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Aula 4

Balanço patrimonial: ativo não circulante

Marcello Sartore de Oliveira


Aula 4 • Balanço patrimonial: ativo não circulante

Meta

Apresentar os subgrupos do ativo não circulante. Explicar o arrenda-


mento mercantil, o ajuste a valor presente e o teste de recuperabilidade.

Objetivos
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
1. identificar os subgrupos do ativo não circulante;
2. praticar o arrendamento mercantil através do seu tratamento con-
tábil,
3. aplicar o ajuste a valor presente;
4. aplicar o teste de recuperabilidade.

Pré-requisitos

Para você entender bem esta aula, precisará ter estudado a Aula 3.

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Contabilidade Avançada I

Introdução

Conforme já exposto em aulas anteriores, a Contabilidade, por ser


uma ciência social, vem sofrendo bastantes alterações para se adequar
aos padrões internacionais.
Na presente aula, analisaremos os subgrupos do ativo não circulante,
já com as novas regras de nossa contabilidade. Veremos, ainda, que, com
o advento da Lei 11.638/2007, foi introduzida a necessidade de realizar
os ajustes a valor presente na escrituração contábil para demonstrar o
valor real da operação na data de emissão do demonstrativo financeiro.
Portanto, abordaremos também o ajuste a valor presente.
Outro assunto importante, que merece nossa atenção, é o CPC 06
(R1) – operações de arrendamento mercantil. Esse pronunciamento tem
por objetivo estabelecer, para arrendatários e arrendadores, políticas
contábeis e divulgações apropriadas a aplicar em relação a arrendamen-
tos mercantis. Desse modo, vale muito a pena estudarmos esse assunto
já com suas novas regras.
Por fim, estudaremos o teste de recuperabilidade de ativos. Com a
convergência aos padrões internacionais, foi introduzido, na contabili-
dade brasileira, o teste de recuperabilidade de ativos (ou teste de impair-
ment) (CPC 01 (R1)), cujo objetivo é verificar se os ativos reconhecidos
nas demonstrações contábeis não estão evidenciados a um valor supe-
rior aos benefícios que irão proporcionar à entidade.

Ativo não circulante realizável a longo prazo


(ANCRLP) (continuação da aula passada)

Terminamos a aula passada falando que o ARLP é composto pelos


direitos realizáveis após o término do exercício seguinte, assim como
os derivados de vendas, adiantamentos ou empréstimos a sociedades
coligadas ou controladas, diretores, acionistas ou participantes no lucro
da companhia, que não constituírem negócios usuais na exploração do
objeto da companhia.
Dentre os direitos realizáveis após o término do exercício social se-
guinte, podemos incluir também as despesas pagas de forma antecipada,
quando o direito de usufruí-las se estender após o final do próximo ano.

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Despesas antecipadas

Na Lei 6.404/76, não há qualquer previsão acerca da classificação


das despesas antecipadas no realizável a longo prazo. Entretanto, nada
impede que a despesa antecipada seja classificada nesse subgrupo (AN-
CRLP), caso sua realização ocorra após o término do exercício social
seguinte.
Um exemplo comum é o de assinatura de revistas com prazo de
24 meses. Se o prazo desse contrato iniciar, por exemplo, no dia 1º de
outubro de 2015 e terminar dia 30 de setembro de 2017, no valor de
R$12.000,00, sendo pago de forma antecipada, teremos que:
• os três meses de 2015 (outubro a dezembro) serão classificados, em
31/12/2015, como despesa com periódicos no valor de R$1.500,00.

• no balanço patrimonial do dia 31/12/2015, teremos despesas an-


tecipadas de curto prazo (AC) de R$ 6.000,00 (valor mensal de R$
500,00 x os 12 meses de 2016), e despesas pagas antecipadamente de
longo prazo, no valor de R$ 4.500,00 (R$ 500,00 x 9 meses de 2017).

Figura 4.1.: No balanço patrimonial de 31/12/2016, as despesas antecipadas


de curto prazo aparecerão no ativo circulante, e as despesas pagas anteci-
padamente de longo prazo, no ativo não circulante realizável a longo prazo.

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Contabilidade Avançada I

Investimentos

O art. 179, III, da Lei 6.404/76, afirma que os investimentos são as


participações permanentes em outras sociedades e os direitos de qual-
quer natureza, não classificáveis no ativo circulante, e que não se desti-
nem à manutenção da atividade da companhia ou da empresa.
Como exemplos de participações permanentes em outras socieda-
des temos participações permanentes em coligadas e controladas, parti-
cipações em outras sociedades. Como exemplo de direitos de qualquer
natureza, não classificáveis no ativo circulante e que não se destinam à
manutenção da atividade da companhia ou da empresa, temos terrenos
(não utilizados), obras de arte.

Figura 4.2: Como podemos observar no balanço, existem dois tipos de con-
tas no investimentos: participações permanentes e as contas não classificá-
veis no ativo circulante, e que não se destinam à manutenção da atividade da
companhia ou da empresa.

Participações permanentes

De acordo com Ferreira (2012), a partir da adoção no Brasil de nor-


mas internacionais de contabilidade, uma participação só é permanente
quando não mantida de forma temporária ou para fins especulativos.

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Portanto, se a empresa resolve investir em outra organização, mas


com o intuito de alienar esse investimento, mesmo que a intenção seja
para longo prazo, a participação terá caráter especulativo, sendo classi-
ficada como temporária no ativo circulante ou não circulante realizável
a longo prazo.

Podemos dizer, de uma forma bem simples, que o termo aliena-


ção, na contabilidade, significa a transferência de um ativo que
não seja mercadoria. Uma empresa de revenda de combustível
que transfere a outrem um maquinário, por exemplo, na ver-
dade, não está vendendo esse maquinário (sua mercadoria é
combustível), e sim o alienando a terceiros.

Se, ao realizar a aquisição, a empresa não tiver a intenção de vender o


investimento, a participação terá caráter estratégico, sendo, dessa manei-
ra, classificada como permanente no ativo não circulante Investimentos.

Figura 4.3: Observe um esquema de como funciona a classificação dos ati-


vos a partir da intenção de venda.

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Contabilidade Avançada I

Ferreira (2012) relata que são classificadas no ativo não circulante


investimentos – como participações permanentes em outras so-
ciedades – as participações em coligadas; em controladas, em ou-
tras sociedades que façam parte de um mesmo grupo ou estejam
sob controle comum, e em outras sociedades cujas participações
não sejam temporárias ou especulativas.

Classificação residual do ativo - Direitos de qualquer


natureza não classificáveis no AC e que não se destinam à
manutenção da atividade da companhia ou da empresa

Vamos dar um pouco mais de atenção aqui ao que podemos cha-


mar de classificação residual do ativo. Percebam que, caso os direitos
de qualquer natureza (bens e direitos) não sejam classificados no ativo
circulante, ARLP (conforme a doutrina), e nem se destine à manuten-
ção das atividades operacionais da empresa (subgrupos imobilizado ou
intangível), devemos classificá-los em investimentos.
Como exemplos, temos terrenos (não utilizados), obras de arte, pro-
priedade que esteja sendo construída ou desenvolvida para futura utili-
zação como propriedade para investimentos; edifício que seja proprie-
dade da entidade e que seja arrendado sob um ou mais arrendamentos
operacionais etc.

Terreno , quando não utilizado nas atividades da empresa, será


classificado como investimento. Quando passar a ser utilizado,
será imobilizado.
Portanto, terreno adquirido para futuras instalações será classifi-
cado como investimento, mas, quando se iniciarem as obras, pas-
sará a ser imobilizado!!!

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Para o CPC 28, propriedade para investimento é a propriedade (terre-


no ou edifício – ou parte de edifício – ou ambos) mantida (pelo proprie-
tário ou pelo arrendatário, em arrendamento financeiro) para auferir
aluguel ou para valorização do capital ou para ambas, e não para:
a) uso na produção ou fornecimento de bens ou serviços ou para fina-
lidades administrativas ou
b) venda no curso ordinário do negócio.
Ainda de acordo com o CPC 28, item 8, são exemplos de proprieda-
des para investimento, classificadas no ativo não circulante investimento:

a) terrenos mantidos para valorização de capital a longo prazo e não


para venda a curto prazo no curso ordinário dos negócios;
b) terrenos mantidos para futuro uso correntemente indeterminado
(se a entidade não tiver determinado que usará o terreno como proprie-
dade ocupada pelo proprietário ou para venda a curto prazo no curso
ordinário do negócio, o terreno é considerado como mantido para va-
lorização do capital);
c) edifício que seja propriedade da entidade (ou mantido pela entida-
de em arrendamento financeiro) e que seja arrendado sob um ou mais
arrendamentos operacionais;
Arrendamentos d) edifício que esteja desocupado, mas mantido para ser arrendado sob
operacionais
um ou mais arrendamentos operacionais;
São o leasing financeiro
e o leasing operacional, e) propriedade que esteja sendo construída ou desenvolvida para futu-
conforme veremos mais
adiante, ainda nesta aula. ra utilização como propriedade para investimento.

