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ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA

PROFESSOR
Carlos Aveline

SÃO PAULO
2013
Administração Financeira

1. INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA NAS EMPRESAS

1.1 Conceito

A Administração Financeira nas Empresas esta relacionada às responsabilidades do gestor


financeiro da empresa em gerenciar ativamente as finanças, desempenhando tarefas como
orçamentos, previsões financeiras, administração do caixa, administração do crédito, análise
de investimento e captação de recursos para amparar a tomada de decisões financeiras de
curto e longo prazo.

1.2 Objetivo da Administração Financeira

O objetivo da Administração Financeira é maximizar a riqueza dos proprietários, que em outras


palavras significa aumentar o valor de mercado do capital dos investidores que aplicaram seus
recursos na empresa.

1.3 Objetivo Econômico da Empresa

As atividades empresariais envolvem recursos financeiros e orientam-se para a obtenção de


lucros. Os recursos investidos na empresa pelos proprietários (capital próprio – Patrimônio
Líquido) e por terceiros (capital de terceiros – Passivo) encontram-se aplicados em ativos
empregados na produção e/ou comercialização de bens ou na prestação de serviços.

As receitas obtidas com as operações devem ser suficientes para cobrir todos os custos e
despesas incorridos e ainda gerar lucros. Esses lucros devem ser suficiente para remunerar o
custo de oportunidade do capital, também conhecido como lucro econômico.

O custo de oportunidade do capital é a melhor opção de investimento disponível para o


investidor. Por exemplo, entre os investimentos de menor risco na economia estão os títulos da
dívida pública. Portanto, para que o investidor direcione seus recursos para investimentos que
ofereçam um nível de risco maior é necessário que esses investimentos gerem a expectativa
de retornos superiores aos retornos dos títulos da dívida pública.

1.4 Dinâmica! Empresarial

Todas as empresas estão estruturadas em torno de uma atividade principal que chamamos de
operação da empresa ou atividade operacional. No setor secundário e terciário da economia,
as empresas atuam, basicamente, na indústria, comércio ou serviços. A operação das
empresas industriais está ligada à produção: compra e transformação de matérias-primas em
produtos para venda; a operação das empresas comerciais está ligada à compra de
mercadorias para revenda; e a operação das empresas de serviços está ligada à prestação de
serviços para outras empresas ou pessoas físicas.

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1.4.1 Responsabilidades da Administração Financeira

A Administração Financeira é área na empresa responsável pela obtenção dos recursos


necessários e pela formulação de uma estratégia voltada para a otimização da aplicação
desses recursos, contribuindo significativamente para o sucesso do empreendimento.

1.5 Função da Administração Financeira

As funções da Administração Financeiro podem ser avaliadas em relação à contabilidade. São


três as atribuições primordiais:

a. Análise e planejamento financeiro

Esta função envolve a:

- transformação dos dados financeiros em uma forma que possa ser utilizada para orientar a
posição financeira da empresa e promover a sua continuidade;
- avaliar a necessidade de aumento ou redução da capacidade produtiva; e
- determinar que tipo de financiamento adicional deve ser realizado.

Estas três atividades são sustentadas pelas decisões de natureza estratégica, tática e
operacional. Os demonstrativos contábeis, principalmente o Balanço Patrimonial e a
Demonstração de Resultado do Exercício são importantes fontes de informações para
elaboração de análise e planejamento financeiro. Cabe ressaltar que o enfoque do caixa é
essencial para o gestor financeiro. Assim, a utilização dos Fluxos de Caixa também são
imprescindíveis, destacando a principal diferença entre a ótica do contador e a do
administrador. Enquanto o primeiro gera informações com base no regime de competência,
o segundo, precisa aplicá-las com base no regime de caixa, denotando a importância dos
Fluxos de caixa nesta atividade.

b. Administração da estrutura de ativo da empresa (Decisão de Investimento) – o


administrador financeiro determina a combinação e os tipos de ativos que fazem parte do
Balanço Patrimonial da empresa. Essa atividade está relacionada ao lado esquerdo do
Balanço. A composição refere-se ao montante de recursos aplicados em Ativos Circulantes
e em Ativos Não Circulantes. Depois que a composição estiver definida, o administrador
financeiro deve fixar e tentar manter níveis ótimos para cada tipo de ativo circulante. Deve
também decidir quais são os melhores ativos fixos a adquirir e saber quando os ativos
existentes se tornarão obsoletos e precisarão ser modificados, substituídos ou liquidados. A
determinação da melhor estrutura de ativo para a empresa não é uma tarefa simples; requer
o conhecimento das operações passadas e futuras da empresa, e a compreensão dos
objetivos que deverão ser alcançados a longo prazo.

c. Administração da estrutura financeira da empresa (Decisão de Financiamento) -


relaciona-se com o lado direito do Balanço Patrimonial da empresa e envolve as fontes de
recursos. Dois enfoques sustentam esta atividade do administrador financeiro: (1) qual a
composição mais apropriada entre financiamento de curto e de longo prazo deve ser
estabelecida, esta é uma decisão importante, pois afeta tanto a lucratividade da empresa
quanto sua liquidez global; e (2) quais as fontes individuais de financiamento, de curto ou de
longo prazos, são as melhores, em dado momento. Algumas decisões dessa natureza
exigem uma análise profunda das alternativas disponíveis, de seus custos e de suas
implicações no longo prazo.
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1.6 Funções e Atividades da Tesouraria

Além das funções de análise e planejamento financeiro e decisões de investimento e


financiamento, o financeiro ou tesoureiro é responsável pelas atividades de:

• Coordenação e Controle;
• Lidar com os mercados financeiro, de capitais, monetário e de câmbio;
• Gestão do risco financeiro.

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2. AMBIENTE FINANCERIO DAS EMPRESAS

2.1 Mercado Financeiro

O Mercado Financeiro tem a função de promover a intermediação financeira, pela qual capta
recursos (dinheiro) com aqueles agentes econômicos superavitários (que possuem sobra de
dinheiro), pagando uma remuneração (juro ou rendimento) para esse agente, que chamamos
de investidor, e empresta esses recursos para os agentes financeiros deficitários (que precisa
de empréstimo os financiamento para algum gasto ou investimento, para os quais não dispõe
de recursos), cobrando juros sobre os valores emprestados.

Na Intermediação financeira a relação entre o investidor e o tomador do empréstimo é indireta,


mediada pela instituição financeira. O risco do investidor é o banco no qual ele depositou suas
economias. Por sua vez, quem assume o risco de emprestar para as empresas e pessoas que
precisam de dinheiro para financiar seus gastos é o banco.

2.1.1 Sistema Financeiro Nacional (SFN)

O Sistema Financeiro atualmente vigente no Brasil foi instituído pela Lei 4.595/64 (Lei da
Reforma Bancária), que criou o Conselho Monetário Nacional – CMN e o Banco Central do
Brasil – BCB, estabeleceu normas operacionais, rotinas de funcionamento e procedimentos de
qualificação das instituições financeiras.

A Lei 4.595/64 sofreu alterações por meio do artigo 192 da Constituição Federal, que trata do
Sistema Financeiro Nacional, posteriormente alterado pela Emenda Constitucional 40/2003.

2.1.2 Estrutura do SFN

CMN – Conselho Monetário Nacional


BCB – Banco Central do Brasil
BB – Banco do Brasil
BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
CEF – Caixa Econômica Federal

O Conselho Monetário Nacional (CMN) é o órgão deliberativo máximo do Sistema Financeiro


Nacional. Tem as funções de estabelecer as diretrizes gerais das políticas monetária, cambial e
creditícia; regular as condições de constituição, funcionamento e fiscalização das instituições
financeiras e disciplinar os instrumentos de política monetária e cambial.

O CMN é constituído pelo Ministro de Estado da Fazenda (Presidente), pelo Ministro de Estado
do Planejamento e Orçamento e pelo Presidente do Banco Central do Brasil (BCB). Os
serviços de secretaria do CMN são exercidos pelo BCB.

O Banco Central do Brasil é o principal executor das orientações do Conselho Monetário


Nacional e responsável por garantir o poder de compra da moeda nacional, tendo por objetivos:

• zelar pela adequada liquidez da economia;


• manter as reservas internacionais em nível adequado;
• estimular a formação de poupança;
• zelar pela estabilidade e promover o permanente aperfeiçoamento do sistema financeiro.
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Dentre suas atribuições estão:

• emitir papel-moeda e moeda metálica;


• executar os serviços do meio circulante;
• receber recolhimentos compulsórios e voluntários das instituições financeiras e bancárias;
• realizar operações de redesconto e empréstimo às instituições financeiras;
• regular a execução dos serviços de compensação de cheques e outros papéis;
• efetuar operações de compra e venda de títulos públicos federais;
• exercer o controle de crédito;
• exercer a fiscalização das instituições financeiras;
• autorizar o funcionamento das instituições financeiras;
• estabelecer as condições para o exercício de quaisquer cargos de direção nas instituições
financeiras;
• vigiar a interferência de outras empresas nos mercados financeiros e de capitais e
• controlar o fluxo de capitais estrangeiros no país.

Banco do Brasil (BB) é uma instituição financeira estatal, constituída na forma de sociedade de
economia mista, com participação da União brasileira em torno de 2/3 das ações.

Para a safra 2012/2013, estão previstos aporte total de recursos do governo para a agricultura
de R$ 133,2 bilhões, que são repassados aos setor agrícola, na sua maioria pelo BB, maior
financiador do crédito rural brasileiro.

