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AULA 2

FINANÇAS CORPORATIVAS

Profª Franciele Lourenço


INTRODUÇÃO

Os objetivos de aprendizagem desta aula são:

• Estudar os principais conceitos e definições relacionados às decisões de


investimentos;
• Expor as principais decisões de investimentos;
• Mostrar os métodos de análise de viabilidade;
• Estudar o método de análise incremental;
• Explicar a relação entre risco e retorno.

CONTEXTUALIZANDO

Todos os dias nos deparamos com situações que exigem uma boa análise
sobre o futuro de nossas finanças. Com as empresas não é diferente, pois há
compras, investimentos e negociações que exigem uma análise especial em
relação ao retorno, risco e tempo necessários para garantir sua sobrevivência. Por
isso, faz-se importante estudar os principais conceitos e definições relacionados
às decisões de investimentos, assim como as principais decisões de
investimentos, tendo em vista que devemos analisar a área na qual o investimento
será efetuado e os prováveis impactos que poderão ocorrer.
Os métodos de análise de viabilidade funcionam para que o gestor possa
avaliar a melhor opção e qual tomada de decisão fará mais sentido; se ele terá
condições de aumentar o capital aplicado e se o investimento irá se pagar,
determinando, também, o seu tempo.
Outra importante ferramenta é o método de análise incremental, que
analisará todas as diferenças em termos de custos, receitas e de uma melhor
opção de investimento, levando-se em consideração variáveis econômicas e a
aplicação de capital em paralelo. Verifica-se, assim, o menor valor investido em
relação à taxa de atratividade do negócio. E, por fim, avalia-se, também, a relação
entre risco e retorno, com o intuito de identificar e monitorar os rendimentos e
ganhos de capital.

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TEMA 1 – CONCEITOS E DEFINIÇÕES

“O administrador financeiro tem dois problemas básicos. Primeiro: quanto


deve a firma investir, e em quais ativos deve investir? Segundo: como deve ser
levantado o caixa necessário?” (Filho et al., 2003, p. 13).
O sucesso dos investimentos se baseia nos ganhos, assim, quanto mais os
ativos se valorizarem, melhor será. Toda e qualquer decisão financeira, seja ela
tomada por pessoas físicas ou jurídicas, tais como a compra do primeiro carro, o
lançamento de um produto novo, a decisão de ir para a faculdade ou a escolha de
um fornecedor farão parte das premissas das finanças.
Ambas as decisões necessitarão do Princípio da Avaliação, “aquele que
mostra como tornar os custos e benefícios de uma decisão comparáveis, de
maneira que você possa ponderá-los adequadamente” (Berk; Demarzo; Harford,
2010). Mas afinal, o que são finanças?

é a arte e a ciência de administrar fundos. Praticamente todos os


indivíduos e organizações obtêm receitas ou levantam fundos, gastam
ou investem. As finanças ocupam-se do processo, instituições,
mercados e instrumentos envolvidos na transferência de fundos entre
pessoas, empresas e governo. (Filho et al., 2003, p. 14)

Segundo o dicionário Aurélio, o termo Finanças refere-se “[à] ciência e [à]


profissão do manejo do dinheiro, particularmente do dinheiro do Estado”. Para o
Cambrige Advanced Dictionary, o termo Corporate está relacionado a grandes
empresas. Portanto, os termos Finanças Corporativas ou Corporate Finance
podem ser entendidos como o uso de técnicas de administração financeira
específica de grandes empresas.

A administração financeira diz respeito às responsabilidades do


administrador financeiro numa empresa. Os administradores financeiros
administram ativamente as finanças de todos os tipos de empresas,
financeiras ou não-financeiras, privadas ou públicas, grandes ou
pequenas, com ou sem fins lucrativos. Eles desempenham uma
variedade de tarefas, tais como orçamento, previsões financeiras,
administração de caixa, administração do crédito, análise de
investimentos e captação de fundos. (Gitman, 1997, p. 4)

As tarefas desenvolvidas do início ao fim do processo produtivo, em termos


financeiros, podem ser chamadas de Ciclo da Administração Financeira nas
Empresas, conforme demonstrado na figura 1.

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Figura 1 – Ciclo da administração financeira nas empresas

Fonte: Abensur, 2009, p. 4.

