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Continuação – 2ª parte - ADC -

ATIVO DIFERIDO
São classificados nesse grupo, além das aplicações em despesas que
contribuirão para a formação dos resultados de mais de um exercício social, os juros pagos
ou c creditados aos acionistas durante o período que anteceder o início das operações
sociais. Não é comum, no Brasil, o uso desse procedimento, embora ele possa ser adotado
por alguma empresa, cujo prazo de implantação seja muito demorado.
Nesse grupo são incluídas as despesas com organização e reorganização da
empresa, os gastos com pesquisas e desenvolvimento de produtos, os gastos recursos
minerais, as despesas com benfeitorias em propriedade de terceiros.
Consoante disposição da lei societária, os recursos aplicados no ativo
diferido serão amortizados periodicamente, em prazo não superior a 10 anos, a partir do
inicio da operação normal ou do exercício em que passem a ser usufruídos os benefícios
deles decorrentes.

DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO E EXAUSTÃO

Com o objetivo de recuperar o custo do investimento em imobilização, em


virtude de seu desgaste físico, tecnológico e financeiro, a contabilidade utiliza
procedimentos de diluição desses custos, distruindo-os pelo período de vida útil econômica
de cada elemento do ativo permanente. Esses procedimentos são semelhantes, embora cada
ítem do Ativo Permanente, de acordo com as suas características, possa estar sujeito a
depreciação, amortização ou exaustão. A depreciação aplica-se aos bens componentes do
Ativo Imobilizado tangível sujeitos a perda de sua eficiência funcional, durante seu tempo
de vida útil provável, em decorrencia de seu uso, ação da natureza ou obsolescência. São ,
portanto depreciáveis os valores de edificações, máquinas, equipamentos, veículos, móveis
e utensílios, entre outras imobilizações técnicas tangíveis.A amortização é aplicável aos
elementos intangíveis do imobilizado, bem como aos elementos do ativo diferido, já
referidos anteriormente. Ocorre a amortização quando corresponder a perda do valor do
capital aplicado na aquisição de direitos da propriedade industrial ou comercial e quaisquer
outros com existência ou exercício de duração limitada, ou cujo objetivo sejam bens de
utilização por prazo legal ou contratualmente limitado. São amortizáveis os valores
aplicados em marcas, patentes , direito de exploração de serviços públicos, despesas pré-
operacionais, despesas de organização e reorganização, benfeitorias em propriedades de
terceiros, despesas com pesquisas e desenvolvimento de produtos etc... A exaustão ocorre
quando corresponder a perda do valor, decorrente de sua exploração, de direitos cujo
objetivo sejam recursos minerais ou florestais, ou bens aplicados nesta exploração. A
exaustão incide sobre florestas, jazidas e outras reservas florestais e minerais de
propriedade da empresa.
Como se observa, o objetivo dos procedimentos contábeis utilizados para
depreciação, amortização ou exaustão é alocar o custos dos respectivos investimentos ou
aplicações de recursos, de modo que o recupere durante o seu tempo de vida útil
econômica. Não se trata, pois , de formar fundos para substituição dos referidos elementos,
visto que este é um problema de obtenção de recursos adequados ao tipo de investimento.
Assim , as fontes de financiamentos a serem utilizadas para financiar as reposições de
elementos do ativo imobilizado, por exemplo: devem provir de capitais próprios ou de
terceiros de longo prazo, de modo que compatibilize o prazo de retorno dos recursos
aplicados com o grau de exigibilidade.
Os métodos de depreciação, amortização e exaustão mais conhecidos são:
a) linear – as quotas são distribuidas igualmente ao longo da vida útil;
b) crescente – as quotas vão aumentando ao longo da vida útil;
c) pro volume de produção - as quotas são proporcionais às quantidades produzidas;
d) acelerado – as quotas aumentam em função da maior utilização dos bens.

A escolha do médoto, a base de cálculo e a estimativa do tempo de vida útil


econômica não são problemas de fácil solução. Todavia, a escolha deverá basear-se,
principalmente, nas peculiaridades e necessidades de cada empresa. Deverão ser analisados
os diversos fatores que afetam o comportamento da empresa, tais como as condições de
uso, as características operacionais, as vantagens fiscais, os interesses administrativos. De
qualquer forma a escolha deverá levar em conta a opinião técnica de profissional ou firma
especializada, não sendo portanto, da competência da área contábil.

