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ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
CONTEXTUALIZANDO
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financiamento? Quais alavancagens estão presentes na gestão das entidades?
Como a alavancagem pode influenciar as decisões de financiamento da empresa?
Nessa linha, espera-se contribuir com o conhecimento adequado sobre a
gestão de recursos tanto de curto prazo quanto de longo prazo.
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financiar em um longo prazo, ou se em determinado momento será melhor estar
com recursos vindos de terceiros uma vez que são de mais fácil acesso.
Existem algumas abordagens na teoria sobre finanças que podem ajudar o
gestor a entender melhor sobre como a escolha da estrutura de capital impacta
na imagem da entidade: Teoria Convencional e a Teoria advinda de Modigliani e
Muller.
Para a Teoria Convencional, aumentando o nível de endividamento com
terceiros, os custos de capital próprio e de terceiros irão aumentar colocando a
empresa em risco de ter maiores dívidas em detrimento dos seus retornos,
podendo causar o que se chama de insolvência. A definição de tal teoria coloca
que o custo do capital total da empresa (CMPC) irá permanecer constante até um
determinado ponto de endividamento, crescendo a partir de então. Nessa teoria é
identificado que o valor da empresa é impactado pela forma como a sua estrutura
de capital é definida.
Logo, é defendido que exista um ponto de equilíbrio entre capital próprio e
de terceiros. Porém, a entidade deve levar em consideração que em uma
economia inflacionária as taxas de juros e a economia do país podem oscilar
dificultando a previsão para aquele ponto de equilíbrio definido em determinado
momento (Assaf Neto, 2014).
Já a Teoria de Modigliani e Muller coloca que a gestão da empresa não
será afetada pela forma como esta é financiada. Ou seja, o que importa para o
investidor é apenas o seu fluxo futuro positivo de caixa. Logo, o valor da entidade
independe do financiamento por capital próprio ou capital de terceiros (Modigliani
e Miller, 1958).
Porém, para os autores, a defesa de tal teoria está concentrada em um
ambiente onde não existem custos contratuais, não há presença de tributos e
todas as informações estão disponíveis para que o gestor tome a sua decisão.
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assumidos, caso existam oscilações ou perdas no negócio, serão apenas destes.
Caso a empresa opte por abrir capital, colocar ações no mercado acionário, ali
estarão custos associados principalmente à elaboração de relatórios com
informações necessárias à análise dos investidores. Esses custos de informações
são necessários uma vez que reportam ao mercado a saúde financeira dos
negócios para que o acionista decida se irá comprar ou vender as ações da
entidade, fazendo com que exista o que se chama de liquidez de tais títulos (Assaf
Neto, 2014).
A vantagem em ter uma política priorizando capital do patrimônio líquido é
que, no caso de existir futuras sazonalidades e imprevistos, a empresa poderá
contrair dívidas com mais tranquilidade.
Caso a empresa opte em reter recursos de terceiros, os custos incorridos
serão principalmente relacionados a cláusulas contratuais. Para empréstimos com
bancos, o comum está em fixação de taxas de juros que estabelecem para a
empresa um passivo financeiro, também conhecido como passivo oneroso. Da
mesma forma, a emissão de debêntures que são títulos para pagamento de
dívidas ou financiamento de empréstimos, e o leasing associado à obtenção de
bens para a execução das atividades operacionais da entidade, acarretam para a
empresa uma despesa relacionada a pagamentos monetários enquanto perdurar
o contrato.
Neste caso, a vantagem para obter capital de terceiros está no fato de que
disciplina os gestores para trabalhar a fim de garantir o pagamento das obrigações
de acordo com o estabelecido nos contratos.
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Nos termos empregados pela gestão financeira, existe a figura da
alavancagem financeira sendo esta a capacidade da entidade trabalhar
diretamente com recursos de terceiros de forma a trazer um melhor desempenho
com tais recursos no valor atribuído para os investidores.
