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Administração Financeira
1.1 Conceito
As receitas obtidas com as operações devem ser suficientes para cobrir todos os custos e
despesas incorridos e ainda gerar lucros. Esses lucros devem ser suficiente para remunerar o
custo de oportunidade do capital, também conhecido como lucro econômico.
1.4 Dinâmica!Empresarial
Todas as empresas estão estruturadas em torno de uma atividade principal que chamamos de
operação da empresa ou atividade operacional. No setor secundário e terciário da economia,
as empresas atuam, basicamente, na indústria, comércio ou serviços. A operação das
empresas industriais está ligada à produção: compra e transformação de matérias-primas em
produtos para venda; a operação das empresas comerciais está ligada à compra de
mercadorias para revenda; e a operação das empresas de serviços está ligada à prestação de
serviços para outras empresas ou pessoas físicas.
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- transformação dos dados financeiros em uma forma que possa ser utilizada para orientar a
posição financeira da empresa e promover a sua continuidade;
- avaliar a necessidade de aumento ou redução da capacidade produtiva; e
- determinar que tipo de financiamento adicional deve ser realizado.
Estas três atividades são sustentadas pelas decisões de natureza estratégica, tática e
operacional. Os demonstrativos contábeis, principalmente o Balanço Patrimonial e a
Demonstração de Resultado do Exercício são importantes fontes de informações para
elaboração de análise e planejamento financeiro. Cabe ressaltar que o enfoque do caixa é
essencial para o gestor financeiro. Assim, a utilização dos Fluxos de Caixa também são
imprescindíveis, destacando a principal diferença entre a ótica do contador e a do
administrador. Enquanto o primeiro gera informações com base no regime de competência,
o segundo, precisa aplicá-las com base no regime de caixa, denotando a importância dos
Fluxos de caixa nesta atividade.
• Coordenação e Controle;
• Lidar com os mercados financeiro, de capitais, monetário e de câmbio;
• Gestão do risco financeiro.
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2. 1 Mercado Financeiro
O Mercado Financeiro tem a função de promover a intermediação financeira, pela qual capta
recursos (dinheiro) com aqueles agentes econômicos superavitários (que possuem sobra de
dinheiro), pagando uma remuneração (juro ou rendimento) para esse agente, que chamamos
de investidor, e empresta esses recursos para os agentes financeiros deficitários (que precisa
de empréstimo os financiamento para algum gasto ou investimento, para os quais não dispõe
de recursos), cobrando juros sobre os valores emprestados.
O Sistema Financeiro atualmente vigente no Brasil foi instituído pela Lei 4.595/64 (Lei da
Reforma Bancária), que criou o Conselho Monetário Nacional – CMN e o Banco Central do
Brasil – BCB, estabeleceu normas operacionais, rotinas de funcionamento e procedimentos de
qualificação das instituições financeiras.
A Lei 4.595/64 sofreu alterações por meio do artigo 192 da Constituição Federal, que trata do
Sistema Financeiro Nacional, posteriormente alterado pela Emenda Constitucional 40/2003.
O CMN é constituído pelo Ministro de Estado da Fazenda (Presidente), pelo Ministro de Estado
do Planejamento e Orçamento e pelo Presidente do Banco Central do Brasil (BCB). Os
serviços de secretaria do CMN são exercidos pelo BCB.
Banco do Brasil (BB) é uma instituição financeira estatal, constituída na forma de sociedade de
economia mista, com participação da União brasileira em torno de 2/3 das ações.
Para a safra 2012/2013, estão previstos aporte total de recursos do governo para a agricultura
de R$ 133,2 bilhões, que são repassados aos setor agrícola, na sua maioria pelo BB, maior
financiador do crédito rural brasileiro.
Além de atuar como agente do governo no crédito rural e ser um dos principais financiadores
do comércio exterior brasileiro, o BB atua em todas as funções de um banco múltiplo e é o
banco dos órgãos e estatais do governo federal, bem como do funcionalismo público federal.
A Caixa Econômica Federal CEF é uma instituição financeira, sob forma de empresa pública,
vinculada ao Ministério da Fazenda. A CEF é o maior agente financeiro da habitação do Brasil,
detendo mais de 50% do total de recursos destinados a este setor.
Além das instituições federais existem uma série de instituições financeiras privadas, que
podem ser bancos múltiplos, bancos comerciais, bancos de investimento, financeiras, bancos
cooperativos, etc.