PASSIVO CIRCULANTE E PASSIVO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO

Serão classificados no passivo circulante os débitos de funcionamento e


financiamento da empresa, isto é, as obrigações assumidas pela empresa para a realização
de suas operações ( dívidas contraídas junto a fornecedores, salários devidos a empregados
e os respectivo s encargos sociais, os impostos devidos sobre as operações realizadas) e as
obrigações assumidas por financiamentos obtidos ( empréstimos junto à instituições
financeiras).
Como já verificamos a inclusão de obrigações no passivo circulante dependerá
exclusivamente dos prazos de exigibilidade, isto é, as dívidas vencíveis no curso do
exercício social ou dentro do prazo do ciclo operacional ( se este for a base da
classificação) serão registrados neste grupo, bem como as parcelas de obrigações contraídas
a longo prazo que tenham vencimento a curto prazo. Assim podemos observar que a
classificação do passivo circulante deve manter consistência com os critérios adotados para
classificação do ativo circulante.
As obrigações cujo vencimento ultrapassem o período previsto para o passívo
circulante serão registrados no passivo exígivel a longo prazo.

RESULTADOS DE EXERCÍCIOS FUTUROS

É representado por receita líquida “não ganha ou não efetivada” ,em função do
regime de competência de exercícios. Caracteriza-se pelo fato de não haver nenhuma
obrigação de devolver dinheiro, entregar um bem ou prestar um serviço que implique
esforço adicional ou ônus ou sacrifício significativo para os ativos da empresa beneficiária
da receita. O objeto da operação- bem ou serviço produzido- é colocado à disposição do
comprador ou usuário, sem nenhum esforço adicional por parte da empresa. São exemplos
mais comuns: aluguéis recebidos antecipadamente, por força de dispositivo contratual, sem
possibilidade de devolução( locação de armazéns, silos ),deduzidos de comissões, impostos
e outros encargos incidentes; comissões ou taxas de abertura de crédito nas instituições
financeiras , entre outros.
Esse grupo, portanto, não contempla parcelas de adiantamento de clientes, por conta
de produtos a entregar, de serviços a executar ou de obrigações de outra natureza, que
devem ser classificados no passivo circulante ou no passivo exigível a longo prazo.
Por outro lado, embora tecnicamente incorreto, do ponto de vista da legislação
fiscal, esse grupo é restrito normalmente às empresas cujo ciclo operacional tenha duração
superior ao prazo do exercício social. São empresas que operam com contratos de longo
prazo, particularmente as empresas de construção civil e construção pesada.
Nessas empresas, as operações são contratadas com base no programa físico-financeiro da
obra, onde são previstos o progresso físico do empreendimento, as épocas de recebimentos
e de desembolsos, os prazos para conclusão de cada etapa e outros dados técnicos e
financeiros.Com base no cronograma físico-financeiro e no andamento da obra, são
segregadas as receitas e as despesas a serem apropriadas em dada exercício social e,
consequentemente, aquelas que serão imputadas a exercícios futuros, deduzidas dos custos
e/ou despesas vinculadas a essas receitas.
Portanto, como exemplo dentro desse conceito fiscal, podemos citar os contratos em
regime de empreitada, cujas prestações são devidas pelos clientes em função do andamento
do serviço, com base em dispositivos contratuais, e o resultado é apropriado pela
empreiteira, considerando o cronograma físico- financeiro da obra, proporcionalmente a
cada exercício social.

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Entregam o patrimônio líquido as contas representativas dos capitais próprios, que


registram os recursos provenientes de sócios ou acionistas, bem como suas variações em
decorrência dos resultados da gestão econômico-financeira da empresa.
O patrimônio líquido compreende os seguintes subgrupos de contas:

. capital realizado;
. reservas de capital;
. reservas de reavalização;
. reservas de lucros;
. lucros ou prejuízos acumulados.

CAPITAL REALIZADO

O capital social da empresa pode ser considerado sob os seguintes aspectos: capital
autorizado, capital subscrito, capital realizado e capital a realizar. Capital autorizado é o
limite máximo previsto dos estatutos da empresa para aumentar seu capital,
independentemente de reforma estatuária ou de autorização de assembléia geral de
acionistas. Capital subscrito é o montante do capital social emitido pela empresa cujos
acionistas assumiram o compromisso de integralizar. É o capital efetivo da empresa,
constante de seus estatutos ou contrato social.Capital a realizar é o montante subscrito pelos
acionistas ou sócios, mas ainda não integralizado.O capital realizado compreende o capital
subscrito deduzido do capital a realizar, representando o montante efetivamente aportado na
empresa por seus sócios ou acionistas.
Capital Realizado:
. Capital Subscrito
. (-) Capital a Realizar

RESERVAS DE CAPITAL

Constituem reservas de capital os ganhos obtidos pela empresa não decorrentes de suas
operações normais, principais ou eventuais.O registro em uma reserva de capital representa
um ingresso efetivo de recursos no ativo da empresa. Portanto, são reservas de capital:

a. as contribuições de subscritores de ações que ultrapassem o valor nominal ou a


parte do preço de emissão que for superior à importância destinada à formação do
capital social, quando se tratar de ações sem valor nominal. Esse valor em excesso é
denominado “ágio recebido na emissão de ações”;
b. os prêmios recebidos pela empresa na emissão de debêntures;
c. o produto da alienação de partes beneficiárias ou bônus de subscrição; as doações e
as subvenções para investimentos.

