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Ciências

8o. ano
Volume 3
Livro
didático 5 Reprodução e vida 2

6 Seres vivos 34

O projeto gráfico atende aos objetivos da coleção de


diversas formas. As ilustrações, os diagramas e as
figuras contribuem para a construção correta dos
conceitos e estimulam um envolvimento ativo com
os temas de estudo. Sendo assim, fique atento aos
seguintes ícones:

Coloração artificial

Coloração semelhante à natural


Divo Padilha. 2010. Digital.

Fora de proporção

Formas em proporção

Imagem microscópica

Escala numérica

Fora de escala numérica

Imagem ampliada

Representação artística
5
Reprodução e vida

©Getty Images/AFP
Por mais realista que
pareça, a imagem retrata
uma escultura. Nela,
observamos uma idosa
com um bebê. A vida de
uma pessoa se caracteriza
como um ciclo que se inicia
com o nascimento e se
encerra com a morte. A vida
humana está em contínua
renovação, graças à geração
de descendentes.
1. Quais são as principais
etapas do nosso ciclo de
vida?
2. O que aconteceria se, de
repente, não houvesse
mais nascimentos na
espécie humana?
3. Como ocorre a geração
de descendentes em
outras espécies de seres
vivos?

JINKS, Sam. Woman and child


(Mulher e criança). 2010. 1 escultura
em materiais diversos. Coleção
particular.

2
Objetivos
• Compreender os diferentes processos reprodutivos que ocorrem nos seres vivos.
• Analisar as principais mudanças que ocorrem nas diferentes fases da vida humana, com ênfase
na adolescência.
• Justificar o papel do sistema genital do homem e da mulher na função de reprodução, com
base na análise de suas estruturas básicas e respectivas funções.
• Comparar o modo de ação e eficácia dos principais métodos contraceptivos.
• Identificar os principais sintomas, modos de transmissão, tratamento e prevenção das princi-
pais infecções sexualmente transmissíveis.

A partir deste volume, serão iniciados os conteúdos relacionados à unidade temática Vida e Evolução, e você
estudará assuntos relacionados à Biologia.
Neste capítulo, serão explorados aspectos mais complexos das relações consigo mesmo e com os outros,
com a natureza e com o ambiente. Certamente, você terá condições de protagonizar escolhas de posiciona-
mentos que valorizem as suas experiências pessoais e coletivas, o autocuidado com o seu corpo e o respeito
com o do outro, enfatizando o cuidado integral à saúde.

Reprodução dos seres vivos


A imagem no início do capítulo, apesar de ser uma escultura, representa com grande exatidão várias de nos-
sas características físicas. Para alguns seres vivos, o aspecto físico pode ser importante, mas há também aquelas
características que definem um ser vivo e que nem sempre são visíveis.
A organização celular, a presença de metabolismo, a necessidade de energia, a reação a estímulos, a presen-
ça de ciclo de vida e a reprodução são características essenciais presentes nos seres vivos.
Entre todas essas características, uma das mais im-
©Shutterstock/Jeff Thrower

portantes para a continuidade da vida é a habilidade


dos seres vivos de se reproduzirem e gerarem novos
descendentes, ou seja, a capacidade de darem origem
a outros indivíduos semelhantes.
Essa característica não está ligada apenas ao indi-
víduo, mas relacionada a um conjunto de indivíduos e
à sua permanência ao longo do tempo.
A reprodução é essencial a todas as formas de vida.
Há dois tipos principais de reprodução: a assexua-
60 cm

da e a sexuada.
A reprodução garante a perpetuação da espécie.

Reprodução assexuada
Na reprodução assexuada, ocorre a participação de apenas um indivíduo. Nesse processo, ocorre a formação
de indivíduos geneticamente idênticos àquele que lhes deu origem.
A reprodução assexuada, no entanto, não é muito vantajosa para a espécie, pois existe pouquíssima diver-
sidade genética e os novos indivíduos gerados são praticamente idênticos entre si. Se uma variação ambiental
prejudicar um indivíduo, acabará prejudicando todos os demais, pois todos têm as mesmas características. Por
isso, a variedade é importante, pois pode possibilitar melhores chances de sobrevivência no ambiente.
A vantagem da reprodução assexuada é a de que ela é rápida e pode proporcionar um crescimento popu-
lacional bastante expressivo em um curto espaço de tempo.
São exemplos de reprodução assexuada a divisão simples, o brotamento, a partenogênese e a multiplicação
vegetativa.
3
Divisão simples
Nos seres vivos unicelulares, a célula faz uma cópia de seu próprio material genético e, depois, divide-se ao
meio, dando origem a duas células praticamente iguais à célula inicial, ou seja, de um único ser vivo, surgem
dois outros.
Também chamada de cissiparidade, bipartição ou fissão binária, a divisão simples ocorre em organis-
mos como bactérias, alguns fungos e protozoários. Como esses organismos são formados por uma única célula,
basta que ela se divida em duas para gerar um novo indivíduo.
Divisão do Duas
Multiplicação e

©Shutterstock/Preeda340
citoplasma células-filha
Célula-mãe divisão do núcleo
Alguns organismos multicelulares são capazes de
se dividirem ao meio, originando dois indivíduos
independentes e geneticamente iguais, seme-
lhante ao que ocorre na divisão simples. Esse
processo ocorre em planárias.
• Esquema de divisão simples em organismo unicelular

Brotamento
Em alguns animais, a reprodução assexuada ocorre por meio da formação de brotos superficiais no indi-
víduo, como é o caso de algumas espécies de esponjas, hidras e corais. Nesse caso, o pequeno broto cresce e
depois se destaca, dando origem a um novo indivíduo.
O brotamento também pode acontecer em organismos unicelulares, como leveduras (tipo de fungo).
A B
©Latinstock/Omikron/Photoresearchers

©Wikimedia Commons/Mogana Das Murtey e Patchamuthu Ramasamy


10 mm

Em A, hidra, animal de água doce com capacidade de produzir brotos, como podemos ver ao
lado do animal. Em B, levedo de cerveja, um ser unicelular, realizando brotamento.

Partenogênese
A partenogênese (do grego parthenos, virgem; genesis, nascimento) é um processo reprodutivo assexuado
em que não ocorre a fecundação. Nesse caso, as fêmeas dão origem a um novo indivíduo sem a participação do
macho. Ocorre apenas a divisão do gameta feminino não fecundado, originando um novo indivíduo.
A partenogênese ocorre em abelhas para a formação do zangão. Ela também pode ocorrer em alguns crus-
táceos, lagartos, salamandras, peixes e aves.
Possivelmente, a ocorrência de partenogênese na natureza seja uma forma de aumentar a população de
animais em regiões onde a espécie esteja ameaçada, geralmente em ambientes degradados ou sujeitos a va-
riados tipos de impactos ambientais. Se as fêmeas não encontram machos para acasalar, acabam gerando os
filhotes sozinhas.

4 8o. ano – Volume 3


Multiplicação vegetativa
Certas partes das plantas são capazes de gerar novas plantas. O caule da batata-inglesa, por exemplo, pode
gerar ramos e, depois, a planta toda. Outras plantas podem originar novas plantas a partir de brotos que surgem
de suas folhas.
Brotos
©Shutterstock/KYTan

4 cm 7 cm

• Reprodução assexuada
g
na formação de brotos
Horn em uma folha e em
/ Mau
ters tock uma batata-inglesa
© Shut

Fazendo Ciência
A reprodução assexuada pode ser observada em algumas espécies de plantas. Há diversas maneiras pelas
quais as plantas se reproduzem de modo assexuado.
Podemos ver um exemplo disso realizando um experimento.
Materiais: um vasinho de violeta africana; tesoura; copos; água; vaso com terra; palitos descartáveis.
Como fazer
1. Corte três folhas da violeta bem rente à terra, escolha as folhas mais velhas.
2. Coloque cada uma dessas folhas em um copo com água, presas com palitos, conforme a imagem.
3. Observe diariamente a ponta do pecíolo
da folha. Quando houver raízes medindo
cerca de 2 cm de comprimento, coloque
essa folha na terra fofa de um vaso.
4. Regue a terra (sem excessos), mantendo-
©Shutterstock/Kazakova Maryia

-a sempre úmida. Evite molhar as folhas.


Coloque o vaso em lugar bem claro, mas
longe da luz solar direta.

©P. Imagens/Pith
Resultados
1. Por que podemos dizer que essa é uma maneira de reproduzir uma planta assexuadamente?

2. Se a planta de onde foram retiradas as folhas tiver flores rosa, qual será a cor das flores das plantas-filha?

3. Podemos afirmar que nosso experimento produziu clones da planta inicial. Pesquise o que é um clone.

Ciências 5
Reprodução sexuada
Na reprodução sexuada, dois indivíduos produzem descendentes
com características genéticas herdadas de ambos os progenitores.

©Shutterstock/Ubrx
É o tipo de reprodução mais comum entre os organis-
mos multicelulares, como os animais. Nesse processo, há a
produção de células especiais chamadas células reprodu-
toras ou gametas. Quando os gametas de indivíduos de
sexos diferentes se encontram, ocorre a fecundação. Dessa
forma, o material genético das duas células se une, originando
uma célula-ovo, ou zigoto, que se desenvolve, dando ori-
gem a um novo indivíduo geneticamente diferente dos pais.
A união dos gametas na reprodução sexuada é chamada
de fecundação, que pode ser externa ou interna.
• Representação artística do momento da união dos game-
tas, quando surge uma célula-ovo que dará origem a um
novo indivíduo.
Fecundação externa
Nesse tipo de fecundação, o encontro dos gametas ocorre no ambiente, ou seja, fora do corpo. Na fecunda-
ção externa, é comum a produção de um número muito elevado de ovos para garantir que pelo menos alguns
dos novos indivíduos cheguem à idade adulta, pois muitos ovos acabam servindo de alimento aos predadores.
Ocorre em anfíbios, na maior parte dos peixes e em diversos invertebrados.
©Shutterstock/Matteo Photos

o de
na Pete, Serviç
vagem dos EUA
mmons/Pattavi
©Wikimedia Co
Pesca e Vida Sel
• Ovos de anfíbio

15 cm
Os ovos de alguns anfíbios, como os sapos, desenvolvem-se
Em grande parte dos anfíbios, a reprodução ocorre próximo a ambientes em ambiente aquático, onde muitos servirão de alimento para
aquáticos. O macho abraça a fêmea (amplexo), estimulando-a a liberar os outros organismos. Como proteção, eles ficam unidos numa
gametas no ambiente, sobre os quais são liberados os espermatozoides. grande massa gelatinosa.
A fecundação é externa porque ocorre no ambiente, fora do corpo.

Fecundação interna
ej Prosicky

Nesse tipo de fecundação, a união dos gametas


90 cm

ocorre dentro do corpo da fêmea. Os ovos são produ-


©Shutterstock/Ondr

zidos em menor quantidade quando comparados à


fecundação externa.
A fecundação interna ocorre em insetos, raias, tu-
barões, répteis, aves e mamíferos.

• Macho e fêmea de pinguim


se reproduzindo

6 8o. ano – Volume 3


Reprodução sexuada nas plantas
As plantas também produzem gametas e se reproduzem de
forma sexuada. Nas plantas com flores, ocorre a produção de grãos
de pólen, que são levados à parte feminina da flor, onde ocorre a
fecundação. A semente é originada a partir da união dos gametas e
abriga em seu interior o embrião de uma nova planta.
7 mm

©Shutterstock/Showcake
• Representação do desenvol-
vimento de uma nova planta
a partir do embrião presente
na semente
7 mm

+ Zoom
Como unidade fundamental da vida, a maioria das DNA
células nasce, desenvolve-se, reproduz (se divide) e
morre, realizando um ciclo semelhante ao dos seres
vivos. O processo de formação de novas células ocorre

Divo Padilha. 2004. 3D.


pela divisão celular. Célula

No interior de todas as células, existe o material ge-


Núcleo
nético do organismo, responsável por determinar as
suas características. Nas células eucarióticas, o material
genético se encontra dentro do núcleo, é formado por
DNA (ácido desoxirribonucleico) e está organizado na
forma de filamentos denominados cromossomos.
Cada espécie de ser vivo tem um número característico • Representação esquemática da estrutura do DNA e seu
de cromossomos, que deve ser o mesmo para todos os enovelamento até a formação de um cromossomo
indivíduos da espécie.
Nós, seres humanos, temos, em cada núcleo celular, 46 cromossomos (23 pares). Metade deles nós
herdamos da nossa mãe; e a outra metade, do pai.
Mas como isso é possível? Na fecundação, processo que também ocorre na formação dos seres hu-
manos, duas células sexuais (os gametas masculino e feminino) se unem. Cada uma dessas células tem
23 cromossomos. Com a união dos gametas, o novo indivíduo passa a ter 46 cromossomos.
Para que o número final de cromossomos após a fecundação seja sempre 46, na produção dos ga-
metas ocorre um processo diferenciado de divisão celular, chamado de meiose. Nesse caso, no fim do
processo, formam-se 4 células com a metade do número de cromossomos da célula original. A meiose
também ocorre na formação dos gametas de todos os animais e também durante a produção das células
reprodutivas das plantas.
As células que não são gametas, ou seja, não participam da fecundação, realizam outro tipo de divi-
são celular, pois não precisam reduzir o número de cromossomos, apenas mantê-lo. Mitose é o nome
dado ao processo de divisão celular em que uma célula se divide em duas, originando duas novas células
com o mesmo número de cromossomos.
A mitose é o tipo de divisão mais comum nas células que formam o corpo humano. Ela é importante
para as células que se desgastam rapidamente e morrem, como as que formam a pele, uma vez que
possibilita um crescimento celular mais rápido.

Ciências 7
Atividades
1. Complete as frases abaixo, que fazem referência à reprodução assexuada dos organismos. Depois, por
meio de desenhos, represente essas formas de reprodução.
a) Um organismo unicelular, como as bactérias b) Alguns organismos, como as hidras, podem se
e certas algas, pode se dividir em dois reproduzir assexuadamente por .
geneticamente iguais. É o processo da
.

2. Complete o quadro a seguir com as características gerais que diferenciam a reprodução sexuada e a re-
produção assexuada.

Características Assexuada Sexuada


Qual o número de indivíduos
envolvidos?

Há variabilidade genética?

Ocorre nos seres humanos?

É muito comum em bactérias?

Como ocorre essa forma de reprodução


em plantas?

Como ocorre essa forma de reprodução


em animais?

3. Considere que as formas representadas abaixo ilustram, esquematicamente, dois tipos de reprodução. Indique
o nome do tipo de reprodução esquematizado e se é um exemplo de reprodução sexuada ou assexuada.

Nome do processo:

Tipo de reprodução:

Nome do processo:

Tipo de reprodução:

4. Considerando as principais características da reprodução assexuada e da sexuada, relacione as colunas a seguir.


( 1 ) Reprodução assexuada ( ) Envolve a participação de gametas.
( 2 ) Reprodução sexuada ( ) O ser gerado é igual ao ser que lhe deu origem.
( ) Ocorre com seres humanos.
( ) Envolve o processo de fecundação.
( ) É comum em bactérias.

8 8o. ano – Volume 3


Vida humana: transformações e permanências
Para a formação de um novo ser humano, ocorre a reprodução sexuada, com a participação de gametas
femininos e masculinos, que, após a fecundação, dão origem a uma célula-ovo, também chamada de zigoto,
que sofrerá inúmeras divisões (mitoses) e formará um embrião. Após algumas semanas, o embrião passa a ser
chamado de feto. O desenvolvimento embrionário humano ocorre dentro do útero materno e, normalmente,
demora cerca de 40 semanas até o nascimento.

I
©Shutterstock/MB
A espécie humana, assim como ocorre nos demais
animais e em diversos seres vivos, apresenta um ciclo
de vida que se inicia com o nascimento – os indivíduos
nascem, crescem, reproduzem-se e morrem. Entre es-
ses acontecimentos, ocorrem muitas transformações
na estrutura dos organismos, com diferenças no corpo
bastante perceptíveis.
Costumamos dividir os períodos da vida humana
em fases, tais como: infância, adolescência, fase adulta
e velhice.
Ao longo da nossa vida, passamos por fases bastante distintas, cada uma
Infância delas marcada por características específicas.

A infância é o período que se inicia com o nascimento e, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adoles-
cente (ECA), estende-se até os 12 anos de idade (incompletos).
Os primeiros anos de vida de uma pessoa são fundamentais para o seu desenvolvimento. É nesse período
que ocorrerá a maior parte do crescimento do corpo e o desenvolvimento da capacidade intelectual da pessoa.
Por isso, é nessa faixa etária que observamos os maiores impactos provenientes da qualidade da alimentação,
do acesso a saneamento básico, da educação de qualidade, bem como das influências culturais.
Até os 3 anos de idade, o cérebro atingirá cerca de 80% do seu tamanho quando adulto. Por isso, é neces-
sário que ele seja bastante estimulado nesse período, o que garantirá que se estabeleçam conexões nervosas
adequadas.

