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Resumos contabilidade financeira II:

Recordar algumas coisas:


DEFINIÇÃO DE CONTABILIDADE ciência que estuda o património de uma unidade
económica. É uma ciência económica que utiliza um método especifico (método contabilístico)
e tem por objetivo:
 elaborar informação sobre a realidade económica patrimonial das unidades
económicas, para que os utilizadores dessa informação possam tomar decisões nas
melhores condições.
 Elabora a informação para decisores alheios (externos) à unidade económica. Baseia-
se maioritariamente na contabilidade externa.

Balanço (uma fotografia): situação patrimonial e financeira da empresa a um determinado


momento. Consiste numa relação de bens, direitos e obrigações de uma unidade económica,
resultando por diferença o valor do seu capital próprio.
(Capital próprio é a diferença entre bens e obrigações)

A demonstração dos Resultados (desempenho do período): rendimentos obtidos por uma


unidade económica e gastos necessários realizados para a sua obtenção durante um período
de tempo determinado, gerando-se por diferença o resultado líquido do período (lucro ou
prejuízo). O resultado líquido do exercício reflete o desempenho económico da empresa

Anexo (Notas Explicativas): complementa as duas demonstrações financeiras anteriores.


Contém informação sobre os princípios contabilísticos aplicados, critérios de mensuração e é
ampliada a informação apresentado no balanço e na Demonstração de Resultados, oferecendo
ainda informação adicional. (Ex: Quantos anos tem o carro? Qual é o prazo de devolução dos
empréstimos? O valor indicado para o terreno é o seu valor de custo ou é o seu valor de
mercado?)

Ativo: recurso controlado pela empresa como resultado de acontecimentos passados e do qual
se espera que fluam para a empresa benefícios económicos futuros. (potencial de contribuir,
direta ou indiretamente, para o fluxo de caixa da entidade). Pode ser:
 usado na produção;
 trocado por outros ativos;
 usado para liquidar um passivo;
 distribuído aos proprietários da entidade.

Rendimentos: aumentos nos benefícios económicos durante o período contabilístico, na


forma de entradas ou aumentos de valor dos ativos ou de diminuições de passivos, que
resultem em aumentos no Capital Próprio, e que não estejam relacionados com contribuições
dos participantes no Capital Próprio. Engloba réditos e ganhos.
Réditos: Provem da atividade corrente. Ex: vendas, honorários, juros, dividendos, rendas

Gastos: diminuições nos benefícios económicos durante o período contabilístico, na forma de


saídas ou deperecimentos de ativos ou na incoerência de passivos que resultem em
diminuições no Capital Próprio, e que não estejam relacionados com distribuições aos
participantes no Capital Próprio. Engloba gastos e perdas.
Gastos: custo das vendas, salário
Perdas: incêndios, inundações
RESULTADO: diferença entre o valor dos fluxos económicos de entrada (bens e serviços
adquiridos) e os fluxos económicos de saída (bens e serviços prestados) (Rendimentos -
Gastos). Resultado = Rendimentos - Gastos
 Se os Rendimentos > Gastos : lucro (resultado positivo)
 Se os Rendimentos < Gastos: prejuízo (resultado negativo)

Objetivo das demonstrações financeiras no final de cada ano: é proporcionar informação útil
sobre a posição financeira, desempenho e fluxos de caixa que seja útil para um conjunto de
utilizadores na tomada de decisões económicas.

A variação de caixa é igual ao lucro obtido? Porquê?


Não. O valor da variação de caixa pode ser igual, superior ou inferior ao lucro obtido. A
variação de caixa é a diferença entre entradas e saídas de caixa (diferença entre recebimentos
e pagamentos). O lucro é a diferença entre rendimentos e gastos, sendo os rendimentos
superiores aos gastos (de forma a que o resultado líquido seja positivo).
A variação de caixa tem subjacente o “regime de caixa” e o lucro obtido (resultado >0) tem
subjacente o “regime do acréscimo”.
Regime de caixa: reconhece os recebimentos e os pagamentos no período em que ocorrem.
Regime do acréscimo: reconhece os rendimentos e os gastos no período em que ocorrem,
independentemente do momento em que se realizam os respetivos recebimentos e
pagamentos.

Contas do ATIVO: reconhecem no Deve os valores iniciais que os elementos que representam
tenham no início do exercício económico. Os aumentos de valor (entradas) são registados a
debito e as diminuições de valor (saídas) são registadas a crédito.

Contas do PASSIVO e CAPITAL PRÓPRIO: creditam-se pelo saldo inicial e pelos aumentos e
debitam-se pelas diminuições.

DECORAR:
 Numa conta de ativo: o deve é +, o haver é–
 Nas contas de passivo e cap.próprio: o deve é –, o haver é +

Como funcionam os descontos?


(estes exemplos são para empresas de mercadorias por isso algumas das contas usadas são
diferentes mas o processo lógico é o mesmo)
(início da matéria contabilidade financeira 2)
TEMA 1: ESTUDO DAS OPERAÇÕES COM INVESTIMENTOS
Classe 4 – investimentos:
Inclui os bens detidos com continuidade e permanência e que não se destinem a ser vendidos
ou transformados no decurso normal das operações da entidade, quer sejam da sua
propriedade, quer estejam em regime de locação financeira.

As contas utilizadas são:


41- Investimentos financeiros (Aplicações financeiras de médio e longo prazo)
42- Propriedades de investimento (Terrenos e recursos naturais e edifícios e outras
construções detidas pela empresa com a finalidade de obter rendimento)
43- Ativos fixos tangíveis
44- Ativos intangíveis (Ativos sem existência física)
45- Investimentos em curso
46- Ativos não correntes detidos para venda

NCRF 7 – ESTUDO DOS ATIVOS FIXOS TANGÍVEIS (AFT):


Ativos fixos tangíveis (NCRF 7 §6):
São itens tangíveis que:
 sejam detidos para uso na produção de bens ou fornecimento de serviços, para
arrendamento a outros (se essa for a atividade principal da empresa) ou para fins
administrativos
 se espera que sejam usados por mais do que um período
Os AFT são:
 os bens que uma empresa detém para uso no seu processo produtivo (ex armazéns,
edifícios, equipamentos de produção, viaturas de transporte ao serviço da empresa)
 os bens que uma empresa detém para arrendamento a terceiros (ex: as gruas de uma
empresa que se dedica ao aluguer de equipamentos a empresas do setor de
construção). Excecionalmente as propriedades (terrenos e/ou edifícios) detidas para
arrendamento a terceiros não são classificadas como AFT, mas sim como propriedades
de investimento.
 bens detidos para fins administrativos (ex: computadores, secretárias, estantes)
Os tinteiros não são contabilizados como AFT, mas sim como gasto do período em que são
utilizados.

Reconhecimento (NCRF 7 §7):


O custo de um item de ativo fixo tangível deve ser reconhecido como ativo se, e apenas se:
 For provável que benefícios económicos futuros associados ao item fluam para a
entidade;
 O custo do item puder ser mensurado fiavelmente.

Apresentação dos AFT nas demonstrações financeiras:


 O valor dos AFT que uma entidade detém na data de relato (normalmente no final do
ano) e que cumprem o critério de reconhecimento é apresentado no seu Balanço, no
ativo, classificado como ativo não corrente (NCRF 1).
 O valor das depreciações de AFT e o valor das perdas por imparidade em AFT, líquido
de eventuais reversões, que uma entidade suporta durante o período de relato
(normalmente durante o ano) são apresentados na sua Demonstração dos Resultados
como gasto operacional.

CONTA 43- ATIVOS FIXOS TANGÍVEIS (AFT)


Esta conta integra:
 ativos tangíveis, móveis ou imóveis, que a empresa utiliza na sua atividade
operacional, que não se destinem a ser vendidos ou transformados, com carácter de
permanência superior a um ano.
 Inclui igualmente as benfeitorias e as grandes reparações que sejam de acrescer ao
custo daqueles ativos.

