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FINANÇAS DE LONGO PRAZO – PROF.

WESLEY MARTINS

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA

Conceitos fundamentais – Administração Financeira

Finanças: “a arte e a ciência de administrar fundos”.


“Finanças são os processos pelos quais o dinheiro é transferido (por meio de financiamento e de
investimento) entre empresas, indivíduos e finanças.” 1

As quatro áreas básicas

Tradicionalmente, os tópicos em Finanças são agrupados em quatro áreas principais:


1. Finanças Corporativas: são as Finanças Empresariais;
2. Investimentos: lida com ativos financeiros, tais como ações e obrigações. Questões
importantes:

a) O que determina o preço de um ativo financeiro, como uma ação ou uma obrigação?

b) Quais são os riscos e retornos potenciais associados ao investimento em um ativo


financeiro?

c) Qual é a melhor composição que se deve ter de diferentes tipos de ativos financeiros?

3. Instituições Financeiras: negócios que lidam primeiramente com assuntos financeiros,


como bancos e companhias de seguros;
4. Finanças Internacionais: são uma especialização na qual uma das principais funções
envolvem aspectos internacionais tanto de Finanças Corporativas quanto de
Investimentos, ou Instituições Financeiras.

O que são finanças corporativas?

Algumas questões importantes para as empresas:

1. Em quais investimentos a longo prazo a empresa deverá aplicar? Ou seja, em que linhas de
negócio a empresa atuará e quais os tipos de construções, maquinários e equipamentos serão
necessários?

2. Como a empresa obterá o financiamento a longo prazo para pagar seus investimentos? A
empresa trará outros acionistas ou pedirá dinheiro emprestado?

3. Como a empresa administrará suas atividades financeiras cotidianas, como cobrança e


pagamento a fornecedores?

1
GITMAN, Lawrence J.; MADURA, Jeff. Administração financeira: uma abordagem gerencial. São Paulo: Addison
Wesley, 2003. p. 2.
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Funções do administrador financeiro

Administradores financeiros: “são responsáveis pela decisão de como investir os recursos de uma
empresa para expandir seus negócios e como obter recursos (financiamentos).” 2

Figura 1 - Organograma simplificado da área financeira3

2
GITMAN, Lawrence J.; MADURA, Jeff., Op. cit., p. 3.
3
ROSS, Stephen; WESTERFIELD, Randolph W.; JORDAN, Bradford D. Princípios de administração financeira. 2
ed. São Paulo: Atlas, 2000. p. 39.
2
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Decisões de Administração Financeira

Orçamento de Capital: processo de planejar e gerir investimentos de longo prazo da empresa.

Estrutura de Capital: combinação entre capital de terceiros e capital próprio que a empresa
possui.

Administração do Capital de Giro: ativos e passivos de curto prazo da empresa.

Objetivos da Administração Financeira

1. Maximização da riqueza do acionista: medida pelo preço da ação, que considera: a data
de ocorrência dos retornos (fluxo de caixa), em sua magnitude e em seu risco.
Ex.: Uma empresa vendeu R$ 10 milhões em mercadorias em 2016; essas mercadorias foram
adquiridas durante o ano por R$ 8 milhões. Embora a empresa já tivesse pagado o custo total
das mercadorias ao longo do ano, no encerramento do exercício (2016) ainda não havia
recebido os R$ 10 milhões do cliente a quem vendera as mercadorias.

2. Preservação da riqueza dos stakeholders: grupos tais como empregados, clientes,


fornecedores, credores e outros que possuem um vínculo econômico direto com a
empresa.

Atividades-chaves do Administrador Financeiro

1. Realizar análises e planejamento financeiro:


a) Transformação dos dados financeiros, de forma que possam ser utilizados para monitorar a
situação financeira da empresa;
b) Avaliação da necessidade de se aumentar (ou reduzir) a capacidade produtiva;
c) Determinação de aumentos (ou reduções) dos financiamentos requeridos.

2. Tomar decisões de investimento:


a) Determinar a combinação e o tipo de ativos constantes do balanço patrimonial da empresa:
montante de recursos aplicados em ativos circulantes e em ativos permanentes;
b) Estabelecer níveis ótimos para cada ativo circulante;
c) Decidir quais ativos permanentes adquirir e quando os ativos existentes precisam ser
modificados, substituídos ou liquidados.
3
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3. Tomar decisões de financiamento:


a) Determinar a combinação mais apropriada entre financiamentos a curto e a longo prazos;
b) Determinar que fontes individuais de financiamento são as melhores.

O problema de Agency e o controle da sociedade por ações

Problema de Agency: a possibilidade de haver conflito de interesse entre os proprietários e os


administradores da empresa.
Interesse dos acionistas: aumentar o valor da ação da empresa.
Grupos de Interesse (Stakeholders): Alguém que não seja acionista nem credor, mas que
também possui clientes, fornecedores, governo.

Figura 2 – Função Financeira da Empresa

Liquidez e Rentabilidade

Liquidez:
Falta de liquidez pode conduzir à insolvência de uma empresa.
Principais causas da falta de liquidez:
 Excesso de imobilizações
 Excesso de estoques
 Concessão aos clientes de prazos muito longos para pagamento
 Utilização de fontes de financiamento inadequadas.

Rentabilidade:
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Grau de êxito econômico obtido por uma empresa em relação ao capital nela investido.

Áreas de decisões financeiras

Decisões de investimento:
Administração da estrutura do ativo.
Implantação de novos projetos.

Decisões de financiamento:

Determinação da estrutura financeira mais adequada às operações normais e aos novos


projetos a serem implantados na empresa.
Principais questões:
 Qual deve ser a proporção entre recursos permanentes e temporários?
 Qual deve ser a proporção entre recursos próprios e financiamentos de longo prazo?
 O reinvestimento de lucros será suficiente para atender às necessidades de recursos
próprios?
 Como o mercado reagirá ao lançamento de novas ações?
 Qual será o impacto dos cursos financeiros provocados pelos financiamentos a longo
prazo e pelos empréstimos a curto prazo?
 Devemos comprar ou arrendar ativos fixos?

Destinação do lucro:

Distribuição aos acionistas: dividendos.


Lucros retidos para reinvestimento.

Figura 3 – Composição do Balanço Patrimonial

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ORÇAMENTO DE CAPITAL4

Orçamento de Capital

É o conjunto de procedimentos para avaliar, comparar e selecionar projetos de investimento. O


gerente financeiro deve ser capaz de decidir se um investimento é um empreendimento valioso
ou não, e de escolher, de maneira inteligente, entre duas ou mais alternativas.

Uso eficiente de um recurso limitado

O capital é um recurso muito limitado, seja na forma de dívida ou de patrimônio. Existe um limite
ao crédito que o sistema bancário pode criar na economia. Os bancos comerciais e outras
instituições financeiras têm depósitos limitados, dos quais emprestam dinheiro às pessoas,
empresas e governo. Além disso, o Banco Central exige que cada banco, mediante depósitos
compulsórios, mantenha parte de seus depósitos à vista como reservas. A existência de recursos
limitados para emprestar torna seletivas as instituições financeiras ao concederem empréstimos a
seus clientes. Mesmo se um banco conceder crédito ilimitado a uma empresa, a administração
dessa empresa, antes de tudo, precisa considerar o impacto do incremento dos empréstimos
sobre o custo total do financiamento.
Na realidade, são limitados os recursos que cada empresa obtém emprestado, os quais devem
ser distribuídos às melhores alternativas de investimento. Poder-se-ia argumentar que uma
empresa pode emitir uma quantidade quase ilimitada de ações ordinárias para levantar capital.
Entretanto, aumentar o número de ações da companhia só serve para distribuir o mesmo
montante de patrimônio líquido entre um maior número de acionistas. Em outras palavras, à
medida que o número de ações de uma companhia aumenta, a parcela de participação de cada
acionista no capital da empresa é reduzida proporcionalmente.
O argumento de que o capital é um recurso limitado é verdadeiro para qualquer forma de capital,
seja na forma de capital de terceiros (a curto e a longo prazo), seja na de capital próprio (ações
ordinárias) ou lucros acumulados, contas ou títulos a pagar etc. Mesmo a empresa mais
conhecida num setor ou comunidade tem limites para tomar emprestado. Uma vez que a empresa
atinja tal limite, ela terá o seu pedido de mais crédito negado ou será penalizada com uma taxa de
juro maior, o que torna a obtenção de empréstimos a forma menos desejável de levantar capital.
Ao se deparar com fontes limitadas de capital, a administração deve decidir com cuidado se um
determinado projeto é ou não economicamente aceitável. No caso de haver mais de um projeto, a
administração deve identificar os projetos que mais contribuirão para o lucro e, em consequência,
ao valor (ou riqueza) da empresa. Isso, em essência, é a base do orçamento de capital.

4
GROPPELLI, A.A.; NIKBAKTHT, Ehsan. Administração financeira. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2002. p. 121-156.
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Despesas correntes e despesas de capital

Despesas correntes: São de curto prazo e debitadas como despesas no exercício em que
ocorrem. Exemplos de despesas correntes são ordenados, salários, custo de matéria-prima e
várias outras despesas administrativas.

Despesas de capital: São de longo prazo, amortizadas (seus valores são gradualmente
reduzidos) durante vários anos, de acordo com o regulamento da Receita Federal. Exemplos de
despesas de capital incluem o desembolso de $ 100.000 para a aquisição de um novo prédio ou
uma nova máquina, a compra de um computador para uso comercial, a compra dos direitos de
uma patente de um investidor, despesas com pesquisa e desenvolvimento.