De acordo com a Convenção sobre os Direitos da Criança, as crianças


devem ter assegurada a sua proteção contra toda forma de discriminação ou
castigo por causa da condição, das atividades, das opiniões manifestadas ou
das crenças de seus pais, representantes legais ou familiares.
©Shutterstock/Rawpixel

9
Adolescência

©Shutterstock/MBI
A adolescência é a fase de transição entre a infância
e a idade adulta. Há algumas controvérsias sobre a idade
de sua abrangência. O ECA cita que a adolescência com-
preende o período dos 12 até os 18 anos.
É na adolescência que ocorre a puberdade e seu iní-
cio varia entre os meninos e as meninas e de pessoa para
pessoa, pois depende de fatores individuais como heran-
ça genética, alimentação, estresse, prática de atividades
físicas, entre outros.
No início da adolescência, as transformações físicas,
psicológicas e comportamentais ocorrem juntas e o cor-
po vai adquirindo uma nova forma. As transformações
biológicas e as alterações na personalidade que ocorrem
nessa fase são decorrentes da atuação do sistema nervo-
so e dos hormônios, incluindo os sexuais.
Uma das primeiras mudanças que ocorrem nessa fase é o crescimento em estatura, com grande desenvol-
vimento ósseo e muscular. Como nessa fase o adolescente atinge a puberdade, ocorre a maturidade sexual,
com o aparecimento das características sexuais relacionadas diretamente à reprodução: o desenvolvimento do
pênis, dos testículos, dos ovários, do útero e da vagina.
Com o desenvolvimento dos testículos e dos ovários, também começam a aparecer os caracteres sexuais se-
cundários, que variam entre meninos e meninas. Nos meninos, ocorre mudança no timbre da voz, alargamento
dos ombros, aparecimento de pelos no rosto, axilas e região pubiana, crescimento do pênis e testículos e pri-
meira ejaculação. Nas meninas, ocorre o desenvolvimento das glândulas mamárias, o alargamento do quadril, o
aparecimento de pelos nas axilas e região pubiana e a primeira menstruação (menarca).
Todas essas mudanças na adolescência são desencadeadas pelo hipotálamo, uma região do cérebro que
manda um sinal para a glândula hipófise, que libera os hormônios chamados gonadotróficos, os hormônios
luteinizante (LH) e folículo-estimulante (FSH). Nas meninas, esses hormônios agirão sobre os ovários, estimu-
lando a secreção de outros hormônios, o estrogênio e a progesterona. Nos meninos, o LH e o FSH estimularão
a produção do hormônio testosterona e de espermatozoides nos testículos.

Produção do hormônio
Região do No homem TESTOSTERONA pelos
sistema nervoso testículos
Envia estímulos Libera os hormônios
Hipotálamo para a glândula
Hipófise Produção dos hormônios
LH e FSH
Na mulher ESTROGÊNIO e
PROGESTERONA
pelos ovários

O que muda na adolescência


Há muitas modificações físicas e emocionais que acompanham a adolescência e essas mudanças aconte-
cem mais cedo para as meninas.
Além de o corpo ir gradualmente se tornando apto a se reproduzir, os hormônios sexuais – progesterona,
estrogênio e testosterona – também induzem outras modificações no corpo do adolescente, como o aumento
da produção de suor e consequente aparecimento de odores. Como as glândulas estão mais ativas, suas secre-
ções podem servir de meio para a proliferação de bactérias na pele e ocasionar mau cheiro. Os fungos também
podem aparecer principalmente nos pés, devido à umidade, ao calor e à proteção da luz, que ocorrem com o
uso frequente de meias e de calçados fechados.

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A ação desses hormônios também pode provocar, em alguns adolescentes, o surgimento de acne (espi-
nhas) na pele do rosto e em outros locais do corpo, como nas costas, peito e ombros.
A acne se forma quando a gordura produzida pelas glândulas fica acumulada e não consegue sair pelo poro,
atraindo bactérias que ocasionam uma inflamação.

Bactérias se multiplicam dentro da


glândula sebácea. O corpo pode reagir
produzindo uma inflamação e a pele
no local fica vermelha e com pus,
caracterizando a espinha.

Epiderme

©Shutterstock/Sakurra
Glândula
sebácea

• Formação da acne
Poro saudável Poro bloqueado Poro inchado e inflamado

Na fase inicial da adolescência, meninas e meninos tornam-se mais conscientes de seu corpo do que quan-
do eram crianças pequenas, podendo mudar o seu comportamento.
Como a adolescência marca uma época de muitas mudanças no corpo do indivíduo, quando associadas às
influências sociais, essas mudanças frequentemente são acompanhadas com constantes variações de humor e
de comportamento. E emoções como felicidade, tristeza, agitação, preguiça e agressividade podem fazer parte
de um único dia de um adolescente.
As mudanças no corpo são muito bruscas e aparentes
©Shutterstock/Ollyy

e isso traz ao adolescente algumas inseguranças e neces-


sidade de autoafirmação. Também ocorre, na maioria dos
adolescentes, a necessidade de fazer parte de um grupo
com interesses comuns.
Intelectualmente, é durante a fase inicial da adoles-
cência que o lobo frontal do cérebro, região que governa
o raciocínio e as tomadas de decisão, começa a se de-
senvolver. O adolescente desenvolve um raciocínio mais
rápido e eficaz em elaborações mais complexas, pode
apresentar aumento na concentração e melhor seleção
de informações, sua memória adquire melhor capacida-
de de retenção e a linguagem torna-se mais complexa
com aumento do vocabulário e da expressão.

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Infância e adolescência no Brasil
©Shutterstock/Filipe Frazao

O Brasil possui uma população de 206,1 milhões de pessoas, dos quais 57,6 milhões têm
menos de 18 anos de idade (Estimativa IBGE para 2016). Mais da metade de todas as crianças e
adolescentes brasileiros são afrodescendentes e um terço dos cerca de 820 mil indígenas do país
é criança. [...]
O Brasil tem uma das legislações mais avançadas do mundo no que diz respeito à proteção da
infância e da adolescência. No entanto, é necessário adotar políticas públicas capazes de combater e
superar as desigualdades geográficas, sociais e étnicas do país e celebrar a riqueza de sua diversidade.

INFÂNCIA e adolescência no Brasil. Disponível em: <https://www.unicef.org/brazil/pt/activities.html>. Acesso em: 2 ago. 2018.

Conexões

http://g1.globo.com/como-sera/quadros/adolescentes/noticia/2017/03/especialista-da-10-dicas-sobre-mudanca-fisica-na-adolescencia.html

ESPECIALISTA DÁ DEZ DICAS SOBRE MUDANÇA FÍSICA NA ADOLESCÊNCIA


1 – Alimentação examinar você e se for o caso pedir alguns exames para
É muito importante que o jovem se alimente bem, com responder essa questão.
qualidade, pois a energia proveniente das refeições 7 – Ginecomastia puberal
vai servir de combustível para o crescimento e demais É o aumento da glândula mamária nos meninos durante
mudanças no corpo. Uma pessoa desnutrida demora a puberdade. Cerca de 2/3 dos jovens apresentam algum
mais para entrar em puberdade. sinal desse aumento. Na maioria dos casos, após 1 ano e
2 – Sono meio a glândula mamária regride de tamanho. Se você se
O GH (hormônio do crescimento) tem seu efeito mais preocupa com essa mudança no seu corpo, procure um
pronunciado durante a noite. Portanto dormir pelo médico para te orientar.
menos 8 horas por noite garante que esse hormônio 8 – Pelos
possa atuar de maneira eficaz. Algumas pessoas querem ter pelos, barba e outras pessoas
3 – Exercícios Físicos reclamam porque acham que têm pelos demais. Essa
O nosso corpo foi feito para o movimento. Nessa etapa questão também pode ser avaliada por um especialista.
da vida ele é fundamental [para] que ossos, músculos, 9 – Vacinas
tendões e demais estruturas possam crescer e se Existem vacinas que são administradas na adolescência.
desenvolver de maneira saudável. Então largue o celular É bom verificar se a carteira de vacinação está em dia.
e vá se movimentar. Procure um médico para conferir se os “carimbos” das
4 – Acne (espinhas) vacinas estão em ordem.
Hoje existem tratamentos bem eficientes e específicos 10 – Menstruação
para cada grau de acne. Ninguém precisa sofrer com a Após a primeira menstruação (menarca) muitas mudanças
pele cheia de espinhas. Procure um médico especialista. acontecem com o corpo da menina. É importante que ela
5 – CC (cheiro do corpo) seja orientada como agir nessa nova etapa da vida. Além
disso, ninguém precisa sofrer com cólicas menstruais.
As mudanças nos hormônios provocam novidades no
Existe sempre uma opção para evitar dores decorrentes
corpo. Uma delas é relacionada ao cheiro que o corpo
dessas mudanças.
começa a exalar. Portanto caprichar no banho e usar
desodorante é fundamental.
6 – Até quando eu vou crescer? O médico hebiatra é o especialista que cuida da saúde do
A entrada na puberdade depende de vários fatores. adolescente.
Inclusive do fator genético. O médico hebiatra pode

LIMA, Maurício de S. Especialista dá dez dicas sobre mudança física na adolescência. Disponível em: <http://g1.globo.com/como-sera/quadros/
adolescentes/noticia/2017/03/especialista-da-10-dicas-sobre-mudanca-fisica-na-adolescencia.html>. Acesso em: 2 ago. 2018.

E você, que mudanças físicas tem percebido em seu corpo? Tem cuidado da sua alimentação e realizado
atividades físicas? Reflita sobre as suas mudanças e a maneira como está lidando com elas.

12 8o. ano – Volume 3


Fase adulta
A principal característica da fase adulta é a maturidade dos sistemas orgânicos. Apesar de o final da adoles-
cência se completar aos 18 anos, nem sempre o início da fase adulta se inicia exatamente nessa idade, pois ela
depende do desenvolvimento de cada pessoa, das suas características físicas, psicológicas e do seu contexto
social.
Na fase adulta, geralmente ocorre a estabilidade da pessoa, no meio familiar, social e profissional.
É a fase mais longa do indivíduo e muitas vezes a mais ativa socialmente. Considera-se que a fase adulta vá
até, aproximadamente, 65 anos.

Velhice
As pessoas, na velhice, são chamadas de idosas, e esse conceito depende do momento histórico, do grupo
cultural e até de uma pessoa para outra. O aumento da expectativa de vida das populações tem aumentado o
limite entre a fase adulta e a velhice, bem como a sua duração. O aumento na longevidade tem aumentado a
quantidade de idosos pelo mundo.
A última fase da vida humana é caracterizada pelo envelhecimento do corpo, a pele perde a elasticidade e
os cabelos ficam ainda mais brancos e ralos. Os sistemas podem apresentar problemas relacionados à idade.
O envelhecimento do corpo como um todo se deve ao fato de as células morrerem e não serem substituídas,
tornando as alterações físicas mais nítidas. Com a diminuição de células no organismo, os sistemas do corpo
não realizam suas funções adequadamente.
Outro fator que pode afetar os idosos é a sua mudança de papel na sociedade, geralmente relacionada à
diminuição de sua capacidade física. Alguns idosos podem ou não apresentar necessidades especiais para a
realização das suas atividades diárias.
Cada vez mais, as pessoas idosas têm sido vistas como contribuintes para o desenvolvimento da população,
sendo que suas habilidades devem ser utilizadas para melhorar suas vidas e das suas comunidades.

Saiba +
ck/Jack Frog

No Brasil, temos o Estatuto do Idoso, que se destina a re-


©Shuttersto

gular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou


superior a 60 anos. Em um dos seus artigos, ele afirma que:
Milinkov

“Art. 3o. É obrigação da família, da comunida- O conhecimento


dos idosos pode
de, da sociedade e do Poder Público assegurar ao
©Shutterstock/Bojan

ser passado
idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do de geração a
direito à vida, à saúde, à alimentação, à educa- geração em
momentos
ção, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à enriquecedores.
cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e
o
go Cerv

à convivência familiar e comunitária.”


ie
rstock/D

BRASIL. Casa Civil. Lei n.º 10.741, de 1.º de outubro de 2003. Dispõe sobre o
Estatuto do Idoso e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741.htm>. Acesso em: 2 ago. 2018.
©Shutte

13
Atividades
1. Leia o texto a seguir e responda às questões propostas.

O nascimento de Pedro de Alcântara, no dia 2 de dezembro de 1825, foi muito comemorado


pela população do Brasil Imperial. O menino, filho do imperador D. Pedro I, era herdeiro do trono
brasileiro e, diferentemente do seu pai, havia nascido no Brasil. O menino se tornou órfão de mãe
com apenas 1 ano de idade e aos 5, no ano de 1831, seu pai abdicou do trono brasileiro e retornou
para Portugal. Pedro de Alcântara ficou no Brasil, mas não tinha idade para assumir o trono. No
final da década de 1830, iniciaram-se as discussões sobre a possibilidade de D. Pedro de Alcântara
assumir o trono, por meio da antecipação de sua maioridade. Em julho de 1840, realizou-se a apro-
vação de sua maioridade e sua coroação ocorreu no ano seguinte, em 1841. Em 1843, ele se casou,
por procuração, com Teresa Cristina, pertencente à família real das Duas Sicílias. Até a Proclamação
da República, em 1889, D. Pedro II foi o imperador do Brasil, tendo sido o governante que por
maior tempo esteve à frente do governo: ao todo, 49 anos.

Em que fase da vida estava D. Pedro II quando


• tornou-se órfão?
• teve a maioridade decretada?
• foi coroado imperador do Brasil?
• casou-se?
• ocorreu a Proclamação da República?
2. O texto a seguir é um trecho do livro O Pequeno Príncipe, ele diz respeito a uma fase de nossas vidas.

– Só as crianças sabem o que procuram, disse o principezinho. Perdem tempo com uma boneca
de pano, e a boneca se torna muito importante, e choram quando a gente toma...
– Elas são felizes... disse o guarda-chaves.

SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. O Pequeno Príncipe. São Paulo: Agir, 2006. p. 54.

Cite o nome da fase da vida humana que fica evidenciada no trecho citado e explique por que ela é tão
importante para o nosso desenvolvimento.

3. É atribuída ao escritor francês Victor Hugo (1802-1885) a seguinte frase:

“Quarenta anos é velhice para a juventude, e cinquenta anos é juventude para a velhice”.

Dê sua opinião sobre a primeira parte da frase. Você acha que Victor Hugo tinha razão? Relacione suas
conclusões à afirmação de que a velhice é um conceito subjetivo e pessoal. Faça um pequeno texto dis-
sertativo explicando essa questão.

14 8o. ano – Volume 3


Sistema genital
As transições de cada etapa da vida dos seres humanos nem sempre são fáceis, pois, para cada mudança,
há novas formas de pensar, acompanhadas de alterações físicas. Assim, estamos em constante transformação.
A partir da puberdade, ocorrem muitas mudanças no corpo dos meninos e das meninas e eles passam a
apresentar características bem diferentes, como o desenvolvimento do sistema genital, que acentuam ainda
mais as nossas diferenças anatômicas.

Sistema genital do homem


Na puberdade, o hormônio testosterona passa a ser produzido. Esse hormônio atua no desenvolvimento
e na manutenção das características sexuais secundárias, como mudança na voz, crescimento do pênis e dos
testículos, crescimento de pelos e produção de espermatozoides, as células reprodutivas masculinas.
Analise o esquema a seguir e acompanhe a descrição do sistema genital do homem.

Os testículos são dois órgãos


onde são produzidos a testoste-
rona e os espermatozoides. Eles
estão localizados na bolsa escro-
Próstata tal, fora da cavidade abdominal. A
mobilidade da bolsa escrotal para
Ducto deferente
cima e para baixo, afastando-se e
Pênis aproximando-se do calor do corpo,
Divo Padilha. 2008. Digital.

gera uma temperatura adequa-


Uretra
da para a produção dos esper-
Vesícula seminal matozoides. Sobre os testículos,
encontramos os epidídimos, pe-
quenos tubos retorcidos, onde os
Epidídimo
espermatozoides amadurecem e
Testículo
• Sistema genital do homem desenvolvem a capacidade de se
Bolsa escrotal movimentar.

Do epidídimo os espermatozoides passam pelos ductos deferentes, os quais permitem que eles cheguem
à uretra, canal pelo qual são liberados ao exterior. Nesse percurso, os espermatozoides recebem as secreções
produzidas pelas vesículas seminais (líquido seminal) e pela próstata (líquido prostático), formando-se, en-
tão, o sêmen ou esperma.
O pênis é um órgão que tem duas funções: a reprodutora e a uriná- Algumas vezes, o prepúcio assume
ria. No seu interior, há um canal, a uretra, que conduz os espermato- uma forma que impede a passagem
zoides e a urina para fora do corpo. No pênis, encontram-se dois tipos da glande durante a ereção do pê-
de tecido, denominados corpo esponjoso e cavernoso. O corpo caver- nis, dificultando ou impedindo o ato
noso se enche de sangue quando há excitação, provocando a ereção sexual. Esse problema, chamado de
do pênis, que, durante o ato sexual, permite sua entrada na vagina da fimose, pode ser corrigido por meio
de uma cirurgia que elimina parte
mulher. Se houver aumento da excitação, pode ocorrer a ejaculação,
do prepúcio. Entre os judeus e os
que é a eliminação de sêmen. A extremidade do pênis recebe o nome muçulmanos, a cirurgia de retirada
de glande, uma região de grande sensibilidade. Por sua vez, a glande é do prepúcio é um costume religio-
protegida por uma prega de pele chamada prepúcio. Na higiene diária so e, nesse caso, ela é chamada de
do pênis, é muito importante que se tenha o hábito de puxar bem o circuncisão.
prepúcio e expor a glande, para evitar o acúmulo de resíduos.