CONTA 43- AFT – subcontas


431 - Terrenos e recursos naturais – terrenos e recursos naturais (plantações de natureza
permanente, minas, pedreiras, etc.) afetos à atividade operacional da empresa e os terrenos
subjacentes aos edifícios afetos à atividade operacional.
432 - Edifícios e outras construções – edifícios e outras construções (EOC) usadas pela empresa
na sua atividade operacional. Os EOC que não estejam afetos à atividade operacional e que a
empresa detém com a finalidade de rendimento são registados na conta 42 Propriedades de
Investimento.
433 - Equipamento básico – conjunto de equipamentos, máquinas e utensílios usados pela
empresa na sua atividade principal. Se a empresa de dedica a atividade de transporte ou de
serviços administrativos, esta conta inclui os equipamentos dessas naturezas afetos a tais
atividades.
434 - Equipamento de transporte – veículos, barcos, aviões, motociclos, empilhadores e outros
não afetos diretamente à atividade principal da empresa.
435 – Equipamento administrativo – equipamento diverso e mobiliário afeto à área
administrativa da empresa.
436 – Equipamentos biológicos - plantas e animais vivos adquiridos para deter com caráter de
permanência, por empresas que não se dedicam à agricultura.
437 – Outros ativos fixos tangíveis
438 – Depreciações acumuladas – “desgaste” acumulado ocorrido com os AFT.
439 – Perdas por imparidade acumuladas – desvalorizações ocorridas no valor dos AFT.

Mensuração inicial dos AFT (NCRF 7 §16):


Os AFT devem ser mensurados inicialmente ao custo.
O custo do ativo fixo tangível inclui (§17):
 Custos de compra, incluindo o preço de compra, direitos de importação e impostos de
compra não reembolsados, e deduzindo os descontos comerciais obtidos na aquisição;
(todos os custos necessários para o produto/serviço ser usado são tidos em conta)
 Custos adicionais diretamente atribuíveis à colocação do ativo na localização e
condição necessárias para funcionar da forma pretendida;
 Estimativa inicial dos custos de desmantelamento e remoção do AFT e de restauro do
local onde o mesmo está localizado em cuja obrigação uma entidade incorre quando o
AFT é adquirido.
Por ex. Custos de preparação do local, custos de instalação e montagem, custos de entrega e
manuseamento (seguros, transportes), custos de testar o funcionamento do ativo, honorários
profissionais (§18)

Mensuração no reconhecimento (inicial):


+ preço de compra
+ direitos de importação
+ impostos de compra não reembolsáveis (ex: IVA não dedutível)
- descontos e abatimentos (descontos comerciais)
+ quaisquer encargos diretamente atribuíveis para colocar em condições normais de
funcionamento, na localização desejada
+ valor atual da estimativa de encargos com o seu desmantelamento, remoção e de
restauração do local onde está localizado (ex: torres de energia eólica; remoção de um
estaleiro de obras)
O reconhecimento dos custos na quantia escriturada de um item do AFT termina quando o
item está na localização e condição necessárias para que seja capaz de funcionar da forma
pretendida.
No caso do AFT ser construído pela própria empresa deverá ser mensurado ao custo de
produção (§23 NCRF7 -> ver NCRF 18)

Custos não considerados no reconhecimento inicial (NCRF 7 §20):


 Gastos imputáveis à abertura de novas instalações;
 Custos de introdução de um novo produto ou serviço (atividades promocionais e
custos de publicidade);
 Deslocalização do negócio ou alargamento a uma nova área geográfica ou tipo de
clientes (incluindo custos de formação de pessoal);
 Custos de estrutura (ex: administrativos) e encargos gerais.

Custos considerados no reconhecimento inicial:


NCRF 10 – Custos de empréstimos obtidos
 Quando um ativo leva um período substancial de tempo para ficar pronto para o uso
pretendido, e a empresa contrai um empréstimo que é diretamente atribuível à sua
aquisição, construção ou produção, os custos dos empréstimos obtidos devem ser
incluídos no custo do ativo (juros) (§8 NCRF 10).
 A capitalização dos custos dos empréstimos deve cessar quando estão concluídas as
atividades necessárias para preparar o ativo para o seu uso pretendido ou para
venda(§22 NCRF 10).

Ex: se um carro for ao mecânico mudar o


óleo -> é uma manutenção
Se for mudar o motor já está a aumentar
a vida útil do bem.

Nota: A NCRF 7 (§§ 13 e 14) prevê que o custo de grandes reparações seja reconhecido na
quantia escriturada do ativo apenas se cumprir os critérios de reconhecimento (§7). Os custos
de assistência diária, mão-de-obra e dos consumíveis devem ser reconhecidos como gastos na
conta 6226 – Conservação e Reparação.
Investimentos em curso:
Registam-se nesta conta:
 Os investimentos ainda não concluídos;
 Os adiantamentos feitos por conta de investimentos, cujo preço esteja previamente
fixado (conforme slide anterior).
Obras em curso:
 Após a sua conclusão, o seu valor é transferido para as respetivas contas de
investimentos, creditando-se a conta 45x.
 As amortizações/depreciações só poderão fazer-se quando se conhecer exatamente o
valor de aquisição ou produção e a data em que os elementos do investimento
estejam aptos para entrar em funcionamento, o que obriga à transferência acima
mencionada.

Mensuração subsequente dos AFT:


Os AFT devem ser mensurados, após o reconhecimento inicial, através de um dos seguintes
modelos (§29):
 Modelo do custo, ou
 Modelo de revalorização.
A escolha do modelo de mensuração subsequente deve ser feita separadamente para cada
classe de AFT (§29):
A maioria das empresas opta por mensurar os seus AFT através do modelo do custo. Contudo,
algumas empresas optam por usar o modelo de revalorização na mensuração de algumas
classe de AFT, nomeadamente, os terrenos e edifícios (em que a aplicação deste modelo tem
mais impacto)

Modelo de custo:
Os AFT mensurados através do modelo do custo são:
 apresentados no Balanço pelo custo deduzido das depreciações acumuladas e de
quaisquer perdas por imparidade acumuladas (§30).

Depreciação: é uma operação contabilística que visa registar o desgaste do ativo devido à
passagem do tempo e à sua utilização.
 A depreciação de AFT é a imputação sistemática da quantia depreciável destes ativos
durante a sua vida útil (§50).
 Essa imputação depende:
o da vida útil do bem
o do valor residual
o do método de depreciação.
A depreciação acumulada é o somatório das depreciações dos períodos durante os quais os
ativos foram usados.

Quantia depreciável:
É determinada subtraindo ao seu custo o valor residual. Esta quantia será repartida e
reconhecida como gasto durante a vida útil dos AFT.
Tendo em conta a natureza de longo prazo dos AFT, é necessário repartir o investimento feito
nestes AFT pelos anos durante os quais a empresa espera que os mesmos venham a ser
usados/gerar benéficos económicos (isto é durante a sua vida útil).
Contudo, as empresas podem ter como expectativa vender alguns dos seus AFT no final da sua
vida útil, recuperando desta forma uma parte do investimento feito nestes ativos.

Quantia depreciável = custo de aquisição – valor residual

Valor residual: valor (estimativa) que a entidade obteria correntemente pela venda do ativo se
o mesmo estivesse nas condições que a empresa estima que ele terá no final da sua vida útil.

Vida útil: período durante o qual o ativo está em condições de funcionar de forma produtiva,
ou seja:
 Período durante o qual uma entidade espera que uma ativo esteja disponível para uso
 O número de unidades de produção ou semelhante que uma entidade espera obter do
ativo
Ex: caso a empresa adquira uma viatura, a sua vida útil pode ser estimada considerado o
número de anos durante os quais a empresa pretende utilizar a viatura ou estimando o
número de quilómetros que se espera que a viatura venha a percorrer.

Métodos de depreciação: forma de calcular a depreciação e deverá refletir o modelo pelo


qual se espera que os benefícios económicos futuros do ativo sejam consumidos pela entidade
(§60 NCRF 7).
 é aplicado consistentemente de período para período, a menos que ocorra alguma
alteração significativa no modelo de benefícios esperados do ativo (§62). Nesse caso, o
método deve ser alterado para refletir o novo modelo (§61).

Vários métodos de depreciação (§62 NCRF 7):


 Método da linha reta (ou quotas constantes): considera um valor constante de
depreciação ao longo da vida útil.
o Deve ser usado quando a empresa espera usar o AFT de forma regular durante
a sua vida útil.

