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Contabilidade e Gestão Comercial

Índice
CAPÍTULO VI. OPERAÇÕES DO CICLO DE INVESTIMENTO ........... 2
6.1. Introdução ........................................................................................... 2
6.2. Meios Fixos e Imobilizado ................................................................. 2
6.2.1. Imobilizações Corpóreas .............................................................. 4
6.2.2. Imobilizações Incorpóreas.......................................................... 18
6.2.3. Imobilizações em Curso ............................................................. 20
6.2.4. Investimentos financeiros ........................................................... 21
BIBILIOGRAFIA ....................................................................................... 27

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CAPÍTULO VI. OPERAÇÕES DO CICLO DE INVESTIMENTO


6.1. Introdução

As operações de investimento referem-se ao conjunto de acções


relacionadas com a análise e selecção de investimentos.

Normalmente são realizadas na criação da empresa, renovação de


equipamentos, novos investimentos devido ao crescimento da empresa. (ex:
ampliação de uma fábrica).
Nas pequenas empresas os investimentos são poucos e podem ser
realizados entre 2 a 5 anos. Nas grandes empresas pode haver
frequentemente investimentos de substituição ou de renovação.

Pode-se dizer que estas operações se enquadram no âmbito das decisões


estratégicas (Médio e Longo prazos).

Neste sentido, faremos uma abordagem das contas relacionadas com


estas operações de acordo o Plano Geral de Contabilidade Angolano que as
agrupa na classe 1 (meios fixos e investimentos).

6.2. Meios Fixos e Imobilizado

Entende-se por imobilizações os bens patrimoniais activos,


corpóreos ou incorpóreos que a empresa utiliza, como meios de realização
dos seus objectivos.

Representam um conjunto variado de elementos patrimoniais, cuja


característica agrupadora reside não na natureza do bem em si, mas na
possibilidade de permanecerem na empresa por prazos mais ou menos longo,
servindo quer como fonte de rendimento ou de condições de trabalho.

Não se destinam à venda nem à transformação, no decurso da


actividade da empresa.

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O activo imobilizado pode ser agregado em dois grandes grupos:


Imobilizações técnicas e Imobilizações de rendimento.

Imobilizações técnicas – são constituídas por bens que tornam


possível o arranque e desenvolvimento da actividade da empresa
(representam os fundos investidos com caracter de permanência e que estão
ligados à actividade normal da empresa).

Podem ser de natureza corpórea e incorpórea.

Corpórea (Imobilizações corpóreas) – caso dos edifícios,


instalações, máquinas, viaturas, terrenos em curso construções em curso, etc.
(têm existência física, são bens tangíveis móveis ou imóveis).

Incorpórea (Imobilizações incorpóreas) – traduzem-se em despesas


e/ou direitos, tais como gastos de instalações, alvarás, patentes, etc.
(representam direitos ou despesas que pelo seu elevado montante e ou efeito
duradouro sobre a actividade da empresa, não devem considerar-se como
custo de um só exercício. Não têm existência física, são intangíveis.

Quando um elemento patrimonial, enquadrável nas imobilizações


corpóreas ou incorpóreas, não se encontra concluído à data do balanço, será
registado na conta de Imobilizações em curso.

Imobilizações de rendimento - (Investimentos financeiros) – são


investimentos de capital em actividades inorgânicas e cujos objectivos visam
proporcionar um certo rendimento e/ou controlo de outras empresas
concorrentes ou não. (Ex: participações no capital de outras empresas, as
obrigações, os títulos de participação e os títulos da dívida pública, os
empréstimos de financiamento concedidos a outras empresas, investimentos
em imóveis para arrendar, etc.).

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Em resumo, segundo o PGC [Critérios de Reconhecimento 6.2.1]


só devem ser reconhecidos como imobilizados os bens que:

❑ Satisfaçam as condições gerais para o seu reconhecimento como


Activos.

❑ Se destinem a ficar na posse da entidade por um período superior a um


ano.

❑ Não se destinem a ser vendidos no decurso normal das actividades da


entidade

6.2.1. Imobilizações Corpóreas


Esta conta integra os imobilizados tangíveis, moveis ou imóveis, que
a empresa utiliza na sua actividade operacional, que não se destinem a ser
vendidos ou transformados, com caracter de permanência superior a um ano.

