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BITCOIN PARA INICIANTES

O guia definitivo para aprender a usar bitcoin e criptomoedas. Crie uma


carteira, compre bitcoin, aprenda o que é o blockchain e a mineração de
bitcoin

STEVE HOLLINS
Edição 1.0 - Fevereiro de 2018

Postado por Steve Hollins em CreateSpace

ISBN: 978-1986901963

Copyright © 2018 por Steve Hollins

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parcial, em qualquer formato.
Aviso de isenção de responsabilidade:
As informações aqui contidas são apenas para fins educacionais e de
entretenimento, o autor empenhou todos os esforços para fornecer
informações precisas, atualizadas e confiáveis, e não estão expressas ou
implícitas nenhum tipo de garantia. O leitor reconhece que o autor não está
fazendo uma prestação de aconselhamento jurídico, financeiro ou
profissional. Ao ler este documento, o leitor concorda que sob nenhuma
circunstância o autor é responsável por qualquer perda, direta ou indireta,
incorrida como resultado do uso das informações contidas neste documento,
incluindo, mas não se limitando, a erros, omissões ou imprecisões.
Sumário

Introdução
Este não é um livro sobre dicas para investimentos
O que você aprenderá neste livro
Conceitos básicos de criptomoedas
Terminologia importante
O que é Bitcoin?
Origem
Mas o Bitcoin é uma moeda?
Então, por que o Bitcoin?
A tecnologia Blockchain
O problema com as instituições
Blockchain, como funciona?
As transações e os blocos
Começando a usar Bitcoin
Tipos de carteiras
Endereços Bitcoin e a privacidade
Comprar Bitcoin
Carteiras de troca
Trocas peer-to-peer
Gastar Bitcoins
Mineração de Bitcoin
Hardware de Mineração
Software e pools de mineração
Segurança
Nós de Bitcoin
O teórico ataque de 51%
O gasto duplo
Anonimato
TOR
Histórias sobre Bitcoin
A famosa pizza
O caso dos bitcoins esquecidos
Não diga a minha esposa
Viajando pelo mundo com $25 milhões ganhos
Conclusão
Você gostou do livro?
Introdução
A maioria das pessoas recebe novas ideias com grande medo, ceticismo e
até mesmo com negatividade. Claro, nos sentimos muito mais seguros ao
ficarmos na zona de conforto e seguirmos por caminhos já trilhados. No
entanto, sabemos que o movimento é progresso, e para nos mantermos em
movimento, temos que manter nossa mente aberta para aprender coisas novas
e não ficarmos estagnados à medida que o mundo segue avançando. Isto é
verdadeiro em muitas áreas de nossas vidas e principalmente nas finanças
pessoais.
Hoje em dia o uso do dinheiro de papel está se tornando cada vez menos
comum. Provavelmente hoje você paga todas as suas despesas com uma
pequena tarjeta de plástico emitida pelo seu banco, mas se voltar um pouco
na história, vai descobrir que o dinheiro de plástico marcou uma revolução
financeira em termos de liquidez e segurança de nossas transações. Bem,
agora estamos presenciando uma nova revolução financeira causada pela
invenção de um novo tipo de dinheiro, e você precisa decidir se vai surfar na
onda do progresso ou permanecer no esquecimento do obsoleto.
A revolução a que me refiro é o dinheiro virtual ou a criptomoeda, que é
uma nova geração de dinheiro criado através da tecnologia que utiliza
softwares de criptografia e de algoritmos criptografados. Bitcoin, e as
criptomoedas, em geral, são uma tecnologia como a internet ou o seu
computador pessoal e têm o potencial para revolucionar quase todas as
interações em nossas vidas.
Se você nunca ouviu falar de Bitcoin ou se só tem uma vaga ideia de
como funciona esta nova tecnologia, este é o livro para você e nas páginas
seguintes eu o guiarei através das informações básicas sobre o como funciona
este novo tipo de dinheiro. Ajudei muita gente a começar a usar Bitcoin,
então eu sei que é confuso para os iniciantes e conheço as principais dúvidas
que você terá.
Francamente, confesso que quando comecei a estudar sobre o assunto eu
estava muito cético em relação a criptomoedas, uma vez que muitas pessoas
me assustaram ao dizer que criptomoeda era dinheiro falso, uma pirâmide
financeira ou algo semelhante, mas posso dizer que estas crenças são
equivocadas. Alguns países, inclusive, já reconheceram as criptomoedas
como um meio de pagamento. Hoje em dia, este chamado “entretenimento
para geeks” se converteu em um negócio muito rentável para banqueiros de
investimento e várias corporações.
Portanto, se você não ainda não usa criptomoedas, é por causa,
provavelmente, das crenças negativas que tem a respeito. Vamos dar uma
olhada em algumas:
- É muito arriscado! E se eu comprar criptomoedas e elas forem
proibidas em todo o mundo?
- Eu não tenho educação financeira, então não saberia o que fazer.
- O amigo de um amigo comprou criptomoedas e perdeu tudo.
- O tema criptomoedas é muito novo e difícil de compreender, por isso
é melhor esperar alguns anos, para que tudo fique mais claro.
Todas estas declarações são meras desculpas para sua falta de ação, e
enquanto espera, há cada vez mais pessoas fazendo parte dessa revolução.
Deixe-me esclarecer que neste livro nós trataremos todos os princípios
básicos e você não precisa de nenhum conhecimento especial para
compreender os conceitos que vou ensinar.
Este não é um livro sobre dicas para investimentos
Nos últimos anos, milhares de novas moedas digitas ou criptomoedas
foram criadas e para aqueles que estão aprendendo essa tecnologia, pode ser
muito atraente começar a investir imediatamente, depois de ver alguns
gráficos com o explosivo aumento das avaliações destas moedas. Embora
estas moedas sejam interessantes e possam ter grande potencial para uso e
benefício, este não é um livro de dicas sobre investimento em criptomoedas.
Este livro se destina a iniciantes que querem aprender como começar a
usar Bitcoin e outras criptomoedas, então vou ensinar tudo o que você precisa
saber para se sentir seguro neste novo ecossistema, mas se você estiver
procurando por dicas de investimento ou informações privilegiadas sobre
quais as moedas mais bem-sucedidas, não vai encontrar essas informações
neste livro. Portanto, cabe aqui algumas palavras de advertência: As
criptomoedas são um mercado altamente volátil e investir pode ser
extremamente arriscado. Faça sua pesquisa antes de investir em uma
criptomoeda para ter certeza de que é legítima e não gaste mais dinheiro do
que pode perder.
O que você aprenderá neste livro
Em vez de falar sobre investimento, neste livro nosso foco está em
esclarecer como a tecnologia do bitcoin funciona e como você pode começar
a usá-la imediatamente. O que você aprenderá neste livro inclui:
- O que é Bitcoin?
- Por que usar bitcoin?
- Como posso comprar bitcoin?
- Como armazenar os bitcoin?
- Como fazer uma carteira de papel de bitcoin?
- O que se pode comprar com bitcoin?
- Como aceitar pagamentos com bitcoin?
- Como funcionam as transações de bitcoin?
- O Bitcoin é legal?
- Quem é Satoshi Nakamoto?
- Como funciona a mineração de bitcoins?
- O que são os pools de mineração?
- O que é e como funciona a tecnologia Blockchain?
- O que é um livro razão distribuído?
- Como a tecnologia Blockchain está mudando o sistema financeiro?
Bom, são muitas perguntas e eu garanto que este livro abrange muito
mais. Se você está pronto para aprender, então vamos começar.
Conceitos básicos de criptomoedas
Se você está com este livro em mãos, é provável que você já tenha ouvido
falar sobre bitcoin. Talvez você ouviu falar sobre Bitcoin em círculos
financeiros, uma vez que seu valor tem aumentado rapidamente, ou talvez
ouviu falar sobre sua existência em um contexto tecnológico, uma vez que o
Bitcoin é baseado em uma tecnologia nova e revolucionária, chamada
Blockchain (ou cadeia de blocos), ou, como muitos, é possível que você
ouviu pela imprensa, devido à quantidade de novos usuários, celebridades e
empresários que começaram a usá-lo recentemente.
Nos últimos anos, bitcoin deixou de ser algo que apenas alguns nerds
tecnológicos conhecem para se tornar uma moeda revolucionária que mudou
completamente nosso conceito ou maneira de pensar sobre o dinheiro.
Bitcoin é o carro-chefe das chamadas criptomoedas.
Criptomoedas é o nome dado a qualquer moeda digital que seja
considerada segura por causa da criptografia. A principal característica das
criptomoedas é que não são controladas por autoridades centralizadas. No
entanto, as implicações desta tecnologia são tão amplas, que alguns bancos
centrais tentaram se envolver e fazer suas próprias criptomoedas, mas a
moeda que eles produzem não é considerada oficialmente criptomoeda, uma
vez que ainda é dinheiro centralizado. Como você verá em breve, a ideia por
trás da descentralização é permitir que o mercado tenha o controle, enquanto,
com a centralização, todo o controle está com os bancos centrais e isso
significa que nem você nem eu temos voz, em termos da quantidade de
dinheiro criado ou seu valor. Neste sentido, os bancos centrais podem
manipular o valor de moedas tradicionais, mediante a impressão de mais
dinheiro e não há nada que possamos fazer.
Criptomoedas como Bitcoin, Ethereum, Litecoin e outros, tiveram muita
publicidade, particularmente em 2017. Isto é principalmente devido à grande
exposição de informações nos noticiários, redes sociais e instituições
financeiras. Como os níveis de alfabetização, tanto financeira como digital da
população aumentou, a aceitação da criptomoedas também deram um salto.
No início, a maioria das pessoas era muito cética sobre o Bitcoin e sua
tecnologia, como se fosse um negócio de criminosos. Isso se deu porque o
Bitcoin anunciou o método de pagamento que usava no "Silk Road", um site
da Darkweb, que era um mercado negro onde se vendia livremente todos os
tipos de drogas, armas, órgãos, venenos e até mesmo assassinatos
contratados.
No entanto, há agora um envolvimento crescente das empresas e
instituições legítimas com as criptomoedas. Cada vez mais, novas aplicações
são incorporadas e já existem caixas eletrônicos para permitir que transações
de criptomoedas sejam realizadas. No momento de escrever estas linhas, a
capitalização de mercado de todas as criptomoedas é de mais de US$ 450
bilhões de dólares.
Quanto a variedade de criptomoedas existentes, no início de 2018, vimos
um aumento na criação de novas criptomoedas que mostra mais de 1.500
moedas diferentes, embora a maioria das pessoas só tenha ouvido falar de
Bitcoin. Essas criptomoedas são conhecidas como "altcoins", e muitas são
apenas cópias pobres do Bitcoin, mas algumas (como Litecoin, Ethereum,
Ripple e Dogecoin) fizeram modificações e atualizações importantes para
melhorar ainda mais a tecnologia.
Se você verificar o site www.coinmarketcap.com, verá que há um
pequeno gráfico junto a criptomoeda, mostrando o movimento que cada
moeda teve na última semana, bem como a mudança percentual nas últimas
24 horas, e também é possível notar que há uma enorme disparidade entre os
valores e a capitalização de mercado das diferentes criptomoedas em relação
ao Bitcoin. Segue uma captura realizada no momento que escrevi este
capítulo.
O que quero demonstrar com isso é que o Bitcoin é a criptomoeda mais
utilizada do mundo, com uma capitalização de mercado de 175 bilhões de
dólares. Como um dado curioso, observe que existe uma criptomoeda
chamada "MikeTheMug" com uma capitalização de aproximadamente $1.000
dólares. Ao ler isso, talvez você se pergunte quem pode levar a sério uma
moeda como MikeTheMug, e com todo o respeito por seus criadores, criar e
emitir uma moeda é realmente muito mais fácil do que se imagina, o que faz
com explica toda este ceticismo em relação a sua seriedade.
Portanto, embora haja uma grande quantidade de projetos válidos e
emocionantes dentro das criptomoedas, é preciso ter em conta que há também
uma grande quantidade de moedas que são uma "piada", sem valor real.
Terminologia importante
Já usei vários termos que talvez sejam novos para você, por isso é um
bom momento para defini-los. No entanto, não se preocupe se não conseguir
compreender todos, já que tudo vai ficando mais claro à medida que
avançamos e nos aprofundarmos em cada conceito.

Blockchain

Blockchain, ou cadeia de blocos, é um registro público, que existe apenas


no mundo digital e que armazena todas as transações mundiais de
criptomoedas. Em breve falaremos mais disso, mas o que você precisa
entender agora é que Blockchain não estão armazenados em um único
computador, mas utiliza o método "peer-to-peer" para distribuir as
informações entre todos os usuários.

Peer-to-peer
Peer-to-peer ou P2P significa "de igual para igual", e é um método de
troca de dados (informações, arquivos, documentos, filmes, jogos, etc.) entre
dois ou mais usuários. A principal característica é que o P2P estabelece uma
conexão direta entre computadores conectados à internet, sem a necessidade
de um serviço intermediário.
Como eu mencionei no ponto anterior, Blockchain baseia-se no método
peer-to-peer, ou seja, os dados de todas as transações de criptomoedas a nível
mundial são armazenados nos computadores de todos os usuários da rede,
sem que se requeira a existência de um organismo centralizado, como um
banco, para armazenar esta informação.

Bitcoin
Uma criptomoeda criada como um meio para proporcionar uma nova
forma de realizar pagamentos e transações online, de forma descentralizada e
não operada pelo governo. Aqui é interessante falar um pouco algo que você
verá neste livro e na internet. Quando escrevemos Bitcoin com B maiúsculo,
estamos falando sobre o conceito de criptomoeda, enquanto que, usamos
bitcoin com b minúsculo quando falamos da quantidade de moeda que se usa.
Em vários sites de compartilhamento, Bitcoin também pode aparecer
abreviado como "BTC" ou às vezes "XBT".