Os bancos múltiplos são instituições financeiras que realizam as operações ativas, passivas e
acessórias, por intermédio das seguintes carteiras: comercial, de investimento, de crédito
imobiliário, de arrendamento mercantil e de crédito, financiamento e investimento. O banco
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múltiplo deve ser constituído com, no mínimo, duas carteiras, sendo uma delas,
obrigatoriamente, comercial ou de investimento, e ser organizado sob a forma de sociedade
anônima. As instituições com carteira comercial podem captar depósitos à vista.
Banco comercial é uma instituição financeira que tem por objetivo principal proporcionar o
suprimento oportuno e adequado dos recursos necessários para financiar, a curto e médio
prazos, o comércio, a indústria, as empresas prestadoras de serviços, as pessoas físicas e
terceiros em geral. A captação de depósitos à vista, livremente movimentáveis, é atividade
típica do banco comercial.
Comitê de Basiléia. Em 1974, os responsáveis pela supervisão bancária nos países do G-10
decidiram criar o Comitê de Regulamentação Bancária e Práticas de Supervisão, sediado no
Banco de Compensações Internacionais - BIS, em Basiléia, na Suíça. Daí a denominação
Comitê de Basiléia.
Em 1988, foi celebrado o Acordo de Basiléia, que definiu mecanismos para mensuração do
risco de crédito e estabeleceu a exigência de capital mínimo para suportar riscos. Atualmente,
este Acordo é conhecido como Basiléia I.
Em 2004, o Comitê de Basiléia divulgou o Novo Acordo de Capital, comumente conhecido por
Basiléia II, com um enfoque mais flexível para exigência de capital e mais abrangente com
relação ao fortalecimento da supervisão bancária e ao estímulo para maior transparência na
divulgação das informações ao mercado.
As operações de crédito mais comuns são: hot money, conta garantida, cheque
especial, 6
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desconto de recebíveis, financiamento (veículo, imóvel, etc.), empréstimo para capital de giro,
vendor, compror, cdc, etc.
Mercado primário. É nele que ocorre a colocação de ações ou outros títulos, provenientes de
novas emissões. As empresas recorrem ao mercado primário para captar os recursos de que
necessitam, visando o financiamento de seus projetos de expansão ou seu emprego em outras
atividades. Resultam em entrada de recursos no caixa da empresa.
Mercado secundário. Nele ocorre a negociação dos títulos adquiridos no mercado primário,
proporcionando a liquidez necessária para os investidores. Não resultam em novas entradas de
recursos no caixa das empresas.
Abertura de capital ou IPO (Inicial Public Offering – Oferta Pública Inicial) e o processo pelo
qual uma Sociedade Anônima de Capital Fechado transforma-se em Sociedade Anônima de
Capital Aberto e passa a captar recursos em bolsa de valores.
Etapas de um IPO:
Títulos do Mercado de Capitais. Ações (título negociável que representa a menor parcela em
que se divide o capital de uma sociedade anônima); Debêntures (dívida emitida por uma
sociedade anônima, para captar recursos visando investimento ou financiamento de capital de
giro); Opções sobre Ações (contrato que envolve o estabelecimento de direitos e obrigações de
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Câmbio é a operação de troca de moeda de um país pela moeda de outro país. Por exemplo,
quando um turista brasileiro vai viajar para o exterior e precisa de moeda estrangeira, o agente
autorizado pelo Banco Central a operar no mercado de câmbio recebe do turista brasileiro a
moeda nacional e lhe entrega (vende) a moeda estrangeira. Já quando um turista estrangeiro
quer converter moeda estrangeira em reais, o agente autorizado a operar no mercado de
câmbio compra a moeda estrangeira do turista estrangeiro, entregando-lhe os reais
correspondentes.
No Mercado Monetário são negociados os títulos da dívida pública. Os títulos públicos são
ativos de renda fixa, ou seja, seu rendimento pode ser dimensionado no momento do
investimento, ao contrário dos ativos de renda variável (como ações), cujo retorno não pode ser
estimado no instante da aplicação. Dada a menor volatilidade dos ativos de renda fixa frente
aos ativos de renda variável, este tipo de investimento é considerado mais conservador, ou
seja, de menor risco.
LTN (Letras do Tesouro Nacional): a LTN é um título prefixado, que possui fluxo de pagamento
simples. O investidor faz a aplicação e recebe o valor de face (valor investido somado à
rentabilidade), na data de vencimento do título.
LFT (Letra Financeira do Tesouro): A LFT é um título pós-fixado, cuja rentabilidade segue a
variação da taxa Selic, a taxa de juros básica da economia. Sua remuneração é dada pela
variação da taxa Selic diária registrada entre a data de liquidação da compra e a data de
vencimento do título, acrescida, se houver, de ágio ou deságio no momento da compra. A LFT
possui fluxo de pagamento simples. O investidor faz a aplicação e recebe o valor de face (valor
investido somado à rentabilidade) na data de vencimento do título.