Entende-se por activos tangíveis, os que são detidos para utilização


na produção ou fornecimento de produtos ou serviços, para arrendar ou
alugar a terceiros, ou para fins administrativos.

A conta integra ainda as beneficiações e as grandes reparações, que


sejam de acrescer ao custo daqueles imobilizados.

As imobilizações corpóreas têm a sua subdivisão de acordo com o


PGC (Plano Geral de Contabilidade):

11.1 Terrenos e recursos naturais;


11.2 Edifícios e outras construções;
11.3 Equipamento básico;
11.4 Equipamento de carga e transporte;

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11.5 Equipamento administrativo, taras e vasilhames;


11.9 Outras imobilizações corpóreas.

Valorimetria do Imobilizado

É a forma como se registam as entradas e saídas do imobilizado


(entradas – aquisição, saídas – alienação ou abate).

De acordo com o PGC, os elementos do activo imobilizado devem


ser valorizados ao custo de aquisição ou de produção, ou ao custo
revalorizado, líquido das correspondentes amortizações.

Valor de aquisição – é o valor de compra, de fabrico ou de


construção, acrescido de todas as despesas as despesas necessárias para
colocar os elementos patrimoniais em condições de utilização.

Entradas – Aquisição de imobilizado pode ter duas origens:

1 - No exterior- a pronto pagamento ou a prazo - deve ser valorizado


ao custo de aquisição (preço de custo), que engloba:

a) - Preço de compra

b) Gastos suportados directa ou indirectamente para colocar o bem


no seu estado actual e no local de funcionamento (transportes,
seguros, direitos alfandegários, instalação, etc.)

Movimento contabilístico:

11 37.1/43/45
VALOR DE VALOR DE
AQUISIÇÃO AQUISIÇÃO

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2- Produzidos na própria empresa – o custo de produção engloba:

- Os custos de materiais e serviços utilizados;

- Os custos com o pessoal envolvido na produção do bem;

- A depreciação dos activos fixos tangíveis que foram usados na


produção do bem.

- Os gastos gerais de produção, relacionados com a produção do bem,


que não sejam custos administrativos.

6.2.1.1.Despesas com o imobilizado corpóreo


Uma vez os imobilizados instalados e em funcionamento, existe a
necessidade de os manter operacionais, por forma a dar cumprimento aos
objectivos inerentes ao investimentos realizados, ou seja evitar que se
deteriorem e suprir avarias que ocorrem com o seu funcionamento.

São as chamadas despesas de conservação e reparação, que não


aumentam o valor dos bens nem prolongam a sua vida útil.

6.2.1.2. Amortizações e Reintegrações


O imobilizado corpóreo das empresas, é composto por um conjunto
diversificado de bens, que são fundamentais para a actividade das mesmas.
A maioria dos bens está sujeita a perder o valor devido a factores de vária
ordem.

A perda de valor sofrida pelo imobilizado chama-se depreciação.

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A depreciação pode ser motivada por:

1. Factores de ordem física, devidos quer ao desgaste funcional do


bem, quando são submetidos a uso, quer à sua depreciação espontânea,
provocada por corrosão, inundação, sinistros etc.

2. Factores de ordem económica devidos ao progresso tecnológico


que levam a obsolescência do bem.

A expressão contabilística utilizada para designar a depreciação do


activo imobilizado corpóreo ou incorpóreo é a amortização ou reintegração.

De acordo com o PGC, Activos depreciáveis são activos que7:

❑ Se espera que sejam usados durante mais do que um período


contabilístico.

❑ Tenham uma vida útil limitada.

❑ Sejam detidos para uso na produção ou no fornecimento de


bens e serviços, para arrendamento a outros, ou para fins
administrativos.

❑ Os terrenos não são considerados depreciáveis por terem vida


útil ilimitada.

7
PGC: Nota Explicativa 3.2

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6.2.1.3.Vida útil ou económica


O imobilizado é utilizado pela empresa durante vários exercícios. No
entanto, todos os anos o imobilizado vai-se depreciando, devendo esta perda
de valor ser considerada como um encargo de exploração do respectivo
exercício e registado pela contabilidade.

Vida útil é o período de tempo fixado, para os diferentes


imobilizados, durante o qual se espera que possam ser utilizados em
condições de funcionamento económico. As imobilizações são bens que não
se consomem num só exercício mas num número de anos previstos para a
sua vida útil. A medida que vai sendo usado, a utilidade do bem diminui até
se chegar teoricamente a uma utilidade (valor) nulo.