 Método das quotas degressivas (ou saldo decrescente): considera um valor


decrescente de depreciação ao longo da vida útil.
o É adequado utilizar este método se um AFT tiver uma utilização mais intensiva
no início da sua vida útil (ex: um microscópio que é utilizado de forma mais
intensiva na fase inicial da investigação de um medicamento).

 Método das unidades de produção (desgaste funcional): considera um valor de


depreciação ao longo da vida útil em função das unidades produzidas em cada
período.
o É adequado utilizar este método se um AFT for usado de forma irregular ao
longo da sua vida útil (ex: no caso de uma viatura pesada pode ser mais
adequado depreciá-la em função do número de quilómetros percorridos em
cada período de relato).

Método da linha reta (ou quotas constantes):


Pressupõe que o desgaste do AFT é diretamente proporcional ao tempo, ou seja, o valor das
quotas anuais de depreciação é constante (se o valor residual não se alterar)
Va−Vr
Qi= ⇔Qi=( Va−Vr ) ×tx
n

100 %
Qi: quota de depreciação tx:
n

Ex:

Valor de aquisição (Va) = 2100€


Valor residual (Vr) = 100€
Vida útil: 5 anos  tx = 20%

Dep = (2100 – 1000) x 20% = 400€

Método das quotas degressivas (ou saldo decrescente):


Qi=J × QE n−1

J: taxa dupla de depreciação


QE n−1: quantia escriturada do ano anterior

Valor de aquisição (Va) = 2100€


Valor residual (Vr) = 100€
Vida útil: 5 anos  tx = 20%

J = 2 x 20% = 40%

Nota: o valor da depreciação tem de ser sempre menor ou igual ao anterior, por isso é que nos últimos 2 anos o valor é igual.

Método das unidades de produção (desgaste funcional): as quotas de depreciação são


proporcionais à utilização do bem
Va−Vr
Qi= × nº de unidades em cada período
nº total de unidades

Valor de aquisição (Va) = 2100€


Valor residual (Vr) = 100€

Total de horas: 25000h


1ºano: 4000h
2ºano: 7000h
3º e 4ºano: 5000h
5ºano: 4000h

(2100−100)
Dep= = 0,08€/h
25000

Método dos duodécimos:


Para representação mais rigorosa e verdadeira da realidade económico financeira associada ao
desgaste dos investimentos, a quota de depreciação a registar anualmente pela empresa
deverá ser proporcional ao n.o de meses a que o AFT (ou outro investimento) este sujeito a
desgaste – registo por duodécimos
quota anual
Quota de depreciação mensal =
12 meses

Depreciação:
A depreciação dos AFT deve ser feita através da abordagem dos componentes, segundo a qual
cada parte de um AFT com um custo que seja significativo relativamente ao custo total deve
ser depreciada separadamente (§43 NCRF 7).
Ex: aviões utilizados por uma companhia aérea, os gastos de depreciação são geralmente
determinados por componentes, considerando-se, por exemplo, os motores como
componente distinta dos equipamentos de cabine

Quando se inicia a depreciação de um AFT? (§55 NCRF 7)


Quando o ativo estiver disponível para uso, ou seja, quando estiver na localização e condição
necessária para que seja capaz de operar na forma pretendida pela gestão

Quando acaba a depreciação de um AFT?


A depreciação do AFT cessa na data que ocorrer mais cedo (§55):
 Quando o ativo for classificado como um ativo não corrente detido para venda (NCRF
8);
 No momento em que o ativo for desreconhecido do Balanço (pela venda ou pelo
abate).

Os terrenos e edifícios são ativos separáveis e são contabilizados separadamente, mesmo


quando sejam adquiridos conjuntamente.
Regra geral, os terrenos têm uma vida útil ilimitada pelo que não são depreciados (§58 NCRF
7). Algumas exceções são as pedreiras e os locais usados como aterros.
Quando se reconhece a depreciação?
É reconhecida no final do período económico e constitui uma operação de fim de período.

Como se reconhece a depreciação?


 A entidade seleciona o método pelo qual vai depreciar o AFT.
O valor da depreciação anual é classificado como gasto do período (isto é, incorporado nos
Resultados).
Pode acontecer, contudo, que a depreciação seja incluída na quantia escriturada de outro
ativo. Por exemplo, a depreciação de edifícios fabris e equipamentos de fabrico é incluída nos
custos de conversão de inventários (NCRF 18).

Reconhecimento da depreciação:
A depreciação do período origina:
 reconhecimento de um gasto (débito da conta 642 de Gastos de depreciação e de
amortização – AFT)
 diminuição do valor do ativo fixo tangível (crédito da conta 438 AFT– Depreciações
acumuladas),
Tem impacto na demonstração de resultados e no balanço.

No fim de cada ano, as empresas devem rever as estimativas do valor residual, da vida útil e do
método de depreciação já que depreciação depende destes fatores.
Se houver alterações, a correção acontece no período atual e nos períodos futuros.

Imparidade de AFT:
Apesar do valor contabilístico dos AFT ir diminuindo ao longo do tempo, através do
reconhecimento das depreciações, pode ser necessário reconhecer também perdas adicionais
de valor destes ativos.
Perdas por imparidade: Excedente da quantia escriturada de um ativo em relação à sua
quantia recuperável

Em cada data de relato a empresa avalia se há indicação de que um ativo possa estar com
imparidade, isto é:
Quantia escriturada (QE) > quantia recuperável (QR)

O reconhecimento da perda por imparidade permite que o AFT seja evidenciado no Balanço
pelo menor entre o valor contabilístico e o valor recuperável.

NCRF 12 – Perdas por imparidade de AFT:


O valor recuperável de um AFT é o maior entre (§9 NCRF 12):
 O valor de uso, definido como o valor atual dos fluxos de caixa futuros estimados que
se espera que sejam obtidos pelo seu uso continuado do ativo e pela sua alienação no
final da vida útil (§§15 NCRF 12); e
 O justo valor deduzido das despesas de venda, isto é, o valor que seria obtido pela
venda do ativo numa transação entre partes conhecedoras e dispostas a isso, sem
qualquer relacionamento entre elas, deduzidos dos custos diretamente atribuíveis a
essa venda (§§10 a 14, NCRF 12).

A perda do imparidade de um AFT origina (§29 NCRF 12);


 reconhecimento de um gasto (débito da conta 655 Perdas por imparidade – em AFT)
 diminuição do valor do AFT (crédito da conta 439 AFT – Perdas por imparidade
acumuladas)

Se no ano seguinte a perda por imparidade acumulada não for necessária:

Modelo de revalorização:
Os AFT mensurados através do modelo de revalorização são apresentados no Balaço pelo justo
valor à data da última revalorização deduzido das depreciações acumuladas subsequente e
quaisquer perdas por imparidade acumuladas subsequentes.
 A depreciação de AFT sujeitos à aplicação do modelo de revalorização segue os
mesmos princípios que estão previstos para a depreciação de ativos sujeitos à
aplicação do modelo do custo.
 Ou seja, a revalorização de AFT é a substituição do valor contabilístico destes ativos
tangíveis pelo seu justo valor.

Justo valor: valor pelo qual um ativo pode ser trocado, entre partes não relacionadas,
conhecedoras e dispostas a isso.
 é um valor estimado, pelo que tem inerente alguma subjetividade. Além disso, o justo
valor deve ser estimado de forma diferente consoante a classe de AFT

O justo valor dos AFT pode ser determinado (§32 NCRF 7):
 Terrenos e edifícios – a partir de provas com base no mercado por avaliação e é
normalmente estimado por profissionais qualificados e independentes.
 Itens de instalações e equipamentos – o seu valor de mercado determinado por
avaliação.

Revalorização:
As revalorizações devem ser feitas com suficiente regularidade para assegurar que a quantia
escriturada não difira materialmente daquela que seria determinada pelo uso do justo valor à
data de balanço (NCRF 7, §31).
 A perda por imparidade é tratada como decréscimo de revalorização - quando o AFT é
mensurado pelo método da revalorização após a mensuração inicial.

No momento da revalorização de um AFT para o justo valor, a empresa pode ter um ganho ou
uma perda de justo valor, os quais devem ser tratados do seguinte modo:

Revalorização de AFT não depreciáveis:


Ganho de justo valor:
1º valorização:
Ganho de justo valor (justo valor > quantia escriturada):
 implica aumentar o valor contabilístico do ativo e reconhecer diretamente no capital
próprio um excedente de revalorização (§39).