Mineração de Bitcoin
A mineração de Bitcoin é o processo de investir na capacidade
computacional para processar transações, garantir a segurança da rede e fazer
com que todos os participantes da rede peer-to-peer estejam sincronizados.
Pode-se dizer que é o centro de dados do Bitcoin, embora este centro de
dados tenha sido projetado para ser totalmente descentralizado, com
mineradores operando em todos os países (você também pode ser um) e sem
que ninguém tenha o controle absoluto sobre a rede. A mineração de Bitcoin
oferece uma recompensa para os mineradores em troca de seus serviços, que
são necessários para que a rede funcione de forma segura.
O processo é chamado de "mineração" como analogia a mineração do
ouro, já que também é o mecanismo temporário utilizado para emitir novos
Bitcoins, até chegar ao limite de 21 milhões de bitcoins em circulação. Cabe
destacar que a emissão finita de moedas é uma estratégia para evitar a
inflação e, desta maneira, evitar a perda de valor com o passar do tempo.
Falaremos mais sobre a mineração nos capítulos seguintes.
O que é Bitcoin?
Bitcoin é uma moeda digital e, em muitos sentidos, funciona como o
dólar, euro ou iene, o que nos permite fazer transferência de valor. No
entanto, a fortaleza do Bitcoin é a sua rede. A tecnologia em que se baseia o
Bitcoin, a chamada "Blockchain" permite que o Bitcoin se descentralize, o
que significa que qualquer pessoa pode acessar e realizar transações no
mercado público de Bitcoin. Ao usar Bitcoin pode enviar fundos para
qualquer pessoa no mundo, sem a necessidade de usar a instituições
intermediárias, como bancos, conversores de moedas e processadores de
pagamentos, já que tudo acontece na rede pública de Bitcoin.
Além dos pagamentos peer-to-peer, agora diversos tipos de empresas
também aceitam o pagamento em bitcoin. Até há poucos anos, era um desafio
encontrar locais que aceitassem pagamento em bitcoin, mas agora a aceitação
tem disparado. Outro interesse que tem surgido nos últimos anos é o
investimento, já que, à medida que mais pessoas começaram a usar bitcoin,
seu preço aumenta absurdamente. Como veremos mais adiante, muitas
pessoas estão comprando bitcoin como um ativo que esperam que aumente de
preço com o passar do tempo.
Em seguida, para que você possa ter uma noção da volatilidade do Bitcoin
durante sua curta vida, faremos uma análise sobre o que teria acontecido se
você tivesse comprado 100 dólares em bitcoin no ano de 2011. Para
simplificar a leitura, todos os valores monetários ($) neste texto serão em
dólares americanos (USD).
2011: Um bom começo
Para realizar esta análise foram utilizados os preços do valor de mercado
de bitcoin de acordo com o índice de preços da CoinDesk, e não considerei
tarifas ou transações adicionais, para mantermos isso bem simples. Ao
comprar $100 em bitcoins em 1 de janeiro de 2011, você teria se beneficiado
do baixo valor de mercado de $0.30 centavos por Bitcoin e teria recebido um
total de 333,33 bitcoins por sua compra inicial.
Neste primeiro ano você teria sua primeira comprovação da alta
volatilidade da criptomoeda, já que, por um breve momento, em 8 de junho
de 2011, o bitcoin alcançou um máximo de $31.91, pelo que o valor de seu
investimento nesse momento seria de $ 10,637 dólares. Em 31 de dezembro
de 2011, o bitcoin foi negociado a $4.72, o que teria tornado seus $100
dólares em $1,573 dólares em apenas um ano.
Olhando esses números, teria sido um grande começo se você tivesse
comprado bitcoins naquele momento, mas você realmente saberia o que
estava comprando?
2012: Aumento constante
O ano de 2012 teria lhe dado as boas-vindas com um preço de $5.27,
aumentando o seu investimento para $1,757. Durante o primeiro trimestre de
2012, o preço do bitcoin caiu abaixo da marca de $5 dólares, mas começou a
ser bem visto novamente, fechando dezembro em $13.51.
O seu investimento, teria se mantido em $4,503. No entanto, durante esse
ano você teria poucos lugares onde gastar os seus bitcoins, já que
pouquíssimas empresas os aceitavam. Por exemplo, BitPay, o processador de
pagamento bitcoin, tinha menos de mil empresas usando sua plataforma
naquele momento.
2013: A grande viagem
Ao contrário do ano anterior, o ano de 2013 lhe teria recebido com uma
ligeira queda para $13.30, transformando o seu investimento em $4,433
dólares. Durante a maior parte deste ano você poderia ter perdido o sono por
causa da segurança de seus bitcoins. Em 18 de março de 2013, o "Financial
Crimes Enforcement Network" (FinCEN) emitiu orientações para as pessoas
que usam bitcoin nos Estados Unidos devido a ataques de hackers a Mt.Gox
(explicarei mais adiante) e sobre a apreensão de mais de 170.000 bitcoins
pelo FBI no portal do mercado negro na DarkWeb chamado "Silk Road". Isso
fez com que o preço do Bitcoin subisse e baixasse violentamente.
No entanto, à medida que os meios de comunicação chineses começaram
a promover o bitcoin como moeda alternativa e o Baidu começou a aceitar a
criptomoeda como pagamento de alguns serviços, o preço do bitcoin
alcançou um máximo histórico de $1,147. Em 4 de dezembro de 2013
superou os $1,200 e o valor no papel de seu investimento teria sido de
$382,413 dólares, mas terminou em $757.50 em 31 de dezembro de 2013, o
que faria com que seu investimento fosse de $252,498 dólares.
2014: A grande queda
A boa notícia é que, ao contrário de anos anteriores, em 2014 você
poderia ter gasto seus bitcoins em muitas empresas, incluindo
Overstock.com, Microsoft, Dell e Time. Além disso, você poderia ter retirado
os fundos através de uma rede cada vez maior de caixas automáticos de
Bitcoin disponíveis em todo o mundo. No entanto, a má notícia é que você
teria visto a queda de seu investimento, atingindo um valor mínimo de
$309.87 por bitcoin, em 30 de dezembro de 2014. No final deste ano, o seu
investimento teria sido de $106,566 dólares.
2015: Final forte
No ano 2015, o valor do bitcoin mostrou uma tendência para a baixa, até
final de outubro, quando novamente começou a ser negociado acima de $300.
A partir de dezembro de 2015, o bitcoin foi negociado a $413.51. Neste
ponto o seu investimento valeria $137,835 dólares. Este é um retorno de
137,735.29% sobre os seus $100 dólares iniciais. E, apesar de que agora o
valor de seu investimento seria menos da metade do máximo histórico
atingido em novembro de 2013, de $382,413 dólares, continuaria sendo
dinheiro suficiente para comprar uma casa.
2016: Nervosismo
O bitcoin começou em $434.46 em 1 de janeiro de 2016, e teve um
primeiro trimestre relativamente estável. No entanto, final de maio, o seu
valor disparou e atingiu os $773.94 em meados de junho, o mais alto desde
junho de 2014. O forte aumento se deu por causa da súbita demanda da
China. No final de 2016, o seu investimento teria sido de $257,977 dólares.
2017-2018: Máximos históricos, e segue aumentando
Em fevereiro de 2017, o Bitcoin quebrou seu recorde de 2013 e atingiu a
marca de $1,169.04. No dia 2 de maio, voltou a subir para $1,448. Desde
maio, continuou subindo rapidamente, superando os marcos anteriores. Em
28 de novembro de 2017 cruzou a marca dos $10.000 e, menos de 24 horas
depois, foi negociado a mais de $11,000 dólares! O preço continuou a subir
em dezembro e atingiu um máximo histórico de $19,783 no dia 17 de
dezembro, o que teria avaliado o seu investimento em $6,594,267 de dólares.
Desde então, o preço foi reduzindo, cotado a quase $11,251 em 18 de janeiro
de 2018, fazendo com que seu investimento valesse cerca de $3,750,296. O
preço caiu ainda mais, a partir de então e se mantém, desde 16 de fevereiro de
2018, em $10,074 dólares, fazendo com que seu investimento hoje fosse de
$3,357,965 de dólares, no momento que escrevo estas linhas.
Bem, esta pequena viagem que nós fizemos é para contextualizar o
vertiginoso aumento de valor que esta tecnologia teve, mas também devemos
reconhecer que a categoria legal de criptomoedas ainda segue sendo incerta.
Algumas pessoas a consideram como uma mercadoria equivalente ao ouro e a
prata, outros o tratam como uma moeda viável, enquanto que outros as veem
como um produto financeiro legalmente equivalente ao ouro em "World of
Warcraft". Não sabemos se algum dia será necessário licenças ou serão
implementadas regras para torná-lo uma moeda verdadeiramente viável para
todo o mundo, mas o que sabemos é que se trata de dinheiro real com o qual
você pode comprar coisas reais.
Muito bem, para começar a entender especificamente o que é Bitcoin,
vamos começar falando de sua origem.
Origem
Voltemos alguns anos atrás. Em 2008, a crise financeira dos Estados
Unidos estava em pleno apogeu, as pessoas em todo o mundo estavam
sentindo os efeitos do desastre econômico e este foi um daqueles momentos
na história onde os problemas das moedas nacionais demonstraram a sua
grande magnitude. A crise financeira norte-americana desvalorizou o dólar, e
os desafios econômicos afetaram o mundo inteiro. Nesse momento, os
"especialistas" mais proeminentes decidiram que era necessária uma solução
que só um banco central poderia oferecer, por isso, para combater o colapso
dos mercados financeiros, os governos de todo o mundo decidiram
implementar o que é chamado de "flexibilização quantitativa", na qual
imprimiram mais dinheiro para injetar mais efetivo em suas economias, de
forma que seus cidadãos tivessem os fundos necessários para evitar uma nova
"Grande Depressão".
Quando os bancos enfrentaram problemas devido ao baixo valor da
moeda e o corte nas taxas de juros, os governos se viram obrigados a resgatá-
los, obviamente com o dinheiro dos contribuintes e, como se pode supor, isso
desvalorizou ainda mais a oferta do dinheiro existente. Embora esta seja uma
visão muito simplista de um momento tão complexo da história econômica, a
lição permanece: os bancos centrais manipulam e desvalorizam as moedas em
todo o mundo.
Finalmente, com as baixas taxas de juros e os resgates dos contribuintes,
os mesmos bancos, que, em primeira instância, eram os responsáveis pelos
problemas financeiros, foram os que se beneficiaram do "colapso", e foi
durante esta época que um homem chamado Satoshi Nakamoto se inspirou.

Quem é Satoshi Nakamoto?


Antes de explicar com precisão como se originou o Bitcoin, vale a pena
explorar quem é Satoshi Nakamoto. Sua história é a história do Bitcoin.
A verdadeira identidade de Satoshi permanece desconhecida até o dia de
hoje. Segundo suas próprias declarações em 2012, ele era um homem de 37
anos que vivia em algum lugar do Japão. No entanto, há muitas dúvidas sobre
isso, por exemplo, escreve em inglês com fluência e o software de Bitcoin
não está documentado em japonês, o que leva muitos a pensar que, na
realidade, não é japonês.
Em um esforço para encontrar Satoshi, um codificador suíço analisou os
horários do dia em que Satoshi publicava nos fóruns de Bitcoin e descobriu
que os tempos de publicação mais comuns, eram mais compatíveis com o
horário de sono, em média, de alguém que vive na América do Norte. No
entanto, as perguntas continuam e ninguém sabe ao certo quem é Satoshi
Nakamoto.
Será que saberemos, em algum momento, quem é o criador do Bitcoin?
Ou será que se trata de uma equipe de pessoas? Pode ser que nunca saibamos,
mas uma coisa é certa: esta pessoa ou pessoas controlam cerca de um milhão
de Bitcoins, o que, em dezembro de 2017, equivalente a cerca de 14 bilhões
de dólares.