Amortizar um bem – consiste em registar a perda do valor de um


activo imobilizado ou seja, repartir o custo de uma imobilização pelos
exercícios abrangidos pela sua vida útil ou duração económica.

Pelo facto de os custos contabilizados não corresponderem a


desembolsos efectivos, a empresa reterá desta forma fundos que em
economias inflacionadas possibilitam a substituição dos imobilizados
antigos por novos.

Resumindo, a vida útil de um imobilizado é:

✓ O período durante o qual se espera que um activo depreciável


seja usado pela empresa; ou

✓ O número de unidades de produção ou similares que a empresa


espera obter do activo.

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- A vida útil é, portanto, definida em termos de utilidade esperada


dos bens, e pode ser mais curta do que a sua vida económica.

- A estimativa da vida útil é uma questão de julgamento. Ao


exercer-se tal julgamento devem ser tidos em consideração os seguintes
factores:

✓ Utilização esperada do activo, avaliada com referência à sua


esperada capacidade ou produção física;

✓ Desgaste e estragos físicos esperados, que dependem da


intensidade do uso, do programa de reparação e manutenção
e do cuidado de manutenção em situação ociosa;

✓ Obsolescência técnica proveniente de alterações ou


melhoramentos na produção, ou de uma alteração no
mercado de procura para o serviço ou produto derivado do
activo;

✓ Limites legais ou semelhantes sobre o uso do activo, tais como


as datas de extinção de locações com ele relacionadas.

- Durante a vida útil de um activo pode tornar-se evidente que a


estimativa da vida útil seja inapropriada.

- A vida útil pode ser dilatada, por exemplo, por dispêndios


subsequentes no activo que melhorem a condição do mesmo para
além do seu nível de desempenho originalmente avaliado.

- A vida útil pode ser reduzida, por exemplo, por mudanças


tecnológicas ou alterações de mercado dos produtos.

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6.2.1.4. Noção e Cálculo da Quota de Amortização


O valor a amortizar deve ser periódico, em regra anual, e é designado
por quota de amortização ou de reintegração.

Quota de amortização – é a redução de valor sofrida pela


imobilização em determinado exercício.

Para o cálculo do valor da quota de amortização devem ser


conhecidos:

1 – O valor a amortizar – resulta da diferença entre o valor inicial ou


de origem do bem e o seu valor residual.

(Valor inicial = custo de aquisição; Valor residual = valor que se


espera vender o bem, uma vez terminada a sua utilização pela empresa).

Valor a amortizar = Valor inicial – Valor residual

2– Período de duração do bem – vida útil.

6.2.1.4.1. Critérios para a determinação das quotas anuais de


amortização
O método de depreciação a usar deve reflectir o modelo pelo qual os
benefícios económicos do activo sejam consumidos pela empresa.

O método adoptado deve ser revisto periodicamente e, se houver uma


mudança significativa no modelo esperado de benefícios económicos a obter
desses activos, o método deve ser alterado para reflectir o modelo alterado.

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Em termos gerais, para o cálculo das amortizações, foram fixados


alguns critérios de base teórica, para a determinação das quotas anuais de
amortizações, que se encontram divididos em dois grupos:

Critérios rígidos – quando as quotas de amortização são fixadas à


data da aquisição de bens imobilizados. Têm em atenção apenas o factor
tempo. Este critério agrupa um segundo conjunto de critérios:

- Quotas constantes

- Quotas variáveis em progressão aritmética decrescente

- Quotas variáveis em progressão geométrica.

Critérios elásticos – quando a fixação das quotas de amortização se


efectua no fim cada período a que respeitem e em função de determinados
acontecimentos (grau de utilização, preços de mercado, etc.).Este por seu
lado agrupa:

- Unidades de Produção;

- Base dupla

Para o nosso caso e de acordo com o Código do Imposto Industrial,


(artigo 34º), o cálculo das amortizações e reintegrações, faz-se em regra pelo
método das quotas constantes, que como foi dito faz parte dos critérios
rígidos.

Entretanto poderão utilizar-se outros métodos quando a natureza do


deperecimento ou a tradição contabilística da empresa o justifiquem, e se a
Direcção nacional de Impostos não se opuser.