Tipos de despesas de capital:


1. Novas máquinas e equipamentos adquiridos para novos propósitos. A fim de expandir suas
operações, as empresas frequentemente adquirem novos equipamentos.
2. Substituição de equipamentos existentes. Para aumentar a eficiência, a administração
pode decidir pela venda do equipamento existente, ainda em uso, substituindo-os por
modelos atuais. O orçamento de capital para projetos de substituição considera, além dos
custos das novas máquinas, a receita de venda das máquinas em uso e os efeitos do
imposto de renda sobre o resultado dessa venda.
3. Projetos obrigatórios. Com o aumento do consumismo, os projetos obrigatórios tornaram-
se o principal componente das despesas de capital. Esses investimentos são exigidos por
lei para manter a segurança dos consumidores e trabalhadores, bem como um ambiente
saudável.
4. Outras despesas de capital. Essa categoria abrange vários outros investimentos a longo
prazo, tais como compra de terreno, ampliação dos edifícios da empresa, e compra de
direitos de patentes.

Lembre-se

Orçamento de capital é uma tomada de decisão sobre um projeto ser ou não merecedor de
implementação. O orçamento de capital está, basicamente, relacionado com a justificativa
das despesas de capital.
Despesas correntes são despesas de curto prazo e, por isso, debitadas integralmente no
exercício social em que ocorrem. Despesas de capital são despesas de longo prazo e são
amortizadas durante um período de vários anos, estabelecido pela Receita Federal.

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Determinando os custos iniciais

Para determinar o custo do investimento inicial, o analista financeiro responde às seguintes


questões:
 Qual é o preço de aquisição dos novos itens (máquinas, equipamentos, serviços e
outros)?
 Quais são as despesas adicionais, tais como os custos de embalagem, de distribuição, de
instalação e de inspeção?
 Qual é a receita da venda da maquinaria existente, se ela precisar ser substituída?
 Qual é a despesa com impostos a ser paga sobre a venda da maquinaria existente?
EXEMPLO 1:

A Companhia XYZ está planejando a compra de nova maquinaria por $ 200.000. Esta será
depreciada durante cinco anos. Como consequência da compra da nova maquinaria, a
Companhia XYZ venderá sua maquinaria atual por $ 50.000. A maquinaria atual foi adquirida por
$ 100.000, há três anos. A companhia deve pagar $ 4.000 pela entrega e $ 9.000 pela instalação
da nova maquinaria. Como um analista financeiro, determine o custo inicial do projeto. Suponha
uma alíquota de 34% de imposto de renda. O capital circulante líquido não varia.
Valor contábil da máquina atual:

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EXEMPLO 2:

Qual seria o custo inicial do projeto do exemplo anterior se a máquina existente fosse vendida por
$ 20.000? Suponha que todas as outras informações permaneçam as mesmas.
Valor contábil da máquina atual:

Como determinar o Fluxo de Caixa Incremental?

Fluxo de Caixa Incremental: é o fluxo de caixa adicional que a empresa irá receber acima do
fluxo de caixa atual, após o projeto ser aceito.
Como determinar o fluxo de caixa incremental:
1. Calcular o lucro líquido adicional.
2. Calcular as economias de imposto de renda decorrentes da depreciação.
3. Somar ao lucro líquido adicional as economias proporcionadas pela depreciação adicional.

EXEMPLO 3:

Os lucros líquidos previstos para a Companhia XYZ nos próximos três anos são: $ 100.000, $
150.000 e $ 200.000. As quantias anuais de depreciação para esses três anos são estimadas em
$ 30.000, $ 40.000 e $ 45.000, respectivamente. Em consequência de iniciar um novo projeto, os

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lucros líquidos, para os próximos três anos, serão de $ 120.000, $ 165.000 e $ 230.000; e as
despesas anuais de depreciação serão de $ 45.000, $ 62.000 e $ 66.000. Para simplificar,
considere uma alíquota de imposto de renda de 40%; e calcule o fluxo de caixa incremental do
novo projeto.

EXEMPLO 4:

Os lucros antes dos juros e do imposto de renda (LAJIR) previstos nas duas condições são
fornecidos na tabela a seguir.

A máquina existente foi comprada há três anos por $ 400.000. Estuda-se substituí-la por uma
nova máquina que custa $ 600.000. Ambos os equipamentos têm uma vida útil depreciável de cinco
anos, sendo a depreciação de 20% no ano 1, 32% no ano 2, 19% no ano 3, 15% no ano 4 e 14% no ano
5. Usando uma alíquota de 34%. Determine o fluxo de caixa incremental decorrente da substituição
da máquina existente.

LAJIR INCREMENTAL

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ECONOMIAS ADICIONAIS DE IMPOSTOS

FLUXOS DE CAIXA INCREMENTAIS EM CINCO ANOS

EXERCÍCIOS 5

1. Os Associados XYZ estão considerando a compra de uma máquina nova por $ 300.000. Ao
mesmo tempo, planejam vender sua máquina velha por $ 60.000. A máquina velha foi adquirida
há três anos e o seu valor contábil é de $ 46.400. Ambas as máquinas têm uma vida depreciável
em cinco anos. As despesas de despacho são $ 6.000, e as de instalação são $ 10.000. Usando
uma alíquota de 34% para o lucro normal, calcule o custo de aquisição do novo equipamento.

Imposto de renda sobre a venda com lucro da máquina atual:

5
GROPPELLI, A. A.; NIKBAKHT, Ehsan. Op.cit., p. 130-131.
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2. Sara & Associados calcularam o LAJIR de sua empresa sob as duas condições seguintes:

O velho equipamento foi comprado há dois anos por $ 500.000. O novo equipamento pode ser
comprado por $ 710.000. Ambos os equipamentos têm uma vida útil depreciável de cinco anos, sendo a
depreciação de 20% no ano 1, 32% no ano 2, 19% no ano 3, 15% no ano 4 e 14% no ano 5. Usando uma
alíquota de 34%. Calcular o fluxo de caixa incremental da substituição do velho equipamento.
Explique os resultados obtidos.

3. A Companhia ABC está considerando a substituição de uma máquina que, originalmente,


custou $ 40.000 por uma nova, que pode ser comprada por $ 70.000. O valor contábil da máquina
velha é de $ 16.800, e pode ser vendida por $ 10.000. Os custos de instalação e frete da nova
máquina são de $ 3.500. Usando uma alíquota de imposto de renda de 34%, calcular o custo de
aquisição da nova máquina.

Imposto de renda sobre a venda com lucro da máquina atual:


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4. A Corporação KLM está considerando a substituição de uma de suas máquinas velhas por uma
nova, mais eficiente. A máquina velha tem um valor contábil de $ 25.000 e pode ser vendida por $
100.000. A nova máquina tem um custo de $ 500.000. As despesas de frete são mais $ 5.000.
Usando uma alíquota de imposto de renda de 34% para o lucro normal, calcule o custo de
aquisição da nova máquina.

Imposto de renda sobre a venda com lucro da máquina atual:

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5. Calcule o fluxo de caixa incremental pela substituição de um velho equipamento, sabendo que:

A alíquota do imposto para a empresa é de 34%, a máquina velha foi comprada dois anos atrás
por $ 600.000, a nova máquina custa $ 920.000, e ambas as máquinas são depreciáveis durante
o período de cinco anos.

MÉTODOS DE ORÇAMENTO DE CAPITAL: SEM RISCO 6

1. Taxa Média de Retorno (TMR)

Taxa Média de Retorno: quociente entre os lucros líquidos médios e o investimento médio.
Técnica contábil simples que determina a lucratividade de um projeto.
Compara os lucros contábeis líquidos com os custos iniciais de um projeto, adicionando todos
os lucros líquidos futuros e dividindo-os pelo investimento médio.

EXEMPLO 5:

Suponha que os lucros líquidos para os próximos quatro anos estejam calculados em $ 10.000, $
15.000, $ 20.000 e $ 30.000, respectivamente. Sendo $ 100.000 o investimento inicial, encontre a
taxa média de retorno.
é
Taxa Média de Retorno (TMR) =
é

6
GROPPELLI, A. A.; NIKBAKHT, Ehsan. Op.cit., p. 132-145.
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Desvantagens:

1. A TMR não considera o valor do dinheiro no tempo;


2. A TMR usa o lucro contábil e não o fluxo de caixa; ela ignora a depreciação como uma
fonte de entrada de caixa;
3. O valor presente do valor residual do equipamento não é computado na TMR. Observa-se
que o valor residual pode reduzir o investimento inicial ou aumentar a entrada futura de
caixa. Portanto, a taxa de retorno efetiva fica subestimada quando o valor residual é
ignorado nos cálculos;
4. A TMR desconsidera a sequência cronológica dos lucros líquidos.

Lembre-se

A taxa média de retorno é um método muito simples que mede a lucratividade de um projeto,
mas ignora os fluxos de caixa e o valor do dinheiro no tempo.

2. Período de Recuperação do Investimento (Payback)

Período de Payback: período de tempo necessário para recuperar o investimento inicial de um


projeto.

Número de anos necessários para recuperar o investimento inicial de um projeto.


Se o período de payback encontrado representa um período de tempo aceitável para a
empresa, o projeto será selecionado.
Quando comparados dois ou mais projetos, aqueles com os menores períodos de amortização
são os preferidos. Entretanto, os projetos aceitos devem atender ao período pretendido de
recuperação de investimento, o qual deve ser estabelecido antecipadamente.

Método usa os fluxos de caixa (lucro líquido + depreciação) em lugar dos lucros líquidos.

EXEMPLO 6:

A Companhia ABC planeja investir num projeto que tem um desembolso inicial de $ 3.700. Ela
previu que o projeto proporcionará entradas de caixa regulares de $ 1.000 no ano 1, $ 2.000 no
ano 2, $ 1.500 no ano 3 e de $ 1.000 no ano 4. Se a empresa tivesse como meta um período de
amortização (payback) de três anos, você recomendaria que esse projeto fosse aceito?