Imobilizado

Bem corpóreo Conforme o art. 179, IV, da Lei 6.404/76, são classificados no imo-
Possui existência física, bilizado os direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados
material, pode ser visto
ou tocado (direito
à manutenção das atividades da companhia ou da empresa ou exercidos
autoral, direito ao crédito, com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfiram
o software, direito de
herança etc..). Já o bem à companhia os benefícios, riscos e controle desses bens.
incorpóreo é aquele que
tem existência abstrata, São exemplos móveis e utensílios, semoventes, máquinas, imóveis,
e que, portanto, não
pode ser visto ou tocado veículos, equipamentos, terrenos de uso, veículos objeto de arrenda-
(direito autoral, direito ao mento mercantil financeiro, etc.
crédito, o software, direito
de herança, etc...)
a) Do conceito de imobilizado, podemos extrair três observações:

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Contabilidade Avançada I

constituído somente por bens corpóreos/tangíveis (os incorpóreos


passaram a integrar o ativo intangível); destinados à manutenção das
atividades da companhia; bens que estiverem na posse da companhia,
mesmo não sendo de sua propriedade, desde que a empresa possua os
benefícios, riscos e controle desses bens.
b) constituído somente por bens corpóreos / tangíveis (os incorpóreos
passaram a integrar o ativo intangível);
Na primeira observação, não temos dúvidas, pois o imobilizado é
formado por bens corpóreos.
Cabe realçar que, apesar de a Lei 11.638/07 estabelecer que os bens
incorpóreos, destinados à atividade da empresa, passaram a ser classifi-
cados no intangível, a Deliberação CVM 565/2008, que aprova o Pronun-
ciamento CPC 13, classifica a conta “benfeitorias em imóveis de terceiros”,
que registra os gastos efetuados em imóveis e propriedades alugados de
terceiros no Imobilizado, quando os gastos não forem restituíveis e quando
classificáveis como ativo.
Benfeitorias em imóveis de terceiros são as construções, restaura-
ções, reformas, acréscimos etc. em bens de propriedade de terceiros,
mantidos a título de locação ou de empréstimos. Exemplo: edificação
construída em terreno alheio.
Para Ferreira (2012, p. 265), caso haja o direito à restituição dos va-
lores gastos com as benfeitorias em propriedade de terceiros, o correto
é registrar o crédito correspondente no ativo circulante ou no realizável
a longo prazo.
a) Destinados à manutenção das atividades da companhia;
Já em relação aos bens destinados à manutenção das atividades da
companhia, vale apontar o exemplo dos terrenos. Caso não seja uti-
lizado pela empresa, será classificado no investimento. Entretanto, se
for empregado nas atividades da companhia, mesmo que destinado a
estacionamento dos funcionários, será imobilizado.
b) Bens que estiverem na posse da companhia, mesmo não sendo de
sua propriedade, desde que a empresa possua os benefícios, riscos e
controle desses bens
Naterceira observação, há um detalhe muito importante. ALei 11.638/07
trouxe outra novidade, alterando o inciso IV do artigo 179, da L.6404/76, ao
classificar em imobilizado os direitos oriundos de operações que transfiram
à companhia os benefícios, riscos e controle de bens corpóreos.

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Essa nova redação do inciso V está relacionada aos registros de ope-


rações de bens corpóreos que são objeto de leasing, no caso o financeiro.

Ativo não circulante intangível

De acordo com o Art. 179, inciso VI da Lei das S.A, classificam-se no


ativo não circulante intangível os direitos que tenham por objeto bens
incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou exercidos com
essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido.
Podem ser reconhecidos no intangível os seguintes bens: marcas de
propaganda, softwares, protótipos, direitos autorais, receitas, conces-
sões obtidas de serviço público etc.

Figura 4.4: Note que os bens que pertencem à conta intangível são bens
incorpóreos, ou seja, não possuem substância física.

A Lei 11.638/07 trouxe a separação dos bens corpóreos ou tangíveis


dos bens incorpóreos ou intangíveis. Após a edição da lei, os bens cor-
póreos, utilizados na atividade operacional da companhia, ficam classi-
ficados no imobilizado, enquanto que os incorpóreos, também utiliza-
dos na atividade da companhia, no intangível.Tabela 4.1: Comparação
entre as contas investimento, imobilizado e intangível quanto à classi-
ficação dos bens corpóreos/tangíveis e incorpóreos/intangíveis. Repa-
re que a conta investimentos pode conter tanto bens corpóreos quanto
bens incorpóreos.

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Contabilidade Avançada I

Ativo Não Bens: Destinados à


Circulante - ANC Corpóreos(c)/Incor atividade da
póreos (I) companhia¹ ?

Investimentos (C) E (I) Não

Imobilizado (C) Sim

Intangível (I) Sim

1 - E que não se destinem à comercialização.

O CPC 04 define um ativo intangível como um ativo não monetário


identificável e sem substância física.
Ativo monetário é aquele representado por dinheiro ou por direitos
a serem recebidos em uma quantia fixa ou determinável de dinheiro.
Ainda de acordo com o CPC 04, um ativo para ser registrado como
Intangível, precisa ser identificável, controlado e gerador de benefícios
econômicos futuros, que podem incluir a receita da venda de produtos
ou serviços, redução de custos ou outros benefícios resultantes do uso
do ativo pela entidade.
Ágio derivado
a) Identificação da expectativa
de rentabilidade
A definição de ativo intangível requer que ele seja identificável, para futura (goodwill)
diferenciá-lo do ágio derivado da expectativa de rentabilidade Excesso de preço pago
pela compra de um
futura (goodwill). empreendimento ou
patrimônio sobre o valor
Um ativo satisfaz o critério de identificação, em termos de definição de mercado de seus
ativos líquidos. Assim,
de um ativo intangível, quando: por exemplo, se uma
empresa for avaliada
• for separável, ou seja, puder ser separado da entidade e vendido, pelo valor de mercado
transferido, licenciado, alugado ou trocado, individualmente ou jun- em R$ 500.000,00 e um
comprador, interessado
to com um contrato, ativo ou passivo relacionado, independente da no negócio, resolve pagar
R$ 600.000,00, teremos
intenção de uso pela entidade; ou aqui um goodwill de R$
100.000,00. Esse ágio
• resultar de direitos contratuais ou outros direitos legais, independen- pode ser considerado
temente de tais direitos serem transferíveis ou separáveis da entidade como a soma de vários
itens não identificáveis,
ou de outros direitos e obrigações. como capital intelectual,
marca, lealdade
b) Controle dos clientes, bons
fornecedores, tecnologia.

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A entidade controla um ativo quando detém o poder de obter benefí-


cios econômicos futuros gerados pelo recurso subjacente e de restringir o
acesso de terceiros a esses benefícios. Normalmente, a capacidade de
a entidade controlar os benefícios econômicos futuros de ativo intan-
gível advém de direitos legais que possam ser exercidos num tribunal.
A ausência de direitos legais dificulta a comprovação do controle. No
entanto, a imposição legal de um direito não é uma condição impres-
cindível para o controle, visto que a entidade pode controlar benefícios
econômicos futuros de outra forma.
No que se refere a tribunal, cabe um exemplo: vamos supor que uma
empresa tenha direito à utilização exclusiva de uma determinada mar-
ca. Caso algum terceiro queira usufruir dessa marca, com produtos de
mesmo nome, a empresa prejudicada poderá ingressar em um tribunal
e requerer o reconhecimento de seu direito. A simples possibilidade
de poder se valer do juízo para persecução de direitos comprova que a
sociedade exerce o controle sob o ativo.
c) Benefício econômico futuro
Os benefícios econômicos futuros gerados por ativo intangível po-
dem incluir a receita da venda de produtos ou serviços, redução de cus-
tos ou outros benefícios resultantes do uso do ativo pela entidade.
Por exemplo, o uso da propriedade intelectual em um processo de
produção pode reduzir os custos de produção futuros em vez de aumen-
tar as receitas futuras.

Fase de pesquisa e de desenvolvimento

Pesquisa é a investigação original e planejada realizada com a expecta-


tiva de adquirir novo conhecimento e entendimento científico ou técnico.
Desenvolvimento é a aplicação dos resultados da pesquisa ou de
outros conhecimentos em um plano ou projeto visando à produção de
materiais, dispositivos, produtos, processos, sistemas ou serviços novos
ou substancialmente aprimorados, antes do início da sua produção co-
mercial ou do seu uso.
Ainda de acordo com o CPC 04 (R1), nenhum ativo intangível deve
ser reconhecido na fase de pesquisa, devendo todo gasto efetuado ser
tratado como despesa.
Já em relação à fase de desenvolvimento, é possível o reconhecimen-
to de um intangível, desde que atendidas as condições estabelecidas no

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Contabilidade Avançada I

Pronunciamento do CPC 04 (R1).


É importante frisar que, se a sociedade não conseguir diferenciar a
fase de pesquisa da fase de desenvolvimento, deverá tratar todo gasto
como despesa, e não como intangível.

E agora? Não estou conseguindo


diferenciar a fase de pesquisa
da fase de desenvolvimento!

Caso, em uma atividade ou mesmo na prova, você não consiga


diferenciar a fase de pesquisa da fase de desenvolvimento, deverá
tratar todo o gasto como despesa.

Arrendamento mercantil (Leasing)

Leasing ou arrendamento mercantil é a operação realizada com Leasing


características especiais, em que o cliente escolhe o bem de sua prefe- Aluguel de um ativo fixo
(máquinas, equipamentos,
rência, o fornecedor negocia o preço e, ao assinar o contrato, solicita à veículos etc.) por um
prazo determinado.
empresa de leasing que compre este bem para ser utilizado pelo cliente.
Tendo cumprido todas as obrigações contratuais, ao final do prazo
do arrendamento, o cliente terá o direito a três opções: comprar o bem,
renovar o contrato ou devolver o bem à empresa de leasing.
O CPC 06 (R1) tem por objetivo estabelecer, para arrendatários e Arrendador
arrendadores, políticas contábeis e divulgações apropriadas a aplicar Proprietário do bem
que será arrendado ao
em relação aos arrendamentos mercantis, financeiro e operacional. arrendatário, portanto,
um banco ou sociedade de
O arrendamento mercantil pode ser classificado em financeiro ou arrendamento mercantil.
operacional. A empresa de leasing.

Arrendatário
Leasing financeiro Quem recebe o bem do
arrendador, portanto, o
cliente.
É a operação na qual a arrendatária (cliente) tem a intenção de ficar
com o bem ao término do contrato, exercendo a opção de compra pelo
valor contratualmente estabelecido.

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A arrendadora (empresa de leasing) receberá do cliente a totali-


dade dos valores investidos no contrato de conformidade com o que
foi estipulado.
O risco da obsolescência e as despesas de manutenção, assistência
técnica e serviços correlatos à operacionalidade do bem arrendado são
de responsabilidade do cliente.
De acordo com o CPC 06 (R1), arrendamento mercantil financeiro é
aquele em que há transferência substancial dos riscos e benefícios ine-
rentes à propriedade de um ativo. O título de propriedade pode ou não
vir a ser transferido.
Portanto, é importante destacar que, no arredamento mercantil fi-
nanceiro ou leasing financeiro, a propriedade legal do bem é do arren-
dador (banco), sendo que o arrendatário (cliente) possui, tão somente,
a posse do bem.
Caso uma pessoa, física ou jurídica, adquira um veículo financiado
através de leasing financeiro, no documento CRV de seu veículo, po-
pularmente conhecido como “DUT”, constará que a propriedade desse
bem é da financeira. Na parte inferior do documento, virá uma obser-
vação que se trata de um leasing.
Portanto, legalmente, o bem pertence ao banco (arrendador).
Mas quem de fato possui o risco, benefício e o controle desse veícu-
lo? A pessoa física/ jurídica arrendatária!
Atendendo às novas regras contábeis, bem como aos princípios de
contabilidade, que determina que a essência das transações deve preva-
lecer sobre seus aspectos formais, cabe ao arrendatário registrar o veículo
em seu imobilizado, mesmo que no documento oficial conste a financeira
como proprietária.
Para Moraes Júnior (2013), o inciso IV tem por intuito abranger o
arrendamento mercantil financeiro (leasing financeiro), que é um acor-
do pelo qual o arrendador transmite ao arrendatário, em troca de um
pagamento ou uma série de pagamentos, o direito de usar um ativo por
um período de tempo acordado.