O método das quotas constantes é o mais simples, pressupõe que o


desgaste é directamente proporcional ao tempo, ou seja, é constante o valor

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das quotas anuais de amortização. Neste método, a quota de amortização é


igual e constante desde o início até ao fim da vida útil.

A depreciação pelo método da linha recta resulta num débito


constante durante a vida útil do activo se o seu valor residual não se alterar
(IAS 16 parágrafo 62).

Considerando:

Vo – valor de aquisição do imobilizado


R – valor residual (valor atribuído ao imobilizado no final d avida
útil)
A – valor a amortizar; A=Vo-R
Qt – quota de amortização no período t
Mt – amortização acumulada no período t
N – anos de vida útil ou económica
Vt – valor contabilístico no fim do período t; Vt = Vo – Mt

A quota de amortização será, no período t, dada pela fórmula:

𝑉0 –𝑅
𝑄𝑡 =
n

As amortizações acumuladas no período t serão:

Mt = t.Q em que Q = Qt por as amortizações serem constantes.

Um outro critério que consideramos fundamental e que deve ser


aprofundado8 é o método das das unidades de produção. Neste método, a

8
Não queremos com isso dizer que os outros não devem ser aprofundados, pois enquanto estudantes de
contabilidade devem sim. Nesta disciplina utilizaremos apenas os dois mencionados, o que não invalida a
possibilidade de investigar outros métodos.

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quota de amortização será proporcional à produção do mesmo (contribuição


para os benefícios económicos).

Exemplo: amortização em função dos kms percorridos numa viatura,


etc.

O cálculo da amortização é feito em função das unidades de produção


esperadas (estimadas) para o bem.

- O método da unidade de produção resulta num débito baseado no


uso ou produção esperados9.

O cálculo da quota de amortização:

Produção ano N X [Valor de aquisição – Valor Residual]


Produção Total Estimada

QUADRO DE AMORTIZAÇÕES
AMORTIZAÇÃO
AANOS ANUAL (Qj) ACUMULADA (Mj) VALOR CONTABILISTICO
1 Q1 = Q M1 = Q V1 = V0-M1
2 Q2 = Q M2 = 2Q V2 = V0-M2
3 Q3 = Q M3 = 3Q V3 = V0- M3
,,,, ….. …. …
T Qt = Q Mt = tQ Vt = V0 -Mt
… …. … …
N Qn = Q Mn = nQ = A Vn = Vo - Mn= R

9
IAS 16 parágrafo 62. Atenção: O PGC não trata deste método.

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6.2.1.4.2. Regimes de amortização


Anuidade - regista-se uma única amortização, no final de cada ano,
aquando do fecho do exercício.

O bem é amortizado no ano da compra mas não é amortizado no ano


da venda (independentemente do mês em que iniciou a actividade e do mês
em que foi vendido)
Duodécimos – Regista-se 1/12 da quota anual da amortização, no
final de cada mês. O Bem começa a ser amortizado no mês em que entra em
funcionamento e será amortizado até ao mês em que foi vendio (excluindo o
mês em que se realiza a venda).

6.2.1.4.3. Contabilização das amortizações

73 18
QUOTA DE QUOTA DE
AMORTIZAÇÃO AMORTIZAÇÃO

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6.2.1.5. Movimento Contabilístico da Retirada do Imobilizado Corpóreo


A retirada de um imobilizado corpóreo pode ser motivada por uma das
seguintes situações:

a) Alienação;
b) Sinistro;
c) Abate.

1. Retirada do imobilizado pela Alienação

Da alienação do imobilizado pode resultar uma mais-valia ou uma menos-valia

1 – Mais – valia:

1º) - Débito – 68.3.1 Outros Proveitos e ganhos não operacionais/Ganhos em


imobilizações /Vendas de imobilizações corpóreas.

Crédito – 11 Imobilizações corpóreas

2º) - Débito – 18.1 Amortizações acumuladas (pela anulação das amortizações)

- 37 Outros valores a receber e a pagar, 43 Depósitos à ordem ou 45


Caixa (pelo valor da alienação).

- Crédito - 68.3.1 Outros Proveitos e ganhos não operacionais/Ganhos em


imobilizações /Vendas de imobilizações corpóreas

O saldo da conta 68.3.1, resultante destes lançamentos revela o ganho obtido


na venda.

2– Menos – valia:

1º) - Débito – 78.3.1 Outros Custos e Perdas não operacionais/Perdas em


imobilizações /Vendas de imobilizações corpóreas.