Ciências 15
Saiba +
Acrossomo
Os espermatozoides são formados por: cabeça,
abeça, peça inter-
mediária e cauda. Na cabeça, encontra-se o material genético Cabeça
(DNA) com as informações que serão passadas das do pai para o Núcleo
novo indivíduo. A peça intermediária contém m muitas mitocôn-
drias, organelas que atuam na liberação de energia,
nergia, que será Mitocôndrias Peça
intermediária
utilizada principalmente para que eles se movimentem,
vimentem, por

Eduardo Borges. 2010. Digital.


meio de batimentos da cauda (flagelo).
Em uma ejaculação humana, são expulsos de 200
Cauda (flagelo)
a 500 milhões de espermatozoides.
No interior do corpo da mulher, os esper-
matozoides duram, em média, três dias. • Principais partes de um espermatozoide humano

Sistema genital da mulher


Assim como nos homens, o sucesso reprodutivo e o funcionamento adequado do sistema genital da mulher
dependem da ação hormonal. A progesterona e o estrogênio são os principais hormônios sexuais da mulher,
produzidos nos ovários. A progesterona prepara o útero para receber o embrião. Já o estrogênio é responsável
pelas características sexuais secundárias, tais como acúmulo de gordura em áreas como os quadris e as pernas,
desenvolvimento dos seios e surgimento de pelos nas axilas e na região pubiana.
Analise a imagem a seguir e acompanhe a descrição do sistema genital da mulher.
Tuba uterina O pudendo feminino, ou vulva, corresponde ao
Corpo do útero
Ovário conjunto de órgãos genitais externos, onde se encontra
Cérvice uterina o orifício da vagina. Ele também é formado pelos lábios
maiores e menores e pelo clitóris, pequena saliência
arredondada encontrada na junção superior dos peque-
nos lábios. Nessa região também há outro orifício, o da
uretra, por onde sai a urina e que não faz parte do sistema
genital, e sim do sistema urinário.
A vagina é formada por um canal muscular com cerca
Divo Padilha. 2008. Digital.

de 8 cm de comprimento que se estende desde o orifício


vaginal até o colo do útero. As paredes vaginais apresen-
tam grande elasticidade e contratilidade, possibilitando a
eliminação do sangue menstrual e a saída do bebê duran-
te o parto natural. A aproximadamente 2 cm da abertura
Clitóris
vaginal, existe uma membrana mucosa perfurada e vas-
Lábio menor cularizada, denominada hímen, cuja função é proteger a
Vagina
Lábio maior
entrada da vagina. O hímen apresenta um orifício central
• Sistema genital da mulher
que possibilita a saída do fluxo menstrual.

O útero tem a forma de uma pera, com a parte menor virada para baixo, a qual se liga com a vagina. A partir
da puberdade, praticamente todos os meses, o útero “se prepara” para abrigar uma nova vida. Se não ocorrer a
gravidez, há a descamação do revestimento interno do útero, o endométrio, com a presença de sangue, o que
caracteriza a menstruação.

16 8o. ano – Volume 3


Os ovários são órgãos que produzem os hormônios sexuais e os
ovócitos secundários, as células reprodutivas femininas. Até sofrer Usualmente, denomina‐se a célula
maturação e ser liberado, o ovócito fica retido no ovário dentro de liberada pelas mulheres durante a
um agregado de células chamado de folículo ovariano. Aproxima- ovulação de “óvulo”, mas o termo
damente a cada mês, um ovócito é liberado de um dos ovários, pro- correto é “ovócito secundário”, já
cesso conhecido como ovulação. Cada ovário comunica-se com o que ele ainda não completou seu
útero por um canal chamado tuba uterina. É na tuba uterina que o desenvolvimento. Após a fecunda-
ovócito se une ao espermatozoide. Se ocorrer a fecundação (fertiliza- ção pelo espermatozoide, ocorre a
ção), a gravidez tem início. Caso contrário, o ovócito não fecundado etapa final das transformações, ori-
ginando o óvulo.
se degenera.

O ciclo menstrual
O ciclo menstrual inicia-se com o primeiro dia da menstruação. Ele é regulado pelos hormônios FSH (hor-
mônio folículo-estimulante) e LH (hormônio luteinizante), que são produzidos pela hipófise, e pelos hormônios
estrogênio e progesterona, que são produzidos pelos ovários.
Um ciclo dura, em média, cerca de 28 dias, e a ovulação –
Men
liberação do ovócito – ocorre por volta do décimo quarto dia.
stru É nessa época que a mulher tem maior chance de engravidar,

por isso o período da ovulação também é conhecido como
ão

período fértil, formado, normalmente, pelos três dias que


antecedem a ovulação e pelos dois dias após ela ocorrer.

O ciclo reprodutivo pode variar entre as mulheres,


principalmente nos primeiros anos. Sendo assim,
D ia s fé rteis para mulheres de ciclos irregulares, a ovulação
Em um ciclo de 28 dias, a não corresponde exatamente ao 14.º dia.
ovulação ocorre no 14.º dia após
o primeiro dia da menstruação.

No período da ovulação, há maior produção de estrogênio e de hormônio luteinizante. O nível elevado de


progesterona mantém o endométrio íntegro, preparado para uma possível gravidez. Na ausência da fecunda-
ção, a produção de progesterona cai para níveis muito baixos. É nesse momento que a menstruação se inicia,
provocada por esse súbito declínio. É normal que haja variação na duração do sangramento, que pode durar
entre 3 e 7 dias.
A nova menstruação marca o início de um novo ciclo, repetindo o processo. As ovulações ocorrem perio-
dicamente até a idade de 50 anos, aproximadamente, quando se inicia a menopausa, uma fase de grandes
mudanças hormonais que marca o fim da fertilidade feminina com o fim das menstruações.
Nível elevado de progesterona mantém o
Ovócito não fertilizado
endométrio espesso; se não houver
Primeiro dia da menstruação.
fecundação, a concentração da progesterona
O ovócito não fecundado Níveis elevados de estrogênio e diminui e ocorre uma nova menstruação. Menstruação
se degenera. LH ocasionam o aumento dos
vasos sanguíneos e a ovulação.
O FSH inicia o
desenvolvimento
Endométrio

Menstruação de um novo ovócito.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 1 2 3

• Representação das etapas do ciclo reprodutivo mostrando as alterações no revestimento uterino

Ciências 17
Saiba +
No período que antecede o início da menstruação, no qual há queda da concentração de estro-
gênio e progesterona, além da oscilação nos níveis de outros hormônios, muitas mulheres sentem
um conjunto de sintomas conhecidos como tensão pré-menstrual (TPM). Elas podem sentir irrita-
bilidade, dores nas mamas, dores de cabeça, crises de choro sem motivo aparente, agressividade,
compulsão por determinados alimentos, como chocolate, entre outros sintomas.
Depois da primeira menstruação, toda menina deve anotar quantos dias há de sangramento e
em quais dias se iniciou uma nova menstruação. Esse controle é muito importante para entender
o ciclo menstrual, além de ser uma importante informação para o médico ginecologista.
A mudança hormonal pode acarretar o surgimento de corrimentos vaginais. Corrimentos com
cheiro, cor ou textura anormais devem ser investigados pelo médico, pois podem indicar infecção.
Durante o período menstrual, a higiene pessoal é ainda mais importante. Nesse caso, além do
banho diário, recomenda-se o uso de um absorvente, o qual deve ser trocado, em média, a cada
três horas (dependendo da quantidade de fluxo sanguíneo).

Fecundação, gestação e parto


Durante a relação sexual, o homem libera espermatozoides na vagina da mulher. Esses espermatozoides se
deslocam até a tuba uterina e, se encontrarem o gameta feminino, ocorre a fecundação. A fusão do esperma-
tozoide com o óvulo gera uma nova estrutura chamada célula-ovo ou zigoto.
A partir da fecundação, inicia-se o desenvolvimento embrionário e o embrião con-
tinua se dividindo até o momento em que se desloca da tuba uterina em direção
2010. Digital.

ao útero, com o auxílio de contrações musculares e do movimento de peque-


nos cílios existentes no interior da tuba uterina. A fixação do embrião no útero
Divo Padilha.

é chamada de nidação ou implantação. Para que a mulher não menstrue nesse


período, o corpo aumenta a produção de progesterona, e um novo hormônio
chamado HCG (gonadotrofina coriônica humana) começa a ser produzido pela
placenta. Já acomodado no endométrio uterino, o embrião continua a sofrer
divisões celulares que alteram o seu aspecto externo e interno. Durante a ges-
tação, o embrião se desenvolve, amadurece e passa a ser chamado de feto, até
estar totalmente formado.

No útero da mulher, no início da gestação, desen-


volvem-se algumas estruturas com funções exclusi-
vas de proteger e nutrir o futuro bebê: os anexos em-
brionários, que são a placenta, o cordão umbilical e
a bolsa amniótica, que contém o líquido amniótico.

A gestação nos seres humanos dura aproximadamente 40 semanas,


cerca de 9 meses. Durante todo o período gestacional, é muito im-
portante que a futura mãe receba acompanhamento adequado por
meio de consultas médicas e exames pré-natais para avaliar a saúde
materna e fetal.
No parto natural, fortes contrações uterinas empurram o feto
pelo canal vaginal para fora do corpo materno. Algumas vezes, o
parto natural pode trazer riscos à gestante e ao bebê, sendo reco-
mendado para esses casos a cesariana, na qual o bebê é removido
do útero por uma cirurgia.
Conexões
Menino ou menina?
Durante a fecundação, o sexo da criança é determinado por um par de cromossomos. Os homens têm dois
cromossomos sexuais, chamados X e Y. Como os espermatozoides carregam metade dos cromossomos, alguns
espermatozoides carregarão o X; e outros, o Y. Nas mulheres, há dois cromossomos X, então todos os ovóci-
tos têm somente um X. Se o ovócito for
fecundado por um espermatozoide que

©Shutterstock/Wong Sze Yuen


carregue o X, o embrião será menina (XX).
Se o espermatozoide carregar um Y, será
menino (XY). Portanto, é o espermatozoide
o responsável pela definição cromossômi-
ca do sexo do bebê. A determinação cromossômica do sexo de um bebê é realizada pelo espermatozoide.

Gêmeos
Existem gestações em que há mais de um embrião, ocorrendo a formação de gêmeos. Os gêmeos podem
ser de dois tipos: monozigóticos, univitelinos ou idênticos, e dizigóticos, bivitelinos ou fraternos.
Gêmeos monozigóticos originam-se quando um único ovócito é fecundado por um espermatozoide,
mas, durante a divisão celular, o zigoto se divide e ocorre a formação de dois (ou mais) embriões do mesmo
sexo e geneticamente iguais (poliembrionia).
Já nos gêmeos dizigóticos, há a liberação de mais de um ovócito durante a ovulação (poliovulação). As-
sim, cada ovócito poderá ser fecundado por um espermatozoide diferente e originar um embrião cada. Esses
gêmeos podem ou não ser do mesmo sexo e são geneticamente diferentes.

Gêmeos monozigóticos Gêmeos dizigóticos

1 ovócito e 2 ovócitos e
1 espermatozoide 2 espermatozoides

Um único óvulo Dois ovócitos são fecundados,


fecundado se divide cada um por um espermatozoide,
em duas células. e começam a se dividir.

As divisões celulares
Os embriões continuam
continuam até determinado
com as divisões celulares
momento, quando o embrião
de forma independente.
se divide em dois.
Divo Padilha. 2011. Digital.

©Shutterstock/Iordani
©Shutterstock/Lopolo

Formam-se dois embriões Os dois embriões independentes


e dois gêmeos idênticos darão origem a dois gêmeos
do mesmo sexo. diferentes, que podem ou
não ser do mesmo sexo.

Ciências 19
Sexualidade humana
O ciclo vital dos organismos inclui a reprodução. Mesmo antes de o bebê nascer, inicia-se a formação de
uma importante parte da sexualidade do indivíduo: é a formação do sexo biológico – menino ou menina. A
partir daí, a sexualidade vai se desenvolvendo com características específicas para cada uma das fases vitais,
transformando-se até o fim da vida.
No caso dos seres humanos, esse processo envolve algo a mais se for comparado com outras espécies
animais. Homens e mulheres manifestam afetividade entre os parceiros, troca de carinhos e diversas outras
emoções que transformam o ato sexual em um evento que vai além do instinto e da necessidade de deixar
descendentes.
O contato íntimo entre as pessoas é orientado por uma série de valores culturais, éticos, religiosos, familiares
e sociais complexos, inexistentes entre os outros animais. Homens e mulheres têm necessidades afetivas que
refletem experiências e sentimentos que são ativados quando se apaixonam ou sentem atração e necessidade
de experimentar maior intimidade.
O ser humano não necessariamente se apaixona e escolhe para ser pai ou mãe dos seus filhos os indivíduos
mais belos ou fortes, como ocorre em outras espécies animais. Existem outros elementos que são importantes,
como empatia pessoal, sensação de segurança, humor, postura diante da vida, comprometimento e outros que
são levados em conta para um relacionamento entre duas pessoas.
Seria interessante que você parasse um momento ©Shutterstock/Wavebreakmedia

e pensasse qual é o seu entendimento sobre o signifi-


cado de duas palavras: sexo e sexualidade.
Para você, elas têm o mesmo significado?
Na verdade, sexo e sexualidade não são a mesma
coisa. O termo “sexo” refere-se às características bioló-
gicas que definem os seres humanos como machos
e fêmeas, ou homens e mulheres, ou a concepção de
masculino e feminino. O termo também está vincula-
do ao ato ou à atividade sexual em si. Sexualidade é
zhda Manakhova

algo muito mais amplo e diverso do que o ato sexual.


Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS),
a sexualidade é vivida e expressa em desejos, crenças,
©Shutterstock/Nade

atitudes, valores, comportamentos, práticas e relacio-


namentos, ainda que nem todas essas dimensões
sejam sempre vivenciadas ou expressas. Ela faz parte
da personalidade de cada um, é uma necessidade
básica e um aspecto do ser humano que não pode ser
separado de outros aspectos da vida (psicológicos, so-
ciais, econômicos, culturais, religiosos, espirituais, etc.),
pois também é influenciada por eles.
©Shutterstock/John Keith

Por se expressar em pensamentos, sentimentos,


ações e interações, a sexualidade também influencia
a nossa saúde física e mental.

A sexualidade pode ser definida como algo que nos motiva a


encontrar o amor, o contato e a intimidade; ela se manifesta em
nossas ações e na forma como tocamos e somos tocados.

20 8o. ano – Volume 3


Atividades
1. A imagem a seguir representa os órgãos isolados do sistema genital masculino, bem como a bexiga uri-
nária e os ureteres, estruturas do sistema urinário. Analisando as estruturas, indique o nome correto das
regiões indicadas.
Ureteres

Bexiga urinária
©Shutterstock/3drenderings

Vesículas seminais

Glândula bulbouretral

2. Além de produzir e amadurecer os gametas femininos (ovócitos secundários), o sistema genital da mu-
lher tem mais uma função especial: a gestação. Sobre esse sistema, relacione as colunas.
( 1 ) Vagina ( ) Local onde ocorre a fecundação.
( 2 ) Útero ( ) Canal por onde sai o fluxo menstrual e o bebê, no parto natural.
( 3 ) Tuba uterina ( ) Região externa do sistema genital da mulher.
( 4 ) Ovário ( ) Órgão que elimina sua camada superficial, dando origem ao fluxo
( 5 ) Pudendo feminino menstrual.
( ) Local de produção e amadurecimento dos ovócitos.
3. A imagem a seguir é uma ilustração artística dos órgãos internos do
sistema genital da mulher. Analise-a e responda às questões.
a) Explique o que são tubas uterinas e qual a relação delas com o
processo da fecundação. Identifique-as na ilustração.

b) Descreva o útero e cite suas funções. Identifique-o na ilustração.


©Shutterstock/Magic Mine

c) Quais são as funções dos ovários? Indique na ilustração onde


estão localizados.

Ciências 21
4. O corpo da mulher se prepara todos os meses para a gravidez. Se a fecundação não ocorrer, o corpo se
prepara novamente e reinicia um ciclo conhecido como ciclo menstrual. Na espécie humana, esse ciclo
se apresenta dividido em algumas fases.
a) Quais são as duas principais fases do ciclo menstrual?

b) Em qual fase, geralmente, ocorre a fecundação?

c) No caso de ocorrer a fecundação, que sinal do ciclo menstrual demonstra que uma mulher está grávida?

5. O que é tensão pré-menstrual e o que a ocasiona?

6. A incidência natural de gestação múltipla (gêmeos) é de uma para cada noventa gestações e é ainda
menor considerando que os gêmeos sejam monozigóticos. Casos de nascimento de mais de dois bebês
idênticos são muito raros. No entanto, na história da medicina, há registros de até quíntuplos idênticos,
sendo o caso mais famoso o das irmãs Dionne, nascidas em 1934.
©Wikimedia Commons/Autor Desconhecido

Considerando o exemplo apresentado, explique como ocorreu a


formação dessas gêmeas monozigóticas.

Irmãs Dionne, quíntuplas idênticas nascidas no


Canadá em 1934. Todas chegaram à idade adulta
e, atualmente, duas delas ainda estão vivas.

7. A sexualidade faz parte de nossa vida. Isso significa que valores e atitudes também devem estar presentes
em nossa sexualidade. Observe a seguir alguns valores e atitudes que fazem parte de nossa vida e pense
sobre o significado e a importância de cada um na sexualidade humana.

Autoestima Respeito Amor


©Shutterstock/Stas Ponomarencko

©Shutterstock/Wavebreakmedia
©Shutterstock/Daniel M Ernst

Que outros valores importantes você incluiria nessa lista? Explique.

