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REESTRUTURAÇÕES
EMPRESARIAIS
AULA 1
1. Aspectos conceituais.
2. Aspectos normativos.
3. Técnicas empregadas.
4. Planejamento dos trabalhos.
5. Execução dos trabalhos.
6. Conclusão dos trabalhos.
2
No entanto, nesta aula buscaremos o entendimento sobre a reestruturação
financeira em casos de falência e recuperação judicial.
Dessa forma, temos o modelo completo que será abordado durante
nossos estudos.
CONTEXTUALIZANDO
4
que os objetivos da investidora é a expansão e a diversificação de suas
atividades. Nessa acepção, corroborando com essas afirmações, Perez Júnior e
Oliveira (2012, p. 30-31) apontam as seguintes intenções da investidora sobre a
investida.
5
Nesse contexto, vamos considerar um exemplo prático de lançamento
contábil, ao qual ocorreu uma operação de investimento no valor de
R$100.000,00, com pagamento à vista de 50% e o restante para 30 dias. Temos
a contabilização de investimento descrita da seguinte forma:
Tipos de Investimentos
Controlada
Permanentes Coligada
Joint Venture
Temporários Instrumentos Financeiros
Fonte: Elaborado com base em CPC 48, 2016.
6
já comentado, serão as participações societárias tidas como permanentes
registradas no Ativo Não Circulante no grupo Investimentos.
Ao falarmos sobre investimentos permanentes relacionados à investidora
com a investida, não devemos deixar de citar o instrumento de gestão
denominada em inglês de Holding, conhecida como sociedade controladora.
Esta tem como propósito a participação societária em outras empresas.
Conforme o art. 2º da Lei n. 6404//76, “a companhia pode ter por objeto participar
de outras sociedades; ainda que não prevista no estatuto, a participação é
facultada como meio de realizar o objeto social, ou para beneficiar-se de
incentivos fiscais”. Observemos, a seguir, a Figura 1:
7
• Ativo circulante
o Instrumentos financeiros
• Ativo não circulante
o Realizável a longo prazo
Instrumentos financeiros
• Investimentos
Por meio da figura retratada, conseguimos ter uma maior noção dos
investimentos permanentes e temporários e os CPCs que as disciplinam. Nos
próximos tópicos, vamos entender os conceitos e definições, quanto a influência
significativa e controle entre as empresas. De acordo ainda com a figura, vamos
nos centrar no CPC 18 R2 (2012) e no CPC 19 R2 (2012), que disciplina sobre
Investimento em Coligada, em Controlada e em Empreendimentos Controlados
em Conjunto.
8
2.1 Influência significativa em uma investida
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(a) representação no conselho de administração ou na diretoria da
investida;
(b) participação nos processos de elaboração de políticas, inclusive em
decisões sobre dividendos e outras distribuições;
(c) operações materiais entre o investidor e a investida;
(d) intercâmbio de diretores ou gerentes;
(e) fornecimento de informação técnica essencial.
Com isso, observamos que a influência significativa pode ser obtida por
meio quantitativo conforme já discutido e pode ser advinda também por meio dos
pontos ressaltados acima no CPC 18 R2 (2012) em seu item 6, que se entende
como métrica qualitativa. E, de certa forma, o uso do termo coligada não
especifica o percentual mínimo de participação, com isso, cabe entendermos se
existe ou não influência significativa, podendo essa influência ser de forma direta
ou indireta (Gelbcke et al., 2018).
A fim de compreendermos melhor a respeito, tem-se que um investidor
detém 18% do capital votante da empresa Alfa e possui, além desse capital
votante, representação no conselho da administração, no qual são tomadas as
decisões. Ao verificarmos nosso exemplo, vemos que a empresa não possui
quantitativamente influência significativa de 20% ou mais do capital votante da
investida, pois o investidor detém somente 18% não considerando como
coligada.
Todavia, ele possui representação no conselho da administração, nesse
caso, a investidora possui influência significativa. Percebe-se, então, que
devemos avaliar não só quantitativamente, mas também qualitativamente.
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Desse modo, assim como no tópico anterior, além de ter o controle
quantitativamente, é necessário que observemos alguns atributos fundamentais
para determinação de controle sobre a investida. Uma vez que o investidor
detém o controle sobre outra empresa, ele possui, conforme o CPC 36 R3
(2012), item 10, “poder sobre a investida quando tem direitos existentes que lhe
dão a capacidade atual de dirigir as atividades relevantes, ou seja, as atividades
que afetam significativamente os retornos da investida”. Conforme o item 7 do
CPC 36 R3 (2012), observemos os atributos para que o investidor detenha o
controle da investida.
11
que essa empresa possui um total de 20.000 ações ordinárias e, conforme Lei
n. 10.303/2001, esta estabelece que em uma sociedade empresária ela não deve
possuir mais que 50% de ações preferenciais sem direito ao voto.
Para o exemplo em questão, consideramos que a empresa Alfa não
possui ações preferenciais. Vamos realizar os cálculos com o intuito de verificar
a existência ou não de controle nosso sobre a empresa Alfa:
Número de ações
𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃çã𝑜𝑜𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇 =
Total de ações
15.000 ações adquiridas
𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃çã𝑜𝑜𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇 =
40.000 ações totais
𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃çã𝑜𝑜𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇 = 0,375 = 37,5%
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TEMA 3 – IDENTIFICAÇÃO DO VALOR DA AÇÃO DE UMA EMPRESA
Ações ordinárias:
Conferem ao acionista direito de voto na empresa na realização das
assembleias de acionistas;
São menos negociadas no mercado que as preferenciais;
Menor liquidez.
Ações preferenciais:
Garantem aos acionistas maior participação nos resultados da
empresa;
Não dão direito a voto;
Possuem Preferência na distribuição dos resultados;
Possuem Prioridade no recebimento de proventos e no reembolso de
capital em caso de dissolução da sociedade em relação aos demais
acionistas;
São mais negociadas, maior liquidez.
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Conforme observado na tabela pessoal, para se ter o controle é
necessário ter no mínimo 25% de participação no capital total da empresa,
conforme consta na descrição da tabela. De modo que, para se obter o controle,
deve-se possuir participação maior que 50% do capital votante. Então, sabemos
os pontos pelos quais distinguimos as ações ordinárias das ações preferenciais,
e o percentual mínimo para se obter o controle sobre determinada sociedade.
Com isso, como é imposto o valor nominal de uma ação? Para
entendermos melhor a respeito, o valor nominal da ação é aquele obtido por
meio da divisão do capital social pelo número total de ações em uma empresa,
conforme previsto em legislação, com o intuito de assegura a riqueza ao detentor
das ações.
Nessa linha pessoal, o valor nominal de uma ação, conforme Perez Júnior
e Oliveira (2012, p. 33), consiste no “valor que consta da escritura da empresa
(contrato social, no caso de Limitadas, ou estatuto social, no caso das
Sociedades por Ações)”. De certo modo, entendemos que o valor nominal
referente à ação de uma sociedade será determinado conforme documento
constitutivo. A Lei n. 6404/1976, art. 11, coloca alguns pontos referentes à
determinação do valor nominal de uma ação como sendo:
Art. 11. O estatuto fixará o número das ações em que se divide o capital
social e estabelecerá se as ações terão, ou não, valor nominal.
§ 1º Na companhia com ações sem valor nominal, o estatuto poderá
criar uma ou mais classes de ações preferenciais com valor nominal.
§ 2º O valor nominal será o mesmo para todas as ações da companhia.
§ 3º O valor nominal das ações de companhia aberta não poderá ser
inferior ao mínimo fixado pela Comissão de Valores Mobiliários.
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Capital Social
𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉 𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑎𝑎çã𝑜𝑜 =
Quantidade de Ações
R$100.000,00
𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉 𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑎𝑎çã𝑜𝑜 =
50.000
𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉 𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑎𝑎çã𝑜𝑜 = 𝑅𝑅$2,00
15.000
𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃çã𝑜𝑜𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉 =
60.000
𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃çã𝑜𝑜𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉 = 0,25 = 25%
Tabela 4 – Lançamentos
Caixa
R$30.000,00 (1)
𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃ô𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛 𝐿𝐿í𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞
𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉 𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑎𝑎çã𝑜𝑜 =
𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑎𝑎çõ𝑒𝑒𝑒𝑒
𝑅𝑅$125.000,00
𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉 𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑎𝑎çã𝑜𝑜 =
50.000
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𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉 𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃 𝑑𝑑𝑎𝑎 𝑎𝑎çã𝑜𝑜 = 𝑅𝑅$2,50
Tabela 5 – Lançamentos
No decorrer desta aula, vimos quais são os pontos necessários para que
uma sociedade possua influência ou controle sobre a outra e como realizamos a
identificação do valor de uma ação em uma empresa. Nessa acepção, vamos
focar nas diferentes formas de controle. Sendo elas: Controle Isolado, Controle
em Conjunto, Controle Compartilhado e o Controle Integral.
No Controle Isolado, Perez Júnior e Oliveira (2012, p. 36), caracterizam
este quando “o controle de uma empresa normalmente é exercido pelo investidor
ou empresa investidora que detenha mais de 50% do capital votante (cotas de
sociedades limitadas ou ações ordinárias de sociedades por ações)”.
18
Figura 3 – Controle Isolado
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Observamos na figura que as empresas Alfa e Beta possuem os mesmos
percentuais desempenhando o controle conjunto sobre a empresa Beta e não
unilateral. Com isso, esse tipo de controle também pode ser chamado de Joint
Venture.
No Controle Compartilhado, diferente do Controle Conjunto, os
investidores não possuem mais que 50% do capital votante. Perez Júnior e
Oliveira (2012, p.36) afirmam que “o capital votante é formado por um grupo
controlador, composto normalmente pelos maiores acionistas, cuja a somatória
de participações não ultrapassará 50% do capital votante”.
20
Figura 6 – Controle compartilhado
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Podemos observar, então, por meio da Figura 7, que a empresa A possui
o controle diretamente das empresas B, C, e D. Mas e quanto à empresa E?
Podemos ver que a empresa A possui 6% de participação, sendo essa
participação exercida de forma direta. Então, podemos dizer que a participação
da empresa A sobre a empresa E é de apenas 6%? Não, pois, como visto, a
empresa A possui participação indireta na empresa E por meio das empresas B,
C e D.
Segundo o CPC 18 R2 (2012) e Perez Júnior e Oliveira (2012), esse tipo
de participação é aquela em que uma empresa investidora obtém a participação
de uma empresa por meio de outra empresa. Para entendermos melhor a
respeito, vamos realizar os cálculos.
TROCANDO IDEIAS
22
alguma empresa que possui participações societárias em coligadas e
controladas em conjunto?
NA PRÁTICA
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Figura 9 – Participação da empresa A sobre as demais empresas
FINALIZANDO
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REFERÊNCIAS
26
de alienação de participação societária representativa de controle. Revista
Brasileira de Direito Civil-RBDCivil, v. 24, n. 2, p. 241, 2020.
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GABARITO
Primeiro exercício:
Primeiramente, tem-se a afirmação de que “a empresa Avante detém 80%
do capital votante da empresa Belarus”. Essa participação se configura como a
de controle, ou seja, conforme Perez Júnior e Oliveira (2012, p. 36), “o controle
de uma empresa normalmente é exercido pelo investidor ou empresa investidora
que detenha mais de 50% do capital votante”.
Na segunda afirmação, a empresa Avante possui apenas 5% do capital
votante da empresa Caxias, todavia, existe uma influência de forma indireta da
empresa Avante em relação à Caxias. Vamos considerar o seguinte: a empresa
Belarus possui um capital social de R$ 100,00 e, ao verificarmos a participação
de 80% da empresa Avante sobre ela, temos que existe uma participação de
R$80,00.
Dito isso, a empresa Belarus possui participação de 22% sobre a empresa
Caxias, sendo assim, desses 22% temos influência indireta na empresa Caxias
de 17,2%. Com isso, 5% mais os 17,2% resulta em um total de 22,2%.
Concluímos que se trata de um investimento em coligada. Relembramos, por
meio do CPC 18 R2 (2012), que, quantitativamente, a influência significativa
deve ser de 20% ou mais do poder de voto da investida.
Logo, já sabemos responder à terceira afirmação, pois os 22% de
participação da empresa Belarus sobre a Caxias significam que ela possui
influência significativa.
Em relação à quarta afirmativa, a empresa Avante não possui influência
significativa sobre a empresa Delta, pois possui participação inferior a 20%.
Por fim, temos a afirmação da Avante sobre a Elefante. Adiantamos que
possui influência significativa, pois, além dos 12% de participação do capital
votante da empresa Elefante, a Avante possui funcionários da área financeira
que estão na empresa Elefante. Dessa maneira, devemos observar se existe
influência significativa não só quantitativamente, mas também qualitativamente.
Segundo exercício:
Passo a passo de como interpretar a participação da empresa A
sobre as outras empresas:
A alternativa A, sabemos que a empresa A detém mais de 50% do capital
votante de C, logo, a empresa C é controlada pela empresa A. Entretanto,
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devemos realizar os cálculos de participação da empresa A sobre a empresa I.
Com isso, seguem os cálculos:
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AQUISIÇÕES E
REESTRUTURAÇÕES
EMPRESARIAIS
AULA 2
CONTEXTUALIZANDO
2
é necessário um acordo, que se dá pelo consentimento de ambas as partes que
participam conjuntamente desse controle.
Nessa visão, em decorrência da participação societária e sua influência,
ocorre que, em alguns casos, as participações societárias serão avaliadas pelo
método de custo ou por meio do método de equivalência patrimonial. Portanto,
sabe-se que, quando uma entidade possui investimentos e não possui o poder
de tomar decisões e nem de influenciá-las, deve ser classificada como outras
participações, e essas participações são avaliadas pelo método de custo, como
veremos mais adiante em nossa aula.
