixo tangível for construído pela própria empresa, o seu custo inicial é
dado pelo seu custo de produção

Custo de produção = gastos matérias primas e outros materiais diretos consumidos +


mão de obra direta + gastos industriais variáveis + gastos industriais fixos
MENSURAÇÃO INICIAL

3. Ativos fixos tangíveis obtidos por troca:

Mensurado pelo justo valor, exceto:

a) A transação não tenha substância comercial (quando os fluxos de caixa esperados do


ativo recebido não difere dos do ativo cedido); ou

b) Nem o justo valor do ativo recebido nem o justo valor do ativo cedido sejam
fiavelmente mensuráveis

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MENSURAÇÃO INICIAL

Ativo fixo tangível obtido por troca:

Se o ativo adquirido não for mensurado pelo justo valor, o seu custo é
mensurado pela quantia escriturada do ativo cedido

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MENSURAÇÃO INICIAL

Ativo fixo tangível obtido por troca:

Se for possível determinar com fiabilidade o justo valor do ativo recebido e o justo
valor do ativo cedido, então o custo do ativo recebido é determinado pelo
justo valor do ativo cedido

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MENSURAÇÃO INICIAL

Exemplo:

Uma empresa trocou uma máquina, cuja quantia escriturada era 1 000 000 e o
justo valor de 1 200 000, por uma viatura com um justo valor de 700 000.

A viatura deve ser reconhecida porque valor?

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MENSURAÇÃO INICIAL

Resposta:

Em caso de troca, o ativo recebido (viatura) deve ser mensurado pelo justo valor do
ativo cedido (máquina).

Ou seja, 1 200 000

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MENSURAÇÃO INICIAL

Exemplo:

Uma empresa trocou uma máquina, cuja quantia escriturada era 1 000 000 e o
justo valor de 1 200 000, por uma viatura com um justo valor de 700 000.

A empresa recebeu ainda 500 000 em dinheiro.

A viatura deve ser reconhecida porque valor?

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MENSURAÇÃO INICIAL

Resposta:

Em caso de troca, o ativo recebido deve ser mensurado pelo justo valor do ativo
cedido (máquina), ou seja 1 200 000. no entanto, como a empresa recebeu ainda
um ativo monetário (dinheiro), o justo valor do ativo cedido vai ser ajustado
(diminuído) desse valor.

1 200 000 – 500 000 = 700 000

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MENSURAÇÃO INICIAL

Resposta:

A viatura vai ser mensurada por 700 000

Quantia escriturada ativo cedido = 1 000 000

Ativo recebido + dinheiro = 700 000 + 500 000 = 1 200 000

Reconhecido um ganho = 1 200 000 – 1 000 000 = 200 000

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BENS RECEBIDOS POR DOAÇÃO

4. Os bens do ativo fixo tangível recebidos por doação devem ser


contabilizados no ACTIVO FIXO TANGÍVEL por contrapartida da DO CAPITAL
PRÓPRIO.

(o valor deverá resultar de uma avaliação do seu justo valor, tendo em conta o
estado em que o bem se encontra)

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MENSURAÇÃO SUBSEQUENTE

Após a mensuração inicial, as entidades podem optar entre dois modelos para a
mensuração dos ativos fixos tangíveis

(i) Modelo do custos

(ii) Modelo de revalorização

Nota: esta opção é efetuada por classe de imobilizações corpóreas: terrenos, terrenos e
edifícios, maquinas, veículos, equipamento de escritório, entre outros
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MENSURAÇÃO SUBSEQUENTE

(i) Modelo do custo:

Os ativos fixos tangíveis são valorizados pelo CUSTO menos depreciações


acumuladas e perdas por imparidade

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DEPRECIAÇÕES

Os ativos fixos tangíveis têm, normalmente, uma VIDA ÚTIL LIMITADA e, por isso,
devem ser depreciados em função da sua utilização

Objetivo: correlacionar (balancear) o GASTO de um ativo com os RENDIMENTOS


que ele proporciona

Exceção: os terrenos, em geral, não têm uma vida útil limitada, por isso, não estão
sujeitos a depreciação

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DEPRECIAÇÕES

Para o cálculo das depreciações devem ser considerados os seguintes aspetos:

1. Quantia depreciável;

2. Métodos de depreciação;

3. Vida útil

41
DEPRECIAÇÕES

Quantia depreciável

A quantia depreciável de um ativo fixo tangível é determinada após a dedução do


valor residual (quantia líquida que uma empresa espera obter por um ativo no
final da sua vida útil, após dedução dos custos esperados de alienação

O valor residual é muitas vezes insignificante ou de difícil quantificação, por isso


normalmente considera-se que o valor residual é zero

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DEPRECIAÇÕES

Métodos de depreciação

(i) Método das quotas constantes

(ii) Método da soma dos dígitos

(iii) Método das unidades produzidas

43
DEPRECIAÇÕES

Método das quotas constantes (ou da linha reta):

O valor a reconhecer em gastos do exercício é CONSTANTE ao longo da vida útil


do ativo e resulta do quociente entre o valor depreciável e a vida útil estimada

A depreciação é uma função do tempo e não da atividade produtiva

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DEPRECIAÇÕES

Método das quotas constantes (ou da linha reta):