O BB é responsável também pelo financiamento de aproximadamente 1/3 do comércio exterior


brasileiro.

Além de atuar como agente do governo no crédito rural e ser um dos principais financiadores
do comércio exterior brasileiro, o BB atua em todas as funções de um banco múltiplo e é o
banco dos órgãos e estatais do governo federal, bem como do funcionalismo público federal.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é uma empresa pública


federal, cuja principal função é a de banco de fomento, que envolver ser o principal instrumento
de financiamento de longo prazo para a realização de investimentos em todos os segmentos
da economia, incluindo as dimensões social, regional e ambiental.

Em seu Planejamento 2009/2014, o BNDES elegeu a inovação, o desenvolvimento local e


regional e o desenvolvimento socioambiental como os aspectos mais importantes do fomento
econômico no contexto atual, e que devem ser promovidos e enfatizados em todos os
empreendimentos apoiados pelo Banco.

A Caixa Econômica Federal CEF é uma instituição financeira, sob forma de empresa pública,
vinculada ao Ministério da Fazenda. A CEF é o maior agente financeiro da habitação do Brasil,
detendo mais de 50% do total de recursos destinados a este setor.
Além das instituições federais existem uma série de instituições financeiras privadas, que
podem ser bancos múltiplos, bancos comerciais, bancos de investimento, financeiras, bancos
cooperativos, etc.

Os bancos múltiplos são instituições financeiras que realizam as operações ativas, passivas e
acessórias, por intermédio das seguintes carteiras: comercial, de investimento, de crédito
imobiliário, de arrendamento mercantil e de crédito, financiamento e investimento. O banco
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múltiplo deve ser constituído com, no mínimo, duas carteiras, sendo uma delas,
obrigatoriamente, comercial ou de investimento, e ser organizado sob a forma de sociedade
anônima. As instituições com carteira comercial podem captar depósitos à vista.

Banco comercial é uma instituição financeira que tem por objetivo principal proporcionar o
suprimento oportuno e adequado dos recursos necessários para financiar, a curto e médio
prazos, o comércio, a indústria, as empresas prestadoras de serviços, as pessoas físicas e
terceiros em geral. A captação de depósitos à vista, livremente movimentáveis, é atividade
típica do banco comercial.

O Banco de investimento é uma instituição financeira especializada em operações de


participação societária de caráter temporário, de financiamento da atividade produtiva para
suprimento de capital fixo e de giro e de administração de recursos de terceiros. Não possuem
contas correntes e captam recursos via depósitos a prazo, repasses de recursos externos,
internos e venda de cotas de fundos de investimento por eles administrados.

As financeiras, ou Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento, são instituições


financeiras, cujo como objetivo básico é a realização de financiamento para a aquisição de
bens, serviços e capital de giro. Devem ser constituídas sob a forma de sociedade anônima e
na sua denominação social deve constar a expressão "Crédito, Financiamento e Investimento".
Tais entidades captam recursos por meio de aceite e colocação de Letras de Câmbio.

Tal como as cooperativas de crédito os bancos cooperativos são de propriedade de seus


clientes e seguem os princípios cooperativistas de uma pessoa, um voto. Ao contrário das
cooperativas, no entanto, os bancos cooperativos são duplamente regulamentados: como
bancos e também como cooperativas. Eles oferecem serviços como a poupança e os
empréstimos para os sócios. Muitos bancos cooperativos tem ações negociações no mercado
de capitais, o que faz com que sejam parcialmente detida por não-sócios.

Comitê de Basiléia. Em 1974, os responsáveis pela supervisão bancária nos países do G-10
decidiram criar o Comitê de Regulamentação Bancária e Práticas de Supervisão, sediado no
Banco de Compensações Internacionais - BIS, em Basiléia, na Suíça. Daí a denominação
Comitê de Basiléia.

Em 1988, foi celebrado o Acordo de Basiléia, que definiu mecanismos para mensuração do
risco de crédito e estabeleceu a exigência de capital mínimo para suportar riscos. Atualmente,
este Acordo é conhecido como Basiléia I.

Em 2004, o Comitê de Basiléia divulgou o Novo Acordo de Capital, comumente conhecido por
Basiléia II, com um enfoque mais flexível para exigência de capital e mais abrangente com
relação ao fortalecimento da supervisão bancária e ao estímulo para maior transparência na
divulgação das informações ao mercado.

Operações de Crédito. As operações de crédito se dividem em rotativo (cheque especial e


cartão de crédito), parcelado (empréstimo e financiamento) e antecipado (desconto). O rotativo
tem custo mais alto, mas o cliente só paga pelo período de uso do crédito. No parcelado, o juro
é mais baixo, mas o cliente paga por mês até o vencimento do parcelamento. No antecipado, o
cliente desconta um recebimento futuro, por exemplo o décimo terceiro salário ou a restituição
do imposto de renda.

As operações de crédito mais comuns são: hot money, conta garantida, cheque especial,
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desconto de recebíveis, financiamento (veículo, imóvel, etc.), empréstimo para capital de giro,
vendor, compror, cdc, etc.

Captação. As principais modalidades de captação das instituições financeiras são: caderneta


de poupança, depósitos a prazo (CDB – certificado de depósito bancário e RDB – recibo de
depósito bancário) e fundos de investimento.

2.2 Mercado de Capitais

O mercado de capitais é um sistema de distribuição de valores mobiliários que visa


proporcionar liquidez aos títulos de emissão de empresas e viabilizar seu processo de
capitalização. É constituído pelas bolsas, corretoras e outras instituições financeiras
autorizadas.

No mercado de capitais, os principais títulos negociados são os representativos do capital


próprio das empresas (ações) ou capital de terceiros (debêntures e commercial papers).

O mercado de capitais abrange ainda as negociações com direitos e recibos de subscrição de


valores mobiliários, certificados de depósitos de ações e demais derivativos autorizados à
negociação.

Mercado primário. É nele que ocorre a colocação de ações ou outros títulos, provenientes de
novas emissões. As empresas recorrem ao mercado primário para captar os recursos de que
necessitam, visando o financiamento de seus projetos de expansão ou seu emprego em outras
atividades. Resultam em entrada de recursos no caixa da empresa.

Mercado secundário. Nele ocorre a negociação dos títulos adquiridos no mercado primário,
proporcionando a liquidez necessária para os investidores. Não resultam em novas entradas de
recursos no caixa das empresas.

Abertura de capital ou IPO (Inicial Public Offering – Oferta Pública Inicial) e o processo pelo
qual uma Sociedade Anônima de Capital Fechado transforma-se em Sociedade Anônima de
Capital Aberto e passa a captar recursos em bolsa de valores.

Etapas de um IPO:

• Obtenção de registro de companhia aberta na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) para


negociação de valores mobiliários de sua negociação em bolsa de valores;
• Obtenção do registro de listagem em bolsa de valores;
• Obtenção do registro de emissão de emissão pública de ações na CVM;
• Publicação do prospeto de emissão, underwriting (subscrição) e publicação do anúncio de
encerramento da distribuição.

Participam de um IPO: Bancos de Investimento, Corretoras e Distribuidoras de Valores,


Advogados, Consultores e Auditores.

Títulos do Mercado de Capitais. Ações (título negociável que representa a menor parcela em
que se divide o capital de uma sociedade anônima); Debêntures (dívida emitida por uma
sociedade anônima, para captar recursos visando investimento ou financiamento de capital de
giro); Opções sobre Ações (contrato que envolve o estabelecimento de direitos e obrigações de
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compra ou venda sobre ações, com prazo e condições preestabelecidos).


Estrutura do Mercado de Capitais:

CMN – Conselho Monetário Nacional;


CVM – Comissão de Valores Mobiliários;
Bolsas de Valores (BM&FBovespa);
Centrais de Liquidação e Custódia (CBLC);
Corretoras e Distribuidoras de Valores.

Para maiores informações consultar a cartilha “Introdução ao Mercado de Capitais” da


BM&FBOVESPA disponível em:
http://www.bmfbovespa.com.br/pt-br/a-bmfbovespa/download/merccap.pdf.

2.3 Mercado de Câmbio

Câmbio é a operação de troca de moeda de um país pela moeda de outro país. Por exemplo,
quando um turista brasileiro vai viajar para o exterior e precisa de moeda estrangeira, o agente
autorizado pelo Banco Central a operar no mercado de câmbio recebe do turista brasileiro a
moeda nacional e lhe entrega (vende) a moeda estrangeira. Já quando um turista estrangeiro
quer converter moeda estrangeira em reais, o agente autorizado a operar no mercado de
câmbio compra a moeda estrangeira do turista estrangeiro, entregando-lhe os reais
correspondentes.

O mercado de câmbio é regulamentado e fiscalizado pelo Banco Central e compreende as


operações de compra e de venda de moeda estrangeira, as operações em moeda nacional
entre residentes, domiciliados ou com sede no País e residentes, domiciliados ou com sede no
exterior e as operações com ouro-instrumento cambial, realizadas por intermédio das
instituições autorizadas a operar no mercado de câmbio pelo Banco Central, diretamente ou
por meio de seus correspondentes.