Nesse método, a mensuração é realizada em momento inicial, sendo
reconhecido em primeiro momento o mesmo pelo seu valor adquirido, ou seja,
custo histórico de aquisição. Por sua vez, em se tratando de investimento em
controlada, controlada em conjunto e coligada, estes serão avaliados pelo
método de equivalência patrimonial. Esse método busca a avaliação dentro dos
padrões de participação societária, reconhecendo pelo valor correspondente à
aplicação percentual dos recursos. E, ao final de nossa aula, vamos ver as
questões de transações entre as sociedades controladas, controladas em
conjunto e coligadas, nas quais são identificadas questões de Lucros Não
Realizados.
3
Figura 1 – Coligada, controlada e negócios em conjunto
Método de
A investida é Resposta Por quê?
Avaliação
Controlada Equivalência Sendo Controlada, não precisa
Sim
(50% ou mais Patrimonial verificar outros critérios
do capital Indeterminad
votante)? Não Precisa verificar se é coligada
o
Coligada (20% Equivalência Sendo Coligada, não precisa
Sim
do capital Patrimonial verificar outros critérios
votante ou
influência Custo Não sendo Controlada e nem
administrativa) Não Histórico de Coligada, a avaliação será pelo
? Aquisição método de custo
Fonte: Perez Júnior e Oliveira, 2012, p. 40.
4
Por meio do quadro, é possível identificarmos que o Método de
Equivalência Patrimonial (MEP) é utilizado para tratamento contábil das
participações societárias referidas como controladas, controladas em conjunto e
coligadas. E no que tange às outras participações societárias não classificadas
como controladas e nem como coligadas, estas não devem ser avaliadas pelo
MEP.
Esses métodos serão abordados logo após o Tema 2 desta aula, que trata
de controladas em conjunto ou Joint Ventures. Retomando ao nosso assunto, o
método de avaliação, tanto para controlada como para coligada é o mesmo,
então temos o porquê de distinguir essas diferentes participações. Bom, existe
algumas diferenças quanto à contabilização, ou seja, na sociedade controladora
e controlada existe o termo consolidação dos demonstrativos, o qual nada mais
é do que a realização da junção dos demonstrativos de ambas sociedades,
representando ao final apenas uma sociedade. Diferente, então, das
participações societárias relacionadas a coligadas, nas quais não é realizada a
consolidação dos demonstrativos. A respeito de consolidação, esse assunto será
abordado em nossas aulas posteriores.
5
percentual de participação, sendo esse de 50% para cada investidor. Dessa
forma, Gelbcke et al. (2018, p. 576) colocam que:
6
produção, uma vez que também diminui a concorrência, pois ocorre uma maior
absorção e ampliação de seu mercado.
À vista disso, o controle conjunto é desempenhado quando os acionistas
ou sócios da empresa não exercem individualmente os direitos sobre a investida,
seja esse controle de forma direta ou indireta. Vale ressaltar que o controle não
precisa ser igual para ser compartilhado, haja vista que os investidores podem
possuir também diferenças percentuais em suas participações societárias e
ainda assim desempenhar o controle conjunto. Corroborando com esse ponto,
Gelbcke et al. (2018, p. 576) afirma que:
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Figura 3 – Demonstrativo da empresa Oi
8
permanente, devemos classificar tal participação no grupo Investimentos como
Outras Participações Societárias, desde que esse investimento não possua
como interesse a venda posterior.
Velter (2015) acrescenta que os investimentos avaliados pelo método de
custo de aquisição são quase todos aqueles em que as participações societárias
da investidora na investida compreendem um percentual menor que 20% do
capital investido na investida. O método de custo nada mais é do que avaliar o
investimento pelo seu valor ao qual foi adquirido. E para Ribeiro (2013), a
avaliação pelo método de custo consiste em avaliar os investimentos, vinculando
a estes seus valores originais de transação. Entendemos, então, que esses
valores, como dito anteriormente, são os valores pagos originalmente para
adquirir um produto ou fabricá-lo. Nesse olhar, o investimento deve ser
reconhecido pelo seu custo de aquisição e não ocorrerão mensurações
subsequentes em detrimento das variações do patrimônio da investida.
Além disso, a avaliação de investimento pelo seu valor de aquisição deve
englobar, nesse valor, aqueles gastos incluídos com tributos não recuperáveis,
fretes e corretagens (Ribeiro, 2013).
Velter (2015, p. 22), pontua também que o custo de aquisição deve
englobar os seguintes valores:
9
instituição com somente esse objetivo. Desse modo, os valores despendidos
pela empresa Alfa foram os seguintes:
Podemos ver que o valor total pela compra de ações da empresa Beta foi
de R$11.200,00. Dessa maneira, devemos realizar a seguinte contabilização.
10
que, por sua vez, causa a diminuição do patrimônio, o qual foi investido pela
investidora.
Sendo assim, Gelbcke et al. (2018) impõe que a investida, ao auferir
prejuízo, diminui o valor do patrimônio, e que consequentemente o valor
recuperável do investimento pode estar afetado, pois o valor de aquisição do
investimento, o qual se encontra em uso pela investidora, sofreu de
desvalorização, devendo reconhecer uma perda. Sabemos, então, que os
investimentos não classificados com influência significativa e/ou controlada são
reconhecidos inicialmente pelo seu valor original, e depois, é realizada uma
avaliação rotineira a respeito do seu valor recuperável. No mais, devem ser
registradas também na investidora as variações que ocorrem na investida acerca
da distribuição a títulos de dividendos, que de acordo com o item 16 da
Interpretação Técnica ICPC 09 R2 (2014), ressalta o seguinte:
11
a investidora detém R$ 4.000,00 (R$ 40.000,00 X 10% = R$ 4.000,00) referentes
a dividendos a receber. Os lançamentos devem ser da seguinte forma:
D – Dividendos a receber
C – Receita com dividendos R$4.000,00
12
recuperável, o qual será de R$2.500,00. Deve-se realizar os seguintes
lançamentos:
13
que, em mudanças que ocorrem no patrimônio da investida, deve ser
reconhecido o montante referente à participação da investidora. A fim de
aprofundarmos o que estamos discutindo, voltemos novamente ao CPC 18 R2
(2012), em seu item 10:
Assim, Perez Júnior e Oliveira (2012) informam que o MEP tem por
objetivo determinar as participações, de acordo com o valor que foi investido.
Dessa maneira, a investidora deve manter o valor contábil do investimento
conforme as variações que ocorrem na investida em seu Patrimônio Líquido,
mantendo o valor proporcional à sua participação na data do balanço. A lei n.
6.404/76, em seu art. 248, realça os seguintes pontos:
14
𝑀𝐸𝑃𝑅𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑑𝑜 = 𝑅𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑑𝑜 𝑑𝑜 𝑃𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜 𝑋 % 𝑑𝑒 𝑝𝑎𝑟𝑡𝑖𝑐𝑖𝑝𝑎çã𝑜
𝑀𝐸𝑃𝑅𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑑𝑜 = 𝑅$45.000 𝑋 30%
𝑀𝐸𝑃𝑅𝑒𝑠𝑢𝑙𝑎𝑡𝑑𝑜 = 𝑅$13.500
15
9.600,00 correspondente à sua participação na investida. Vamos à
contabilização.
16
conta Investimento pelo MEP pela distribuição dos dividendos, enquanto no
resultado da empresa, estaria ocorrendo um aumento.
Com isso em mente, vamos retornar ao exemplo. Vamos supor que,
agora, a investida tenha declarado a distribuição de dividendos no valor de
R$6.000,00, referente a resultados em períodos anteriores que não haviam, até
então, sido distribuídos. A participação da investidora na investida continua
sendo de 30%. De acordo com isso, com a realização dos devidos cálculos, a
investidora possui, então, o valor de R$ 1.800,00 referente à sua participação na
distribuição de dividendos no valor total de R$ 6.000,00. Realizemos a
contabilização pelo MEP.
Dividendos a Receber
(4) R$1.800,00
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Receita de Equivalência Patrimonial Despesa de Equivalência Patrimonial
R$13.500,00 (2) (3) R$9.600,00
Dividendos a Receber
(4) R$1.800,00 R$1.800,00 (5)
18
Dividendos a Receber Ajuste de Avaliação Patrimonial
(4) R$1.800,00 R$1.800,00 (5) R$1.200,00 (6)
Investidora Investida
Balanço Patrimonial Balanço Patrimonial
Ativo Passivo Ativo Passivo
Ativo Circulante Passivo Circulante Ativo Circulante Passivo Circulante
Ativo Não Circulante Passivo Não Circulante Ativo Não Circulante Passivo Não Circulante
Investimentos Investimentos
Patrimônio Líquido Patrimônio Líquido
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TEMA 5 – AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS PELO MÉTODO DE
EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL: RESULTADOS NÃO REALIZADOS
Conforme exposto no art. 248 da lei 6.404/76, o lucro realizado não deve
ser considerado na aplicação do MEP, destarte, o montante correspondente a
LNR deve ser eliminado quando do reconhecimento da MEP pela investidora.
Para entendermos melhor a respeito, os LNR ocorrem nas vendas de
mercadorias de uma entidade que pertence ao mesmo grupo de empresas.
Perez Junior e Oliveira (2012) descrevem que os resultados não realizados
podem ser advindos com um certo tipo de frequência, os quais envolvem as
operações de compra e de venda de ativos. Entretanto, os LNR não ocorrem
quando o preço de venda entre essas sociedades é igual ao preço de custo.
Essas operações de compra e venda de ativos podem ocorrer pela
compra de estoques, bens do imobilizado, investimentos e outros ativos
(Gelbecke et al., 2018). Para complementar nosso entendimento, essas
operações ocorrem, como antes dito, entre empresas de um mesmo grupo
econômico. Por conseguinte, essas transações são comuns entre investidoras e
suas investidas, como coligadas, controladas e/ou controladas em conjunto.
Em vista disso, essa situação ocorre quando a empresa investidora
adquire mercadorias de sua coligada ou controlada. Gelbcke et al. (2018, p. 629)
colocam duas situações em que podem ocorrer esse tipo de transação, porém
uma diferente da outra.
20
• A empresa que comprou as mercadorias já as vendeu para terceiros, ou
seja, os ativos transacionados não constam mais no estoque do investidor
ou de suas investidas, na data do balanço;
• A empresa que comprou as mercadorias ainda tem saldo daquelas
COLIGADA B
Vendas R$ 140.000,00
(-) CMV R$ 100.000,00
(=) Lucro Bruto R$ 40.000,00
21
A investidora A no mesmo exercício vendeu essas mesmas mercadorias
por R$ 140.000,00. Verifiquemos novamente:
Investidora A
Vendas R$ 140.000,00
(-) CMV R$ 100.000,00
(=) Lucro Bruto R$ 40.000,00
22
Desse modo, deve ser realizado os seguintes lançamentos avaliados pelo
MEP:
23
Após o reconhecimento do investimento e receita de equivalência
patrimonial da investidora, devemos encontrar a quantia do LNR.
24
como realizado em tópico anterior. Conforme o CPC 18 R2 (2012), em seu item
28A:
25
Logo após o reconhecimento de investimento referente ao resultado de
equivalência patrimonial, devemos realizar os cálculos ligados a quantia de LNR.
TROCANDO IDEIAS
28
empresa que você deseja verificar no site da B3. Em seguida, você irá encontrar
diversas informações contábeis, como o exemplo das participações societárias
de empresa sobre outras.
Sob a ótica das empresas negociadas na B3, busque identificar os grupos
empresariais de suas respectivas cidades, vejam quais são as linhas
operacionais dessas empresas que atuam em suas cidades. Tente identificar a
força desses grupos empresariais frente a outras empresas que atuam no
mesmo segmento em sua cidade. Ou seja, veja as questões de crescimento e
desenvolvimento desses grupos empresariais frente a outras empresas que
atuam em mesmo segmento de forma individual.
NA PRÁTICA
29
Saldo em 01/01/X4 R$ 10.000,00
Lucro apurado em X4 R$ 2.000,00
Dividendos declarados em 31/12/X4 a serem pagos em
05/02/X5 R$ 2.500,00
Saldo em 31/12/X4 R$ 9.500,00
Prejuízo apurado em X5 R$ 300,00
Saldo em 31/12/X5 R$ 9.200,00
FINALIZANDO
30
pela investida, ou a alienação de novas ações reduzindo a participação da
investidora, o que consequentemente afeta o seu resultado.
O segundo método que abordamos foi o MEP. Vimos que empresas
caracterizadas como coligadas, controladas e negócios controlados em conjunto
devem ser avaliados pelo MEP. Nesse método, como apontado durante a aula,
é necessária a mensuração do investimento de forma periódica, ou seja, a
investidora deve reconhecer o reflexo do resultado de sua investida em seu
resultado. Para tanto, é necessário considerar o percentual de participação
societária da investidora.
Investigando ainda o MEP, delineamos no último tópico os Lucros Não
Realizados (LNR). Vimos que estes podem ocorrer entre sociedades de um
mesmo grupo econômico, melhor dizendo, investidora e investida. Por
conseguinte, vimos que os LNR são aqueles gerados entre essas sociedades,
quando ocorre transações descendentes e ascendentes, sendo destacado ainda
que os LNR perfazem quando não ocorre a venda a terceiros (total ou
parcialmente). Para finalizar, vimos, por meio de exemplos, as diferenças de
contabilização quanto aos LNR, como destacado principalmente entre
transações envolvendo coligadas e controladas.