A criação
Muito bem, então Satoshi Nakamoto, ao ver a situação do mundo
financeiro, decidiu que precisava intervir com uma força abrupta, com algo
que pudesse mudar a forma como pensamos sobre o dinheiro, e em 2008
publicou pela primeira vez seu artigo sobre a tecnologia de Bitcoin,
detalhando o sistema "peer-to-peer", que executa as transações de bitcoin (se
quiser, você pode fazer o download deste artigo, em
https://es.slideshare.net/rodrigohenrik/bitcoin-um-sistema-de-dinheiro-
eletronico-pontoaponto) e meses depois, forneceu o software para realizar
essas transações.
Em resumo, a resposta foi a necessidade de uma forma de moeda
completamente descentralizada e aberta a todos, sem um banco central
controlando, sem cadeias de transferências e sem qualquer grupo de elite
tomando decisões que afetem cada pessoa que usa suas moedas.
Essencialmente, a descentralização significa que todos nós fazemos parte da
economia Bitcoin e somos a força motriz, em vez de um banco central que
controla o quanto vale e o quanto temos disponível em nossa economia. No
mundo do Bitcoin não há governo, banco ou intermediário que possa nos
dizer como usá-la, já que, literalmente, pertence a todos os que a usam.
Como Satoshi o criou
Satoshi não foi a primeira pessoa a trabalhar no problema da moeda
digital descentralizada. Anteriormente, criptógrafos e codificadores tinham
estado trabalhando no mesmo problema durante muitos anos antes de 2008.
O desafio da descentralização é manter um livro global de transações, ou seja,
normalmente quando você paga para alguém, o banco se encarrega de
subtrair o dinheiro de sua conta e adiciona-lo na conta do destinatário. No
entanto, em um sistema descentralizado não há banco. Qualquer um pode
enviar uma solicitação de operação para a rede descentralizada e isso faz com
que o livro razão descentralizado seja muito vulnerável a ataques. Este foi o
principal impedimento na implementação de uma criptomoeda funcional, já
que os mal-intencionados poderiam modificar o livro razão ou gastar uma
moeda digital várias vezes antes que a rede percebesse.
Portanto, a inovação e a genialidade de Satoshi foi a invenção da
tecnologia que agora chamamos de "Blockchain" ou cadeia de blocos, e que
permite manter o livro (Ledger) mais seguro usando marcas de tempo, muita
potência de processamento computacional descentralizado e a criptografia.
Mas o Bitcoin é uma moeda?
Esta é uma das principais perguntas que as pessoas fazem sobre Bitcoin e
a resposta não é tão clara como gostaríamos. Bitcoin é um método de
pagamento e de uma forma de transferência de fundos. Você pode usar
bitcoin para fazer compras ou enviar pagamentos (Trade), é possível
converter bitcoin em dólares, euros, libras, ienes ou qualquer outra moeda
(Exchange), mas bitcoin não é respaldado por nenhuma instituição. O valor
do Bitcoin é determinado pela quantidade e tipos de lugares e pessoas que a
aceitam.
Bitcoin é o que agora chamamos de uma moeda digital na sua forma mais
pura, ou o que se conhece como "criptomoeda" e, como você verá ao longo
do livro, as criptomoedas operam de forma diferente das moedas tradicionais,
já que estão baseadas em código e não em decisões de um banco central, o
que as torna atrativas, mas também mais voláteis.
Uma das características mais importantes de uma moeda tradicional, ou
"fiat", é o seu valor relativamente estável e, devido a isso, muitas pessoas
argumentam que o Bitcoin não é uma moeda, dado seu alto grau de
volatilidade. Como vimos no exemplo anterior dos 100 dólares, o preço do
Bitcoin tem oscilado muito em sua curta história, e, ocasionalmente, duplica
o seu valor no decorrer de um mês. Em média, muda em torno de 2% por dia
e isso é algo que não se vê com as moedas tradicionais.
Mas isto é importante para o Bitcoin? A resposta a esta pergunta vai
depender de como você o vê. A curto prazo, a volatilidade do preço pode
causar um grande impacto na confiança das pessoas, o que pode ser um
obstáculo para atrair novas pessoas ao mundo das criptomoedas, e como você
já sabe, o valor de uma criptomoeda só depende da quantidade de pessoas
que a usam e a aceitam. No entanto, foram realizados vários estudos que
concluíram que o Bitcoin se estabilizará em algum momento e flutuará bem
menos, devido a que, atualmente, essa oscilação toda pode ser atribuída, em
grande parte, à publicidade que o Bitcoin recebe em um determinado
momento.
Então, por que o Bitcoin?
Bitcoin não é a única criptomoeda que existe, mas, durante os últimos dez
anos tem mantido sistematicamente o seu domínio como a criptomoeda mais
popular. Embora haja fortes argumentos para afirmar que o Bitcoin não é a
melhor criptomoeda do mundo, já que os novos projetos têm uma
escalabilidade superior, maior velocidade e a privacidade das transações,
essas moedas não têm conseguido derrubar o Bitcoin de seu trono.
Uma das razões pela qual Bitcoin tem mantido sua liderança é porque
implementou o primeiro blockchain da história e o interesse inicial nesta
tecnologia fez com que esta criptomoeda tivesse a maior base de usuários e
uma seleção de grandes desenvolvedores para construir o sistema.
A longa história do Bitcoin também lhe dá alguma legitimidade. No
decorrer de uma década, o Bitcoin tem enfrentado e superado muitos
obstáculos e desafios técnicos, e é seu comprovado histórico de segurança,
que o torna a criptomoeda mais segura para os iniciantes. No momento de
escrever estas linhas, Bitcoin é a criptomoeda com que se realiza o maior
volume de investimentos, conta com a maior base de usuários e possui um
sólido histórico de segurança.
Ao longo deste livro, falaremos sobre todos os aspectos do Bitcoin e lhe
darei conselhos práticos sobre como iniciar. Há muito o que aprender, por
isso é fácil ficar preso nas minúcias e complexidades da tecnologia, mas para
começar você só precisa de uma compreensão dos fundamentos, conselhos
práticos, e isso é precisamente o que veremos nas próximas páginas.
A tecnologia Blockchain
Antes de entrar nos conceitos básicos de como comprar e armazenar o seu
primeiro Bitcoin, vamos analisar os fundamentos tecnológicos que torna
possível o funcionamento desta criptomoeda: Blockchain (ou cadeia de
blocos).
Se você lembrar, foi no ano de 2008, quando Satoshi Nakamoto publicou
pela primeira vez seu artigo sobre a tecnologia de Bitcoin e detalhou o
sistema "peer-to-peer", que executa as transações de Bitcoin e, meses depois,
apresentou o software para realizar essas transações. O Bitcoin é uma ideia
revolucionária, mas a verdadeira inovação está na tecnologia que o
impulsiona e que permite criar livros de contabilidade descentralizados e
seguros para qualquer finalidade, não só para criptomoedas.
A ideia por trás da blockchain é substituir as instituições dirigidas por
seres humanos imperfeitos com a tecnologia que pode fazer melhor este
trabalho. Se você pudesse criar um caminho para que estranhos tivessem
confiança entre si, sem a necessidade de um banco ou de um governo como
mediador, se abordaria um dos maiores gargalos da sociedade, e esse foi o
objetivo original por trás da criação do Blockchain.
Basicamente, todos os aplicativos da blockchain (e outras tecnologias de
criptografia) baseiam-se no conceito de descentralização, por isso que, em
vez de a rigidez e a lentidão na tomada de decisões de uma autoridade
central, a blockchain pretende devolver o poder regulatório para os
indivíduos, isto é, em vez de confiar em uma instituição importante, a
blockchain gera confiança, através do consenso.
Em termos simples, a blockchain do Bitcoin é o livro de contabilidade
pública que contém todas as operações, a nível mundial, que se realizaram na
história do Bitcoin e, como não existe um governo central ou banco de dados,
o livro se situa em uma rede composta por cada computador que executa o
software de bitcoin e todos trabalham juntos para construir a rede. Tudo isso
acontece em público, de forma transparente, e qualquer um pode ver o tráfego
enquanto está acontecendo. Este nível de transparência é quase inédito em
qualquer outro sistema financeiro.
Portanto, a base da blockchain é a rede peer-to-peer. Tradicionalmente,
quando pensamos na confiança, pensamos em instituições como
intermediários. Por exemplo, se neste momento eu quisesse lhe enviar $100
dólares, precisaria usar uma transferência bancária:
- Primeiro, faria a transferência no banco.
- Então, meu banco cobraria um percentual como comissão para
processar a transação.
- O meu banco verificaria se tenho $100 em minha conta.
- O meu banco perguntaria ao seu banco se a sua conta é válida e se
está aberta para depósitos.
- O meu banco atualizaria seu livro de contabilidade para subtrair $100
de minha conta.
- O seu banco atualizaria o seu livro de contabilidade para adicionar
$100 em sua conta.
Por outro lado, uma rede peer-to-peer não necessita de um intermediário,
mas usa o Ledger (livro razão) distribuído para processar as transações.
Todos os computadores que fazem parte da rede mantêm uma cópia do livro,
e as transações são adicionadas sistematicamente no livro contábil. É
incrivelmente difícil alterar o livro de contabilidade, uma vez que está escrito,
porque isso exigiria alterar a cópia do livro em milhares de computadores na
rede peer-to-peer.
A mesma transferência de $100 dólares em uma rede peer-to-peer com
um livro razão distribuído funcionaria assim:
- Primeiro, envio a solicitação de transferência para a rede.
- Em seguida, os computadores mais próximos a mim na rede
comprovam que tenho suficiente moeda em minha conta e que sua
conta receptora é válida.
- Uma vez que verificam a transação, transmitem a transação para
todos os computadores próximos a eles na rede.
- Por sua vez, esses computadores voltam a confirmar a transação e a
transmitem, o que gera um efeito cascata até que a transação seja
adicionada a todos os livros da rede peer-to-peer.
Dado que os computadores na rede peer-to-peer são tanto usuários como
verificadores, as transações do blockchain podem não ter custo, e o efeito
cascata de verificar transações significa que uma transação pode ser
processada em minutos ou horas, em vez de dias. Com base apenas nestes
benefícios, muitas vezes, a blockchain é apresentada como o fim das
instituições tradicionais. O uso desta nova tecnologia vai além de apenas o
domínio financeiro, mas apresenta oportunidades para mudanças sociais
ainda maiores, mas neste livro nos limitaremos ao âmbito financeiro.
O problema com as instituições
Para entender por que os criadores do blockchain querem substituir as
instituições, é interessante pensar em como chegamos ao ponto onde a
confiança institucional está tão baixa. Quais as debilidades das instituições, e
como poderiam ser resolvidas por esta tecnologia?

Lentidão

A primeira e maior fraqueza institucional é a velocidade. As instituições,


por sua própria natureza, são lentas. Exigem aprovações e várias rodadas de
seleção para cada relação, contrato e transação. As mudanças de política a
nível institucional também são lentas. Pode levar meses ou anos para criar
outras leis ou implementar novos procedimentos.
Um exemplo são os tempos de transação bancária. Não há nenhuma razão
tecnológica pela qual uma transferência bancária internacional deve tomar
mais do que alguns minutos. No entanto, normalmente, decorrem vários dias
até que uma transação seja liberada, devido a uma combinação de sistemas
desatualizados, políticas internas e regulamentações governamentais que
exigem que a transação seja analisada e processada.
A tecnologia blockchain, por outro lado, é regida por seus usuários e
utiliza a criptografia para manter a privacidade do usuário, o que a torna
incrivelmente rápida. Com sua tecnologia baseada no consenso, a
comunidade pode, inclusive, decidir coletivamente implementar uma
mudança na forma como o sistema é executado, abordando os problemas à
medida que surgem.