X = justo valor – quantia escriturada

Valorizações subsequentes:
 Se justo valor > quantia escriturada e não há perda por imparidade acumulada

 Se justo valor > quantia escriturada e há perda por imparidade acumulada:


o reverte-se a perda por imparidade acumulada e regista-se a diferença para o
JV como revalorização do AFT (NCRF 7 §39)

X = (justo valor – quantia escriturada) – perda


por imparidade revertida.

Perda de justo valor:


1º valorização:
Perda de justo valor (justo valor < quantia escriturada):
 implica diminuir o valor contabilístico do ativo e reconhecer (i) uma perda, na
demonstração dos resultados (§40).

X = (justo valor – quantia escriturada)

Valorizações subsequentes:
 Se justo valor < quantia escriturada e já foi registada uma revalorização:
o primeiro faz-se o decréscimo da revalorização anterior e a diferença que
persistir para o JV é reconhecida como uma perda por imparidade (NCRF 7
§40)

X = (justo valor – quantia escriturada) – excedente


de revalorização anulado.

Realização do excedente de revalorização – AFT não depreciáveis (§41)


O excedente de revalorização deverá ser transferido para a conta 56 - resultados transitados
quando:
 O ativo revalorizado deixar de ser reconhecido no Balanço - quando for retirado de uso
ou vendido (transferir a totalidade do excedente)

A conta 589 é uma conta de capital próprio e neste tipo de contas o saldo transita para o ano
seguinte.

Revalorização de AFT depreciáveis:


A cada data do balanço (ou pelo menos nessa data a cada 3 ou 5 anos - §34), e após o registo
da depreciação do ano, a entidade deve determinar o justo valor (JV) do ATF e compará-lo com
a quantia escriturada (QE):
 Se JV < QE: existe uma perda por imparidade e a QE necessita ser ajustada até ao JV
através do reconhecimento de uma perda por imparidade em AFT
 Se JV > QE: QE necessita ser revalorizada até ao JV e a depreciação acumulada à data
da revalorização é tratada de uma das seguintes formas (NCRF 7, §35):

a) Depreciação acumulada eliminada contra a quantia escriturada bruta do ativo, sendo


a quantia líquida reexpressa para a quantia revalorizada do ativo - método usado
para edifícios
1º revalorização:

Revalorização subsequente:
 Se JV > QE e não existe perda por imparidade acumulada para o AFT o procedimento é
igual ao da 1º revalorização.
 Se JV > QE mas existe perda por imparidade acumulada para o AFT:
o primeiro reverte-se a perda por imparidade acumulada e depois regista-se a
diferença para o JV (se existir) como revalorização do AFT (NCRF 7, §39):
 Se JV < QE e não existe excedente de revalorização é necessário reconhecer a perda
por imparidade
 Se JV < QE e anteriormente foi reconhecido um excedente de revalorização, existe
perda por imparidade:
o anula-se a depreciação acumulada e faz-se o decréscimo da revalorização
anterior e a diferença que persistir para o JV é reconhecida de uma perda por
imparidade (NCRF 7, §40)

b) Reexpressa proporcionalmente com a alteração na quantia escriturada bruta do


ativo... (“método da reexpressão da quantia escriturada bruta do AFT e das suas
depreciações acumuladas”)
1º revalorização:
Reexpressar a quantia bruta (QB) do AFT (valor registado na conta de AFT) e as depreciações
acumuladas (DA) através de um coeficiente de crescimento da QE até JV, isto é
JV
Coeficiente de revalorização (CR)=
QE
1) QB x CR -> valor a “acrescer” = (QB x CR) – QB
2) DA x CR -> valor a “acrescer” = (DA x CR) – DA

Revalorização subsequente:
 Se JV > QE e não existe perda por imparidade acumulada para o AFT o procedimento é
igual ao da 1º revalorização
 Se JV > QE mas existe perda por imparidade acumulada para o AFT:
o primeiro reverte-se a perda por imparidade acumulada e depois regista-se a
diferença para o JV (se existir) como revalorização do AFT (NCRF 7, §39).
 Se JV < QE e anteriormente foi reconhecido um excedente de revalorização, existe
perda por imparidade:
o primeiro faz-se o decréscimo da revalorização anterior e a diferença que
persistir para o JV é reconhecida de uma perda por imparidade (NCRF 7, §40).

Realização do excedente de revalorização – AFT depreciáveis (§41)


Uma parte do excedente de revalorização deverá ser transferido para a conta 56 - resultados
transitados quando o ativo for usado por uma entidade.
Em N+1, N+2.... aquando do registo da quota anual de depreciação uma parte do excedente de
revalorização deve ser transferido para resultados transitados = quota anual depreciação
baseada na quantia revalorizada - quota anual depreciação baseada no custo original do ativo
(NCRF 7, §41).

Quando o AFT for desreconhecido (pela sua alienação ou abate), o saldo do excedente de
revalorização que persistir será transferido para resultados transitados (NCRF 7, §41).

Desreconhecimento de AFT (§66 NCRF 7):


Quando não seja expectável que o AFT gere mais benefícios económicos no futuro resultantes
do seu uso ou alienação
1. Abate:

2. Sinistros – não coberto pelo seguro:

3. Sinistros – coberto pelo seguro:


Valor indemnização < quantia escriturada do ativo fixo -> conta 6872
Valor indemnização > quantia escriturada do ativo fixo -> conta 7872
Transferência para ativos não correntes detidos para venda:
NCRF 8 – Ativos Não Correntes Detidos Para Venda e Unidades Operacionais Descontinuadas
NCRF 8, §7 - Quando a quantia escriturada do ativo é recuperada principalmente através da
sua venda e não através do seu uso continuado, esse ativo deve ser classificado como detido
para venda.
 O ativo tem que estar disponível para ser vendido imediatamente.
 A sua venda tem que ser altamente provável, isto é, a gestão tem que estar
empenhada na sua venda, deve ter iniciado a procura de um comprador, deve
publicitar amplamente a sua venda e deve esperar que a venda se verifique até um
ano após a reclassificação.

Mensuração: Um ativo não corrente classificado como detido para venda deve ser mensurado
pelo menor valor entre a quantia escriturada e o justo valor menos os custos de o vender,
devendo a sua depreciação cessar.

Alienação (venda) de AFT:


Tem que se determinar se existe perda ou ganho na venda e selecionar a conta a utilizar (mais
valia ou menos valia na venda).
1. Se o bem não tiver sido considerado como ativo não corrente detido para venda:
Valor de venda > quantia escriturada -> Ganho: Conta 7871
Valor de venda < quantia escriturada -> Perda: Conta 6871

2. Se o bem tiver sido considerado como ativo não corrente detido para venda:
Valor de venda – quantia escriturada > 0 -> Ganho: Conta 7871
Valor de venda – quantia escriturada < 0 -> Perda: Conta 6871

NCRF 6 – ESTUDO DOS ATIVOS INTANGÍVEIS (AI):


Definição (§ 8 da NCRF 6):
Ativo intangível: é um Ativo não monetário identificável, sem substância física.
 Em regra é um ativo Não Corrente (NCRF 1).
Ativo: Recurso controlado por uma entidade como resultado de acontecimentos passados e do
qual se espera que fluam para a entidade benefícios económicos futuros (NCRF 6, §8; EC, §49).
Ex que pode sair no teste:
Uma empresa compra um website. Faz sentido considerar os dispêndios como AI?
 Se o website for para divulgação, não faz sentido registar como AI porque não é
provado que haja benefícios económicos futuros.
 Se o website for uma loja online, já faz sentido registar como AI

Condições de reconhecimento de um Ativo Intangível (§10):


Da noção de Ativo tem de verificar-se:
 Controlo sobre o recurso
 Existência de benefícios económicos futuros
Da definição de Intangível tem de verificar-se:
 Não existência de substância física
 Identificabilidade
Os ativos intangíveis têm, assim, três características importantes:
 São controlados e espera-se que proporcionem benefícios económicos futuros para a
entidade;
 Não têm substância física, o que permite distinguir um ativo intangível de um ativo fixo
tangível;
 São identificáveis.
Os ativos intangíveis são amortizados.