31
REFERÊNCIAS
32
GELBCKE, E. R. et al. Manual de contabilidade societária: aplicável a todas
as sociedades, de acordo com as normas internacionais e do CPC. 3. ed. Atlas,
2018.
33
GABARITO
Exercício 1
(1) R$130.000,00
Exercício 2
34
Desse modo, temos que o lucro da subsidiária foi de R$ 200,00 (R$
200,00X60% = R$ 120,00). Posteriormente, a subsidiária apurou dividendos de
R$ 100,00 (R$ 100,00 X 60% = R$ 60,00). Com isso, os lançamentos referentes
à equivalência patrimonial se deram desde o valor adquirido pela Holding S.A.
até os valores posteriores, correspondentes à sua participação na Subsidiária
S.A. conforme proporção de participação.
Exercício 3
35
Com isso, finalizamos os lançamentos correspondentes à participação da
Holding S.A. na Investida S.A. Precisamos também saber que deve ser
reconhecido o prejuízo de R$ 153,00 (R$ 300,00 X 51% = R$ 153,00) referente
à participação da Holding S.A. na Investida S.A.
36
AQUISIÇÕES E
REESTRUTURAÇÕES
EMPRESARIAIS
AULA 3
CONTEXTUALIZANDO
2
Com isso, na aula em questão, vamos abordar sobre a aplicação do
método de aquisição em combinação de negócio. Desse modo, trataremos
especificamente sobre a identificação do adquirente, determinação da data de
aquisição, reconhecimento e mensuração dos ativos identificáveis adquiridos,
dos passivos assumidos e das participações societárias de não controladores na
adquirida e reconhecimento e mensuração do ágio por rentabilidade futura
(goodwill) ou do ganho proveniente de compra.
Dando continuidade à aplicação do método de aquisição em combinação
de negócio, discutiremos sobre a identificação do adquirente, pelo qual é
necessário o estabelecimento da figura do adquirente e adquirida. Nesse caso,
para identificar o adquirente, é necessário verificar a entidade que obtém o
controle da adquirida.
Logo após, é fundamental determinar a data de aquisição do investimento,
ou seja, a data do controle obtido pela investidora. Nesse âmbito, iremos
compreender o reconhecimento e mensuração dos ativos identificáveis
adquiridos, dos passivos assumidos e das participações societárias de não
controladores na adquirida.
Vamos nos atentar também para o reconhecimento e mensuração do ágio
por rentabilidade futura goodwill ou do ganho proveniente de compra vantajosa.
Nessa lógica, vamos buscar o entendimento quanto ao tempo ou ao período de
mensuração, o qual segue o período da data de aquisição pelo qual o adquirente
realiza os ajustes para reconhecimento da combinação de negócios.
Ao final de nossa aula, o último tema tratará de combinações de negócios
em estágios e combinações de negócios sem a transferência da
contraprestação.
3
Como bem podemos ver, um grande ponto da definição de combinações
de negócios está na obtenção de controle, o qual se trata da capacidade de
governar as políticas financeiras e operacionais da investida, assim como
estudamos nas aulas anteriores. E o que seria um negócio? De acordo com o
CPC 15 R1 (2011), ainda em seu apêndice A, negócio é:
4
sociedades nomencladas como Joint Ventures, como vimos em nossas aulas
anteriores, não estão relacionadas às combinações de negócios, pois não
abrangem sociedades que estão sob controle comum, ou na formação de
negócios em conjunto (Gelbcke et al., 2018).
Isso de certo modo pode ser visto no CPC 15 R1 (2011), o qual restringe-
se somente às operações de combinação de negócio entre entidades
economicamente independentes, pelo qual o controle é transferido de uma parte
para outra. Desse modo, explica-se então a restrição de negócios controlados
em conjunto.
Ademais, Gelbcke et al. (2018) ressaltam que “a expressão “combinação
de negócio” não era comumente empregada no Brasil para representar a
obtenção de controle, mas sim “fusões e aquisições”. Todavia, esses termos não
devem ser tomados como sinônimos, e nem devem as operações ser
denominadas de fusão, incorporação e cisão (Gelbcke et al., 2018), pois essas
operações se tratam de operações jurídicas nas quais as sociedades passam
por modificações, ou seja, as mudanças que ocorrem pelas operações de fusão,
incorporação e cisão, não necessitam da obtenção de controle. Não iremos
adentrar nessas operações nesta aula, pois serão assunto de aulas posteriores.
Para entendermos melhor, vamos supor que a empresa Alfa realizou uma
compra de 55% do capital votante da empresa Beta. Nessa situação, a empresa
Alfa obteve o controle da empresa Beta. Em tal caso, deve ser aplicado o CPC
15 R1 na data da obtenção do controle, independentemente de a empresa Alfa
efetuar uma incorporação de sua adquirida.
Agora, vamos imaginar que a empresa Beta, posteriormente, realizou a
transferência de controle para a empresa Ômega, mas a controladora ainda
continua sendo a empresa Alfa. Nesse caso, também houve uma combinação
de negócio, porém, está fora de aplicação do CPC 15 R1, pois Gelbcke et al.
(2018), dispõem que antes e depois da transação, nada mudou, pois o controle
continua sendo da empresa Alfa, e o CPC 15 R1 (2011) se restringe à operação
de negócios entre entidades economicamente independentes.
Os casos colocados anteriormente são relacionados ao controle exercido
somente por uma empresa, portanto, controle total. Agora, imaginemos que a
empresa Alfa e Beta se uniram e formarão uma participação conjunta, ou seja,
as empresas Alfa e Beta exercem o controle conjunto sob a empresa Ômega.
Nessa ótica, como vimos anteriormente em nossa aula, há o consenso entre os
5
controladores quanto às decisões a serem tomadas. Novamente, essa situação
não é aplicada pelo CPC 15 R1 (2011), pois se restringe a operações entre
sociedades economicamente independentes.
Com base nos exemplos em questão, o CPC 15 R1 (2011) deve ser
aplicado obrigatoriamente sempre que determinada operação ou outro evento
resultar na obtenção do controle, desde que o conjunto de ativos líquidos
adquiridos atenda à definição de negócios, nos termos da norma, que a
combinação não envolva entidades que antes e depois da transação sejam
controladas pela mesma parte ou partes (pessoas físicas ou jurídicas) e que a
transação não seja relativa à formação de negócios em conjunto.
7
Aquisição reversa ocorre quando a entidade fechada (sem ações
listadas no mercado) quer tornar-se uma empresa listada, mas sem
fazer o processo de abertura de seu capital, ou seja, sem obter o
registro de companhia aberta. Para esse fim, a entidade fechada
promove um acordo contratual com uma companhia aberta (a
combinação propriamente) por meio do qual a entidade fechada –
passa a ser uma investida da companhia aberta e os ex-sócios da
entidade fechada recebem participações no capital da companhia
aberta. Nesse exemplo, a companhia aberta é o adquirente legal
porque ela emitiu instrumentos de participação societária e a entidade
fechada é a adquirida legal porque seus instrumentos de capital foram
adquiridos.
8
adquirida, de acordo com o CPC 15 R1 (2015), devem ser reconhecidos
separadamente do ágio por expectativa de rentabilidade futura o goodwill a partir
da data de aquisição.
Saiba mais
9
assumido em combinação de negócios, mesmo se não for provável que sejam
requeridas saídas de recursos (incorporando benefícios econômicos) para
liquidar a obrigação”. Dessa maneira, pelo CPC 15 “Provisões, Passivos
Contingentes e Ativos Contingentes”, estas devem ser reconhecidas no
momento da aquisição de seu negócio, indo de encontro ao disposto pelo CPC
25. De todo modo, para as combinações de negócios, as empresas devem seguir
o CPC 15, o qual trata especificamente dessas aquisições.
Quanto ao critério geral de mensuração exigido pelo CPC 15 R1 (2011),
deve ser considerado o valor justo para mensurar os ativos e os passivos
assumidos pelos seus respectivos valores justos na data de aquisição. O CPC
46 (2012), o qual trata sobre “Mensuração do Valor Justo”, destaca que:
10
assumidos não são afetadas pela combinação de negócios ou são afetadas de
forma diferente”. Exemplo: quando o valor contábil do ativo é aumentado ao seu
valor justo, mas a base fiscal do ativo permanece ao custo para o proprietário
anterior, surge uma diferença temporária tributável que resulta em passivo fiscal
diferido. Contrariamente, o ativo fiscal diferido ocorre quando o valor justo de um
ativo identificável é menor do que sua base fiscal.
Vamos imaginar, agora, que a empresa Alfa comprou à vista 100% do
capital social de Beta por $ 8.950,00. O acervo líquido de Beta na data da
aquisição é o seguinte:
11
Podemos observar por meio dos lançamentos que a empresa Alfa
reconheceu o montante total de R$ 6.400,00 a débito, o qual compreende ao
acervo líquido a valor contábil da empresa Beta em que foi investido. Após isso,
houve o reconhecimento a débito mais-valia do investimento, pois houve um
acréscimo do valor contábil do imobilizado em relação ao seu valor justo (R$
8.000 – R$ 5.000). Além disso, a empresa Alfa reconheceu a débito a goodwill
de R$ 570,00 (R$ 8.950 – 8.380).
Em contrapartida, a empresa Alfa lançou a crédito uma conta redutora de
Investimento, relacionada ao passivo fiscal diferido no valor de R$ 1.020,00 e a
crédito o valor de R$ 8.950,00, referente ao gasto à vista para a aquisição de
sua participação societária na empresa Beta.
Agora abordando as questões voltadas a participações societárias de
não controladores na adquirida, o CPC 15 R1 (2012) coloca que o adquirente
deve realizar a mensuração da combinação de negócio na sua data de aquisição,
e quanto à participação dos não controladores, os instrumentos patrimoniais que
conferem a esses detentores podem ser avaliados no momento de sua
liquidação de acordo com o item 19 do CPC 15.
12
correspondente à diferença entre o valor pago e o valor justo dos ativos líquidos
da adquirida, enquanto o ágio por mais-valia sobre os ativos líquidos da adquirida
refere-se à diferença entre o valor justo dos ativos líquidos adquiridos e seu valor
contábil (valor patrimonial contábil) no balanço da adquirida.
De acordo com CPC 15 R1 (2011), o adquirente deve reconhecer o ágio
por rentabilidade futura goodwill determinado pela diferença positiva entre o valor
justo da contraprestação transferida em troca do controle da adquirida somado
ao valor das participações de não controladores na adquirida e, se houver, ao
valor justo de alguma participação preexistente do adquirente na adquirida, e
quando o valor justo líquido dos ativos identificáveis adquiridos dos passivos
assumidos.
Continuando, no goodwill, o registro deve ser feito no:
Quanto ao ágio por mais-valia sobre os ativos líquidos, esse deve ser
registrado no:
13
futura (goodwill), que também foi visto anteriormente, o qual nada mais é do que
a diferença do valor em que foi pago na aquisição pelo valor justo do
investimento. Sabendo disso, tivemos então o último lançamento, que foi o
crédito do dinheiro que saiu da conta corrente da empresa para o pagamento do
investimento adquirido à vista.
Agora vamos imaginar que a empresa Alfa comprou à vista 100% do
capital social de Beta pelo valor de R$ 7.000,00. O acervo líquido de Beta a valor
contábil era de R$ 4.000,00, representado por R$ 7.000,00 em ativos e R$
3.000,00 em passivos. O acervo líquido Beta a valor justo era de R$ 3.500,00,
representado por ativos avaliados em R$ 7.500,00 e passivos avaliados em R$
4.000,00. Vamos efetuar novamente os lançamentos.
14
Lançamentos Débito Crédito
Perda na avaliação a valor justo R$ 500,00
Terrenos R$ 500,00
Ativo intangível com vida útil indefinida não deve ser amortizado.
De acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 01 – Redução ao Valor
Recuperável de Ativos, a entidade deve testar a perda de valor dos
ativos intangíveis com vida útil indefinida, comparando o seu valor
recuperável com o seu valor contábil:
(a) anualmente; e
(b) sempre que existam indícios de que o ativo intangível pode ter
perdido valor.
No mais, Gelbcke et al. (2018, p. 688) acentua que “todo o saldo contábil
do investimento é testado em relação ao seu valor recuperável, em conformidade
com as exigências do CPC 01”. O goodwill não é reconhecido separado, pois
este integra o valor do investimento conforme Gelbcke et al. (2018).
Sendo assim, o CPC 01 R1 (2010), o qual trata sobre Redução ao Valor
Recuperável de Ativos, acentua em seu item 6:
15
Valor contábil é o montante pelo qual o ativo está reconhecido no
balanço depois da dedução de toda respectiva depreciação,
amortização ou exaustão acumulada e ajuste para perdas.
Perda por desvalorização é o montante pelo qual o valor contábil de
um ativo ou de unidade geradora de caixa excede seu valor
recuperável.
Valor recuperável de um ativo ou de unidade geradora de caixa é o
maior montante entre o seu valor justo líquido de despesa de venda e
o seu valor em uso.
Valor em uso é o valor presente de fluxos de caixa futuros esperados
que devem advir de um ativo ou de unidade geradora de caixa.
Disponibilidades 100
Contas a receber 200
Máquinas e
equipamentos 5000
Ágio 1000
Passivos (150)
Valor líquido 6150
Valor Recuperável 6020
16
Vamos supor, agora, que a empresa Alfa apresente uma perda maior que
o seu ágio; acompanhemos novamente a situação abaixo.