Para Morante e Jorge (2012) o cálculo da alavancagem financeira pode ser
realizado através do uso de dados contábeis, sendo a fórmula como a que segue:
𝑅𝑂𝐸
𝐺𝐴𝐹 =
𝑅𝑂𝐴
Onde:
𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜
𝑅𝑂𝐸 =
𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜
Pode-se dizer que essa é uma medida de rentabilidade sem ter como base
dados qualitativos e que são importantes como a questão do capital de giro da
entidade que é um indicativo de fluxo de caixa e de valores disponíveis para a
continuidade dos negócios.
Já no retorno sobre o ativo, a fórmula deve conter o lucro antes das
despesas financeiras sobre o ativo total de um determinado período:
𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑂𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙
𝑅𝑂𝐴 =
𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
GAF maior que 1 (um) – existe um valor que denota que o capital de
terceiros contribuiu para a geração de valor para o investidor.
GAF menor que 1(um) – indica prejuízo com o uso de capital de terceiros
sem obter retorno para com o investidor.
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GAF igual a 1 (um) – o uso de capital de terceiros não resultou nem em
retornos positivos ou negativos para o acionista.
Vendas 120.000.00
(-) Custos dos produtos vendidos 30.000,00
= Lucro bruto 90.000,00
(-) Despesas com vendas 10.000,00
(-) Despesas administrativas 20.000,00
= Lucro operacional 60.000,00
(-) Despesas financeiras 15.000,00
= Lucro antes de IR e Contribuição Social 45.000,00
(-) provisão para IR 15.300,00
= Lucro Líquido 29.700,00
𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑂𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙
𝑅𝑂𝐼 =
𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 − 𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑑𝑒 𝐹𝑢𝑛𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜
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𝑃𝑜𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑎𝑔𝑒𝑚 𝑑𝑒 𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑑𝑜 𝑙𝑢𝑐𝑟𝑜
𝐺𝐴𝑂 =
𝑃𝑜𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑎𝑔𝑒𝑚 𝑛𝑎 𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑛𝑜 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑎 𝑎𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒
Deve-se lembrar que os custos fixos não sofrem variação com o aumento
do volume de produção. Logo, para aquelas entidades que dependem mais das
despesas fixas haverá maiores chances de ocorrer a alavancagem operacional.
Porém, a empresa terá maiores riscos uma vez que haverá maior variação dos
seus resultados operacionais. Por este motivo, é necessário que a empresa saiba
qual o seu ponto de equilíbrio para que tenha o controle de quanto poderá produzir
sem que isto impacte de maneira drástica nos seus resultados operacionais.
A seguir será discriminado um exemplo em que serão comparados dois
tipos de empresa: a empresa X com despesas fixas elevadas e a empresa Y com
despesas fixas pequenas:
Empresa X Empresa Y
Receita com vendas 70.000,00 70.000,00
(-)Despesas variáveis 10.000,00 40.000,00
(-) Despesas fixas 40.000,00 10.000,00
= Resultado operacional 20.000,00 20.000,00
Empresa X Empresa Y
Receita com vendas 84.000,00 84.000,00
(-)Despesas variáveis 12.000,00 48.000,00
(-) Despesas fixas 40.000,00 10.000,00
= Resultado operacional 32.000,00 26.000,00
Empresa X Empresa Y
Receita com vendas (um) 70,00 70,00
(-)Despesas variáveis 10,00 40,00
= Margem de contribuição 60,00 30,00
(-) Despesas fixas 40,00 10,00
= Resultado operacional 20,00 20,00
Empresa X Empresa Y
Receita com vendas (um) 70,00 70,00
(-)Despesas variáveis 11,00 44,00
= Margem de contribuição 59,00 26,00
(-) Despesas fixas 40,00 10,00
= Resultado operacional 19,00 16,00
O que ocorrerá é que o lucro da empresa que tem uma menor margem de
contribuição unitária será afetado mais drasticamente com mudanças ocorridas
em seus custos variáveis (Assaf Neto e Lima, 2017). Logo, a empresa também
deve estar ciente de que os custos e despesas variáveis são fatores que podem
impactar os seus resultados. Se o aumento na Empresa Y em relação às
despesas variáveis fossem na ordem de 50%, a sua margem de contribuição seria
10,00, o que acarretaria um resultado operacional nulo. Já na Empresa X, 50% de
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aumento nas despesas variáveis resultariam em uma margem de contribuição de
55,00 e um resultado operacional unitário na ordem de 15,00.