Custos
As instituições tradicionais também são caras. É fácil apontar os impostos
como uma despesa necessária para manter as instituições em funcionamento,
mas isso não é tudo. A maioria das transações que você faz diariamente têm
comissões associadas (em várias formas de gastos institucionais) e, com o
tempo, esses gastos somam. Por exemplo, os bancos cobram tarifas pelo
processamento de transferências bancárias, converter moedas ou até mesmo
gerenciar sua conta. As seguradoras cobram taxas administrativas que
incluem nos prêmios de seguro. Muitos varejistas cobram taxas de transação
por uso de cartões de crédito e, se você dirige uma pequena empresa, sabe
que paga comissões em todas as partes, desde o marketing até o
processamento de pagamentos. No entanto, temos nos acostumamos tanto a
estas pequenas taxas, assumimos que é o custo de vida em sociedade, mas a
tecnologia blockchain chegou para desafiar essa suposição.
Os contratos e transações de blockchain têm lugar em uma rede
compartilhada, por isso, em vez de uma autoridade central cobrar uma
comissão para verificar sua transação, seu computador verifica outra
transação na rede em troca de que outros computadores verifiquem sua
própria transação.
Blockchain, como funciona?
Em termos simples, a blockchain utiliza uma combinação de criptografia
e um livro de contabilidade pública para criar confiança entre as partes,
mantendo a privacidade. A compreensão da mecânica de como isso funciona
é um pouco mais difícil, mas, com o fim de apreciar o gênio por trás da
tecnologia blockchain, teremos que aprofundar alguns detalhes técnicos.
Os fundamentos da Blockchain são sugeridos por seu próprio nome:
Blockchain ou cadeia de blocos.
- Bloco: o bloco é uma lista de todas as transações de um determinado
período que contém toda a informação processada na rede nos últimos
minutos. A rede só cria um bloco de cada vez.
- Cadeia: Cada bloco está associado ao bloco anterior mediante o uso
de algoritmos criptográficos. Esses algoritmos são quebra-cabeças
muito complexos que os computadores devem calcular e, muitas vezes,
os computadores mais rápidos do mundo, demoram vários minutos para
resolver. Uma vez resolvido, é vedado o bloco usando mais algoritmos
de criptografia, o que é praticamente impossível de modificar. A cadeia
se torna cada vez mais longa com o tempo.
A parte fundamental da Blockchain é o livro razão, lugar onde se
armazena as informações sobre as contas da rede. O livro dentro da
blockchain é o que substitui o livro de contabilidade em um banco ou outra
instituição e, para uma criptomoeda, este livro de contabilidade consiste em
números de conta, transações e saldos.
O livro razão do blockchain é distribuído em toda a rede peer-to-peer, por
isso que cada nó (computador) da rede mantém sua própria cópia do livro e
atualiza quando alguém apresenta uma nova transação. Este "livro de
contabilidade compartilhado", é o que permite a descentralização. Em vez do
banco manter uma cópia oficial das transações, todo mundo pode manter a
sua própria cópia do livro de contabilidade, as transações são verificadas por
consenso. Ou seja, se eu tentasse enganar o sistema e, de alguma forma
conseguisse modificar o livro de contabilidade que está no meu computador,
aumentando o meu saldo de bitcoins para, em seguida, fazer uma transação,
também deveria "hackear", 51% dos computadores da rede Bitcoin para
modificar os seus livros de contabilidade e, desta forma, a maioria dos
usuários da rede estariam de acordo validando a transação. Isto seria uma
missão complexa, mas se você pensar que, a cada 10 minutos o livro de
contabilidade de todo mundo sofre alteração com novos códigos de
criptografia, na prática, teria menos de 10 minutos para hackear o meu livro
de contabilidade e hackear 51% da rede, o que é literalmente impossível.
Cabe destacar que todos nós podemos ser parte da rede Bitcoin e ter uma
cópia da blockchain tão somente baixando um aplicativo para o nosso
computador. Isso veremos mais adiante neste livro.
O primeiro livro de contabilidade da blockchain foi o livro de Bitcoin, e
requer três partes de informação para a definição de uma transação.
- Uma entrada: Se João quiser enviar 1 bitcoin a Davi, em primeiro
lugar, tem que indicar a rede de onde conseguiu seu bitcoin. Talvez
João recebeu o bitcoin ontem de Sarah, por isso, deve indicar.
- Uma quantidade: Esta é a quantidade que João deseja enviar a Davi.
- Uma saída: Este é o endereço Bitcoin de Davi em que se deve
depositar o bitcoin.
Agora vem um conceito que pode ser difícil de entender: O bitcoin não é
real. Claro, não há bitcoins físicos e não há bitcoins em um disco rígido em
alguma parte. Não se pode apontar para um objeto físico, um arquivo digital,
ou um pedaço de código e dizer: "Isso é um Bitcoin." Em vez disso, toda a
rede Bitcoin é apenas uma série de registros de transações e cada transação da
história do Bitcoin está no livro da blockchain, por isso que se você quiser
provar que tem 20 bitcoins, a única maneira de fazer isso é apontando as
transações em que recebeu esses 20 bitcoins.
Neste ponto, você pode pensar: "mas os Bitcoins têm que sair
originalmente de algum lugar." Bom, lembre-se que os mineradores criam os
bitcoins em troca de recompensas, o que continuam fazendo até atingir o
limite de 21 milhões de bitcoins. Portanto, o conceito fundamental a ser
compreendido aqui é o seguinte: O histórico de transações é a moeda.
Em seguida, veremos uma explicação "levemente" técnica sobre a forma
como se agregam transações na blockchain, por isso, se você não entender,
não há problema, não é um conhecimento necessário para começar a usar
Bitcoin, mas é interessante saber.
As transações e os blocos
O primeiro passo na construção de um bloco para a blockchain é
acumular e somar todas as transações atuais. Quando um usuário cria uma
transação, esta é transmitida para toda a rede e, em seguida, o computador de
um membro da rede captura essa transação e revisa, para se certificar de que
ela é válida. O computador da rede que tem essa função é conhecido como
"verificador".
Dado que as moedas na blockchain não são mais do que uma série de
transações, o primeiro passo para confirmar uma transação, consiste em olhar
de onde o remetente diz que originalmente recebeu o dinheiro. O verificador
deve rever a história da blockchain para encontrar o bloco e a transação em
que o emissor recebeu o dinheiro originalmente. Se a transação for
confirmada, então a transação é válida, e terá que ser confirmado o endereço
da parte receptora, para, em seguida, seja adicionada esta transação ao livro.
Se a transação de entrada não for válida, por exemplo, se você está enviando
1 bitcoin a um usuário, mas na blockchain não há registro de que alguma vez
você tenha recebido bitcoins, esta transação é considerada inválida, será
excluída e não será incluída no livro razão.
Uma vez que todas as transações nesse bloco forem verificadas, é o
momento de adicioná-las ao livro. O exemplo a seguir é simples, e mostra
onde as transações são listadas uma após a outra:
[Entrada] [Quantidade] [Endereço de saída], [Entrada] [Quantidade]
[Endereço de saída], [Entrada] [Quantidade] [Endereço de saída], [Entrada]
[Quantidade] [Endereço de saída], [Entrada] [Quantidade] [Endereço de
saída] ...
Em seguida, o verificador aplica uma técnica criptográfica chamada de
hash para cada uma das transações. Em sua definição mais básica, o hash
(impressão digital do bloco) pega uma cadeia de caracteres e gera outra
cadeia de caracteres. Por isso, quando se alimenta um algoritmo de hash com
a entrada, a quantidade e o endereço de saída, o resultado será uma cadeia de
caracteres únicos para essa transação, como essa:
aba128d3931e54ce63a69d8c2c1c705ea9f39ca950df13655d92db662515eacf
(Esse é um hash de uma transação real do Blockchain)
Assim, o hash é utilizado para normalizar os dados, enquanto fornece uma
segurança que nos permite revisar que não foram manipulados. Por exemplo,
se alguém tentar mudar uma transação no blockchain, teriam que fazer
novamente o hash da transação, e seria completamente diferente, o que ficaria
em evidência, que foi manipulado.
Para que a blockchain seja ainda mais difícil de manipular, são realizadas
várias etapas de hash. Isso significa que o hash de uma transação é
combinado com um hash de outra transação, e um novo hash é feito gerando
um código menor. Essa combinação das transações é conhecida como árvore
de Merkle. A discussão sobre o porquê precisamos de uma árvore de Merkle
é, por si só, um tema para um livro, mas em um nível básico, a árvore de
Merkle nos assegura de que todas as transações no bloco sejam válidas
enquanto utiliza menos memória, a longo prazo.
O último elemento adicionado a um bloco é um selo de tempo e a
vinculação aos blocos anteriores da cadeia, utilizando novamente um hash
que, de alguma maneira, insere o conteúdo de blocos anteriores no conteúdo
do novo bloco.
Lembre-se de que o hash toma uma entrada, não importa quão grande ou
pequena seja, e a transforma em uma cadeia de caracteres. Se você alterar a
entrada, mesmo que minimamente, a saída mudará completamente. Desta
forma, se o conteúdo de um antigo bloco já foi vinculado a um novo bloco e
depois alguém altera o bloco anterior, por menor que seja a alteração, mudará
todo o hash do bloco.
Desta forma, uma vez que um bloco foi concluído e, quanto mais tempo
passa, mais difícil se torna alterar, com sucesso, uma transação sem que seja
detectado. Esta é a razão por que o hash é o núcleo de segurança do
blockchain e permite que o livro razão seja público e seguro ao mesmo
tempo.
No entanto, é preciso dizer que o hash, por si só, não é tão difícil de
resolver. A maioria dos computadores podem criar um hash de um
blockchain em poucos segundos, de forma que, com o objetivo de garantir a
segurança, é necessário introduzir um outro nível de dificuldade para a
criação de um novo bloco. Este nível de dificuldade é chamado de "prova de
trabalho", embora neste livro não explicamos isso, já que não é o objetivo
para um usuário iniciante, considero importante mencionar, caso você queira
se aprofundar mais.
Muito bem, foi o suficiente de explicação tecnológica e idealista sobre os
princípios que regem o Bitcoin. Nos capítulos seguintes, veremos como
começar a usar esta criptomoeda.
Começando a usar Bitcoin
Até agora vimos uma pequena introdução ao Bitcoin e a sua tecnologia,
mas chegou o momento de avançar e aprender algo mais prático, então vamos
começar.
As pessoas que usam Bitcoin ou qualquer criptomoeda devem usar um
depósito garantido como um meio de administrar as entradas e saídas. Este
depósito é conhecido como "Wallet" ou carteira. Sua carteira é, de longe, o
aspecto de segurança mais importante, ao adquirir bitcoins, e requer sempre a
sua máxima atenção. Neste capítulo analisaremos os diferentes tipos de
carteiras disponíveis e você descobrirá o mais adequado para o seu caso em
particular. Mas antes de falar sobre os tipos de carteiras disponíveis, é
importante conhecer o seguinte conceito: As chaves privadas e públicas.
Como regra geral, toda carteira tem uma chave privada e uma chave
pública. A chave privada, como o seu nome indica, pertence somente a você,
e nunca deve ser compartilhada. Esta é a chave que será utilizada para assinar
todas as transações. Por outro lado, tem a chave pública, que, como o nome
indica, você pode compartilhar até mesmo nas redes sociais, se desejar, e não
representa risco de segurança. Podemos pensar na chave pública como se
fosse o número de sua conta bancária e a chave privada como se fosse a sua
senha de acesso. A chave pública é usada para receber bitcoins, e a chave
privada é usada para assinar as transações em que usar esses bitcoins.
Chave privada: A chave privada é a chave através da qual se gera a
chave pública e é uma cadeia de caracteres alfanuméricos gerado de forma
aleatória, o que é impossível de decifrar. A única maneira de conhecer a
chave privada de outra pessoa é apenas se ela lhe disser qual é. Por isso,
nunca perca a sua chave privada, caso contrário, será impossível acessar seus
bitcoins. Além disso, nunca a compartilhe, caso contrário, qualquer pessoa
com a chave poderia gastá-los. Isto é o mais importante em sua carteira.
Chave pública: A chave pública é usada para verificar que você é o
proprietário do endereço bitcoin associado com a sua carteira. Muita gente
assume que a chave pública e o endereço da carteira são o mesmo, mas
apesar do fato de estarem relacionadas, não são. As chaves públicas são
criadas a partir da chave privada usando algoritmos matemáticos, que são
muito complexos, seguros e praticamente impossíveis de serem descobertos
e, para ser exato, as chaves públicas são de 256 bits de comprimento e são
utilizados para criar um endereço final, que é de 160 bits de comprimento. O
endereço da sua carteira é conhecido como a versão "hasheada" da chave
pública.
Um dado curioso: Se alguém tem a sua chave pública, levaria bilhões de
anos para decifrar a chave privada usando até mesmo os computadores mais
sofisticados existentes na atualidade, e lembre-se de que apenas uma chave
privada pode autorizar transações de pagamento, pelo que, se você manter
sua chave privada em segurança, não terá problemas.
Tipos de carteiras
No jargão das criptomoedas, diz-se que há carteiras quentes e carteiras
frias. As carteiras quentes são aquelas usadas com muita frequência para
enviar e receber a moeda rapidamente, enquanto que as carteiras frias são
aquelas utilizadas principalmente para armazenar o dinheiro a longo prazo.

Carteiras quentes

Para ver uma lista com as carteiras disponíveis para bitcoin, sugiro que
você visite o site oficial https://bitcoin.org/en/choose-your-wallet. Na lista,
você verá que existem quatro grandes grupos: Carteiras que requerem
instalação de software em seu Computador, Web, Celular e Carteiras para
Hardware (estes últimos os veremos na seção "carteiras frias").
Carteiras por software (Computador)
Dentro das carteiras que necessitam de instalação no seu computador,
"Bitcoin Core" será a primeira que você vai querer considerar, já que é a
carteira original do Bitcoin criada pelo lendário Satoshi Nakamoto. Esta é a
única carteira com apoio oficial e é atualizada constantemente pela
comunidade profissional de Bitcoin. Esta carteira é uma aplicação que lhe dá
um controle completo de seus dados e a certeza de que estes estão protegidos
de influências externas, sempre e quando o computador onde você instalou o
software esteja seguro e livre de vírus.
As carteiras de software não servem apenas para manter seus bitcoins.
Também ajudam a manter a rede Bitcoin e mantêm registros descentralizados
da blockchain. O uso de uma carteira por software criará uma conexão
completa da rede Bitcoin em seu computador e, ao operar diretamente, as
suas operações estarão mais seguras por não ter intermediários (assumindo
que o seu computador esteja livre de vírus e usando uma conexão segura). No
entanto, que uma vez que você instala em seu computador, a primeira
sincronização da blockchain leva um longo tempo, já que o tamanho
totalmente sincronizado atinge uns 100 GB aproximadamente.
A instalação da Bitcoin Core é bastante genérica e muito parecida com a
instalação de qualquer outro software, por isso que, em seguida, abordarei
apenas o mais relevante:
- Para baixar o software, vá à https://bitcoin.org/en/download
- Faça a instalação normalmente.
- Durante a instalação, você deve escolher o local onde quer salvar a
blockchain e a carteira. Você pode usar os destinos padrão, a menos
que você tenha um lugar específico em que deseja armazená-lo.
- O download da blockchain pode levar vários dias para ser concluído,
dependendo da velocidade de sua conexão à Internet. Podem ser mais
de 100 GB, portanto certifique-se de ter espaço suficiente.
Claro, Bitcoin Core é a carteira oficial da Fundação Bitcoin, mas isso não
quer dizer que seja a única carteira por software disponível. Para uma lista
completa de carteiras por software acesse: http://bitcoin.org/en/choose-your-
wallet
Carteiras Web (online)
Se você quiser evitar o uso de 100 GB do seu disco rígido para armazenar
a blockchain, você pode optar por uma carteira com base na Web, como
"Coinapult". Considero que este é o tipo de carteira é ideal para usuários
iniciantes, especialmente os preguiçosos, já que não requer a instalação de
aplicativos em seu computador, e você pode criar uma carteira em questão de
segundos e começar a usar imediatamente. Esta bolsa garante um alto nível
de segurança para os seus bitcoins, goza de uma reputação impecável, oferece
suporte 24/7 e a interface é simples e intuitiva, mesmo para os iniciantes.
Teoricamente, a desvantagem deste tipo de carteira reside apenas no fato
de que se encontram em um recurso de terceiros, e não em seu computador,
pelo que você deve confiar na empresa criadora. Uma vez que não estará
executando suas operações diretamente de um nó da rede Bitcoin, toda sua
informação confidencial passará através de intermediários até chegar a sua
plataforma. Em outras palavras, são fáceis de usar, mas estão longe de ser tão
seguras quanto as carteiras que se instalam no seu computador, ou as carteiras
frias (em breve veremos este tipo de carteira).
Novamente, eu recomendo que você navegue através das diferentes
carteiras disponíveis em www.bitcoin.org para que veja as principais
características de cada uma. Não descreveremos a instalação e utilização de
cada carteira disponível, já que são bastante genéricas e a interface gráfica
depende de cada caso em particular, mas em geral, são aplicações muito
simples de usar, para um usuário médio.
É importante destacar que você pode usar várias carteiras ao mesmo
tempo, por exemplo, para armazenar dinheiro, para fazer transações ou para
usar uma única vez. Você deve compreender que uma carteira quente pode
ser hackeada, por isso eu recomendo tomar as mesmas precauções que toma
com seu dinheiro tradicional: não armazene todo seu dinheiro em um único
lugar. É por esta razão que usar carteiras quentes só para fazer transações é
uma boa ideia e, em paralelo mantenha a maior parte de seus bitcoins em uma
carteira fria, sem conexão com a Internet.
No entanto, se você quiser fazer suas carteiras ainda mais seguras, eu
recomendo usar uma conta de e-mail diferente para cada uma delas e protegê-
las com autenticação de dois fatores, e, o mais importante, guarde todas as
suas senhas anotadas em um papel. E, por segurança, você deve ter extremo
cuidado com as "carteiras de troca" ou Exchange. As carteiras de troca,
como o seu nome indica, são hospedados por empresas de troca de bitcoins
(veremos mais sobre isso no capítulo "Comprar Bitcoin"). Esta é a opção
mais popular entre os usuários que desejam investir em bitcoins, mas mostrou
ter alguns inconvenientes.
As principais violações que ocorreram à rede Bitcoin foram feitas através
dessas carteiras mal protegidas, como o famoso escândalo Mt.Gox. A
Mt.Gox foi uma empresa de troca de bitcoin responsável por 70% das
transações de bitcoins, a nível mundial, no seu melhor momento. Um dia,
repentinamente, desapareceram milhões de dólares em bitcoin (744.408
bitcoins). Isso deixou centenas de milhares de clientes sem os seus bitcoins e
sem forma de recuperá-los. Com o tempo, a empresa decretou falência, e o
diretor geral foi detido.
Devido à natureza da rede Bitcoin, ninguém está apto para corrigir um
erro desses. Um destino semelhante se abateu sobre a Bitfinex, empresa que
foi hackeada em 2016, perdendo uma estimativa de $72 milhões de dólares
em bitcoin. No entanto, pela facilidade de uso deste tipo de carteira esta é a
opção em que se encaixa a maioria das pessoas que só utilizam pequenas
quantidades de bitcoin e que, com frequência, estão comprando ou vendendo.
Portanto, uma estratégia inteligente, se você é dono de uma grande
quantidade de bitcoin, é guardar suas economias em uma carteira isolada
(carteira fria) e manter somente uma pequena quantidade de seus recursos em
uma carteira quente.
Carteiras móveis
As carteiras móveis, podem ser a opção mais prática para o uso diário do
bitcoin. Com esse meio, você pode utilizar o seu Smartphone para pagar
produtos e serviços, ou enviar fundos para outra pessoa. Este tipo de carteira
permite pagar utilizando a câmera de seu Smartphone para digitalizar um
código QR, ou até mesmo, utilizar as conexões NFC para enviar bitcoins a
outras pessoas (a tecnologia NFC permite que dois dispositivos posicionados
a alguns centímetros de distância troquem dados e informações).
Este tipo de tecnologia é conhecido como SPV, por suas siglas em inglês
e significa "Validação de pagamento simplificada", o que significa que não
armazenam uma cópia do blockchain, o que é muito conveniente para o uso
diário, mas não contribui com a integridade das transações na rede Bitcoin da
mesma forma que ocorre com o uso de um aplicativo em seu computador.