Disponibilidades 100
Contas a receber 200
Máquinas e
equipamentos 5930
Ágio 70
Passivos (150)
Valor líquido 6150
Valor Recuperável 6020
CC CD
R$
Ativo Circulante R$ 2.000,00 Ativos a valor justo
10.000,00
Investimento - Valor justo do R$
R$ 8.000,00 Patrimônio líquido
acervo líquido 10.000,00
Investimento - Ágio R$ 900,00
Total do ativo R$ 10.900,00
17
Capital social R$ 9.800,00
Reservas R$ 1.100,00
Total do passivo + PL R$ 10.900,00
CC
Ativo Circulante R$ 1.510,00
Investimento - Valor justo do
R$ 8.500,00
acervo líquido
Investimento - Ágio R$ 900,00
Total do ativo R$ 10.910,00
Capital social R$ 9.800,00
Reservas R$ 1.100,00
Ganho em transação de capital R$ 10,00
Total do passivo + PL R$ 10.910,00
19
instruções no CPC 15 R1 (2011), divulgar em suas notas explicativas que a
contabilização inicial da combinação de negócio não foi realizada, pois a
avaliação do ativo não foi completada a tempo no exercício, sendo considerado
um valor provisório de R$ 35.000,00.
Continuando, no exercício de 2020, a empresa XX deve fornecer
explicações, que o valor provisório do ativo no exercício de 2019 deve ser
ajustado, conforme a avaliação realizada no ano de 2020, a qual teve um valor
justo de R$ 40.000,00 do ativo na data de aquisição.
Dessa maneira, no exercício social de 2020, a empresa XX deve realizar
ajustes quanto ao ativo no ano de 2019. Seguindo então, ela deve reconhecer
no exercício social de 2019 um aumento de R$ 4.750,00 do valor contábil do
veículo, exclusos já a depreciação no valor correspondente a R$ 250,00 no
período de 4 meses de uso. Ou seja (R$ 35.000,00 – R$ 40.000,00 = R$
5.000,00), temos então uma diferença de R$ 5.000,00, esses R$ 5.000,00 devem
ser depreciados conforme vida útil do veículo [(R$ 5.000,00/ 60 meses) X 4
meses] = R$ 250,00. Com isso, tem-se aqui um aumento com a despesa de
depreciação a um débito de R$ 250,00 afetando o resultado da empresa XX e,
em contrapartida, um crédito de depreciação acumulada, diminuindo o valor do
imobilizado.
Percebe-se que dividimos o valor de R$ 5.000,00 conforme vida útil do
veículo de 5 anos = 60 meses. Após isso, multiplicamos por 4, número de meses
referente ao período de aquisição até o encerramento do exercício social da
empresa XX em 2019.
Logo após, deve ser reconhecida uma diminuição do ágio por expectativa
de rentabilidade futura no valor de R$ 5.000,00 no exercício de 2019.
Verifiquemos abaixo os lançamentos realizados do início ao fim:
Imobilizado - Goodwill
R$5.000,00 (1)
20
Imobilizado - Depreciação Acumulada Despesa com Depreciação
R$250,00 (2) (4) R$250,00
21
Combinação de negócios realizada em estágios, o adquirente deve
mensurar novamente sua participação anterior na adquirida pelo valor
justo na data da aquisição e deve reconhecer no resultado do período
o ganho ou a perda resultante, se houver, ou em outros resultantes
abrangentes, conforme apropriado. Em períodos contábeis anteriores,
o adquirente pode ter reconhecido ajustes no valor contábil de sua
participação anterior na adquirida, cuja contrapartida tenha sido
contabilizada como outros resultados abrangentes (em ajustes de
avaliação patrimonial), em seu patrimônio líquido.
22
Além de tudo, a combinação de negócios pode ocorrer por acordo
contratual, sendo o stapling arrangements e dual listed. O CPC 15 R1 (2011)
denota que o primeiro tipo de contrato nada mais é do que a combinação dos
valores mobiliários. Esse valores mobiliários são tidos como ações, debêntures,
cotas e fundos de investimentos entre empresas, que posteriormente devem ser
negociados e cotados conjuntamente. Já o segundo corresponde a duas
companhias que funcionam como uma única entidade operacional, as quais
buscam dividir os riscos e benefícios de seus negócios, mas continuam a manter
suas identidades jurídicas e listagens em bolsa de valores de forma separada
(CPC 15 R1, 2011).
Dessa conjuntura, as combinações de negócios não ocorrem somente
pela transferência de contraprestação, pois acordos podem surgir entre as
empresas, pelos quais não é necessária a transferência de parcela de valor.
TROCANDO IDEIAS
NA PRÁTICA
23
( ) c. Ativo que representa benefícios econômicos futuros resultantes de
outros ativos adquiridos em uma combinação de negócios, os quais não são
individualmente identificados e separadamente reconhecidos.
( ) d. Entidade que obtém o controle da adquirida.
( ) e. Conjunto integrado de atividades e ativos capaz de ser conduzido
e gerenciado para gerar retorno, na forma de dividendos, redução de custos ou
outros benefícios econômicos, diretamente a seus investidores ou outros
proprietários, membros ou participantes.
( ) f. Ativo capaz de ser separado ou dividido da entidade e vendido,
transferido, licenciado, alugado ou trocado, individualmente ou em conjunto com
outros ativos e passivos ou contrato relacionado, independentemente da
intenção da entidade em fazê-lo que surge de um contrato ou de outro direito
legal, independentemente de esse direito ser transferível ou separável da
entidade e de outros direitos e obrigações.
( ) g. Parte do patrimônio líquido de controlada não atribuível direta ou
indiretamente à controladora.
( ) h. Negócio ou negócios cujo controle é obtido pelo adquirente por
meio de combinação de negócios.
24
Quadro 6 – Composição financeira
1. A data da aquisição.
2. O valor justo da contraprestação transferida.
3. O valor justo da participação preexistente.
4. O valor justo da participação dos não controladores.
5. Valor atribuído ao negócio.
6. O valor justo dos ativos identificáveis.
7. O valor justo dos passivos assumidos.
8. O total dos tributos diferidos (Alíquota de 34%).
9. O valor justo dos ativos líquidos.
10. O Goodwill.
FINALIZANDO
25
trata de um conjunto de atividades que são conduzidas sob um gerenciamento,
em busca de alavancar as receitas em relação ao que foi investido.
Também pudemos notar que as combinações de negócios, em acordo
com o CPC 15 R1 (2011), se restringem a operações de negócios entre
entidades economicamente livres. No decorrer de nossa aula, notamos que a
aplicação do método de combinação de negócio exige o atendimento de alguns
pontos. Nesse sentido, é necessária a identificação da figura do adquirente, o
qual está realizando o investimento e obtendo o controle sobre a adquirida.
Além do reconhecimento do adquirente, deve-se verificar também a data
de aquisição, pois esta é fundamental nas questões de avaliação dos
investimentos obtidos, como visto durante a aula. Logo em seguida, estudamos
sobre o processo de reconhecimento e mensuração dos ativos identificáveis
adquiridos, dos passivos assumidos e das participações societárias de não
controladores na adquirida. No reconhecimento, é necessário ser reconhecido
separadamente o ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill), após
isso, na mensuração, devem ser reconhecidos os valores justos respectivos dos
ativos. Quanto à participação dos sócios não controladores, esta deve ser
mensurada pelo seu valor justo, ou de acordo com o percentual de suas
participações.
Em continuidade, vimos as questões de mais-valia, ágio por expectativa
de rentabilidade futura (goodwill) e compra vantajosa. Nesses pontos, definimos
cada um a fim de compreender a diferença entre ambos. Para melhor
entendimento, supomos vários cenários diferentes de contabilização, que se
aprofundou quanto à avaliação dos mesmos. Ligado a esse assunto, verificamos
o período de mensuração dos investimentos adquiridos em combinações de
negócios. Nesse tópico, vimos as exigências quanto ao prazo de finalização da
mensuração, e quais são as exigibilidades em casos de não haver uma avaliação
definitiva do investimento.
Ao final, verificamos as questões de combinações de negócios em
estágios, que alinhado ao tema anterior, o adquirente deve realizar ajustes com
base no valor justo no seu investimento na data de aquisição, caso venha ocorrer
mudanças no mesmo, ligadas ao aumento de participação e/ou diminuição da
participação na adquirida, após o período de mensuração. Também
compreendemos que as combinações de negócios podem ocorrer ainda sem a
transferência da contraprestação.
26
REFERÊNCIAS
27
GELBCKE, E. R. et al. Manual de contabilidade societária: aplicável a todas
as sociedades, de acordo com as normas internacionais e do CPC. 3. ed. Atlas,
2018.
28
GABARITO
Resolução da questão 2:
29
10. O Goodwill. (5) – (9) = 1.800.000. É o valor justo da aquisição menos o
valor justo líquido dos ativos, assim como vimos durante a aula.
30
AQUISIÇÕES E
REESTRUTURAÇÕES
EMPRESARIAIS
AULA 4
CONTEXTUALIZANDO
2
Contudo, ao falar sobre as demonstrações contábeis consolidadas, não
devemos negligenciar as questões voltadas à participação de não controladores,
sendo que essa participação deve estar explícita na demonstração consolidada
da controladora. Outro ponto fundamental é a questão dos resultados não
realizados, conforme já vimos em nossas aulas e vamos novamente abordar
neste encontro.
Por último, vamos nos aprofundar nos quesitos voltados à apresentação
nas demonstrações consolidadas da mais-valia e do ágio por expectativa de
rentabilidade futura (goodwill). Assim como vimos nas aulas anteriores, em todos
os ativos e passivos devem ser determinados o valor do goodwill e o valor
referente à compra vantajosa. Para isso, o ativo e o passivo devem ser
mensurados a valor justo. Vale ressaltar que, no momento do reconhecimento
inicial do investimento em demonstrativo individual da controladora, o goodwill
deve ser reconhecido de acordo com a participação. Todavia, vamos ver que, no
momento da consolidação, é necessário o reconhecimento do goodwill dos
controladores e não controladores.
3
controladoras e suas controladas de elaborarem as demonstrações contábeis
individuais.
A fim de compreendermos melhor a respeito, empresas que detêm o
controle devem elaborar a consolidação dos demonstrativos, excluindo as
empresas que possuem o controle compartilhado ou influência significativa, ou
que não possuem nenhuma influência (Gelbcke et al. 2018).
O CPC 36 R3 (2012) disciplina sobre as “Demonstrações Consolidadas”.
Nele, podemos fortalecer o discutido em parágrafo anterior, pois em seu item 2ª,
este retrata que é exigido “que a entidade (controladora) que controle uma ou
mais entidades (controladas) apresente demonstrações consolidadas”.
Complementando, ainda no CPC 36 R3 (2018), há a determinação de que todas
as companhias abertas com participação em controladas, independentemente
do percentual em relação ao PL da controladora, deverão elaborar e publicar as
demonstrações contábeis consolidadas.
Desse ponto, o investidor deve determinar se é controlador avaliando se
de fato exerce controle sobre a investida, de acordo com a lei n. 6.404/76, art.
243, é pontuado em seu inciso II que:
Nesse caso, devemos ter certa atenção quanto à data de elaboração das
demonstrações contábeis, uma vez que, conforme os dispostos em negrito na
citação acima, a empresa controladora e suas controladas devem elaborar as
demonstrações contábeis em mesma data-base, caso não seja possível, devem
ser disponibilizadas informações contábeis adicionais.
De todo modo, se ainda for impraticável a utilização de informações
contábeis adicionais para a consolidação, a empresa controladora deve utilizar
as informações contábeis mais recentes da controlada para realizar a
consolidação, sendo fundamental que a diferença entre as demonstrações
contábeis da controlada para as demonstrações consolidadas não sejam
superiores a dois meses, conforme disposto pelo CPC 36 R3 (2012).
Falando sobre as questões relacionadas à data para a elaboração das
demonstrações contábeis, cabe também entendermos que a consolidação não
5
parte do princípio em que se realiza somente a soma das contas similares, pois
é necessário que ocorra também a exclusão de algumas contas, como as
elencadas por Viceconti e Neves (2018, p. 1047):
6
Entendemos, então, que a participação dos sócios minoritários deve estar
presente no demonstrativo consolidado, todavia, deve ser reconhecida
separadamente em relação à participação da empresa controladora. E de acordo
com o item B94 do CPC 36 R3 (2012), “a entidade deve atribuir os lucros e os
prejuízos e cada componente de outros resultados abrangentes aos proprietários
da controladora e às participações de não controladores”.