LTN (Letras do Tesouro Nacional) Série B: A NTN-B Principal é um título com rentabilidade
vinculada à variação do IPCA, acrescida dos juros definidos no momento da compra. São
títulos que possuem prazo para aplicação bem longo: atualmente contam com investimentos
até 2035. A NTN-B Principal possui fluxo de pagamento simples, ou seja, o investidor faz a
aplicação e resgata o valor de face (valor investido somado à rentabilidade) na data de
vencimento do título. Além da NTN-B Principal, há a NTN-B, que também rende a variação do
IPCA, acrescida dos juros definidos no momento da compra. É o título que atualmente possui o
maior prazo para aplicação (2045). Seu rendimento é recebido pelo investidor ao longo do
investimento, por meio de cupons semestrais de juros, e na data de vencimento do título,
quando do resgate do valor de face (valor investido somado à rentabilidade) e pagamento do
último cupom de juros.
LTN (Letras do Tesouro Nacional) Série C: A NTN-C é um título com rentabilidade vinculada à
variação do IGP-M, acrescida de juros definidos no momento da compra. O rendimento da
aplicação é recebido pelo investidor ao longo do investimento, por meio de cupons semestrais
de juros, e na data de vencimento do título, quando do resgate do valor de face (valor investido
somado à rentabilidade) e pagamento do último cupom de juros.
LTN (Letras do Tesouro Nacional) Série F: A NTN-F também é um título prefixado, com
rentabilidade definida no momento da compra. Porém, diferentemente da LTN, seu rendimento
é recebido pelo investidor ao longo do investimento, por meio de cupons semestrais de juros, e
na data de vencimento do título, quando do resgate do valor de face (valor investido somado à
rentabilidade) e pagamento do último cupom de juros. O fluxo de cupons semestrais de juros
aumenta a liquidez, possibilitando reinvestimentos.
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3. FUNDAMENTOS DE TESOURARIA 1
O conceito de capital de giro (ou capital circulante) identificam os recursos que giram (ou
circulam) várias vezes na empresa em determinado período. Ou seja, corresponde a uma
parcela de capital aplicada pela empresa em seu ciclo operacional, caracteristicamente de
curto prazo, a qual assume diferentes formas ao longo de seu processo produtivo e de vendas.
Por exemplo, um capital alocado no disponível pode ser aplicado inicialmente em estoque,
assumindo posteriormente a venda realizada na forma de realizável (crédito, se a venda for a
prazo) ou novamente de disponível (se a venda for efetuada a vista). Esse ciclo ininterrupto
constitui-se, basicamente, no ciclo operacional (produção) de uma empresa.
Capital de giro bruto pode então ser definido como o conjunto de ativos necessários à atividade
operacional da empresa, que vai desde a aquisição da matéria-prima (ou mercadoria) até o
recebimento das vendas.
Os empréstimos para capital de giro são os recursos obtidos para financiar os ativos
representativos do capital de giro.
O Capital de Giro Líquido ou Capital Circulante Líquido é definido como a diferença entre o
ativo circulante e o passivo circulante:
CCL = AC ( - ) PC
O CCL Pode ser:
- Positivo: Quando o ativo circulante for maior que o passivo circulante, nesse caso, o CCL
será a parcela do investimento de curto prazo, financiadas por passivos de longo prazo
(exigível a longo prazo e patrimônio líquido).
- Negativo: Quando o ativo circulante for menor que o passivo circulante, situação em que
o CCL representa a parcela de ativos de longo prazo, financiada através de passivos de
curto prazo.
- Nulo: Quando o ativo circulante for igual ao passivo circulante e então, estará sendo
financiado totalmente por recursos de curto prazo.
AC PC AC PC AC PC
PNC PNC
PNC
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Observamos claramente que, quanto maior for o CCL de uma empresa, menor será o seu risco
de não poder pagar seus compromissos nos prazos estipulados.
Entretanto, vale ressaltar que, quando o CCL é positivo, significa que parte dos investimentos
estão sendo financiados por recursos de longo prazo e caracteristicamente de custo maior, o
que afeta a rentabilidade.
No entanto, mesmo no caso de um CCL positivo, a empresa não tem nenhuma garantia de não
se tornar insolvente, pois os desembolsos de recursos são relativamente previsíveis enquanto
que, as entradas de caixa são mais difíceis de se prever. No caso das duplicatas a receber,
podem ocorrer atrasos nos pagamentos dos clientes, e temos ainda os estoques, ativos sem
data definida de realização, que dependem das vendas e posterior recebimento.