Crédito – 11 Imobilizações corpóreas

2º) – Débito – 18.1 Amortizações acumuladas (pela anulação das amortizações)

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Crédito - 78.3.1 Outros Custos e Perdas não operacionais/Perdas em


imobilizações /Vendas de imobilizações corpóreas.

- 37 Outros valores a receber e a pagar, 43 Depósitos à ordem ou 45


Caixa (pelo valor da alienação).

O saldo da conta 78.3.1, resultante destes lançamentos revela a perda obtida na


venda.

1- Retiradas de imobilizado por sinistro – nas empresas, ainda que


esporadicamente ocorrem factos alheios ao seu normal funcionamento, que se reflectem
negativamente ao nível do seu imobilizado. Caso dos acidentes incêndios, inundações,
roubos, etc.

Os lançamentos não divergem muito dos efectuados na alienação.

Entretanto há que atender ao facto de os sinistros nos bens de imobilizado


corpóreo podem estar ou não cobertos pelo seguro, decorrendo do facto da existência de
possíveis direitos a indemnizações, os quais deverão ser considerados nos registos a
efectuar.

A – sinistro de um bem não coberto pelo seguro – neste caso a empresa


suporta, desde logo, uma perda que ascende ao valor actual do bem, na medida em que
não irá receber qualquer indemnização.

Atendendo à natureza dos factos que provocaram a perda, a mesma terá de ser
levada à conta de Custos extraordinários. Uma vez que o bem está inutilizado deverá
deixar de constar das imobilizações corpóreasda empresa pelo que deverá ser anulado o
valor de aquisição bem como o das amortizações acumuladas:

1) Débito – 79.4 Custos e Perdas extraordinários/ Perdas resultantes


de sinistros

Crédito – 11. Imobilizações Corpóreas

2) Débito – 18.1 Amortizações acumuladas/ Imobilizações corpóreas.

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Crédito – 79.4 Custos e perdas Extraordinários/ Perdas resultantes de


sinistros.

B – Sinistro de um bem coberto pelo seguro - neste caso a empresa tem direito a
receber uma indemnização. Todavia a indemnização pode ou não compensar a perda
sofrida, se compararmos o valor actual ou contabilístico do bem que ficou inutilizado com
a indemnização a que se tem direito, podemos estar perante:

a)- Uma perda extraordinária – se o valor actual for superior ao da indemnização.


Neste caso:

1) Débito – 79.4 Custos e Perdas Extraordinários/ Perdas resultantes de


sinistros.
Crédito – Imobilizações corpóreas
2) Débito – 18.1 Amortizações acumuladas/ Imobilizações corpóreas
Crédito –79.4 Custos e Perdas Extraordinários/ Perdas resultantes de sinistros.
- 37 Outros valores a receber e a pagar, 43 Depósitos à ordem
ou 45 Caixa (pelo valor da indemnização).

b)- Um ganho extraordinário – se o valor actual for inferior ao da indemnização:

1) Débito – 69.4 Proveitos e Ganhos Extraordinários/ Ganhos


resultantes de sinistros.

Crédito – Imobilizações corpóreas

2) Débito – 18.1 Amortizações acumuladas/ Imobilizações corpóreas

Crédito – 69.4 Proveitos e Ganhos Extraordinários/ Ganhos resultantes de


sinistros.

- 37 Outros valores a receber e a pagar, 43 Depósitos à ordem ou 45 Caixa (pelo


valor da indemnização).

1 – Retiradas de imobilizado por abate – Quando um bem imobilizado


corpóreo se esgota ou deixa de ter utilidade económica para a empresa, deve proceder-
se ao seu abate. Esta situação tanto se pode dar no final da vida útil do bem (o que
será normal), como no decorrer da mesma.

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A contabilização do abate processa-se de forma idêntica a que se faz no caso de


uma alienação:

Debita-se o valor de aquisição na conta 18.1 Amortizações acumuladas /


Imobilizações corpóreas, por crédito da conta 11 Imobilizações Corpóreas.

Se após este lançamento houver ainda um saldo devedor na conta 18.1, referente
à imobilização corpórea abatida transfere-se para a conta 78.3.3 Outros Custos e Perdas
Não Operacionais/ Perdas em imobilizações/Abates.