Incluem-se no mercado de câmbio brasileiro as operações relativas aos recebimentos,


pagamentos e transferências do e para o exterior mediante a utilização de cartões de uso
internacional, bem como as operações referentes às transferências financeiras postais
internacionais, inclusive vales postais e reembolsos postais internacionais.
À margem da lei, funciona um segmento denominado mercado paralelo. São ilegais os
negócios realizados no mercado paralelo, bem como a posse de moeda estrangeira oriunda de
atividades ilícitas.

Financiamento a Exportação. O ACC (adiantamento sobre contrato de câmbio) é uma


antecipação parcial ou total da moeda nacional relativa ao preço da moeda estrangeira vendida
ao banco autorizado a operar no mercado de câmbio, pelo exportador, para entrega futura,
feita antes do embarque da mercadoria ou da prestação do serviço. O ACE (adiantamento
sobre cambiais entregues) é o mesmo adiantamento, quando concedido após o embarque da
mercadoria ou a prestação do serviço.

Financiamento a Importação. O Finimp é uma operação de crédito, na qual a instituição


financeira paga, em moeda estrangeira, o exportador estrangeiro à vista e recebe do
importador nacional à prazo.

Para maiores detalhes ver: http://www.bcb.gov.br/?CAMBIOFAQ


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2.4 Mercado Monetário

No Mercado Monetário são negociados os títulos da dívida pública. Os títulos públicos são
ativos de renda fixa, ou seja, seu rendimento pode ser dimensionado no momento do
investimento, ao contrário dos ativos de renda variável (como ações), cujo retorno não pode ser
estimado no instante da aplicação. Dada a menor volatilidade dos ativos de renda fixa frente
aos ativos de renda variável, este tipo de investimento é considerado mais conservador, ou
seja, de menor risco.

Existem títulos prefixados, cuja taxa de rentabilidade é determinada no momento da compra.


Há também títulos pós-fixados, cujo valor do título é corrigido por um indexador definido, como
os títulos remunerados por índices de preços e indexados à taxa de juros básica da economia,
a Selic. Os títulos podem ser ainda de curto, médio ou longo prazo, e realizar ou não
pagamento de cupom semestrais de juros. Veja abaixo os Tipo de Títulos:

LTN (Letras do Tesouro Nacional): a LTN é um título prefixado, que possui fluxo de pagamento
simples. O investidor faz a aplicação e recebe o valor de face (valor investido somado à
rentabilidade), na data de vencimento do título.

LFT (Letra Financeira do Tesouro): A LFT é um título pós-fixado, cuja rentabilidade segue a
variação da taxa Selic, a taxa de juros básica da economia. Sua remuneração é dada pela
variação da taxa Selic diária registrada entre a data de liquidação da compra e a data de
vencimento do título, acrescida, se houver, de ágio ou deságio no momento da compra. A LFT
possui fluxo de pagamento simples. O investidor faz a aplicação e recebe o valor de face (valor
investido somado à rentabilidade) na data de vencimento do título.

LTN (Letras do Tesouro Nacional) Série B: A NTN-B Principal é um título com rentabilidade
vinculada à variação do IPCA, acrescida dos juros definidos no momento da compra. São
títulos que possuem prazo para aplicação bem longo: atualmente contam com investimentos
até 2035. A NTN-B Principal possui fluxo de pagamento simples, ou seja, o investidor faz a
aplicação e resgata o valor de face (valor investido somado à rentabilidade) na data de
vencimento do título. Além da NTN-B Principal, há a NTN-B, que também rende a variação do
IPCA, acrescida dos juros definidos no momento da compra. É o título que atualmente possui o
maior prazo para aplicação (2045). Seu rendimento é recebido pelo investidor ao longo do
investimento, por meio de cupons semestrais de juros, e na data de vencimento do título,
quando do resgate do valor de face (valor investido somado à rentabilidade) e pagamento do
último cupom de juros.

LTN (Letras do Tesouro Nacional) Série C: A NTN-C é um título com rentabilidade vinculada à
variação do IGP-M, acrescida de juros definidos no momento da compra. O rendimento da
aplicação é recebido pelo investidor ao longo do investimento, por meio de cupons semestrais
de juros, e na data de vencimento do título, quando do resgate do valor de face (valor investido
somado à rentabilidade) e pagamento do último cupom de juros.

LTN (Letras do Tesouro Nacional) Série F: A NTN-F também é um título prefixado, com
rentabilidade definida no momento da compra. Porém, diferentemente da LTN, seu rendimento
é recebido pelo investidor ao longo do investimento, por meio de cupons semestrais de juros, e
na data de vencimento do título, quando do resgate do valor de face (valor investido somado à
rentabilidade) e pagamento do último cupom de juros. O fluxo de cupons semestrais de juros
aumenta a liquidez, possibilitando reinvestimentos.

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3. FUNDAMENTOS DE TESOURARIA 1

3.1 Conceito de Capital de Giro (ou capital circulante)

O conceito de capital de giro (ou capital circulante) identificam os recursos que giram (ou
circulam) várias vezes na empresa em determinado período. Ou seja, corresponde a uma
parcela de capital aplicada pela empresa em seu ciclo operacional, caracteristicamente de
curto prazo, a qual assume diferentes formas ao longo de seu processo produtivo e de vendas.

Por exemplo, um capital alocado no disponível pode ser aplicado inicialmente em estoque,
assumindo posteriormente a venda realizada na forma de realizável (crédito, se a venda for a
prazo) ou novamente de disponível (se a venda for efetuada a vista). Esse ciclo ininterrupto
constitui-se, basicamente, no ciclo operacional (produção) de uma empresa.

Capital de giro bruto pode então ser definido como o conjunto de ativos necessários à atividade
operacional da empresa, que vai desde a aquisição da matéria-prima (ou mercadoria) até o
recebimento das vendas.

Os empréstimos para capital de giro são os recursos obtidos para financiar os ativos
representativos do capital de giro.

O Capital de Giro Líquido ou Capital Circulante Líquido é definido como a diferença entre o
ativo circulante e o passivo circulante:

CCL = AC ( - ) PC
O CCL Pode ser:

- Positivo: Quando o ativo circulante for maior que o passivo circulante, nesse caso, o CCL
será a parcela do investimento de curto prazo, financiadas por passivos de longo prazo
(exigível a longo prazo e patrimônio líquido).
- Negativo: Quando o ativo circulante for menor que o passivo circulante, situação em que
o CCL representa a parcela de ativos de longo prazo, financiada através de passivos de
curto prazo.
- Nulo: Quando o ativo circulante for igual ao passivo circulante e então, estará sendo
financiado totalmente por recursos de curto prazo.

ATIVO PASSIVO ATIVO PASSIVO ATIVO PASSIVO

AC PC AC PC AC PC

PNC PNC
PNC

ANC ANC ANC


PL PL PL

CCL Positivo CCL Nulo CCL Negativo

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Observamos claramente que, quanto maior for o CCL de uma empresa, menor será o seu risco
de não poder pagar seus compromissos nos prazos estipulados.

Entretanto, vale ressaltar que, quando o CCL é positivo, significa que parte dos investimentos
estão sendo financiados por recursos de longo prazo e caracteristicamente de custo maior, o
que afeta a rentabilidade.

Portanto, cada situação tem reflexo diferente na relação risco retorno:

CCL Risco Retorno


Maior Menor Menor
Menor Maior Maior

No entanto, mesmo no caso de um CCL positivo, a empresa não tem nenhuma garantia de não
se tornar insolvente, pois os desembolsos de recursos são relativamente previsíveis enquanto
que, as entradas de caixa são mais difíceis de se prever. No caso das duplicatas a receber,
podem ocorrer atrasos nos pagamentos dos clientes, e temos ainda os estoques, ativos sem
data definida de realização, que dependem das vendas e posterior recebimento.

Mesmo assim, como é difícil a conciliação entre as entradas e saídas de caixa é aconselhável
que se mantenha um CCL positivo para a maioria das empresas.

O ativo circulante é representado pelo Disponível, que são os recursos financeiros à disposição
da empresa, pelas Duplicatas a Receber, que são os direitos a serem recebidos provenientes
das vendas de produtos a prazo e pelos Estoques, que são os insumos utilizados pela empresa
no processo produtivo.

No passivo circulante temos as Duplicatas a Pagar, oriundas de compras de insumos a prazo,


Outros Valores a Pagar, originárias de serviços recebidos e ainda não pagos, e os
Empréstimos Bancários efetuados pela empresa.

A característica básica do ativo circulante e do passivo circulante é que são contas de curto
prazo (realização em até um ano do encerramento do exercício social).

O risco está relacionado aos índices de liquidez:

- Índice de liquidez corrente (ILC = AC/PC)

Um índice de liquidez corrente > que 1 significa CCL positivo e indica menor risco. No entanto,
ainda há risco, pois os estoques e as duplicatas a receber tem de ser convertidas em caixa
para pagar as obrigações de curto prazo.

Por isso, os analistas de crédito usam também outro índice:

- Índice de Liquidez Seca (ILS = (AC – Estoque) / PC)

Nesse índice são retirados os estoques porque estes são menos líquidos, isto é, não podem
ser transformados em caixa imediatamente.

O retorno esta associado ao giro do ativo em relação às vendas.

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Giro dos ativos circulantes: (GAC = Vendas / AC)

Há pelo menos três políticas possíveis de investimento em ativos de curto prazo:

1) “fat cat” ou relaxada = grandes quantidades de estoque, contas a receber e caixa são
mantidas pela empresa.
2) “lean & mean” ou restritiva = manutenção de estoques, caixa e contas a receber mínimos.
Caso extremo = capital de giro zero.
3) Moderada = intermediária entre a relaxada e a restritiva.