Mesmo assim, como é difícil a conciliação entre as entradas e saídas de caixa é aconselhável
que se mantenha um CCL positivo para a maioria das empresas.
O ativo circulante é representado pelo Disponível, que são os recursos financeiros à disposição
da empresa, pelas Duplicatas a Receber, que são os direitos a serem recebidos provenientes
das vendas de produtos a prazo e pelos Estoques, que são os insumos utilizados pela empresa
no processo produtivo.
A característica básica do ativo circulante e do passivo circulante é que são contas de curto
prazo (realização em até um ano do encerramento do exercício social).
Um índice de liquidez corrente > que 1 significa CCL positivo e indica menor risco. No entanto,
ainda há risco, pois os estoques e as duplicatas a receber tem de ser convertidas em caixa
para pagar as obrigações de curto prazo.
Nesse índice são retirados os estoques porque estes são menos líquidos, isto é, não podem
ser transformados em caixa imediatamente.
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1) “fat cat” ou relaxada = grandes quantidades de estoque, contas a receber e caixa são
mantidas pela empresa.
2) “lean & mean” ou restritiva = manutenção de estoques, caixa e contas a receber mínimos.
Caso extremo = capital de giro zero.
3) Moderada = intermediária entre a relaxada e a restritiva.
Para administrar cada um deles o gesto financeiro precisa fazer “trade-offs”, que significa
escolher entre risco e retorno, pois:
Haverá, portanto, sempre uma pressão pela manutenção de um ativo circulante ou capital de
giro mínimo para rentabilizar a operação.
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Os recursos saem do disponível através da compra de matérias-primas, que por sua vez,
passam pelo processo de fabricação transformando-se em produtos acabados, que ficarão
estocados até o momento da venda. Se as vendas forem realizadas à vista, os recursos
financeiros provenientes da transação, retornam imediatamente ao disponível.
O ponto mais importante no ciclo das operações circulantes, é que toda vez que ele se
completa, e retorna ao disponível, acrescenta-se uma parcela adicional de recursos por meio
do lucro auferido na operação de venda.
Outra característica do capital circulante é a sua baixa rentabilidade, o que a princípio deve
fazer com que o administrador financeiro minimize o investimento nesse tipo de ativo.
A quantidade dos recursos alocados nos itens circulantes da empresa devem destinar-se
somente a sustentação de sua atividade operacional visto que, o ativo circulante é pouco
rentável.
• Os recursos aplicados em caixa devem ser suficientes para fazer frente aos desembolsos
previstos e alguns não previstos.
• Adotar uma política de duplicatas a receber que permita o crescimento ou, a manutenção
das vendas sem aumento dos níveis de inadimplência.
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• Manter estoques mínimos porém, sem correr riscos de perder vendas ou provocar atrasos
no processo produtivo.
Ocorre que muitas empresas estão sujeitas a fatores sazonais que afetam suas atividades,
provocando expansão e contratação nos ativos circulantes. Em certos meses, os estoques de
matérias-primas poderão estar muito elevados (Ex. estoques de produtos agrícolas adquiridos
nas safras) e em outras épocas poderemos encontrar um nível alto de produtos acabados
destinados ao atendimento de uma demanda concentrada (Ex. estoques de sorvetes durante o
inverno). Determinadas indústrias de bens de consumo têm de financiar parte dos estoques
sazonais dos comerciantes varejistas concedendo maiores prazos de faturamento (Ex.
brinquedos para vendas de natal).
Por outro lado, sempre existirá um nível mínimo de estoques, duplicatas a receber e
disponibilidades a ser mantido independentemente das flutuações sazonais das atividades.
a) Necessidades permanentes: são aquelas que se mantêm fixas ao longo do ano, e são
representadas pelos ativos permanentes somados à parte do ativo circulante que não
apresenta alterações durante o período.
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A Cia. Bahia preparou uma projeção de suas necessidades de financiamento para o próximo
ano e solicitou aos administradores financeiros da empresa uma análise do custo através das
estratégias agressiva, conservadora e intermediária (moderada).