6.2.2. Imobilizações Incorpóreas

Conforme já se referiu, integram esta rubrica todas as imobilizações


que pela sua natureza, não são materiais, são intangíveis (12.1 Trespasses,
12.2 Despesas de investigação e desenvolvimento, 12.3 Propriedade
industrial e outros direitos e contratos, 12.4 Despesas de constituição,12.9
Outras imobilizações incorpóreas).

Os critérios valorimétricos a adoptar na valorimetria das


imobilizações incorpóreas são, com as necessárias adaptações, iguais aos
critérios definidos para a valorimetria das imobilizações corpóreas:

6.2.2.1. Registo da entrada do Imobilizado Incorpóero

As imobilizações incorpóreas devem ser valorizadas ao custo de produção ou


aquisição.

1-Aquisição no exterior (a pronto pagamento e a prazo) deve registar-se em


imobilizações incorpóreas, não só o valor do direito adquirido, mas também, por exemplo
as despesas com o contencioso, notariado e advocacia que tiverem que tiverem que ser
suportadas para o concretizar:

Débito – 12 Imobilizações corpóreas

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Crédito – 37.1.2 Outros valores a receber e a pagar/ compra de


imobilizado/corpóreo, 43 depósitos à ordem ou 45 caixa.

2– Trabalhos feitos pela própria empresa – tal como acontece com as


imobilizações corpóreas, as imobilizações incorpóreas também podem emergir de
trabalhos, estudos e projectos realizados no seio da empresa, utilizando para o efeito
meios próprios ou adquiridos especialmente para sua consecução, e que decida
transformar em activo imobilizado:

a) Débito – Nas contas de custos e perdas operacionais, de acordo com


a sua natureza e a medida que ocorrem, em contrapartida de contas de meios
monetários ou terceiros.
b) Registo do proveito (crédito) em trabalhos para a própria empresa
e o correspondente aumento do Imobilizações incorpóreas (débito).

6.2.2.2. Retirada do imobilizado Incorpóreo

Alienação das Imobilizações incorpóreas:

Tal como as imobilizações corpóreas, a alienação de direitos que constituem o


imobilizado incorpóreo pode gerar um ganho ou uma perda.

Resulta em ganho quando o preço de venda for superior ao valor actual. Este
ganho é levado à conta 68.3.2 Outros Proveitos e Ganhos não Operacionais / Ganhos em
imobilizações/Venda de imobilizações incorpóreas.

Resulta em perdas quando o preço de venda for inferior ao valor actual. Esta
perda é levada a conta 78.3.2Outros Custos e Perdas não Operacionais / Perdas em
imobilizações/Venda de imobilizações incorpóreas.

Abates das imobilizações incorpóreas:

No caso de serem abatíveis, o mesmo efectua-se quando as imobilizações


incorpóreas não têm qualquer valor realizável, e depois de se encontrarem totalmente
amortizadas.

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6.2.3. Imobilizações em Curso


Nesta conta são registadas as despesas com as imobilizações que não se
encontram concluídas á data do encerramento do exercício:

- Aquisição no exterior de obras, cujo fornecimento se processa por fases,


nomeadamente imobilizações corpóreas, estudos e projectos.

- As obras em curso, para o imobilizado feito pela própria empresa e que à data
do balanço não se encontram concluídas, pelo que o respectivo valor ainda não poderá
ser registado na respectiva conta de imobilizado.

- Os adiantamentos feitos pela empresa aos credores que lhe irão fornecer o
imobilizado.

Em resumo, registamos nesta conta, quando o imobilizado adquirido não


fica imediatamente disponível para funcionar, ficando a aguardar outros custos10:

14 37.1/43
CUSTOS NECESSÁRIOS CUSTOS
PARA COLOCAR O NECESSÁRIOS PARA
IMOBILIZADO EM COLOCAR O
FUNCIONAMENTO IMOBILIZADO EM
FUNCIONAMENTO

10
OBS: A conta 14 vai servindo como aglomeradora de custos, até ao imobilizado ficar pronto a
funcionar.

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6.2.4. Investimentos financeiros


Esta conta integra as aplicações financeiras de caracter permanente
(médio e longo prazos), são detidas por um período superior a um ano.

De forma geral há investimento financeiro, quando uma empresa


adquire uma parte do capital de outra, obrigações e outros títulos de
rendimento, os empréstimos concedidos, todos com o fim de obter
rendimento ou o controlo de outras empresas. Abrange ainda imóveis que
não estejam afectos à sua actividade operacional.