Após analisar esses pontos, as demonstrações contábeis consolidadas
devem seguir os seguintes procedimentos, conforme o CPC 36 R3 (2012), item
B86:
Para compreendermos melhor o que foi exposto até aqui, vamos imaginar
que a empresa Alfa S.A., companhia de capital aberto, tem 80% da participação
acionária na Beta S.A. Ambas as sociedades apresentaram as seguintes
demonstrações contábeis individuais em 31/12/20:
7
Tabela 1 – Situação patrimonial de Alfa e Beta
8
Tabela 2 – Consolidação
Controla- Contro-
BALANÇO PATRIMONIAL dora lada Eliminações Consoli-
dação
Débito Crédito
Caixa 55 30 85
Contas a receber 115 90 205
Estoques 160 85 245
Valores e bens 140 140
Despesas antecipadas 10 10
Valores a receber de Beta
S.A. 45 45 B
Investimento Beta S.A. 400 400 A
IMOBILIZADO
Móveis e utensílios 130 130
Veículos 85 85
Terrenos 125 135 260
Edifícios 230 160 390
Máquinas 190 190
TOTAL 1470 715 1740
Fornecedores 90 55 145
Obrigações tributárias 60 45 105
Contas a pagar 120 70 190
Valores a pagar a Alfa S.A. 45 45 B
Capital social 500 300 240 A 500
60 C
Reserva de capital 250 50 40 A 250
10 C
Reservas de lucros 50 50
Lucros acumulados 80 80
Participação de acionistas
não controladores 100 C 100
Receitas operacionais 540 390 930
Custo das vendas -140 -90 -230
Despesas operacionais -80 -60 -140
Receita de equivalência
patrimonial 120 120 A
Contribuição Social -35 -25 -60
Imposto de renda -85 -65 -150
Participação de acionistas
não controladores 30 C -30
TOTAL 1470 715 545 545 1740
9
Vamos passo a passo compreender o que foi realizado. Primeiramente,
foi feita a soma das contas semelhantes entre controladora e controlada, assim
como disciplina o CPC 36 R3 (2012) em seu item B86. Logo após, realizou-se a
eliminação das contas correspondentes aos investimentos, e em seguida foi
eliminado o montante correspondente à participação de 80% da controladora no
capital social, na reserva de capital e na receita de equivalência patrimonial na
controlada. Essas contas estão identificadas com a letra A. A fim de tirar dúvidas
quanto à receita de equivalência patrimonial, esta foi eliminada conforme seu
valor de R$ 120,00, visto que o lucro líquido da controlada, conforme o
enunciado, foi de R$ 150,00 (R$ 150,00 X 80% = R$ 120,00).
Continuando, devemos reconhecer a participação dos sócios não
controladores nos demonstrativos, porém, de maneira separada. Com isso,
podemos identificar a participação dos sócios não controladores por meio da
letra C. Os valores da tabela correspondentes aos sócios não controladores
foram baseados em seu percentual de participação, nesse caso de 10%. Os
mesmos então possuem participação sobre o capital social, reserva de capital e
sobre o lucro líquido da controladora, que foi de R$ 150,00 (R$ 150,00 X 20% =
R$ 30,00).
Além disso, foi realizada a eliminação das transações entre partes,
identificadas com a letra B, pois a empresa Alfa vendeu mercadorias para a
empresa Beta, e para fins de consolidação, deve-se realizar a anulação desses
saldos.
Para finalizar, vimos que a eliminação é realizada por meio do Débito e do
Crédito, e sabemos que as contas classificadas no passivo são aquelas
conhecidas como a origem dos recursos. Desse modo, para a eliminação destas,
basta realizar o lançamento a débito com o valor correspondente ao ajuste
necessário.
Para as contas do ativo, conhecidas como as de aplicações de recursos,
que possuem natureza devedora, basta o lançamento a crédito com o valor do
ajuste. E no mais, na tabela observamos a abertura de uma conta referente à
participação dos sócios não controladores no valor de R$ 100,00, ou seja, foi a
contrapartida dos débitos referentes à participação desses acionistas
minoritários, alcançando, somados, o valor de R$100,00, que deve ser
reconhecido no patrimônio líquido de maneira separada da participação dos
sócios controladores.
10
Vamos observar abaixo como ficaram os lançamentos dos valores já
consolidados no balanço patrimonial e demonstrativo de resultado.
ATIVO CIRCULANTE
Caixa 85
Contas a receber 205
Estoques 245
Valores e bens 140
Despesas antecipadas 10
IMOBILIZADO
Móveis e utensílios 130
Veículos 85
Terrenos 260
Edifícios 390
Máquinas 190
TOTAL 1740
PASSIVO CIRCULANTE
Fornecedores 145
Obrigações tributárias 105
Contas a pagar 190
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Capital social 500
Reserva de capital 250
Reservas de lucros 50
Lucros acumulados 80
Lucro líquido do exercício 320
11
É importante observarmos que o lucro consolidado deve ser igual ao lucro
da controladora. No exercício anterior, o lucro consolidado foi igual ao lucro
individual da controladora. Caso aconteça de ser diferente, a empresa deve
apresentar nota explicativa demonstrando a conciliação entre os dois resultados.
12
seu investimento e a débito em sua conta de resultado o valor correspondente à
parcela dos lucros não realizados (Souza; Borba, 2013).
Para entendermos melhor, vamos considerar o mesmo exemplo anterior,
porém, a empresa Alfa vendeu mercadorias para empresa Beta por $ 100,00 e
elas custaram $ 80,00. As mercadorias continuam em estoque. O lucro não
realizado nos estoques na consolidação deve ser totalmente eliminado. Para
isso, é necessário reduzir o valor da equivalência patrimonial e o valor dos
estoques consolidados. O resultado da venda também deve ser eliminado. O
cálculo da equivalência ficará da seguinte forma:
Tabela 4 – Consolidação
Controla- Contro-
BALANÇO PATRIMONIAL dora lada Eliminações Consoli-
dação
Débito Crédito
Caixa 55 30 85
Contas a receber 115 90 205
Estoques 160 85 20 D 225
Valores e bens 140 140
Despesas antecipadas 10 10
Valores a receber de Beta
S.A. 45 45 B
Investimento Beta S.A. 380 380 A
Lucros a realizar -20 20 D
IMOBILIZADO
Móveis e utensílios 130 130
Veículos 85 85
Terrenos 125 135 260
Edifícios 230 160 390
Máquinas 190 190
TOTAL 1450 715 1720
Fornecedores 90 55 145
Obrigações tributárias 60 45 105
Contas a pagar 120 70 190
Valores a pagar para Alfa
S.A. 45 45 B
Capital social 500 300 240 A 500
60 C
Reserva de capital 250 50 40 A 250
10 C
Reservas de lucros 50 50
Lucros acumulados 80 80
Participação de acionistas
não controladores 100 C 100
Receitas operacionais 540 390 100 T 100 E 830
Custo das vendas -140 -90 80 E 80 T -150
13
Despesas operacionais -80 -60 -140
Receita de equivalência
patrimonial 100 100 A
Contribuição Social -35 -25 -60
Imposto de renda -85 -65 -150
Participação de acionistas
não controladores 30 C -30
TOTAL 1450 715 725 725 1720
15
controle não pode ser amortizado, exceto o que está previsto no ICPC 09 para
circunstâncias muito específicas de vida útil econômica determinada”.
Um ponto importante está relacionado ao reconhecimento da mais-valia e
do goodwill. Segundo Gelbcke et al. (2018), a empresa controladora deve
reconhecer a parcela total da participação de controladores e não controladores
da mais-valia no balanço consolidado. E quanto ao goodwill, seu valor total
também deve ser reconhecido como balanço patrimonial consolidado caso a
participação de não controladores no reconhecimento inicial seja avaliada pelo
seu valor justo (ICPC 09 R2, 2014).
Vamos considerar um exemplo diferente dos anteriores: vamos supor que
agora a empresa Alfa possua controle integral sobre a empresa Beta. Foram
elaborados os seguintes lançamentos de consolidação:
Tabela 5 – Consolidação
16
Reservas de Lucros 600000 300000 300000 T 600000
TOTAL 5400000 2400000 2300000 2300000 5500000
Resultado do Exercício
Receita 1000000 600000 1600000
Custo -500000 -250000 -750000
Lucro Bruto
Despesas -200000 -50000 -250000
Resultado de
Participações
Receita de Equi. Beta 300000 300000 C 300000 T
Imposto de Renda
Lucro Líquido 600000 300000 2600000 2600000 600000
Tabela 6 – Consolidação
17
Estoques 600000 400000 500000 E 1500000
Ativo Não Circulante
Empréstimo C. Beta 200000 200000 B
Investimento Beta 2200000 2200000 A
PL contábil investido 1000000 1000000 A
Apropriação MEP 300000 300000 A
Goodwill 200000 200000 E
Mais valia de
E
imobilizado 100000 100000
Mais valia de estoques 500000 500000 E
Carteira de clientes 200000 200000 E
Provisão possível -100000 100000 E
Imobilizado 1000000 600000 100000 E 1700000
Intangível 500000 500000 1000000
Goodwill 200000 E
Carteira de clientes 200000 E
TOTAL 6300000 2400000 6500000
Passivo
Fornecedores 2000000 50000 2050000
Contas a pagar Beta 300000 300000 B
Contas a pagar Alfa 500000 500000 B
Provisões 2100000 350000 100000 E 2550000
Empréstimos a pagar
B
Alfa 200000 200000
Patrimônio Líquido
Capital Social 1000000 800000 800000 A 1000000
Reservas 300000 200000 200000 A 300000
Reservas de Lucros 600000 300000 300000 T 600000
TOTAL 6300000 2400000 3400000 3400000 6500000
Resultado do Exercício
Receita 1000000 600000 1600000
Custo -500000 -250000 -750000
Lucro Bruto
Despesas -200000 -50000 -250000
Resultado de
Participações
Receita de Equi. Beta 300000 300000 A 300000 T
Imposto de Renda
Lucro Líquido 600000 300000 3700000 3700000 600000
18
grupo do intangível, diferente, caso fosse no balanço individual, no qual tem-se
o registro do mesmo no grupo de investimentos.
No que tange à carteira de clientes, esta se trata de uma ativo intangível,
o qual deve ser alocado logo abaixo. E quanto à provisão possível, esta deve ser
alocada no grupo já existente de provisões no passivo, aumentado o valor dessa
conta, pela qual não foi reconhecida.
TROCANDO IDEIAS
NA PRÁTICA
Questão 2) A Alfa S.A. adquiriu 60% do capital social da Beta S.A. em 01/01/X1
pelo valor de R$ 180, que correspondia nessa mesma data à aplicação desse
percentual sobre o valor do patrimônio líquido da investida. A Controlada S.A.
19
apurou um lucro de R$ 50 em X1 e declarou dividendos de R$ 35 em 31/12. A
situação patrimonial das empresas após a aquisição do controle em 31/12/X1
era a seguinte (em R$ milhões):
Alfa Beta
Investimentos 180
Outros ativos 490 430
Total 670 430
Outros passivos 70 80
Patrimônio Líquido 520 300
Lucro Líquido das
Vendas 80 50
Total 670 430
Considerando as informações fornecidas e que os lucros auferidos no
período foram incorporados ao patrimônio líquido, assinale a alternativa que
apresenta informação incorreta:
( ) a. 500,00
( ) b. 625,00
( ) c. 630,00
( ) d. 125,00
( ) e. 620,00
FINALIZANDO
20
à junção dos demonstrativos da controladora com os de suas controladas. Nesse
tópico, foi possível compreender que as empresas que desempenham o controle
são obrigadas a realizar o demonstrativo consolidado.
Continuando, demonstrativos consolidados têm como objetivo principal o
fornecimento do resultado consolidado do grupo econômico, auxiliando no
processo de tomada de decisão dos investidores. Para a elaboração desse
demonstrativo, é necessária a adição de contas semelhantes da controladora e
da(s) sua(s) controlada(s).
No entanto, é também necessária a eliminação de algumas contas ou
valores, como por exemplo, aquelas relacionadas aos investimentos, às
transações entre as empresas e ao resultado de equivalência patrimonial. Dentro
dessa ótica, partimos para a discussão da participação dos sócios não
controladores. Vimos aqui, que é necessária a eliminação dessas contas, e além
disso, as participações de não controladores devem ser evidenciadas também
no demonstrativo consolidado, porém de maneira separada.
Logo depois, iniciamos a discussão quanto aos lucros não realizados,
notamos que estes ocorrem quando existem transações entre empresas do
mesmo grupo. Nessas transações entre empresas, podem originar de lucros
realizados ou não. Caso a empresa controladora venda mercadorias para a sua
controlada, ou vice-versa, e a empresa a qual adquiriu possua, ainda, essas
mercadorias de forma parcial ou total em seus estoques, há então os lucros não
realizados.
Por fim, discutimos sobre as questões voltadas ao ágio por expectativa de
rentabilidade futura (goodwill) e a mais-valia. Ademais, nessas contas, pudemos
identificar algumas mudanças relacionadas aos seus registros. Quando
reconhecidas no balanço patrimonial individual da controladora, devem ser
registradas no grupo investimentos. No entanto, ao realizar o balanço patrimonial
consolidado, o ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) é registrado
no subgrupo do intangível, enquanto a mais-valia deve ser registrada em sua
conta, a qual se deu sua origem.
21
REFERÊNCIAS
22
GABARITO
Questão 1) letra c
Questão 2) letra a
Questão 3) letra d
23
AQUISIÇÕES E
REESTRUTURAÇÕES
EMPRESARIAIS
AULA 5
CONTEXTUALIZANDO
2
empresa incorporadora traz os ativos e passivos para dentro de seu patrimônio,
desaparecendo a incorporada.
O processo de cisão ocorre quando a empresa transfere as parcelas de
seu patrimônio para uma ou mais empresas, as quais são constituídos somente
por esse propósito. A empresa que recebe essas parcelas de patrimônio pode
ser extinta, caso haja a transferência total do patrimônio da empresa que efetua
esse tipo de reestruturação.
A fusão, por sua vez, também é uma das formas de reestruturação
societária, porém, diferente das anteriores, ocorre quando ocorre a união de
duas ou mais empresas, originando então uma nova sociedade. Os pontos aqui
colocados serão aprofundamos no decorrer dessa aula, fazendo o uso de
exemplos.
3
Diante desses pontos colocados, as reorganizações societárias podem
ser dadas por meio de:
• Incorporação;
• Cisão;
• Fusão.
6
vista que podemos observar a proporção do valor da ação que a incorporadora
emitirá para substituir as ações da incorporada. Perez Júnior e Oliveira (2012, p.
271-272) destacam ainda que “É importante que o critério adotado preserve o
valor real dos patrimônios dos envolvidos para que não ocorram ganhos ou
perdas entre os acionistas envolvidos”.