Período de Payback =

é ! " "
15
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Vantagens:

1. Método fácil de usar e de entender.


2. Método pode ser de valia mesmo para as maiores corporações multinacionais. Para tais
empresas, eventos políticos – tais como a nacionalização de setores num país estrangeiro
– são as principais fontes de risco. Em termos de possíveis eventos políticos, então,
quanto menor o período de recuperação do investimento, menor o risco do projeto.

Desvantagens:

1. Não considera o valor do dinheiro no tempo.


2. Não leva em conta as entradas de caixa produzidas após o período em que o investimento
inicial foi recuperado.

Lembre-se

O método do período de recuperação do investimento é largamente utilizado para calcular


quanto tempo demora até que um capital original, ou investimento inicial, seja recuperado.
Esse método não é recomendado por duas razões: do mesmo modo que a TMR, não leva
em consideração o valor do dinheiro no tempo, nem serve como uma medida de
lucratividade (já que os fluxos de caixa após o período de amortização - payback - são
ignorados).

3. Período de Payback Descontado

Considera uma taxa de desconto para os fluxos de caixa futuros do projeto.


#$
Fluxo de caixa descontado = (&' ))

EXEMPLO 7:

A Companhia ABC planeja investir num projeto que tem um desembolso inicial de $ 3.700. Ela
previu que o projeto proporcionará entradas de caixa regulares de $ 1.000 no ano 1, $ 2.000 no
ano 2, $ 1.500 no ano 3 e de $ 1.000 no ano 4. Se a empresa tivesse como meta um período de
amortização (payback) de três anos, A UMA TAXA DE DESCONTO DE 10% a.a., você
recomendaria que esse projeto fosse aceito?

Período de Payback:
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4. Valor Presente Líquido (VPL)

Valor Presente Líquido: a diferença entre o valor de mercado de um investimento e seu custo.
Se o valor presente de um fluxo de caixa futuro de um projeto for maior que seu custo inicial, o
projeto é um empreendimento válido.
Se o valor presente for menor que seu custo inicial, o projeto deve ser rejeitado porque o
investidor perderia dinheiro se o projeto fosse aceito.
VPL de um projeto aceito é ZERO ou POSITIVO, e o VPL de um projeto rejeitado é
NEGATIVO.
VPL = VP – I
Em que:
VP = valor presente dos fluxos de caixa futuros I = investimento inicial

As taxas de desconto usadas no VPL são também influenciadas pela duração dos projetos. Entre
dois projetos, aquele com vida mais longa geralmente é associado a um maior risco. Quanto mais
extensa a existência de um investimento no futuro, maior a incerteza na conclusão e operação do
projeto. Portanto, mantendo-se todas as outras variáveis iguais, os projetos de longa duração
devem ser geralmente descontados a taxas maiores que a dos projetos de curta duração.

EXEMPLO 8:

A Companhia ABC planeja investir num projeto que tem um desembolso inicial de $ 3.700. Ela
previu que o projeto proporcionará entradas de caixa regulares de $ 1.000 no ano 1, $ 2.000 no
ano 2, $ 1.500 no ano 3 e de $ 1.000 no ano 4. Se a taxa de desconto do projeto fosse de 10%
a.a., você recomendaria esse projeto?

VP dos fluxos de caixa futuros do projeto = VPL =

Vantagens:

1. Usa o fluxo de caixa em lugar dos lucros líquidos;


2. O método do VPL reconhece o valor do dinheiro no tempo;
3. Aceitando-se somente projetos com VPL positivo, a companhia também aumentará o seu
valor (aumento do preço das ações ou da riqueza dos acionistas).
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Desvantagens:

1. Supõe que a administração seja capaz de fazer previsões detalhadas do fluxo de caixa de
anos futuros. Na realidade, quanto maior o período, maior a dificuldade de se estimar os
fluxos de caixa futuros;
2. O método do VPL supõe que a taxa de desconto seja a mesma durante toda a duração do
projeto.

5. Índice de Lucratividade (IL)

Índice de Lucratividade: quociente entre o valor presente dos futuros fluxos de caixa de um
projeto e o seu investimento inicial.
Compara o valor presente das entradas de caixa futuras com o investimento inicial numa base
relativa.
* + ,
IL =
- -

Nesse método, um projeto com um índice de lucratividade maior que 1 é aceito, e um projeto
com índice de lucratividade menor que 1 é rejeitado.

EXEMPLO 9:

A Companhia ABC planeja investir num projeto que tem um desembolso inicial de $ 3.700. Ela
previu que o projeto proporcionará entradas de caixa regulares de $ 1.000 no ano 1, $ 2.000 no
ano 2, $ 1.500 no ano 3 e de $ 1.000 no ano 4. Se a taxa de desconto do projeto fosse de 10%
a.a., você recomendaria esse projeto?

VP dos fluxos de caixa futuros do projeto = IL =

Lembre-se

O VPL e o IL são métodos confiáveis para avaliar um projeto ou para comparar dois ou mais
projetos. O método do VPL compara o valor presente de fluxos de caixa futuros de um
projeto com o seu custo inicial por meio de um critério simples: qual é o maior valor? O
método do IL compara as mesmas quantias, porém na forma de uma razão. Se o IL for igual
ou maior que 1, então aceitasse o projeto. Se o IL for menor que 1, rejeita-se o projeto. Os
analistas financeiros devem ser muito cautelosos na escolha da taxa de desconto mais
adequada.
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6. TAXA INTERNA DE RETORNO = TIR 7

O método da Taxa Interna de Retorno – TIR (Internal Rate of Return – IRR) representa a taxa
de desconto que iguala, em determinado momento, as entradas com as saídas previstas de
caixa.
Para avaliação de propostas de investimento, o cálculo da TIR requer, basicamente, o
conhecimento dos montantes de dispêndio de capital (ou dispêndios, se o investimento prevê
mais de um desembolso de caixa) e dos fluxos de caixa líquidos incrementais gerados pela
decisão.
Pelo método da TIR, um projeto de investimento é recomendado se a TIR calculada for maior
que o retorno exigido. Nesse caso, o projeto cria valor econômico. Caso o investimento apresente
uma taxa de retorno menor que o retorno exigido, o projeto deve ser rejeitado.

A Companhia ABC planeja investir num projeto que tem um desembolso inicial de $ 3.700. Ela
previu que o projeto proporcionará entradas de caixa regulares de $ 1.000 no ano 1, $ 2.000 no
ano 2, $ 1.500 no ano 3 e de $ 1.000 no ano 4. Qual a taxa interna de retorno do projeto? Se a
taxa de desconto do projeto fosse de 10% a.a., você recomendaria esse projeto?

TIR =

Lembre-se

A taxa interna de retorno (TIR) é um método popular no orçamento de capital. A TIR é uma
taxa de desconto que torna o valor presente dos fluxos de caixa previstos igual ao
investimento inicial. Entretanto, quando usar a TIR, você deve se assegurar de que a TIR
calculada não é muito diferente de uma taxa de reinvestimento realista.

EXEMPLO 10:

Considerando os fluxos de caixa operacionais apresentados a seguir:

7
ASSAF NETO, Alexandre; LIMA, Fabiano Guasti. Fundamentos de administração financeira. São Paulo: Atlas,
2010. p. 182-189.
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Usando a calculadora HP 12C:

IMPORTANTE 1: A TIR é uma taxa que expressa a rentabilidade periódica ponderada


geometricamente, de acordo com o critério de juros compostos.
IMPORTANTE 2: O método de avaliação da TIR assume, implicitamente, que a TIR de um
projeto somente será verdadeira se todos os fluxos intermediários de caixa forem reinvestidos à
própria TIR, conforme calculada para o investimento.

EXERCÍCIOS

6. Uma proposta de expansão no exterior tem os seguintes fluxos de caixa:

Calcule o período de payback e o VPL a uma taxa exigida de retorno de 15%.

20
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7. Considere os dois investimentos mutuamente excludentes a seguir. Calcule o VPL e a TIR de


cada um considerando uma taxa de desconto de 10% a.a. Em que circunstâncias a TIR e o VPL
classificarão dois projetos de maneira diferente?

Investimento A:
VPL = TIR =

Investimento B:
VPL = TIR =
8. Qual o período de payback para o seguinte conjunto de fluxos de caixa considerando uma taxa
de desconto de 10% a.a.?

21
FINANÇAS DE LONGO PRAZO – PROF. WESLEY MARTINS

9. (ROSS, p. 234 – 8.4) Calcule a TIR e o VPL para cada um dos dois projetos da Darla’s Bakery
Products apresentados no exercício anterior. Considere um retorno mínimo exigido de 8% a.a.

Projeto A:
VPL =

TIR =

Projeto B:
VPL =

TIR =

10. (ROSS, p. 235 – 8.10) O Grupo Ott identificou os dois projetos mutuamente excludentes a
seguir:

a) Qual é a TIR de cada um dos projetos? Se você aplicasse a regra de decisão da TIR, qual
projeto a empresa aceitaria? Essa decisão seria necessariamente correta?
b) Se o retorno exigido fosse de 11%, qual seria o VPL de cada um desses projetos? Que projeto
você escolheria se aplicasse a regra de decisão do VPL?

22
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Projeto A:
VPL =

TIR =

Projeto B:
VPL =

TIR =

11. (GROPPELLI, p. 144) Os lucros líquidos de uma companhia, para os próximos três anos,
foram estimados em $ 12.000, $ 13.000 e $ 18.000, respectivamente. Determine a taxa média de
retorno (TMR), sabendo que o desembolso inicial é de $ 80.000.