Exemplo para vendas no valor de R$ 100,00


Política Ativos Giro do Ativo
Relaxada R$ 30,00 3,3 vezes.
Moderada R$ 23,00 4,3 vezes.
Restritiva R$ 16,00 6,3 vezes.

Gerenciamento dos componentes do capital de giro.

O capital de giro operacional consiste em quatro componentes principais: caixa, estoques,


contas a receber e contas a pagar. Parte desta disciplina é dedicada a estudar como lidar
com cada um desses componentes.

Para administrar cada um deles o gesto financeiro precisa fazer “trade-offs”, que significa
escolher entre risco e retorno, pois:

1) Quanto maior o ativo circulante, menor o risco operacional;


2) Mas, quanto menor o ativo circulante, maior o retorno sobre o patrimônio líquido.

Haverá, portanto, sempre uma pressão pela manutenção de um ativo circulante ou capital de
giro mínimo para rentabilizar a operação.

O volume de capital de giro esta relacionado ao ciclo de conversão de caixa.

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Os recursos saem do disponível através da compra de matérias-primas, que por sua vez,
passam pelo processo de fabricação transformando-se em produtos acabados, que ficarão
estocados até o momento da venda. Se as vendas forem realizadas à vista, os recursos
financeiros provenientes da transação, retornam imediatamente ao disponível.

Entretanto, se as vendas forem realizadas a prazo, os recursos somente retornarão ao


disponível depois de passar por duplicatas a receber.

O ponto mais importante no ciclo das operações circulantes, é que toda vez que ele se
completa, e retorna ao disponível, acrescenta-se uma parcela adicional de recursos por meio
do lucro auferido na operação de venda.

A preocupação do gestor financeiro na administração do ciclo das operações circulantes,


deve concentrar-se na velocidade com que ele se completa pois, esse fato é determinante da
maior ou menor rentabilidade na empresa.

Outra característica do capital circulante é a sua baixa rentabilidade, o que a princípio deve
fazer com que o administrador financeiro minimize o investimento nesse tipo de ativo.

Como podemos observar, o administrador financeiro se vê frente do dilema: RISCO x


RETORNO, e como as decisões financeiras devem ser tomadas visando a maximização da
riqueza dos proprietários, ele deve tentar obter a combinação ótima entre risco e a
rentabilidade, de forma que, não mantenha montantes excessivos e nem tampouco,
insuficientes de ativos circulantes, conseguindo dessa forma, uma combinação que agregue
valor à empresa.

O objetivo da administração do capital de giro é gerir adequadamente as contas de ativo e


passivo circulante, a fim de alcançar equilíbrio entre rentabilidade e risco.

3.2 Estratégias de Financiamento dos Recursos Necessários

A quantidade dos recursos alocados nos itens circulantes da empresa devem destinar-se
somente a sustentação de sua atividade operacional visto que, o ativo circulante é pouco
rentável.

Dessa forma, voltamos ao dilema do administrador financeiro no que se refere a busca de


maior rentabilidade envolvendo o menor risco. A determinação do volume adequado de ativos
circulantes a serem mantidos deverá, portanto, atender ao objetivo básico da administração, ou
seja, maximizar o retorno dos proprietários minimizando os riscos.

A dificuldade encontrada para a definição do montante adequado de investimentos em ativos


circulantes, é o grau de incerteza que se apresenta pelo fato da análise ser feita através de
projeções futuras, o que nem sempre vai coincidir com o desejado.

Diante de tantas incertezas, o administrador financeiro quando determina o investimento em


capital circulante, deve ter em mente os seguintes aspectos:

• Os recursos aplicados em caixa devem ser suficientes para fazer frente aos desembolsos
previstos e alguns não previstos.
• Adotar uma política de duplicatas a receber que permita o crescimento ou, a manutenção
das vendas sem aumento dos níveis de inadimplência.
13
Administração Financeira

• Manter estoques mínimos porém, sem correr riscos de perder vendas ou provocar atrasos
no processo produtivo.

Se a produção e as vendas ocorressem uniformemente ao longo de todo ano, a gestão do


capital de giro nas empresas industriais seria bastante facilitada porque haveria fluxos
regulares de entradas e de saídas de caixa.

Ocorre que muitas empresas estão sujeitas a fatores sazonais que afetam suas atividades,
provocando expansão e contratação nos ativos circulantes. Em certos meses, os estoques de
matérias-primas poderão estar muito elevados (Ex. estoques de produtos agrícolas adquiridos
nas safras) e em outras épocas poderemos encontrar um nível alto de produtos acabados
destinados ao atendimento de uma demanda concentrada (Ex. estoques de sorvetes durante o
inverno). Determinadas indústrias de bens de consumo têm de financiar parte dos estoques
sazonais dos comerciantes varejistas concedendo maiores prazos de faturamento (Ex.
brinquedos para vendas de natal).

Por outro lado, sempre existirá um nível mínimo de estoques, duplicatas a receber e
disponibilidades a ser mantido independentemente das flutuações sazonais das atividades.

Resumindo, para os investimentos necessários à manutenção de sua atividade, uma empresa


tem necessidade de financiamentos que podem ser divididos em:

a) Necessidades permanentes: são aquelas que se mantêm fixas ao longo do ano, e são
representadas pelos ativos permanentes somados à parte do ativo circulante que não
apresenta alterações durante o período.

b) Necessidades sazonais: são as necessidades de financiamento referentes à parcela dos


ativos circulantes que apresentam alterações no decorrer do período.

Cabe ao administrador financeiro, determinar o montante dos financiamentos adequados a


cada situação e para isso, dispõe de algumas estratégias.

Estratégia Agressiva: A empresa mantém recursos permanentes na medida exata para


financiar suas necessidades permanentes sendo que as necessidades sazonais são
financiadas com recursos de curto prazo, (temporários).

Estratégia Conservadora: é a que consiste em financiar todas as suas necessidades de


recursos através de financiamento de longo prazo.

Estratégia Intermediária ou Moderada: os recursos permanentes financiarão as


necessidades permanentes e mais uma parte das necessidades sazonais.

Resultado Comparativo das Alternativas

Estratégia CGL Risco Custo Lucratividade


Agressiva Menor Maior Menor Maior
Intermediária Médio Médio Médio Médio

Conservadora Maior Menor Maior Menor

14
Administração Financeira

ESTUDO DE CASO: COMPANHIA BAHIA

A Cia. Bahia preparou uma projeção de suas necessidades de financiamento para o próximo
ano e solicitou aos administradores financeiros da empresa uma análise do custo através das
estratégias agressiva, conservadora e intermediária (moderada).

PROJEÇÃO DAS NECESSIDADES DE FINANCIAMENTO

ATIVO TOTAL
Jan. 2.300.000 Abr. 2.700.000 Jul. 2.800.000 Out. 2.400.000
Fev. 2.400.000 Mai. 3.100.000 Ago. 2.600.000 Nov. 2.200.000
Mar. 2.200.000 Jun. 3.400.000 Set. 2.500.000 Dez. 2.100.000

Os custos estimados referentes aos financiamentos são os seguintes:

è curto prazo = 5%
è longo prazo = 10%

Ativos Necessidades de
Mês Totais Recursos
Permanentes Sazonais
Janeiro 2.300.000 2.100.000 200.000

Fevereiro 2.400.000 2.100.000 300.000

Março 2.200.000 2.100.000 100.000

Abril 2.700.000 2.100.000 600.000

Maio 3.100.000 2.100.000 1.000.000

Junho 3.400.000 2.100.000 1.300.000

Julho 2.800.000 2.100.000 700.000

Agosto 2.600.000 2.100.000 500.000

Setembro 2.500.000 2.100.000 400.000

Outubro 2.400.000 2.100.000 300.000

Novembro 2.200.000 2.100.000 100.000

Dezembro 2.100.000 2.100.000 -

Média - 2.100.000 458.333,33

15
Administração Financeira

AGRESSIVA: Longo Prazo 2.100.000 * 0,10 = 210.000 (Custo Neces. Perman.)


(permanente = menor valor)
Curto Prazo 458.333,33 * 0,05 = 22.916,66 (Custo Neces. Sazonais)

Total 232.916,66

CONSERVADORA 3.400.000 * 0,10 = 340.000,00


(permanente é o maior valor)

Calcule os custos, considerando que as necessidades de recursos permanentes totalize


$ 2.750.000 [Moderado (50%) = média entre o menor e maior valor].

Ativos Necessidades de Recursos


Mês Totais Permanentes Sazonais
Janeiro 2.300.000 2.750.000 -

Fevereiro 2.400.000 2.750.000 -

Março 2.200.000 2.750.000 -

Abril 2.700.000 2.750.000 -

Maio 3.100.000 2.750.000 350.000

Junho 3.400.000 2.750.000 650.000

Julho 2.800.000 2.750.000 50.000

Agosto 2.600.000 2.750.000 -

Setembro 2.500.000 2.750.000 -

Outubro 2.400.000 2.750.000 -

Novembro 2.200.000 2.750.000 -

Dezembro 2.100.000 2.750.000 -

Média 2.558.333 2.750.000 87.500

INTERMEDIÁRIA: Longo Prazo 2.750.000 * 0,10 = 275.000 (Custo Neces. Perman.)