Carteiras frias
Com a criação de uma carteira quente, você já está pronto para começar a
usar bitcoins, no entanto, supondo que você quer aprender como armazenar
corretamente suas criptomoedas a longo prazo, falaremos de forma mais
detalhada sobre como fazê-lo.
O armazenamento frio é um termo que se refere exclusivamente às chaves
privadas, que geralmente são criadas e armazenadas em um ambiente seguro
e isolado. Isto significa que as suas chaves privadas não se encontram em
nenhum site acessível a partir da Web. Estas carteiras se parecem com uma
unidade flash USB, semelhante ao da imagem abaixo, que você pode
conectar a um computador e fazer uma transação rápida.
Este método é muito popular quando se deseja armazenar uma quantidade
significativa de fundos em criptomoedas e fazer poucas transações. Este tipo
de carteira possui várias vantagens quando se trata de segurança e
armazenamento de dados a longo prazo. Por exemplo, as chaves privadas são
armazenadas em uma parte separada do dispositivo, e a maioria das carteiras
de hardware, é impossível serem extraídas e roubadas.
As carteiras de armazenamento frio mais populares são Trezor, KeepKey
e Ledger e podem ser compradas nas seguintes páginas (Têm um preço
médio de $100 dólares):
https://trezor.io/
https://keepkey.myshopify.com/
https://www.ledgerwallet.com
No entanto, no momento em que escrevo, o mais recomendado é "Trezor"
e com uma boa razão. Basicamente, trata-se de um pequeno computador que
se encarrega das chaves públicas e privadas, e mantém você a salvo.
Teoricamente, caso você conectasse um Trezor a um computador infectado,
as suas moedas continuariam seguras.
Evidentemente, um dispositivo nunca será 100% seguro, mas as carteiras
de hardware são muito mais seguras. De qualquer forma, independente do
sistema utilizado, tenha cuidado com os fabricantes e fornecedores
desconhecidos e se certifique de comprar sempre de fornecedores com uma
boa reputação.
Agora, se você quiser ter uma carteira segura, mas não quiser gastar $100,
há um método para fazê-lo você mesmo. Isso é o que veremos a seguir.
Como fazer uma carteira Bitcoin de papel
Uma carteira Bitcoin de papel é simplesmente uma chave pública e
privada impressas em um papel. Geralmente é considerado como um tipo de
"armazenamento frio" extra seguro, já que não entra em contato com a
internet, mas tem algumas diferenças importantes que fazem com que sua
presença nessa categoria seja discutível.
Como seu nome sugere, as carteiras de papel, geralmente, são feitas de
papel, embora, tecnicamente, também possam ser de plástico ou qualquer
outro elemento durável sobre o qual se possa imprimir informações.
A seguinte imagem é um exemplo de uma carteira de papel gerada através
de www.bitaddress.org:

O que se imprime no papel são as chaves privadas e públicas, geralmente


em forma de QR, e esta última também serve como o endereço para receber o
dinheiro. Simplesmente você pode copiar e colar os códigos em um
documento e imprimir. Certifique-se de apagar a cópia do computador
depois. Nunca armazene uma imagem da carteira de papel em seu
computador ou Smartphone.
Para salvar seus bitcoins nessas carteiras, simplesmente envie os seus
bitcoins para o endereço público que está no papel e, em seguida, guarde o
papel em um lugar seguro. É simples assim.
As carteiras de papel são consideradas extremamente seguras, por estar
fora do alcance dos hackers, mas permanecem suscetíveis aos danos do
mundo real. Alguém poderia encontrar seu esconderijo, tirar uma foto de suas
chaves e gastar todo o bitcoin associado, sem que você o perceba. Ou o que
aconteceria se o lugar onde você guardou inundar? Claro, é pouco provável,
mas quando você está garantindo uma grande quantidade de bitcoin, vale a
pena pensar no pior dos cenários. Inclusive pense em proteger do fogo. Além
dos riscos óbvios de danos causados por fogo ou água, a tinta pode
desaparecer com o tempo, fazendo com que as chaves fiquem ilegíveis. Sem
chaves legíveis, sem bitcoins.
Portanto, é você quem deve avaliar se o meio de armazenamento é
compatível com as características de segurança que você deseja, de acordo
com suas próprias necessidades. De qualquer forma, se você estiver
interessado em utilizar este meio de armazenamento, os seguintes são alguns
bons geradores de carteiras de papel:
O www.bitaddress.org e www.walletgenerator.net são geradores de
chaves e endereços aleatórios de código aberto que utilizam o JavaScript de
seu navegador, por isso não enviam as chaves através da Internet. Depois de
gerar uma sequência aleatória ao mover seu mouse, vai gerar suas chaves
públicas e privadas, que poderá imprimir.
O www.bitcoinpaperwallet.org é um website onde você pode criar uma
cópia impressa de uma carteira de papel colorida, com as linhas de dobra
apropriadas, e até mesmo oferecem selos invioláveis.
O www.mycelium.com oferece uma forma original e ainda mais segura
de gerar carteiras de papel, com um dongle USB que pode ser conectado
diretamente à sua impressora. O dispositivo gera uma carreira de papel que é
impressa automaticamente, sem precisar tocar no computador.
Nota: Os websites mencionados aqui, não são as únicas opções
disponíveis, e não devem ser tomados como uma recomendação. Se trata do
seu dinheiro, por isso que você deve avaliar de acordo com suas próprias
necessidades.
Para adicionar fundos à sua carteira de papel, siga os seguintes passos:
1) Acesse sua carteira quente (por software ou Web).
2) Crie uma transferência.
3) Insira o endereço público existente em sua carteira de papel.
4) E isso é tudo!
Muito bem, agora vamos falar um pouco mais sobre os endereços Bitcoin
e a privacidade.
Endereços Bitcoin e a privacidade
A melhor forma de compreender o que são os endereços Bitcoin é,
fazendo uma analogia com os endereços de e-mail. Um endereço de e-mail
permite enviar e receber mensagens de qualquer outra pessoa na web que
também tenha um endereço de e-mail. Os endereços Bitcoin funcionam de
maneira semelhante, mas com uma diferença chave.
Um endereço Bitcoin é uma cadeia específica de caracteres que identifica
a sua carteira. No entanto, diferente de um e-mail, uma carteira pode ter
vários endereços e até mesmo um novo endereço para cada nova transação
que você realizar.
No caso do Bitcoin, o endereço tem entre 26 e 35 caracteres
alfanuméricos de comprimento. Cada endereço começa com 1 ou 3, e faz
distinção entre maiúsculas e minúsculas. Esta cadeia de caracteres deve ser
exata ou não se pode transferir os fundos, mas isso não deve ser novidade se
alguma vez você já transferiu fundos tradicionalmente.
Quando quiser receber fundos, compartilhe o seu endereço de Bitcoin
com a pessoa que irá pagar.
Você também pode mostrar o seu endereço publicamente, já que o seu
endereço Bitcoin não fornece acesso à sua conta de maneira nenhuma
(diferente de sua chave privada), apenas diz para a rede para onde os fundos
dever ser direcionados.
Este é um exemplo de um endereço Bitcoin:
1BvBMSEYstWetqTFn5Au4m4GFg7xJaNVN2
Para continuar com a analogia anterior sobre o e-mail, enquanto que os
endereços de e-mail não mudam, a maioria dos especialistas recomendam
usar um novo endereço Bitcoin para cada transação. Isso não significa que
você vai criar uma carteira toda vez, mas que simplesmente você vai usar um
novo identificador para as pessoas que lhe enviam Bitcoin e há várias razões
para fazer isso:
Anonimato: Evidentemente, o problema com a reutilização de um
endereço de Bitcoin é que você corre o risco de perder o anonimato que vem
com Bitcoin. Uma vez que o Bitcoin opera em um livro de contabilidade
pública, as pessoas podem ver o seu endereço quando aparece no livro e, com
o tempo, usar o mesmo endereço repetidamente facilita que os maus
intencionados possam mapear suas relações, operações e fundos de entrada.
No entanto, isso não é um problema e só deve ser uma preocupação se você
quer estar absolutamente seguro de se manter no anonimato.
Identificar pagamentos: Se você é uma empresa ou alguém que gostaria
de fazer um acompanhamento das transações, é muito mais fácil fazê-lo com
endereços de um único uso. Ao vincular as transações para um único
endereço, você pode sempre verificar se você recebeu um pagamento em
função do endereço que você deu a esse cliente em particular. Desta forma,
cada pagamento recebe o seu próprio identificador único que você conhecerá
de antemão.
Então, agora que você conhece os benefícios da criação de um novo
endereço para cada operação, a pergunta é: como fazê-lo? A resposta não
pode ser mais simples. Sua carteira o fará por você. Na maioria dos casos,
basta abrir a pasta e clicar em "Criar novo endereço". Para obter instruções
mais específicas, consulte instruções de sua carteira em particular.
Comprar Bitcoin
Neste capítulo, vamos explorar como você pode comprar alguns bitcoins.
Essencialmente, há duas principais formas de comprar: você pode comprar
nas carteiras de troca mais importantes (o que se poderia considerar "bancos
de bitcoin"), ou pode comprar diretamente dos outros usuários.
Carteiras de troca
Como ocorre com a troca de uma moeda por outra, as principais carteiras
facilitam a troca (Exchange) de criptomoedas por moeda fiduciária (dólares,
euros, etc.) e o processo é muito parecido com qualquer troca de moeda.
Estes intercâmbios operam em dois sentidos, ou seja, servem para trocar sua
moeda local por bitcoins e vice-versa.
As Carteiras www.coinbase.com e www.kraken.com provavelmente são
as mais fáceis de começar a usar. Na Europa, www.bitstamp.com tem uma
grande reputação ao trabalhar com bancos europeus. Todas essas empresas de
troca são líderes bem estabelecidos e reconhecidos pela indústria de
segurança.
Este é um livro para iniciantes, pelo que não nos aprofundaremos
demasiado em todos as possíveis trocas que você poderia usar, e para reiterar,
como acontece com qualquer tecnologia Bitcoin de terceiros, certifique-se de
não manter muitos bitcoins em um só lugar. Lembre-se que as plataformas de
terceiros são vulneráveis a ataques, por isso é recomendado manter apenas
uma pequena quantidade de dinheiro em sua carteira de cada vez.
Para começar a usar uma carteira de troca basta criar uma conta em uma
empresa de cambio com boa reputação, como as mencionadas anteriormente
(Coinbase, Kraken ou BitStamp). Para isso, pedirão suas informações básicas
e quais os métodos bancários que irá utilizar (depósitos bancários, cartões de
crédito, cartões de débito, transferências eletrônicas). Além disso, pedirão
que você realize um processo de verificação de identidade, fornecendo
informações pessoais. Se alguma vez você já criou uma conta em uma
corretora de Forex, isso não deve ser algo novo. Todo este processo de
validação é vital para a manutenção de registros das trocas e para prevenir a
fraude e a atividade criminal. Este processo se realiza através do envio de
uma cópia de sua carteira de motorista ou de sua cédula de identidade, e
normalmente pode levar de algumas horas a alguns dias.
As empresas de câmbio cobram uma taxa por operação, mas, como
veremos, em seguida, normalmente esta taxa é muito mais padronizada que
as transações peer-to-peer.
O único problema que algumas pessoas têm ao usar carteiras de troca são
os limites para os montantes que podem comprar em um dado momento. No
entanto, isso dependerá da forma de pagamento que você está usando, por
exemplo, normalmente os cartões de débito têm limites muito mais baixos do
que as transferências bancárias, mas isso vai depender do seu caso em
particular.
Trocas peer-to-peer
O bacana do Bitcoin é que não depende de nenhuma autoridade, nem
intermediário. Ninguém tem o controle de quem pode ter acesso a esta
moeda, de modo que você pode comprar bitcoin diretamente de outras
pessoas.
Considerando que as empresas de troca operam com fins lucrativos e
exigem que você use alguma de suas limitadas opções de pagamento, as
transferências peer-to-peer (ou de pessoa para pessoa) têm a vantagem de que
você pode decidir a forma de pagamento e o valor que vai comprar. É claro
que isso finalmente vai depender do acordo que fará com a pessoa que está
vendendo, mas em termos gerais, qualquer método de pagamento é possível:
transferências bancárias, pagamentos em dinheiro, PayPal, depósitos
bancários diretos, etc.
No momento, o site mais popular para as trocas peer-to-peer é
www.localbitcoins.com. Em LocalBitcoins, você pode encontrar pessoas
interessadas na venda de bitcoin e você pode negociar com eles online ou
pessoalmente, para pagar em dinheiro. Por exemplo, selecione o país e a
moeda em que deseja pagar, e você verá uma lista de usuários que estão
vendendo bitcoins com base nos filtros de sua pesquisa. Na imagem abaixo
você pode ver que aparece o nome do usuário, seguido pela quantidade de
trocas de sucesso feitas por ele, uma percentagem que indica a sua reputação
com base em comentários de outros usuários, uma indicação se está online
neste momento, as formas de pagamento que aceita, o preço a que vende cada
bitcoin e seus limites de venda.
Para aqueles que usam Bitcoin e desejam se manter no anonimato, as
transferências peer-to-peer são a opção ideal, já que não necessita apresentar
documentos e não há necessidade de provar a sua identidade quando você
compra ou vende diretamente a outro usuário. Não há limites para os
montantes, exceto o da quantidade que a pessoa está disposta a vender.
As compras peer-to-peer podem não ser tão simples como apertar um par
de botões no computador, mas continuam sendo uma ótima opção para
muitas pessoas. É preciso considerar, no entanto, que o preço pode variar
drasticamente. Alguns usuários podem pedir uma alta margem de lucro sobre
o preço de mercado, por isso é importante olhar bem as ofertas e ver o que
você pode encontrar.
Neste momento é importante mencionar que a segurança é primordial
quando se compra bitcoin de alguém que se encontra na Internet. Foram
documentados casos de pessoas que foram atacadas quando se encontram
para trocar dinheiro, então, por favor, sempre tenha em consideração os
riscos de se fazer uma transação pessoalmente. A maioria das pessoas está
disposta a aceitar transferências bancárias ou mesmo transferências por
PayPal, em vez de encontros pessoais.
Portanto, para resumir, você pode comprar seus primeiros bitcoins,
usando uma carteira de troca, em que terá que se cadastrar e comprovar sua
identidade, ou diretamente com outras pessoas que possuem bitcoin, usando o
site www.localbitcoins.com. Como preferência pessoal, eu compro usando
LocalBitcoins, já que basta escolher um vendedor com boa reputação e que
ofereça um bom preço, contatá-lo para pagar com PayPal, e depositará seus
bitcoins no endereço de sua carteira criada anteriormente.
Muito bem, agora que você já entende o básico sobre como comprar
bitcoin, no próximo capítulo, veremos como você pode gastar seus bitcoins.
Gastar Bitcoins
Gastar bitcoins é muito simples, mas como este é um livro para iniciantes,
falaremos a respeito. As compras online são a forma mais comum de usar
seus bitcoins e esta é a sua forma original de utilização. Para fazer compras
online com bitcoin só precisa de uma carteira com bitcoins e o endereço da
pessoa de quem você está comprando algo. Isso é tudo. Basta copiar e colar o
endereço em sua carteira e inserir a quantidade exata de bitcoins que você
precisa enviar.
Claro, certifique-se de que seja um vendedor de confiança. As transações
de Bitcoin não podem ser revertidas, pelo que é recomendável verificar se o
vendedor tem um bom histórico de envio de produtos antes de fazer o seu
pagamento.
Além das compras online, também é possível pagar com bitcoin
presencialmente em algumas lojas que o aceitam. O www.coinmap.org é uma
aplicação web muito útil para isso. Acesse o website e poderá encontrar lojas
perto de você que estão aceitando Bitcoin. Você vai se surpreender quantos
lugares já aderiram ao futuro. Para pagar essas lojas, a forma mais comum é
usando o aplicativo móvel de sua carteira (para o seu Smartphone) para
enviar bitcoin diretamente para o endereço que você indicar. Isso é tão
simples como digitalizar um código QR, e pronto.
Finalmente, devemos considerar os "Cartões de débito Bitcoin". Os
cartões são o símbolo do comércio moderno e nós os usamos para pagar em
todos os lugares, e felizmente já existem muitas empresas que oferecem
cartões de débito, que funcionam da mesma forma que os tradicionais, exceto
que estão ligados à sua carteira Bitcoin.
O www.cryptopay.me é um dos fornecedores de cartões de débito de
Bitcoin mais antigos e oferecem um cartão de débito com chip ou senha que
você pode usar em qualquer parte do mundo que aceite os cartões VISA. No
momento que escrevo estas linhas, é possível solicitar um cartão, mesmo sem
apresentar nenhuma identificação. Você só precisa acessar esta página web e
seguir as instruções.
Como pode ver, usar Bitcoin é provavelmente mais fácil do que você
pensou e está se tornando cada dia mais popular. No entanto, um grande
desafio para o uso diário de bitcoins em pequenas transações são as taxas.
Cada transação, por menor que seja, em geral, tem que pagar uma comissão
para os mineradores, a fim de que seja incluído no próximo bloco. Se você
está apenas fazendo pequenas transações em lojas, essas comissões são
acumuladas e em pouco tempo será um montante considerável. Este é um
grande obstáculo no caminho da adoção de bitcoin como moeda diária, por
isso, se quisermos que seja útil para pequenas transações diárias, essas taxas
terão que reduzir sensivelmente e, falando em mineradores e em comissões,
esse será o tema que veremos no próximo capítulo.
Mineração de Bitcoin
É hora de entender um pouco mais de onde vêm os bitcoins. Como você
provavelmente sabe, no caso das moedas de papel tradicionais, é cada
governo quem decide a quantidade a imprimir e se encarrega de tudo. Seu
único trabalho consiste em ganhar o dinheiro e em gastá-lo. Por outro lado,
com o Bitcoin é um pouco mais complicado, já que não há governo central,
mas essa é uma de suas principais vantagens. Como não há um governo
central, existe um processo chamado de "mineração de bitcoin", em que
qualquer pessoa, com as ferramentas certas, pode participar.
Mas, o que é a mineração de bitcoin?
Bom, os bitcoins têm que vir de algum lado, não é? Em essência, os
bitcoins vêm de uma série de cálculos realizados por computadores
pertencentes a pessoas (ou grupos de pessoas), denominadas "mineradores"
em troca de recompensas. Estas mesmas pessoas também são os que
confirmam as transações e mantém a rede segura.
Como você verá neste capítulo, qualquer pessoa pode participar no
processo de mineração, embora para a maioria já não seja um processo
rentável devido à grande quantidade de pessoas que começaram a participar
nesta atividade.
O trabalho mais importante da mineração de Bitcoin é garantir a
segurança da rede Bitcoin, solucionando complexos quebra-cabeças
criptográficos baseados no conteúdo do bloco atual. Em termos simples, o
computador do minerador cria um hash de todo o conteúdo do bloco em que
está trabalhando, e esse hash deve coincidir com certos critérios para que a
rede o aceite. Portanto, em uma espécie de "tentativa e erro", o computador
vai adicionando caracteres aleatórios ao conteúdo do bloco até que uma
cadeia de caracteres corresponda aos critérios do quebra-cabeça. Este quebra-
cabeça é tão difícil de resolver que qualquer um que tentasse atacar a rede e
alterar a blockchain precisaria de uma enorme potência de cálculo, a fim de
minerar blocos falsos mais rápido do que os mineradores reais de todo o
mundo mineram blocos genuínos. Portanto, este processo serve para a
proteção da rede.
Além disso, quando alguém envia uma transação para a rede Bitcoin, os
mineradores também fazem o trabalho de confirmar se a transação é válida
antes de incluir em um bloco. Isto implica voltar, através da blockchain, para
se certificar de que as moedas que participam da transação não foram gastas
em outro lugar.
Todo o trabalho realizado pelos mineradores não é gratuito, mas sim,
recompensado. Atualmente, essa recompensa é de 12 bitcoins. Mas o
primeiro bloco (Gênesis) foi criado por Satoshi Nakamoto e foi
recompensado com 50 bitcoins. Hoje, a recompensa por um bloco
corretamente formado começa a diminuir e estima-se que cairá a um valor
praticamente insignificante até o ano de 2140.
Hoje em dia, circulam mais de 16 milhões de bitcoins em todo o mundo, e
se extrairá um total de 21 milhões. Este limite está programado pelo
algoritmo da própria rede. A quantidade limitada de Bitcoins faz com que a
inflação desta moeda seja impossível e evita que se deprecie com o tempo. O
ecossistema Bitcoin ainda conta com um modelo deflacionário, já que muitas
pessoas perdem as suas moedas ao esquecer as senhas de suas carteiras ou
enviar dinheiro para endereços errados.
Bom, voltando a falar das recompensas por criar bitcoins. Quem não
gostaria de ganhar bitcoins só por ter um programa executando em seu
computador? Bom, pelo menos era assim no início, quando começou a
popularizar a mineração de Bitcoin. Basicamente, nesse tempo, as pessoas
usavam seus computadores pessoais para criar blocos e ganhavam
recompensas ao mesmo tempo em que se construía a rede. No entanto, agora,
a mineração de Bitcoin tornou-se bastante competitiva, e a maioria das
operações são realizadas em grandes instalações industriais, especialmente
dedicadas à mineração de Bitcoin, localizadas na Rússia e na China, por isso
capturam a maioria das recompensas.
Devido a isso, os mineradores se deram conta de que já não era rentável
trabalhar de forma independente, uma vez que a probabilidade de encontrar
um bloco depende da "taxa de hash", ou, dito de outra forma, de quão
poderosa seja a máquina desse minerador. Por isso, hoje em dia, se você
apenas usar o seu computador portátil em casa, nunca encontrará um novo
bloco. Portanto, para obter uma recompensa mais estável, os mineradores
começaram a se unir aos chamados grupos de mineração ou "pools" de
mineração e usam o seu potencial unificado para obter ganhos mais regulares.
Muito bem, lembre-se que este é um livro de introdução, pelo que não
aprofundaremos sobre como configurar uma plataforma de mineração, já que
depende do hardware e software específico que for utilizar, e também
depende, se você vai minerar sozinho ou em grupo, portanto, o principal
objetivo deste capítulo é fornecer uma introdução para que você tenha uma
ideia geral, e, em seguida, se desejar, pode pesquisar mais, de acordo com
suas necessidades específicas. Este capítulo é importante, já que existem
muitos recursos online sobre criptomoedas, mas ao mesmo tempo são
incrivelmente difíceis de entender, porque a indústria está cheia de detalhes
técnicos e abreviações que podem ser difíceis de decifrar para o iniciante.
Este livro foi escrito com o iniciante em mente, por isso manterei o mínimo
de termos técnicos possível.
Hardware de Mineração
Em seguida, daremos uma olhada breve no hardware envolvido na
mineração de Bitcoin.

CPU
No princípio, a única maneira de minerar bitcoins era usando a CPU de
seu computador. Era assim que funcionavam as coisas inicialmente no
modelo original de Satoshi, e foi bastante eficaz. Com os anos, os
mineradores têm trabalhado para encontrar maneiras muito mais eficazes de
minerar e, agora, uma CPU não tem o poder de explorar, de maneira
eficiente, as novas moedas a uma taxa que seja rentável. Isto se deve a que a
CPU é projetada para ser a unidade de tomada de decisões de seu
equipamento e não para fazer o trabalho pesado.
No entanto, existem algumas situações em que você pode querer realizar a
mineração por CPU. Em primeiro lugar, você pode usar esse método se você
se interessa, apenas, em estar consciente de que faz parte da rede. Pode ser
que não ganhe dinheiro com isso, mas você pode ficar tranquilo por estar
fazendo a sua pequena contribuição para manter a rede em funcionamento e
melhorar o futuro do Bitcoin. Em segundo lugar, também pode se juntar a um
grupo de mineradores (um grupo de usuários que juntam seus recursos para
compartilhar as recompensas que ganharem). Em breve falaremos mais sobre
os grupos de mineração.

GPU
Enquanto que a CPU é responsável pela tomada de decisões, a GPU é o
verdadeiro cavalo de batalha do seu computador. A GPU se encarrega do
processamento de gráficos e realiza as complexas tarefas matemáticas
envolvidas no funcionamento dos vídeos. É por esta razão que a mineração
por GPU é consideravelmente mais rápida do que a mineração por CPU e se
tornou a opção preferida dos mineradores.

FPGA
O próximo nível da mineração de Bitcoin chegou com o advento dos
sistemas FPGA, sigla para "Field Programmable Gate Array" ou "Arranjo de
portas programáveis em campo". Os laboratórios Butterfly lançaram a
primeira versão deste sucesso, que é uma peça de hardware de mineração de
Bitcoin completamente dedicada a este fim. Estes dispositivos têm tornado a
mineração de Bitcoin verdadeiramente rentável e eficiente, já que consomem
pouquíssima energia, são baratos e fáceis de usar.