São valorizados ao custo de aquisição ou ao justo valor.

6.2.4.1. Âmbito e movimentação:

1 – Partes de capital – constam das subcontas (13.1.1, 13.2.1 e


13.3.1) de acordo com a posição da empresa em relação à participada.

Aquisições de partes de capital:

A - Aquisição no momento da constituição da empresa:

1º Pela subscrição

Debita-se – Investimentos financeiros (subcontas 13.1.1, 13.2.1 ou


13.3.1)

Credita-se – Entidades participantes e participadas/Participadas


(35.2.2.1, 35.2.3.1, 35.2.4.1).

2º Pela liberação (realização)

Debita-se – Entidades participantes e participadas/participadas


(35.2.2.1, 35.2.3.1, 35.2.4.1).

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Credita-se – Depósitos a ordem 43 ou Caixa 45

B – Aquisição após a constituição da empresa participada:

Aquisição da participação:

Debita-se – Investimentos Financeiros (13.1.1, 13.2.1 ou 13.3.1)

Credita-se – Depósitos à ordem 43 ou Caixa 45

Rendimentos produzidos:

a) Pelo recebimento de adiantamentos por conta de lucros

Débito – Depósitos à ordem 43 ou Caixa 45

Crédito – Entidades participantes e participadas/participadas


(35.2.2.2, 35.2.3.2 ou 35.2.4.2)

b) Pela distribuição dos lucros:


Débito - Entidades participantes e participadas/participadas
(35.2.2.3,35.2.3.3,35.2.4.3)

Crédito – Proveitos e ganhos financeiros em subsidiárias e


associadas (67.1.1 ou 67.1.2).

c) Pelo recebimento dos lucros:


- Se houve adiantamento sobre os lucros

Débito – Depósitos à ordem, Caixa 45, Entidades Participadas


(35.2.2.2, 35.2.3.2, 35.2.4.2)

Crédito – Entidades Participadas (35.2.2.3,35.2.3.3 ou


35.2.4.3).

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- Se não houve adiantamento sobre lucros:

Débito – Depósitos à ordem 43 ou Caixa 45

Crédito – Entidades participadas (35.2.2.3, 35.2.3.3 ou 35.2.4.3)

Pela venda de Acções ou quotas

- Venda de partes de capital com ganho

1. Abate das partes de capita ao custo de aquisição

Debita-se – Proveitos e ganhos financeiros gerais (66.6.1.3)

Credita-se – Investimentos financeiros (13.3.1)

2. Valor da venda das partes de capital:

Debita-se - Contas de disponibilidades (43, 45) ou Outros valores a


receber e a pagar (37.2.3)

Credita-se – Proveitos e ganhos financeiros gerais (66.6.1.3)

- Venda de partes de capital com perda:

1. Abate das partes de capital ao preço de custo de aquisição

Debita-se - Custos e perdas financeiros gerais (76.6.1.3)

Credita-se – Investimentos financeiros (13.3.1)

2.Valor da venda das partes de capital

Debita-se – contas de disponibilidades (43, 45) ou Outros valores a


receber e a pagar (37.3.3)

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Contabilidade e Gestão Comercial

Credita-se – Custos e perdas financeiros gerais (76.6.1.3)

1 – Obrigações e títulos de participação – Nestas


subcontas registam-se os investimentos efectuados em obrigações e
títulos de participação, e a utilização de uma dos 13.1.2, 13.2.2 e 13.3.2,
depende da percentagem de controlo que a empresa detém.

Movimentação

1º Pela aquisição

Débito- Investimentos financeiros (13.1.2, 13.2.1 e 13.3.2)

Crédito – Depósitos à ordem 43, Caixa 45

2º Pelo rendimento:

Débito – Depósitos à ordem 43 ou Caixa 45

Crédito – Proveitos e ganhos financeiros gerais (66.1.1 ou 66.1.1.3)

3º Pelo reembolso:

a) Quando este é menor que o valor da subscrição:

Débito – Depósitos à ordem 43 ou Caixa 45 e Custos e perdas financeiros


gerais 76.6.1

Crédito – Investimentos financeiros (13.1.2, 13.2.2 ou 13.3.2)

b) Quando este é maior que o valor da subscrição:

Débito – Depósitos à ordem43, Caixa 45

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Contabilidade e Gestão Comercial

Crédito – Investimento financeiros 8 13.1.2, 13.2.2 ou 13.3.2 e Proveitos e


ganhos financeiros gerais 66.6.1.