(média entre o menor e o maior valor)
Curto Prazo 87.500 * 0,05 = 4.375 (Custo Neces. Sazonais)
Total 279.375

16
Administração Financeira

RESULTADOS DOS CÁLCULOS

ALTERNATIVAS
AGRESSIVA CONSERVADORA INTERMEDIÁRIA
MÉDIAS MENSAIS
RECURSOS PERMANENTES 2.100.000 3.400.000 2.750.000

RECURSOS TEMPORÁRIOS + 458.333 87.500

RISCO (MAIOR , MENOR, MÉDIO) MAIOR MENOR MÉDIO

CUSTOS DOS RECURSOS 10% 210.000 340.000 275.000


PERMANENTES
CUSTOS DOS RECURSOS 5% 22.916,66 4.375
TEMPORÁRIOS
CUSTOS DOS RECURSOS 232.916,66 340.000 279.475
TOTAIS
CUSTOS (MAIOR, MENOR, MÉDIO) MENOR MAIOR MÉDIO

RENTABILIDADE (MAIOR, MAIOR MENOR MÉDIO


MENOR, MÉDIO)

3.3 Regime de Caixa / Regime de Competência

O fato de o administrador financeiro utilizar em praticamente todas as suas análises,


informações extraídas de demonstrativos contábeis, torna muito comum o equívoco de
considerar que administração financeira tem o mesmo campo de atuação da Contabilidade.

A Contabilidade Financeira (Societária) tem como finalidade registrar os fenômenos que afetam
as situações patrimoniais, financeiras e econômicas das empresas e adota, para esse
propósito, os Princípios Fundamentais de Contabilidade, reconhecendo as receitas no
momento da venda e as despesas quando incorridas (Regime de Competência). Diferente da
Contabilidade, a Administração Financeira tem como funções básicas: o planejamento, a
administração e o controle das entradas e saídas de fundos, ou seja, os investimentos e
financiamentos necessários à sustentação das atividades da empresa. Para isso, adota o
Regime de Caixa, preocupando-se com o fluxo de recursos, por este motivo, reconhece
receitas e despesas somente quando acontecem reais entradas e saídas de caixa.

EXERCÍCIOS
1) A Cia. Acre obteve durante o exercício social a seguinte movimentação:

a) Compra de uma máquina por $100.000, sendo pagos no exercício 70% do valor devido
e o saldo (30%) será pago no exercício seguinte;
b) Compra de produtos para revenda a crédito no valor de $120.000, sendo pagos no
decorrer do exercício 90% desse total e o saldo no próximo exercício;
c) Venda a crédito de 100 % dos produtos no valor de $200.000 com recebimento no
exercício de 80% desse valor e o saldo será recebido no próximo exercício;
d) Venda da máquina a crédito por $80.000 a ser recebido no exercício seguinte.

17
Administração Financeira

Com base nos dados apresentados, prepare um demonstrativo de resultado e um


demonstrativo de fluxo de caixa do período.

Solução:

Demonstrativo de Resultado do Exercício


Venda de Mercadorias 200.000
Venda de Imobilizado 80.000
Total das Vendas 280.000
(-) C.M.V. (120.000)
(-) Custo do Imobilizado (100.000)
Custo Total (220.000)
Lucro no Período 60.000

Demonstrativo de Fluxo de Caixa


Recebimento das vendas de mercadorias 160.000
Total das entradas de caixa 160.000
(-) Pgto. pela compra de mercadorias (108.000)
(-) Pgto. pela compra de imobilizado (70.000)
Total das saídas de caixa (178.000)
Fluxo de caixa líquido (18.000)

O caso da Cia Acre deixa bem clara a diferença entre o regime de competência adotado pela
Contabilidade e o regime de caixa da Administração Financeira.

Contabilmente, a Cia. Acre obteve um resultado positivo de $ 60.000 ao final do exercício, que
pode até satisfazer a alta direção da empresa. Entretanto, apesar do resultado contábil, a
empresa está enfrentando sérias dificuldades de liquidez pois, no exercício em questão teve $
160.000 de entradas de caixa e precisa desembolsar $ 178.000 para fazer frente às suas
despesas no período.

Esse fato, que freqüentemente ocorre dentro de uma empresa, ressalta a importância do
papel desempenhado pelo administrador financeiro na gestão das finanças corporativas.

18
Administração Financeira

3.4 Orçamento de Caixa

O planejamento financeiro é um aspecto importante para o funcionamento e sustentação da


empresa, pois fornece roteiros para dirigir, coordenar e controlar sua ações na consecução de
seus objetivos.

O processo de planejamento financeiro inicia-se com os planos financeiros de longo prazo ou


estratégicos, que por sua vez direcionam a formulação de planos e orçamentos operacionais
de curto prazo. Neste momento, serão enfatizados os planos e orçamentos a curto prazo.

O planejamento financeiro de curto prazo é elaborado através da utilização de informações


financeiras sobre o desempenho da empresa que, combinadas com as projeções dos fluxos de
recursos esperados, vão propiciar aos administradores uma avaliação adequada da situação
presente e uma previsão das perspectivas futuras.

O orçamento de caixa é o demonstrativo da projeção das necessidades de recursos de uma


empresa, elaborado através da previsão das entradas e saídas de fundos em um determinado
período de tempo. Deve retratar a previsão das necessidades de recursos ou as sobras de
caixa que ocorrerão no período em questão.

É uma ferramenta que permite ao administrador financeiro identificar as necessidades e


oportunidades financeiras de curto prazo.

O objetivo do orçamento de caixa é dar subsídios ao administrador financeiro para planejar e


controlar o fluxo de recursos da empresa e fornecer componentes básicos para que se possa
formular as estratégias que serão utilizadas para o financiamento do volume de vendas
previsto para o período.

Ao traçar as diretrizes do planejamento das disponibilidades, a empresa busca atingir algumas


metas entre as quais destacam-se:

• Defasagem entre as transações correntes: o orçamento de caixa é elaborado através da


previsão das entradas e saídas de fundos. Todavia, o fluxo de recursos não ocorre de
maneira uniforme, por esta razão a empresa deve manter fundos suficientes para garantir
eventuais déficits de caixa mantendo a liquidez sem interromper o ciclo de suas atividades
operacionais.
• Redução de custos sobre empréstimos de curto prazo: conhecendo com antecedência os
eventuais déficits de caixa, o administrador financeiro terá a sua disposição, um período de
tempo suficiente para escolher entre as diversas opções de financiamentos.
• Aplicação de excedentes de caixa: durante certos períodos, a empresa mantém saldos
inativos de caixa. Isso ocorre devido à defasagem de tempo entre as datas de pagamento
das obrigações e de recebimento dos direitos. Como o dinheiro mantido em caixa não traz
nenhum retorno a empresa, o administrador financeiro deve aplicar esses recursos
momentâneos em algum ativo de curto prazo que renda juros.

EXEMPLO: ORÇAMENTO DE CAIXA


As vendas da Cia. Pioneira nos meses de março a abril foram, respectivamente, de $ 400.000
e $480.000. Para os próximos três meses a diretoria de marketing estimou um volume de
vendas nas seguintes bases: maio, $ 510.000; junho, $ 650.000; e julho, $ 820.000.

19
Administração Financeira

Do total das vendas efetuadas, 70% são recebidas no próprio mês; 20% são recebidas no mês
seguinte e o restante no segundo mês após a realização.

Estima-se que todos os custos de produção (MP + MOD + CIF) alcancem 70% das vendas
totais, sendo pagos 80% no próprio mês e 20% no mês seguinte. Os produtos são vendidos no
próprio mês em que são fabricados.

A Companhia tem um empréstimo bancário a pagar no mês de junho no valor de $ 150.000,


enquanto suas despesas de vendas e administrativas, pagas no próprio mês, eqüivalem a 15%
do total das vendas de cada mês. Dividendos de $ 44.289 deverão ser pagos em julho.

No final de abril o saldo de caixa da Pioneira era de $ 69.000, sendo que para o próximo
trimestre a empresa deseja manter um saldo de caixa de $ 90.000 em cada mês.

PEDE-SE elaborar o orçamento de caixa da Cia. Pioneira para o próximo trimestre, indicando
as necessidades de financiamento e os valores das aplicações financeiras. Esperam-se juros
bancários de 12% ao mês e rentabilidade das aplicações financeiras de 4% ao mês.

Programação de Recebimentos

Março Abril Maio Junho Julho


Vendas 400.000 480.000 510.000 650.000 820.000

Vendas à vista 280.000 336.000 357.000 455.000 574.000


Cobranças:
Após um mês 80.000 96.000 102.000 130.000
Após dois meses 40.000 48.000 51.000
Rendimento Aplicação 1.708
Total de Recebimentos 493.000 606.708 755.000

Programação de Pagamentos

Março Abril Maio Junho Julho


Compras 280.000 336.000 357.000 455.000 574.000

Compras à vista 224.000 268.800 285.600 364.000 459.200


Pagamentos:
Após um mês 56.000 67.200 71.400 91.000
Empréstimos 150.000
Dividendos 44.289
Despesas(Vendas/Adm.) 60.000 72.000 76.500 97.500 123.000
Juros s/ Financiamento 4.019

Total de Pagamentos 429.300 682.900 721.508

20
Administração Financeira

Orçamento de Caixa

Maio Junho Julho


Recebimentos 493.000 606.708 755.000

( - ) Pagamentos 429.300 682.900 721.508


Fluxo Líquido de Caixa 63.700 (76.192) 33.492
( + ) Saldo Inicial de Caixa 69.000 132.700 56.508

Saldo final de caixa 132.700 56.508 90.000

( - ) Saldo Mínimo de Caixa 90.000 90.000 90.000

Financiamento Necessário 33.492

Saldo de Caixa Excedente 42.700

21
Administração Financeira

4. FUNDAMENTOS DE TESOURARIA 2

4.1 Ciclos Operacional e Financeiro

Numa política de administração do capital de giro, podemos destacar entre as principais


medidas, aquelas que visam manter os indicadores do giro e da liquidez da empresa dentro
dos limites previstos pelo administrador financeiro, de modo a produzir determinados
resultados que satisfaçam as expectativas de retorno de suas várias fontes de financiamento.