Exemplo:
Vamos supor que a quantia depreciável de um equipamento é de 100 000 euros e a vida útil
estimada é de 5 anos.
Ano Quantia Taxa Depreciação Depreciação Quantia
depreciável anual anual acumulada no escriturada no
1/5 final do ano final do ano
1 100 000 20% 20 000 20 000 80 000
2 100 000 20% 20 000 40 000 60 000
3 100 000 20% 20 000 60 000 40 000
4 100 000 20% 20 000 80 000 20 000
5 100 000 20% 20 000 100 000 0

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DEPRECIAÇÕES

Método da soma dos dígitos:

O valor a reconhecer em gastos do exercício é DECRESCENTE ao longo da vida


útil do ativo resulta do produto do valor depreciável pelo quociente entre o número
de anos de vida útil remanescente e a soma dos dígitos que compõem o número
de anos de vida útil do bem

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DEPRECIAÇÕES

Método da soma dos dígitos:


Exemplo:
Vamos supor que a quantia depreciável de um equipamento é de 100 000 euros e a vida útil
estimada é de 5 anos.
Ano Quantia Fração Depreciação Depreciação Quantia
depreciável anual acumulada no escriturada no
final do ano final do ano
1 100 000 5/15 33 333 33 333 66 667
2 100 000 4/15 26 667 60 000 40 000
3 100 000 3/15 20 000 80 000 20 000
4 100 000 2/15 13 333 93 333 6 667
5 100 000 1/15 6 667 100 000 0

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DEPRECIAÇÕES

Método das unidades produzidas:

Este método baseia-se na estimativa do número total de unidades que devem ser
produzidas pelo bem ao longo da sua vida útil

O valor a reconhecer em gastos do exercício resulta do quociente entre o número


de unidades produzidas no ano e o número total de unidades estimadas

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DEPRECIAÇÕES

Método das unidades produzidas:

Exemplo:

Vamos supor que a quantia depreciável de um equipamento é de 100 000 euros e que a
estimativa do número de unidades que o ativo irá produzir ao longo da sua vida útil é de
50 000. Se num determinado ano a máquina produzir 12 000 unidades , a depreciação
desse ano será:

12 000/50 000*100 000 = 24 000

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DEPRECIAÇÕES

Vida útil

A vida útil de um ativo é o período durante o qual a entidade espera que o ativo
esteja disponível para uso ou o número de unidades de produção que se espera
obter do ativo

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DEPRECIAÇÕES

A vida útil de um ativo baseia-se numa ESTIMATIVA, por isso, depende de


diversos fatores, como seja a experiência com ativos semelhantes e a
estratégia de renovação dos equipamentos

Nota: pode acontecer que diferentes entidades atribuam vida útil diferente a
ativos similares porque estas estimativas têm implícito o período de tempo que
cada entidade pensa utilizar o bem

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MENSURAÇÃO SUBSEQUENTE

(ii) Modelo de revalorização:

Os ativos fixos tangíveis são valorizados pelo JUSTO VALOR menos


depreciações acumuladas e perdas por imparidade subsequentes

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MENSURAÇÃO SUBSEQUENTE

Modelo de revalorização:

O justo valor pode ser obtido de várias formas:

TERRENOS E EDIFÍCIOS - determinado com base em provas obtidas no mercado e por


avaliadores qualificados e independentes

INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS - determinado por avaliação


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MENSURAÇÃO SUBSEQUENTE

Modelo de revalorização:

Se não houver provas com base no mercado

NÃO É POSSÍVEL USAR O MODELO DE REVALORIZAÇÃO

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MENSURAÇÃO SUBSEQUENTE

Quando devem ser efetuadas as revalorizações?

As revalorizações devem ser efetuadas regularmente

A sua frequência dependerá das variações nos justos valores dos bens:

(i) Anual nos bens com variações significativas

(ii) Entre três a cinco anos para os bens com pequenas variações nos justos valores
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MENSURAÇÃO SUBSEQUENTE

Quando um elemento for revalorizado, toda a classe à qual esse elemento


pertence deve ser revalorizada

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MENSURAÇÃO SUBSEQUENTE

Contabilização:

Os aumentos do ativo por revalorizações são levados ao CAPITAL PRÓPRIO


(reservas de reavaliação). No entanto, na medida em que esse aumento reverta
uma perda reconhecida em anos anteriores, essa parcela será levada a
RENDIMENTOS DO PERÍODO, sendo o excedente levado ao capital próprio

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MENSURAÇÃO SUBSEQUENTE

Contabilização:

As diminuições de um ativo por revalorização são levados ao CAPITAL PRÓPRIO,


até ao montante das reservas de reavaliação existentes. O excedente será
considerado GASTO DO PERÍODO

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MENSURAÇÃO SUBSEQUENTE

O valor da depreciação acumulada à data da revalorização deve ser tratada de uma das seguintes

formas:

(1) Reexpressa proporcionalmente com a alteração na quantia escriturada bruta do activo de

modo a que a quantia escriturada do activo após a revalorização iguale a quantia revalorizada

(2) Eliminada contra a quantia escriturada bruta do activo, sendo a quantia líquida reexpressa

para a quantia revalorizada do ativo


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MENSURAÇÃO SUBSEQUENTE

Deve-se proceder à transferência da reserva de reavaliação para resultados


transitados em função da realização da revalorização.

Essa realização ocorre pela depreciação, venda ou abate do bem

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