Como aferir o controlo? (NCRF 6, §13)


Se a entidade tiver o poder de obter benefícios económicos futuros que fluam do recurso
subjacente e puder restringir o acesso de outros a esses benefícios (implica normalmente a
existência de direitos legais).

Benefícios económicos? (NCRF 6, §17)


 Réditos de venda de produtos ou serviços;
 Poupanças de custos;
 Outros benefícios decorrentes do uso do ativo pela entidade

Sem Substância Física? Incapaz de ser detetado através dos sentidos.


No entanto alguns ativos intangíveis podem estar contidos numa substância física (NCRF 6, §4):
 CD, pen ou disco (no caso de software);
 Documentação legal (no caso de uma licença ou patente);
 Filme.

Quando é que um Ativo Intangível é identificável? (§12)


 For separável, ou seja, capaz de ser separado ou dividido da entidade e vendido,
transferido, licenciado, alugado ou trocado.
 Resultar de direitos contratuais ou de outros direitos legais, independentemente
desses direitos serem transferíveis ou separáveis da entidade ou de outros direitos e
obrigações.

Ativos intangíveis (AI):


Ex de AI: marcas registadas, as patentes registadas, as licenças de software e as licenças de
exploração.
Estes bens são controlados pela entidade e a mesma espera obter benefícios económicos
futuros como resultado da sua utilização.
 Distinguem-se dos AFT em virtude de não terem substância física
 Distinguem-se também do goodwill em virtude de serem separáveis da entidade
(podem ser vendidos, licenciados, trocados ...) ou de resultarem de direitos
contratuais ou de direitos legais, mesmo que não sejam separáveis da entidade.

Por exemplo, uma marca é identificável, na medida em que a entidade a pode vender
separadamente do negócio. Uma licença de exploração cedida pelo Estado e que não pode ser
vendida ou de outra forma cedida pela entidade também é um ativo identificável em virtude
de resultar de um direito contratual.

Reconhecimento dos ativos intangíveis:


Um ativo intangível deve ser reconhecido se, e apenas se: (§21)
 For provável que os benefícios económicos futuros associados ao ativo fluirão para a
entidade; e
 O custo do ativo puder ser determinado com fiabilidade

Se não se verificarem estas condições, os dispêndios incorridos devem ser integralmente


reconhecidos como Gastos do Período

Não são capitalizáveis como AI (§§29 e 67):


 Marcas criadas internamente;
 Carteiras de clientes (ainda que fiéis);
 Formação dos colaboradores; (não é possível comprovar que terá benefícios
económicos futuros)
 Despesas de constituição e instalação (atividades de arranque);
 Despesas com publicidade e atividades promocionais;
 Custos de estrutura;
 Despesas com a deslocação ou reorganização de parte ou da totalidade de uma
entidade;
 Goodwill gerado internamente.
Podem ser ativos intangíveis:
 Goodwill (adquirido numa concentração de atividade empresarial). Amortizável em 10
anos (§ 105).
 Atividades de desenvolvimento – desde que se possa demonstrar em síntese as
despesas associadas com a investigação original e planeada, com o objetivo de obter
novos conhecimentos científicos ou técnicos, bem como as que resultem da aplicação
tecnológica das descobertas, anteriores à fase de produção (ver §§ 55-57, NCRF 6).
 Programas de computador (software) – desde que se possa separar do respetivo
hardware e tenham vida útil superior a 1 ano.
 Propriedade industrial. (marcas, patentes industriais, bases de dados)
 Outros que cumpram o critério do reconhecimento
Na fase de pesquisa não se capitaliza, só na fase de desenvolvimento. Na fase de pesquisa é
considerado gasto.

Apresentação dos ativos intangíveis nas demonstrações financeiras


O valor dos ativos intangíveis que uma entidade detém na data de relato (normalmente no
final do ano) e que cumprem o critério de reconhecimento é apresentado:
 no seu Balanço, no ativo, classificado como ativo não corrente (NCRF 1).
O valor das amortizações de ativos intangíveis, bem como o valor das perdas por imparidade
em AI, líquido de eventuais reversões, que uma entidade suporta durante o período de relato
(normalmente durante o ano) são apresentados:
 na sua Demonstração dos Resultados como gasto operacional.
Os ativos intangíveis são registados numa conta da classe (Investimentos), nomeadamente na
conta 44 Ativos Intangíveis, a qual representa a seguinte decomposição em subcontas:
441 Goodwill
442 Projetos de Desenvolvimento
443 Programas de Computador
444 Propriedade Industrial
446 Outros Ativos Intangíveis
448 Amortizações Acumuladas
449 Perdas por Imparidade Acumuladas

Goodwill: é o valor que excede o valor de mercado na aquisição da empresa.


 Só é registado como AI se for adquirido numa concentração de atividade empresarial.
Um goodwill existe quando o valor oferecido na compra da empresa é maior do que o valor
contábil ou valor justo dela. Este adicional fica registrado como um ativo intangível.

Mensuração inicial de ativos intangíveis


Os ativos intangíveis devem ser mensurados inicialmente ao custo (§24)
Critérios de Mensuração no Reconhecimento Inicial:
Movimentos Contabilísticos no Reconhecimento Inicial:

Mensuração subsequente (após reconhecimento inicial – NCRF 6)


Os AI devem ser mensurados, após o reconhecimento inicial, através de um dos seguintes
modelos (§70):
 Modelo do custo (§72) - o item deve ser contabilizado pelo seu custo, menos as
amortizações acumuladas e quaisquer perdas por imparidade acumuladas; ou
 Modelo de revalorização (se existir um mercado ativo para os intangíveis a mensurar -
§73) - um ativo intangível deve ser escriturado por uma quantia revalorizada, que seja
o seu justo valor à data da revalorização menos qualquer amortização acumulada
subsequente e quaisquer perdas por imparidade acumuladas subsequentes.

A escolha do modelo de mensuração subsequente deve ser feita separadamente para cada
classe de AI (§71). Só é possível optar pelo uso do modelo de revalorização para as classes de
intangíveis que tenham um mercado ativo.

Mercado ativo: mercado em que os itens negociados são homogéneos, podem ser
encontrados em qualquer momento compradores ou vendedores dispostos a comprar e
vender e os preços estão disponíveis ao público.
Assim, uma empresa fica condicionada ao uso do modelo do custo na mensuração das classes
de ativos intangíveis que não têm mercado ativo, o que se verifica, por exemplo, no caso das
marcas e patentes que, devido à sua natureza muito específica, não estão sujeitas à existência
de um mercado ativo.
No caso específico das classes de ativos intangíveis que têm mercado ativo, o que se verifica,
por exemplo, no caso de algumas licenças, a empresa tem o direito de escolher usar o modelo
do custo ou o modelo de revalorização como critério de mensuração subsequente.

Modelo do custo:
Quantia escrituradado ativo
¿ custo do ativo−amortizações acumuladas− perdas por imparidade acumuladas

Modelo de revalorização:
Quantia escrituradado ativo revalorizado
¿ justo valor à data de revalorização−amortizações acumuladas subsequentes −perdas por imparidade acum
O modelo de revalorização só pode ser aplicado:
 a ativos intangíveis reconhecidos inicialmente pelo seu custo e se existir um mercado
ativo que permita determinar o justo valor (NCRF 6, §74 a §76).
Quando se usa o método da revalorização após a mensuração inicial deve-se seguir a
metodologia de amortizáveis ou não amortizáveis

Aspetos Contabilísticos relativos aos principais AI:


GOODWILL - Conta 441
Goodwill Gerado Internamente (NCRF 6):
É um valor intrínseco, difícil de apurar e que resulta do capital intelectual. Inclui:
 capital estrutural
 capital relacional (relações estabilizadas com clientes e fornecedores)
 capital humano.
Diferença entre o valor de mercado de uma entidade e a quantia escriturada dos seus ativos
líquidos identificáveis;

Não é um recurso identificável, separável, controlado pela entidade e não pode ser mensurado
com fiabilidade.
 Não deve ser reconhecido como ativo por não cumprir os requisitos de
reconhecimento