Uma das análises que podem ser realizadas para identificar de maneira
objetiva o comportamento do caixa da entidade vem a ser o que se denomina de
capital circulante líquido. Esta forma de análise apresenta dados extraídos
diretamente do Balanço Patrimonial identificando os recursos considerados como
ativo circulantes e as obrigações denominadas de passivos circulantes.
Com essas duas fontes de informações presentes em tais balanços, a
entidade consegue analisar em um curto prazo se existe uma relação positiva para
a entidade dos recursos disponíveis para a liquidação das suas obrigações a um
curto prazo. A forma de cálculo usual é a que segue:
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Um CCL positivo indica que a empresa terá como pagar as suas obrigações
e ainda permanecerá com recursos em caixa. Já um CCL negativo indica que a
empresa não poderá arcar com as obrigações naquelas datas de cálculo do CCL.
Por exemplo, suponha que a empresa tenha um ativo circulante de
10.000,00 e um passivo circulante de 8.000,00. Logo, haverá uma folga de
2.000,00 (𝐶𝐶𝐿 = 10.000 − 8.000 = 2.000) no caixa. Agora, se os valores fossem
invertidos com um ativo circulante totalizando 8.000,00 e um passivo circulante
totalizando 10.000,00. Nesse caso, haveria uma falta no caixa de -2.000,00
(𝐶𝐶𝐿 = 8.000 − 10.000 = −2.000).
É uma forma simples de identificar em uma data específica como está o
caixa da entidade. Porém, é necessário que existam informações complementares
relacionadas aos períodos para execução das duplicatas a receber, pagamento a
realizar, principalmente, para que a empresa se certifique de que prazos foram
estabelecidos para a entrada e saída de caixa.
Logo, para que o CCL se encontre com um saldo positivo, a empresa deve
estabelecer o seu ciclo operacional e o seu ciclo de caixa de forma que trabalhem
em conjunto para que não exista um prazo para recebimentos descombinado com
o prazo de pagamento dos fornecedores e demais obrigações.
Outros aspectos que devem ser levados em consideração quanto à política
adotada para o capital circulante. Eles se referem ao fato de que a entidade pode
em determinado período optar por imobilizar o recurso disponível em caixa. Ou
seja, a empresa poderá integrar no seu ativo imobilizado um novo bem fazendo
com que o seu CCL venha a diminuir. Logo, o gestor deve estar atento à questão
de se é melhor realizar tal prática ou se não seria mais vantajoso colocar recursos
de terceiros em longo prazo a fim de não impactar no CCL naquele momento.
Um CCL positivo traz vantagens consideráveis para as operações da
entidade. Mas pode ser o caso de que se na entidade existir um excesso de CCL,
talvez em determinado momento o mais indicado será colocar este valor a mais
em algum investimento que dê um certo retorno para a empresa.
Por estes motivos expostos e outros que permeiam as entidades nas
decisões de financiamento de curto prazo, é que se faz necessário um
planejamento do caixa.
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4.2 Administração de fatores de caixa
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capital próprio ou realiza a reinversão de lucros, ou a empresa realiza
financiamentos junto a terceiros.
Uma das formas encontradas para a obtenção de recursos com capital
próprio vem ser através da abertura de capital, onde a entidade coloca ações no
mercado acionário e obtém como retorno valores para dar andamento aos seus
investimentos.
Para a captação de recursos de terceiros, as empresas têm algumas
opções ao seu dispor: emissão de debêntures, leasing financeiro e operacional,
empréstimos bancários, entre outros títulos que revertem para a empresa valores
para a execução dos seus projetos de investimento.
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5.2 Financiamento por dívida
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Foram colocadas algumas características de como a empresa pode captar
recursos para fins de financiamento em longo prazo. Mas, deve-se colocar a
importância de estabelecer uma política de financiamento da empresa para que
esta saiba o momento de ser capitalizada com recursos de terceiros, os fluxos de
caixa futuros que serão impactados com tais escolhas, a melhor forma de
capitalização, entre outros itens atrelados ao cenário econômico, político e do
setor de atuação.
FINALIZANDO
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REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. 7 ed. São Paulo: Atlas, 2014.
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