Leasing operacional

No leasing operacional, a arrendatária, a princípio, não tem a inten-


ção de adquirir o bem ao final do contrato. Assim, após a utilização

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Contabilidade Avançada I

do bem pelo prazo estabelecido e cumpridas todas as suas obrigações


contratuais, a arrendatária poderá, ao final do contrato, ter as seguintes
opções: devolver o bem à arrendadora, prorrogar o prazo do contrato
ou exercer a opção de compra do bem pelo seu valor de mercado, à
época de tal opção.
O operacional, conforme o pronunciamento técnico, é um arrenda-
mento mercantil diferente de um arrendamento mercantil financeiro,
ouseja, no arrendamento mercantil operacional, não há a transferência
substancial dos riscos e benefícios inerentes à propriedade de um ativo.

Leasing financeiro x leasing operacional

Dessa maneira, os riscos e benefícios do ativo ficam com o arrendatá-


rio, no arrendamento mercantil financeiro. E os riscos e benefícios ficam
com o arrendador, no arrendamento mercantil operacional.
A classificação de um arrendamento mercantil como arrendamento
mercantil financeiro ou arrendamento mercantil operacional depende
da essência da transação e não da forma do contrato.
Exemplos de situações que, individualmente ou em conjunto, leva-
riam normalmente um arrendamento mercantil a ser classificado como
arrendamento mercantil financeiro são, além da análise de a quem ca-
bem os riscos e benefícios, as cinco características que determinam o
tipo de arrendamento, conforme o item 10 do CPC 06 (R1):

1. O arrendamento mercantil transfere a propriedade do ativo para o


arrendatário no fim do prazo do arrendamento mercantil;

2. O arrendatário tem a opção de comprar o ativo por um preço que


seja suficientemente mais baixo do que o valor justo à data em que a
opção se torne exercível, de forma que, no início do arrendamento mer-
cantil, seja razoavelmente certo que a opção será exercida;
3. O prazo do arrendamento mercantil refere-se à maior parte da vida
econômica do ativo, mesmo que a propriedade não seja transferida;
4. No início do arrendamento mercantil, o valor presente dos paga-
mentos mínimos do arrendamento mercantil totaliza, pelo menos
substancialmente, todo o valor justo do ativo arrendado; e

5. Os ativos arrendados são de natureza especializada de tal forma que


apenas o arrendatário pode usá-los sem grandes modificações.

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Contabilização

No caso de arrendamento mercantil operacional, que é uma


operação de locação de um determinado equipamento, temos a
seguinte contabilização:
D - Despesa com arrendamento operacional (resultado)
C – Caixa/bancos/contas a pagar (AC ou PC)
Exemplo: A empresa Estrela Solitária realiza uma operação de
arrendamento mercantil operacional, com prazo de 12 meses, ten-
do como objeto um veículo no valor de R$ 30.000,00. O pagamento
será realizado em 12 parcelas de R$ 500,00. Assim, teremos o seguinte
lançamento contábil:
D- Despesa com arrendamento operacional (resultado)
C – Caixa/bancos/contas a pagar (AC ou PC) 500,00
Cabe destacar que, conforme Moraes Júnior (2013), os pagamentos
do arrendamento mercantil operacional serão reconhecidos de forma line-
ar (valor igual para todos os meses do período do contrato), como despe-
sas do período, pelo regime de competência.
Já, se o arrendamento contratado no exemplo fosse o arrendamento
mercantil financeiro, que nada mais é do que uma operação de compra
financiada, então a contabilização seria:
D – Máquina
D – Encargos financeiros a transcorrer (retificadora do PC/PNC)
C – Arrendamento mercantil financeiro a pagar (PC/PNC)
Exemplo: A empresa Cometa Glorioso S/A realizou, em 31/12/2014,
uma operação de arrendamento mercantil operacional, com prazo de
24 meses, tendo como objeto um veículo no valor de R$ 30.000,00. O
pagamento será realizado em 24 parcelas de R$ 1.500,00.
D – Veículo ............ 30.000,00
D – Encargos financeiros a transcorrer (retificadora do PC). 3.000,00
D – Encargos financeiros a transcorrer (retificadora do PN-
CLP). 3.000,00
C – Arrendamento mercantil financeiro a pagar (PC). .. 18.000,00
C – Arrendamento mercantil financeiro a pagar (PNCLP). .. 18.000,00

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Contabilidade Avançada I

No começo do prazo de arrendamento mercantil financeiro, o ar-


rendatário deve reconhecer o ativo, que terá o mesmo valor contábil do
passivo (com a conta redutora encargos financeiros a transcorrer), pelo
menor entre os seguintes valores:
a) valor justo da propriedade arrendada ou
b) valor presente dos pagamentos mínimos do arrendamento mercantil.
Dessa maneira, se, no exemplo anterior, o valor presente das pres-
tações fosse de R$ 28.500,00, e o valor justo do veículo arrendado fosse
de R$ 30.000,00, o valor que lançaríamos a débito, referente ao veículo,
seria de R$ 28.500,00, e os encargos totalizariam R$ 7.500,00.
Teremos os seguintes lançamentos referentes ao pagamento das
prestações:
D - Arrendamento mercantil financeiro a pagar
C – Caixa/bancos. .... 1.500,00
Em relação ao reconhecimento da despesa financeira:
D – Despesa financeira
C - Encargos financeiros a transcorrer.... 312,50
Com a passagem do tempo, o que era longo prazo passa a ser curto
prazo, e os lançamentos contábeis, em 31/12/2015, serão os seguintes:
Em relação ao arrendamento mercantil financeiro a pagar:
D - Arrendamento mercantil financeiro a pagar (PNCLP)
C - Arrendamento mercantil financeiro a pagar (AC). .. 18.000,00
Quanto aos encargos financeiros a transcorrer:
D - Encargos financeiros a transcorrer (PNCLP)
C - Encargos financeiros a transcorrer (AC). .. 3.000,00
E, por fim, tendo em vista que se trata de um veículo, devemos regis-
trar a depreciação.

D- Despesa de depreciação
C -Depreciação acumulada
Quanto ao prazo de depreciação, se houver a convicção de que o arren-
datário irá obter o bem no fim do contrato, usaremos a vida útil do bem.
Caso contrário, iremos utilizar o prazo do contrato, dos dois o menor.

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Aula 4 • Balanço patrimonial: ativo não circulante

Atividade 1

Atende ao objetivo 1

(ESAF/ Analista da Receita Federal /2007)


Determinada empresa, cujo exercício social coincide com o ano-calen-
dário, pagou a quantia de R$ 1.524,00 de prêmio de seguro contra in-
cêndio no dia 30 de setembro de 2007.
A apólice pertinente a essa transação cobre riscos durante o período de
primeiro de outubro de 2007 a 30 de setembro de 2008.
Considerando o princípio da competência de exercícios, o contador da
empresa registrou o pagamento dos gastos na conta seguros a vencer.
No balanço patrimonial de 31 de dezembro de 2007, após as apropria-
ções de praxe, o saldo desta contadeverá ser de
a) R$ 1.260,00.
b) R$ 381,00.
c) R$ 1.055,00.
d) R$ 1.172,20.
e) R$ 1.143,00.

Resposta comentada
Lançamento em 30/09/2007:
D – Despesa antecipada de seguros/seguros a vencer (AC) .... 1.524,00
C – Caixa ... 1.524,00

Lançamentos mensais:
30/10/2007:
D – Despesas com seguros (resultado)... 1524,00/12 meses = 127,00
C – Seguros a vencer (AC). .. 127,00
Em 31/12/2007, teremos:
Seguros a vencer = 1524,00 – (127,00 x 3 meses) = 1.143,00
Gabarito: letra E

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Contabilidade Avançada I

Atividade 2

Atende ao objetivo 1

(IDECAN/DETRAN/RO/Contador /2014)
Uma empresa contratou um seguro contra incêndios em 30 de junho de
2013, cuja vigência é de 1º de julho de 2013 a 30 de junho de 2014. O
valor do prêmio pago foi de R$ 4.800,00.
De acordo com o regime de competência de exercícios e considerando
que o período contábil da empresa coincide com o ano-calendário, qual
é o lançamento contábil correto a ser realizado na empresa no dia 31 de
dezembro de 2013, para apropriar a parcela da despesa do prêmio que
beneficiou o exercício?
a) D – Seguros pagos antecipadamente 4.800,00
C – Caixa 4.800,00
b) D – Seguros pagos antecipadamente 4.800,00
C – Despesas de seguros 4.800,00
c) D – Despesas de seguros 2.400,00
C – Seguros pagos antecipadamente 2.400,00
d) D – Caixa 2.400,00
C – Seguros PAGOS ANTECIPADAMENTE 2.400,00
e) D – Despesas de SEGUROS 4.800,00
C – Caixa 4.800,00

Resposta comentada
Lançamento em 30/06/2013:
D – Despesa antecipada de seguros/seguros a vencer (AC) .... 4.800,00
C – Caixa ... 4.800,00

19
Aula 4 • Balanço patrimonial: ativo não circulante

Lançamentos mensais a partir de 31/07/2013:


D – Despesas com seguros (resultado)... 4.800,00/12 meses = 400,00
C – Seguros a vencer (AC). .. 400,00
Em 31/12/2013, teremos as contas abaixo com os seguintes saldos:
Despesas com seguros (resultado) = 400,00 x 6 meses = 2.400,00
Seguros a vencer = 4.800,00 – (400,00 x 6 meses) = 2.400,00
Gabarito: letra C

Atividade 3

Atende ao objetivo 2

(FCC/Analista de Gestão – Contabilidade/SABESP/2014)


Em 01/01/2013, a empresa Full S.A. adquiriu um caminhão pipa por
meio de arrendamento mercantil financeiro. O caminhão será pago em
quatro prestações anuais, iguais e consecutivas de R$ 50.000 cada, ven-
cendo a primeira em 31/12/2013. Na data da aquisição, o valor justo era
R$ 170.000 e o valor presente das prestações era R$ 173.000.
Sabendo que a taxa efetiva de juros era de 6,83% ao ano, que a vida útil
do caminhão pipa era de dez anos e que a empresa pretende ficar com
o bem no final do contrato, a empresa Full S.A. reconheceu, no ano de
2013, uma despesa
a) financeira de R$ 13.660.
b) financeira de R$ 11.611.
c) financeira de R$ 11.816.
d) de depreciação de R$ 17.300.
e) financeira de R$ 7.500.