Goodwill Decorrente de uma Concentração de Atividades Empresariais (A NCRF 6 remete para


a NCRF 14):
O goodwill só pode ser relevado quando integrado numa operação de aquisição
 Numa operação de aquisição, o goodwill é a diferença entre o custo de aquisição e o
justo valor dos ativos, passivos e passivos contingentes identificados e identificáveis;
 Representa um pagamento feito pela adquirente em antecipação de benefícios
económicos futuros de ativos que não sejam capazes de ser individualmente
identificados e separadamente reconhecidos (NCRF 14, §33)

PROJETOS DE DESENVOLVIMENTO - Conta 442


Requisitos para que um projeto de desenvolvimento seja considerado um ativo intangível:
Se a empresa puder demonstrar (NCRF6, § 55):
a) a viabilidade técnica de concluir o ativo de modo a que esteja disponível para uso ou para
venda;
b) a sua intenção de concluir o ativo intangível e usá-lo ou vendê-lo;
c) a sua capacidade de usar ou vender o ativo intangível;
d) a forma como o ativo gerará benefícios económicos futuros;
e) a existência de recursos adequados para concluir o desenvolvimento do ativo e usá-lo ou
vendê-lo;
f) a sua capacidade para mensurar fiavelmente o dispêndio atribuível ao ativo intangível
durante a sua fase de desenvolvimento;

Caso uma entidade não consiga distinguir a fase de pesquisa da fase de desenvolvimento,
assume os dispêndios como incorridos na fase de pesquisa, reconhecendo-os como gastos do
período. (NCRF 6, §51);
Qualquer dispêndio que tenha sido reconhecido como gasto, não pode, em data posterior, ser
capitalizado (NCRF6, §69).
PROGRAMAS DE COMPUTADOR - Conta 443
 Pode estar contido numa substância física (ex: pen, cd...)
 Se o funcionamento de um equipamento controlado por computador depender da
existência do software de computador, este é considerado parte integrante do
equipamento e tratado como ativo fixo tangível. (NCRF 6, §4)
 Quando o software de um computador for parte integrante do hardware, é tratado
como ativo fixo tangível (NCRF 6, §4)

PROPRIEDADE INDUSTRIAL - Conta 444


Registam-se nesta conta os principais direitos associados à propriedade industrial
 emergentes de patentes
 modelos e desenhos industriais
 marcas
 nomes
 insígnias de estabelecimentos e denominações de origem
 outros direitos resultantes de contratos firmados, nomeadamente contratos de
franchise.
Devem ser reconhecidos pelo custo.
No caso do contrato de franquia, o ativo intangível diz respeito ao pagamento do direito de
explorar uma franquia para efeitos de comercialização de determinado produto, serviço pelo
franqueado ao franqueador.
Considerados gastos no período em que ocorrem: royalties sobre a faturação bruta mensal ou
a comparticipação nas despesas de publicidade e promoção.

Amortização dos AI:


Cada um dos ativos intangíveis da entidade deve ser classificado em:
 Ativos Intangíveis com Vida Útil Definida (Finita)
 Ativos Intangíveis com Vida Útil Indefinida

Ativos Intangíveis com Vida Útil Definida (Finita): aplicam-se os métodos, critérios e prazos
que foram estudados para os AFT (método da linha reta, o método degressivo e o método da
unidade de produção)
 Esta vida útil resulta essencialmente da que resulta dos direitos contratuais ou de
outros direitos legais.

Ativos Intangíveis com Vida Útil Indefinida: Não existe limite previsível para o período durante
o qual se espera que o ativo gere benefícios económicos para a entidade
 O ativo é amortizado num período máximo de 10 anos (§ 105). Com obrigatoriedade
de revisão da vida útil numa base anual.

Método de Amortizações de AI
A amortização dos AI deve ser feita através do método que reflete a forma como a empresa
espera que o ativo venha a ser usado e, assim gerar benefícios económicos.
 Método da linha reta (ou quotas constantes), em que se considera um valor constante
de amortização ao longo da vida útil;
 Método das quotas degressivas, em que se considera um valor decrescente de
amortização ao longo da vida útil;
 Método das unidades de produção, em que se considera um valor de amortização ao
longo da vida útil variável em função das unidades produzidas em cada período.
Método da linha reta:deve ser usado quando a empresa espera usar o ativo intangível de
forma regular durante a sua vida útil.
A maioria das empresas usa este método de amortização para a generalidade dos seus ativos
intangíveis, com exceção dos ativos que claramente têm um padrão de uso que não é regular.
Método das quotas degressivas: Se o ativo intangível tiver uma utilização mais intensiva no
início da sua vida útil é mais adequado adotar o método das quotas degressivas.
Método das unidades de produção: Se um ativo intangível for usado de forma irregular ao
longo da sua vida útil é mais adequado aplicar o método das unidades de produção.

Início da amortização dos AI:


A amortização começa a partir do momento que o ativo esteja apto a ser utilizado (§95), ou
seja, quando for capaz de gerar valor económico para a entidade.

Cessação da amortização dos AI:


Na data que ocorrer mais cedo (NCRF 6, §95):
 No final da sua vida útil;
 Quando for classificado como ativo não corrente detido para venda (NCRF 8);
 Quando for desreconhecido.
Exemplo:
Uma patente que confere ao seu detentor o direito exclusivo sobre uma invenção durante 20
anos, é um ativo intangível com vida útil finita (definida), uma vez que é possível identificar o
período durante o qual se espera que o ativo gere fluxos de caixa.
Uma marca pode ser um ativo intangível com vida útil indefinida uma vez que pode não ser
possível determinar o número de anos que a referida marca irá gerar fluxos de caixa para a
empresa.

Reconhecimento da Amortização
A amortização do período origina o reconhecimento de um gasto (Demonstração dos
Resultados) e a diminuição do valor do ativo intangível (Balanço), ou seja:

Quantia amortizável = quantia escriturada bruta – valor residual


Valor residual - O valor residual de um ativo intangível com vida útil finita deve ser assumido
como sendo zero exceto se existir um compromisso de venda no final da sua vida útil, ou se o
AI tiver um mercado ativo (ver NCRF 6, §98).

O valor da amortização dos AI depende:


 das estimativas do valor residual
 da vida útil
 do método de amortização.
No final de cada ano, as empresas devem rever estas estimativas e tratar prospectivamente o
efeito de qualquer alteração das mesmas.

Imparidade dos ativos intangíveis


Os AI também podem sofrer de imparidade. Para saber se um ativo está ou não com
imparidade, a entidade aplica a NCRF 12 – Imparidade.
Perda por imparidade de um AI: diferença (positiva) entre o valor contabilístico (quantia
escriturada) e o valor recuperável desse ativo (maior entre o valor de uso e o justo valor
deduzido das despesas de venda).
 Se QE > QR→AI está em imparidade.
No final de cada período económico, a entidade deve realizar os testes de imparidade dos
ativos intangíveis – operação de fim de exercício.
 Mesma metodologia dos AFT

Desreconhecimento (§108)
Os ativos intangíveis devem ser desreconhecidos:
 No momento da sua alienação; ou
 Quando não se espera benefícios económicos futuros resultantes do seu uso ou
alienação (abate; sinistro; transferência para Ativos não Correntes detidos para
venda).

NCRF 8 - ESTUDO DOS ATIVOS NÃO CORRENTES DETIDOS PARA VENDA (ANCDV):
Definições (§ 6 da NCRF 8):
Ativo Corrente é um ativo que satisfaça qualquer um dos seguintes critérios:
 Se espera que seja realizado, ou se pretende que seja vendido ou consumido, no
decurso normal do ciclo operacional da entidade;
 Esteja detido essencialmente para a finalidade de ser negociado;
 Se espere que seja realizado num período de até 12 meses após a data de balanço; ou
 Seja caixa ou um ativo equivalente de caixa a menos que lhe seja limitada a troca ou o
uso para liquidar um passivo pelo menos doze meses após a data do balanço

Ativo não corrente são aqueles ativos que não satisfazem a definição de ativo corrente acima

Ativos não correntes detidos para venda (ANCDV): ativo não corrente que é reconhecido
como detido para venda se a sua quantia escriturada é recuperada principalmente através da
transação de venda em lugar de o ser pelo uso continuado (NCRF 8, §7).