LL médio =

Investimento inicial médio =

Taxa Média de Retorno (TMR) =

12. (GROPPELLI, p. 144) Os fluxos de caixa estimados de um projeto são os seguintes:

O investimento inicial do projeto é de $ 14.000. Supondo que a companhia pretenda a


recuperação do investimento (payback) num período de três anos, determine se o projeto é
aceitável.

13. (GROPPELLI, p. 144) O investimento inicial de um projeto é de $ 110.000. Os fluxos de caixa


estimados são os seguintes:
23
FINANÇAS DE LONGO PRAZO – PROF. WESLEY MARTINS

Usando o método do VPL e uma taxa de desconto de 12%, determine se o projeto é aceitável.

14. (GROPPELLI, p. 145) Usando as informações do problema anterior, determine o índice de


lucratividade (IL) do projeto. Explique os resultados obtidos.

VP dos fluxos de caixa futuros do projeto =

IL =

15. (GROPPELLI, p. 145) Um projeto tem fluxos de caixa anuais de $ 7.000, durante sete anos.
O investimento inicial é de $ 28.500. Qual é a TIR do projeto?

16. (GROPPELLI, p. 145) A Companhia ABC precisa escolher entre o Projeto 1 e o Projeto 2. Os
projetos têm os seguintes fluxos de caixa:

Usando os métodos do VPL e da TIR, determine qual dos projetos é preferível. Suponha uma
taxa de desconto de 10%.

24
FINANÇAS DE LONGO PRAZO – PROF. WESLEY MARTINS

17. (GROPPELLI, p. 145) Determine a TIR aproximada dos seguintes fluxos de caixa:

18. (GROPPELLI, p. 145) Usando o índice de lucratividade (IL), classifique os seguintes


possíveis investimentos e discuta suas lucratividades.

MÉTODOS DE ORÇAMENTO DE CAPITAL: COM RISCO 8

ORÇAMENTO DE CAPITAL COM RISCO

Risco é uma outra expressão para incerteza e instabilidade. Um investimento é chamado livre de
risco se o seu retorno é estável e confiável. Os investidores, geralmente, consideram as letras do
Tesouro, emitidas pelo governo norte-americano, como um investimento livre de risco, sobretudo
porque têm retornos certos e garantidos.
Em orçamento de capital, não há projetos livres de risco. Os fluxos de caixa futuros de um
projeto, inesperadamente, podem aumentar ou diminuir. A taxa pela qual os futuros fluxos de
caixa forem investidos pode não permanecer a mesma.

Existem muitos fatores que podem reduzir os fluxos de caixa esperados: perda de participação no
mercado, aumento no custo dos produtos vendidos, novas regulamentações ambientais, aumento
no custo de financiamento. Como sempre há risco no orçamento de capital, a principal tarefa dos
analistas de investimento é selecionar projetos sob considerações de incerteza.

8
GROPPELLI, A. A.; NIKBAKHT, Ehsan. Op.cit., p. 146-156
25
FINANÇAS DE LONGO PRAZO – PROF. WESLEY MARTINS

1. ABORDAGEM EQUIVALENTE À CERTEZA (AEC)

A ideia subjacente à abordagem equivalente à certeza é a de separar a duração dos fluxos de


caixa de seu risco. Os fluxos de caixa são convertidos em fluxos de caixa sem risco (certos), que
são descontados, então, pela taxa livre de risco. Geralmente, a taxa paga pela letra do Tesouro
dos Estados Unidos é aceita e usada como taxa livre de risco. Calculando os equivalentes à
certeza:
1. Estime os fluxos de caixa esperados do projeto.
2. Determine os fatores equivalentes à certeza, ou os percentuais dos fluxos de caixa esperados
que são considerados certos.
3. Calcule os fluxos de caixa certos multiplicando os fluxos de caixa esperados pelos fatores
equivalentes à certeza.
4. Calcule o valor presente do projeto descontando os fluxos de caixa certos pela taxa livre de
risco – a taxa de retorno das letras do Tesouro dos Estados Unidos, por exemplo.
5. Determine o valor presente líquido do projeto, subtraindo o investimento inicial do valor
presente dos fluxos de caixa certos.
6. Se o VPL for zero ou positivo, o projeto é aceitável. Ao contrário, se o VPL for negativo, o
projeto deve ser rejeitado.

EXEMPLO 11:

A Companhia XYZ estima que os fluxos de caixa dos próximos cinco anos serão de $ 7.000, $
6.000, $ 5.000, $ 4.000 e $ 3.000, respectivamente. Os fatores equivalentes à certeza para os
mesmos períodos são estimados em 95%, 80%, 70%, 60% e 40%. O investimento inicial do
projeto é de $ 11.000. A taxa livre de risco (a taxa de retorno das letras do Tesouro dos Estados
Unidos) é de 10%. Usando a abordagem equivalente à certeza, decida se o projeto é aceitável.

VPL do projeto =

Lembre-se

A abordagem equivalente à certeza (AEC) converte os fluxos de caixa esperados em fluxos


de caixa certos e desconta-os à taxa livre de risco. 26
FINANÇAS DE LONGO PRAZO – PROF. WESLEY MARTINS

2. ANÁLISE DE SENSIBILIDADE

A análise de sensibilidade é uma maneira popular de descobrir como o VPL de um projeto se


altera se as vendas, os custos de mão-de-obra ou de materiais, a taxa de desconto, ou outros
fatores variarem de uma situação para outra. Simplificando, análise de sensibilidade é um estudo
de “hipóteses” ou “suposições”. Por exemplo, você pode estar interessado em saber o que
acontece ao VPL de um projeto se o fluxo de caixa crescer 10%, 20% ou 30% cada ano. Será
que o VPL continuará positivo se não existir fluxo de caixa no segundo ano? Qual VPL do projeto
cairá mais abruptamente se a taxa de desconto subir de 8% para 11%? Esses são os tipos de
perguntas que o analista financeiro elabora quando quer mensurar o risco de um projeto
utilizando a análise de sensibilidade. O risco é medido pela variação. Quanto maior variação ou
mudanças existirem no VPL de um projeto, mais arriscado será o investimento.

EXEMPLO 12:

Suponha que os fluxos de caixa do Projeto A sejam de $ 1.000 no ano 1 e de $ 1.500 no ano 2. O
Projeto B tem fluxos de caixa esperados de $ 1.800 no ano 1 e de $ 700 no ano 2. O investimento
inicial de cada projeto é $ 1.600. Qual projeto é o mais arriscado se a taxa de desconto mudar de
10% para 12%?
Projeto A Projeto B

Ano FC FC 10% FC 12% FC FC 10% FC 12%

VP

VPL

Lembre-se

A análise de sensibilidade mensura as mudanças no VPL, na TIR e em outros indicadores de


lucro ou risco, como vendas, custos, taxa de desconto, ou outras variáveis. O propósito é
descobrir o grau de sensibilidade do VPL ou da TIR às mudanças em uma dada variável.
Entre dois projetos, aquele mais sensível a uma mudança é considerado portador do maior
27
risco.
FINANÇAS DE LONGO PRAZO – PROF. WESLEY MARTINS

3. O CAPM NO ORÇAMENTO DE CAPITAL

O modelo de precificação dos ativos financeiros (CAPM) é utilizado para encontrar a taxa
requerida de retorno de uma ação ou carteira de ações. Sendo:

Rf = taxa livre de risco

E(RM) – Rf = prêmio pelo risco de mercado

β = coeficiente beta = risco sistemático do ativo em relação à média

RE = Rf + βE x (RM – Rf)

O CAPM é um método que considera um projeto como sendo uma ação, argumentando que o
retorno de um projeto está ligado ao retorno dos ativos totais da companhia, ou ao retorno de
todo um setor. Se você acredita que o projeto em estudo tem o mesmo nível básico de risco de
um projeto típico da companhia, pode usar o beta da companhia como o beta do projeto.

EXEMPLO 13:

Suponha que você deseja encontrar o VPL de um projeto, mas não tem ideia de qual taxa de
desconto utilizar. Você sabe, entretanto, que o beta da companhia é 1,5, a taxa livre de risco é
8%, e o retorno da carteira de mercado, tal como o Dow Jones, é 16%. Você acredita, também,
que o risco do projeto não é muito diferente do risco de outros projetos da companhia.
RE = Rf + βE x (RM – Rf)
Uma vez tendo determinado a taxa requerida de retorno do projeto, o cálculo do VPL é
exatamente o mesmo realizado anteriormente: desconta-se os fluxos de caixa esperados à taxa
encontrada e subtrai-se o valor do investimento inicial. Se o VPL for zero ou positivo, o projeto
pode ser aceito porque a taxa requerida de retorno será mantida.
O que acontece se um projeto não for um investimento típico da companhia? Em outras palavras,
como podemos usar o CAPM para um projeto cujo risco e outras características são diferentes da
média ou dos projetos de rotina que a companhia desenvolve?
Neste caso, deve-se procurar entre projetos semelhantes fora da companhia. Por exemplo, se a
companhia está considerando investir no setor de alumínio, o beta para o novo projeto deve ser o
beta médio para um grupo de empresas do setor de alumínio. Cinco outras empresas da indústria
de alumínio podem ter betas de 0,80, 1,25, 1,10, 1,20 e 1,90. Tomando a média desses betas
amostrais, você pode dizer que seu projeto tem um beta de 1,25.

28
FINANÇAS DE LONGO PRAZO – PROF. WESLEY MARTINS

Lembre-se

O CAPM calcula a taxa requerida de retorno para um projeto. As taxas requeridas de retorno
são calculadas pelo uso da equação normal do CAPM; de dois projetos, aquele com o maior
beta é considerado o mais arriscado. Se um projeto é similar a outros investimentos da
companhia, o beta da ação da companhia pode ser usado como o beta do projeto. Caso
contrário, o beta médio de um grupo de companhias com projetos similares deve representar
o beta do projeto.