Para melhor entendimento, é necessário conhecermos o ciclo de produção ou ciclo operacional


de uma empresa, que se inicia na aquisição de matéria-prima e finaliza no recebimento pelas
vendas do produto final. Em outras palavras, o ciclo operacional incorpora seqüencialmente
todas as fases operacionais presentes no processo empresarial, conforme apresentado
linearmente abaixo:
Prazo Médio de Estoque (PME) Prazo Médio de Recebimento (PMR)
0 1 2 3
Prazo Médio de
Pagamento (PMP)
Compra das Pagamento Venda Recebimento das
matérias-primas Vendas

Ciclo Financeiro

Ciclo Operacional

Ciclo Operacional (CO) : Corresponde ao intervalo de tempo compreendido desde a compra


das mercadorias ou dos materiais de produção até o recebimento da venda. Trata-se, portanto,
de um período (médio) em que são investidos recursos nas operações sem que ocorram as
entradas de caixa correspondentes. Parte desse capital de giro é financiada pelos fornecedores
que concederam prazo para pagamento.

CO = PME + PMR
Onde:
CO è Ciclo Operacional
PME è Prazo Médio de Estocagem
PMR è Prazo Médio de Recebimento

Ciclo Financeiro ou de Caixa (CF) : Define, em termos médios, o prazo que se inicia a partir
dos pagamentos aos fornecedores e termina com o recebimento das vendas. Em outras
palavras, é o período durante o qual a empresa financia suas operações sem a participação
dos fornecedores.

Quanto maior for o ciclo financeiro, mais recursos próprios e de terceiros (exceto fornecedores)
estarão temporariamente aplicados nas operações, provocando custos financeiros e afetando a
rentabilidade.

CF = PME + PMR – PMP

Ou

22
Administração Financeira

CF = CO – PMP

Exemplo: A Cia. Ipiranga é uma pequena empresa que vende todos os seus produtos a prazo.
Os prazos médios apresentados são os seguintes:

PME = 60 dias
PMR = 30 dias
PMP = 25 dias

Determinar os ciclos Operacional e Financeiro, e elaborar o diagrama demonstrativo.

CO = PME + PMR è CO = 60 + 30 = 90
CF = CO - PMP è CF = 90 - 25 = 65

PME = 60 PMR = 30
PMP = 25

Ciclo Financeiro = 65 dias

Ciclo Operacional = 90 dias

ESTUDO DE CASO: CIA. CEARÁ

Com base nas informações contábeis da Cia. Ceará, determinar seu ciclo operacional,
financeiro e elaborar o diagrama demonstrativo.

Balanço Patrimonial
Ativo Circulante Passivo Circulante
Disponível 10.000,00 Fornecedores 56.000,00
Clientes 40.000,00 Empréstimos 44.000,00
Bancários
Estoques 50.000,00
Totais Circulantes 100.000,00 100.000,00

Demonstrativo de Resultado
Vendas 500.000,00
(-) Custo das Mercadorias Vendidas (CMV) 350.000,00

Outras Informações
Estoque final do ano anterior 40.000,00

ESTOCAGEM

O cálculo do giro ou rotação dos recursos investidos nos estoques fornece uma medida
adequada para a avaliação da eficiência na sua gestão.
23
Administração Financeira

Este cálculo indica o número de vezes em que tais recursos foram renovados em certo
intervalo de tempo e é obtido a partir da fórmula:

Giro dos Estoques (G.E.) C.M.V.


Estoques

Dividindo-se o número de dias do ano pelo giro dos estoques obtém-se o número de dias
médios de estocagem.

Prazo Médio de Estocagem (P.M.E.) 360


G.E.
Exemplo:

Calcule o giro de estoques e o prazo médio de estocagem da Cia. Ceará com base nos dados
acima.

Giro dos Estoques (G.E.) 350.000 = 7

50.000

Prazo Médio de Estocagem (P.M.E.) 360 = 52 dias

Cálculo Direto Estoques X 360


C.M.V.

50.000 X 360 = 52 dias

360.000

RECEBIMENTO

Ao mesmo tempo em que se preocupa em alcançar um nível adequado de receitas de vendas,


a administração financeira tenta minimizar os recursos aplicados em duplicatas a receber,
objetivando maximizar a taxa de retorno global.

Pode-se avaliar a eficiência na gestão dos recursos aplicados nas duplicatas a receber através
do cálculo do seu giro ou rotação, como segue:

Giro das Duplicatas a Receber (G.D.R.) Receita Bruta de Vendas a Prazo

Clientes

Dividindo-se o número de dias do ano pelo giro dos estoques obtém-se o número de dias
médios de estocagem.

24
Administração Financeira

Prazo Médio de Recebimento (P.M.R.) 360


G.D.R.

Calcule o giro de estoques e o prazo médio de estocagem da Cia. Ceará com base nos dados
acima.

Obs.: Consideremos que todas as vendas da empresa são efetuadas a prazo:

Giro das Duplicatas a Receber (G.D.R.) 500.000 = 12,5

40.000

Prazo Médio de Recebimento (P.M.R.) 360 = 29 dias

12,5

Cálculo Direto Clientes X 360

Vendas Brutas

40.000 X 360 = 29 dias

500.000

PAGAMENTO
Sem considerar o efeito fiscal.

De maneira analógica, baseados nas fórmulas para calcular o P.M.E. e P.M.R. podemos adotar
a fórmula abaixo para calcularmos o “Prazo Médio de Pagamento” (P.M.P.).

Giro das Duplicatas a Pagar (G.D.P.) Compras

Fornecedores

Prazo Médio de Pagamento (P.M.P.) 360

G.D.P.

Cálculo Direto Fornecedores X 360


Compras

Como utilizamos 360 dias, as fórmulas fornecerão os prazos médios expressos em número de
dias.

Vamos retornar os dados da Cia. Ceará. O P.M.E. e o P.M.R. já foram calculados e precisamos
agora calcular o P.M.P.

25
Administração Financeira

Estoque Final (E.F.) 50.000

Estoque Inicial (E.I.) 40.000

Custo das Vendas (C.M.V.) 350.000

Compras (CL = E.F. – E.I. + C.M.V.) 360.000

Giro das Duplicatas a Pagar (G.D.P.) 360.000 = 6,42

56.000

Prazo Médio de Pagamento (P.M.P.) 360 = 56 dias

6,42

Cálculo Direto 56.000 X 360

360.000

= 56 dias

CO = PME + PMR è CO = 52+ 29 = 81

CF = CO - PMP è CF = 81 – 56 = 25

Venda
PMR = 29

PME = 52
PMP = 56

Compra das Pagamento das compras Recebimento


matérias-primas das vendas

Ciclo Financeiro = 25 dias

Ciclo Operacional = 81 dias

26
Administração Financeira

PAGAMENTO

Alguns autores consideram o efeito fiscal e usam o conceito de compras brutas. Nesse caso
teríamos:

Giro das Duplicatas a Pagar (G.D.P.) Compras brutas a prazo

Fornecedores

Prazo Médio de Pagamento (P.M.P.) 360

G.D.P.

Cálculo Direto Fornecedores X 360


Compras Brutas a prazo

Como utilizamos 360 dias, as fórmulas fornecerão os prazos médios expressos em número de
dias.

Vamos retornar os dados da Cia. Ceará. O P.M.E. e o P.M.R. já foram calculados e precisamos
agora calcular o P.M.P.

O I.C.M.S. sobre as compras correspondeu a 18%. Logo, as compras brutas serão obtidas
através do quociente entre as compras líquidas e o fator 0,82 (= 1 – 0,18).

Estoque Final (E.F.) 50.000

Estoque Inicial (E.I.) 40.000

Custo das Vendas (C.M.V.) 350.000

Compras Líquidas (CL = E.F. – E.I. + C.M.V.) 360.000

Compras Brutas (CB = CL / 0,82) 439.024

Giro das Duplicatas a Pagar (G.D.P.) 439.024 = 7,83

56.000

Prazo Médio de Pagamento (P.M.P.) 360 = 46 dias

7,83

Cálculo Direto 56.000 X 360


= 46 dias
439.024

27
Administração Financeira

CO = PME + PMR è CO = 52+ 29 = 81

CF = CO - PMP è CF = 81 – 46 = 35

PME = 52 PMR = 29
PMP = 46

Compra das Pagamento Venda Recebimento das


matérias-primas Vendas

Ciclo Financeiro = 35 dias

Ciclo Operacional = 81 dias

4.2 Estratégias para reduzir o ciclo financeiro

Os prazos de estocagem e de cobrança afetam significativamente as necessidades de


recursos para financiar o giro das operações. Os prazos para pagamento concedidos pelos
fornecedores suprem parte dessas necessidades, A parcela remanescente deverá ser coberta
por outras fontes de recursos, durante um período correspondente ao ciclo financeiro.