Quanto ao critério de avaliação, vimos vários descritos anteriormente,
porém a lei não exige nenhum específico, e a escolha de determinado método
pode ocasionar diferentes efeitos e pode não constar no protocolo (Perez Júnior;
Oliveira, 2012). Os mesmos autores acrescentam que, “Em outras palavras, o
negócio é realizado pelo valor de mercado e a formalização obedece o valor
contábil” (Perez Júnior; Oliveira, 2012) para fins fiscais.
Além disso, existe a data base da reestruturação societária. Conforme
Perez Júnior e Oliveira (2012), a avaliação da posição patrimonial deve ser
realizada na posição patrimonial do período em questão, conhecido como
período de avaliação do patrimônio, o qual ocorre no período de tempo
necessário ao levantamento do balanço patrimonial e à avaliação do patrimônio
da empresa.
Nos processos de incorporação, cisão e fusão, deve-se ter como atenção
dois momentos, descritos por Perez Júnior e Oliveira (2012, p. 272) como “a data
em que é feita a avaliação do patrimônio líquido a ser vertido (data-base para
avaliação); e a data em que a assembleia aprova a incorporação”. Devida
situação ocorre também para as realizações de fusões e cisões, obedecendo às
especificidades de cada uma.
Entre a data-base de avaliação até o período de aprovação em
assembleia, podem surgir questões voltadas a um lucro ou prejuízo patrimonial,
resultante das atividades da empresa (Perez Júnior; Oliveira, 2012). Essas
variações são entendidas como variações patrimoniais posteriores. No protocolo
já citado anteriormente, deve estar evidenciado a quem esse resultado deve
pertencer, seja para os sócios novos, seja para sócios antigos, para a
distribuição de dividendos obrigatórios, entre outros (Perez Júnior; Oliveira,
2012).
Dentre os parâmetros aqui discutidos, existe ainda o reembolso do valor
das ações a acionistas dissidentes, os quais não estão de acordo com os termos
da negociação deliberados na assembleia geral (Perez Júnior; Oliveira, 2012).
Esse tipo de acionista possui o direito de recesso a uma empresa, em relação à
7
qual não concordou com alguma decisão tomada pela assembleia geral, tendo
o direito de reembolso de suas ações, assim como já discutido. Tais acionistas,
ao não concordarem com as decisões tomadas em assembleia geral, podem
receber o reembolso no valor de suas ações com a sua saída da companhia.
Ao falarmos sobre as questões de saída de acionistas de uma companhia
por não concordarem com os termos deliberados em assembleia geral, ´=e
importante lembrar-nos das questões voltadas às vendas das ações dos
acionistas majoritários, que podem então passar o controle para outro investidor.
Nesse processo, existe o chamado Tag Along, que, por sua vez, busca fornecer
uma proteção aos acionistas minoritários nas empresas listadas em bolsas de
valores.
Por que fornecer proteção? Quando ocorre o investimento em uma
empresa, certamente que a pessoa que vai efetuar esse ato busca saber a real
situação dessa empresa. Nesse processo, ele busca verificar as questões
voltadas à administração dessa sociedade, para assim adquirir certo tipo de
confiança ao efetuar o investimento. Mas, em momento posterior, os sócios
controladores podem vender suas ações que estavam sendo avaliadas em
preços robustos, passando o controle a outros sócios. Você, como acionista
minoritário, pode acompanhar tal movimento e vender suas ações ou não. Caso
decida por vendê-las, você terá direito a receber no mínimo 80% do valor delas,
a serem oferecidos pelos novos controladores. Para entendermos melhor, caso
uma empresa não possua tal mecanismo de proteção ao acionista minoritário,
os novos compradores poderiam adquirir somente as ações dos sócios
majoritários, e, desse modo, os acionistas minoritários seriam obrigados a
vender a preços baixos suas ações, ou continuarem com sua participação na
empresa, porém com novos controladores.
Se não existisse o tag along, os acionistas minoritários ficariam com as
ações em mãos e com outro controlador, ou as venderiam a preços muito baixos.
O tag along pode ser visto nas principais empresas listadas na B3. Muitas vezes,
os acionistas minoritários têm direito a receber até 100% do valor de suas ações,
mas vale ressaltar que, conforme a Lei n. 6.404/76, essa proteção só é imposta
aos acionistas detentores de ações ordinárias, cujos detentores possuem o
poder de voto em assembleia geral, todavia as empresas podem estender devida
proteção aos acionistas que possuem ações preferenciais (Brasil, 1976). O Tag
Along está previsto no art. 254 da Lei n. 6.404/76.
8
TEMA 3 – INCORPORAÇÃO
Como bem podemos observar na Figura 1, a Cia Alfa absorve a Cia Beta,
assumindo seus direitos e obrigações. Além disso, Gelbcke et al. (2018, p. 2441),
acrescenta que:
9
do valor do capital social da incorporadora (às vezes o aumento não se
dá totalmente no capital social, podendo parte ser incrementado em
algumas reservas).
10
Tabela 2 – Acervo Líquido da Alienada
A valor A valor
Conta contábil justo
300 395
11
Tabela 4 – Lançamentos Alienada 3/09/x1
12
seja, que possuem já o controle ou influência significativa. Esse tipo de
participação, como já bem sabemos, é avaliada pelo método de equivalência
patrimonial. Todavia, existem as participações que não existem a influência
significativa e nem o controle, ou seja, uma empresa possui 10% de participação
em outra empresa. É uma forma também de participação, no entanto sem
influência significativa nem controle. Desse modo, deve ser avaliado pelo valor
justo. Assim, devem ser realizados ajustes correspondentes aos percentuais de
participação dos acionistas, além de que, caso haja acionistas dissidentes, deve
ser realizado o respectivo registro em conta do passivo de sua participação
(Almeida, 2013).
Vamos aqui considerar novamente o exemplo de Almeida (2013), em que
agora ocorre a incorporação com a participação entre sociedades. Os acionistas
da Holding S.A. possuem 10% das ações do capital social da Investida S.A., e a
participação é avaliada pelo valor justo. Os acionistas de ambas as sociedades
decidiram em 30/09/X1 que a primeira incorporaria a segunda, com base no
acervo líquido da Investida S.A. avaliado pelo valor justo.
A Investida S.A. é considerada a sociedade adquirida e o seu acervo
líquido deverá ser avaliado a valor justo.
270 365
Aqui, podemos ver que deve ser reconhecido o valor justo da alienada, e
além disso, ao efetuar a incorporação, deve ser avaliado o acervo líquido contábil
da Investida ao seu valor justo. Continuando, temos as seguintes situações
ainda.
13
Tabela 7 – Dados da Investida
14
Lançamentos com a letra C: lançamento de reconhecimento de ágio,
diferença entre valor justo e o valor pago.
Após isso, é necessário realizarmos os lançamentos na Investida:
15
Os lançamentos efetuados na Holding devem ter a nossa atenção,
principalmente no reconhecimento do capital social, e após isso, o
reconhecimento de mais valia de ativos e do goodwill.
Gelbeck et al. (2018) destacam que, quando ocorre a incorporação com a
participação entre sociedades, ou seja, controladora e controlada, as
demonstrações a serem realizadas na incorporadora serão iguais às
demonstrações consolidadas, mas, ao realizar os lançamentos, deixa de existir
a conta dos acionistas não controladores, e passa a integrar, nesse lugar, o
aumento do capital social da incorporadora.
Além disso, vale destacar que, caso a incorporação ocorra com a
participação entre sociedades, cuja controladora possui participação total sobre
outra empresa, a consolidação e os lançamentos relacionados à incorporação a
serem realizados na subsidiária e na holding são os mesmos, os quais são
realizados na incorporação sem a participação entre sociedades, sob controle
comum, no entanto essa participação é avaliada pelo método de equivalência
patrimonial.
TEMA 4 – CISÃO
17
É importante compreendermos que, nas reestruturações identificadas
como cisões, deve ser realizada a transferência do acervo líquido a valor contábil
para a empresa cindida. Além disso, cabe compreendermos os aspectos
relacionados à contabilização nesse tipo de operação, que, conforme disposto
por Perez Júnior e Oliveira (2012, p. 302), devem ser realizado da seguinte
forma:
ATIVO PASSIVO
Disponível 340 Fornecedores 180
Estoques 310 Contas a pagar 50
Terrenos 350 Empréstimos 290
Móveis e Utensílios 400
Depreciação acumulada -80 Patrimônio Líquido
Capital Social 600
Lucros Acumulados 200
Total 1.320 1.320
18
Tabela 12 – Balanço Patrimonial da empresa A antes da cisão
ATIVO PASSIVO
Disponível 157 Fornecedores 65
Estoques 515 Contas a pagar 105
Veículos 360
Depreciação acumulada -72 Patrimônio Líquido
Capital Social 500
Lucros Acumulados 290
Total 960 960
Disponível 55
Estoques 145
Empréstimos -270
Débito Crédito
Cisão empresa A 520
Depreciação acumulada 80
Disponível 55
Estoques 145
Móveis e utensílios 400
19
Pela Transferência dos ativos da Holding S.A. para a empresa A
Empréstimos 270
Cisão empresa A 270
Pela Transferência dos passivos da Holding S.A. para a empresa A
Capital Social (600*31,25%) 250/800 = 31,25% 187,5
Lucros acumulados (200*31,25%) 62,5
Cisão empresa A 250
Pela cisão do capital social e de lucros acumulados, proporcional ao acervo líquido contábil
transferido para a empresa A
ATIVO PASSIVO
Disponível 285 Fornecedores 180
Estoques 165 Contas a pagar 50
Terrenos 350 Empréstimos 20
Patrimônio Líquido
Capital Social 412,5
20
Lucros Acumulados 137,5
Total 800 800
Débito Crédito
Disponível 55
Estoques 145
Móveis e utensílios 400
Depreciação acumulada 80
Cisão 520
Pela Transferência de ativos da Holding S.A.
Cisão 270
Empréstimos 270
Pela Transferência dos passivos da Holding S.A.
Cisão 250
Capital Social (600*31,25%) 250/800 = 31,25% 187,5
Lucros acumulados (200*31,25%) 62,5
21
proporcionou em um crédito, e a aplicação desses recursos na empresa A
proporcionou em um débito de R$ 212 (R$ 157 + R$ 55). Até aqui foi levada em
consideração somente a conta de disponibilidades, mas sabemos que o mesmo
deve ser considerado para as outras contas.
ATIVO PASSIVO
Disponível 212 Fornecedores 65
Estoques 660 Contas a pagar 105
Veículos 360 Empréstimos 270
Depreciação acumulada -72
Móveis e utensílios 400
Depreciação acumulada -80
Patrimônio Líquido
Capital Social 687,5
Lucros Acumulados 352,5
Total 1.480 1.480
TEMA 5 – FUSÃO
22
§ 2º Apresentados os laudos, os administradores convocarão os sócios
ou acionistas das sociedades para uma assembleia-geral, que deles
tomará conhecimento e resolverá sobre a constituição definitiva da
nova sociedade, vedado aos sócios ou acionistas votar o laudo de
avaliação do patrimônio líquido da sociedade de que fazem parte.
§ 3º Constituída a nova companhia, incumbirá aos primeiros
administradores promover o arquivamento e a publicação dos atos da
fusão. (Brasil, 1976)
23
empresas, criando uma nova sociedade denominada Sigma S.A. Alfa S.A. detém
100% das ações do capital social de Beta S.A. O exemplo aqui colocado
considera que há uma participação entre sociedades, portanto deve ser avaliado
pelo método de equivalência patrimonial.
Prosseguindo com o nosso exemplo, é possível verificar a composição
patrimonial das três empresas.
Débito Crédito
Fusão 2000
Investimento Beta 540
Outros ativos 1.460
Pela Transferência dos ativos para a Sigma
Passivos 600
Fusão 600
Pela Transferência dos passivos para a Sigma
Patrimônio Líquido 1.940
Fusão 1.940
Pela transferência do acervo líquido para a Sigma
24
Tabela 18 – Lançamentos de fusão da empresa Beta
Débito Crédito
Fusão 740
Ativos 740
Pela Transferência dos ativos para a Sigma
Passivos 200
Fusão 200
Pela Transferência dos passivos para a Sigma
Patrimônio Líquido 540
Fusão 540
Pela transferência do acervo líquido para a Sigma
Débito Crédito
Investimento Beta 540
Outros ativos 1.460
Fusão Alfa 2.000
Pela Transferência dos ativos de Alfa
Fusão Alfa 600
Passivos 600
Pela Transferência dos passivos de Alfa
Fusão Alfa 1.940
Patrimônio Líquido 1.940
Pela transferência do acervo líquido de Alfa
Débito Crédito
Ativos 740
Fusão Beta 740
Pela Transferência dos ativos de Beta
Fusão Beta 200
Passivos 200
Pela Transferência dos passivos de Beta
Fusão Beta 540
Patrimônio Líquido 540
Pela transferência do acervo líquido de Beta e eliminação do investimento
25
Finalizados os lançamentos, sabe-se que agora as empresas Alfa e Beta
extinguiram, porém, formaram uma nova sociedade nomenclada como Sigma.
Vale pontuar que os mesmos processos que ocorrem na incorporação
(por exemplo, a incorporação sem a participação entre sociedades e com a
participação entre sociedades) também acontecem na fusão e devem ser
avaliados de diferentes formas, como já vimos no decorrer da aula.
TROCANDO IDEIAS
NA PRÁTICA1
Questão 1
Quanto à reestruturação das sociedades por meio de incorporação, cisão
e fusão, conforme a Lei n. 6.404/76 (Brasil, 1976), é correto dizer que:
1
O gabarito para as questões desta seção pode ser encontrado ao final deste material, após as
referências.