O ciclo da administração financeira nas empresas inicia-se com a aquisição


dos recursos produtivos, que passam pelo processo produtivo, pela formação de
estoques, pela contabilização e apuração dos custos e receitas obtidas, chegando
ao final do ciclo com a distribuição dos lucros aos acionistas. Por outro lado, a
decisão financeira ótima se dará da seguinte forma:

Figura 2 – Decisão financeira ótima

IDENTIFICAÇÃO E REPRESENTAÇÃO DOS ASPECTOS RELEVANTES:

INVESTIDORES ATIVO AMBIENTE

Risco e retorno Fluxo de caixa


dos projetos dos projetos
Avaliação dos
projetos

Análise dos
projetos

Decisão ótima

Fonte: Filho et al., 2003, p. 15.

Quanto aos aspectos relevantes da decisão financeira ótima, quando se


fala em investidores, levantam-se os riscos e quais seriam os retornos obtidos por
meio dos projetos.

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O ambiente leva em consideração toda a parte do fluxo de caixa dos
projetos. Já os ativos dependem da avaliação, que consistirá não só na avaliação,
por exemplo, de qual o objetivo, a relevância, a durabilidade e de quais ações
serão tomadas e de qual será o custo-benefício. A avaliação também irá requerer
o monitoramento do projetos, comparando as metas predefinidas com os
resultados obtidos pelo desempenho.
A análise dos projetos diz respeito ao processo de desenvolvimento de
produtos, o qual avalia a viabilidade dos produtos/serviços, desde a projeção dos
custos, receitas e despesas até a atratividade de produtos já consolidados no
mercado, incluindo os com a intenção de serem lançados.
Outra importante denominação é o tipo de empresa com o qual estamos
lidando. Segundo Berk, Demarzo e Harford (2010), há quatro tipos de empresas.

• As Empresas Individuais (sole proprietorship), administradas por uma só


pessoa, geralmente um empreendedor (enquadrados como
Microempreendedor Individual, Microempresa EI ou Microempresa EIRELI)
com no máximo um funcionário (no caso do MEI). Por serem pequenas,
possuem poucos funcionários ou nenhum. Algumas características
particulares são:
o facilidade de estabelecimento;
o geralmente não possuem participação no patrimônio da empresa,
por não possuírem separação entre empresa e proprietário, sendo
assim, a quitação de dívidas poderá ser realizada pelos ativos
pessoais do proprietário;
o difícil de transferir a titularidade do proprietário, a não ser em caso
de venda;
o não possuem valor mínimo do capital social;
• As Sociedades por Quotas (partnership): administradas e constituídas por
mais de um proprietário, os quais possuem obrigatoriedade em investir
dinheiro ou bens na empresa, os quais poderão ser penhorados e serão
traduzidos na lucratividade correspondente a cada um dos sócios. As
características principais são:
o os bens pessoais não serão afetados ou sofrerão interferência no
caso de pagamento de dívidas;
o as decisões poderão ser tomadas por um ou mais gerentes –
determinadas por voto escrito ou em assembleia geral;

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o todos os sócios respondem pela integralização do capital
o em caso de falecimento ou desligamento de um dos sócios, pode-
se evitar a liquidação por meio de um processo de aquisição (acima
de 50% do capital social), chamado de buyout;
o não possuem limite de capital social;
• As Sociedades de Responsabilidade Limitada (LLC ou limited liability
company): são aquelas sociedades por quotas limitadas sem um sócio
solidário, conhecidas como LTDA. É formada por meio de um contrato que
visa limitar as responsabilidades dos sócios mediante suas obrigações
(atos constitutivos, descrição de seu modus operandi e a determinação de
seu capital social). Suas características principais são:
o os bens pessoais não serão afetados ou sofrerão interferência no
caso de pagamento de dívidas, caso não possuam
condições/patrimônio para quitar as dívidas, salvo em casos
especiais;
o os sócios respondem pelo montante definido como capital social;
o as responsabilidades dos sócios são condicionadas ao valor de suas
quotas;
o todos os sócios respondem pela integralização do capital;
o a sociedade poderá findar-se em casos de consenso ou deliberação
absoluta dos sócios, vencimento de prazos etc.
o em casos que envolvam a Sociedade de Responsabilidade Limitada
sem sócios EIRELI, há apenas um único proprietário (unipessoal);
o em caso de dívidas, será utilizado seu capital social e não o
patrimônio individual dos sócios;
o necessita de um capital mínimo;
o não há limite de faturamento etc.;
• As Corporações (Sociedades Anônimas – S.A.): “é um ente artificial,
legalmente definido, separado de seus proprietários” (Berk; Demarzo;
Harford, 2010, p. 40). Seus comandantes poderão ser acionistas:
majoritários (possuem 50% ou mais das ações ordinárias), minoritários
(aqueles que possuem menos ações e não têm influência nas decisões) e
controladores (definidos ou pulverizados), que é o mais influente, não
precisando possuir pelo menos 50% das ações, exercendo influência pelo