Resposta comentada
No começo do prazo de arrendamento mercantil financeiro, o arren-
datário deve reconhecer o ativo, que terá o mesmo valor contábil do

20
Contabilidade Avançada I

passivo (com a conta redutora encargos financeiros a transcorrer), pelo


menor entre os seguintes valores:
valor justo da propriedade arrendada ou
valor presente dos pagamentos mínimos do arrendamento mercantil.
Portanto, AMF igual a R$ 170.000,00. A despesa de depreciação, refe-
rente ao prazo de 10 anos, seria de R$ 17.000,00.
Despesa financeira = R$ 170.000,00 x 6,83% = R$ 11.611,00
Gabarito: letra B

Atividade 4

Atende ao objetivo 1

(FCC/TCE-AM - adaptada)
São contas pertencentes ao ativo Intangível:
a) concessões, direitos sobre recursos minerais e patentes.
b) derivativos, direitos sobre recursos minerais e reflorestamento.
c) reflorestamento, benfeitorias em propriedades de terceiros e patentes.
d) benfeitorias em propriedades de terceiros, derivativos e concessões.
e) sistemas e aplicativos, reflorestamento e direitos sobre
recursos minerais.

Resposta comentada
Segundo, então, a Fundação Carlos Chagas, benfeitorias em imóveis de
terceiros seriam classificadas como imobilizado.
Gabarito: letra A

Ajuste a valor presente

21
Aula 4 • Balanço patrimonial: ativo não circulante

De acordo com Viceconti e Neves (2013, p. 333) ajustes a valor pre-


sente são ajustes efetuados em ativos e passivos monetários em função
do valor do dinheiro no tempo.
O ajuste a valor presente (AVP) foi regulamentado pelo Pronuncia-
mento técnico nº 12 do Comitê de Pronunciamento Contábeis (CPC).
Antes desse pronunciamento técnico, quando uma entidade reali-
zava, por exemplo, uma venda de R$ 200.000,00 para recebimento em
dois anos, a contabilidade efetuava o lançamento considerando este va-
lor como receita de vendas daquele ano.
D – clientes
C – Receita de vendas. 200.000,00
Com o AVP, a contabilidade deve repetir o lançamento, uma vez que
o fato gerador da venda de fato ocorreu, mas não com o valor de R$
200.000,00. Tendo em vista que somente iremos receber os R$ 200 mil
daqui a dois anos, teremos, então, que calcular quanto vale esse dinheiro
na data presente/atual.
Portanto, esse valor será trazido a valor presente, através da conta
AVP. Dessa maneira, a receita de vendas será reduzida e os tributos,
incidentes sobre as vendas, também.
Conforme a Lei 6.404/76, alterada pela Lei 11.638/07, temos, no ar-
tigo 183, inciso VIII, a seguinte informação:
Os elementos do ativo decorrentes de operações de longo prazo se-
rão ajustados a valor presente, sendo os demais ajustados quando hou-
ver efeito relevante.
Já o artigo 184, inciso III, informa o seguinte “As obrigações, encargos
e riscos classificados no passivo não circulante serão ajustados a seu va-
lor presente, sendo os demais ajustados quando houver efeito relevante”.
Dessa maneira, podemos perceber que o AVP se aplica, sempre, aos
ativos e passivos de longo prazo, bem como aos de curto prazo, mas
somente quando estes forem relevantes.
Já o item 21 do CPC 12 afirma que:

Os elementos integrantes do ativo e do passivo decorrentes de


operações de longo prazo, ou de curto prazo quando houver efei-
to relevante, devem ser ajustados a valor presente com base em
taxas de desconto que reflitam as melhores avaliações do merca-

22
Contabilidade Avançada I

do quanto ao valor do dinheiro no tempo e os riscos específicos


do ativo e do passivo em suas datas originais.

Ajuste a valor presente no ativo

Como exemplo, podemos apontar o seguinte caso:


A empresa XZ realiza uma venda de mercadoria a longo prazo, 24
meses, no valor de R$ 200.000,00. Se a empresa tivesse realizado a
venda à vista, teria recebido o valor de R$ 176.000,00. Dessa maneira,
percebe-se que os R$ 24.000,00 são, na verdade, os juros cobrados pelo
prazo para a realização do pagamento.
Antes do AVP:
D – Clientes (LP). .. 200.000
C – Receitas de vendas... 200.000
Após o AVP:
D - Clientes (LP). ... 200.000
C – Receitas de vendas. 176.000
C–AVP/Juros ativos a vencer (ANCRLP retificadora). .. 24.000
No balanço patrimonial, teremos as seguintes contas com seus
respectivos saldos:
ANC – Realizável a longo prazo
Clientes. .... 200.000
(-) AVP/Juros ativos a vencer ... 24.000
Então, o valor presente será de R$ 176.000,00.
Pelo regime de competência, iríamos reconhecer mensalmente a re-
ceita referente ao ajuste, da seguinte maneira:
D – AVP/Juros ativos a vencer (ANCRLP – retificadora). ..1.000
(24.000/24 meses)
C – Receita financeira/juros ativos. . 1.000
Lançamento contábil no momento do recebimento:
D - Caixa/bancos (ativo circulante)
C – Clientes (AC) ....... 200.000

23
Aula 4 • Balanço patrimonial: ativo não circulante

O AVP, além de reduzir a receita bruta de vendas, acaba, também,


por reduzir a carga tributária incidente sobre as vendas.
Outra característica do AVP é que passamos a ter uma conta re-
tificadora incidente sobre o valor do direito, o que ocasiona uma
maior fidedignidade à informação contábil-financeira.

Ajuste a valor presente no passivo

Já em relação às contas do passivo, podemos apontar o


seguinte exemplo:
A empresa XYY S/A comprou, em 01/02/2015, mercadorias a prazo,
por R$ 200.000,00, com pagamento previsto para 30/01/2017. Sabe-se
ainda que, utilizando determinada taxa de juros, o valor presente desta
operação passa a ser de R$ 176.000,00.
Dessa maneira, percebe-se que a diferença de R$ 24.000,00 são os
juros cobrados devido à concessão de um prazo para o pagamento da
mercadoria. E esses juros, por representarem um valor a mais a ser
pago, serão tratados como despesas financeiras, devendo ser apropria-
dos ao resultado mensalmente até a data do pagamento.

Lançamento contábil:

D – Mercadorias. ... 176.000


D – AVP/Juros a vencer (PNC LP – retificadora) ... 24.000
C – Fornecedores (ANC ELP) ... 200.000
No passivo não circulante, teríamos as seguintes contas:
PNC – Exigível a longo prazo
Fornecedores. ... 200.000
(-) AVP/Juros a vencer....24.000
Então, o valor presente de fornecedores será de R$ 176.000,00.

24
Aula 4 • Balanço patrimonial: ativo não circulante

Pelo regime de competência, iríamos reconhecer mensalmente a


despesa referente ao ajuste da seguinte forma:
D - Despesa de juros (resultado)
C - AVP/Juros a vencer (PNC LP – retificadora) .... 1.000
Lançamento contábil no momento do pagamento:
D - Fornecedores (passivo circulante)
C – Caixa/bancos (AC) ....... 200.000

Testes de recuperabilidade

TESTE DE RECUPERABILIDADE / Redução ao Valor Recuperável de Ativos

O teste de recuperabilidade (impairment) consiste no confronto entre o valor contábil de


um ativo com seu valor recuperável.
Nenhum ativo pode ser evidenciado no Balanço Patrimonial por valor superior ao valor
recuperável pelo uso ou pela venda do ativo.

Art. 183. No balanço, os elementos do ativo serão avaliados segundo os seguintes


critérios:
§ 3o A companhia deverá (portanto, é uma obrigatoriedade) efetuar,
periodicamente, análise sobre a recuperação dos valores registrados no imobilizado e
no intangível, a fim de que sejam:
Qual o período? Apesar de a Lei 6404/76 não especificar esse período, o CPC 01
prescreve que o teste deve ser realizado periodicamente, no mínimo, anualmente.
A Lei também diz que serão o imobilizado e o intangível, mas, pela doutrina contábil e
o CPC 01, veremos que são, com algumas exceções, todo o ativo.
I – registradas as perdas de valor do capital aplicado quando houver decisão de
interromper os empreendimentos ou atividades a que se destinavam ou quando
comprovado que não poderão produzir resultados suficientes para recuperação desse
valor; ou (Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007)
II – revisados e ajustados os critérios utilizados para determinação da vida útil
econômica estimada e para cálculo da depreciação, exaustão e amortização. (Incluído
pela Lei nº 11.638,de 2007)
Assim, a Lei 6404/76 aponta duas finalidades/hipóteses do teste: (Interrupção
das atividades e Determinação da Vida Útil Econômica)
* registrar as perdas de valor do capital aplicado quando houver decisão de
interromper os empreendimentos ou atividades a que se destinavam ou quando
comprovado que não poderão produzir resultados suficientes para recuperação desse
valor;

30
Contabilidade Avançada I
* revisar e ajustar os critérios utilizados para determinação da vida útil econômica
estimada e para cálculo da depreciação, exaustão e amortização. CPC 04; CPC 27

O CPC 01 tem por Objetivo estabelecer procedimentos que a entidade deve aplicar para
assegurar que seus ativos estejam registrados contabilmente por valor que não exceda
seus valores de recuperação.
O CPC 01 é aplicado na contabilização de ajuste para perdas por desvalorização de
todos os ativos, exceto:
a) estoques; b) ativos advindos de contratos de construção;
c) ativos fiscais diferidos; d) ativos advindos de planos de benefícios a empregados;
e) ativos financeiros que estejam dentro do alcance dos Pronunciamentos Técnicos do
CPC que disciplinam instrumentos financeiros*; f) propriedade para investimento que
seja mensurada ao valor justo; g) ativos biológicos
h) custos de aquisição diferidos e ativos intangíveis advindos de direitos contratuais de
companhia de seguros contidos em contrato de seguro; e
i) ativos não circulantes (ou grupos de ativos disponíveis para venda) classificados
como mantidos para venda.
* O CPC 01 é aplicado a ativos financeiros classificados como controladas, coligadas e
empreendimento controlado em conjunto (item 4, CPC 01).