2 – Empréstimos– nestas subcontas, registam-se os


empréstimos concedidos que têm como objectivo a rentabilização de
capitais excedentários, e que se caracterizam por uma permanência
prolongada. A utilização de uma das subcontas 13.1.3, 13.2.3 e 13.3.3,
depende da percentagem de controlo que a empresa detém.

Movimentação:

1º Pela concepção do empréstimo:

Débito – Investimentos financeiros (13.1.3, 13.2.3, 13.3.3)

Crédito – Depósitos à ordem 43 ou Caixa 45

2º Pelos juros recebidos dos empréstimos:

Débito – Depósitos à ordem 43 ou Caixa 45

Crédito – Proveitos e ganhos financeiros gerais 66.6.1

3ºPelo reembolso do empréstimo:

Débito – Depósitos à ordem 43 ou Caixa 45

Crédito – Investimentos financeiros 13.1.3 ou 13.2.3 ou 13.3.3

3 – Investimentos em imóveis – Esta rubrica destina-se a


registar os imóveis adquiridos e que não se destinam a serem usados pela
entidade, na sua actividade operacional. De acordo com o PGC, o

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Contabilidade e Gestão Comercial

conceito de imóveis pode revestir a forma quer de terrenos quer de


edifícios.

Os bens registados nesta conta estão sujeitos a depreciação, devendo


ser amortizados, de acordo com o PGC. As amortizações são baseadas na
vida útil dos imóveis e destinam-se a reflectir a perda de benéficos
económicos decorrentes do uso, da inactividade ou da passagem do tempo,
e são calculadas apenas para imóveis depreciáveis, tendo em conta: a
quantidade depreciável, a vida útil esperada.

Movimentação:

1º Pelas aquisições:

Débito – Investimentos financeiros 13.4.1

Crédito – Depósitos a ordem43, Caixa 45, Outros valores a


receber e a pagar 37, ou trabalhos para a própria empresa (no caso de
investimentos financeiros sejam produzidos pela empresa).

2º Pelas alienações:

Movimento idêntico ao das imobilizações corpóreas:

Em caso de ganho utiliza-se a conta Proveitos e ganhos financeiros


gerais (66.6.1.4).

Em caso de perda utiliza-se a conta Custos e perdas financeiras gerais


(76.6.1.4)

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Contabilidade e Gestão Comercial

BIBILIOGRAFIA

1. Principal
ALMEIDA, Rui M. P. M. e MIRANDA, Sabino José. PLANO GERAL DE
CONTABILIDADE ANGOLANO – Casos Práticos e Exercícios Resolvidos. Edições
Técnicas, 2014
BORGES, António. RODRIGUES, José A. e RODRIGUES, Rogério. ELEMENTOS DE
CONTABILIDADE GERAL 19ª edição, 2002.
GUERREIRO, Marta. Plano Geral de Contabilidade Explicado Angola. Plural Editores.
Luanda, 2015
IUDÍCIBUS, Sérgio e MARION, José Carlos. CONTABILIDADE COMERCIAL. 9ª
Edição. Editora Atlas: São Paulo-Brazil, 2010
LISBOA, João (dir. e Coord.). Introdução à Gestão de Organizações. Porto: Vida
Económica, 3ª Edição, 2011
MAGRO, J.L.F e MAGRO, Adélia. MANUAL DE CONTABILIDADE ANGOLANO,
2ª edição Actualizada e melhorada. Banco Keve, Dezembro de 2008
PLANO GERAL DE CONTABILIDADE – Decreto nº 82/2001 de 16 Novembro.

SALAZAR, José Nicolás Albuja e BENEDICTO, Gideon Carvalho. Contabilidade


Financeira. Thomson. São Paulo-Brazil, 2004

1. Legislação
CODIGO GERALTRIBUTARIO – Lei nº 21/14 de 22 de Outubro
CÓDIGO COMERCIAL ANGOLANO – VOL I
LEI DAS SOCIEDADES COMERCIAIS – Nº 1/04
LEI DAS MICRO, PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESA – Lei n.º 30/11 de 13 de
Setembro.

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