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acordo de votos e utilizando a persuasão e oportunidade para convencer e
exercer poder sobre a organização. Suas principais características são:
o a participação dos sócios é condicionada ao número de ações que
possuem, que poderão ser transmitidas a outras pessoas;
o necessitam de conselhos;
o não há a exigência de um sócio;
o o capital social poderá ser formado por dinheiro, bens móveis ou
imóveis;
o os bens pessoais não serão afetados ou sofrerão interferência no
caso de pagamento de dívidas;
o há a possibilidade em se retirar da empresa a qualquer momento.

Além dos conceitos básicos, do ciclo da administração financeira, da


tomada de decisão ótima e dos tipos de empresas, em termos gerais, as finanças
empresariais vêm se destacando nos seguintes âmbitos: profissionais
qualificados, área de investimentos, instituições financeiras, finanças
internacionais e consultoria em finanças pessoais.
Por isso, profissionais qualificados e bem preparados são necessários em
virtude do conhecimento e capacidade de tomada de decisões, levando-se em
consideração a estrutura econômico-financeira e contábil, além da boa relação
com as demais empresas parceiras e órgãos governamentais. A área de
Investimentos acompanhará a evolução dos ativos financeiros, calculando preços
e determinando riscos, bem como o retorno esperado/gerado.
As Instituições Financeiras auxiliam as empresas e famílias em assuntos
financeiros, realizando a intermediação financeira dos agentes superavitários para
os deficitários. As Finanças Internacionais definem-se pela relação com o exterior,
sejam elas por meio de exportação/importação, câmbio, de relações diplomáticas
etc. A Consultoria em Finanças Pessoais é considerada o facilitador do
planejamento financeiro e o seu objetivo é auxiliar os que necessitam realizar
planejamento financeiro, seguros e planos de aposentadoria que permitam
alcançar seus objetivos e metas financeiros.

TEMA 2 – DECISÕES DE INVESTIMENTOS

Algumas decisões sobre investimentos podem ser chamadas de decisões


estratégicas, pois a lógica que as sustenta não é operacional ou rotineira, e sim
de longo prazo, empresarial, visando tornar a empresa mais bem-sucedida (Filho
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et al., 2003). No entanto, diariamente as empresas se deparam com situações
financeiras de curto e longo prazos que poderão modificar toda a trajetória, dadas
as incertezas.

As decisões de investimento envolvem todo o processo de identificação,


avaliação e seleção das alternativas de aplicações de recursos,
conforme identificadas nos Ativos. As decisões de financiamento, por
seu lado, envolvem a definição da natureza dos fundos aplicados, ou
seja, a estrutura das fontes de capital demandadas pelas decisões de
investimento. (Assaf Neto, 1997, p. 1)

Por isso, toda empresa possui duas importantes e grandes áreas de


decisões, a de investimento, que diz respeito às aplicações de recursos; e as
decisões de financiamento, que envolvem as formas como serão captados os
recursos. Ainda poderíamos incluir as decisões de dividendos, que
correspondem ao financiamento de suas atividades, ou seja, a alocação do
resultado líquido da empresa.
Segundo Ross, Westerfield e Jordan (2002), o administrador financeiro
preocupa-se com a gestão das três áreas da administração de finanças
corporativas: a decisão de investimento em projetos (Orçamento de Capital);
Financiamento (Estrutura de Capital) e Gestão de Capital de Giro. Nessa última,
as decisões são de curto prazo, enquanto nas duas anteriores as decisões são de
longo prazo.
As decisões de investimentos são aquelas que exigem muita cautela, pois
interferem diretamente no futuro das empresas, afinal, uma vez tomada uma
decisão incorreta, essa pode acarretar grandes perdas para as empresas, desde
financeiras e econômicas até a sua falência. Os investimentos de curto prazo são
mais perigosos ainda, pois podem trazer consequências irreversíveis.