22 8o. ano – Volume 3


Métodos contraceptivos
Quando alguém inicia a sua vida sexual, também tem de estar ciente de que se iniciam inúmeras responsa-
bilidades e cuidados especiais, os quais devem ser tomados em sinal de respeito ao seu corpo e à própria vida.
Ser mãe ou pai adolescente pode representar a perda de algumas
oportunidades na vida e pode adiantar responsabilidades esperadas
A terminologia Infecções Sexualmente Trans-
apenas para a vida adulta. Ter um filho é, sem dúvida, um momento missíveis (IST) substitui a expressão Doenças
muito especial, por isso o ideal é que aconteça no momento certo. Sexualmente Transmissíveis (DST), porque con-
Além disso, com o início da vida sexual, também surgem preocu- sidera a possibilidade de uma pessoa ter e trans-
pações, pois há o risco de contágio de Infecções Sexualmente mitir uma doença, mesmo sem sinais e sintomas.
Transmissíveis, como a AIDS, hoje considerada uma epidemia.
Com o desenvolvimento da medicina e da indústria farmacêutica, foram criados diversos métodos contracep-
tivos (anticoncepcionais), que são utilizados para evitar uma gravidez não planejada e que nos ajudam a definir o
momento ideal para gerar um filho. No entanto, é importante lembrar que nenhum dos métodos é totalmente
eficaz e que alguns podem ocasionar problemas de saúde. Por isso, a escolha do método mais indicado para
cada caso deve ser feita por meio de um aconselhamento médico.
É válido destacar que a responsabilidade na escolha e na utilização do método contraceptivo indicado pelo
médico deve ser compartilhada entre o casal, pois a responsabilidade na prevenção de infecções sexualmente
transmissíveis e de uma gravidez precoce ou não planejada é tanto do homem quanto da mulher.
Conheça, a seguir, os principais métodos anticoncepcionais.

Pílula anticoncepcional
São comprimidos constituídos de hormônios sexuais, como o estrógeno (estrogênio) e a progesterona, que
inibem a ovulação.
Normalmente, a cartela de pílulas contém 21 comprimidos, um para cada dia do ciclo. Ao fim da cartela, há
um período de descanso de 7 dias, momento em que deve ocorrer a menstruação. Passado os 7 dias, inicia-se
uma nova cartela.
A indicação da pílula correta deve ser feita pelo médico, que determinará o tipo mais adequado, consideran-
do a dosagem hormonal e a idade de cada mulher. Caso haja efeitos colaterais, o médico pode orientar a troca
da pílula ou a mudança de método.
Sua eficácia é de mais de 90% e depende de que ela seja tomada
©Sh utte rsto ck/
Ievgenii Meyer

todos os dias, sem esquecimentos. Também há injeções, adesivos e im-


plantes hormonais que funcionam como a pílula, com a vantagem de
• Cartela de pílulas
anticoncepcionais que não precisam ser tomados diariamente. Não protege contra IST.

DIU – dispositivo intrauterino Tubas uterinas


Ovários
É um pequeno objeto que é colocado por um médico no
interior do útero. Pode conter cobre e prata, e alguns liberam
hormônios gradativamente. O DIU age impedindo a fecunda-
ção, dificultando a mobilidade dos espermatozoides e alteran-
do a mucosa do útero.
Uma vez implantado, o DIU pode ser mantido por até dez
2008. Digital.
Divo Padilha.

DIU
Útero
anos, dependendo da sua constituição, sempre com acompa-
nhamento médico.
Sua eficácia é de mais de 97%, mas não protege contra IST. Canal vaginal

• DIU e o local no úte-


ro onde é inserido

Ciências 23
Camisinha

ii Kalaba
©Shutterstock/Serh
A camisinha masculina é um dos métodos mais utilizados,
por ter um custo baixo, por ser prático e por evitar as infecções
sexualmente transmissíveis. A camisinha só deve ser colocada
no pênis quando ele estiver ereto. Nesse momento, deve-se
tomar bastante cuidado para deixar um pequeno espaço na
ponta do preservativo, onde o sêmen ejaculado ficará.
• Camisinha masculina
A camisinha feminina é menos utilizada no Brasil. No en-
tanto, ela cumpre o mesmo papel da camisinha masculina. Ela
deve ser alojada no fundo da vagina.

s593
©Shutterstcok/Foto
As camisinhas, tanto a masculina quanto a feminina, são
descartáveis e podem ser consideradas um instrumento efi-
ciente na prevenção das infecções transmitidas por contato
sexual.
Também chamadas de preservativos, apresentam uma
taxa de eficácia de cerca de 97% para evitar uma gravidez não
planejada, quando utilizadas de forma correta e regularmente. • Camisinha feminina

Diafragma
É uma peça feita de borracha flexível que deve ser introduzida no
interior da vagina antes de cada relação sexual, evitando, assim, que
Swanson

os espermatozoides cheguem até o ovócito. Seu uso pode ser acom-


o.com/Jenny

panhado da aplicação de cremes espermicidas, que dificultam a mo-


bilidade dos espermatozoides. Depois da relação, o diafragma deve
©iStockphot

ser retirado. Ao contrário da camisinha, o diafragma não é descartável


e dura, em média, um ano. Não protege os parceiros sexuais de in-
fecções sexualmente transmissíveis, pois não evita o contato entre a
vagina e o pênis.
Apresenta uma taxa de eficácia de cerca de 98%, quando utilizado
• Diafragma regularmente.

Tabelinha
Esse método considera o período fértil do ciclo reprodutivo, em que as
relações sexuais devem ser evitadas de três a quatro dias antes da ovulação,
no dia da ovulação e de três a quatro dias depois. Isso considerando que a
mulher produz apenas um ovócito em cada ciclo, que ele sobreviverá entre
24 e 48 horas e que os espermatozoides podem sobreviver até 72 horas den-
tro do sistema genital da mulher.
É um método pouco seguro, pois variações hormonais podem influenciar
a ovulação.
Ela só funciona em mulheres com ciclo regular, com uma taxa de eficiên-
cia de 80%. Como as adolescentes e jovens raramente têm um ciclo regular, • Representação esquemática
esse método pode não ser eficaz. Além disso, não previne contra IST. do método de tabelinha para
um ciclo regular de 28 dias

24 8o. ano – Volume 3


Métodos cirúrgicos
Podem ser realizados tanto em homens quanto em mulheres, mas, por envolverem intervenção cirúrgica e
algumas vezes serem irreversíveis e definitivos, precisam ser bem avaliados. O princípio dos métodos cirúrgicos
tanto em homens quanto em mulheres é o mesmo: interromper o trajeto dos gametas e evitar a fecundação.
Nos homens, o método cirúrgico é a deferentectomia (vasectomia), no qual os ductos deferentes são in-
terrompidos, o que faz com que os espermatozoides não cheguem à uretra. O hormônio testosterona continua
a ser produzido e a produção do líquido seminal se mantém, embora não contenha espermatozoides. A eficácia
da deferentectomia é alta, e a taxa de falha é de apenas 0,1 a 0,15%.
Nas mulheres a cirurgia é chamada de ligadura tubária (laqueadura), que consiste em cortar as tubas
uterinas para que não ocorra o encontro dos gametas. A mulher continua ovulando, mas não acontece a fe-
cundação, pois a ligação dos ovários com o útero foi interrompida. Como não ocorre alteração na produção de
hormônios, a menstruação ocorrerá normalmente. Na ligadura tubária a taxa de falha é de 0,5%.
Os métodos cirúrgicos não evitam infecções sexualmente transmissíveis.
Tubas uterinas

Angela Giseli/Divo Padilha. 2009. Digital.


Ductos
deferentes

• Esquema ilustrativo
da deferentectomia e
da ligadura tubária

Conexões
Breve histórico das pílulas anticoncepcionais
Os primeiros experimentos que identificaram os próprios hormônios femininos como uma possível solução
para impedir a gravidez ocorreram em 1921.
Após muitos anos de estudos e pesquisas, na década de 1950, um cientista estadunidense conseguiu pro-
duzir uma combinação de hormônios sintéticos semelhantes aos produzidos naturalmente pelas mulheres,
mas com efeito anticoncepcional. Assim, desenvolveu-se a pílula anticoncepcional, que passou a ser comercia-
lizada nos EUA em 1960, chegando às farmácias do Brasil em 1962.
A primeira pílula anticoncepcional desenvolvida apresentava uma concentração muito alta de hormônios –
uma quantidade dez vezes maior do que a existente na maioria das pílulas atuais. Uma verdadeira “bomba” de
hormônios sintéticos que provocava inúmeros efeitos colaterais, como retenção de líquido (inchaço), aumento
de peso, depressão e trombose.
Para reduzir esses problemas, na década de 1970, a indústria farmacêutica desenvolveu a segunda geração
de pílulas, com menos hormônios. Em 1990, surgiu a terceira geração, com uma formulação que também podia
aliviar os sintomas da TPM e reduzir as acnes.
As pílulas modernas têm uma quantidade muito menor de hormônios em comparação às antigas. Elas po-
dem apresentar composições hormonais variadas e causar muito menos efeitos colaterais.

Ciências 25
Atividades
1. Há várias maneiras de prevenir a concepção. Considere os métodos estudados e responda às questões
propostas.
a) Cite dois métodos anticoncepcionais que impedem a chegada dos espermatozoides ao útero.

b) Cite um método que impede a ovulação.

c) Qual ou quais deles é ou são praticamente irreversíveis e por isso são considerados formas de
esterilização?

d) De quem deve ser a responsabilidade de prevenção à gravidez não planejada e às infecções se-
xualmente transmissíveis, do homem ou da mulher? Por quê?

e) Escolha um dos métodos estudados e apresente uma vantagem em relação ao seu uso.

2. Em uma conversa entre amigos, um dos participantes afirmou: “O método da tabelinha é conhecido por
todo mundo. Portanto, deve ser um método contraceptivo bem seguro”. Essa ideia é correta? Explique.

3. Ao verificar a concentração de testosterona no sangue, um homem diagnosticou que esse hormônio


encontrava-se em quantidade abaixo do normal. Ele ficou preocupado e procurou um médico, pois havia
realizado uma deferentectomia alguns meses antes e imaginou que essa fosse a causa do problema.
A preocupação do homem em considerar a deferentectomia como causa da baixa produção de testos-
terona é pertinente? Explique.
4. (UFU – MG) A gravidez muitas vezes ocorre por falta de conhecimentos sobre os métodos contracepti-
vos, embora esta temática venha sendo abordada frequentemente em telenovelas e em filmes.
Com base em estimativas clínicas médicas da população feminina sobre os métodos contraceptivos e o
ciclo menstrual, marque, em relação às afirmativas abaixo, (V) Verdadeira, (F) Falsa.
a) ( ) A ovulação acontece em média dois ou três dias antes do início do sangramento menstrual em
mulheres em condições hormonais normais, e esse período é conhecido como período fértil.
b) ( ) A menstruação é a descamação e o sangramento das paredes do útero que haviam engros-
sado, em função da multiplicação de tecidos e vasos sanguíneos, para acolher um possível
embrião, caso houvesse ocorrido a fertilização.
c) ( ) A pílula anticoncepcional tradicional é uma combinação de hormônios femininos em pas-
tilha, que, tomados regularmente, impedem a ovulação e evitam as infecções sexualmente
transmissíveis.
d) ( ) A camisinha é um método contraceptivo recomendado pelos médicos, pois, além de evitar
gravidez, também previne a transmissão de infecções sexualmente transmissíveis por con-
tato dos órgãos sexuais, ou por meio do muco vaginal ou sêmen.

26 8o. ano – Volume 3


Infecções sexualmente transmissíveis
As infecções sexualmente transmissíveis (IST) não escolhem aparência, condição financeira, idade, classe
social, atividade profissional ou sexo. Elas podem atingir homens e mulheres que mantêm contato sexual sem
a devida proteção e cuidado. Algumas dessas infecções podem não apresentar sintomas, o que as torna ainda
mais perigosas, uma vez que o seu portador não sabe que está infectado e, ao manter uma relação sexual com
outra pessoa saudável sem a devida proteção, pode transmitir a doença.
Existem IST que são facilmente diagnosticadas e curadas, já outras são mais graves e ainda não têm cura,
como é o caso da AIDS.
A carência de informações sobre o próprio corpo e sobre as IST, o preconceito e a vergonha de esclarecer
dúvidas sobre esse tema são os motivos pelos quais muitas pessoas acabam sendo infectadas.
Atualmente o único método que é eficaz na proteção contra as IST é o uso de camisinhas (preservativos),
tanto masculina quanto feminina, durante as relações sexuais.
Acompanhe, a seguir, informações sobre algumas das principais IST.

Sífilis
A sífilis foi responsável por uma verdadeira epidemia na Europa no início da Era Moderna. Ela se alastrou por
todo o mundo moderno e foi considerada por muitos como uma “praga” ou castigo. A infecção só foi contro-
lada com a descoberta da penicilina, antibiótico eficaz no tratamento do agente causador da sífilis, a bactéria
Treponema pallidum.
Trata-se de uma infecção grave, que pode ser transmitida sexualmente ou durante a gestação, de uma mãe
contaminada para o feto.
O primeiro sintoma da sífilis é uma ferida indolor, chamada cancro duro, no pênis, no ânus ou na vulva, que
pode desaparecer em algumas semanas. No entanto, a bactéria permanece no organismo e a doença pode vol-
tar em alguns meses ou anos em uma forma mais grave, com manchas avermelhadas pelo corpo, lesões graves
na pele e mucosas, além de problemas neurológicos e cardiovasculares.
Assim como ocorre com muitas IST, o portador de sífilis pode passar muitos anos transmitindo a bactéria
sem saber que está infectado, pelo fato de a doença apresentar períodos em que não há sintomas evidentes.
Por isso, é muito importante utilizar preservativos durante as relações sexuais.

Condiloma acuminado
ry Yates Young

Causado pelo papilomavírus humano – HPV –, que pode infectar a


pele e as mucosas. A maioria das infecções é assintomática e, nos casos
©Shutterstock/Sher

em que há sintomas, ocorre o aparecimento de verrugas (condilomas


acuminados) nos órgãos genitais. Normalmente, essas infecções regridem
espontaneamente, mas alguns tipos do vírus podem ocasionar lesões mi-
croscópicas, que, se não forem diagnosticadas, podem levar ao desenvol-
vimento de câncer, principalmente no colo do útero e no pênis.
As maneiras mais eficientes de prevenir a infecção pelo HPV são o uso
de preservativos e a vacinação.

O Ministério da Saúde recomenda a vacinação contra HPV para meninas de 9 a


14 anos e meninos de 11 a 14 anos em duas doses e para mulheres vivendo com
HIV na faixa etária de 9 a 26 anos em três doses. A vacina é gratuita e ofertada • Vacina contra o HPV
pelos postos de saúde em todo o Brasil.

Ciências 27
Blenorragia
Também conhecida como gonorreia, é causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae e a característica mais
fácil de ser reconhecida nessa infecção é o corrimento com pus e ardor ao urinar. Nesse caso, os sintomas são
percebidos mais facilmente no homem do que na mulher, em que a infecção pode ficar muito tempo assinto-
mática (sem sintomas).
Além da infecção local, a bactéria causadora pode se espalhar e atingir outras partes do sistema genital e do
corpo, causando inflamações nas articulações e nos olhos. Se não for tratada a tempo, a gonorreia pode levar a
pessoa portadora à esterilidade.
A transmissão dessa doença também pode ocorrer de mãe para filho, durante a gestação ou no momento
do parto.
O tratamento é feito sob orientação médica, com uso de antibióticos.

Herpes genital
A herpes genital é causada pelo vírus herpes simplex tipo 2, principalmente. Em alguns casos, a pessoa é
portadora do vírus e não manifesta sintomas.
Quando a doença se manifesta, ocorre a sensibilização da pele, onde aparecem pequenas vesículas agrupa-
das, que formam feridas na região genital.
É uma infecção de difícil tratamento e o surgimento dos seus sintomas também está relacionado ao estresse.

AIDS
A síndrome da imunodeficiência adquirida – AIDS – é causa-
da pelo vírus HIV – vírus da imunodeficiência humana.
Esse vírus ataca o sistema imunitário (de defesa) da pessoa,
deixando-a vulnerável a outros tipos de vírus e bactérias, poden-
do desenvolver vários tipos de doenças, como gripe, pneumonia
e tuberculose. Quando a pessoa apresenta os sintomas decor-
rentes da infecção pelo vírus HIV, ela tem AIDS.

Ter o vírus HIV presente no corpo não é a


mesma coisa que ter AIDS. Há muitas pes-
soas que têm o vírus HIV e vivem muitos
anos sem apresentar sintomas ou desen-
volver a doença. Essas pessoas, muitas ve-
i l
Dia Mundia
Luta Contra
a
de
AIDS zes, não sabem que têm o HIV e, por isso,
podem transmitir o vírus a outras pessoas
pelas relações sexuais desprotegidas, pelo
compartilhamento de seringas contamina-
das ou de mãe para filho.

De 1980 a junho de 2017, foram identificados, no Brasil, 882 810 casos de AIDS. Atualmente, existem diversos
medicamentos que prolongam a vida do paciente com AIDS e melhoram sua qualidade de vida, diferentemente
do que ocorria quando a doença foi identificada, no início dos anos 1980 – época em que receber o diagnóstico
da contaminação era como uma sentença de morte. Embora ainda não tenha cura, alguns medicamentos ini-
bem a multiplicação dos vírus no corpo. O tratamento é gratuito, ofertado pelo Sistema Único de Saúde (SUS),
mas é complexo, necessitando de acompanhamento médico constante.