Esses recursos sempre implicarão custos para a empresa, pois:

• Sendo originados de empréstimos e financiamentos, provocarão despesas financeiras, e


• Se forem constituídos por recursos próprios ou fontes não onerosas, apresentarão um
custo de oportunidade que corresponde ao retorno que a empresa obteria se aplicasse
esses fundos em outra operação de igual risco.

Deste modo, ao reduzir o ciclo financeiro a empresa estará otimizando o uso desses recursos e
reduzindo os custos correspondentes. Para tanto, existem três estratégias básicas:

1ª) Retardar os pagamentos aos fornecedores, sem comprometer o conceito creditício que a
empresa possui junto aos mesmos;

2ª) Acelerar o recebimento das duplicatas, sem afastar os clientes por excesso de rigor na
cobrança. Desde que sejam economicamente justificáveis, os descontos financeiros
oferecidos para estimular a antecipação de pagamento facilitarão alcançar os objetivos
desta estratégia;

3ª) Elevar o giro dos estoques até um ponto a partir do qual haveria riscos de paralisação do
processo produtivo por falta de materiais e de perda de vendas por falta de mercadorias.

28
Administração Financeira

4.3 Modelos de determinação de Caixa Mínimo

Caixa

É um ativo em forma de moeda corrente, que tem como finalidade efetuar o pagamento das
obrigações imediatas da empresa.

Títulos Negociáveis

São investimentos de curto prazo e alta liquidez, que têm como objetivo proteger recursos
temporariamente inativos.

Caixa e títulos negociáveis formam o ativo disponível, o mais líquido e o que apresenta a
menor rentabilidade para a empresa e, o objetivo básico da administração de caixa é investir o
menor montante de recursos possível nesse ativo, em função do mesmo não proporcionar
rentabilidade e nem tampouco retorno operacional à empresa. Entretanto, o administrador
financeiro deve estar atento ao fato de que os recursos devem estar disponíveis toda vez que
houver necessidade de desembolso de caixa, ficando assim garantida uma liquidez que possa
dar sustentação às atividades operacionais da empresa.

Para decidir a proporção mais adequada entre o investimento desses dois tipos de ativo, o
administrador financeiro deve sempre buscar aquela decisão que proporcione um equilíbrio
entre os custos de oportunidade (benefícios que a empresa deixa de obter ao optar por
investimentos em ativos menos rentáveis) e os custos de transação (custos incorridos pela
empresa quando necessita buscar recursos no mercado de crédito ou negocia no mercado
monetário sua carteira de títulos negociáveis).

“A administração de caixa tem mudado significativamente nos últimos anos em decorrência de


dois fatores. Primeiramente, as taxas de juros têm apresentado uma tendência à expansão na
maior parte do tempo, o que vem aumentando o custo de oportunidade de manter caixa e
encorajando os gerentes financeiros a procurar meios mais eficientes de administrar o caixa da
empresa. Em segundo lugar, novas tecnologias, particularmente os mecanismos
computadorizados de transferência eletrônica de recursos, têm tornado possível uma melhor
administração de caixa.”

Motivos da Existência de Saldos de Caixa

Numa situação ideal, em que uma empresa tenha controle total sobre sua liquidez, seu saldo
de caixa seria zero. Entretanto, fatores como custo do dinheiro, inflação, incerteza do fluxo de
caixa, entre outros, fazem com que as empresas, de modo geral, precisem manter, em
magnitudes diferentes, um nível mínimo de caixa.

Devemos considerar que para manter um saldo mínimo de caixa, a empresa arca com custos
de oportunidade.

Tradicionalmente, destacam-se três motivos para que uma empresa mantenha um valor
mínimo de caixa:

29
Administração Financeira

a) Efetuar transações: relaciona-se a necessidade de se manter recursos aplicados no caixa


para poder honrar os compromissos assumidos. Se houvesse sincronia perfeita entre
recebimentos e pagamentos, a demanda de caixa para transação seria desnecessária.

b) Por precaução: relaciona-se a imprevisibilidade dos fluxos de pagamentos futuros e a


aversão ao risco. Quanto mais propenso ao risco se mostrar a empresa, menor a
quantidade de dinheiro mantido no caixa pelo motivo de precaução.

c) Especulativas: a existência de recursos em caixa, nesta situação, decorre da perspectiva


de uma oportunidade futura para fazer negócios.

Tendo em vista que investimento em caixa representa perda de rentabilidade, a empresa deve
exercer controle sobre este item sem aumentar, em nível indesejado, o risco.

O caixa mínimo exigido dependerá de uma série de fatores, entre os quais destacam-se:
- Falta de sincronização entre pagamentos e recebimentos de caixa;
- Possibilidade de eventos não previstos no planejamento da empresa;
- Acesso a fontes de financiamento;
- Relacionamento com o sistema financeiro;
- Chance de furtos e desfalques;
- Prazos (de pagamento, recebimento e de estocagem) acima do necessário;
- Várias contas correntes;
- Produção com desperdício;
- Taxa de inflação;
- Política de crédito;
- Existência de um modelo de gestão de caixa;
- Regularidade nos recebimentos.

Em resumo, toda empresa necessita de um caixa mínimo para satisfazer a suas necessidades
financeiras. Para determinar o valor a ser mantido em caixa existem diversos modelos de
administração de caixa que podem ser utilizados.

O fluxo de caixa, por exemplo, é uma metodologia que permite à empresa determinar o fluxo
de recursos futuros da empresa e, a partir desta informação, ao administrar o caixa busca-se
minimizar a necessidade de recursos.

4.3.1 Modelo do Caixa Mínimo Operacional

Um forma simples de estabelecer o montante de recursos que uma empresa deverá manter em
caixa é através do Caixa Mínimo Operacional. Esta técnica, apesar de pouco sofisticada, pode
ser útil no estabelecimento de um padrão do investimento em caixa.

Para se obter o Caixa Mínimo Operacional(CMO), basta dividir os desembolsos totais previstos
por seu giro de caixa. Por sua vez, para obter o giro de caixa, divide-se 360, se a base for em
dias e o período de projeção for de um ano, pelo ciclo financeiro (ciclo de caixa), ou seja:

Giro de Caixa = 360 ÷ Ciclo Financeiro

30
Administração Financeira

CMO = Desembolsos Operacionais ÷ Giro de Caixa

Ou pela fórmula direta:

CMO = (DO x CF) / 360

ESTUDO DE CASO : EMPREENDIMENTOS PIRAQUARA S.A.

A empresa Empreendimentos Piraquara S.A. pretende melhorar a eficiência da gestão de seu


caixa. Seus valores a receber são cobrados, em média, em 45 dias e a idade média dos
estoques é de 60 dias. Os compromissos com seus de fornecedores são pagos no prazo de 30
dias. Sabendo-se que o CMO da empresa é de R$ 62.500,00, qual seria o novo CMO se os
desembolsos operacionais se mantivessem constantes e a empresa passasse a receber suas
vendas em 60 dias, a idade média dos estoques mudasse para 45 dias e o pagamento dos
fornecedores passasse para 90 dias, em média.

Situação 1:
PME = 60d CO = PME + PMR = 60 + 45 = 105
PMR = 45d CF = CO – PMP = 105 – 30 = 75
PMP = 30d DO = (CMO x 360) / CF = DO = (62.500 x 360) / 75 = 300.000

Situação 2:
PME = 45d CO = PME + PMT = 45 + 60 = 105
PMR = 60d CF = CO – PMP = 105 – 90 = 15
PMP = 90d CMO = (DO x CF) / 360 = (300.000 x 15) / 360 = 12.500

R: Novo CMO R$ 12.500,00

4.3.2 Modelo Baumol

Empresa que tem um fluxo regular de recebimentos de caixa, pode através de investimento de
curto prazo no mercado financeiro transforma-lo em diversos fluxos de caixa.

Aplica-se o modelo do lote econômico à administração de caixa. E como pode haver variações,
adota-se, como o estoque, o saldo de segurança.

2TF
C= K = VEC

C = quantidade ótima de caixa a ser levantada, vendendo-se títulos ou tomando-se


empréstimos.
T = quantia total de caixa líquido necessário para as transações durante o período.
F = custo fixo de vender título ou obter um empréstimo.
K = custo de oportunidade de manter caixa.

O objetivo do modelo de Baumol é determinar o valor econômico de conversão de caixa (VEC)


que minimize o custo total: custo de conversão + custo de oportunidade. Assim, as

31
Administração Financeira

transferência de caixa que sejam maiores ou menores do que o VEC resultam em custos totais
superiores.

4.3.3 Modelo de Miller e Orr

Os modelos de caixa mínimo operacional e Baumol consideram o fluxo de caixa de uma


empresa como já conhecido. São modelos determinísticos de administração de caixa,
assumindo a total previsibilidade de seus valores. Já o modelo de Miller e Orr trabalha com um
comportamento de caixa não determinístico, com caracterização imprevista, inexistindo relação
preestabelecida do comportamento dos recursos ao longo do tempo. É um modelo de
administração de caixa utilizado nas situações em que os fluxos de caixa são aleatórios.