4. TÉCNICAS DE SIMULAÇÃO

A ideia contida na simulação é, basicamente, produzir situações hipotéticas semelhantes às reais.


Como os fluxos de caixa ou taxa de desconto que existirão de fato no futuro não são conhecidos,
admitem-se vários fluxos de caixa e taxas de desconto, e os resultados são estudados. Esses
casos baseados em hipóteses são chamados eventos simulados. Eventos simulados em
orçamentos de capital são usados para estudar os VPLs e as TIRs de um projeto para diferentes
fluxos de caixa com diferentes taxas de reinvestimento. Após diferentes VPLs serem calculados,
o VPL médio e o desvio-padrão do projeto são estudados para verificar se compensa implementá-
lo.
Se houver mais de um projeto, pode-se simular o VPL ou a TIR de cada projeto, diversas vezes, e
calcular o VPL e a TIR médios e os desvios-padrão. Classifique, então, os projetos começando
com o que possui maior VPL ou TIR e o menor desvio-padrão. A classificação dos projetos fica
mais fácil se você dividir o desvio-padrão médio pelo VPL médio de cada projeto simulado. O
resultado é o coeficiente de variação. Finalmente, classifique os projetos de acordo com os seus
coeficientes de variação, colocando nos primeiros lugares aqueles projetos com os menores
coeficientes.

EXEMPLO 14:

Suponha que os VPLs simulados para o Projeto A sejam $ 100, $ 300, $ 800, $ 700 e $ 600, com
os correspondentes desvios-padrão de 10, 18, 78, 68 e 50. Os VPLs simulados para o Projeto B
são $ 300, $ 150, $ 700, $ 640 e $ 800, com os correspondentes desvios-padrão de 62, 29, 98,
102 e 130. Baseando-se nos valores simulados, qual é o projeto mais atrativo?
Uma abordagem simples é calcular o VPL médio e o desvio-padrão médio de cada projeto.

29
FINANÇAS DE LONGO PRAZO – PROF. WESLEY MARTINS

Existe uma variedade de aplicativos (softwares) de simulações para vários computadores


pessoais. Esses programas usam variáveis aleatórias e calculam muito mais situações do que
qualquer pessoa conseguiria manualmente. Os resultados são também usados para desenhar
curvas e mostrar a distribuição dos VPLs e das TIRs. Os formatos das curvas de distribuição
ajudam os analistas financeiros a obter uma boa visão do risco de um projeto.

Lembre-se

A simulação mede o risco e o retorno de um projeto. Há vários aplicativos (softwares)


disponíveis atualmente para processar simulações visando a seleção de projetos. Alguns
desses aplicativos calculam os resultados e desenham gráficos segundo as diferentes
hipóteses.

5. AJUSTAMENTO PELA INFLAÇÃO

Inflação é uma alta generalizada de preços numa economia. Quando a inflação aumenta, o valor
real dos fluxos de caixa esperados diminui. Se o analista não ajustar os fluxos de caixa ao risco
da inflação, o VPL ou a TIR podem ficar artificialmente altos. Ou seja, aceita-se um projeto com
um VPL ou uma TIR não ajustados, enquanto a TIR ou o VPL reais, ajustados à inflação, são
inaceitáveis. Portanto, as técnicas de orçamento de capital que ignoram a inflação estão sempre
desajustadas.
Como a inflação, provavelmente, está se tornando um problema econômico permanente, toda vez
que uma decisão importante for tomada, deve-se planejar como lidar com ela. Como tratar com a
inflação em orçamento de capital? A resposta é que se deve ajustar tanto o fluxo de caixa como a
taxa de desconto à taxa anual de inflação.

EXEMPLO 15:

Em 1985, os fluxos de caixa anuais de um projeto para os próximos três anos são estimados em
$ 1.000, $ 2.000 e $ 3.000. Esses fluxos de caixa estimados estão em moeda de 1985. A taxa de
desconto é de 13%, e a taxa anual de inflação é de 6%. O desembolso inicial, ou o investimento
inicial, do projeto é de $ 4.000. Qual o VPL ajustado à inflação desse projeto?
Já que os fluxos de caixa previstos estão em moeda de 1985, devemos ajustar esses valores à
inflação. Entretanto, a taxa de desconto já inclui os 6% da taxa de inflação. Usando um método
abreviado, subtraímos a taxa de inflação de 6% da taxa de desconto de 13%, obtendo 7%, que é
considerada a taxa de desconto real. Descontamos os fluxos de caixa – que estão em moeda de
1985 – a uma taxa de 7% e subtraímos o investimento inicial.

30
FINANÇAS DE LONGO PRAZO – PROF. WESLEY MARTINS

Outra forma de ajuste à inflação é utilizar a taxa anual de inflação para aumentar os fluxos de
caixa estimados e, então, descontar os fluxos de caixa inflacionados a 13%.

Lembre-se

Existem dois métodos abreviados de ajustamento à inflação em orçamento de capital. Um


método é descontar fluxos de caixa deflacionados a uma taxa de desconto deflacionada. O
segundo método é descontar fluxos de caixa inflacionados a uma taxa de desconto
inflacionada. Ambos os métodos devem ser aplicados para examinar o efeito da inflação no
VPL do projeto.

EXERCÍCIOS

19. (GROPPELLI, p. 155) Usando a abordagem do equivalente à certeza, determine se o


seguinte projeto é aceitável:

31
FINANÇAS DE LONGO PRAZO – PROF. WESLEY MARTINS

O investimento inicial é de $ 15.000. A taxa de retorno de uma letra do Tesouro dos Estados
Unidos é 8%.

20. (GROPPELLI, p. 155) O Projeto M tem fluxos de caixa de $ 2.000 no ano 1 e $ 2.500 no ano
2. O Projeto N tem fluxos de caixa de $ 3.000 no ano 1 e de $ 1.500 no ano 2. O desembolso
inicial para cada projeto é de $ 2.200. Usando a análise de sensibilidade, determine qual projeto é
o mais arriscado se a taxa de desconto aumentar de 12% para 14%.
Projeto M Projeto N

Ano FC FC 12% FC 14% FC FC 12% FC 14%

VP

VPL

21. (GROPPELLI, p. 156) Determine o VPL do seguinte projeto usando o método do CAPM.

A taxa de retorno de uma carteira de mercado é de 14%, o beta do projeto é 1,70, e a taxa livre
de risco é 7%.
32
FINANÇAS DE LONGO PRAZO – PROF. WESLEY MARTINS

RE = Rf + βE x (RM – Rf)
VPL =

22. (GROPPELLI, p. 156) A Companhia ABC elaborou cinco simulações para os Projetos X, Y e
Z. Os resultados são os seguintes:

Baseando-se nessas informações, qual projeto a Companhia ABC deve aceitar?

23. (GROPPELLI, p. 156) Avalia-se que um projeto irá gerar fluxos de caixa durante os próximos
cinco anos de $ 4.000, $ 8.000, $ 12.000, $ 15.000 e $ 18.000. A taxa de desconto é de 12%, a
inflação anual é 7%, e o investimento inicial é de $ 10.000. Usando ambos os métodos de ajuste
à inflação, da deflação (a) e da inflação (b), encontre o VPL ajustado para apoiar suas decisões a
respeito do projeto.
a) Deflação

33
FINANÇAS DE LONGO PRAZO – PROF. WESLEY MARTINS

b) Inflação

FINANCIAMENTO DE LONGO PRAZO

OBTENÇÃO DE CAPITAL

OFERTA PÚBLICA DE TÍTULOS – PROCEDIMENTOS BÁSICOS:

1. Obtenção de aprovação do Conselho de Administração da empresa.


2. A empresa precisa elaborar e submeter à CVM um pedido de registro.

Pedido de registro: Um pedido submetido à CVM, divulgando todas as informações referentes à


empresa que está fazendo a oferta pública.
Prospecto: Um documento legal que descreve detalhes de emissões de empresas e da oferta
proposta a potenciais investidores.
Isca vermelha: Um prospecto preliminar distribuído a investidores em potencial em uma emissão
de novos títulos.
Oferta geral à vista: Uma emissão de títulos colocados à venda a vista ao público em geral.
Oferta de direitos: Uma emissão pública de títulos na qual os títulos são oferecidos inicialmente
aos acionistas atuais da empresa.
Oferta pública inicial (OPI): A primeira emissão de ações oferecida ao público por uma
empresa.
Oferta de títulos amadurecidos (OTA): Uma nova emissão de ações de uma empresa que já
possui títulos em poder do público.
Agentes de subscrição: Empresas de investimento que agem como intermediários entre a
empresa que está vendendo os títulos e os investidores.
Consórcio: Um grupo de agentes de subscrição formado para dividir o risco e auxiliar na venda
da emissão.

34
FINANÇAS DE LONGO PRAZO – PROF. WESLEY MARTINS

Subscrição por oferta firme: O tipo de subscrição na qual o agente de subscrição compra todos
os títulos emitidos, assumindo total responsabilidade financeira por quaisquer títulos não
vendidos.
Subscrição por melhores esforços: O tipo de subscrição na qual o agente de subscrição vende
o máximo possível das novas ações, mas com o direito de devolver qualquer ação não vendida
ao emitente, sem responsabilidade financeira.