ATIVO TOTAL
Jan. 2.300.000 Abr. 2.700.000 Jul. 2.800.000 Out. 2.400.000
Fev. 2.400.000 Mai. 3.100.000 Ago. 2.600.000 Nov. 2.200.000
Mar. 2.200.000 Jun. 3.400.000 Set. 2.500.000 Dez. 2.100.000
curto prazo = 5%
longo prazo = 10%
Ativos Necessidades de
Mês Totais Recursos
Permanentes Sazonais
Janeiro 2.300.000 2.100.000 200.000
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Total 232.916,66
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ALTERNATIVAS
AGRESSIVA CONSERVADORA INTERMEDIÁRIA
MÉDIAS MENSAIS
RECURSOS PERMANENTES 2.100.000 3.400.000 2.750.000
A Contabilidade Financeira (Societária) tem como finalidade registrar os fenômenos que afetam
as situações patrimoniais, financeiras e econômicas das empresas e adota, para esse
propósito, os Princípios Fundamentais de Contabilidade, reconhecendo as receitas no
momento da venda e as despesas quando incorridas (Regime de Competência). Diferente da
Contabilidade, a Administração Financeira tem como funções básicas: o planejamento, a
administração e o controle das entradas e saídas de fundos, ou seja, os investimentos e
financiamentos necessários à sustentação das atividades da empresa. Para isso, adota o
Regime de Caixa, preocupando-se com o fluxo de recursos, por este motivo, reconhece
receitas e despesas somente quando acontecem reais entradas e saídas de caixa.
EXERCÍCIOS
1) A Cia. Acre obteve durante o exercício social a seguinte movimentação:
a) Compra de uma máquina por $100.000, sendo pagos no exercício 70% do valor devido
e o saldo (30%) será pago no exercício seguinte;
b) Compra de produtos para revenda a crédito no valor de $120.000, sendo pagos no
decorrer do exercício 90% desse total e o saldo no próximo exercício;
c) Venda a crédito de 100 % dos produtos no valor de $200.000 com recebimento no
exercício de 80% desse valor e o saldo será recebido no próximo exercício;
d) Venda da máquina a crédito por $80.000 a ser recebido no exercício seguinte.
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Solução:
O caso da Cia Acre deixa bem clara a diferença entre o regime de competência adotado pela
Contabilidade e o regime de caixa da Administração Financeira.
Contabilmente, a Cia. Acre obteve um resultado positivo de $ 60.000 ao final do exercício, que
pode até satisfazer a alta direção da empresa. Entretanto, apesar do resultado contábil, a
empresa está enfrentando sérias dificuldades de liquidez pois, no exercício em questão teve $
160.000 de entradas de caixa e precisa desembolsar $ 178.000 para fazer frente às suas
despesas no período.
Esse fato, que freqüentemente ocorre dentro de uma empresa, ressalta a importância do
papel desempenhado pelo administrador financeiro na gestão das finanças corporativas.
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Do total das vendas efetuadas, 70% são recebidas no próprio mês; 20% são recebidas no mês
seguinte e o restante no segundo mês após a realização.
Estima-se que todos os custos de produção (MP + MOD + CIF) alcancem 70% das vendas
totais, sendo pagos 80% no próprio mês e 20% no mês seguinte. Os produtos são vendidos no
próprio mês em que são fabricados.
No final de abril o saldo de caixa da Pioneira era de $ 69.000, sendo que para o próximo
trimestre a empresa deseja manter um saldo de caixa de $ 90.000 em cada mês.
PEDE-SE elaborar o orçamento de caixa da Cia. Pioneira para o próximo trimestre, indicando
as necessidades de financiamento e os valores das aplicações financeiras. Esperam-se juros
bancários de 12% ao mês e rentabilidade das aplicações financeiras de 4% ao mês.
Programação de Recebimentos
Programação de Pagamentos
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Orçamento de Caixa
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4. FUNDAMENTOS DE TESOURARIA 2
Ciclo Financeiro
Ciclo Operacional
CO = PME + PMR
Onde:
CO Ciclo Operacional
PME Prazo Médio de Estocagem
PMR Prazo Médio de Recebimento
Ciclo Financeiro ou de Caixa (CF) : Define, em termos médios, o prazo que se inicia a partir
dos pagamentos aos fornecedores e termina com o recebimento das vendas. Em outras
palavras, é o período durante o qual a empresa financia suas operações sem a participação
dos fornecedores.
Quanto maior for o ciclo financeiro, mais recursos próprios e de terceiros (exceto fornecedores)
estarão temporariamente aplicados nas operações, provocando custos financeiros e afetando a
rentabilidade.
Ou
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Administração Financeira
CF = CO – PMP
Exemplo: A Cia. Ipiranga é uma pequena empresa que vende todos os seus produtos a prazo.
Os prazos médios apresentados são os seguintes:
PME = 60 dias
PMR = 30 dias
PMP = 25 dias
PME = 60 PMR = 30
PMP = 25
Com base nas informações contábeis da Cia. Ceará, determinar seu ciclo operacional,
financeiro e elaborar o diagrama demonstrativo.