28 8o. ano – Volume 3


A infecção pelo HIV compreende vários estágios. Inicialmente, o organismo leva de 30 a 60 dias após a in-
fecção para produzir anticorpos. Os primeiros sintomas são muito parecidos com os de uma gripe, como febre
e mal-estar, reações normais do corpo em resposta à presença do vírus. Por isso, na maioria dos casos, os sinto-
mas passam despercebidos. Durante esse período, uma grande quantidade de HIV é produzida no corpo e, por
isso, a capacidade de o paciente transmitir o vírus nessa fase é maior. Se realizado um exame de sangue nessa
fase para detectar o vírus, a infecção pelo HIV pode não aparecer, devido ao tempo necessário para o sistema
imunitário reagir ao vírus.
A próxima fase compreende a interação entre o sistema imunitário e os vírus, que vão sofrendo constantes
variações. Esse período pode durar muitos anos e não apresenta sintomas característicos. Nessa fase, os vírus se
encontram, geralmente, em menor concentração, mas é importante lembrar que o paciente é capaz de trans-
mitir o HIV durante essa fase, mesmo se ele estiver em tratamento.
Com o tempo, o sistema imunitário fica menos eficiente; e o organismo, cada vez mais fraco, apresentando
poucos leucócitos (células de defesa). Nessa terceira fase, os sintomas mais comuns são: febre, diarreia, suores
noturnos e emagrecimento. A baixa imunidade permite o aparecimento de doenças oportunistas (que se apro-
veitam da fraqueza do organismo), caracterizando a AIDS. Nessa fase, a pessoa pode apresentar doenças como
hepatites virais, tuberculose e pneumonia, que podem causar a sua morte.
Além das relações sexuais sem o uso de camisinha, o vírus HIV pode ser adquirido com o uso de agulhas
perfurantes por mais de uma pessoa; por transfusão com sangue contaminado; de mãe infectada para seu filho
durante a gravidez, no parto e na amamentação; e por instrumentos que cortam ou furam não esterilizados e
contaminados com o vírus.

Caso perceba a presença de qualquer sinal ou sintoma de alguma das IST apresentadas, procure um profissional de saúde
para o diagnóstico correto e indicação do tratamento adequado. Evite a automedicação.

Conexões

Como surgiu a AIDS?


Admite-se que o HIV tenha sua verdadeira origem no continente africano. Por meio da realização de extensa
análise genética sobre o vírus HIV, cientistas conseguiram determinar a origem do vírus que atinge 90% dos
afetados pela AIDS. Muito provavelmente, tudo teria começado na década de 1920, em Kinshasa, a capital da
República Democrática do Congo.
O vírus HIV surgiu de outro vírus, chamado SIV, encontrado em chimpanzés e no macaco-verde africano.
Pelo fato de esse vírus ser altamente mutante, teria originado o HIV.
Possivelmente, a transmissão do vírus para os seres humanos tenha acontecido por volta de 1930, em tribos
que caçavam ou domesticavam chimpanzés e macacos-verdes, por meio da manipulação de carnes, devido
ao hábito que essas comunidades tinham de comer carne de macaco malcozida que poderia conter o vírus. A
transmissão direta também é considerada e pode ter ocorrido por meio de arranhaduras e mordidas dos maca-
cos. Posteriormente, a doença foi disseminada para as pequenas comunidades e delas para o resto do mundo.
A AIDS foi reconhecida como doença em 1981, nos Estados Unidos da América, e, em 1982, foi confirmado
o primeiro caso no Brasil.

Ciências 29
Atividades
1. Desde 2014, a vacina para prevenir o HPV (papilomavírus humano) é oferecida às meninas entre 9 e 14
anos nos postos de saúde e, a partir de 2017, também para os meninos de 11 a 14 anos.
a) Além do câncer de colo do útero, que outra doença é causada pelo HPV?

b) Cite um método que pode impedir a contaminação por essa doença e, ao mesmo tempo, evitar uma
gravidez não planejada.
c) Por que a vacina é aplicada em pessoas nessa faixa etária, em que elas ainda não têm relação sexual?

d) Por que os meninos foram incluídos na campanha?

2. Sobre as infecções sexualmente transmissíveis citadas a seguir, identifique os principais sintomas, os mo-
dos de transmissão e o tratamento. Em seguida, indique qual é a melhor estratégia de prevenção para
essas doenças.
a) Sífilis:

b) Blenorragia (gonorreia):

c) AIDS:

d) Qual a principal estratégia de prevenção para as IST?

3. (UFAL) Vários métodos contraceptivos são disponíveis nas farmácias ou fornecidos gratuitamente pelo
Sistema Único de Saúde (SUS) à população brasileira, e alguns ainda evitam doenças sexualmente trans-
missíveis. A esse propósito, é correto afirmar que:
a) a transmissão do vírus HIV não é prevenida com o uso de preservativos (camisinha), considerando
que os vírus são filtráveis.
b) a sífilis é uma doença viral que pode causar feridas genitais conhecidas como “cancros”.
c) a gonorreia provoca secreção purulenta (corrimento) na uretra do homem, mas não na mulher.
d) os papilomavírus humanos geralmente produzem verrugas genitais.
e) a AIDS é uma doença controlada com coquetéis de drogas antivirais; assim, não oferece mais risco
de morte.

30 8o. ano – Volume 3


+ Zoom
Entre os indígenas, existem variados “ritos de passagem”,
cerimônias que marcam determinados períodos da vida. Há
rituais de passagem da adolescência para a fase adulta, rituais
matrimoniais e funerários, entre outros, que variam entre as
diversas tribos.
Os ritos de puberdade são realizados para que o indígena
deixe de ser criança e passe a se comportar como um adulto.
Ocorrem tanto para meninas como para meninos e, nas meninas,
geralmente estão relacionados à primeira menstruação.
De modo geral, o adolescente é separado da rotina da al-

©Shutterstock/Filipe Frazao
deia, normalmente ficando confinado em determinado espaço
por períodos de tempo variáveis, recebendo cuidados e ensi-
namentos especiais. Seu retorno à tribo é marcado por festas e
rituais que indicam o início da nova fase.
Leia, a seguir, como ocorre a cerimônia de passagem da infân- • Jovem indígena brasileiro
cia e adolescência para a fase adulta entre os indígenas krikatis. Em muitas tribos, há rituais de passagem entre
diferentes fases da vida.

Índios krikatis realizaram a tradicional Festa do Ceveiro, na aldeia indígena São José,
localizada no município de Montes Altos, no sudoeste do Maranhão. A cerimônia marca a
passagem da infância e adolescência para a fase adulta, e integra um conjunto de rituais,
realizado periodicamente, para reforçar a identidade dos krikatis.
[...] 21 pessoas, na faixa etária de 12 a 17 anos, participaram do ritual de passagem.
Elas ficaram confinadas em uma oca móvel (ceveiro), feita de palha de palmeira, com
aproximadamente três metros quadrados, durante três meses.
Nesse período, meninos e meninas só tiveram contato com seus guias, geralmente
líderes de grupo, que ficam responsáveis por servir a alimentação [...].
Após o período de confinamento, eles são organizados em grupos ou partidos, todos
identificados com nomes de caça, os índios se posicionaram no pátio da aldeia, local de
festa. Um a um saem [do] ceveiro para a cerimônia de libertação dos confinados.
[...] um dos pontos mais importantes da festa é quando cada grupo diz o nome de seus
ancestrais. A partir desse momento, nenhum integrante pode migrar para outro grupo.
[...] Depois de receberem as pinturas relativas ao grupo [a] que pertencem, crianças e
adolescentes são levados pelos líderes para um local afastado cinco quilômetros da sede
da aldeia, onde ocorre outra cerimônia.
[...]
Na fase seguinte, os escolhidos são carregados nas costas por índios de seus grupos até
a sede da aldeia. [...]
Pela tradição indígena, a partir desse momento os novos adultos terão permissão
para casar, participar de reuniões com as lideranças, mas continuam dependentes de
suas famílias.

ÍNDIOS fazem cerimônia de passagem da infância para adolescência no MA. Disponível em: <http://g1.globo.com/ma/maranhao/
noticia/2014/09/indios-fazem-cerimonia-de-passagem-da-infancia-para-adolescencia-no-ma.html>. Acesso em: 6 ago. 2018.

Reflita como os ritos de passagem para a vida adulta, como o descrito no texto, interferem nas dimensões
culturais e religiosas envolvidas na sexualidade dos jovens indígenas.

Ciências 31
Hora de estudo
1. (ENEM) 3. No Zoológico de Chester, na Inglaterra, uma
fêmea de dragão-de-komodo, mantida em ca-
tiveiro sem a presença de machos, teve quatro
filhotes, dois anos após seu último contato com
um macho da sua espécie. Sobre o assunto, res-
ponda às questões propostas.
a) Descreva o processo reprodutivo que possi-
bilitou a geração desses filhotes.
b) Qual a vantagem evolutiva desse processo?
4. A puberdade é o período em que ocorre a ma-
turação sexual. A partir desse momento, o orga-
nismo está pronto para gerar descendentes. No
caderno, monte um quadro com as principais
características físicas que podem ser observadas
durante essa fase do desenvolvimento humano.
5. O respeito aos idosos e a sua importância em
muitas tribos indígenas são exemplos de convi-
vência entre diferentes gerações que merecem
ser seguidos. Em muitas tribos, os rituais e cos-
tumes são transmitidos oralmente e geralmente
são os idosos que realizam essa tarefa.
a) Para muitos indígenas, os anciãos são consi-
derados “arquivos vivos”. O que significa isso?
São características do tipo de reprodução repre-
sentado na tirinha: b) Você tem o costume de conversar com pes-
soas mais velhas e ouvir histórias sobre o pas-
a) simplicidade, permuta de material gênico e
sado? Escreva um pequeno texto contando
variabilidade genética.
alguma das suas experiências.
b) rapidez, simplicidade e semelhança genética.
6. Analise as afirmações a seguir, sobre os sistemas
c) variabilidade genética, mutação e evolução genitais do homem e da mulher, assinalando V
lenta. para as verdadeiras e F para as falsas. Em seguida,
d) gametogênese, troca de material gênico e faça a correção das afirmações que julgar serem
complexidade. falsas.

e) clonagem, gemulação e partenogênese. a) ( ) A testosterona é um hormônio que,


assim como os espermatozoides, é pro-
2. Uma das estratégias que contribui para a exis- duzido nos testículos.
tência de biodiversidade é o aumento da varia-
bilidade genética, que pode ocorrer por meio de b) ( ) Epidídimo, próstata e uretra são estru-
um dos seguintes processos: turas exclusivas do corpo do homem.

a) reprodução assexuada. c) ( ) Os ovários são responsáveis pela forma-


ção dos ovócitos e pela produção dos
b) reprodução sexuada. hormônios estrógeno e progesterona.
c) redução do número de descendentes. d) ( ) Menarca é o nome dado à primeira
d) aumento de casos de partenogênese. menstruação em uma mulher.
e) grande número de brotamentos. e) ( ) Menopausa é o nome dado ao inter-
valo entre uma menstruação e outra,
marcada pela ocorrência da ovulação.

32
7. Com relação aos métodos contraceptivos, são a) Estrogênio e hormônio folículo-estimulante,
feitas algumas afirmações. Marque a única alter- que estimulam a perda do endométrio.
nativa que apresenta informações corretas sobre
b) Progesterona e hormônio luteinizante, que
esse assunto.
inibem o crescimento do endométrio.
a) O dispositivo intrauterino (DIU) consiste em
c) Insulina e progesterona, que inibem a matu-
uma estrutura plástica que enfraquece ou
ração do folículo ovariano.
mata os espermatozoides que chegam ao
útero da mulher. É um método irreversível. d) Progesterona e estrogênio, que interferem na
b) A tabelinha é um método bastante seguro maturação do folículo ovariano.
para evitar a gravidez, uma vez que o ci- e) Testosterona e progesterona, que inibem a
clo menstrual é muito regular em todas as liberação do endométrio.
mulheres.
9. Ao tomar a decisão dessa opção cirúrgica para o
c) Entre os métodos contraceptivos reversíveis controle da natalidade, é preciso considerar que
mais eficazes atualmente estão os hormo- a ligadura tubária:
nais, apresentando um índice de eficácia de
mais de 90%. a) dispensa o uso de preservativos e previne
contra IST.
d) As camisinhas feminina e masculina são os
métodos contraceptivos mais utilizados em b) impede a ovulação e altera a liberação de
todo o mundo, pois são os únicos que são hormônios.
infalíveis. c) não protege contra IST.
e) Na deferentectomia (antiga vasectomia), são d) pode ser reversível em todas as mulheres
extraídos os epidídimos dos homens para desde que nunca tenham tido filhos.
que eles não possam ter filhos.
e) pode ser reversível apenas em mulheres que
8. (IJSO) Pílula anticoncepcional faz 50 anos não tenham filhos biológicos.
10. As camisinhas de látex, semelhantes às utilizadas
“Há 50 anos, a pílula anticoncepcio- atualmente, surgiram na década de 1920 e eram
nal era lançada no mercado americano. produzidas à mão. A partir de então, os processos
Em 1960, quando a FDA (Food and de produção se automatizaram e têm evoluído à
Drug Administration) a registrou como medida que novos materiais são desenvolvidos. A
constituição química e a forma das camisinhas
‘The Pill’, deu-se início a uma revolução têm sido melhoradas, aumentando a sua segu-
na reprodução feminina, bem como na rança e durabilidade, o que torna sua utilização
vida sexual das mulheres da época. Na mais confiável.
época sugiram muitos debates acerca de
Nos últimos anos, a utilização de camisinha (pre-
moralidade e de possíveis efeitos cola-
servativo) durante as relações sexuais tem sido
terais nocivos ao organismo feminino, amplamente divulgada como forma preventiva
de modo que, ao longo dos anos 60, das IST. Com relação a esse assunto, responda às
somente mulheres casadas podiam ad- questões propostas.
quiri-la. Hoje, em 2010, a pílula anti-
a) Cite duas IST causadas por bactérias e duas
concepcional é o método mais usado no causadas por vírus.
mundo por mulheres de todas as ida-
des.” (Ionline) b) Além de prevenir IST, a camisinha também é
utilizada para o planejamento familiar, por quê?
Os contraceptivos orais, também denominados 11. Desde 2006, os casos de AIDS nos jovens brasi-
“pílulas anticoncepcionais”, são constituídos ba- leiros entre 15 e 24 anos aumentaram mais de
sicamente por dois hormônios. Escolha a opção 50%, o que quer dizer mais jovens vivendo com
que indica corretamente o nome desses hormô- o vírus. Sobre essa IST, responda como são reali-
nios e sua ação na anticoncepção. zados a sua prevenção e seu tratamento.

33
6
Seres vivos
©Wikimedia Commons/
Biodiversity Heritage Library

A imagem é uma
ilustração de microalgas
realizada por Ernst Haeckel
(1834-1919), biólogo,
zoólogo, filósofo e médico
alemão que também era
artista da natureza. Com suas
ilustrações, ele queria criar
uma “estética da natureza”
e mostrar como a luta pela
existência produz uma
infinita beleza e variedade de
formas.
1. Quais são as formas
de vida que são mais
comuns para você?
2. Se você precisasse
agrupar todos os seres
vivos que conhece,
que critérios utilizaria
e em quantos grupos
conseguiria dividi-los?
3. As algas representadas
na ilustração são
fotossintetizantes. Qual
é a importância da
fotossíntese para os seres
vivos?

HAECKEL, Ernst. Kunstformen


der Natur. Leipzig: Verlag der
Bibliographischen Instituts,
1904. Melethallia.

34
Objetivos
• Reconhecer a importância da classificação dos seres vivos.
• Conhecer o sistema de classificação de Lineu.
• Identificar os cinco reinos e os seres vivos que os constituem.
• Reconhecer as principais características, a importância ecológica e as doenças associadas aos
organismos dos reinos Monera, Protoctista, Fungi e do grupo dos vírus.

Classificação dos seres vivos


A organização e a classificação estão presentes nas nossas tarefas do dia a dia. Bibliotecas, videotecas, livra-
rias, lojas de departamentos, supermercados, farmácias, entre outros, separam e catalogam seus produtos de
forma a facilitar o acesso do público a eles.
Para cada classificação, um diferente critério é utilizado,
como tipo de produto, assunto de que trata, público ao qual se
destina, etc.
Você certamente tem uma série de objetos, tais como brin-

Eduardo Borges. 2018. Digital.


quedos, jogos, figurinhas, revistas e roupas, e é provável que
goste de encontrá-los com facilidade. Se estiverem bagunça-
dos, misturados, será mais difícil achá-los quando você precisar.
Para organizar as suas coisas, como os seus livros, por exem-
plo, quais critérios você utiliza?

Fazendo Ciência
Considerando que você tivesse que organizar em grupos alguns seres vivos, como você faria essa classificação?
• Para facilitar a sua classificação, utilize a tabela abaixo, na qual há o nome de alguns seres vivos. Marque
com um X as características que cada um deles apresenta.
Cachorro Jacaré Caracol Samambaia Galinha Mosca Limoeiro Pinheiro

Tem ossos?

Tem penas?
Ilustrações: Eduardo Borges. 2011. Digital.

Tem pelos?

Tem flores?

Tem folhas?

Tem concha?

Tem asas?

Tem frutos?

35
1. Agora, divida esses seres vivos em dois grupos.
Grupo A – Animais

Grupo B – Plantas

2. Agora, faça novamente a divisão dos grupos A (animais) e B (plantas) em dois novos subgrupos.
a) Animais com ossos:
b) Animais sem ossos:
c) Plantas com flores:
d) Plantas sem flores:
3. É possível formar novos grupos? Que critérios poderiam ser utilizados para isso?