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Figura 3 – Decisão de investimento

Crédito: EAMESBOT/Shutterstock.

As decisões de financiamentos são as que levam em conta as possíveis


fontes de renda (captação de recursos) e de geração de capital, o que possibilita
a continuidade da operacionalização e lucratividade do negócio. Há as que
complementam as decisões de investimentos e as de financiamentos, que são as
decisões operacionais, ligadas à produção, ou seja, mão de obra, políticas de
preços e estoque, recursos produtivos etc.
As três decisões farão parte da chamada geração de valor para a empresa,
pois, além de fazerem parte do fluxo de caixa da empresa, interferem em todas
as áreas de uma organização. Dessa forma, visam dar continuidade não só ao
lucro, à lucratividade e à geração de valor para a empresa, mas também à
otimização dos investimentos.

TEMA 3 – MÉTODOS DE ANÁLISE DE VIABILIDADE

Vamos dar início com a seguinte questão: o que é análise de viabilidade?


Segundo o dicionário, viabilidade é um substantivo feminino da qualidade do que
é viável, daquilo que pode ser realizado, desenvolvido. No sentido figurado, é
definido como estado do que pode dar certo; condição do que pode ter um bom
êxito; condição da estrada por onde se consegue transitar. Logo, a viabilidade

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trata de estratégias traçadas pela empresa, o que torna as ações mais assertivas
em casos de viabilidade ou não de projetos de investimentos.
A começar pela análise detalhada dos riscos e de incertezas do negócio,
dá-se a continuidade com o Planejamento Financeiro, com a coleta de dados, com
a definição de objetivos e metas, com a análise da situação financeira e das
condições de investimento, implementação e monitoramento de resultados.
Infelizmente, muitas empresas acabam deixando de lado o planejamento
financeiro, bem como a determinação das metas e objetivos a serem cumpridos.
O que parece ser uma ‘básica tarefa’ acaba determinando o futuro do negócio.
Assim, deve ser analisado a curto, médio e também a longo prazo, considerando
um crescimento sustentável para o negócio, viabilizado ou não pela projeção de
gastos e de receitas. Posteriormente, define-se o prazo de retorno, o quanto de
recursos é necessário e verifica-se a viabilidade econômica do negócio,
avaliando-se:

• O mercado atual;
• O volume de vendas;
• Custos operacionais.

Figura 4 – Viabilidade

Crédito: IQONCEPT/Shutterstock.

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Após avaliadas essas variáveis, verifica-se a demanda de mercado, seja
para a criação de um novo negócio ou para a expansão do atual ou lançamento
de novos produtos.
Finalmente, a empresa deveria visualizar a Viabilidade Financeira,
Operacional e Jurídica, alinhando as necessidades de leis, normas e
regulamentos, verificando se o negócio demandará recursos e estrutura, bem
como se poderá validar todas as obrigações impostas. Chega então a hora da
escolha da melhor estratégia, em virtude do cenário projetado pelas etapas
anteriores, cabendo a definição daquele que funcionará bem para determinado
negócio, porém, isso não quer dizer que ela poderá funcionar para uma outra
empresa.
Vender cachorro-quente em frente à casa, por exemplo, pode funcionar
para alguns, mas, se outro vizinho também optar por esse mesmo negócio, poderá
render bons frutos, pois depende de administração, qualidade, recursos,
marketing e propaganda, além da aceitação do produto pelos clientes. Nesse
sentido, a análise de viabilidade apontará prováveis soluções para projetos,
conforme o propósito particular de cada empresa, atrelado a todas as áreas da
empresa, independentemente se de macro ou de microambiente.

TEMA 4 – MÉTODO DE ANÁLISE INCREMENTAL

Aplicado em negócios ou empresas em paralelo, o modelo de análise


incremental, também traduzido por modelos em cascata, traz a ideia de que o
produto ou serviço, em vez de ser desenvolvido apenas de uma vez só, poderá
sofrer incrementos de tecnologia, inovação etc.

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Figura 5 – Análise incremental

Crédito: szaflarek30/Shutterstock.