Balanço Patrimonial
Ativo Circulante Passivo Circulante
Disponível 10.000,00 Fornecedores 56.000,00
Clientes 40.000,00 Empréstimos 44.000,00
Bancários
Estoques 50.000,00
Totais Circulantes 100.000,00 100.000,00
Demonstrativo de Resultado
Vendas 500.000,00
(-) Custo das Mercadorias Vendidas (CMV) 350.000,00
Outras Informações
Estoque final do ano anterior 40.000,00
ESTOCAGEM
O cálculo do giro ou rotação dos recursos investidos nos estoques fornece uma medida
adequada para a avaliação da eficiência na sua gestão.
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Administração Financeira
Este cálculo indica o número de vezes em que tais recursos foram renovados em certo
intervalo de tempo e é obtido a partir da fórmula:
Calcule o giro de estoques e o prazo médio de estocagem da Cia. Ceará com base nos dados
acima.
50.000
360. 000
RECEBIMENTO
Pode-se avaliar a eficiência na gestão dos recursos aplicados nas duplicatas a receber através
do cálculo do seu giro ou rotação, como segue:
Clientes
Dividindo-se o número de dias do ano pelo giro dos estoques obtém-se o número de dias
médios de estocagem.
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Administração Financeira
Calcule o giro de estoques e o prazo médio de estocagem da Cia. Ceará com base nos dados
acima.
40.000
12,5
Vendas Brutas
500.000
PAGAMENTO
Sem considerar o efeito fiscal.
De maneira analógica, baseados nas fórmulas para calcular o P.M.E. e P.M.R. podemos adotar
a fórmula abaixo para calcularmos o “Prazo Médio de Pagamento” (P.M.P.).
Fornecedores
G.D.P.
Como utilizamos 360 dias, as fórmulas fornecerão os prazos médios expressos em número de
dias.
Vamos retornar os dados da Cia. Ceará. O P.M.E. e o P.M.R. já foram calculados e precisamos
agora calcular o P.M.P.
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Administração Financeira
56.000
6,42
360.000
= 56 dias
CF = CO - PMP CF = 81 – 56 = 25
Venda
PMR = 29
PME = 52
PMP = 56
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PAGAMENTO
Alguns autores consideram o efeito fiscal e usam o conceito de compras brutas. Nesse caso
teríamos:
Fornecedores
G.D.P.
Como utilizamos 360 dias, as fórmulas fornecerão os prazos médios expressos em número de
dias.
Vamos retornar os dados da Cia. Ceará. O P.M.E. e o P.M.R. já foram calculados e precisamos
agora calcular o P.M.P.
O I.C.M.S. sobre as compras correspondeu a 18%. Logo, as compras brutas serão obtidas
através do quociente entre as compras líquidas e o fator 0,82 (= 1 – 0,18).
56.000
7,83
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Administração Financeira
CF = CO - PMP CF = 81 – 46 = 35
PME = 52 PMR = 29
PMP = 46
Deste modo, ao reduzir o ciclo financeiro a empresa estará otimizando o uso desses recursos e
reduzindo os custos correspondentes. Para tanto, existem três estratégias básicas:
1ª) Retardar os pagamentos aos fornecedores, sem comprometer o conceito creditício que a
empresa possui junto aos mesmos;
2ª) Acelerar o recebimento das duplicatas, sem afastar os clientes por excesso de rigor na
cobrança. Desde que sejam economicamente justificáveis, os descontos financeiros
oferecidos para estimular a antecipação de pagamento facilitarão alcançar os objetivos
desta estratégia;
3ª) Elevar o giro dos estoques até um ponto a partir do qual haveria riscos de paralisação do
processo produtivo por falta de materiais e de perda de vendas por falta de mercadorias.
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Caixa
É um ativo em forma de moeda corrente, que tem como finalidade efetuar o pagamento das
obrigações imediatas da empresa.
Títulos Negociáveis
São investimentos de curto prazo e alta liquidez, que têm como objetivo proteger recursos
temporariamente inativos.
Caixa e títulos negociáveis formam o ativo disponível, o mais líquido e o que apresenta a
menor rentabilidade para a empresa e, o objetivo básico da administração de caixa é investir o
menor montante de recursos possível nesse ativo, em função do mesmo não proporcionar
rentabilidade e nem tampouco retorno operacional à empresa. Entretanto, o administrador
financeiro deve estar atento ao fato de que os recursos devem estar disponíveis toda vez que
houver necessidade de desembolso de caixa, ficando assim garantida uma liquidez que possa
dar sustentação às atividades operacionais da empresa.
Para decidir a proporção mais adequada entre o investimento desses dois tipos de ativo, o
administrador financeiro deve sempre buscar aquela decisão que proporcione um equilíbrio
entre os custos de oportunidade (benefícios que a empresa deixa de obter ao optar por
investimentos em ativos menos rentáveis) e os custos de transação (custos incorridos pela
empresa quando necessita buscar recursos no mercado de crédito ou negocia no mercado
monetário sua carteira de títulos negociáveis).