Importância da classificação
Diante da diversidade de seres vivos, a classificação também se revela necessária. Com ela, animais, plantas,
fungos e micro-organismos podem ser identificados e nomeados, bem como os conhecimentos sobre eles.
Mas como garantir a unidade entre os estudos realizados em diferentes países e idiomas?

Os cavalos tiveram origem na região atual-


mente conhecida como América do Norte,
mas são animais encontrados em todo o
mundo, ou seja, apresentam ampla distribui-
ção geográfica. Isso faz com que esse animal
tenha diferentes nomes, dificultando a troca
de informações entre os cientistas.
1,4-1,8 m
©Shutterstock/Eric Isselee

• Cavalo, em português; horse, em inglês; Pferd,


em alemão; cheval, em francês

Para amenizar esse problema, as espécies receberam nomes científicos que valem em todos os lugares,
independentemente do idioma falado ou da nomenclatura popular. Por isso, os cientistas têm necessidade de
organizá-las e dar a elas um nome universalmente reconhecido.
Na Antiguidade, o filósofo Aristóteles (384-322 a.C.), para classificar os seres vivos, procurou reuni-los em
grupos, com base em alguns critérios. Depois, houve uma época em que os seres vivos eram agrupados de
acordo com o ambiente que ocupavam. Assim, os animais eram classificados em aéreos, terrestres e aquáticos.
Outra forma de organizar os diferentes seres vivos podia ser a de usar critérios pouco científicos, como reunir os
animais de acordo com sua utilidade para o ser humano. Segundo esse critério, os animais eram agrupados em
úteis, nocivos e indiferentes.
Atualmente, as regras adotadas derivam dos estudos do botânico sueco Carl von Linné (1707-1778), mais
conhecido como Lineu.

36 8o. ano – Volume 3


Ideias de Lineu
Lineu era professor, médico, botânico e naturalista. Observando espécies de plantas e animais, ele sentiu a
necessidade de organizá-las e classificá-las, com o objetivo de compreender melhor a lógica da própria nature-
za. Em 1737, ele publicou o livro Systema Naturae, com uma proposta de classificação utilizada até a atualidade.
Mas foi apenas na 10.ª edição desse livro, em 1758, que Lineu desenvolveu melhor os critérios de classificação e
as regras de nomenclatura adotadas até hoje.
O problema dos vários nomes para uma mesma espécie de ser vivo foi
©Wikimedia Commons/National Museum do Castelo de Gripsholm

resolvido com a criação do nome científico, ou seja, um nome único para


todas as espécies conhecidas, que é o mesmo em qualquer lugar do planeta.
Entre as sugestões propostas por Lineu, duas merecem destaque: usar pa-
lavras em latim para dar nome aos seres vivos e organizá-los em um sistema
hierárquico, isto é, em uma sequência em que uma categoria é subordinada
à outra.
A vantagem de utilizar o latim é que,
ROSLIN, Alexander. Carl von Linné.
sendo uma língua morta, não sofre mo-
1775. 1 óleo sobre tela, color., dificações, o que não acontece com as
• Retrato de Carl von Linné 56 cm × 46 cm. Museu Nacional de línguas faladas cotidianamente.
Belas Artes da Suécia, Estocolmo.

Categorias taxonômicas
O sistema de classificação criado por Lineu é chamado binominal, ou seja, um nome científico é composto
por dois nomes, que designarão uma espécie. Mas por que ele escolheu dois nomes em vez de apenas um?
Ele se preocupou em analisar as características dos seres e em agrupá-los de acordo com as suas semelhan-
ças. Dessa forma, o primeiro nome representa um grupo chamado gênero. Por exemplo, o tigre, o leão e a
onça-pintada pertencem ao gênero Panthera. Isso indica que esses seres são realmente muito semelhantes.
O segundo nome diz respeito ao epíteto específico, ou
seja, mesmo que tigres, leões e onças-pintadas sejam seme- Mesmo que o segundo nome seja referente ao epí-
lhantes, há diferenças suficientes para agrupá-los em espécies teto específico, o gênero é sempre mencionado, ou
diferentes. Dessa forma, o nome científico do tigre é Panthera seja, o nome científico deve ser falado e escrito
tigris, da onça é Panthera onca e do leão é Panthera leo. sempre completo. Isto quer dizer que, se alguém
A primeira palavra, referente ao gênero, deve ter sua pri- lhe perguntar qual é a espécie do leão, você deve
mencionar Panthera leo, e não somente “leo”.
meira letra escrita em maiúsculo. A segunda palavra, referente
ao epíteto específico, é escrita em letra minúscula.
Eventualmente, apenas o nome do gênero pode ser citado, sem especificar o nome do epíteto específico.
Nesse caso, o nome do gênero vem acompanhado de “sp.”, que significa qualquer espécie. Exemplo: Panthera
sp. E se, em um texto, um mesmo nome científico é citado várias vezes, após a primeira citação, pode-se abre-
viar o nome do gênero apenas para a sua inicial. Exemplo: Panthera tigris abrevia-se P. tigris.
O nome científico deve estar sublinhado ou escrito em itálico ou em negrito. Pode ser acompanhado do
nome do autor e do ano da publicação, nesse caso, tanto o nome quanto o ano ficam sem itálico e sem negrito.
Observe um exemplo:
©Shutterstock/Gonzalo Jara

Rana iberica Boulenger, 1879


5 cm

Nome do gênero Epíteto específico

Nome Nome Data de


da espécie do autor publicação

Ciências 37
Ao elaborar seu projeto de classificação, Lineu também considerou outras categorias taxonômicas. Segundo
ele, a natureza poderia ser dividida em reinos, e cada reino poderia ser dividido em várias classes. Por sua vez,
cada classe reuniria ordens semelhantes; cada ordem agruparia famílias similares; cada família, gêneros pare-
cidos; e, finalmente, cada gênero agruparia espécies semelhantes.
Mais tarde, o naturalista francês Georges Cuvier (1769-1832) criou mais uma categoria, o filo, que reúne as
classes de animais com estrutura corporal semelhante. Cuvier não pensou nas plantas, mas hoje existe uma
categoria equivalente para elas, a divisão.
As categorias criadas por Lineu
Reino
são utilizadas até hoje. A grande Animalia
mudança veio no critério utilizado
para classificar os seres: para Lineu,
Filo
o critério era a semelhança entre Chordata
as formas de vida. Isso significa
que os seres mais parecidos entre Classe

Cecília Iwashita. 2015. Aquarela.


Mammalia
si compartilham mais categorias.
Quanto mais afastado o grau de Ordem
Carnivora
parentesco entre dois seres, me-
nos categorias eles terão em co- Família
Felidae
mum. Atualmente, outros critérios Na hierarquia criada por Lineu, a
espécie está dentro de um gênero, Gênero
são utilizados, como característi- que está dentro de uma família, a qual Panthera
cas fisiológicas, morfológicas, em- está dentro de uma ordem, e assim por
diante, como mostra a ilustração. Espécie
brionárias e as análises de material Panthera leo
genético.

Conexões
Entre cães e lobos
Durante muito tempo, o cão doméstico foi conhecido pelo nome científico Canis familiaris. Isso indica que
ele pertencia ao mesmo gênero do lobo, do chacal e do coiote, mas com algumas diferenças que seriam sufi-
cientes para classificá-lo como outra espécie.
Em 1993, um grupo de estudiosos americanos definiu que o cão doméstico deveria ser designado como
Canis lupus, em vez do nome anterior Canis familiaris. Essa decisão confirma, portanto, que o cão é, de fato,
exatamente da mesma espécie que o lobo. Isso quer dizer que cães e lobos podem cruzar entre si, gerando
descendência fértil, e que esse cruzamento pode ocorrer naturalmente. Trata-se de um fato incrível, pois existe
uma variedade imensa de raças de cachorros, todas da mesma espécie. Para muitos, já é difícil pensar que o
cruzamento entre um poodle e uma fêmea de pastor alemão seja possível. Agora, imagine comparar os cães
aos lobos!
Se, por um lado, cães e lobos pertencem à mesma espécie, saiba que existem mais de mil espécies diferen-
tes de pulgas!
©Shutterstock/Runa Kazakova

©Shutterstock/Alan Jeffery

Os lobos pertencem
à mesma espécie dos
cães domésticos.
85 cm
56 cm

38 8o. ano – Volume 3


Reinos dos seres vivos
Até os tempos de Lineu, os seres vivos eram classificados em dois grandes reinos: o reino animal e o reino
vegetal. No entanto, com o desenvolvimento de novas tecnologias, como a microscopia, os cientistas foram
identificando outros organismos, cujas características não correspondiam nem às do reino animal nem às do
reino vegetal.
Atualmente, uma das classificações mais utilizadas agrupa os seres vivos em cinco reinos e foi proposta
por Robert Harding Whittaker (1920-1980). Entre os critérios utilizados nessa classificação, são considerados:
número de células (unicelulares ou multicelulares), presença de núcleo individualizado no interior da célula
(procariótica ou eucariótica) e forma de nutrição (autótrofa ou heterótrofa). Observe, a seguir, a classificação que
reúne os organismos em cinco reinos.

Reino Monera Reino Protoctista

©Shutterstock/Kateryna Kon
Inclui as bactérias Protozoários e al-

©Shutterstock/Fotovapl
e as cianobactérias. gas fazem parte des-
Os seres incluídos se reino, formado por
nesse reino são uni- organismos eucarion-
celulares, procarion- tes. Alguns são unice-
tes, autótrofos ou lulares e heterótrofos,
heterótrofos. como os protozoários.
1,5-3 μm Outros são autótrofos

20 μm
• Pseudomonas aeruginosa,
exemplo de bactéria e podem ser uni ou
multicelulares, como
as algas. • Giardia lamblia, exemplo
de protozoário

Reino Animalia
Todos os animais são incluídos nesse grupo.
São seres multicelulares, eucariontes, heterótro- Reino Fungi
fos e se locomovem em, pelo menos, uma fase
do ciclo vital. Eventualmente, é chamado de reino Inclui seres eucariontes, heterótrofos, uni ou
Metazoa. multicelulares. Nesse reino, estão agrupados co-
gumelos, orelhas-de-pau e leveduras.
©Shutterstock/Susan Schmitz

©Shutterstock/Krisztian Farkas

• Cogumelos, espécies
5-20 cm

pertencentes ao reino
• Exemplos de espécies pertencentes ao reino dos animais dos fungos
©Shutterstock/Jacqui Martin

Reino Plantae
Inclui todas as plantas, desde as pequenas, como os musgos, até as árvores
maiores, como os pinheiros e as sequoias. São seres autótrofos, multicelulares e
eucariontes. Eventualmente, é chamado de reino Metaphyta.

Ciências 39
Saiba +
Em 1977, foi proposta por Carl Woese (1928-2012), um microbiologista americano, a divisão
dos organismos em três domínios:
• o domínio Eubacteria ou simplesmente bacteria, que inclui todas as bactérias (procariontes);
• o domínio Archaea (lê-se arquea), também denominado archaebacteria (lê-se arquebactéria),
inclui procariontes semelhantes às bactérias, mas com características que permitem a
sobrevivência desses organismos em ambientes extremos (como locais muito quentes ou
com alta quantidade de sal);
• o domínio Eukarya, que inclui todos os organismos eucariontes.
Os domínios correspondem, portanto, a uma divisão mais ampla que os reinos.

Organize as ideias
No material de apoio, você encontrará uma atividade para praticar um tipo de classificação. Nela, as figuras
dos quadros apresentam (ou não) um atributo comum. É um exercício que reforça a percepção de diferentes
características e a categorização, que é muito importante para a compreensão da classificação dos seres vivos.

Atividades
1. Ordene numericamente os termos abaixo, começando com 1 para o grupo de maior diversidade de
espécies.
( ) Ordem ( ) Reino ( ) Classe ( ) Gênero ( ) Espécie ( ) Filo ( ) Família
2. Ao afirmar que dois seres pertencem à mesma classe, obrigatoriamente, esses seres devem ter em comum
a) a mesma família. c) a mesma espécie. e) o mesmo gênero.
b) o mesmo filo. d) a mesma ordem.
3. Os três animais abaixo estão ameaçados de extinção. Dois deles têm maior parentesco entre si. Quais são
eles? Justifique sua escolha.

Amazona brasiliensis Cerianthus brasiliensis Amazona vinacea


4. Determinado organismo pode ter diferentes nomes em um mesmo idioma. Por exemplo: dependendo
de onde você mora, nos meses de junho e julho, nas feiras e mercados, há grande oferta de tangerina,
bergamota, vergamota, mexerica ou mimosa.
a) Escolha a palavra que lhe é mais familiar e descreva a fruta da qual estamos falando.
b) As frases abaixo, uma delas em italiano e a outra em francês, fazem referência a essa fruta e citam
seu nome científico. Qual é ele? De que modo você conseguiu identificá-lo?

Mandarini delle varietà derivate dalla specie Citrus reticulata.

Huile essentielle de Mandarine rouge (Citrus reticulata).

c) Qual a importância de usar o nome científico para designar uma espécie de ser vivo? Explique.

40 8o. ano – Volume 3


Reino Monera Membrana plasmática

O reino Monera compreende exclusivamente os


organismos procariontes, como as bactérias e as cia-
nobactérias, seres que não têm membrana delimitan-

Jack Art. 2011.Digital.


do o material genético do restante do citoplasma, ou
seja, não têm núcleo nem organelas membranosas. Flagelo

São unicelulares e de estrutura relativamente


simples. A maioria tem uma parede celular em volta
Citoplasma Material genético
da célula. Logo abaixo da parede celular, localiza-se Cápsula Parede celular
a membrana plasmática. Algumas bactérias podem
apresentar flagelo ou cílios que auxiliam na loco-
moção. Também pode estar presente uma cápsula • Exemplo de bactéria com flagelo
protetora envolta da parede celular.
As bactérias têm diferentes formas e podem viver isoladas ou em colônias. Como são microscópicas, só
podem ser visualizadas com o uso de microscópio, mas, quando formam colônias, podem ser vistas a olho nu.
Podem ser autótrofas (por exemplo, as cianobactérias), quando produzem seu próprio alimento, ou hete-
rótrofas, quando absorvem substâncias nutritivas do ambiente.
Em relação à necessidade de oxigênio, as bactérias também têm comportamentos diferentes. As espécies
que precisam do oxigênio atmosférico para a respiração são chamadas de aeróbias. Outras, como a bactéria
que causa o tétano, vivem somente em ambientes com pouco ou nenhum oxigênio, por isso são chamadas de
anaeróbias. Um terceiro grupo, que compreende os lactobacilos, por exemplo, vive tanto na presença como
na ausência de oxigênio: são as bactérias facultativas.
©Wikimedia Commons/Janice Haney Carr

©Shutterstock/Pattikky
©Wikimedia Commons/Volker Brinkmann

500 nm
2 μm

Bacilos são bactérias de forma Cocos são bactérias de forma arredondada, Cultura de bactérias. Cada ponto representa
alongada, como a Salmonela sp. como a Staphylococcus aureus. uma colônia com milhares de indivíduos.

A reprodução dos procariontes é muito rápida e, quan-


do as condições ambientais são favoráveis, em poucas Quando as condições ambientais são desfa-
voráveis à sobrevivência, algumas bactérias pro-
horas eles originam milhares de descendentes.
duzem pequenas cápsulas denominadas endós-
A forma mais comum de reprodução é a divisão sim- poros (esporos). Dessa forma, elas podem ficar
ples (bipartição). Algumas bactérias criam uma ponte sem atividade por muito tempo. Quando as
entre elas e trocam parte de seu material genético em condições ambientais se tornam favoráveis ou
um processo chamado de conjugação. Nesse caso, há quando encontram um hospedeiro para para-
troca de material genético e, por isso, as bactérias geradas sitar, elas libertam-se da condição de esporo e
voltam a se reproduzir.
depois da conjugação podem apresentar características
diferentes das originais (antes da conjugação).

Ciências 41
Bactérias no dia a dia

hat Tokaew
As bactérias estão por toda parte, relacionam-se com os
outros seres vivos e com os componentes do ambiente. As

©Shutterstock/Worac
bactérias autótrofas realizam fotossíntese e são fonte de ali-
mentos para muitos organismos. As heterótrofas alimentam-
-se de matéria orgânica em decomposição e pertencem ao
grupo dos decompositores nas teias alimentares. Nesse caso,
são chamadas de saprófitas.
Existem também bactérias que crescem em associação
com plantas, trocando substâncias nutritivas. Nas raízes de
plantas leguminosas (plantas que produzam vagens), por
exemplo, há bactérias (gênero Rhizobium) que retiram o • Nódulos formados por bactérias
que fixam o nitrogênio em raízes
nitrogênio do ar. O nitrogênio é um nutriente importante
para as plantas, mas elas não conseguem utilizá-lo na forma
gasosa presente no ar. As bactérias presentes nos nódulos dessas raízes captam o nitrogênio atmosférico e o
transformam em um composto nitrogenado que as plantas absorvem pelas raízes e conseguem usar.
O nosso corpo tem trilhões de células bacterianas e a maioria vive em nosso intestino, auxiliando no pro-
cesso de digestão e na produção de algumas vitaminas, sendo fundamentais para o equilíbrio do organismo e
para a saúde.
As bactérias também são fundamentais na decomposição de organismos mortos ou de seus detritos,
produzindo substâncias que podem ser novamente aproveitadas pelos seres vivos. Muitas estão presentes
na fabricação de alimentos, como em queijos, iogurtes e algumas bebidas.
Atualmente, as bactérias apresentam uma importante aplicação: seu uso na biotecnologia, destinada às
indústrias de medicamentos, alimentícia, petrolífera, ambiental, entre outras.
E não podemos nos esquecer das bactérias que causam doenças aos humanos, aos outros animais e às
plantas, são as chamadas bactérias patogênicas.