A análise incremental de projetos de investimento levam em consideração


o método que avalia os custos da próxima unidade a ser fabricada ou vendida. Ou
seja, busca-se geração de valor ao negócio, aliada à estratégia organizacional da
empresa. Então, o que é inovação incremental para o meu negócio e para meus
investimentos?
Em 1939, Joseph Schumpeter estudaria a inovação incremental, e, a
partir desse momento, as empresas se viram cada vez mais obrigadas a
incrementar seus produtos e serviços com melhorias contínuas. As melhorias
não precisam necessariamente ser expressivas, podem ser pequenas, desde
que proporcionem eficiência, eficácia e efetividade ao processo produtivo face
a sua concorrência.
Primeiramente, deve haver o estudo e conhecimento em relação ao
negócio, avaliação das necessidades e do público-alvo, bem como engajamento
dos colaboradores, promovendo o desenvolvimento de produtos que atendam às
expectativas dos clientes e que tenham baixo custo e baixos riscos aos
investidores.

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No entanto, é preciso manter a essência do negócio, implantando medidas
incrementais gradativamente. Muitas empresas vêm ganhando cada vez mais
espaço no mercado, apostando inclusive na participação colaborativa de seus
colaboradores. Imagine que um colaborador tenha exposto e implantado uma
sugestão de melhoria na empresa em que trabalha, diminuindo o tempo de parada
de uma máquina em dez minutos da execução individual diária de um processo
realizado por 100 colaboradores dentro de uma fábrica.
Se nós considerarmos que a jornada semanal desses colaboradores é de
40 horas semanais, com 8 horas diárias, ao longo de dez semanas teríamos
aproximadamente 50 mil minutos poupados. No geral, 50 minutos pode ser pouco,
porém, para um investidor, um segundo pode determinar a sobrevivência do seu
negócio.
Mas o que isso tem a ver com projetos de investimento? Investidores
necessitam de ganhos, isso porque realizam investimentos esperando algo em
troca, por isso muitas empresas desenvolvem novos produtos e modelos de
negócio para responderem com mais agilidade às mudanças do mercado.
Apesar de as empresas viverem lançando novos produtos no mercado, muitas
vezes basta a inserção de incrementos para que se promova a longevidade das
organizações, o fortalecimento competitivo e a diversificação de portfólio, bem
como para manter constantes os rendimentos e suas fontes de receita. Logo, a
inovação incremental tem grande importância quando se fala em potencial de
redução de custos, provimento de melhorias e relevância da marca.

TEMA 5 – RISCO E RETORNO

Para que as empresas evitem surpresas, elas devem realizar a construção


de cenários pessimistas e otimistas que tragam em seu bojo a responsabilidade
das informações e o conhecimento, para que, assim, a tomada de decisões seja
realizada com um alto nível de confiança a fim de que suas perdas e ganhos sejam
expressas o mais próximo do real possível.

Nas sociedades ocidentais as pessoas são ostensivamente livres, mas


sentem-se presas pela imprevisibilidade dos eventos. A cada ano, a
cada década, somos apanhados de surpresa por avanços sociais ou
tecnológicos que surgem de repente. Como pessoas, negócios e
instituições podem planejar o futuro quando não sabem o que o amanhã
trará? (Schwartz, 2000, p. 15)