CUSTOS DE NOVAS EMISSÕES DE TÍTULOS

1. Spread: o spread consiste nas comissões diretas pagas pela empresa emitente ao consórcio
de agentes de subscrição – a diferença entre o preço recebido pela empresa e o preço de
lançamento.
2. Outras Despesas Diretas: são custos diretos incorridos pela empresa emitente, que não
fazem parte da remuneração dos agentes de subscrição. Esses custos incluem taxas de registro,
honorários advocatícios e impostos – todos divulgados no prospecto.
3. Despesas Indiretas: estes custos não são informados no prospecto e incluem os custos do
tempo gasto pelos administradores na preparação do novo lançamento.
4. Retornos anormais: em emissões de ações de empresas maduras, o preço das ações
existentes cai em média 3% à época do anúncio da emissão. Esta queda é denominada retorno
anormal.
5. Subavaliação: no caso de ofertas públicas iniciais, as perdas são devidas às ações que são
vendidas a um preço inferior a seu valor verdadeiro.
6. Opção Green Shoe: a opção Green Shoe dá ao agente de subscrição o direito de comprar
ações adicionais ao preço de oferta para cobrir um excesso de demanda pelos investidores.

EMISSÃO DE TÍTULOS DE DÍVIDA DE LONGO PRAZO

Empréstimos de prazo fixo: Empréstimos diretos a empresas, tipicamente com prazo de um a


cinco anos.
Colocações privadas: Empréstimos, geralmente a longo prazo, realizados diretamente com um
número limitado de investidores.

EXEMPLOS:

16. A Empresa Sorte Grande precisa levantar $ 25 milhões de recursos para financiar sua
expansão em novos mercados. A empresa venderá novas ações por meio de uma oferta geral a
vista para levantar os fundos necessários. Se o preço de lançamento for $ 40 por ação e o agente
de subscrição cobrar um spread de 6%, quantas ações precisarão ser vendidas?
Nº ações = Valor / (P0 – spread)
35
FINANÇAS DE LONGO PRAZO – PROF. WESLEY MARTINS

17. No exemplo anterior, se a taxa de pedido da CVM e despesas administrativas associadas ao


lançamento são de $ 350.000, quantas ações precisarão ser vendidas agora?
Nº ações = (Valor + taxa CVM) / (P0 – spread)

EXERCÍCIOS:

24. A Companhia Atlântica Industrial precisa levantar $ 50 milhões de recursos para financiar a
expansão de sua capacidade produtiva. A empresa venderá novas ações por meio de uma oferta
geral a vista para levantar os fundos necessários. Se o preço de lançamento for $ 50 por ação e o
agente de subscrição cobrar um spread de 5%, quantas ações precisarão ser vendidas?

25. No exercício anterior, se a taxa de pedido da CVM e despesas administrativas associadas ao


lançamento são de $ 600.000, quantas ações precisarão ser vendidas agora?

26. A Empresa LDP Ltda precisa levantar R$ 35 milhões de recursos para financiar sua expansão
em novos mercados. A empresa venderá novas ações por meio de uma oferta geral a vista para
levantar os fundos necessários. Se o preço de lançamento for R$ 65,00 por ação e o agente de
subscrição cobrar um spread de 4%, quantas ações precisarão ser vendidas?

27. No exercício anterior, se a taxa de pedido da CVM e despesas administrativas associadas ao


lançamento são de R$ 550.000, quantas ações precisarão ser vendidas agora?

28. Quantas ações precisam ser vendidas para a empresa RS Andrade Ltda arrecadar R$
14.880.000,00, considerando um spread de 7% e um preço unitário da ação de R$ 40,00?

36
FINANÇAS DE LONGO PRAZO – PROF. WESLEY MARTINS

29. A Empresa Jupiara Ltda precisa levantar $ 22 milhões de recursos para financiar sua
expansão em mercados internacionais. A empresa venderá novas ações por meio de uma oferta
geral a vista para levantar os fundos necessários. Se o preço de lançamento for R$ 43,00 por
ação e o agente de subscrição cobrar um spread de 4% e considerando R$ 320.000,00 para
despesas administrativas, quantas ações precisarão ser vendidas?

30. Quantas ações precisam ser vendidas para a Companhia KRF arrecadar R$ 4.116.000,00
considerando um spread de 2% e um preço unitário da ação de R$ 35,00?

31. Quanto arrecadará uma empresa que vende 7800 ações, sendo o preço de venda de cada
ação R$ 70,00 e um spread de 8%?

TAXAS DE JUROS E AVALIAÇÃO DE OBRIGAÇÕES 9


OBRIGAÇÕES E SUA AVALIAÇÃO

Cupom: os juros cotados pagos em uma obrigação.


Valor de face: o valor do principal em uma obrigação é devolvido ao final do prazo. Também
denominado valor nominal.
Taxa de cupom: o cupom anual dividido pelo valor de face da obrigação.
Data de vencimento: data específica na qual o valor do principal da obrigação será pago.
Retorno até o vencimento (YTM): a taxa requerida no mercado de uma obrigação.

CÁLCULO DO VALOR DA OBRIGAÇÃO

Valor da obrigação = C x [1 – 1/(1 + r)t + F/(1 + r)t

Onde:
C = cupom pago por período
r = taxa de juros ao período
t = número de períodos

9
ROSS, Stephen A.; WESTERFIELD, Randolph W.; JORDAN, Bradford D. Op cit., p. 156-189.
37
FINANÇAS DE LONGO PRAZO – PROF. WESLEY MARTINS

F = valor de face da obrigação


Obrigação de cupom zero: Uma obrigação que não realiza pagamentos de cupons (juros) e,
portanto, tem um preço inicial com grande deságio.
Preço de compra: O preço que o distribuidor está disposto a pagar pelo título.
Spread entre compra e venda: A diferença entre o preço de compra e o preço de venda.
Taxa real: Taxa de juros ou taxa de retorno ajustada à inflação.
Taxa nominal: Taxa de juros ou taxa de retorno não ajustada à inflação.
Efeito Fisher: A relação entre taxa de retorno nominal, taxa de retorno real e taxa de inflação.
Estrutura a termo de taxa de juros: Relação entre taxas de juros nominais de títulos livres de
risco de inadimplência, do tipo desconto puro, e o prazo de vencimento, ou seja, o valor puro do
dinheiro no tempo.
Prêmio pela inflação: A parcela da taxa nominal de juros que representa a compensação pela
inflação futura esperada.
Prêmio pelo risco de variação da taxa de juros: A compensação exigida pelos investidores
para suportar o risco de variação de taxa de juros.

EXEMPLO 17:

Obrigação cotada a $ 900, com cupom semestral de 8%, e prazo de 6 anos até o vencimento.
Fluxo de caixa da obrigação:

Utilizando a calculadora HP 12C:

EXERCÍCIOS

32. (ROSS, p. 186) Uma obrigação da Microgates Industries tem uma taxa de cupom de 10% a.a.
e um valor de face de $ 1.000. Os juros são pagos semestralmente e a obrigação tem um prazo

38
FINANÇAS DE LONGO PRAZO – PROF. WESLEY MARTINS

de vencimento de 20 anos. Se o investidor exigir um rendimento de 12% a.a., qual será o valor
dessa obrigação? Qual será a taxa anual efetiva de retorno desta obrigação?

33. (ROSS, p. 186) Uma obrigação da Macroboard Corp. tem uma taxa de cupom de 8% a.a.
pagos semestralmente. O valor de face é $ 1.000 e a obrigação vence daqui a seis anos. Como a
obrigação está atualmente sendo negociada a $ 911,37, qual é o seu rendimento até o
vencimento? Qual é seu rendimento anual efetivo?

34. (ROSS, p. 187 – 6.3) A CIR Inc. possui uma obrigação com taxa de cupom de 7% que vence
daqui a 12 anos. A obrigação faz pagamentos anuais. Se a YTM dessa obrigação for 10,5% a.a.,
qual será o preço corrente da obrigação?

35. (ROSS, p. 187 – 6.4) A Vasicek Co. tem obrigações com taxa de cupom de 12,5% a.a. e
prazo de vencimento de oito anos. As obrigações fazem pagamentos anuais. Se atualmente a
obrigação está sendo negociada a $ 1.145,68, qual é o YTM?

36. (ROSS, p. 187 – 6.5) A Merton Enterprise possui obrigações no mercado com pagamentos
anuais e 13 anos de prazo, cotadas a $ 825. A esse preço, o rendimento da obrigação é 7%. Qual
é a taxa de cupom das obrigações da Merton?

37. (ROSS, p. 187 – 6.6) A Mullineaux Co. emitiu obrigações com prazo de 11 anos no ano
passado a uma taxa de cupom de 8,25% a.a. A empresa faz pagamentos semestrais. Se o YTM
for 7,10% a.a., qual será o preço corrente da obrigação?

38. (ROSS, p. 187 – 6.8) A Reznik Corporation tem obrigações no mercado com prazo de
vencimento de 12,5 anos, YTM de 8% a.a., e preço corrente de $ 875. A obrigação faz
pagamentos semestrais de juros. Qual é a taxa de cupom das obrigações da Reznik?
39
FINANÇAS DE LONGO PRAZO – PROF. WESLEY MARTINS

CRIAÇÃO DE VALOR – AVALIAÇÃO DA PRODUTIVIDADE DOS ATIVOS 10

RETORNO SOBRE INVESTIMENTOS OU RETURN ON INVESTIMENTS (ROI)

O indicador conhecido como “retorno sobre investimentos” (ROI) é um dos instrumentos mais
difundidos relativamente à análise da performance dos investimentos empresariais. O interesse
por esse indicador deve-se ao fato de que este combina fatores de lucratividade (como receitas,
custos e investimentos) e os transforma numa taxa percentual. Por isso, possibilita que este
parâmetro seja comparado com a taxa de retorno de outros investimentos, internos ou externos.
./012 23415062758 (5794: ;2 <= 4 5>67:)
ROI =
<7?4:96@4792: (2/ A5::6?2: B7412:2:'A.)