26
d) a incorporação é entendida como aquela em que uma empresa realiza a
absorção de uma ou mais empresas, sucedendo-a(as) em todos os
direitos e obrigações.
e) a cisão ocorre quando duas empresas ou mais se juntam, tendo como
propósito a criação de uma nova sociedade.
Questão 2
Antes
Conta
Alfa Beta
Ativos 2.000 740
Passivos 600 140
Capital Social 1.000 360
Lucros Acumulados 300 180
Lucro de 01/01/X1 a 28/02/X1 100 60
Total Passivos 2.000 740
27
Questão 3
ATIVO PASSIVO
Disponível 500 Fornecedores 360
Terreno 700 Contas a pagar 100
Móveis e Utensílios 800 Empréstimos 580
Depreciação acumulada -160
Instalações 1.000 Patrimônio Líquido
Dep. Acumulada -200 Capital Social 1.200
Lucros Acumulados 400
Total 2.640 2.640
28
c) Realize os lançamentos de criação da empresa B e, após isso, o seu
balanço patrimonial.
Questão 4
Empresa Santos
Caixa R$ 3.000,00 Financiamentos R$ 1.500,00
Terrenos R$ 2.000,00 Capital Social R$ 3.500,00
Ativo Total R$ 5.000,00 Passivo Total R$ 5.000,00
Empresa Ribeiro
Caixa R$ 2.500,00 Financiamentos R$ 1.000,00
Terrenos R$ 1.500,00 Capital Social R$ 3.000,00
Ativo Total R$ 4.000,00 Passivo Total R$ 4.000,00
a) R$ 9.000,00.
b) R$ 10.000,00
c) R$ 8.000,00
d) R$ 6.500,00
e) R$ 5.000,00
FINALIZANDO
29
reestruturações societárias, que podem ser originadas da incorporação, cisão e
fusão.
Em primeiro momento, estudamos que as reestruturações societárias se
referem a um processo que modifica a estrutura das empresas quanto à
composição patrimonial. Esse processo de restruturação geralmente ocorre por
conta de as empresas buscarem a ampliação e diversificação de suas atividades.
Logo após, verificamos que, no processo de reestruturação das
empresas, estas devem seguir um protocolo, no qual são dispostas as questões
de troca de ações. Além disso, devem estar explícitos os critérios de avaliação,
data base e restruturação, entre outros pontos. Verificamos também o que seria
tag along, que é uma proteção fornecida ao sócio não controlador da empresa
nos momentos de venda de suas participações.
No decorrer de nossa aula, prosseguindo com a reestruturação societária,
pudemos compreender que esta pode-se dar por meio da incorporação, cisão
e fusão. A incorporação é um processo pelo qual uma entidade absorve a
outra, adquirindo os direitos e obrigações da outra empresa. A cisão ocorre na
transferência de capital para uma ou mais empresas. Esse tipo de transferência
pode-se dar para uma empresa já existente ou uma empresa criada somente
para tal propósito.
Por fim, adentramos na reestruturação realizada por meio da fusão, que,
diferente das outras duas comentadas, permite que duas ou mais empresas se
juntam com o intuito de formar uma nova sociedade.
Assim, durante esta aula, aprofundamos as questões de contabilização
em ambos os processos de reestruturações societárias.
30
REFERÊNCIAS
31
GABARITO
Questão 1: alternativa D.
Questão 2: resolução:
Consolidação:
Antes Lançamentos Após
Conta
Alfa Beta Débito Crédito Alfa
Ativos 2.000 740 2.740
Passivos 600 140 740
Capital Social 1.000 360 a - 240 1.600
Lucros Acumulados 300 180 a - 180 300
Lucro de 01/01/X1 a 28/02/X1 100 60 a - 60 100
Total Passivos 2.000 740 240 240 2.740
32
Questão 3: resolução:
Lançamentos
Débito Crédito
Cisão empresa A 780
Disponível 80
Terreno 700
Pela Transferência dos ativos da Holding S.A. para a empresa A
Fornecedores 70
Empréstimos 230
Cisão empresa A 300
Pela Transferência dos passivos da Holding S.A. para a empresa A
Capital Social (1200*30%) 480/1600 = 30% 360
Lucros acumulados (400*30%) 120
Cisão empresa A 480
Pela cisão do capital social e de lucros acumulados, proporcional ao acervo líquido contábil
transferido para a empresa A
Débito Crédito
Cisão empresa B 750
Depreciação acumulada de móveis e utensílios 160
Disponível 110
Móveis e utensílios 800
Pela Transferência dos ativos da Holding S.A. para a empresa B
Fornecedores 130
Cisão empresa B 130
Pela Transferência dos passivos da Holding S.A. para a empresa B
Capital Social (1200*38,75%) 620/1600 = 38,75% 465
Lucros acumulados (400*38,75%) 155
Cisão empresa A 620
Pela cisão do capital social e de lucros acumulados, proporcional ao acervo líquido contábil
transferido para a empresa B
ATIVO PASSIVO
Disponível 310 Fornecedores 160
Instalações 1.000 Contas a pagar 100
Depreciação acumulada -200 Empréstimos 350
Patrimônio Líquido
Capital Social 375
Lucros Acumulados 125
Total 1.110 1.110
33
b) Realize os lançamentos de criação da empresa A e, após isso, o seu
balanço patrimonial.
Lançamentos
Débito Crédito
Disponível 80
Terrenos 700
Cisão 780
Pela Transferência dos ativos da Holding S.A.
Cisão 300
Fornecedores 70
Empréstimos 230
Pela Transferência dos passivos da Holding S.A.
Cisão 480
Capital Social 360
Lucros Acumulados 120
Pela transferência de parcela do capital social e de lucros acumulados, proporcional ao
acervo líquido contábil transferido
ATIVO PASSIVO
Disponível 80 Fornecedores 70
Terrenos 700 Empréstimos 230
Patrimônio Líquido
Capital Social 360
Lucros Acumulados 120
Total 780 780
Lançamentos
Débito Crédito
Disponível 110
Móveis e utensílios 800
Depreciação acumulada de móveis e utensílios 160
Cisão 750
Pela Transferência dos ativos da Holding S.A.
Cisão 130
Fornecedores 130
Pela Transferência dos passivos da Holding S.A.
34
Cisão 620
Capital Social 465
Lucros Acumulados 155
Pela transferência de parcela do capital social e de lucros acumulados, proporcional ao
acervo líquido contábil transferido
ATIVO PASSIVO
Disponível 110 Fornecedores 130
Móveis e utensílios 800
Depreciação acumulada de
móveis e utensílios -160
Patrimônio Líquido
Capital Social 465
Lucros Acumulados 155
Total 750 750
Questão 4: alternativa D.
Como ocorreu uma reestruturação chamada de fusão, esta é a junção de
duas ou mais sociedades, formando então uma nova empresa. Essa junção leva
em consideração a união do patrimônio líquido de ambas as sociedades que
buscam formar uma nova.
35
AQUISIÇÕES E
REESTRUTURAÇÕES
EMPRESARIAIS
AULA 6
CONTEXTUALIZANDO
2
atividades e, desse modo, buscam a devida reorganização societária com o
intuito de se sobressair novamente com suas atividades. Ou seja, são medidas
societárias para auxiliar as empresas em sua recuperação.
No que se refere à falência, esta ocorre quando uma empresa já não
possui a capacidade de cumprir com o pagamento de suas obrigações e,
consequentemente, não tem mais a capacidade de prosseguir com suas
atividades. Por sua vez, a recuperação extrajudicial se apresenta como um
acordo, o qual é realizado entre a empresa devedora e seus grupos credores. A
recuperação extrajudicial, assim como a recuperação judicial, possui alguns
requisitos, os quais vamos discutir no decorrer dessa aula.
4
• Série de atos;
• Consentimento dos credores;
• Concessão judicial;
• Superação da crise; e,
• Manutenção das empresas viáveis.
5
É fundamental aos credores analisar a possibilidade de manutenção ou o
possível encerramento de suas atividades. Caso o último apresente em maiores
possibilidades, é fundamental dar início ao processo de recuperação judicial
(Tomazette, 2017).
6
I - sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação
líquida materializada em título ou títulos executivos protestados cuja
soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na
data do pedido de falência;
II - executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e
não nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal. (Brasil,
2005)
A falência requerida com base no art. 94, inciso I do caput desta Lei,
não será decretada se o requerido provar:
I - falsidade de título;
II - prescrição;
III - nulidade de obrigação ou de título;
IV - pagamento da dívida;
V - qualquer outro fato que extinga ou suspenda obrigação ou não
legitime a cobrança de título;
VI - vício em protesto ou em seu instrumento;
VII - apresentação de pedido de recuperação judicial no prazo da
contestação, observados os requisitos do art. 51 desta Lei;
VIII - cessação das atividades empresariais mais de 2 (dois) anos antes
do pedido de falência, comprovada por documento hábil do Registro
Público de Empresas, o qual não prevalecerá contra prova de exercício
posterior ao ato registrado. (Brasil, 2005)
7
TEMA 3 – REORGANIZAÇÃO DA EMPRESA NO PROCESSO DE
RECUPERAÇÃO JUDICIAL
Para entendermos o que foi citado acima, comecemos pelo ponto II, o qual
destaca que, na recuperação judicial, deve demonstrar a viabilidade econômica.
Ou seja, demonstrar aos credores e ao juízo que o plano a ser executado para
a recuperação judicial possui viabilidade para assim a empresa se recuperar de
sua crise (Tomazette, 2017).
No terceiro ponto, é destacada a questão do laudo econômico-financeiro,
que nada mais é do que a avaliação dos bens e ativos da empresa em
recuperação judicial, realizado por um profissional (Tomazette, 2017). Depois
colocados esses pontos, nos centramos então ao primeiro deles, que trata dos
meios utilizados para a recuperação judicial. Sob esse aspecto, o art. 50 da Lei
n. 11.101/05 determina que uma das formas de recuperação da empresa frente
8
a uma crise vivida é por meio da “cisão, incorporação, fusão ou transformação
de sociedade, constituição de subsidiária integral, ou cessão de cotas ou ações,
respeitados os direitos dos sócios, nos termos da legislação vigente” (Brasil,
2005).
Nesse sentido, Tomazette (2017) afirma que medidas societárias voltadas
ao desenvolvimento das atividades da empresa podem ser utilizadas como
meios de recuperação judicial. O autor vai um pouco mais além, ao dispor que
tais medidas relacionadas à reestruturação societária podem permitir o
melhoramento do alcance das atividades no mercado, trazendo também a
diversificação das atividades, além de causar mudanças de titularidades de
controle sobre a sociedade.
De certo modo, quando falamos sobre reestruturação societária, existe a
transformação da sociedade, que pode acontecer conforme a Lei n. 6.404/76,
pela mudança, por meio da qual a empresa nomenclada como limitada passa a
ser uma sociedade anônima, ou quando os sócios se retiram da organização
tornando-a uma empresa individual de responsabilidade limitada. Esse tipo de
transformação pode ocasionar em melhoras na administração e melhor gestão
de custos, trazendo para a sociedade o alcance de desempenhos, que pode ser
uma saída para a crise financeira pela qual está passando (Tomazette, 2017).
TEMA 4 – FALÊNCIA
9
Desse modo, entendemos que, com a falência, ocorre a liquidação do
patrimônio do devedor. Mas não devemos deixar de destacar que até mesmo
com a liquidação forçada do patrimônio da empresa deve ser priorizada a
“satisfação dos credores de acordo com uma ordem legal de preferência, para
evitar maiores prejuízos na condução da atividade pelo devedor” (Tomazette,
2017, p. 368).
Aprofundando-nos um pouco mais, o inciso 2 do art. 61 da Lei n.
11.101/05 coloca que na falência “os credores terão reconstituídos seus direitos
e garantias nas condições originalmente contratadas, deduzidos os valores
eventualmente pagos e ressalvados os atos validamente praticados no âmbito
da recuperação judicial”. Nesse sentido, a falência tem por objetivo o
encerramento das atividades e não a recuperação delas, haja vista que possui o
intuito de pagamento da empresa devedora aos seus credores.
Tomazette (2017) destaca que a falência é realizada de maneira conjunta,
de acordo com a satisfação de todos os credores, não se limitando a apenas um
credor. Após isso, a falência é dividida em três fases: fase pré-falimentar, fase
falimentar e fase pós-falimentar.
Na fase pré-falimentar, Tomazzete (2017) denota que o pedido de falência
é analisado pelo juiz, que deverá decretar a falência ou não, pois a análise do
pedido de falência é realizado em torno a alguns pressupostos, os quais foram
discutidos no tema 2 desta aula. Essa fase inicia-se pelo pedido de falência, e
depois, caso sejam verificados os pressupostos para que haja recuperação
dessa empresa, é realizado então pedido de recuperação judicial. Caso haja a
possiblidade de sua recuperação, não existirá passagem para as próximas
fases.
Analisado a primeira fase, e identificada a falência e/ou a impossibilidade
de continuação da empresa, encaminha-se então para a segunda fase. Na fase
falimentar, é realizada a apuração do ativo, do passivo, pagamento dos credores
e medidas complementares (Tomazette, 2017). Essa fase nada mais é do que o
afastamento do devedor e a realização da apuração dos valores presentes ainda
na entidade, que serão devidamente passados para os credores conforme suas
participações. Essa fase é destacada pela satisfação dos credores quanto à
segurança de seus créditos (Tomazette, 2017).