Bactérias e doenças
As bactérias patogênicas podem causar danos ao corpo dos animais e das plantas. Algumas agem local-
mente, destruindo as células, outras agem a distância, produzindo toxinas que poderão atuar em outros tecidos
ou órgãos. A bactéria que causa o tétano, por exemplo, fica localizada no ferimento, mas suas toxinas vão atuar
em todo o corpo.
©Shutterstock/Africa Studio

A ação de muitas bactérias patogênicas pode ser com-


batida pelo próprio corpo ou por medicamentos chamados
antibióticos. Para a prevenção dessas doenças, porém, o
melhor é a vacinação e os cuidados com a higiene.
Há vacina para a maioria das doenças causadas por bac-
térias. A tuberculose, por exemplo, é uma doença causada
por bactérias que pode ser evitada com a vacina BCG.
Além do tétano e da tuberculose, são doenças causadas
por bactérias: pneumonia, conjuntivite, hanseníase (lepra),
disenteria, blenorragia, sífilis, difteria, coqueluche, cárie,
meningite bacteriana, botulismo, leptospirose, entre outras.

Grande parte das doenças causadas pelas bactérias


pode ser prevenida por meio da vacinação.

42 8o. ano – Volume 3


Organize as ideias
BACTÉRIAS NO
CORPO HUMANO
• Analise a ilustração ao lado e responda às questões Composição do nosso corpo

propostas. 10 trilhões
de células humanas

100 trilhões
a) Todas as bactérias do nosso corpo são benéficas? de células bacterianas

b) Qual o local em que há mais bactérias? Por quê? Espécies de bactérias vivendo
no ser humano

c) Compare o número de células bacterianas com o 5 mil a 35 mil


... no intestino
total de células do corpo. Há quantas vezes mais 300 a 500
células bacterianas? A que se deve essa diferença? ... na boca

120

Jack Art. 2011.Digital.


... na pele

Espécies de bactérias nocivas


aos humanos
100

Classificação dos organismos procariontes


Pesquisas científicas identificaram que existem diferenças entre os procariontes, originando dois grupos: o
das bactérias e o das arqueobactérias.
O domínio Archaea (do grego Archeos = antigo), que inclui todas as arqueobactérias, é caracterizado pela
impressionante capacidade desses organismos viverem em ambientes com condições muito adversas, como
altas temperaturas, grande salinidade ou grandes profundidades. Ou seja, vivem em ambientes onde nenhuma
outra forma de vida se desenvolve. As arqueobactérias eram abundantes nos ambientes que caracterizavam a
Terra há cerca de 3,5 bilhões de anos.
O outro domínio é o Bacteria, conhecido também como Eubactérias, representado pelas bactérias, ciano-
bactérias, riquétsias (parasitas intracelulares minúsculos) e pelos micoplasmas (os menores procariontes com
capacidade de se replicar).

Saiba +
©Shutterstock/Dory F
As cianobactérias são as representantes autótrofas
do reino Monera, pois têm clorofila e são fotossinteti-
5-10 cm

zantes, responsáveis por parte do gás oxigênio liberado


na atmosfera, motivo pelo qual são de grande impor-
tância ecológica.
Elas têm esse nome devido à presença de um pig-
mento chamado ficocianina, que, com a clorofila, ofe-
rece cor azul-esverdeada a muitas espécies. Podem
ser encontradas no solo, sobre rochas, na água doce
ou no mar. Também podem fazer associações com Os liquens são associações de fungos com cianobactérias.
fungos, originando os liquens.
As cianobactérias podem causar problemas nos reservatórios de água e em piscinas. Elas po-
dem deixar a água com um cheiro desagradável e contaminá-la com substâncias tóxicas. Por isso,
é necessário examinar, periodicamente, as fontes e os reservatórios de água destinados ao abas-
tecimento, a fim de verificar a população desses organismos.

Ciências 43
Atividades
1. O reino Monera inclui as bactérias, as cianobactérias e as arqueobactérias, seres que têm características
em comum. Quais são as principais características dos organismos desse reino?

2. Os seres vivos do reino Monera apresentam diferentes formas de reprodução, sendo a divisão simples
uma das mais conhecidas. Explique o que é a divisão simples.

3. Um cientista analisou um ser vivo no microscópio e constatou que se tratava de uma cianobactéria.
Assinale as características que ele observou para chegar a essa conclusão.
a) ( ) Procarionte. d) ( ) Unicelular.
b) ( ) Eucarionte. e) ( ) Heterótrofa.
c) ( ) Clorofilada.
4. Leia atentamente a tira a seguir.

©Níquel Náusea de Fernando Gonsales


GONSALES, F. Níquel Náusea. Disponível em: <www.niquel.com.br>. Acesso: 3 abr. 2018.

Agora, responda às questões propostas.


a) Afinal, que ser vivo causou a doença em questão?

b) Será que todas as bactérias causam doenças? Justifique sua resposta.

c) O que o rato e a pulga representam na história?

44 8o. ano – Volume 3


Reino Protoctista
Esse grupo é formado por seres que apresentam células eucarióticas e incluem os protozoários, organismos
unicelulares e heterótrofos, e as algas, tanto unicelulares quanto multicelulares, autótrofas.
As algas multicelulares (antes classificadas com as plantas) foram incluídas no reino Protoctista porque não
chegam a formar tecidos verdadeiros, ou seja, suas células estão agrupadas, mas não organizadas para desem-
penhar uma função comum.

Protozoários
Os primeiros pesquisadores que identificaram os protozoários descreveram esses seres como animais mi-
croscópicos, por isso foram chamados de “primeiros animais” (do grego protos = primeiros; zoo = animais),
embora hoje se saiba que eles pertencem a um reino à parte.
Grande parte dos protozoários apresenta vida livre, sendo encontrados em ambientes aquáticos. No entan-
to, há espécies parasitas causadoras de doenças, como malária, doença de Chagas e toxoplasmose.
O processo reprodutivo mais comum entre os protozoários é assexuado e ocorre, principalmente, por divi-
são simples.
Quando o ambiente não está favorável à sua sobrevivência, alguns proto-
©Shutterstock/Lebendkulturen.de

zoários podem adotar a forma de cisto. Eles diminuem de tamanho, perdem


50-330 μm organelas e formam um envoltório resistente em torno de si mesmo. Quando o
ambiente se torna novamente favorável, eles voltam à sua forma ativa.
Os protozoários são classificados, principalmente, de acordo com a sua for-
ma de locomoção.
Os chamados ciliados, como o paramécio (foto), são organismos que apre-
sentam estruturas denominadas cílios, utilizadas para a locomoção e também
para a captura de alimentos.
Os protozoários flagelados locomovem-se por meio do movimento realiza-
O paramécio é um protozoário ciliado do por um ou mais flagelos. Um exemplo é o protozoário causador da doença
de vida livre, portanto, não é parasita.
de Chagas.
Alguns protozoários caracterizam-se pelas projeções de parte do corpo que formam os pseudópodes (que
significa falsos pés), utilizados para capturar alimentos e também como estrutura de locomoção. Esses proto-
zoários são chamados de rizópodes ou sarcodíneos. Nesse grupo, estão as amebas.
Outros protozoários não apresentam organelas de locomoção, como os esporozoários. Nesse grupo, estão
alguns protozoários parasitas, como os causadores da malária e da toxoplasmose.

Doenças causadas por protozoários


G. Schultz

A doença de Chagas, também chamada de tripanossomíase americana,


é causada pelo protozoário flagelado Trypanosoma cruzi. Ela foi desvendada
DC/Dr. Myron

em 1909, por Carlos Chagas, de onde deriva o nome da doença.


O protozoário é transmitido principalmente pelas fezes de um inseto
ia Commons/C

conhecido popularmente como barbeiro, que leva esse nome por picar
normalmente a região do rosto da pessoa que será infectada. No momen-
to da picada, o inseto deposita suas fezes com os protozoários sobre a
©Wikimed

pele. Como normalmente a pessoa coça a região atingida, as fezes são


então levadas para o interior do corpo, atingindo a corrente sanguínea.
• Trypanosoma cruzi visto ao microscópio, sem informação de aumento.

Ciências 45
A transmissão da doença de Chagas também ocorre pela ingestão de alimentos contaminados com o pro-
tozoário (geralmente caldo de cana ou açaí com fezes do barbeiro contaminado), por transfusão sanguínea,
transplante de órgãos e de mãe contaminada para o bebê durante a gestação ou o parto.
Observe o ciclo da doença de Chagas:

A pessoa, ao coçar o local da picada, facilita a penetração do parasita


através da pele ou contamina suas mãos e, ao levá-las à boca ou aos olhos, Tripanossomos no
propicia a penetração do parasita através da mucosa desses órgãos. tecido muscular Os sintomas iniciais são febre,
estriado cardíaco
mal-estar, inflamação e dor nos
gânglios linfáticos, inchaço sobre
os olhos, aumento do tamanho de
órgãos, como o fígado, o baço e o
intestino, evoluindo para ocorrên-
cia de problemas cardíacos.
Nas fezes do barbeiro infectado,
encontram-se os tripanossomos. O tratamento, quando realizado
Detalhe de um
Órgão Corrente vaso sanguíneo
na fase inicial da doença, apresenta
sanguínea grandes chances de cura.
Hospedeiro
vertebrado

• Ciclo da doença de
Chagas no ser humano
O barbeiro, enquanto suga O inseto, ao sugar o sangue
o sangue de uma pessoa, de uma pessoa contaminada, Hemácia Tripanossomo
tem o hábito de defecar. adquire o tripanossomo.

No interior
do mosquito,
desenvolvem-se
A malária é uma doença causada O mosquito suga
os esporos.
pelo protozoário esporozoário parasi- o sangue de uma
pessoa contaminada.
ta chamado Plasmodium (plasmódio).
Ela é transmitida aos seres humanos O mosquito injeta os esporos
Pele
pela picada da fêmea do mosquito do no ser humano.

gênero Anopheles.

Ilustrações: Luiz Moura. 2011. Digital.


A malária atinge 500 milhões de
pessoas por ano em todo o mundo e
Os esporos entram
cerca de um milhão dessas pessoas in- nas células sanguíneas.
fectadas acabam morrendo. No Brasil,
a Região Amazônica é considerada a
área endêmica do país para a malária.
Os protozoários
amadurecem e
são liberados. Essa fase do plasmódio
• Ciclo do Plasmodium sp., atinge as células do fígado, onde os
causador da malária protozoários se multiplicam e são novamente
liberados para a corrente sanguínea.

A transmissão acontece quando o mosquito suga o sangue de uma pessoa contaminada pelo plasmódio,
que se aloja na saliva do mosquito. Ao picar uma pessoa saudável, o mosquito injeta os protozoários que estão
na forma de esporos (semelhantes a pequenos ovos), os quais entram no interior das células sanguíneas, as
hemácias, onde se desenvolvem. Posteriormente, causam o rompimento da hemácia, denominado hemólise, e
deixam novos esporos, que reiniciarão todo o ciclo.
A hemólise das hemácias, com a liberação dos esporos, causa episódios cíclicos de febre, que são típicos em
pacientes com malária.

46 8o. ano – Volume 3


A amebíase é uma doença causada pelo protozoário Entamoeba histolytica (ameba), que ataca o intestino
grosso, provocando dores abdominais, diarreia, fezes com muco e sangue, além de anemia. Sua transmissão
ocorre por ingestão de água ou alimentos contaminados, contendo cistos da ameba. As principais medidas
preventivas incluem saneamento básico e cuidados higiênicos com as mãos, os alimentos e a água.
A toxoplasmose é uma doença causada pelo protozoário Toxoplasma gondii, encontrado em todo o
mundo.
Em geral, os sintomas são muito variados e incluem febre, manchas e dores pelo corpo, cansaço e dificulda-
des para enxergar, que podem evoluir para cegueira e lesões na retina.
A contaminação pelo toxoplasma pode acontecer por meio do contato com os cistos presentes nas fezes
contaminadas de animais, geralmente dos gatos. Também ocorre contaminação por meio da ingestão de car-
nes malcozidas ou vegetais mal lavados que estejam contaminados com os cistos.
Os maiores cuidados referentes à contaminação pelo toxoplasma devem ser tomados pelas mulheres grávi-
das, pois o protozoário pode afetar o feto e provocar aborto e/ou má-formação da criança.

Não existe vacina para malária nem para doença de Chagas, amebíase ou toxoplasmose. O diagnóstico e o tratamento são
realizados pelos profissionais de saúde. Ao sentir qualquer sintoma, procure um médico e evite a automedicação.

Algas
As algas podem ser encontradas nas águas de rios, lagos, mares e oceanos. O grupo das algas inclui orga-
nismos unicelulares microscópicos e outros multicelulares, que podem atingir muitos metros de comprimento,
como os sargaços, tipo de alga encontrada em regiões oceânicas de grande profundidade.
Elas são autótrofas, isto é, capazes de produzir seu próprio alimento por meio da fotossíntese, compondo
as teias alimentares nos ambientes aquáticos. Elas também são responsáveis pela maior parte da produção de
oxigênio no planeta Terra.
Quando encontram condições ambientais favoráveis,
as algas podem acelerar o seu processo de reprodução, A FAN – floração de algas nocivas –, anteriormente
aumentando a quantidade de indivíduos e provocando chamada maré vermelha, é causada principalmente pelo
um fenômeno conhecido por floração de algas. despejo de esgotos não tratados na água, o que aumen-
ta a quantidade de matéria orgânica e o consequente
Dividem-se em grupos conforme suas características, aumento de nutrientes, facilitando a multiplicação ex-
como: composição da parede celular, substância de re- cessiva das algas. Os principais danos causados pela
serva, cor dos seus pigmentos e forma e função dos seus maré vermelha são a diminuição na quantidade de
flagelos. Os principais grupos de algas são os seguintes: oxigênio dissolvido na água e a liberação de toxinas, o
algas verdes (clorófitas), algas vermelhas, algas par- que pode ser prejudicial para os organismos aquáticos.
das, algas euglenófitas e algas dinoflageladas.
©Shutterstock/YewLoon Lam ©Shutterstock/Adwo ©Wikimedia Commons/4028mdk09

O gênero
êne
n ro r Ulva
Ullva
va
As espécies dinoflageladas do gênero Noctiluca são compre
com preend nde aalga
nd lgas
lga
gaas
bioluminescentes e provocam efeitos incríveis no mar. clorófita
cloróf
cl
clo róf
ó itita
óf taas macacrosc
acr sccópi
ópicas
cas
cas.
ass.
• Proliferação de algas

Ciências 47
Atividades
1. Sobre as características gerais dos organismos pertencentes ao reino Protoctista, analise se as afirmações
são falsas (F) ou verdadeiras (V). Em seguida, faça a correção das afirmações que julgar serem falsas.
a) ( ) Fazem parte desse reino os protozoários e as algas.
b) ( ) Esse reino compreende exclusivamente organismos unicelulares.
c) ( ) Os protozoários são autótrofos.
d) ( ) No grupo das algas, há representantes multicelulares.
e) ( ) Há alguns protozoários causadores de doenças, como a malária e a toxoplasmose.

2. A malária e a doença de Chagas são doenças causadas por protozoários e transmitidas pela ação de um
inseto. Caso fosse possível tratar todas as pessoas doentes, as doenças deixariam de existir? Justifique sua
resposta.
3. Sobre a doença de Chagas, responda às questões a seguir.
a) Há casos relatados de contaminação de alimentos como o caldo de cana e o açaí com fezes de bar-
beiro. Se ingeridos, esses alimentos podem transmitir o protozoário. Como ocorre a forma habitual de
transmissão da doença de Chagas?
b) Explique por que esse inseto, o triatoma, é conhecido como barbeiro.
4. A toxoplasmose é uma zoonose, ou seja, uma doença transmitida aos seres humanos por um animal.
Nesse caso, o gato é um dos principais hospedeiros do protozoário chamado Toxoplasma gondii, cau-
sador da doença. Agora responda: A toxoplasmose é transmitida por todos os gatos? Há alguma outra
forma de transmissão da doença?

5. As algas são importantes para a manutenção do equilíbrio ambiental nos ecossistemas. O motivo princi-
pal deve-se ao fato de esses organismos
a) atuarem como decompositores nos ecossistemas.
b) servirem de alimento para os organismos autótrofos.
c) participarem de processos importantes para a água, como as florações.
d) realizarem fotossíntese e, assim, formarem a base das teias alimentares aquáticas.
6. Você sabe o que é um espessante?
Mesmo sem saber, você já deve ter se alimentado de algum produto contendo derivados de algas. A in-
dústria de alimentos utiliza diversos tipos de produtos derivados das algas e alguns deles são responsáveis
por aumentar a consistência de alguns alimentos. São os chamados espessantes alimentares.
De acordo com essas informações, pesquise quais são os principais espessantes provenientes das algas e
verifique alguns rótulos de alimentos industrializados existentes na sua casa para saber em que produtos
eles são utilizados.

48 8o. ano – Volume 3


Reino Fungi

©Shutterstock/Tomasz Czadowski
O reino Fungi agrupa os organismos genericamente conhecidos como
fungos. Eles já foram, por sua aparência e hábitat, classificados dentro do rei-
no das plantas. Nessa época, os cientistas consideravam que os fungos eram

4-8 cm
plantas que haviam perdido a clorofila. Posteriormente, pesquisas levaram os
fungos a serem classificados como protoctistas. Em 1969, pesquisadores reco-
nheceram que esses seres têm características bem diferentes das plantas, dos
animais e dos protoctistas, por isso criaram um reino à parte, o reino Fungi.
A diversidade apresentada pelos fungos é muito grande. Eles podem ser

©Shutterstock/Dafinchi
unicelulares, como os levedos, ou multicelulares, como os bolores (mofos), as
orelhas-de-pau e os cogumelos. Todos os fungos são heterótrofos e suas cé-

10-40 cm
lulas são eucarióticas.