ASIC

O último invento foi o desenvolvimento do chip de circuitos integrados de


aplicações específicas, ou ASIC, sua sigla em inglês. Estes chegaram pela
primeira vez ao mercado o ano de 2013, e já melhoraram muito. Estes
dispositivos servem exclusivamente para a mineração de Bitcoin e são
extremamente poderosos. Estes são os melhores dispositivos para a
mineração de Bitcoin, dado que agora é impossível minerar de forma eficaz
com o seu computador.
Hoje em dia, a verdadeira mineração se realiza com estes dispositivos,
geralmente localizados em centros de dados regulados termicamente com
acesso à energia elétrica de baixo custo.
Para encontrar o melhor dispositivo ASIC, há dois fatores importantes
que você deve observar:
Taxa de hash: Quantos hashes por segundo pode fazer o hardware?
Quanto mais hashes mais custo.
Consumo de energia elétrica: procure comprar o equipamento mais
eficiente possível. Uma vez que os mineradores usam muita energia elétrica,
você precisa comprar um equipamento que converta toda a energia utilizada
em bitcoins.
Veremos em seguida alguns dos dispositivos mais populares da
atualidade, para que tenha uma ideia de preços e de seu poder de
processamento:
Este enorme poder de processamento disponível para qualquer pessoa no
mundo, faz com que o ambiente atual seja muito competitivo para a
mineração de bitcoins, o que torna pouco provável que ganhe dinheiro
suficiente para sair do seu emprego, mas ainda assim pode ser um
passatempo divertido.
Volto a lembrar que este é um livro para iniciantes e para falar com
profundidade sobre a mineração de bitcoin é necessário um livro inteiro.
Ainda assim, este capítulo é uma breve introdução que oferece uma visão
geral e lhe permite saber o que procurar caso pretenda se aprofundar na
mineração.
Software e pools de mineração
É importante ter em conta que o equipamento de mineração de Bitcoin
proporciona o poder para o processo de mineração propriamente dito, mas o
software de mineração é igualmente importante.
Se você for um minerador independente: O software irá conectar seu
computador com a blockchain.
Se minerar com um grupo: O software irá conectar seu computador ao seu
grupo de mineração.
Os principais softwares de mineração são os seguintes:
Bitcoin Miner: Você pode instalar no Windows 10 e tem uma interface
fácil de usar, conta com modo de economia de energia e suporte para pool de
mineração. Uma característica muito útil é o recurso de registros de ganhos,
já que isso ajuda a saber se a sua mineração é rentável ou não.
CGMiner: Pode-se dizer que CGMiner é o software mais popular do
momento e conta com controle de velocidade do ventilador, capacidade para
interfaces remotas, autodetecção de novos blocos, suporte para multi GPU e
suporte para mineração com CPU.
BFGMiner: É semelhante a CGMiner, com a diferença importante de
que não está focado em GPUs, mas é projetado especificamente para a
ASICs. Conta com overclocking integrado e controle de ventilação.
Convém lembrar que a medida que a dificuldade de mineração aumenta,
mais e mais pessoas estão se voltando para os grupos ou pools de mineração.
Isso significa que, para um minerador que trabalha sozinho, pode passar anos
antes que gere um bloco e ganhe a recompensa, enquanto que os grupos de
mineração distribuem seus lucros com base na potência de cálculo que cada
integrante traz a cada bloco, que funcionam em conjunto. Portanto, caso
queira se juntar a um grupo de mineração, em seguida, veremos uma lista dos
pools mais populares do mundo:
AntPool: É um grupo de mineração localizado na China, mantido por
BitMain e minera em torno de 15% de todos os blocos.
DiscusFish/F2Pool: Este grupo também está localizado na China e
minerou em torno de 12% dos blocos nos últimos seis meses.
BitFury: É um dos maiores produtores de equipamento de mineração de
Bitcoin e minera em torno de 12% de todos os bitcoins. Infelizmente é um
pool privado e não é possível unir-se a ele, mas vale a pena tê-lo em conta.
BTCC: É o terceiro maior pool de Bitcoin da China e atualmente minera
em torno de 7% dos blocos.
BW Pool: É outra empresa de mineração estabelecida em 2014, também
localizada na China, e atualmente minera em torno de 8% dos blocos.
Slush: Foi o primeiro pool de mineração e atualmente minera em torno de
6% dos blocos. Este é provavelmente um dos pools mais populares, apesar de
não ser um dos maiores.
Na imagem abaixo você pode ver um gráfico com a distribuição dos pools
que mineram mais blocos no mundo:

Vale a pena mencionar que os mineradores de Bitcoin podem alternar


entre pools de mineração facilmente, assim que o tamanho dos pools e a sua
participação no mercado está em constante mudança.
Para resumir, minerar bitcoins sozinho deixou de ser uma atividade
rentável. Provavelmente vai gastar mais de energia elétrica do que as moedas
que você ganharia, mas continua sendo uma atividade interessante de realizar,
mesmo com o seu computador pessoal, se você quer sentir que está
contribuindo para manter a rede Bitcoin. Por outro lado, se quiser que se
torne uma atividade séria, terá que investir dinheiro em hardware
especializado, como os dispositivos ASIC, e, de preferência, juntar-se a um
pool de mineração.
Segurança
A segurança é uma das primeiras coisas que nos vem à mente quando
falamos em moeda digital. Quão seguro é usar Bitcoin? A resposta vai muito
além de dizer "Sim, Bitcoin é seguro", por isso, neste capítulo, cobriremos
cada aspecto da segurança do ambiente Bitcoin.
Nós de Bitcoin
Um nó é qualquer computador ou dispositivo conectado à rede Bitcoin.
Se diz que um dispositivo é um "nó completo" quando está online, tem
descarregado um histórico completo do blockchain e está transmitindo para a
rede.
Embora executar um nó de bitcoin não tenha recompensa, como é o caso
da mineração, ajuda a manter a blockchain segura. Se você é alguém que está
interessado em tecnologia ou quiser ajudar a criar o futuro, esta é uma ótima
maneira de participar.
No entanto, há um problema teórico que poderia afetar a privacidade das
transações. Como já falamos neste livro, os endereços bitcoin não contêm
nenhum dado sobre a identidade da pessoa que a possui e, quando se iniciam
as transações, os dados não são enviados diretamente entre o remetente e o
destinatário. De fato, os dados são transmitidos a um conjunto aleatório de
nós que encaminham a informação para outros nós ao acaso. Este
comportamento torna muito difícil rastrear bitcoins em cada passo do
caminho, inclusive se souber de onde vêm e para onde vão.
O problema da segurança surge quando alguém tem o controle de
múltiplos nós que estão recebendo os dados. Teoricamente, os dados
combinados poderiam dar uma visão de onde veio originalmente a transação.
No entanto, com a quantidade de nós que operam na rede Bitcoin, isso é
muito pouco provável, e quanto mais nós são adicionados, menos provável
que um ataque como este se realize. Se você quiser saber quantos nós existem
neste momento e onde se encontram, acesse http://getaddr.bitnodes.io.
Na imagem abaixo você pode ver a quantidade de nós no momento que
escrevo estas linhas e a sua concentração ao redor do mundo.
Então, a rede Bitcoin pode ser pirateada?
Apesar de a rede descentralizada Bitcoin não poder ser pirateada, não
significa que outras partes da tecnologia Bitcoin sejam imunes a ataques.
Pense nisso desta maneira: a Internet não pode ser pirateada, mas seu
computador, definitivamente, pode ser.
Da mesma forma, os serviços que usam a rede Bitcoin, às vezes, podem
ser vítimas de hackers, já que, normalmente, dependem de sistemas
centralizados para manter seus dados. No entanto, mesmo se um serviço é
pirateado, a rede Bitcoin se manterá segura, já que não existe uma conexão
direta entre as duas tecnologias. Ou seja, mesmo que as empresas de troca e
carteiras usem a Blockchain para processar e verificar as transações,
continuam utilizando tecnologias separadas. Nos últimos 10 anos, a
blockchain não teve nenhuma violação de segurança.
No entanto, na teoria, existe uma maneira de o Bitcoin ser hackeado, mas
é apenas isso, uma teoria. Dado o tamanho da rede, seria quase impossível
que realmente acontecesse, mas é importante entender a ameaça latente se
você realmente quiser ter uma ideia da segurança da tecnologia Bitcoin.
O teórico ataque de 51%
Um ataque de 51% é puramente teórico, e é muito pouco provável que
aconteça. A ideia é a seguinte: Se alguém tivesse o controle de, ao menos,
51% da potência de cálculo da rede Bitcoin (o poder de processamento de
mineração), poderia alterar a blockchain e causar sérios danos a todos os que
utilizamos bitcoin. A pessoa encarregada de 51% poderia evitar que os outros
mineradores confirmassem as transações, e, dessa forma, tomaria essas
transações e as recompensas para si mesmo.
Qual é a probabilidade de que isso ocorra?
No ano de 2013 e 2014, um grupo de mineração chamado Ghash.io, foi o
maior no mundo, e em alguns momentos atingiu o limite de 51%. Isso foi
completamente involuntário, mas continuava a ser uma ameaça para a
segurança da blockchain. Como resultado, os proprietários do pool e a
comunidade mineradora em geral começaram a discutir o que devia se fazer
para evitar que voltasse a acontecer no futuro, propositadamente ou não. Para
resolver a situação, Ghash.io se comprometeu a não ultrapassar 29,9% do
total de hash gerados. No momento de escrever estas linhas, nenhum outro
pool chegou perto dessa marca, e o crescimento da rede Bitcoin tem tornado
cada vez mais difícil que isso ocorra. Atualmente, a China tem algumas listas
que operam em torno de 25% da rede, mas nada acima do nível de Ghash.io.
O gasto duplo
Outro dos possíveis ataques que podem afetar a rede Bitcoin é o que se
conhece como o "gasto duplo". O gasto duplo significa que alguém
(teoricamente) poderia gastar os bitcoin duas vezes. Não entraremos em
detalhes técnicos de como se poderia realizar este ataque, já que é
desnecessário para o objetivo deste livro, mas posso dizer que é um ataque
tão pouco provável, que é mais fácil minerar bitcoins do que gastar os
mesmos bitcoins duas vezes. No entanto, mais vale prevenir do que remediar,
por isso é sempre aconselhável que se espere confirmações a cada vez que
receber bitcoins.
Anonimato
Este é um aspecto que sempre recebe uma ampla cobertura, mas o Bitcoin
é realmente anônimo? A resposta mais simples é "não, nenhuma criptomoeda
é totalmente anônima". No entanto, é evidente que há um maior nível de
anonimato nas moedas digitais, em comparação com as transações
tradicionais com cartões de crédito, mas decidir se este é um nível de
anonimato suficiente ou não, é uma questão de opinião pessoal.
Para começar, as carteiras de Bitcoin somente são identificadas pela
sequência de números e letras que compõem o endereço dessa carteira
específica. Não existe outra informação relacionada a esse conjunto de dados.
Não inclui o seu nome. Não inclui o seu endereço. Não inclui nenhuma outra
informação que pudesse identificá-la como sua própria carteira pessoal. Com
isso você já pode ter uma ideia do nível da segurança e anonimato que possui
e que seria impossível ter com os métodos bancários tradicionais. No entanto,
isso não significa que não existam registros do que sua carteira está fazendo.
Devido à própria natureza da blockchain, todas as suas transações são parte
do registro público e ficam visíveis para qualquer um que busque no livro
razão público.
Todas as transferências de entrada e de saída estão a "céus abertos". Por
exemplo, digamos que você envia 0,005 bitcoin a um amigo. Essa transação
será realizada em público, mas ninguém vai saber quem são as duas partes
envolvidas na transferência.
Aqui lhe darei uma palavra de precaução. Se alguém tem o endereço da
sua carteira pública, é relativamente fácil fazer um controle de suas
transações usando o site www.blockchain.info.
TOR
Se você realmente quiser ficar no anonimato, sempre existe a opção de
adicionar uma camada extra de criptografia através de uma ferramenta
chamada "The Onion Router", mais conhecida como TOR. O TOR é baseado
em uma tecnologia que foi desenvolvida em meados dos anos 90, no
Laboratório de Pesquisa Naval dos Estados Unidos para tornar possível que
os serviços de inteligência tivessem acesso à nossa informação online. Em
2002, depois que o código foi lançado ao público, dois peritos usaram a
tecnologia para criar o TOR, um browser da web, totalmente gratuito, que faz
com que seja quase impossível rastrear o tráfego online. O que esta
ferramenta faz é criptografar os dados em várias camadas e, em seguida,
enviar para vários nós diferentes que decifram um pedaço cada um. No
momento em que a informação chega a você, passou por uma criptografia e
uma descriptografia de tal maneira que faz parecer como se viesse de todos
os lados e de nenhum ao mesmo tempo.
Para os usuários de Bitcoin, esta tecnologia significa que podem acessar
suas carteiras baseadas na Web, sem revelar qualquer endereço IP que possa
identificá-los.
Para usar o TOR basta baixá-lo a partir de https://torproject.org e em
seguida, executar a instalação normalmente. Em seguida, vou lhe dar algumas
dicas, se você for utiliza-lo:
Não instale plugins no navegador: TOR, por padrão, bloqueia uma
grande quantidade de plugins, como o Flash, o Real Player e outros, já que
podem revelar o seu endereço de IP. Evite instalar qualquer plugin adicional,
já que podem revelar qualquer informação que o possa identificar.
Use as versões HTTPS dos sites: TOR criptografa todo o tráfego que
ocorre na rede, mas só usando as versões HTTPS dos sites que você visita,
pode ter certeza de que continua em segurança.
Não abra os arquivos baixados enquanto estiver conectado à internet:
Alguns arquivos podem baixar arquivos auxiliares que podem revelar o seu
endereço de IP.
Crie uma nova carteira: Se você realmente se preocupa em permanecer
no anonimato, deve criar uma carteira usando o TOR. Qualquer transação
feita usando o seu endereço IP nativo poderia ser rastreada, então terá de
começar do zero, criando uma carteira nova.
Como vimos ao longo do livro, embora há casos de pessoas que perderam
Bitcoins, nenhum desses casos teve relação com algum problema de
segurança da rede do Bitcoin em si, mas com os serviços que surgiram ao seu
redor. No entanto, através da compreensão dos temas que nós vimos até
agora, eu espero que você se sinta tranquilo ao saber que o Bitcoin é uma das
tecnologias de rede mais segura que existe e oferece níveis de privacidade
sem precedentes. Mas espere, ainda não terminou. No próximo capítulo,
veremos algumas histórias que definitivamente você deveria ler.
Histórias sobre Bitcoin
Ao longo de sua curta existência, o Bitcoin aumentou explosivamente seu
valor e, em seguida, teve uma queda, dando lugar a uma grande quantidade
de histórias curiosas. Estas são algumas das minhas favoritas.
A famosa pizza
Uma das histórias mais famosas que envolvem transações de bitcoin foi a
famosa pizza comprada em 2010. A história ocorreu em 22 de maio daquele
ano, quando um homem chamado Laszlo Hanyecz, programador e usuário do
site BitcoinTalk, decidiu publicar no fórum que pagaria 10 mil bitcoins para
qualquer pessoa que trouxesse duas pizzas.
Naquela época, os bitcoins estavam avaliados em cerca de 0,003 dólares,
pelo que o valor oferecido equivalia a cerca de 30 dólares. Evidentemente,
Hanyecz não tinha ideia do que aconteceria com a moeda, com o passar do
tempo.
Feita a proposta, alguém decidiu comprar um par de pizzas no Papa Johns
e entregá-la a Hanyecz em troca de bitcoins. Com isso, pagando apenas $25
dólares obteve a sua recompensa de 10.000 bitcoins, mas não foi até meses
mais tarde, quando o valor da moeda disparou que esta publicação no fórum
alcançou notoriedade tal que, para aqueles que usam bitcoin, o 22 de maio
passou a ser o "Dia da Pizza Bitcoin" (Bitcoin Pizza Day). Resta mencionar
que, no momento que escrevo estas linhas, os 10 mil bitcoins equivalem a
mais de 106 milhões de dólares, o que faz com que, certamente, Hanyecz se
arrependa do seu desejo por comida.
O caso dos bitcoins esquecidos
O que aconteceu ao galês James Howells é uma tragicomédia. No ano de
2009, pouco depois do lançamento do Bitcoin, ele decidiu comprar 7.500
bitcoins, que naquele momento podiam ser adquiridos por muito pouco
dinheiro. Foi tão pequeno o investimento, que em pouco tempo ele o
esqueceu. Guardou sua carteira virtual no seu computador portátil e seguiu
com sua vida. A sorte de Howells mudou no ano seguinte, quando derramou
uma limonada sobre o notebook, onde guardava os seus bitcoins. O
computador ficou inutilizável, mas, ao menos, teve o bom senso de manter o
disco rígido e o guardou em uma gaveta, e voltou a se esquecer de suas
criptomoedas.
O ano de 2012, enquanto limpava sua casa, não lembrou que naquele
disco rígido guardava o seu investimento e, quando o encontrou, decidiu
jogá-lo no lixo.
Somente em novembro de 2013, quando, ao ler nas notícias várias
referências ao meteórico aumento do valor da moeda virtual, foi que ele
lembrou que quatro anos antes havia comprado vários milhares de bitcoins,
que agora valiam milhões de dólares. No entanto, o seu coração quase parou
quando lembrou que tinha jogado o seu disco rígido, onde guardava a sua
carteira, no lixo. Desesperado, revisou cada um de seus computadores com a
esperança de encontrar uma cópia de segurança, mas sem sucesso.
Howells não ficou com os braços cruzados e decidiu ir até o depósito de
lixo, mas o seu desespero aumentou quando verificou que as dimensões eram
superiores às de um campo de futebol, com uma camada de resíduos de
vários metros de altura. No momento que escrevo estas linhas, os bitcoins
perdidos de Howells equivalem a mais de 75 milhões de dólares. "Não sei se
rio ou choro", declarou ao jornal "The Guardian". Resignado ao perder para
sempre, acabou recorrendo à caridade, criando uma carteira virtual onde
aceita doações dos usuários para ajudá-lo a recuperar parte de seu dinheiro.
Não diga a minha esposa
Um homem chamado Alex, relata a www.news.com como perdeu mais de
13 milhões de dólares em bitcoins. Ele é um desenvolvedor de jogos de
Melbourne, e na reportagem pediu para não usar seu nome real "porque, se a
minha esposa sabe, eu estou morto". No final de 2009, quando o bitcoin
ainda estava na sua infância e se podia minerar com um computador pessoal,
este autodenominado entusiasta da tecnologia começou a minerar apenas por
diversão.
"Nos primeiros dias de mineração, o uso de GPU era algo muito novo e
com um só cartão se podiam extrair bastantes moedas por dia."
À medida que crescia a popularidade do Bitcoin, "a blockchain aumentou
vários Gigabytes de tamanho e, finalmente, deletei e fiz uma cópia de
segurança do arquivo criptografado de minha carteira para guardá-lo em
uma memória USB."
Essa carteira continha as chaves criptográficas para os mais de 1.000
bitcoins que Alex havia extraído.
No final de 2013, quando o preço do bitcoin alcançou um máximo de US
$980 dólares, de repente, se lembrou de sua carteira. "Conectei o dispositivo
USB no meu computador para tentar acessar o arquivo, mas o dispositivo
acendeu e logo apagou. Era uma dessas memórias baratas feitas na China",
disse.
No momento de escrever estas linhas, seus 1000 (ou mais) bitcoins valem
mais de 13 milhões de dólares. "Foi o pior erro da minha vida", diz. "Nunca
faça cópias de segurança de nada em um disco ou memória USB fabricada
na China".
Alex perdeu seu dinheiro, para sempre, e, infelizmente, esse tipo de
história não é única. À medida que o interesse por Bitcoin se mantém em alta,
a atenção está se voltando para os milhares de bitcoin que se perderam. Dos
mais de 16.7 milhões de bitcoins em circulação, cerca de 4 milhões poderiam
estar perdidos para sempre, segundo uma pesquisa realizada pela assinatura
digital forense Chainalysis, baseada em uma análise do blockchain.
O estudo, divulgado pela Fortune, concluiu que se perdeu entre 17% a
23% da oferta de Bitcoin existente, que superam os 30 bilhões de dólares e os
mineradores e investidores dos primeiros dias, também conhecidos como
"hodlers", são donos da grande maioria dos bitcoins perdidos.
Viajando pelo mundo com $25 milhões ganhos
Em julho de 2017, foi publicado em www.forbes.com a história de um
bilionário que viaja o mundo graças aos seus lucros por investir em bitcoin.
Evidentemente, o protagonista da história pediu para ocultar o seu verdadeiro
nome, por isso foi chamado de senhor Smith. Ele tem viajado por todo o
mundo, com um estilo ultraluxuoso durante os últimos quatro anos. Só voa
em primeira classe e se hospeda exclusivamente em suítes 5 estrelas. Nos
últimos trinta dias antes da entrevista, tinha visitado Singapura, Nova York,
Las Vegas, Mônaco, Moscou, voltou a Nova York, Zurique e Hong Kong.
O senhor Smith conta que depois de terminar a faculdade, em 2008, ele
conseguiu um emprego respeitável como engenheiro de software em uma
grande empresa de tecnologia no Vale do Silício. Era um bom funcionário e
foi através de um de seus colegas "igualmente nerd", que em julho de 2010,
ouviu pela primeira vez falar sobre Bitcoin. Em outubro de 2010, Smith já
estava pronto para entrar na rede, pagando um pouco mais de 0,15 dólares
por bitcoin. "Não tinha ideia de quanto investir, mas tinha um bom salário no
momento, então decidi investir 3 mil dólares".
Durante os três anos seguintes, Smith se dedicou em tempo integral ao
seu trabalho, e se esqueceu de seu investimento, até que o preço do Bitcoin
começou a gerar mais novidades em 2013. "Eu não podia acreditar o quão
rápido ele começou a valorizar, aumentando 10% ou mais todos os dias.
Estava nervoso, emocionado, com medo e confuso, tudo ao mesmo tempo."
Quando o preço chegou a $350 dólares, mais de duas mil vezes o que pagou,
Smith vendeu mais de 2.000 de seus bitcoins, e quando (alguns dias depois),
o preço chegou a $800 dólares, vendeu mais 2.000. Assim, Smith havia
acumulado um ganho inesperado de 2,3 milhões de dólares. "Foi
absolutamente louco", diz. "Deixei o meu emprego e comecei a viajar ao
redor do mundo na semana seguinte".
Finalmente, Smith reconhece que, no momento da entrevista tinha
retirado "25 milhões de dólares, mais ou menos", e ainda lhe restam mil
bitcoins.
Quando perguntaram a Smith por que decidiu vender os seus bitcoins, e
se terá arrependimentos se o preço voltar a subir, ele nega com a cabeça e diz:
"Agora eu tenho tudo o que eu sonhei. Viajo pelo mundo visitando amigos,
faço o que quero com o meu tempo e não terei que me preocupar com o
dinheiro pelo resto da minha vida. Seria um idiota absoluto se ainda não
tivesse vendido."
Estas histórias provavelmente te farão desejar ter investido antes, mas o
importante é lembrar que ainda há oportunidades incríveis em Bitcoin. O fato
de que ainda não tenha começado, não significa que não possa se beneficiar
com Bitcoin. Se juntar a Bitcoin é fazer parte em uma revolução tecnológica
que possivelmente mudará a tecnologia e o dinheiro no formato em que o
conhecemos.
Conclusão
Chegamos ao fim! Agora você tem uma boa compreensão da tecnologia
Bitcoin e, portanto, isso significa que eu fiz meu trabalho corretamente. A
pergunta agora é, qual o próximo passo?
Logicamente, isso depende do que você está buscando.
A partir de agora, uma excelente fonte de informação que você pode
consultar é o wiki do Bitcoin em https://en.bitcoin.it/wiki/Main_Page. Esta
página está em inglês, mas pouco a pouco eles estão adicionando novos
idiomas, e em último caso, você pode usar o tradutor do Google para ter uma
versão no seu idioma. Lá você vai encontrar explicações detalhadas de quase
todos os aspectos do Bitcoin. Se você está interessado em aprofundar sua
compreensão sobre como funciona a tecnologia, ou se pretende investigar as
últimas tendências da mineração para criar a sua própria plataforma, este é o
lugar para o qual deverá se dirigir agora.
Ou talvez o que você deseja é obter informações de outras fontes não
oficiais. Neste caso eu recomendo dar uma olhada em alguns dos
documentários que aparecem no site abaixo (não se esqueça de ativar as
legendas no YouTube):
http://coindesk.com/six-bitcoin-documentaries-watch
Se o que quer é se manter atualizado com tudo o que acontece no mundo
Bitcoin, você pode dar uma olhada nesses sites:
http://bitcoin.com
http://coindesk.com
http://coincentral.com
http://cointelegraph.com
No entanto, independentemente de qual seja o caminho que pretende
tomar a partir de agora, lembre-se disso: apesar de todos os recursos
disponíveis na Web, uma das coisas mais importantes que você pode fazer
neste momento é começar a usar o Bitcoin. De que serve todo o
conhecimento que tem agora, se não o colocar para trabalhar?
- Crie uma carteira.
- Compre seus primeiros bitcoins.
- Use os bitcoins sempre que puder.
- Pague nas lojas cada vez que puder.
- Dê algumas moedas para os seus amigos ou familiares.
- Inicie uma conta de poupança de Bitcoin.
- Estabeleça um equipamento de mineração básica, mesmo se você só
utiliza a CPU.
- Espalhe a palavra. Cada pessoa com a qual você compartilhar Bitcoin,
será outra pessoa na rede.
Há muita especulação em relação ao Bitcoin e todo mundo diz saber o
que o futuro reserva para esta moeda digital, mas, para ser honesto, ninguém
sabe ao certo. O que sabemos é que, no futuro, terá cada vez mais avanços
tecnológicos, graças ao Bitcoin. Serão desenvolvidos novos dispositivos de
segurança, eles darão outros usos para a tecnologia blockchain, serão criados
outros sistemas de pagamento, e provavelmente melhorarão os modelos
econômicos. E tudo graças a essa invenção de que agora você faz parte.
Finalmente, se você quiser ver o valor atual de Bitcoin e de qualquer
criptomoeda, eu recomendo o site www.cryptocompare.com. Este é um
website que lista os preços das criptomoedas em diferentes trocas e, além
disso, você pode ler mais sobre cada moeda e ver seu preço em relação a
outras moedas, incluindo o dólar norte-americano.
Neste livro eu fiz tudo o possível para cobrir cada seção de uma forma
simples e direta, e eliminar grande parte da confusão que nos rodeia quando
estamos começando com Bitcoin, e espero ter cumprido meu objetivo.
Assim que, neste momento, eu gostaria de ser o primeiro a lhe dar as
boas-vindas oficialmente ao mundo do Bitcoin!
Você gostou do livro?
Antes de me despedir, eu gostaria de lhe agradecer por ler este livro. Eu
também gostaria de lhe pedir um favor. Será que você poderia me dar um
minuto do seu tempo para deixar um comentário no Amazon.com? Esse
feedback me ajuda a continuar escrevendo livros que sejam úteis para lhe
ajudar a alcançar os resultados que deseja. E eu realmente leio cada
comentário.
Muito obrigado.

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