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ESTRATÉGIA E LUCROS
ECONÔMICOS
Introdução
As empresas necessitam de recursos para colocar em prática suas opera-
ções. Tais recursos podem originar-se de duas fontes específicas: fontes
próprias ou fontes de terceiros. Ainda, nesse sentido, podem refletir
decisões de curto ou longo prazo.
Neste capítulo, você estudará a diferença entre capital próprio e de
terceiros, bem como verá a estrutura de capital sob o enfoque do lucro
operacional e do lucro por ação. Por fim, vai conferir qual é a estrutura
ideal para que a organização atinja seus objetivos estratégicos.
Balanço patrimonial
Passivo circulante
Patrimônio líquido
Ativo
Ações preferenciais
Capital total
Patrimônio líquido dos
acionistas ordinários Capital próprio
Ações ordinárias
Lucros retidos
2010, p. 468). Em outras palavras, isso indica que as decisões de longo prazo
podem se estabelecer em termos de capital de terceiros (dívidas que geram
despesas financeiras e, embora sejam caracterizadas pelo longo prazo, possuem
data de vencimento) ou capital próprio (sendo uma forma de financiamento
permanente da empresa, não há vencimento nem obrigatoriedade legal de
restituição deste). Ainda de acordo com Gitman (2010), as formas de obten-
ção de capital próprio são internas — por meio da retenção de lucros — ou
externas — lançando ações (ordinárias ou preferenciais) para serem subscritas
pelo mercado financeiro.
Em função da acirrada competitividade na área em que as organizações
estão inseridas, na qual existe uma rotina de busca e seleção de novos negó-
cios e demandas, estabelece-se uma necessidade de recursos financeiros e,
consequentemente, de opções de financiamento, as quais servirão para dar
andamento aos projetos da empresa. As decisões que se referem à estrutura de
capital embasam as decisões de investimento e financiamento das empresas,
por isso, é fundamental que sua compreensão seja efetiva, dado que o custo
de capital, geralmente, possui grande impacto nas decisões gerenciais.
Hisrich, Peters e Shepherd (2013) apontam dois tipos de financiamento
disponíveis: o financiamento por endividamento e o financiamento por capital
próprio. O financiamento por endividamento geralmente ocorre em formato
de empréstimo — por meio de instituições financeiras ou por lançamento de
títulos da dívida (p. ex., debêntures) no mercado financeiro — com juros,
cujo pagamento está relacionado às vendas e aos lucros da empresa, mesmo
que indiretamente. Esse financiamento, na maioria dos casos, possui como
garantia algum ativo da empresa (casa, terreno, veículo), a título de cobrir
o valor do empréstimo em caso de inadimplência. Esse processo, em que
se utilizam as dívidas como instrumento de financiamento, é denominado
alavancagem, no qual o risco do empreendimento é diretamente proporcional
ao nível de alavancagem. Já no financiamento por capital próprio não há
garantias, mas há participação nos lucros do empreendimento, representada
por um percentual sobre o total.
O capital próprio refere-se à parcela dos recursos que são investidos em uma
empresa por parte dos investidores (acionistas) em patrimônio líquido (equity),
os quais possuem, da mesma forma que investidores externos, expectativas
de retorno do seu investimento, com as devidas adições de juros em relação
ao tempo e ao custo das operações (ANTONOVZ; MAZZAROPPI, 2018).
Estrutura de capital 5
Tipo de capital
Características
Capital de terceiros Capital próprio
Despesas operacionais
em sua estrutura de capital, maior será a alavancagem financeira que ela usa
[...]” (ROSS et al., 2013, p. 543).
É possível visualizar o enfoque LAJIR–LPA por meio de um gráfico, no
qual os valores a serem inseridos podem ser encontrados supondo-se valores
específicos para LAJIR e calculando-se o LPA a eles associado. A Figura 3
apresenta o enfoque LAJIR–LPA por meio do cálculo para três estruturas
de capital que apresentam índices de endividamento de 0, 30 e 60% para
valores de LAJIR de R$ 100.000 e R$ 200.000. Observe que, nas situações
apresentadas, pode-se constatar o crescimento do LPA à medida que aumenta
o LAJIR da empresa, de modo que há um risco constante à medida que o
endividamento aumenta.
Índice de
10
endividamento
9 geral = 60%
8 Índice de
7 endividamento
60%
6 geral = 30%
5 Índice de
4 endividamento
LPA ($)
3 geral = 0%
30%
2
1 0%
0
–1 30%
–2 Pontos de
–3 60% equilíbrio
–4 financeiro
sabe que as condições podem mudar de uma hora para outra, uma vez que a
volatilidade é constante no mundo dos negócios.
Para melhor compreensão dos conceitos relacionados à estrutura ótima,
foram extraídos de Gitman (2010) os seguintes dados: a empresa Cooke
Company, usando como medida de risco os coeficientes de variação do LPA
associados a cada uma das sete estruturas de capital alternativas, estimou os
retornos requeridos (Quadro 3).
Índice de
endividamento Coeficiente de Retorno requerido
geral da estrutura variação do LPA estimado, r1
de capital (1) (2)
0% 0,71 11,5%
onde:
Valor
Índice de Retorno
estimado da
endividamento LPA esperado requerido
ação
geral da estrutura (1) estimado, r1
[(1) ÷ (2)]
de capital (2)
(3)
20,00
Valor estimado
da ação
15,00
3,00 LPA
2,50
2,00
0 10 20 30 40 50 60 70
Valor máximo LPA
da ação máximo
Índice de endividamento geral (%)
(Continua)
14 Estrutura de capital
(Continuação)