Periodicidade
De acordo com o CPC 01, a entidade deve avaliar ao fim de cada período de reporte,
se há alguma indicação de que um ativo possa ter sofrido desvalorização. Se houver
alguma indicação, a entidade deve estimar o valor recuperável do ativo.
Observe que para os ativos em geral, somente se houver indicação de desvalorização do
ativo é que a entidade irá estimar o valor recuperável.
Porém, essa sistemática é diferente para os seguintes ativos:
§ Intangível com vida útil indefinida;
§ Intangível não disponível para uso;
§ Ágio pago por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) em combinação de
negócios
As exceções ocorrem pois não sofrem depreciação/exaustão/amortização. Nesse
sentido, há necessidade de a entidade testar esses ativos, independentemente de existir,
ou não, qualquer indicação de redução ao valor recuperável (indício de perda).
Então:
Ativos em Geral ---Se houver indicativo de desvalorização – ao fim de cada período de
reporte
Intangível e Goodwill – Independentemente do indicativo de desvalorização – no
mínimo anualmente

O teste de recuperabilidade (impairment) consiste no confronto entre o valor contábil de


um ativo com seu valor recuperável.
Nenhum ativo pode ser evidenciado no Balanço Patrimonial por valor superior ao valor
recuperável pelo uso ou pela venda do ativo.
Sempre que uma empresa adquire um ativo ela espera que esse ativo gere

31
Aula 4 • Balanço patrimonial: ativo não circulante
benefícios econômicos futuros e, portanto, que o valor seja recuperado, ou seja, retorne
para empresa por meio do uso do ativo ou por meio de sua venda.
É aqui que surgem os conceitos de valor em uso e valor líquido de venda.
O VALOR CONTÁBIL é o montante pelo qual o ativo está reconhecido no BP depois
da dedução de toda respectiva depreciação, amortização ou exaustão acumulada e ajuste
para perdas.
O VALOR RECUPERÁVEL, por sua vez, é definido como o MAIOR VALOR entre o
VALOR LÍQUIDO DE VENDA do ativo e o VALOR EM USO desse ativo.
O VALOR LÍQUIDO DE VENDA é o valor a ser obtido pela venda do ativo em uma
transação em condições normais envolvendo partes conhecedoras e independentes,
deduzido das despesas necessárias para que essa venda ocorra.
O VALOR EM USO de um ativo imobilizado é o valor presente dos fluxos de caixa
futuros estimados (benefícios econômicos futuros esperados do ativo) decorrentes do
seu emprego ou uso nas operações da entidade.
Reconhecimento e Mensuração de Perda por Desvalorização
Ativo Individual
A entidade deve reconhecer uma perda por desvalorização de um ativo no resultado do
período apenas se o valor contábil desse ativo for superior ao seu valor recuperável.
Se Valor Contábil > Valor Recuperável = Perda por desvalorização
Nessa situação, a entidade deve reduzir o valor contábil do ativo ao seu valor
recuperável. A perda por desvalorização a ser reconhecida no resultado do período é
mensurada com base no montante em que o valor contábil do ativo supera seu valor
recuperável.

A contabilização da perda é a seguinte:


D – Perda por desvalorização (despesa: resultado)
C – Perda estimada por valor não recuperável (retificadora do Ativo).

Se, por outro lado, o ativo estiver registrado por valor inferior ao valor recuperável,
nenhuma providência deverá ser tomada pela entidade.

Perda por Desvalorização de Ativo Reavaliado


Conforme o CPC 01, a perda por desvalorização do ativo deve ser reconhecida
imediatamente na demonstração do resultado, a menos que o ativo tenha sido
reavaliado.
Qualquer desvalorização de ativo reavaliado deve ser tratada como diminuição do saldo
da reavaliação.
A perda por desvalorização de ativo reavaliado deve ser reconhecida em outros
resultados abrangentes (na reserva de reavaliação) na extensão em que a perda por
desvalorização não exceder o saldo da reavaliação reconhecida para o mesmo ativo.
Essa perda por desvalorização sobre o ativo reavaliado reduz a reavaliação reconhecida

32
Contabilidade Avançada I
para o ativo.
Quando o montante estimado da perda por desvalorização for maior do que o valor
contábil do ativo ao qual se relaciona, a entidade deve reconhecer um passivo se, e
somente se, isso for exigido por outro Pronunciamento Técnico.
A perda por desvalorização do ativo deve ser reconhecida imediatamente na
demonstração do resultado, a menos que o ativo tenha sido reavaliado.

Indicadores da Desvalorização do Ativo


Pelo CPC 01, ao avaliar se há alguma indicação de que um ativo possa ter sofrido
desvalorização, a entidade deve considerar, no mínimo, as seguintes indicações:

Fontes externas Fontes Internas


Há indicações observáveis de que o Evidência disponível de
valor do obsolescência ou
ativo diminuiu significativamente de dano físico de um ativo.
durante o
período, mais do que seria de se
esperar como
resultado da passagem do tempo ou
do uso
normal.
Mudanças significativas com efeito Mudanças significativas, com
adverso efeito
sobre a entidade ocorreram ou adverso sobre a entidade,
ocorrerão, no ocorreram ou
ambiente tecnológico, de mercado, ocorrerão, na extensão pela
econômico ou legal. qual, ou na
maneira na qual, um ativo é
ou será
utilizado*.
As taxas de juros de mercado ou Evidência disponível,
outras taxas proveniente de
aumentaram durante o período, e relatório interno, que indique
esses que o
aumentos provavelmente afetarão a desempenho econômico de
taxa de um ativo é ou
desconto utilizada no cálculo do será pior que o esperado.
valor em uso
de um ativo e diminuirão
materialmente o valor
recuperável do ativo.
O valor contábil do patrimônio
líquido da
entidade é maior do que o valor de

33
Aula 4 • Balanço patrimonial: ativo não circulante
suas ações
no mercado.

* As mudanças incluem o ativo que se torna inativo ou ocioso, planos para


descontinuidade ou reestruturação da operação à qual um ativo pertence, planos para
baixa de ativo antes da data anteriormente esperada e reavaliação da vida útil de ativo
como finita ao invés de indefinida.
Deve-se observar que a relação acima não é exaustiva. A entidade pode identificar
outras indicações ou fontes de informação de que um ativo pode ter se desvalorizado,
exigindo que a entidade determine o seu valor recuperável ou, no caso do ágio pago por
expectativa de rentabilidade futura (goodwill), proceda ao teste de recuperação.
Vale ainda destacar o seguinte item do CPC 01:
Se houver indicação de que um ativo possa ter sofrido desvalorização, isso pode indicar
que a vida útil remanescente, o método de depreciação, amortização e exaustão ou o
valor residual para o ativo necessitem ser revisados e ajustados em consonância com os
Pronunciamentos Técnicos aplicáveis ao ativo, mesmo que nenhuma perda por
desvalorização seja reconhecida para o ativo.

Reversão da Perda por Desvalorização


Conforme o CPC 01, uma perda por desvalorização reconhecida em períodos anteriores
para um ativo, exceto o ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill), deve ser
revertida se, e somente se, tiver havido mudança nas estimativas utilizadas para
determinar o valor recuperável do ativo desde a última perda por desvalorização que foi
reconhecida.
Se esse for o caso, o valor contábil do ativo deve ser aumentado para seu valor
recuperável. Esse aumento ocorre pela reversão da perda por desvalorização.
De acordo com o item 117 do PC 01, o Limite da reversão da perda é igual ao valor do
custo contábil do ativo, caso não houvesse nenhuma perda por desvalorização.
Pelo CPC 01, a reversão de perda por desvalorização reflete um aumento no potencial
de serviços estimados de um ativo, ou pelo uso ou pela venda, desde a data em que a
entidade reconheceu pela última vez uma perda por desvalorização para o ativo.
Observação: o CPC 01 destaca que o valor em uso de um ativo pode se tornar maior do
que seu valor contábil simplesmente porque o valor presente de futuras entradas de
caixa aumenta na medida em que essas entradas se tornam mais próximas da data atual.
Entretanto, o potencial de serviços do ativo não aumentou. Portanto, a perda por
desvalorização não deve ser revertida simplesmente por causa da passagem do tempo,
mesmo que o valor recuperável do ativo se torne maior do que seu valor contábil.

Reversão de Perda por Desvalorização para Ativo Individual


Pelo CPC 01, o aumento do valor contábil de um ativo, exceto o ágio por expectativa de
rentabilidade futura (goodwill), atribuível à reversão de perda por desvalorização não
deve exceder o valor contábil que teria sido determinado (líquido de depreciação,
amortização ou exaustão), caso nenhuma perda por desvalorização tivesse sido
reconhecida para o ativo em anos anteriores.
Essa regra, prevista no CPC 01 diferencia o aumento do valor contábil decorrente da

34
Contabilidade Avançada I
reversão da perda do aumento decorrente de reavaliação, atualmente proibida pela
legislação brasileira.
A reversão de perda por desvalorização de um ativo, exceto o ágio por expectativa de
rentabilidade futura (goodwill), deve ser reconhecida imediatamente no resultado do
período, a menos que o ativo esteja registrado por valor reavaliado de acordo com outro
Pronunciamento (o que atualmente é uma situação que não ocorre na prática, pois a
legislação brasileira não permite a reavaliação).