Deixa de ser depreciável ou amortizado a partir do momento que passa a ativo não corrente.

Reconhecimento do ANCDV
Uma entidade classifica um ativo como não corrente detido para venda (46 – Ativos não
correntes detidos para venda) quando esse ativo (§8):
 esteja disponível para a venda imediata, na sua condição presente,
 e a sua venda seja altamente provável:
o a gestão está empenhada num plano para vender;
o existe já um programa para localizar o comprador e finalizar a venda
o preço publicitado para venda é razoável em relação ao justo valor corrente
o venda é para ser realizada num prazo inferior a 12 meses.

Mensuração no Reconhecimento:
UM ANCDV deve ser reconhecido pelo menor valor entre a sua quantia escriturada e o justo
valor menos os custos de vender (NCRF 8, § 16)
Imediatamente antes da classificação de ANCDV, as quantias escrituradas do ativo devem ser
mensuradas de acordo com as NCRF aplicáveis:
 Quantia Escriturada = Valor Aquisição - Depreciações Acumuladas - Perdas por
Imparidade Acumuladas

Os ANCDV não são depreciados. No entanto, eventuais outros encargos com eles relacionados,
como juros, seguros, etc. devem continuar a ser reconhecidos nos resultados dos respetivos
períodos.

Prevê-se o uso da conta 469 – Perdas por imparidade, para registar:


 a crédito, as diferenças acumuladas entre as quantias registadas e as que resultem do
justo valor menos os custos de vender à data do balanço.

Mensuração:
 As perdas por imparidade anuais serão registadas na conta 658
 As suas reversões (quando deixarem de existir as situações que originaram as perdas)
são registadas na conta 7628.
Quando se verificar a extinção dos ativos a que respeitam as imparidades, as contas em
epígrafe serão debitadas por contrapartida das correspondentes subcontas da conta 46.
Em cada período financeiro a entidade deve realizar testes de imparidade aos seus ativos não
correntes detidos para venda, por forma a validar o seu “justo valor menos custo de vender” e
reconhecer nas demonstrações financeiras, incluindo o registo de ganhos ou perdas que lhe
possam estar associados.

Apresentação dos ativos intangíveis nas demonstrações financeiras


Os ativos não correntes detidos para venda são registados numa conta da classe
(Investimentos), nomeadamente na conta 46 Ativos não correntes detidos para venda.
O valor dos ativos não correntes detidos para venda que uma entidade detém na data de
relato (normalmente no final do ano) e que cumprem o critério de reconhecimento é
apresentado:
 no seu Balanço, no ativo, classificado como ativo corrente (NCRF 1).

NCRF 11 - ESTUDO DAS PROPRIEDADES DE INVESTIMENTO (PI)


Propriedades de Investimento (PI) (NCRF 11, §5):
 Propriedade (terreno ou edifício) detida (pelo proprietário ou pelo locatário numa
locação financeira) com vista a obter rendas ou para valorização do capital, ou para
ambas as finalidades;
 Não pode ser utilizado na produção de bens e serviços ou para finalidades
administrativas;
 Não pode ser vendido no curso ordinário do negócio

Exemplos de propriedades de investimento (NCRF 11, §8):


 Terrenos detidos para valorização a longo prazo;
 Terrenos detidos para uso futuro ainda não determinado;
 Um edifício que seja propriedade da entidade (ou detido pela entidade numa locação
financeira) e seja arrendado ou detido para ser arrendado;
 Propriedade que esteja a ser construída ou desenvolvida para futuro uso como
propriedade de investimento (em construção é PI em curso, quando a construção
cessar transfere-se para PI).

Não são Propriedades de Investimento (NCRF 11 §9):


 Propriedade destinada a venda no curso ordinário do negócio (NCRF 18 – Inventários);
 Propriedade que esteja a ser construída por conta de terceiros (NCRF 19 – Contratos
de construção);
 Propriedade ocupada pelo dono (NCRF 7 – Ativos fixos tangíveis).

Propriedade “Multiusos”: as partes podem ser vendidas/locadas separadamente? (NCRF 11


§10):
Em caso negativo, apenas será contabilizada como PI se uma parte não significativa for detida
para uso na produção ou para finalidades administrativas.

Reconhecimento de PI (NCRF 11 §16)


Uma propriedade de investimento deve ser reconhecida como ativo quando, e apenas quando:
 For provável que os futuros benefícios que estejam associados à propriedade de
investimento fluirão para a entidade;
 O custo da propriedade de investimento possa ser mensurado fiavelmente.

Mensuração de PI no Reconhecimento Inicial (NCRF 11, §§20 e 21):


A mensuração inicial das PI é feita ao custo, que engloba:
 O seu preço de compra
 Os custos de transação
 Outros custos atribuíveis (serviços legais, impostos)
 Se construído, o seu valor será aquele à data em que a construção ou desenvolvimento
fique concluído

Não são incluídos no custo da PI (NCRF 11, §22):


 Custos de arranque (não diretamente atribuíveis à PI)
 Perdas operacionais incorridas antes de ter atingido o nível de ocupação
 Quantidades anormais de material, mão de obra ou outros materiais consumidos
durante a construção

Mensuração de PI no Reconhecimento Inicial (NCRF 11, §§24 e 26):


Se a PI for adquirida através de um contrato de locação (leasing):
 aplica- se a NCRF 9 – Locações (mensuração ao menor entre justo valor da PI e o valor
presente dos pagamentos mínimos da locação).
Se a PI for adquirida através de troca de ativos (monetários ou não), a mensuração é feita no
âmbito da NCFR 7 – AFT (Justo Valor ou Quantia Escriturada do ativo trocado).

Mensuração de PI após o reconhecimento inicial (NCRF 11, §§29 a 34):


 A mensuração subsequente das PI é feita ao Custo ou Justo Valor – para todas as PI
NCRF 11, §31 – exige que se determine sempre o justo valor das PI para efeitos de mensuração
(se a entidade usar o modelo de justo valor) ou de divulgação (se usar o modelo do custo),
incentivando o recurso a um avaliador independente e qualificado.

Modelo do Custo (NCRF 11, §59) – as PI mensuradas pelo modelo do custo após o
reconhecimento inicial, seguem as regras dos AFT – NCRF 7, isto é:
 a PI é mensurada ao custo, deduzido das depreciações acumuladas e das perdas de
imparidade acumuladas.

Modelo do justo valor (NCRF 11, §34 a 58)


O justo valor é o preço pelo qual a PI poderia ser trocada entre partes conhecedoras e
dispostas a isso numa transação independente entre as mesmas.
Um ganho ou perda proveniente de uma alteração de justo valor deve ser reconhecido:
 nos resultados do período em que ocorra (conta 66 ou 77 Perdas/Ganhos de justo
valor) (NCRF 11, § 36).
No cálculo do justo valor, não é deduzido o valor dos custos incorridos na venda (NCRF 11, §
38).
Uma PI mensurada ao justo valor não é depreciada.
§54 a 58 - Incapacidade de determinação fiável do justo valor para uma PI – usar o modelo do
custo (regras dos AFT NCRF 7) até à venda da PI, mantendo o modelo do justo valor para as
restantes PI.
 Se a PI foi previamente mensurada ao justo valor, ela deve continuar mensurada pelo
justo valor até à sua venda (i.e., mantém o mesmo justo valor).

Transferências para, ou de, Propriedade de Investimento


§60 a 68 - as transferências para, ou de, PI são feitas apenas quando houver uma alteração de
uso:
a) Início de ocupação pelo dono da PI : PI AFT
 PI ao custo: transfere-se pela QE à data (regras de AFT até à data da transferência, com
depreciação e imparidade de PI).
 PI ao JV: transfere-se pelo JV à data (JV = Custo(QE) do AFT)
após a transferência aplicam-se os critérios da NCRF 7

b) Início de desenvolvimento com vista à venda da PI: PI Inventário


 PI ao custo: transfere-se pela QE à data (QE = Custo do inventário) (regras de AFT até à
data da transferência, com depreciação e imparidade de PI)
 PI ao JV: transfere-se pelo JV à data (JV = Custo do inventário)
Após a transferência aplicam-se os critérios de mensuração da NCRF 18

c) Fim de ocupação de propriedade pelo dono para transferir para PI: AFT PI
Aplicam-se as regras da NCRF 7 até à data da transferência, e
 AFT ao custo: transfere-se pela QE à data
se PI for mensurada ao JV: data transferência faz-se revalorização, pelas regras da NCRF 7

 AFT ao JV: transfere-se pelo JV à data (JV = Custo para PI ao custo)


Após transferência, para PI mantidas ao custo, aplicam-se regras de AFT (depreciação,
imparidade)

d)Transferência de propriedades em desenvolvimento e inventários:


PI em curso / Inventários PI
 Inventários para PI: transfere-se pelo custo/VRL do inventário à data
 PI em curso para PI mensurados ao custo: transfere-se pela QE à data e depois segue
regras de AFT (depreciação, imparidade)
 PI em curso para PI mensuradas ao JV: transfere-se pela QE à data e a diferença entre
o JV da PI na data da conclusão e a QE é reconhecida nos resultados (em 66/77 Perdas
por redução/Ganhos por aumentos de JV).