Numa situação ideal, em que uma empresa tenha controle total sobre sua liquidez, seu saldo
de caixa seria zero. Entretanto, fatores como custo do dinheiro, inflação, incerteza do fluxo de
caixa, entre outros, fazem com que as empresas, de modo geral, precisem manter, em
magnitudes diferentes, um nível mínimo de caixa.
Devemos considerar que para manter um saldo mínimo de caixa, a empresa arca com custos
de oportunidade.
Tradicionalmente, destacam-se três motivos para que uma empresa mantenha um valor
mínimo de caixa:
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Administração Financeira
Tendo em vista que investimento em caixa representa perda de rentabilidade, a empresa deve
exercer controle sobre este item sem aumentar, em nível indesejado, o risco.
O caixa mínimo exigido dependerá de uma série de fatores, entre os quais destacam-se:
- Falta de sincronização entre pagamentos e recebimentos de caixa;
- Possibilidade de eventos não previstos no planejamento da empresa;
- Acesso a fontes de financiamento;
- Relacionamento com o sistema financeiro;
- Chance de furtos e desfalques;
- Prazos (de pagamento, recebimento e de estocagem) acima do necessário;
- Várias contas correntes;
- Produção com desperdício;
- Taxa de inflação;
- Política de crédito;
- Existência de um modelo de gestão de caixa;
- Regularidade nos recebimentos.
Em resumo, toda empresa necessita de um caixa mínimo para satisfazer a suas necessidades
financeiras. Para determinar o valor a ser mantido em caixa existem diversos modelos de
administração de caixa que podem ser utilizados.
O fluxo de caixa, por exemplo, é uma metodologia que permite à empresa determinar o fluxo
de recursos futuros da empresa e, a partir desta informação, ao administrar o caixa busca-se
minimizar a necessidade de recursos.
Um forma simples de estabelecer o montante de recursos que uma empresa deverá manter em
caixa é através do Caixa Mínimo Operacional. Esta técnica, apesar de pouco sofisticada, pode
ser útil no estabelecimento de um padrão do investimento em caixa.
Para se obter o Caixa Mínimo Operacional(CMO), basta dividir os desembolsos totais previstos
por seu giro de caixa. Por sua vez, para obter o giro de caixa, divide-se 360, se a base for em
dias e o período de projeção for de um ano, pelo ciclo financeiro (ciclo de caixa), ou seja:
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Administração Financeira
Situação 1:
PME = 60d CO = PME + PMR = 60 + 45 = 105
PMR = 45d CF = CO – PMP = 105 – 30 = 75
PMP = 30d DO = (CMO x 360) / CF = DO = (62.500 x 360) / 75 = 300.000
Situação 2:
PME = 45d CO = PME + PMT = 45 + 60 = 105
PMR = 60d CF = CO – PMP = 105 – 90 = 15
PMP = 90d CMO = (DO x CF) / 360 = (300.000 x 15) / 360 = 12.500
Empresa que tem um fluxo regular de recebimentos de caixa, pode através de investimento de
curto prazo no mercado financeiro transforma-lo em diversos fluxos de caixa.
Aplica-se o modelo do lote econômico à administração de caixa. E como pode haver variações,
adota-se, como o estoque, o saldo de segurança.
2TF
K
C= = VEC
C = quantidade ótima de caixa a ser levantada, vendendo-se títulos ou tomando-se
empréstimos.
T = quantia total de caixa líquido necessário para as transações durante o período.
F = custo fixo de vender título ou obter um empréstimo.
K = custo de oportunidade de manter caixa.
transferência de caixa que sejam maiores ou menores do que o VEC resultam em custos totais
superiores.
4Z - L
3F∂2
1 3
O modelo de Miller Orr foi desenvolvido para um fluxo de caixa com um comportamento como
demostrado no diagrama abaixo:
Saldo de caixa
Limite
superior
Ponto de
retorno
Limite
inferior
Tempo
No modelo de Miller e Orr o saldo de caixa pode oscilar livremente até atingir um limite superior
ou inferior. Neste ponto, a empresa compra ou vende títulos para repor o saldo no ponto de
retorno, que é o limite inferior mais um terço da distância entre os limites superior e inferior.
1ª Fixar o limite inferior de controle do saldo de caixa. Este limite inferior deve estar associado
a uma margem mínima de segurança determinada pela administração da empresa.