1 3 4Z - L
! 3F∂2 $
Z= # & Saldo médio de caixa = 3
" 4K %

Z = ponto de retorno
F = custo de conversão
∂ = variação dos fluxos líquidos diários de caixa
K = custo de oportunidade
L = limite inferior de caixa estabelecido pela empresa

O modelo de Miller Orr foi desenvolvido para um fluxo de caixa com um comportamento como
demostrado no diagrama abaixo:
Saldo de caixa
Limite
superior

Ponto de
retorno

Limite
inferior

Tempo

No modelo de Miller e Orr o saldo de caixa pode oscilar livremente até atingir um limite superior
ou inferior. Neste ponto, a empresa compra ou vende títulos para repor o saldo no ponto de
retorno, que é o limite inferior mais um terço da distância entre os limites superior e inferior.

Para usar o modelo Miller-Orr, o administrador deve fazer quatro coisas:

1ª Fixar o limite inferior de controle do saldo de caixa. Este limite inferior deve estar associado
a uma margem mínima de segurança determinada pela administração da empresa.

2ª Estimar o desvio-padrão dos fluxos diários de caixa.

3ª Determinar a taxa de juros

4ª Estimar os custos de conversão decorrentes da compra e venda de títulos negociáveis.


32
Administração Financeira

LISTA DE EXERCÍCIOS

1) A Cia. Giro Total previu que as suas necessidades totais (permanentes e temporárias) de
financiamento para o próximo ano serão as seguintes:

Jan. 840.000 Abr. 680.000 Jul. 780.000 Out. 580.000


Fev. 650.000 Mai. 720.000 Ago. 640.000 Nov. 600.000
Mar. 600.000 Jun. 550.000 Set. 550.000 Dez. 780.000

a) Calcular o custo total de financiamento sob as estratégias agressiva e conservadora,


considerando que os recursos de curto prazo custam 4% e os de longo prazo 8%.

b) Calcular o custo total de financiamento sob um plano intermediário (50% entre agressivo e
conservador), considerando que os recursos de curto prazo custam 4% e os de longo prazo
8%.

c) Elabore o quadro com aos resultados dos cálculos.

2) A Cia. Todo Giro previu que as suas necessidades totais (permanentes e temporárias) de
financiamento para o próximo ano serão as seguintes:

Jan. 340.000 Abr. 380.000 Jul. 480.000 Out. 380.000


Fev. 350.000 Mai. 420.000 Ago. 440.000 Nov. 300.000
Mar. 300.000 Jun. 450.000 Set. 450.000 Dez. 380.000

a) Calcular o custo total de financiamento sob as estratégias agressiva e conservadora,


considerando que os recursos de curto prazo custam 1% e os de longo prazo 2%.

b) Calcular o custo total de financiamento sob um plano intermediário (50% entre agressivo e
conservador), considerando que os recursos de curto prazo custam 1% e os de longo prazo
2%.

c) Elabore o quadro com aos resultados dos cálculos:

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Administração Financeira

3) A Cia. Amapá obteve durante o mês de janeiro de 2.013 a seguinte movimentação:

a) Compra de mercadorias por $100.000 sendo pagos 30% à vista e 70% para 30 dias;
b) Compra de equipamentos de informática por $20.000 à vista;
c) Venda de 30% das mercadorias por $50.000 a prazo;
d) Venda de mais 30% das mercadorias por $45.000, sendo, 50% à vista e o saldo para
30 dias;
e) Venda do equipamento de informática por $22.000 a prazo.

Apurar o demonstrativo de resultado e o saldo de caixa do mês de janeiro/2013.

4) As vendas e compras realizadas pela Companhia Nacional para novembro e dezembro de


2012, juntamente com as vendas e compras previstas para o período de janeiro a março de
2.013, são apresentadas abaixo:

Ano Mês Valor Vendas - Valor Compras -


R$ R$
2012 Novembro 210.000 60% das vendas
Dezembro 250.000 60% das vendas
2013 Janeiro 170.000 60% das vendas
Fevereiro 160.000 60% das vendas
Março 140.000 60% das vendas

A empresa fatura 20% do total de suas vendas à vista e cobra 40% de suas vendas após 30 e
40% após 60 dias. Outras entradas de caixa esperadas são de R$ 12.000 em janeiro e em
fevereiro e de R$ 15.000 em março. A empresa paga 10% de suas compras à vista, 50% no
mês seguinte e o saldo dois meses depois.

Pagamento de salários perfazem 20% das vendas do mês precedente. O aluguel de R$ 20.000
precisa ser pago mensalmente. Os pagamentos de juros de R$ 10.000, referentes a um
financiamento de longo prazo, vencem em janeiro e em março. A empresa espera pagar um
total de R$ 30.000 de dividendos em duas parcelas iguais em fevereiro e março, sendo que
neste último mês também vence o prazo para pagamento de impostos no valor de R$ 30.000.
A empresa pretende fazer um investimento de capital no valor de R$ 25.000 em fevereiro. O
valor de seguros a pagar é de R$ 15.000 ao mês, enquanto o saldo de caixa esperado em 31
de dezembro de 2012 é de R$ 22.000.

PEDE-SE: Supondo que a empresa deseja manter um saldo operacional de caixa no valor de
R$ 15.000 em 2.013, faça o planejamento de caixa da empresa para o 1º trimestre de 2.013,
determinando ainda os excedentes de caixa a serem investidos mensalmente e/ou as
necessidades de financiamento de curto prazo. Considere rentabilidade de aplicações
financeiras de curto prazo de 1,5% ao mês com crédito no último dia do mês subsequente e
juros de empréstimos bancários de 4,5% ao mês com débito automático em contracorrente
também no último dia do mês subsequente.

34
Administração Financeira

5) A empresa Empreendimentos Piraquara S.A. pretende melhorar a eficiência da gestão de


seu caixa. Seus valores a receber são cobrados, em média, em 45 dias e a idade média dos
estoques é de 60 dias. Os compromissos com seus de fornecedores são pagos no prazo de 30
dias. A empresa gasta $ 250.000 por ano de 360 dias, a uma taxa constante, para dar suporte
ao ciclo operacional. Supondo o ano de 360 dias:

a) Calcule o ciclo operacional da empresa.

b) Calcule o ciclo financeiro.

c) Calcule o Caixa Mínimo Operacional (CMO).

d) Quais as alternativas possíveis para que empresa possa reduzir o ciclo de caixa?

Calcule os resultados do ciclos operacional, financeiro e CMO se acontecerem as seguintes


hipóteses independentes:

e) Os valores a receber são cobrados, em média, em 60 dias.

f) Os compromissos com fornecedores são pagos, em média, em 90 dias.

g) A idade média dos estoques passa a 45 dias.

h) Todas as alterações (e, f, g) simultaneamente.

6) Suponha que uma empresa tenha projetado, para certo exercício, desembolsos totais
líquidos de $2.700.000,00. Sabe-se que seu ciclo financeiro alcança 45 dias, ou seja, este é o
intervalo de tempo em que a empresa somente desembolsa recursos, ocorrendo entradas de
fluxos financeiros somente a partir do 46º dia.

a) Determinar o Caixa Mínimo Operacional desta empresa.

b) Qual será o Caixa Mínimo Operacional , se a empresa alterar seu ciclo financeiro para 24
dias. Determinar a economia obtida considerando o custo de oportunidade de 12% para o
exercício em relação ao item (a).

c) Qual será o Caixa Mínimo Operacional, se a empresa alterar seu ciclo financeiro para 60
dias. Determinar o custo adicional considerando o custo de oportunidade de 12% em relação
ao item (a).

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Administração Financeira

7) Uma empresa projetou, para certo exercício, saídas de caixa de $3.500.000,00, sendo seu
ciclo financeiro de 90 dias, pede-se:

a) determinar o Caixa Mínimo Operacional desta empresa.

b) Qual será o Caixa Mínimo Operacional e economia obtida considerando o custo de


oportunidade de 16%, se a empresa alterar seu ciclo financeiro para 45 dias.

c) Qual será o Caixa Mínimo Operacional e custo adicional em relação ao item (a) se a
empresa alterar seu ciclo financeiro para 120 dias, considerando o custo de oportunidade de
16%.

8) A “Cia. Goiás S/A” possuía os seguintes saldos em 31/12/2013.

- Clientes $600.000,00
- Estoques $700.000,00
- Fornecedores $550.000,00

Durante o exercício (2.013), as receitas brutas com vendas foram de $2.700.000,00 e os custos
das vendas $1.900.000,00.

Considerando que:

- Todas as compras e vendas são realizadas a prazo;


- A alíquota de ICMS sobre as compras seja de 18% (usar o conceito de compras brutas); e
- O estoque final de mercadorias (estoque) em 31/12/2012 era $450.000,00.

a) Calcule o P.M.E.

b) Calcule o P.M.R.

c) Calcule o P.M.P.

d) Calcule o Ciclo Operacional.

e) Calcule o Ciclo Financeiro.

f) Calcule o Caixa Mínimo Operacional considerando que os desembolsos anuais


correspondem a $ 1.750.000,00, assim como os custos caso o “custo de oportunidade”
seja de 17%.

g) Calcule o novo Caixa Mínimo Operacional e o custo caso o Ciclo Financeiro sofra uma
redução de 10 dias.

h) Calcule o novo Caixa Mínimo Operacional e o custo caso o Ciclo Financeiro sofra uma
elevação de 10 dias em relação ao item “f”.

i) Calcule a diferença dos custos ocorrida entre os itens “f” e “g”.

j) Calcule a diferença dos custos ocorrida entre os itens “f” e “h”.

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