Os fungos são heterótrofos, mas não ingerem alimentos, eles realizam a

©Shutterstock/Kathayut Kongmanee
digestão extracorpórea, ou seja, fora de seu próprio corpo. Nesse proces-
so, eles liberam enzimas digestivas que quebram as moléculas orgânicas 3-14 cm

grandes, como os carboidratos, em moléculas menores, o que facilita a


absorção dos nutrientes. Esse processo vai gradativamente promovendo a
decomposição do substrato.
• Diferentes exemplares
de fungos

Nos fungos multicelulares, como os cogumelos, as células estão unidas e liga-


5-15 cm

das umas às outras, formando longos filamentos entrelaçados chamados de hifas.


As hifas se compactam e se reúnem, formando o micélio.
O micélio normalmente se encontra no interior da matéria da qual o fungo se
alimenta. A estrutura que vemos e que denominamos cogumelo é a parte reprodu-
©Shutterstock/Kichigin

tiva do fungo, chamada corpo de frutificação.


A reprodução dos fungos multicelulares ocorre por meio do corpo de frutifica-
ção, que apresenta diversas estruturas internas denominadas esporângios, que
Algumas espécies de fungos podem formam os esporos. Os esporos produzidos podem se espalhar no ambiente, carre-
liberar trilhões de esporos em névoas gados pelo ar, e, ao caírem em um local com condições de umidade e temperatura
de explosão, garantindo que possam
ser levados a longas distâncias.
adequadas, germinam e originam um novo fungo.

Algumas espécies também


podem se reproduzir por brota-
mento, como os levedos.
Estrutura
reprodutora As células dos fungos apresen-
tam parede celular, assim como as
Corpo de frutificação

das plantas. Mas, ao contrário das


plantas, que têm parede celular
Jack Art. 2011.Digital.

Estágio
com celulose, a parede celular dos
Estruturas
primordial
produtoras de esporos
fungos contém quitina, um car-
boidrato também encontrado em
Hifas alguns animais.

Micélio
• Ilustração esquemática das partes de
Liberação um cogumelo e do local de produção e
de esporos liberação dos esporos

Ciências 49
Os fungos podem viver associados aos demais seres vivos por meio do mutualismo e do parasitismo. Muitos
fungos se associam às raízes de plantas e formam as micorrizas, que aumentam a capacidade de absorção de
nutrientes minerais do solo pelas raízes. Nas micorrizas, a planta realiza fotossíntese e fornece nutrientes para a
sobrevivência e multiplicação dos fungos, enquanto estes absorvem minerais e água do solo, transferindo-os
para as raízes da planta, estabelecendo assim o mutualismo.
Outro exemplo de mutualismo são os liquens, formados pela associação entre fungos e algas ou
cianobactérias.
Os fungos podem parasitar animais e plantas, causando danos e prejuízos. Nas plantas, há uma doença
chamada ferrugem causada por um tipo de fungo que parasita as folhas e reduz a produtividade dos cafezais,
milharais e plantações de soja.
Nos seres humanos e em outros animais, os fungos podem provocar doenças chamadas micoses, que
podem afetar a pele, as unhas e os cabelos. A queratina, substância encontrada na superfície da pele, unhas e
cabelos, serve de alimento para esses fungos, que se desenvolvem melhor em ambientes úmidos, quentes e
escuros. Também são a causa de frieiras e do sapinho (candidíase).

Conexões
Importância econômica e ecológica dos fungos
Os fungos, assim como as bactérias, são importantes decompositores, desempenhando um papel funda-
mental nos ecossistemas ao reciclar a matéria orgânica.
Alguns fungos têm grande importância econômica por servirem de alimento (como o champignon e o shitake)
e por serem utilizados na indústria farmacêutica ou de alimentos (produção de alguns queijos, pães e bebidas,
como o vinho). Também são utilizados no processo de fabricação do etanol.
4-10 cm
4 cm

Alexander Fleming (1881-1955), um


médico britânico, em 1928, estava
©Shutterstock/Gita

©Shutterstock/Emily Li

estudando culturas de bactérias e


Kulinitch Studio

notou um bolor crescendo em uma


delas. Nessa região onde crescia o
• Champignon • Shitake bolor, não se desenvolviam bactérias.
Fleming sugeriu que deveria haver
alguma substância produzida pelo
Os fermentos biológicos utilizados na produção de pães e vinhos são
bolor que matava as bactérias. Ele
compostos de levedos (ou leveduras) do gênero Saccharomyces que de- identificou o bolor como sendo do
gradam o açúcar, produzindo álcool e gás carbônico (processo denomi- gênero Penicillium e chamou a subs-
nado fermentação). Na produção dos pães, o gás carbônico faz a massa tância por ele produzida de penicili-
crescer e o álcool é evaporado em altas temperaturas. na, o primeiro antibiótico identifica-
Você já viu as manchas azul-esverdeadas nos queijos roquefort e gorgon- do, que atualmente é produzido pela
indústria farmacêutica e utilizado
zola? E a capa esbranquiçada do queijo camembert? Elas são causadas por
no combate de muitas infecções.
fungos adicionados no preparo do queijo para lhe dar um sabor especial.
©Shutterstock/Anatolii Riepin

©Shutterstock/Nishihama

No queijo roquefort, é usado o fungo Penicillium


roqueforti, que é misturado ao leite de ovelha. No
queijo gorgonzola, o mesmo fungo é adicionado
ao leite de vaca. No queijo camembert, os fungos
Penicillium candidum são pulverizados sobre o
• Queijo roquefort • Queijo camembert queijo e, após uma semana, começa a surgir uma
camada de mofo branco comestível.

50 8o. ano – Volume 3


Atividades
1. Atualmente, os fungos têm seu próprio reino: Fungi. Mas, por muito tempo, eles foram classificados
como plantas. Qual é a principal característica dos fungos que os distinguem das plantas?

2. Sobre os fungos, assinale a alternativa correta.


a) São heterótrofos e decompositores.
b) Apresentam células sem núcleo ou organelas membranosas.
c) São responsáveis pela produção de energia nos ecossistemas.
d) Apresentam tecidos complexos na organização de seus órgãos.
e) Desenvolvem-se exclusivamente em ambientes secos e se alimentam por ingestão.
3. Em algumas situações, os fungos podem se desenvolver sobre os pães e podemos percebê-los devido às
manchas que produzem (foto).
Por que não podemos simplesmente cortar a parte estragada do pão e comer o resto do pedaço em que
não enxergamos fungos?
©Shutterstock/Schankz

4. Os seres vivos mantêm diferentes tipos de relações ecológicas uns com os outros. Com os fungos acon-
tece a mesma coisa, e eles podem se associar com seres vivos em relações harmônicas ou desarmônicas.
Dê um exemplo de relação harmônica e um de relação desarmônica em que os fungos participam.

5. Que organismos formam o fermento biológico? Por que o fermento faz as massas crescerem?

6. Os termos a seguir estão relacionados aos seres vivos. Alguns deles podem se aplicar aos fungos e outros
não. Circule os termos que se aplicam corretamente a esse grupo de seres vivos e, depois, forme uma frase
usando os termos escolhidos.

Animais Unicelulares Multicelulares Heterótrofos Autótrofos

Plantas Fungos Seres vivos Fotossíntese Protoctistas

Ciências 51
+ Zoom
Vírus
Os cinco reinos apresentados incluem todos os seres vivos do mundo. E os vírus? Eles foram mencionados
quando estudamos algumas IST, mas em que reino eles estão incluídos?
Durante muito tempo, alguns cientistas afirmavam que os vírus não eram seres vivos, enquanto outros ale-
gavam que sim. Essa discordância aconteceu porque todos os seres vivos são formados por células e os únicos
seres que não têm células são os vírus. Por isso, atualmente a classificação taxonômica dos vírus ainda não foi
completamente definida.
A Os vírus só podem ser vistos com microscópios ele-
Capsídeo Material genético
do vírus trônicos. Podem apresentar várias formas diferentes, que
Cauda consistem basicamente em um envoltório de proteínas
chamado capsídeo, que protege o material genético. Al-
guns vírus podem ter um envoltório externo ao capsídeo,
chamado de envelope. E também há aqueles que têm
Fibras
uma estrutura denominada cauda, como os bacteriófa-
da cauda gos (ou, simplesmente, fagos), vírus parasitas específicos
de bactérias.
Paulo Cesar Pereira. 2015. Digital.

Um vírus só manifesta um comportamento semelhan-


B
Envelope te à vida quando está parasitando outro ser vivo. Somente
Material genético no interior das células parasitadas os vírus conseguem se
do vírus multiplicar. Por isso, são conhecidos como parasitas in-
tracelulares obrigatórios.
Capsídeo
Quando não estão parasitando uma célula, os ví-
rus ficam sem nenhuma atividade. Alguns morrem e
Estruturas que facilitam outros assumem uma forma semelhante a pequenos
a fixação do vírus na célula
cristais. Nessa forma, eles são conhecidos como vírions.
Em A, representação esquemática de um vírus bacteriófago, o Assim, eles podem permanecer no ambiente por muito
tamanho desses vírus é de cerca de 65 nm. Em B, representação
esquemática (e em corte) do vírus causador da gripe humana, o tempo, até encontrarem outra célula para parasitar e se
diâmetro desses vírus é de cerca de 30 nm. multiplicar.
Os vírus são amplamente utilizados em processos biotecnológicos, como no controle biológico de pragas
na agricultura e na área da saúde, na busca de tratamento para algumas doenças crônicas, como o diabetes e
alguns tipos de câncer, e na produção de muitos medicamentos.
Os vírus podem causar inúmeras doenças aos seres vivos, inclusive aos seres humanos. Algumas das prin-
cipais viroses que podem se desenvolver nos seres humanos são: gripe, caxumba, catapora (varicela), raiva,
rubéola, sarampo, hepatites, dengue, febre amarela, poliomielite, AIDS, entre outras.
O combate às doenças causadas por vírus é difícil, uma vez que esses seres são suscetíveis a diversas altera-
ções no seu material genético (mutações), que podem prejudicar a eficácia de tratamentos ou vacinas. Alguns
tipos de vírus têm estrutura mais estável e, para eles, há vacinas eficazes, como os vírus do sarampo, da rubéola
e da caxumba, que podem ser evitados com a vacina tríplice viral.
Além da vacinação, a prevenção contra a ação dos vírus pode ser realizada com medidas simples como
lavar as mãos e cobrir a boca ao tossir e espirrar, além de manter os ambientes ventilados, ações que auxiliam
a evitar o contágio de muitos tipos de vírus e de outros micro-organismos causadores de doenças.

Observe o seu cartão de vacinação e verifique para quais doenças provocadas por vírus você já foi vacinado
e se está em dia com as demais vacinas.

52 8o. ano – Volume 3


Hora de estudo

1. O pau-rosa é uma árvore nativa do Brasil, da Floresta Amazônica, que pode atingir até 30 m de altura.
É dela que se extrai o óleo essencial de pau-rosa, utilizado na fabricação de vários perfumes franceses
famosos. As alternativas a seguir apresentam o nome científico dessa planta. Considerando as regras de
nomenclatura internacional, assinale a que corresponde à grafia correta.
a) Aniba Rosaeodora
b) aniba Rosaeodora
c) aniba rosaeodora
d) Aniba rosaeodora
2. Considere dois agrupamentos de animais:

Grupo A – composto de quatro indivíduos pertencentes à mesma família.


Grupo B – composto de cinco indivíduos pertencentes à mesma ordem.

Em qual dos grupos é mais provável encontrar indivíduos com maior grau de parentesco? Por quê?
3. (UFPR) O atobá-pardo é uma ave marinha com ampla distribuição em diferentes partes do globo. Seu
nome comum varia muito de lugar para lugar, como, por exemplo, “brown booby” (Estados Unidos),
bruinmalgas (África do Sul), alcatraz (Portugal) e “bruine gent” (Holanda), entre outras denominações.
Tendo em vista essa diversidade de nomes, parece irônico que cientistas busquem utilizar ainda mais um
nome – Sula leucogaster – para se referir a essa espécie. Discorra sobre as vantagens do uso do nome
científico.
4. Das doenças citadas a seguir, indique B para aquelas que são causadas por bactérias e V para as causadas
por vírus.
a) ( ) Sífilis g) ( ) Dengue
b) ( ) Gripe h) ( ) Leptospirose
c) ( ) Sarampo i) ( ) Botulismo
d) ( ) Rubéola j) ( ) Caxumba
e) ( ) Tuberculose k) ( ) Febre amarela
f) ( ) Tétano l) ( ) Lepra
5. Apesar de certas bactérias causarem doenças nos seres humanos, muitas têm grande utilidade na indús-
tria e na produção de alimentos. Cite alguns exemplos de produtos que dependem das bactérias para ser
produzidos.
6. Analise as afirmações a seguir sobre os protozoários, assinalando com V as verdadeiras e com F as falsas.
No seu caderno, corrija as afirmações que julgar falsas.
a) ( ) No grupo dos protozoários, também estão incluídas as algas uni ou multicelulares.
b) ( ) Os protozoários recebem esse nome porque são procariontes.
c) ( ) Todos os protozoários são unicelulares e causadores de doenças.
d) ( ) Algumas das doenças causadas por protozoários são a malária e a doença de Chagas.
e) ( ) Os protozoários não realizam fotossíntese.

53
7. (OBC) Analise as afirmações relacionadas a seres dos reinos Monera, Protista e Fungi.
I. A associação das bactérias do gênero “Rhizobium” com as leguminosas dá origem a uma simbiose de
alto valor econômico e ecológico.
II. “Penicillium notatum” é um representante do reino Fungi, do qual Alexander Fleming extraiu um
importante antibiótico, conhecido por penicilina.
III. As micorrizas constituem um grupo de bactérias que realizam a fixação do nitrogênio da atmosfera.
IV. O reino Fungi apresenta espécies comestíveis e espécies tóxicas para o homem.
V. As bactérias são seres procariontes, portanto classificadas no reino Monera.
Estão corretas:
a) apenas I, II e III.
b) apenas I, II, IV e V.
c) apenas I, II, III e V.
d) todas.
e) apenas II e IV.
8. (UFRN) A malária, desde a Antiguidade, sempre foi um dos principais flagelos da humanidade. Essa
doença é causada por parasitos, que se multiplicam nos glóbulos vermelhos do sangue do homem. Uma
pessoa pode adquirir (ou desenvolver) a malária quando
a) é picada pelo mosquito Lutzomya longipalpis infectado por protozoários da espécie Leishmania
chagasi.
b) entra em contato com as fezes do barbeiro contaminadas por protozoários triatomíneos.
c) é picada por fêmeas de mosquito do gênero Anopheles infectadas por protozoários do gênero
Plasmodium.
d) recebe transfusão de sangue contaminado pelo protozoário Trypanosoma cruzi.
9. (IJSO) No 1.º Torneio “Inter-Reinos” de Futebol, organizado pela Federação Taxonômica Internacional,
cinco equipes disputaram os jogos entre si. Um “jogador” se destacou como artilheiro, levando seu time
a vencer o campeonato. Esse “jogador” pertencia a um time com as seguintes características: eucarioto,
heterótrofo, uni ou multicelular, reprodução assexuada ou sexuada, com capacidade de causar micoses
e estabelecer interações mutualísticas. Pela descrição acima, podemos concluir que a equipe campeã e o
artilheiro foram, respectivamente,
a) MONERA Futebol Clube – João RHIZOBIUM.
b) Sport Clube FUNGI – Zé BOLOR.
c) PROTISTA Futebol e Regatas – Mário AMEBA.
d) Clube Atlético METÁFITA – Leandro GOIABEIRA.
e) METAZOA Atlético Clube – Leonardo GAVIÃO.
10. Ao longo da história da ciência, houve momentos em que existiram algumas discordâncias entre os cien-
tistas sobre os vírus, se eles deveriam ou não ser classificados como seres vivos.
a) Cite duas características dos vírus que são observadas em seres vivos.
b) Cite uma característica dos vírus que não os caracteriza como seres vivos.

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8o. ano – Volume 3
Material de apoio
Capítulo 6 – Página 40

GRUPO 1 GRUPO 2
Todos estes são Ticos. Todos estes são Tocos.

Nenhum destes é um Tico. Nenhum destes é um Toco.

Quais destes são Ticos? Quais destes são Tocos?

Todos estes são Lufos. GRUPO 3 Todos estes são Taques. GRUPO 4

Nenhum destes é um Lufo. Nenhum destes é um Taque.

Quais destes são Lufos? Quais destes são Taques?

Ciências 1
GRUPO 5 GRUPO 6
Todos estes são Blipes. Todos estes são Piques.

Nenhum destes é um Blipe. Nenhum destes é um Pique.

Quais destes são Blipes? Quais destes são Piques?

GRUPO 7 GRUPO 8
Todos estes são Etis.
Este espaço é seu.
Invente as figuras e anote as respostas.
Todos estes são _______________________________.

Nenhum destes é um Eti.

Nenhum destes é um ___________________________.

Quais destes são Etis?


Quais destes são ______________________________?

Fonte: RIBEIRO, Verenice L. Um exercício de classificação. Revista de Ensino de Ciências, São Paulo, n. 13, jun. 1985. Adaptação.

2 8o. ano – Volume 3

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