Obs.: Passivos Onerosos = empréstimos e financiamentos de curto e longo prazo.

Em razão dos fatores empregados na equação que determina o ROI, é possível concluir que o
desempenho desse indicador melhorará se a empresa conseguir:
a) Aumentar o valor do “lucro operacional”: para essa finalidade, devem ser
implementadas iniciativas visando redução de custos e despesas; aumento da
produtividade dos funcionários e equipamentos; diminuição da capacidade ociosa etc.
b) Reduzir o valor de “investimentos” (passivos onerosos + patrimônio líquido): com
esse objetivo são cabíveis medidas que: (i) reduzam a necessidade de captação de
recursos de forma onerosa; (ii) que diminuam o valor do “ativo total”; e (iii) aumentem o
“passivo de funcionamento”.

Vantagens e limitações associadas ao ROI

Quanto à adoção do ROI como parâmetro de avaliação do retorno do capital investido, são
encontradas opiniões favoráveis e contrárias a respeito na literatura que trata desse assunto,
conforme apresentado de forma resumida no quadro a seguir.

VANTAGENS DO ROI ASPECTOS DESFAVORÁVEIS


Permite comparar o desempenho dos Por fundamentar-se nas informações oriundas
gerentes de cada unidade de negócio da das demonstrações contábeis tradicionais,
empresa: por abranger fatores como receitas, contém as limitações provenientes dos
custos, despesas, resultado do período e preceitos contábeis legalmente exigidos (como
recursos investidos em ativos, que são a metodologia de avaliação dos estoques a
controláveis pelos gerentes de cada divisão da preço médio e as taxas de depreciação

10
WERNKE, Rodney. Gestão financeira: ênfase em aplicações e casos nacionais. Rio de janeiro: Saraiva, 2008. p.
275-298.
40
FINANÇAS DE LONGO PRAZO – PROF. WESLEY MARTINS

companhia, permite avaliar comparativamente padronizadas pela legislação que não se


a rentabilidade do investimento conseguida coadunam com a vida útil efetiva dos bens,
pelos administradores dessas unidades de entre outros aspectos). Ainda, ignora a política
negócio. O desempenho será melhor quanto de financiamento da empresa. Portanto,
mais alta for a capacidade dessas unidades de despreza a influência da estrutura de capital
gerar lucro com os ativos disponíveis. no balanceamento dos riscos e retorno,
aspecto que afeta o preço da ação.

VANTAGENS DO ROI ASPECTOS DESFAVORÁVEIS


Avaliação da performance da empresa em Pode levar à rejeição de projetos com taxa de
relação a períodos passados e perante a retorno inferior ao desejado pela direção da
concorrência: o ROI é útil para confrontar o empresa: se um administrador tem a
desempenho da companhia a cada período incumbência de superar um ROI de 10% em
com os resultados anteriormente obtidos e todos os investimentos efetuados, será levado
também para comparar com os demais a desprezar uma oportunidade de
integrantes do mercado no qual a empresa investimento que propicie 8%. Se não agir
compete. Esse comparativo pode trazer dessa forma, estará diminuindo o retorno total
informações sobre a adequação das políticas sobre os investimentos da empresa. Contudo,
comerciais adotadas pela empresa ou pelos admitindo-se que o custo de captação de
concorrentes. recursos seja de apenas 5%, o administrador
deve efetuar o investimento porque seu
retorno esperado excede o custo do capital
investido.
Facilidade para identificar como o Seu resultado também é favorecido pela
desempenho pode ser otimizado: o exame manutenção de ativos ultrapassados
detalhado dos componentes desse indicador tecnologicamente, pois estes tendem a
mostra que é possível seu resultado contribuir com um valor menor para o total dos
aumentando receitas e lucros, reduzindo ativos da empresa se comparados com os
custos e despesas e diminuindo o valor bens mais atualizados em termos
destinado a “investimentos”. tecnológicos. Como o ativo é o “divisor” da
equação do ROI, quanto menor for esse valor,
melhor será o desempenho da unidade de
negócio nesse critério. Assim, pode estimular
decisões que conduzem à perda de
41
FINANÇAS DE LONGO PRAZO – PROF. WESLEY MARTINS

competitividade futura. Em razão disso,


algumas companhias utilizam o valor de
reposição dos ativos como forma de minimizar
as consequências dessa restrição.

RETORNO SOBRE ATIVOS OU RETURN ON ASSETS (ROA)

O indicador conhecido como “retorno sobre ativos” (ROA) evidencia o retorno conseguido com o
dinheiro aplicado pela empresa em ativos num determinado período. O cálculo desse índice
provém da junção de duas outras importantes medidas de desempenho, conforme apresentado a
seguir:

ROA = Margem de Lucros x Giro dos Ativos

Onde:
./012 .íD/6;2 (E3ó: <=)
Margem de Lucro =
G47;5: .íD/6;5:

G47;5: .íD/6;5:
Giros dos Ativos =
E96?2:

./012 .íD/6;2 (E3ó: <=)


Portanto: ROA =
E96?2:

O conceito de “margem” refere-se ao percentual de lucratividade obtido em relação às vendas


efetuadas, depois de descontados todos os valores relacionados com custos, despesas, tributos
incidentes sobre o faturamento e tributos sobre a renda num determinado período. Por sua vez,
neste contexto a palavra “giro” indica a velocidade com que a empresa consegue vender um
montante equivalente ao valor de seu ativo num mês ou ano. Ou seja, mostra quantas vezes o
ativo “girou” no prazo considerado. O resultado desse indicador aumentará se a administração da
companhia conseguir executar ações que aumentem a “margem” de lucro e/ou o “giro” dos ativos.
Para facilitar a escolha das iniciativas a serem aplicadas para melhorar o desempenho em termos
de ROA, é interessante verificar como os fatores “margem” e “giro” são afetados. Nesse sentido,
vale a pena analisar o fluxograma apresentado na Figura 4.

42
FINANÇAS DE LONGO PRAZO – PROF. WESLEY MARTINS

Figura 4: Decomposição do ROA – Método DuPont 11

Relativamente ao “giro”, este aumentará se forem executados procedimentos que impliquem:

a) Aumento de vendas.

b) Redução do ativo circulante (AC): medidas para baixar o volume de recursos empregados
nos estoques ou para reduzir o prazo de cobrança nas vendas (com a consequente diminuição
das contas a receber), por exemplo, contribuem para que o ativo tenha um valor menor no
período, o que aumenta o indicador de “giro” dos ativos.

c) Diminuição do ativo realizável longo prazo (ARLP): neste grupo a principal medida diz
respeito às duplicatas de clientes, como no AC.

d) Menor aplicação de recursos no ativo permanente (AP): ações que reduzam a capacidade
instalada ociosa (como aumentar o número de turnos de trabalho ou desmobilização de
maquinário inativo) ou que causem uma imobilização menor de recursos (venda de imóveis
ociosos ou não produtivos; substituição de veículos sofisticados por outros que, mesmo mais
simples, supram as necessidades da empresa etc.).

Informações proporcionadas pelo ROA

O gestor financeiro obtém informações essenciais para melhorar o desempenho da organização


que dirige ao utilizar o indicador ROA. Entre os benefícios informativos propiciados por esse
parâmetro, merecem destaque os pontos apresentados a seguir.

11
Baseado/adaptado de: WERNKE, RODNEY. Op. cit., p. 283.
43
FINANÇAS DE LONGO PRAZO – PROF. WESLEY MARTINS

1. Identifica como a margem de lucro aumenta ou se deteriora: o comparativo dos


percentuais de custos e despesas em relação às vendas ao longo de vários períodos
(meses ou anos) evidencia as causas da melhoria ou deterioração da margem de lucro.
2. Permite medir a eficiência dos ativos permanentes em produzir vendas: se os lucros
aumentam como o mesmo montante de ativos, a performance está melhorando e vice-
versa.
3. Possibilita avaliar a gestão do capital de giro por intermédio de indicadores mensurados
em dias, como o prazo de estocagem, o prazo de recebimento das contas a receber, o
prazo de pagamento das contas a pagar etc.
4. Faculta o estabelecimento de medidas que aferem a habilidade do gestor para controlar
custos e despesas em função do volume de vendas (como a relação percentual de cada
fator com a receita, o que permite monitorar a tendência de comportamento desses
gastos).
5. Propicia a comparação das medidas de eficiência citadas no item anterior com outras
unidades da empresa ou o confrontar com o desempenho da concorrência.
6. Estabelece o patamar máximo de custo de captação de recursos que a empresa pode
suportar. Assim, se conseguir um ROA superior ao custo de novas dívidas, pode contratá-
las porque a rentabilidade do seu negócio supera a remuneração exigida por terceiros.
Caso contrário, os administradores devem evitar tomar empréstimos ou financiamentos,
sob pena de ocorrer uma alavancagem financeira inadequada.

VALOR ECONÔMICO AGREGADO OU ECONOMIC VALUE ADDED (EVA) 12

O “valor econômico agregado” (EVA) se baseia numa premissa conhecida há muito tempo: o que
geralmente é denominado lucro (o dinheiro que resultou das operações para remunerar o capital
próprio) em geral não deve ser considerado como tal. Segundo Peter Drucker, “até que gere lucro
superior ao custo de capital, a empresa está operando no prejuízo. Não importa que pague
impostos como se o lucro de fato fosse gratuito. Ainda assim, a empresa está devolvendo à
economia menos do que devorou em recursos. Até então, não cria riquezas; destrói riqueza”.
Pela concepção do EVA, portanto, a empresa cria riqueza apenas quando o resultado de suas
atividades operacionais é suficiente para cobrir, além dos custos e despesas respectivos, também
o custo de captação dos recursos (próprios e de terceiros) utilizados no empreendimento. Com
isso, o EVA pode ser definido como o valor resultante da dedução do “custo de capital” do “lucro”
obtido pela companhia num período qualquer. Se o resultado for negativo, haverá destruição da

12
WERNKE, RODNEY. Op. cit., p. 285-291.
44
FINANÇAS DE LONGO PRAZO – PROF. WESLEY MARTINS

riqueza dos investidores; se obtiver EVA positivo, significa que a empresa gerou riqueza para os
acionistas.