As reservas de capital somente poderão ser utilizadas para:

a. absorção de prejuízos que ultrapassem os lucros acumulados e as reservas de lucros;


b. resgate, reembolso ou compra de ações;
c. resgate de partes beneficiárias;
d. incorporação ao capital social;
e. pagamento de dividendo a ações preferenciais, quando essa vantagem lhes for
assegurada estatutariamente.
A reserva constituída com o produto da venda de partes beneficiárias poderá ser
destinada ao resgate desses títulos. Nesse caso, se previsto o resgate, deverá ser
constituída uma provisão com essa finalidade, classificada como passivo
circulante/exigível a longo prazo, e não uma reserva, como previsto na legislação.
RESERVAS DE REAVALIAÇÃO

Como reservas de avaliação serão classificadas apenas as contrapartidas de


aumentos de valor atribuídos a elementos de ativo, em virtude de novas avaliações com
base em laudo técnico, elaborando por peritos ou empresa especializada, e aprovado por
assembléia geral de acionistas – convocada para aprovar a escolha dos peritos e para
apreciação do laudo.Tendo em vista que os aumentos decorrentes de reavalizações
constituem meras expectativas de ganhos, posto que são receitas potenciais, ainda não
concretizadas financeiramente, as reservas assim constituídas só poderão ser utilizadas na
proporção em que forem sendo realizados os ativos objeto da reavalização.A realização
ocorre pela depreciação, amortização ou exaustão dos ativos reavaliados( realização
parcial) ou pela baixa dos ativos reavaliados em virtude de alienação ou perecimento
(realização integral).
Normalmente, as empresas costumam reavaliar, total ou parcialmente, seus ativos
imobilizados, embora a lei societária permita a reavalização de qualquer elemento do ativo.
Assim as reservas de reavalização são constituídas como contrapartida dos
aumentos de valor de componentes do ativo imobilizado da empresa (reserva de reavaliação
de bens do imobilizado) ou pela participação proporcional na reavaliação de bens feitas por
empresas coligadas ou controladas (reservas de reavaliação de bens de coligadas ou
controladas).

RESERVAS DE LUCROS

São as reservas constituídas pela apropriação dos lucros gerados em cada exercício
social.Subdividem-se em:

a. legal;
b. estatutária;
c. para contigências;
d. retenção de lucros (para planos de investimentos);
e. de lucros a realizar;
f. especial de dividendos.

RESERVA LEGAL

Constituída, de acordo com a lei societária, por valor correspondente a 5% (cinco


por cento) do lucro líquido do exercício, antes de qualquer outra destinação, e seu montante
não excederá a 20% (vinte por cento) do capital social.Quando o saldo dessa reserva,
acrescido do montante das reservas de capital, exceder a 30% (trinta por cento) do valor do
capital social, a empresa poderá deixar de constituir reserva legal.Essa reserva somente
poderá ser utilizada para aumento de capital ou absorção de prejuízos.

RESERVA ESTATUÁRIA

O estatuto da sociedade poderá criar reservas, desde que estabeleça de modo preciso
e completo suas finalidades, fixe os critérios para determinar a parcela anual dos lucros
líquidos que serão destinados a sua constituição e determine o limite máximo da
reserva.Essas reservas, deverão ser criadas com base nas características operacionais da
empresa, ramo de negócio, localização, inclusive aspectos relacionados com legislação
específica do setor de atividade.

LUCROS OU PREJUÍSOS ACUMULADOS

Os resultados acumulados-lucros ou prejuizos-deverão figurar no patrimônio líquido nas


seguintes circunstâncias:

Lucros Acumulados:

Essa conta somente poderá apresentar saldo em duas hipóteses.Na primeira


hipótese, o saldo representa retenção de lucros com base em orçamento, aprovada em
assembléia geral de acionistas.Nesse caso, tem o mesmo significado do item “reserva para
plano de investimentos”.Na segunda hipótese, o saldo da conta representa um valor residual
cujo montante insuficiente para destinar aos acionistas nas condições previstas nos estatutos
da empresa.Na ocorrência de saldo nessa conta sem os necessários esclarecimentos, poderá
ficar caracterizada uma retenção indiscriminada de lucros, constituindo abuso de poder por
parte dos acionistas controladores da empresa, em se tratando de sociedade por ações.

Prejuizos Acumulados:

Os prejuízos de cada exercício serão obrigatoriamente absorvidos pelos lucros


acumulados, pelas reservas de lucros e pela reserva legal, nessa ordem.Portanto, somente
poderá haver saldo na conta de prejuízos acumulados quando forem totalmente absorvidos
os saldos de lucros acumulados e de todas as reservas de lucros.Após utilizados os referidos
saldos, e restando ainda saldo nessa conta, a empresa poderá, a seu critério, utilizar reservas
de capital para compensá-lo.Em nenhuma hipótese, porém, poderá existir saldo nessa conta
havendo saldo em qualquer conta de reserva de lucros, inclusive a legal.

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