Imparidade
Para as PI mensuradas ao custo após o reconhecimento inicial:
 a Imparidade é tratada no âmbito da NCFR 12 - Imparidade de Ativos, sendo os seus
critérios de reconhecimento idênticos aos aplicados aos AFT

A 31/12: comparar a QE com a QR da PI (mais alta entre justo valor menos custos de vender ou
valor de uso):
 Se QE<QR: nada fazer
 Se QE>QR: existe imparidade (QE-QR)

Para as PI mensuradas ao justo valor após o reconhecimento inicial:


 não há lugar ao reconhecimento de imparidades, sendo os aumentos, ou diminuições,
do justo valor refletidos diretamente nos resultados.
A exclusão das imparidades é mencionada na f) do §2 da NCRF 12 – Imparidade de Ativos.

Alienação de PI
Uma PI deve ser desreconhecida na alienação ou quando a PI for permanentemente retirada
de uso e nenhum benefício económico for esperado da sua alienação.

Aplicam-se os critérios enunciados na NCFR 20 – Rédito, para o reconhecimento do rédito da


venda de bens.
Os ganhos e perdas provenientes da retirada ou alienação de PI devem ser determinados
como:
 a diferença entre proventos líquidos da alienação e a quantia escriturada do ativo e
reconhecidos nos resultados (contas 6871/7871).

Se PI está mensurada ao custo: procedimentos semelhantes aos AFT:


 Ganho ou perda da alienação = Valor de Venda - QE

Se PI está mensurada ao Justo Valor:


 Ganho ou perda da alienação = Valor de Venda - JV

TEMA 2.1: ATIVIDADES DE FINANCIAMENTO


NCRF 22 – SUBSÍDIOS E OUTROS APOIOS DAS ENTIDADES PÚBLICAS
Definição (§4)
Subsídios das entidades públicas: são auxílios das entidades públicas na forma de
transferência de recursos para uma entidade em troca do cumprimento passado ou futuro de
certas condições relacionadas com as atividades operacionais da entidade.
Entidades públicas: diferentes entidades públicas e organismos semelhantes sejam eles locais,
nacionais ou internacionais (não é apenas o Governo)!

A NCRF 22 não trata das formas de apoio das entidades públicas:


 que não quantificáveis – ex: conselhos técnicos e de comercialização gratuitos; a
concessão de garantias;

 que sejam operações não separáveis da atividade normal da empresa – ex: situações
em que as entidades públicas adquirem bens produzidos pela empresa, para depois
venderem ao público.

Tipos de Subsídios das entidades públicas


Subsídio Reembolsável (empréstimo)
Subsídio Não Reembolsável: são apoios das entidades públicas em que existe um acordo da
sua concessão a favor da entidade, e não existam dúvidas de que os subsídios serão recebidos
 Subsídios (monetários) relacionados com rendimentos : os que não sejam relacionados
com os ativos – subsídios à exploração (excluem-se os subsídios no âmbito dos ativos
biológicos que são tratadas no âmbito da NCRF 17 Agricultura).

 Subsídios relacionados com ativos: implicam que a entidade que a eles se propõe,
deve comprar, construir ou por qualquer forma adquirir ativos a longo prazo (subsídios
ao investimento)
o Subsídios monetários (sob a forma de dinheiro) – ex: AFT depreciáveis e AI
amortizáveis
o Subsídios não monetários (o subsídio toma a forma da transferência de ativos
não monetários para a entidade) – ex: AFT não depreciáveis

Reconhecimento dos subsídios das entidades públicas (§§8-9):


Um subsídio das entidades públicas só deve ser reconhecido, se houver segurança razoável de
que:
 a entidade cumprirá as condições a ele associadas; e
 o subsídio será recebido.

O recebimento de um subsídio, por si só, não é prova que as condições associadas ao subsídio
tenham sido ou serão cumpridas.

A forma de receber um subsídio não afeta o método contabilístico a ser adotado, isto é, um
subsídio é contabilizado da mesma maneira quer ele seja:
 recebido em dinheiro
 quer como redução de um passivo para com uma entidade pública.

Subsídios Reembolsáveis - são contabilizados como passivos (§13).

Subsídios Não Reembolsáveis


Subsídios monetários relacionados com rendimentos - subsídios à exploração (§ 25)
Ex: subsídio para contratação de jovens, desempregados de longa duração

1. Subsídios concedidos para assegurar a produção de bens ou a compensação de déficits


(perdas) de exploração de um dado período (i.e., 1 ano)

NCRF 22 § 21: Um subsídio que se torne recebível como compensação por gastos ou perdas já
incorridas ou com a finalidade de dar suporte financeiro imediato à entidade sem qualquer
custo futuro relacionado, deve ser reconhecido no período em que este se torne recebível (a
crédito da conta 75 Subsídios à Exploração).

2. Subsídios concedidos para assegurar a produção de bens ou a compensação de déficits


(perdas) de exploração de períodos futuros

No momento da contratualização / atribuição do subsídio:


Nos anos seguintes: (parte do ano N+1); (parte do ano N+2); ...

Subsídios monetários relacionados com ativos – subsídios ao investimento (para comprar,


construir AFT ou AI) §12 a) e 23
São reconhecidos inicialmente nos Capitais Próprios e subsequentemente:
1. Ativos depreciáveis/amortizáveis – numa base sistemática como rendimentos durante
o período da vida útil do ativo subsidiado.
No momento da contratualização / atribuição do subsídio:

Nos anos seguintes, no final do ano em paralelo com a depreciação/amortização do ativo


subsidiado, retira-se uma % do subsídio que está no capital próprio e imputa-se a rendimento
montante recebido
 % a imputar =
vida útil do ativo subsidiado

2. Ativos não depreciáveis – manter nos Capitais Próprios, exceto se a respetiva quantia
for necessária para compensar qualquer perda por imparidade.

Subsídios não monetários relacionados com ativos – §§22-23


Ex: terrenos e outros recursos para uso da entidade
Estes ativos não monetários, bem como o subsídio associado devem ser reconhecidos pelo seu
justo valor, na data em que o referido ativo foi posto à disposição da entidade

1. Ativos depreciáveis – numa base sistemática como rendimentos durante o período da


vida útil do ativo subsidiado.

Nos anos seguintes, no final do ano em paralelo com a depreciação/amortização do ativo


subsidiado, retira-se uma % do subsídio que está no capital próprio e imputa-se a rendimento
montante recebido
 % a imputar =
vida útil do ativo subsidiado

2. Ativos não depreciáveis – manter nos Capitais Próprios, exceto se a respetiva quantia
for necessária para compensar qualquer perda por imparidade.
Subsídio não reembolsável que passe a reembolsável:
NCRF 22 §26: Um subsídio das entidades públicas não reembolsável que passe a ser
reembolsável deve ser contabilizado da seguinte forma:
 se o subsídio tinha sido registado na conta 593 Subsídios (subsídios para
investimentos) ou na conta 282 Rendimentos a reconhecer (subsídios à exploração
para compensar déficits de exploração futuros), o valor que lá existir é retirado por
contrapartida da 25 Financiamentos Obtidos ou 12 DO, e o remanescente para o
montante do subsídio é registado em gastos do período.

Ex: Subsídio que passou a ser reembolsável = 200.000€; valor pendente na conta 593 ou 282 =
180.000€

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