LISTA DE EXERCÍCIOS
1) A Cia. Giro Total previu que as suas necessidades totais (permanentes e temporárias) de
financiamento para o próximo ano serão as seguintes:
b) Calcular o custo total de financiamento sob um plano intermediário (50% entre agressivo e
conservador), considerando que os recursos de curto prazo custam 4% e os de longo prazo
8%.
2) A Cia. Todo Giro previu que as suas necessidades totais (permanentes e temporárias) de
financiamento para o próximo ano serão as seguintes:
b) Calcular o custo total de financiamento sob um plano intermediário (50% entre agressivo e
conservador), considerando que os recursos de curto prazo custam 1% e os de longo prazo
2%.
33
Administração Financeira
a) Compra de mercadorias por $100.000 sendo pagos 30% à vista e 70% para 30 dias;
b) Compra de equipamentos de informática por $20.000 à vista;
c) Venda de 30% das mercadorias por $50.000 a prazo;
d) Venda de mais 30% das mercadorias por $45.000, sendo, 50% à vista e o saldo para
30 dias;
e) Venda do equipamento de informática por $22.000 a prazo.
A empresa fatura 20% do total de suas vendas à vista e cobra 40% de suas vendas após 30 e
40% após 60 dias. Outras entradas de caixa esperadas são de R$ 12.000 em janeiro e em
fevereiro e de R$ 15.000 em março. A empresa paga 10% de suas compras à vista, 50% no
mês seguinte e o saldo dois meses depois.
Pagamento de salários perfazem 20% das vendas do mês precedente. O aluguel de R$ 20.000
precisa ser pago mensalmente. Os pagamentos de juros de R$ 10.000, referentes a um
financiamento de longo prazo, vencem em janeiro e em março. A empresa espera pagar um
total de R$ 30.000 de dividendos em duas parcelas iguais em fevereiro e março, sendo que
neste último mês também vence o prazo para pagamento de impostos no valor de R$ 30.000.
A empresa pretende fazer um investimento de capital no valor de R$ 25.000 em fevereiro. O
valor de seguros a pagar é de R$ 15.000 ao mês, enquanto o saldo de caixa esperado em 31
de dezembro de 2012 é de R$ 22.000.
PEDE-SE: Supondo que a empresa deseja manter um saldo operacional de caixa no valor de
R$ 15.000 em 2.013, faça o planejamento de caixa da empresa para o 1º trimestre de 2.013,
determinando ainda os excedentes de caixa a serem investidos mensalmente e/ou as
necessidades de financiamento de curto prazo. Considere rentabilidade de aplicações
financeiras de curto prazo de 1,5% ao mês com crédito no último dia do mês subsequente e
juros de empréstimos bancários de 4,5% ao mês com débito automático em contracorrente
também no último dia do mês subsequente.
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Administração Financeira
d) Quais as alternativas possíveis para que empresa possa reduzir o ciclo de caixa?
6) Suponha que uma empresa tenha projetado, para certo exercício, desembolsos totais
líquidos de $2.700.000,00. Sabe-se que seu ciclo financeiro alcança 45 dias, ou seja, este é o
intervalo de tempo em que a empresa somente desembolsa recursos, ocorrendo entradas de
fluxos financeiros somente a partir do 46º dia.
b) Qual será o Caixa Mínimo Operacional , se a empresa alterar seu ciclo financeiro para 24
dias. Determinar a economia obtida considerando o custo de oportunidade de 12% para o
exercício em relação ao item (a).
c) Qual será o Caixa Mínimo Operacional, se a empresa alterar seu ciclo financeiro para 60
dias. Determinar o custo adicional considerando o custo de oportunidade de 12% em relação
ao item (a).
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Administração Financeira
7) Uma empresa projetou, para certo exercício, saídas de caixa de $3.500.000,00, sendo seu
ciclo financeiro de 90 dias, pede-se:
c) Qual será o Caixa Mínimo Operacional e custo adicional em relação ao item (a) se a
empresa alterar seu ciclo financeiro para 120 dias, considerando o custo de oportunidade de
16%.
- Clientes $600.000,00
- Estoques $700.000,00
- Fornecedores $550.000,00
Durante o exercício (2.013), as receitas brutas com vendas foram de $2.700.000,00 e os custos
das vendas $1.900.000,00.
Considerando que:
a) Calcule o P.M.E.
b) Calcule o P.M.R.
c) Calcule o P.M.P.
g) Calcule o novo Caixa Mínimo Operacional e o custo caso o Ciclo Financeiro sofra uma
redução de 10 dias.
h) Calcule o novo Caixa Mínimo Operacional e o custo caso o Ciclo Financeiro sofra uma
elevação de 10 dias em relação ao item “f”.
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