A contabilização da reversão da perda:


D – Perda estimada por valor não recuperável (retificadora do Ativo)
C – Reversão de Perda por desvalorização (receita: resultado)
Após a reversão de perda por desvalorização é reconhecida, a despesa de depreciação,
amortização ou exaustão para o ativo deve ser ajustada em períodos futuros para alocar
o valor contábil revisado do ativo menos seu valor residual (se houver) em base
sistemática sobre sua vida útil remanescente. Estudaremos, na prática, esse ponto
quando resolvermos algumas questões sobre depreciação, no âmbito do estudo do CPC
27 – Ativo Imobilizado.

Reversão de perda por desvalorização para uma unidade geradora de caixa


A reversão de perda por desvalorização para uma unidade geradora de caixa deve ser
alocada aos ativos da unidade, exceto o ágio por expectativa de rentabilidade futura
(goodwill), proporcionalmente ao valor contábil desses ativos. Esses aumentos em
valores contábeis devem ser tratados como reversão de perdas por desvalorização de
ativos individuais e reconhecidos imediatamente no resultado do período.
É o mesmo procedimento que estudamos para os ativos individuais. Apenas o CPC
informa que a reversão da perda deve ser alocada de forma proporcional, o que é bem
lógico, não é mesmo?

Reversão de perda por desvalorização do ágio por expectativa de rentabilidade


futura (goodwill)
Conforme o CPC 01, a perda por desvalorização reconhecida para o ágio por
expectativa de rentabilidade futura (goodwill) não deve ser revertida em período
subsequente.
O CPC 01 explica que o Pronunciamento Técnico CPC 04 – Ativo Intangível proíbe o
reconhecimento de ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) gerado
internamente.
Nesse sentido, qualquer aumento no valor recuperável do ágio pago por expectativa de
rentabilidade futura (goodwill) nos períodos subsequentes ao reconhecimento de perda
por desvalorização para esse ativo é equivalente ao reconhecimento de ágio por
expectativa de rentabilidade futura gerado internamente (goodwill gerado internamente)
e não reversão de perda por desvalorização reconhecida para o ágio pago por
expectativa de rentabilidade futura (goodwill).
Cabe informar que existem dois tipos de ágios (Goodwill): o ágio pago e o ágio gerado
internamente.
O ÁGIO PAGO ocorre quando a empresa adquire um investimento por valor superior

35
Aula 4 • Balanço patrimonial: ativo não circulante
ao valor justo. Em termos mais técnicos, é representado pela diferença positiva entre o
valor pago (ou valores a pagar) e o montante líquido proporcional adquirido do valor
justo dos ativos e passivos da entidade adquirida.

Ágio pago por rentabilidade futura = valor pago – valor justo


O ÁGIO GERADO INTERNAMENTE, por sua vez, ocorre quando a própria empresa
por meio de suas pesquisas e atividades gera um valor agregado a determinado
intangível, ocorrendo uma expectativa de rentabilidade futura.
Assim, o que o CPC diz que o aumento no valor recuperável do ágio pago após já ter
sido reconhecida uma perda equivale ao reconhecimento de um ágio gerado
internamente. E, como o CPC 04 proíbe o reconhecimento de ágio gerado internamente,
a perda por desvalorização reconhecida para o ágio (pago) por expectativa de
rentabilidade futura (goodwill) não deve ser revertida em período subsequente.
A perda por desvalorização reconhecida para o ágio por expectativa de rentabilidade
futura (goodwill) não deve ser revertida em período subsequente.

Divulgação
A entidade deve divulgar as seguintes informações para cada classe de ativos:
a) o montante das perdas por desvalorização reconhecido no resultado do período e a
linha da demonstração do resultado na qual essas perdas por desvalorização foram
incluídas;
b) o montante das reversões de perdas por desvalorização reconhecido no resultado do
período e a linha da demonstração do resultado na qual essas reversões foram incluídas;
c) o montante de perdas por desvalorização de ativos reavaliados reconhecido em outros
resultados abrangentes durante o período; e
d) o montante das reversões das perdas por desvalorização de ativos reavaliados
reconhecido em outros resultados abrangentes durante o período.

Atividade 5

Atende ao objetivo 3

(FCC/2009/SEFAZ-SP/ Agente Fiscal de Rendas - Gestão Tributária)


Uma empresa tem inscrito um saldo relevante em seus ativos, na conta
valores a receber. Nesse caso, a empresa deverá
a) ajustar os recebíveis a valor presente, lançando os ajustes a valor pre-
sente em conta de despesa financeira.
b) provisionar o ajuste a valor presente, criando uma retificadora da
conta que originou a operação inicial.

36
Contabilidade Avançada I
c) ajustar os recebíveis pela taxa Selic, lançando o valor do ajuste em
conta de patrimônio líquido.
d) calcular proporcionalmente o valor do desconto a valor presente me-
diante aplicação de taxa média anual praticada pela empresa e creditar
direto no saldo de recebíveis.
e) ajustar os recebíveis, calculando seu valor presente e registrando-o
em conta de receita financeira.

Resposta comentada
Conforme visto nesta aula: AVP se aplica, sempre, aos ativos e passivos
de longo prazo, bem como aos de curto prazo, mas somente quando
estes forem relevantes.
Gabarito: letra A

37
Aula 4 • Balanço patrimonial: ativo não circulante

Atividade 6 –

Atende ao objetivo 3

(VUNESP/2014/SP-URBANISMO/Analista Administrativo)
No que tange ao ajuste a valor presente – AVP, conforme previsto no
CPC12, ativos e passivos monetários, com juros implícitos ou explícitos
embutidos, devem ser mensurados
a) pelas regras dos ativos e passivos financeiros, considerando ainda a
limitação imposta pelos instrumentos financeiros.
b) pelo seu valor de liquidação, considerando o valor do custo inicial
de investimento.
c) pelo seu valor presente, quando do seu reconhecimento inicial,
por ser este o valor de custo original dentro da filosofia de valor justo
(fair value).
d) pelo seu valor inicial, acrescido dos referidos juros, trazidos a valor
de mercado, uma vez que se trata de fluxo de caixa operacional.
e) pelo seu valor corrente, quando do seu reconhecimento inicial e valo-
rização do seu preço de resgate; dos dois, o menor.

Resposta comentada
CPC 12 - Mensuração, Diretrizes Gerais, item 9: “Ativos e passivos mo-
netários com juros implícitos ou explícitos embutidos devem ser men-
surados pelo seu valor presente quando do seu reconhecimento inicial,
por ser este o valor de custo original dentro da filosofia de valor justo
(fair value)...”
Gabarito: letra C

38
Contabilidade Avançada I

Atividade 7

Atende ao objetivo 3

(CESPE/2010/ABIN/Oficial Técnico de Inteligência/ Ciências Contá-


beis)
O critério para avaliação de elementos do passivo não circulante –
obrigações, encargos e riscos – é o método de ajuste ao valor presente,
apenas se houver efeito relevante no resultado.
( ) Certo ( ) Errado

Resposta comentada
Errado, pois ocorrerá também no longo prazo.

Atividade 8

Atende ao objetivo 1

Impostos a serem pagos no exercício seguinte aparecem no:


a) passivo circulante;
b) passivo exigível a longo prazo;
c) resultado de exercícios futuros;
d) ativo circulante;
e) patrimônio líquido, como redutoras deste grupo.

Resposta comentada
Passivo circulante, pois é uma obrigação a ser paga no exercício social
seguinte.

39
Aula 4 • Balanço patrimonial: ativo não circulante

Atividade 9

Atende ao objetivo 2

(FGV/ Auditor Fiscal da Fazenda Estadual/SEFAZ-RJ/2008)


Em consonância à Resolução CFC 921/01, determine o valor do passivo
circulante da cia. arrendatária a ser apurado logo após o reconhecimen-
to contábil do contrato de arrendamento mercantil firmado entre ela e
a entidade arrendadora, segundo o qual a arrendatária se obriga a pagar
cinco prestações anuais e iguais no valor unitário de R$ 8.500,00, mais o
valor da opção de compra no montante de R$190,76 ao final do quinto
ano, juntamente com a última prestação anual; e a arrendadora se obri-
ga a entregar, nesse ato, o bem arrendado (um veículo que será utilizado
para arrendatária em suas atividades operacionais normais).
Sabe-se que:
• o contrato foi firmado em 31/12/2008;
• a primeira prestação venceu em 31/12/2009 e todas as demais presta-
ções vencem no dia 31 de dezembro dos anos subsequentes;
• o valor de mercado do bem arrendado, à vista, é R$ 30.000,00;
• a taxa de juros implícita no contrato é 13% ao ano.
• balanço patrimonial da cia. arrendatária apurado em 31/12/2008
imediatamente antes de o contrato em tela ter sido reconhecido con-
tabilmente é o seguinte:
ativo circulante ............ 20.000,00
realizável a longo prazo ... 30.000,00
ativo permanente ........... 50.000,00
passivo circulante ......... 15.000,00
exigível a longo prazo ..... 25.000,00
patrimônio líquido ......... 60.000,00

a) R$ 3.900,00
b) R$ 8.500,00
c) R$ 15.000,00

40
Aula 4 • Balanço patrimonial: ativo não circulante

d) R$ 19.600,00
e) R$ 23.500,00

Resposta comentada
Encargos financeiros a transcorrer (PC). ... 30.000,00 x 13% = 3.900,00
Encargos financeiros a transcorrer (PC). .. 3.900,
Encargos financeiros a Transcorrer (PNC LP)...
Lançamento em 31/12/2008
D – veículo ............ 30.000,00
D – encargos financeiros a transcorrer/EFT (retificadora do
PC). 3.900,00
D – EFT (retificadora do PNCLP). 8.790,76
C – arrendamento mercantil financeiro a pagar/AMF (PC).....8.500,00
C – AMF a pagar (PNCLP). ... 34.190,76 (8.500x4+190,76(vr residual))
Passivo circulante
Dividas anteriores 15000
Arrendamento a pagar 8500
Encargos financeiros a transcorrer (3900)
Passivo 19600
Gabarito: letra D

Atividade 10

Atende ao objetivo 2

(FCC/ Auditor Fiscal da Fazenda Estadual/ SEFAZ-PI/2015)


Em 31/12/2013, a cia. transportadora adquiriu um caminhão por meio
de um contrato de arrendamento mercantil financeiro. O contrato será
pago em cinco parcelas anuais, iguais e consecutivas de R$ 80.000,00,
vencendo a primeira parcela em 31/12/2014.