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Mellagi Filho (2003, p. 248) conceitua o risco como a “ probabilidade de não
ocorrer o evento esperado. No caso de uma aplicação financeira, o risco pode ser
entendido como a não-realização do retorno esperado”. Filho et al. (2003, p. 22)
afirmam que “risco, na linguagem dos administradores financeiros, [tem] nada a
ver com dar certo ou dar errado, ter prejuízo ou ter lucro. Diz respeito apenas à
probabilidade de se ter um resultado diferente do esperado”.
Devido a sua amplitude, o conceito de risco deve levar em consideração
principalmente os riscos econômicos e financeiros. “As principais causas
determinantes do risco econômico têm a ver com a conjuntura” (Filho et al., 2003,
p. 29).
“A análise de conjuntura é uma mistura de conhecimento e descoberta, é
uma leitura especial da realidade e que se faz sempre em função de alguma
necessidade ou interesse” (Souza, 2002, p. 8). Assim sendo, analisar a conjuntura
é uma tarefa complexa que exige conhecimentos detalhados e uma capacidade
superior em perceber, compreender, descobrir sentidos, relações e tendências
com base em dados e em informações envolvidas (Souza, 2002).
Já o risco financeiro está diretamente relacionado com o endividamento da
empresa e com a capacidade de pagamento (Filho et al., 2003). Os autores
defendem que o risco sistemático se relaciona aos ativos negociados no mercado,
sendo determinado por eventos de natureza política, econômica e social. Por
outro lado, o risco não sistemático diz respeito aos riscos específicos ou próprios
do ativo.
Em resumo, o risco sistemático possibilita quantificar a sensibilidade do
retorno do ativo financeiro em relação ao retorno do mercado, possibilitando a
medição do quanto o retorno de uma ação irá variar quando ocorre uma alteração
do mercado.
Vale ressaltar que no risco sistemático cada ativo se comporta de maneira
diferente em relação à conjuntura, por isso, indica-se que os investimentos sejam
diversificados. No risco não sistemático, cada ativo é afetado de maneira diferente
por conta dos seus tipos de contrato. Segundo Mellagi Filho (2003), para avaliar
a expectativa de valor real de um projeto, devemos levar em consideração
incertezas do próprio negócio, de crédito, de inadimplência, das mudanças nas
taxa de juros, de hábitos dos consumidores etc.

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Quadro 1 – Características principais da distribuição normal

Tem a forma de um sino


É simétrica em relação à média
Prolonga-se de mais infinito a menos infinito
Cada distribuição normal fica completamente especificada por média e desvio-
padrão, existe uma distribuição normal para cada combinação de média e
desvio-padrão
A área total sob a curva normal é considerada 100%
A área sob a curva entre dois pontos é a probabilidade de uma variável
normalmente distribuída tomar um valor entre esses pontos
Como há um número ilimitado de pontos no intervalo de menos infinito a mais
infinito, a probabilidade de uma variável aleatória distribuída normalmente tomar
exatamente determinado valor é aproximadamente zero. As probabilidades
referem-se sempre a intervalos de valores
Fonte: Lourenço, com base em Mellagi Filho, 2003.

O quadro 1 mostra o método probabilístico para determinação do risco para


o qual, segundo Mellagi Filho (2003, p. 97), a “distribuição normal é uma
ferramenta importante que possibilita a mensuração do nível de incerteza
decorrente de suas indecisões”.

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REFERÊNCIAS

ABENSUR, E. O. Finanças Corporativas: fundamentos, práticas brasileiras e


aplicações em planilha eletrônica e calculadora financeira. Universidade Federal
do ABC – UFABC, São Paulo, 2009. Disponível em:
<https://www.researchgate.net/publication/323030034_FINANCAS_CORPORATI
VAS_Fundamentos_Praticas_Brasileiras_e_Aplicacoes_em_Planilha_Eletronica
_e_Calculadora_Financeira>. Acesso em: 4 jan. 2022.

ASSAF NETO, A. A dinâmica das decisões financeiras. Caderno de Estudos,


São Paulo, FIPECAFI, v.16, p. 9-25, jul./dez. 1997. Disponível em:
<https://www.scielo.br/j/cest/a/jdLGksTfdnXLtL9LXHLtNwK/?lang=pt>. Acesso
em: 4 jan. 2022.

FILHO, J. C. F. A.; SOUZA, C. P. de; GONÇALVES, D. A.; CURY, M. V. Q.


Finanças Corporativas. 2. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2003.
144 p.

GITMAN, L. J. Princípios da administração financeira. São Paulo: Habra, 1997.

MELLAGI FILHO, A. Curso Básico de Finanças. São Paulo: Atlas, 2003.

ROSS, S. A.; WESTERFIELD, R. W.; JORDAN, B. D. Princípios de


administração financeira. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

SCHWARTZ, Peter. A arte de visão de longo prazo: planejando um futuro em


um mundo de incertezas. 4. ed. Rio de Janeiro: Best-Seller, 2006.

SOUZA, H. de. Como se faz análise de conjuntura. 23. ed. Petrópolis: Vozes,
2002.

VIABILIDADE. In: Dicio – Dicionário Online de Português. Disponível em:


<https://www.dicio.com.br/viabilidade/>. Acesso em: 4 jan. 2022.

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