Finalizada a fase falimentar, sobrevém a fase pós-falimentar, que decorre
dos efeitos causados pela falência, principalmente pelo afastamento do devedor
10
das atividades da empresa. Essa fase destaca-se pela oportunidade de o
devedor buscar a extinção de suas obrigações, que são pautadas, conforme o
art. 158 da Lei n. 11.101/05, da seguinte maneira:
Esse tipo de requerimento realizado pelo devedor gera uma nova atuação
jurisdicional. Dentro do que já foi discutido, Tomazette (2017) realça que, para
que a falência alcance os seus objetivos, devem ser seguidos alguns princípios,
como: igualdade entre credores, celeridade processual e economia processual.
A igualdade de credores ocorre justamente pela junção de todos os
credores contra o devedor. Nessa linha, ocorre de forma consensual o
afastamento do devedor, no entanto os recursos a serem recebidos pelos
credores dependerão de sua importância na empresa, ou seja, decorrerão do
grau de sua importância no contexto da empresa (Tomazette, 2017).
No caso da celeridade processual, é fundamental que a atuação
jurisdicional ocorra de maneira rápida, pois os ativos presentes em uma empresa
podem sofrer depreciação, além de outros fatores que colaboram para sua
desvalorização (Tomazette, 2017), prejudicando a todos envolvidos no processo,
como a exemplo o devedor e os credores, por isso é importante que o processo
ocorra de maneira rápida.
A economia processual se baseia no mesmo princípio do discutido
anteriormente, uma vez que é indispensável a redução do tempo da atuação
jurisdicional, a fim de reduzir o tempo e os custos no decorrer desse processo.
11
quanto à recuperação judicial de uma empresa, existem também outros acordos,
como aquele realizado extrajudicialmente entre devedor e credores.
Tomazette (2017) reitera que, na recuperação judicial, existe a
intervenção do Poder Judiciário, que é parte importante para o consenso do
devedor e credores, porém isso demanda um maior custo, sendo que existe a
atuação de um administrador judicial e a convocação de várias assembleias de
credores. Esse caminho toma um certo tempo, o que, conforme discutido, incorre
em certos custos a fim de minimizá-los.
Na recuperação extrajudicial, Tomazette (2017) pontua que a intervenção
estatal é acessória, e o devedor (empresa) terá a possibilidade de administrar
extrajudicialmente um acordo com seus credores de maneira simples, com o
objetivo de recuperação da empresa. A recuperação extrajudicial, portanto,
possui o mesmo objetivo de recuperação da empresa, assim como ocorre na
recuperação judicial. Entretanto, a recuperação extrajudicial é mais simples e
prática, sendo que o Poder Judiciário apenas está presente na aprovação do
processo de recuperação judicial.
O processo de recuperação extrajudicial exige, para sua concretização,
certos pressupostos quanto ao devedor e aos credores. Para o devedor, este
deve se encaixar como empresários individuais ou sociedades empresárias.
Assim, instituições públicas e privadas, de consórcio, de cooperativa de crédito,
de previdência complementar, de assistência à saúde, de seguro são exemplos
de algumas sociedades que estão excluídas da recuperação extrajudicial,
mesmo sendo sociedades empresariais (Tomazette, 2017).
Os credores poderão realizar o acordo de recuperação extrajudicial.
Conforme Tomazette (2017, p. 353), são “credores com garantia real, os
credores com privilégio especial, os credores com privilégio geral, os credores
quirografários e os credores subordinados”, todavia é importante destacar que
não precisam ser todos os credores presentes na empresa. Existem credores
que devem ser excluídos desse tipo de acordo, como é o caso dos credores
fiscais (governo), por conta de sua dedicação ao poder público; credores
trabalhistas (colaboradores), por não terem tanta força de negociação; e
excluídos os credores que não possuem interesse nesse tipo de transação por
possuírem segurança nos seus créditos em razão do seu direito na propriedade,
por exemplo, o arrendador mercantil (Tomazette, 2017). Após a definição dos
credores que estarão envolvidos na recuperação extrajudicial, conforme já
12
comentado no início no parágrafo anterior, pode-se então colocar em prática com
estes os planos para a recuperação da empresa. Nesse âmbito, surgem então
duas modalidades: recuperação extrajudicial de homologação facultativa e
recuperação extrajudicial de homologação obrigatória.
Na recuperação extrajudicial de homologação facultativa, ocorre a adesão
total de todos os credores na recuperação extrajudicial e, como o próprio nome
já diz, ela é facultativa, já que existe o acordo unânime do devedor com a
totalidade dos credores (Tomazette, 2017). Tal ponto pode ser verificado no art.
162 da Lei n. 11.101/05, que define que “O devedor poderá requerer a
homologação em juízo do plano de recuperação extrajudicial, juntando sua
justificativa e o documento que contenha seus termos e condições, com as
assinaturas dos credores que a ele aderiram” (Brasil, 2005).
A recuperação extrajudicial de homologação obrigatória existe quando
não ocorre de forma unânime, quando há adesão de apenas 3/5 dos credores.
Conforme já citado, apresentando 3/5 de todos os créditos, já se considera
expressivamente válido o acordo, sendo necessária apenas a homologação
judicial para os credores que não aderiram a devido acordo.
De acordo com o art. 163 da Lei n. 11.101/05, na recuperação extrajudicial
obrigatória:
13
houver obtido recuperação judicial ou homologação de outro plano de
recuperação extrajudicial há menos de 2 (dois) anos.
§ 4º O pedido de homologação do plano de recuperação extrajudicial
não acarretará suspensão de direitos, ações ou execuções, nem a
impossibilidade do pedido de decretação de falência pelos credores
não sujeitos ao plano de recuperação extrajudicial.
§ 5º Após a distribuição do pedido de homologação, os credores não
poderão desistir da adesão ao plano, salvo com a anuência expressa
dos demais signatários. § 6º A sentença de homologação do plano de
recuperação extrajudicial constituirá título executivo judicial, nos
termos do art. 584, inciso III do caput, da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro
de 1973 - Código de Processo Civil. (Brasil, 2005)
TROCANDO IDEIAS
Saiba mais
Diante dos aspectos abordados em nossa aula, busquem verificar as
empresas listadas na B3 que estão em recuperação judicial como a exemplo de
Eternit – ETER3, Inepar – INEP3, Renova – RNEW11 e Lupatech – LUPA3, e
pesquisem as notas explicativas acessando o link a seguir:
[B3]. Disponível em: <http://www.b3.com.br>. Acesso em: 30 mar. 2021.
NA PRÁTICA
Questão 1
Conforme a Lei n. 11.101/05 em seu art. 47, “A recuperação judicial tem
por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do
devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos
14
trabalhadores e dos interesses dos credores” (Brasil, 2005). Desse modo, ainda
de acordo com o disposto acima, é possível requerer o pedido de recuperação
judicial, conforme os arts. 48 e 49 da Lei n. 11.101/05, o devedor que:
Julgue as alternativas abaixo e explique por que são verdadeiras ou
falsas.
( ) a. É falido, ou seja, que esteja declarado sob questões de falência,
mas terá a oportunidade de requerer a recuperação judicial.
( ) b. Um dos pontos fundamentais para o devedor requerer o pedido de
recuperação judicial é que não tenha sido já condenado, ou que tenha algum
administrador ou sócio controlador que tenha passado por condenação.
( ) c. Não ser falido, pois a empresa deve possuir a viabilidade para a
recuperação da crise que está sofrendo.
( ) d. Ter, há menos cinco anos, obtido concessão de recuperação judicial.
Questão 2
Sabe-se que, na falência, existem três fases, sendo considerada a fase
falimentar a mais importante em relação às fases pré-falimentar e pós-falimentar,
de acordo com Tomazette (2017). Assinale a alternativa incorreta.
( ) a. A fase falimentar é importante, pois busca a satisfação dos credores.
( ) b. Busca afastar o devedor da empresa antes de ocasionar em mais
prejuízos, liquidando o patrimônio e garantindo os créditos dos credores.
( ) c. Essa fase é importante, uma vez que pode trazer a satisfação dos
credores e, de certo modo, estes podem dar destino a esses créditos para uma
possível continuação da empresa.
( ) d. A fase falimentar permite ao devedor administrar a empresa em
relação aos créditos correspondentes aos seus credores.
Questão 3
Quais seriam os princípios específicos da falência?
( ) a. Igualdade entre credores, economia processual e celeridade
processual.
( ) b. Série de atos, consentimento dos credores e economia processual.
( ) c. Legitimidade passiva específica, insolvência do devedor e
declaração judicial.
( ) d. Igualdade entre credores, declaração judicial e superação de crise.
15
Questão 4
A respeito da recuperação judicial, é correto afirmar que:
( ) a. Na recuperação judicial, a empresa que passa por devida crise deve
apresentar mensalmente as informações de seu balanço para o juiz e para os
seus credores.
( ) b. A recuperação judicial é uma fase que é seguida posteriormente de
sua falência, pois o objetivo da recuperação judicial é apenas trazer a satisfação
dos credores.
( ) c. Na recuperação judicial, é realizado um acordo entre devedor e
credores, os quais vão resolver a situação de crise da empresa somente
mediante a assessoria de advogados.
( ) d. Na recuperação judicial, é dispensável a consentimento dos
credores quanto ao pedido de recuperação judicial, uma vez que o devedor da
empresa é o responsável pelas atividades da entidade, e não os credores.
Questão 5
ADe que forma as crises que podem afetar a continuidade da empresa
podem ser descritas? Assinale a alternativa correta.
( ) a. Crise financeira, crise operacional, crise política, crise internacional
e crise por problemas maquinários.
( ) b. Crise de empregados, crise política, crise de internacional e crise
patrimonial.
( ) c. Crise de rigidez, crise de eficiência, crise econômica, crise financeira
e crise patrimonial.
( ) d. Crise operacional, crise política, crise de mercado, crise financeira
e crise patrimonial.
FINALIZANDO
16
Além disso, atentamos também para as questões voltadas à instauração
da falência. Para tanto, a empresa deve estar de acordo com três pressupostos,:
legitimidade passiva específica, insolvência do devedor (estado falimentar) e a
decretação judicial. Como bem vimos, caso a empresa não se encaixe nesses
pressupostos e exista ainda a possibilidade de sua recuperação, a empresa pode
entrar com o pedido de recuperação judicial.
Já em momento posterior de nossa aula, tratamos sobre os meios que
podem ser utilizados pelas empresas, com o intuito de alcançar a superação de
determinada crise. Nesse ponto, vimos a respeito da reestruturação societária,
que é uma das formas de as empresas buscarem resultados positivos e superar
a crise pela qual está passando. Devida reestruturação pode ser uma saída da
crise, pois com a reestruturação societária, esta pode trazer benefícios
relacionados a uma maior abrangência no mercado, reduzindo a concorrência e
causando uma diminuição dos seus custos.
Discutindo sobre as alternativas de saída de crise, que podem ser
utilizadas por uma empresa, percebe-se que muitas vezes elas não são
suficientes, e muitas empresas podem estar em situações muito críticas, como
não conseguir arcar até mesmo com suas obrigações. Desse modo, o falido
entra em processo falimentar, sendo afastados os bens da empresa, colocando-
os à disposição dos credores.
Por fim, abordamos sobre a recuperação extrajudicial, a qual vimos que
pode ser possível por meio de um acordo entre o devedor e os credores, e depois
somente homologado pelo Poder Judiciário. A diferença entre a recuperação
judicial e a extrajudicial está exatamente no ponto em que, naquela, a empresa
incorre em todo o processo de uma ação judicial, pela qual a empresa deve
prestar uma série de informações sobre sua situação ao juízo, diferente da
recuperação extrajudicial, conforme discutido durante a aula.
Espero que todos vocês tenham compreendido os pontos discutidos nesta
aula, pois são muito utilizados no cotidiano pelas empresas.
17
REFERÊNCIAS
18
GABARITO
Questão 1
F, V, V, F.
Na questão 1, podemos nos amparar no art. 48 da Lei n. 11.101/05, que
traz os seguintes pontos:
Questão 2
Alternativa D.
Conforme discutido em nossa aula, a alternativa D é errada, pois a fase
falimentar nada mais é do que o afastamento do devedor e a realização da
apuração dos valores presentes ainda na entidade, que serão devidamente
passados para os credores conforme suas participações. Essa fase é destacada
então pela satisfação dos credores quanto a segurança de seus créditos
(Tomazette, 2017).
Questão 3
Alternativa A.
Tomazette (2017) elenca os seguintes princípios da falência: igualdade
entre credores, celeridade processual e economia processual. Em nossa aula,
ambos foram discutidos.
Questão 4
Alternativa A.
A alternativa B é errada pelo seguinte motivo: na recuperação judicial, a
empresa busca tal quesito para alcançar novamente a estabilidade de suas
atividades, e não para entrar em processo de falência. Na alternativa C, é
importante ter o consentimento dos credores nas questões ligadas à
recuperação judicial, mas, mesmo após esse consentimento, ainda é necessária
19
a concessão judicial para dar início à recuperação judicial. Então, a recuperação
judicial vai muito mais além do que somente a assessoria dos advogados.
Por fim, a alternativa D está incorreta, haja vista que a continuidade da
atividade de uma empresa não depende somente do devedor (empresa), mas
sim de seus credores (fornecedores, bancos, investidores etc).
Portanto, a alternativa A é a correta, sendo que a apresentação mensal
de informações da empresa está prevista no art. 22 da Lei 11.101/05 (Brasil,
2005).
Questão 5
Alternativa C.
A alternativa correta é a C, já discutida no início de nossa aula. No restante
das alternativas, podemos verificar uma série de crises colocadas, as quais não
têm impacto na continuidade de uma empresa, como crise de maquinário, crise
política, crise de mercado, entre outras.
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