34
Contabilidade Avançada I

Sabe-se que o valor presente das prestações, na data de início do con-


trato de arrendamento, era R$ 288.000,00 e que, se a cia. transportadora
tivesse adquirido o caminhão à vista, teria pagado R$ 300.000,00 (valor
justo). A vida útil do caminhão é de cinco anos, o valor residual espera-
do no final desse prazo será zero e a empresa utiliza o método das cotas
constantes para cálculo da depreciação.
Com base nessas informações, a cia. transportadora reconheceu
a) despesa no valor de R$ 80.000,00 em 2014.
b) receita financeira no valor de R$ 12.000,00 em 31/12/2013.
c) um ativo no valor de R$ 300.000,00 em 31/12/2013.
d) um passivo no valor de R$ 400.000,00 em 31/12/2013.
e) um ativo no valor de R$ 288.000,00 em 31/12/2013.

Resposta comentada
Lançamento em 31/12/2013:
D – Veículo 288.000,00
D – Encargos financeiros a transcorrer/EFT (retificadora do
PC). 22.400,00
D – EFT (retificadora do PNCLP). 89.600,00
C – Arrendamento mercantil financeiro a pagar/AMF (PC). ... 80.000,00
C – AMF a pagar (PNCLP). ... 320.000,00
Em 31/12/2014:
D - Arrendamento Mercantil Financeiro a Pagar
C – Caixa/Bancos. ... 80.000,00
Em relação ao reconhecimento da despesa financeira:
D – Despesa financeira
C - Encargos financeiros a transcorrer .... 22.400,00
Gabarito: letra E

35
Aula 4 • Balanço patrimonial: ativo não circulante

Atividade 11

Atende ao objetivo 2

(2014/CFC/Técnico em contabilidade)
Uma sociedade empresária adquiriu um ativo imobilizado por meio
de arrendamento mercantil financeiro em 60 parcelas mensais de R$
1.000,00 cada.
O valor presente das prestações equivale ao valor justo do ativo arrenda-
do que é de R$ 43.500,00.
No momento da aquisição, a sociedade empresária deve reconhecer:
a) Um ativo de R$60.000,00.
b) Um ativo de R$60.000,00 e uma despesa financeira de R$16.500,00.
c) Um ativo de R$43.500,00 e uma despesa financeira de R$16.500,00.
d) Um ativo de R$43.500,00.

Resposta comentada
No momento da realização do AMF:
D – Imobilizado ........... 43.500,00
D – Encargos financeiros a transcorrer PC/PNC(retificadora do PC/
PNC). 16.500,00
C – Arrendamento mercantil financeiro a pagar (PC/PNC). ... 60.000,00
No próximo mês:
D - Arrendamento mercantil financeiro a pagar
C – Caixa/bancos. ... 1.000,00
D – Despesa financeira
C - Encargos financeiros a transcorrer.....(16.500,00/60 meses) ... 275,00
Observa-se que a questão pede no momento da realização do arrenda-
mento mercantil financeiro, portanto, não se utiliza despesa financeira.
Gabarito: letra D

36
Contabilidade Avançada I

Atividade 12

Atende ao objetivo 1

(ESAF/AFRF-2001) Aplicações em investimentos temporários que


apresentem características de liquidez imediata são classificadas no
ativo como:
a) valores realizáveis;
b) investimentos;
c) não circulante;
d) permanente;
e) disponível.

Resposta comentada
Ativo circulante é dividido em:
- disponibilidades -> caixa, banco, aplicações financeiras de liquidez
imediata, numerário em trânsito.
- direitos realizáveis no curso do exercício social subsequente
- aplicações dos recursos em despesas do exercício seguinte.
Gabarito: letra E

Atividade 13

Atende ao objetivo 1

(2015/FUNESP/TJ/MS/Juiz Substituto)
Considerando-se o balanço patrimonial e a classificação das contas do
ativo nas sociedades por ações, é correto afirmar que as disponibilidades,
os direitos realizáveis no curso do exercício social subsequente e as apli-
cações de recursos em despesas do exercício seguinte serão classificados

37
Aula 4 • Balanço patrimonial: ativo não circulante

a) em investimentos;
b) no intangível;
c) no ativo circulante
;d) no ativo imobilizado;
e) no ativo realizável.

Resposta comentada
Conforme correção da questão anterior:
O ativo circulante é dividido em:
- disponibilidades -> caixa, banco, aplicações financeiras de liquidez
imediata, numerário em trânsito.
- direitos realizáveis no curso do exercício social subseqüente
- aplicações dos recursos em despesas do exercício seguinte.
Gabarito: letra C

Atividade 14

Atende ao objetivo 1

(2010/CESGRANRIO/EPE/ Analista de Gestão - Contabilidade)


De acordo com o art. 178, da Lei no 6.404/76, “no balanço, as contas
serão classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem,
e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação
financeira da Companhia”. No ativo, as contas serão dispostas em ordem
decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas registrados, e serão
classificadas no(s)
a) ativo realizável a longo prazo: disponibilidades, direitos realizáveis
no curso do exercício social subsequente e aplicações de recursos em
despesas do exercício seguinte.
b) ativo imobilizado: direitos que tenham por objeto bens corpóreos
destinados à manutenção das atividades da companhia ou da empre-

38
Contabilidade Avançada I

sa ou exercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes de ope-


rações que transfiram à companhia os benefícios, riscos e o controle
desses bens.
c) ativo circulante: direitos realizáveis após o término do exercício se-
guinte, assim como os derivados de vendas, adiantamentos ou emprés-
timos a sociedades coligadas ou controladas, diretores, acionistas ou
participantes no lucro da companhia, que não constituírem negócios
usuais na exploração do objeto da companhia.
d) intangível: participações permanentes em outras sociedades e direi-
tos de qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante, e que não
se destinem à manutenção da atividade da companhia ou da empresa.
e) investimentos: direitos que tenham por objeto bens incorpóreos des-
tinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade,
inclusive o fundo de comércio adquirido.

Resposta comentada
Conforme o art. 179, IV, da Lei no 6.404/76, são classificados no imo-
bilizado os direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à
manutenção das atividades da companhia ou da empresa ou exercidos
com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfi-
ram à companhia os benefícios, riscos e controle desses bens.
Gabarito: letra B

Atividade 15

Atende ao objetivo 1

(2014/AOCP- EBSERH/HUSM-UFSM/Analista Administrativo


Contabilidade)
Benfeitorias em imóveis de terceiros devem ser reconhecidas como
a) ativo circulante – estoque;b) passivo circulante – obrigações
diversas;c) ativo não circulante – imobilizado;d) ativo não circulante –
investimentos permanentes;e) ativo não circulante – intangível.

39
Aula 4 • Balanço patrimonial: ativo não circulante

Resposta comentada
Apesar de a Lei 11.638/07 estabelecer que os bens incorpóreos, destinados à
atividade da empresa, passaram a ser classificados no intangível, a Delibera-
ção CVM 565/2008 que aprova o Pronunciamento CPC 13 classifica a con-
ta “Benfeitorias em Imóveis de Terceiros” – que registra os gastos efetuados
em imóveis e propriedades alugados de terceiros – no imobilizado, quando
os gastos não forem restituíveis e quando classificáveis como ativo.
Benfeitorias em imóveis de terceiros são as construções, restaurações,
reformas, acréscimos etc. em bens de propriedade de terceiros, manti-
dos a título de locação ou de empréstimos. Exemplo: edificação constru-
ída em terreno alheio.
Para Ferreira (2012, p. 265), caso haja o direito à restituição dos valo-
res gastos com as benfeitorias em propriedade de terceiros, o correto é
registrar o crédito correspondente no ativo circulante ou no realizável
a longo prazo.
Gabarito: letra C

Atividade 16

Atende ao objetivo 1

(2009/FCC/TJ-PI/Técnico Judiciário – Contabilidade)


É uma conta de ativo sujeita à amortização:
a) marcas e patentes;
b) recursos florestais próprios;
c) terrenos;
d) jazidas minerais;
e) benfeitorias reembolsáveis em imóveis de terceiros.

Resposta comentada
A alternativa E apresenta erro, pois a questão informa que as benfeitoras
são reembolsáveis. As benfeitorias em imóveis de terceiros só poderão

40
Contabilidade Avançada I

ser amortizadas se a entidade não for ressarcida pelo gasto efetuado


com a benfeitoria e se o contrato tiver duração limitada.
Gabarito: letra A

Atividade 17

Atende ao objetivo 1.

(FCC/2014/TRF - 4a REGIÃO/Técnico Judiciário – Contabilidade)


A Cia. A Bola da Vez S.A. realizou as seguintes transações durante o mês
de maio de 2014:
I. compra de equipamentos industriais, à vista, para serem utilizados no
processo produtivo;
ii. obtenção de empréstimos para serem liquidados integralmente (prin-
cipal e juros) em outubro de 2016;
iii. compra de equipamentos especiais, à vista, para serem revendidos
durante 2014.
IV. compra de 100% da Cia. Passou a Vez S.A. para fins de diversificação
de atividade econômica.
A Cia. A Bola da Vez S.A. reconheceu as transações I, II, III e IV, respec-
tivamente, como ativo
a) não circulante, passivo não circulante, ativo não circulante e
ativo circulante.
b) não circulante, passivo circulante, ativo circulante e ativo
não circulante.
c) circulante, passivo não circulante, ativo não circulante e ativo
não circulante.
d) circulante, passivo circulante, ativo circulante e ativo circulante.
e) não circulante, passivo não circulante, ativo circulante e ativo
não circulante.

41
Aula 4 • Balanço patrimonial: ativo não circulante

Resposta comentada
I. Compra de equipamentos industriais, à vista, para serem utilizados no
processo produtivo.
Equipamento para utilizar no processo é ANC Imobilizado.
II. Obtenção de empréstimos para serem liquidados integralmente
(principal e juros) em outubro de 2016. Empréstimos de longo prazo
são classificados como PNC.
III. Compra de equipamentos especiais, à vista, para serem revendidos
durante 2014. Equipamentos para revenda é estoque, portanto, AC.
IV. Compra de 100% da Cia. Passou a Vez S.A. para fins de diversifica-
ção de atividade econômica. Compra de ações é ativo não circulante da
categoria investimento.
Gabarito: letra E

Atividade 18

Atende ao objetivo 1

(Analista Petroquímica SUAPE 2012 – Cesgranrio)


No artigo 179 da lei 6.404/76, encontra-se: Os direitos que tenham por
objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou exer-
cidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido. O
texto acima indica que os bens nele citados devem ser classificados no:
a) ativo circulante / despesas antecipadas do exercício seguinte
b) ativo circulante / direitos realizáveis
c) ativo não circulante / imobilizado
d) ativo não circulante / intangível
e) ativo não circulante / realizável a longo prazo

42
Contabilidade Avançada I

Resposta comentada
Conforme analisado nessa aula, e por ser uma questão literal (texto da
lei) a resposta é a alternativa D.