À semelhança dos demais indicadores de rentabilidade, nessa medida de desempenho também


há divergências na literatura financeira quanto às formas de determiná-la. Contudo, a seguir é
demonstrado o procedimento de cálculo que mais se coaduna com a abordagem pretendida.

Cálculo do EVA

Para determinar se o resultado alcançado pela empresa no período proporcionou criação ou


destruição de riqueza, é necessário utilizar a seguinte fórmula:

EVA = [RSAL (em %) – CMPC (em %)] x Capital Investido (em $)

Onde:
RSAL = Retorno Sobre Ativos Líquidos (Return On Net Assets – RONA)

RSAL = Lucro Líquido / Ativos Líquidos


Ativos Líquidos = é necessário deduzir os valores referentes aos “passivos de funcionamento”
(ou “passivos não-onerosos”, como fornecedores, salários, tributos a recolher etc.) dos ativos
circulantes (exceto disponibilidades). Com esse procedimento, elabora-se um balanço patrimonial
adaptado ao cálculo do EVA.
CMPC = custo Médio Ponderado de Capital (Weighted Average Cost of Capital – WACC).

Figura 5 – Ajustes no Balanço Patrimonial para cálculo do EVA

45
FINANÇAS DE LONGO PRAZO – PROF. WESLEY MARTINS

O fator “Capital Investido” abrange os recursos captados de terceiros (PC + PELP) de forma
onerosa (como empréstimos e financiamentos) e os recursos próprios aplicados pelos acionistas,
que são contabilizados no Patrimônio Líquido (PL). Por sua vez, os “Ativos Líquidos” são
constituídos pelas contas classificadas como “Disponibilidades”, pelo valor da NCG e pelos
“Ativos Permanentes” da empresa.

EXEMPLO 18 – PARTE 1:

Considerando os valores do Balanço Patrimonial ajustado da Figura 5, e supondo que o “Lucro


Líquido” do período tenha sido de $ 600, teremos:

RSAL = Lucro Líquido / Ativos Líquidos

RSAL = $ 600 / $ 12.000

RSAL = 5,00%

EXEMPLO 18 – PARTE 2:

Consideremos os valores do “Capital Investido” constantes do Balanço Patrimonial ajustado da


Figura 5, e que o custo de captação mensal seja de 4,00% para “Empréstimos de Curto Prazo”,
3,00% a.m. para “Empréstimos de Longo Prazo” e que os investidores desejam retorno de 5,00%
a.m.

46
FINANÇAS DE LONGO PRAZO – PROF. WESLEY MARTINS

EVA = [RSAL (em %) – CMPC (em %)] x Capital Investido (em $)


EVA = [5,00% - 4,08%] x $ 12.000
EVA = [0,92] x $ 12.000
EVA = + $ 110,40 positivo Criação de Riqueza

Iniciativas para Aprimorar o Desempenho em Termos de EVA

Após o cálculo do EVA do período, o gestor financeiro deve analisar a pertinência do resultado
obtido. Conforme o caso pode cogitar iniciativas no sentido de incrementar o EVA e,
consequentemente, aumentar a riqueza gerada pelas operações. Entre as iniciativas que podem
ser utilizadas para melhorar o desempenho desse indicador, encontram-se as seguintes:

a) Tentar lucrar mais sem usar mais capital: geralmente esta alternativa está associada à
redução de custos e corte de gastos. Mas também é possível conseguir tal intento com a
elevação do faturamento naqueles segmentos de maior rentabilidade.

b) Usar menos capital nas operações: nesse caso os administradores devem investigar as
possibilidades de redução de gastos nas diversas áreas ou processos operacionais que a
empresa utiliza. Ainda, cabem iniciativas quanto à desmobilização de ativos ociosos ou não-
produtivos, redução de estoques, diminuição do prazo de contas a receber etc.

c) Priorizar os investimentos nos projetos mais rentáveis: os aportes de capital devem


priorizar os projetos com maior expectativa de retorno, pois estes contribuem mais para a criação
de riqueza. Por isso, a seleção criteriosa dos investimentos passa a ter maior relevância ainda.

d) Investir somente em projetos cuja rentabilidade seja maior que o custo médio de
captação de recursos: se forem efetuados novos investimentos em ativos cujo retorno seja
inferior ao CMPC/WACC, ocasionará destruição (ou redução) de riqueza dos investidores.

e) Desfazer-se de ativos que proporcionem retorno inferior ao CMPC/WACC: se a


administração da empresa mantém ativos ociosos e/ou negócios com produtividade insuficiente
para gerar retorno superior ao custo médio de captação de recursos, contribui para prejudicar o

47
FINANÇAS DE LONGO PRAZO – PROF. WESLEY MARTINS

desempenho em termos de EVA. Por isso, tais ativos devem ser vendidos, as linhas de produção
devem ser desativadas ou negócios que se enquadrem nessa situação devem ser desfeitos.

f) Tentar reduzir o custo de captação de recursos: um dos principais aspectos que afetam o
EVA são as taxas de captação de recursos que a empresa tem que suportar. Por isso, qualquer
iniciativa que consiga reduzir as taxas de juros pagas em empréstimos ou financiamentos auxiliar
na otimização do resultado no tocante à agregação de valor.

Vantagens da Adoção do EVA

a) Mensura a produtividade dos ativos: ao aferir o resultado agregado após deduzir todos os
custos e despesas, inclusive o custo de capital, o EVA determina a produtividade de todos os
fatores utilizados na produção. Mesmo que não esclareça totalmente quais produtos não agregam
valor ou como corrigir esse problema, o EVA indica onde examinar e quais medidas podem ser
aplicadas para sanar os problemas encontrados. Ainda, possibilita evidenciar as linhas de
produção (ou de comercialização) que conseguem distinguir-se dos demais em termos de
produtividade e agregam valor mais elevado em relação aos demais. Com isso, é possível
investigar como aprimorar ainda mais esses resultados.

b) Faculta decisões corretas quanto à alocação de capital de forma mais rentável: a adoção
do EVA como medida de desempenho pode ser útil para otimizar o resultado das decisões de
alocação de capital porque, se este processo estiver vinculado à remuneração dos
administradores, os estimulará a priorizar os investimentos que agregam valor aos acionistas.

c) Facilita a comunicação e entendimento das ações que otimizam o desempenho da


empresa: a partir do conhecimento de como agregar valor, os gestores podem elaborar ações
nesta direção e comunicá-las aos subordinados de forma mais compreensível a todos.

48
FINANÇAS DE LONGO PRAZO – PROF. WESLEY MARTINS

EXERCÍCIOS

39. (Wernke, p. 291) Considere as demonstrações contábeis da Cia. Criciumense apresentadas


a seguir.

a) Calcule o ROI.
./012 23415062758 (5794: ;2 <= 4 5>67:)
ROI =
<7?4:96@4792: (2/ A5::6?2: B7412:2:'A.)

b) Calcule o ROA.
./012 .íD/6;2 (E3ó: <=)
ROA =
E96?2:

c) Calcule o EVA, considerando as seguintes taxas de captação: empréstimos de curto prazo =


45,7643598% a.a.; financiamentos de longo prazo = 30,7583870% a.a.; remuneração do capital
próprio = 79,5856320% a.a.

RSAL = Lucro Líquido / Ativos Líquidos


EVA = [RSAL (em %) – CMPC (em %)] x Capital Investido (em $)
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40. (Wernke, p. 291) O gerente financeiro da empresa “Modelo” deseja apurar o EVA dos meses
de janeiro e fevereiro. Para tanto, após solicitar um balanço patrimonial ajustado ao cálculo deste
indicador, verificou que os ativos líquidos eram de $ 18.562 no primeiro mês e de $ 25.442 no
segundo mês analisado. Ainda, constatou que, pela exclusão dos passivos de funcionamento,
restaram as origens de recursos onerosas representadas a seguir:

50
FINANÇAS DE LONGO PRAZO – PROF. WESLEY MARTINS

Além disso, nos dois meses mencionados o “lucro operacional (após o Imposto de Renda)” foi de
$ 9.804 e $ 4.568 em janeiro e fevereiro, respectivamente. Com base nos dados levantados,
pede-se:

a) Calcule o RSAL de cada mês.

b) Sabendo que os empréstimos bancários têm custo de captação de 3,00% a.m., que os
financiamentos bancários de longo prazo foram captados à taxa mensal de 4,00% e que os
investidores desejam remuneração de10,00% em cada um dos dois períodos, determine o WACC
de janeiro e fevereiro.

c) Com os dados anteriores, calcule o EVA dos dois meses e comente o resultado da empresa
em termos de criação ou destruição de riqueza.

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FINANÇAS DE LONGO PRAZO – PROF. WESLEY MARTINS

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

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3. ed. São Paulo: Atlas, 2017. [Disponível na biblioteca virtual].

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Disponível em: [Disponível na biblioteca virtual].

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

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Paulo: Atlas S.a., 2017. [Disponível na biblioteca virtual].

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Práticos de Finanças para Gestores Não Financeiros. São Paulo: Atlas S.a., 2013. [Disponível na
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TITMAN, Sheridan; MARTIN, John D. Avaliação de projetos e investimentos: valuation. Porto


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