Atividade 19

Atende ao objetivo 1

(Analista BNDES 2011 – Cesgranrio)


O item VII do artigo 183 da Lei das Sociedades Anônimas, atualizada
até 2011, determina que os elementos do ativo decorrentes de operações
de longo prazo serão ajustados a valor presente, sendo os demais ajusta-
dos somente quando houver:
a) provisão para perdas;
b) redução ao valor justo;
c) efeito relevante;
d) perdas imprevistas;
e) vencimento antecipado.

Resposta comentada
Conforme a Lei 6.404/76, alterada pela Lei 11.638/07, temos, no artigo
183, inciso VIII, a seguinte informação: os elementos do ativo decorren-
tes de operações de longo prazo serão ajustados a valor presente, sendo
os demais ajustados quando houver efeito relevante.
Gabarito: letra C

43
Aula 4 • Balanço patrimonial: ativo não circulante

Atividade 20

Atende ao objetivo 4

(Analista Previdenciário – Contabilidade – FCC/2015)


A Cia. Sofitel possuía, em 31/12/2014, em seu ativo intangível, uma pa-
tente com vida útil indefinida, com as seguintes informações em reais:
Custo de aquisição ............................................................... 1.200.000,00
(−) Perda por impairment ....................................................... 200.000,00
(=) Valor contábil do ativo ........................................................ 1.000.000,00
Ao realizar o teste de recuperabilidade do ativo (teste de impairment)
em 31/12/2014, a Cia. obteve as seguintes informações em reais:
Valor em uso do ativo ................................................................ 1.050.000,00
Valor justo líquido das despesas de venda................................ 900.000,00
Com base nessas informações, em 31/12/2014, a Cia. Sofitel reconheceu
a) um ganho por reavaliação de R$ 50.000,00.
b) uma perda por impairment de R$ 150.000,00.
c) uma reversão da perda por impairment de R$ 50.000,00.
d) uma perda por impairment de R$ 100.000,00.
e) uma reversão da perda por impairment de R$ 200.000,00.

Reposta Comentada:
O valor contábil é de R$100.000
Valor em uso e valor justo líquido de despesas de venda, dos dois, o
maior = 1.050.000 (Valor líquido de venda);
Valor recuperável > Valor contábil = Não lançamos nada, apenas deve-
mos reverter a perda, caso exista, até o limite do valor de custo;
Valor recuperável < Valor contábil = Registra uma perda;
Tendo em vista que o valor contábil é menor que o valor justo, apenas
reverto a perda. Desse modo, revertemos a perda por desvalorização re-
conhecida no valor de R$ 50.000,00 (o limite máximo de reversão seria
de R$ 200.000).

44
Contabilidade Avançada I

Conclusão

Na presente aula conhecemos o subgrupo do ativo não circulante


e estudamos, também, o arrendamento mercantil, ajuste de avaliação
patrimonial e, por último, o teste de recuperabilidade.
Quanto ao subgrupo do ativo não circulante, apontamos a classifica-
ção das contas, bem como a maneira de contabilizá-las.
Quanto ao arrendamento mercantil, ele pode ser entendido como o
negócio jurídico realizado entre pessoa jurídica, na qualidade de arren-
dadora, e pessoa física ou jurídica, na qualidade de arrendatária, e que
tenha por objeto o arrendamento de bens adquiridos pela arrendadora,
segundo especificações da arrendatária e para uso próprio dela.
Como já discutimos em aula passada, o Brasil vem adotando Nor-
mas Internacionais de Contabilidade, com o intuito de permitir a
convergência da contabilidade nacional ao padrão internacional for-
mulado pelo IASB. Desse modo, em consequência da adoção dessas
novas regras, discutimos nesta aula a nova forma de contabilização do
arrendamento mercantil.
Outra alteração significativa, em decorrência da aprovação da Lei
11.638 de 2007 (marco inicial da adoção das regras contábeis internacio-
nais), é a conta “Ajuste de Avaliação Patrimonial” (AAP), que é o resulta-
do do valor da avaliação dos bens em relação ao seu valor justo, sendo que
o valor justo é a quantia pela qual um ativo pode ser trocado, ou um pas-
sivo liquidado, por duas partes dispostas a isso e independentes entre si.
Atenta a essas novas regras, a presente aula apresenta a forma atual
de entendimento e de se contabilizar o ajuste de avaliação patrimonial.
Por fim, esperamos que você tenha aprendido, também embasado
nas novas regras contábeis, o teste de impairment ou teste de recupe-
rabilidade, que tem por objetivo apresentar de forma prudente o valor
real líquido de realização de um ativo. Vimos que a essência do teste de
recuperabilidade é evitar que um ativo esteja registrado por um valor
maior que o valor recuperável.

Resumo

Prezados alunos, nesta aula terminamos de estudar os subgrupos do


ativo não circulante já com as regras introduzidas pelas Leis 11.638/07
e 11.941/09.

45
Aula 4 • Balanço patrimonial: ativo não circulante

No início da aula, tratamos da despesa antecipada no ativo realizável


a longo prazo, quando o direito de usufruí-las se estender após o final
do ano seguinte.
Continuamos a aula falando do investimentos, em que apontamos a
relevância da intenção ou não de venda do investimento para sua clas-
sificação no balanço patrimonial. Você se lembra do diagrama de inten-
ção de vendas?

Curto Prazo AC

SIM/Temporária Longo Prazo


Intenção ANC RLP
de Venda NÃO/Permanente
ANC
INVESTIMENTOS

Tabela 01: Intenção de Vendas – ANC Investimentos

Figura 4.9: Intenção de vendas.

Dando prosseguimento ao estudo, analisamos os subgrupos imobili-


zado e intangível, que são formados por bens corpóreos e incorpóreos,
respectivamente, e destinados à atividade da companhia.
Observamos que o arrendamento mercantil (leasing) é um tipo de
aluguel de um ativo fixo (equipamentos, veículos, computadores, etc)
por um prazo determinado. Nesse momento da aula, também analisa-
mos as diferenças entre o financeiro e o operacional.
Diferenças entre o leasing financeiro e o leasing operacional: quando
os riscos e benefícios do ativo ficam com o arrendatário, estamos fa-
lando de arrendamento mercantil financeiro. Se os riscos e benefícios
ficam com o arrendador, estamos falando de arrendamento mercantil
operacional.
Examinamos que o ajuste a valor presente são ajustes efetuados em
ativos e passivos monetários em função da variação do valor do dinhei-
ro no tempo.
O CPC-12 define que, em termos de meta a ser alcançada, ao se apli-
car o conceito de valor presente, deve-se associar tal procedimento à

46
Contabilidade Avançada I

mensuração de ativos e passivos, levando-se em consideração o valor do


dinheiro no tempo e as incertezas a eles associados.
Analisando os itens 9 e 21 do CPC 12, podemos dizer que o devido
ajuste ao valor presente é necessário quando:

Tabela 4.1

Juros implícitos ou
Ativos e Passivos Efeito é relevante
explícitos embutidos
Curto Prazo Sim Sim
Longo Prazo Sim Indiferente

Por fim tratamos do teste de recuperabilidade (impairment test),


que tem por objetivo evitar que um ativo esteja registrado por um valor
maior que o seu valor recuperável. Portanto, o teste tem por intuito
verificar se o ativo não está desvalorizado em relação ao seu valor real.
O item 8 do CPC 01 (R1) diz que o ativo está desvalorizado quando
seu valor contábil excede seu valor recuperável.
Já o valor contábil, de acordo com o item 6 do mesmo CPC, é o mon-
tante pelo qual o ativo está reconhecido no balanço depois da dedução
de toda respectiva depreciação, amortização ou exaustão acumulada e
do ajuste para perdas.
O teste de recuperabilidade consiste em comparar os valores recuperá-
veis de ativos e unidades geradoras de caixa, com os seus respectivos valo-
res contábeis. Portanto, para realizarmos o teste de recuperabilidade, de-
vemos comparar o valor realizável de um ativo, com o seu valor contábil.

Informações sobre a próxima aula

Na próxima aula você estudará o passivo circulante e o não circulan-


te, e iniciaremos o estudo do patrimônio líquido. Até lá!

Referências

Ferrari, Ed Luiz. Contabilidade Geral.13. ed. Niterói: Editora Impetus,


2013.
Ferreira. Ricardo J. Contabilidade Básica. 11. ed. Rio de Janeiro: Editora
Ferreira, 2014.

47
Aula 4 • Balanço patrimonial: ativo não circulante

IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto Rubens;


SANTOS,
Ariovaldo dos. Ativos intangíveis. In: IUDÍCIBUS, Sérgio de; MAR-
TINS, Eliseu;
GELBCKE, Ernesto Rubens; SANTOS, Ariovaldo dos. Manual de con-
tabilidadesocietária. São Paulo: Atlas, 2010.
MACHADO, Paulo José; MORAES, Wilson José Ozório; RELVAS, Tâ-
nia Regina Sordi. IFRS 3 – Combinação de negócios. In: ERNEST &
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Manual de normas internacionais de contabilidade. São Paulo: Atlas,
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NIYAMA, Jorge Katsumi; SILVA, César Augusto Tibúrcio. Teoria da
Contabilidade. São Paulo: Atlas, 2008.
NETO, João Estevão Barbosa; DIAS, Warley de Oliveira; PINHEIRO,
Laura Edith Taboada. Impacto da Convergência para as IFRS na Análise
Financeira: um estudo em empresas brasileiras de capital aberto. Con-
tabilidade Vista & Revista, Belo Horizonte, v. 20, n. 4, p. 131-153, out./
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OLIVEIRA, Justino. Contabilidade geral para concursos públicos. 1. ed.
Niterói: Editora Impetus, 2013.

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