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FUNDOS DE
INVESTIMENTOS
Professor Rafael Paschoarelli
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 03
DEFINIÇÃO DE UM FUNDO 03
CLASSIFICAÇÕES DE FUNDOS 10
CLASSIFICAÇÃO CVM 12
CLASSIFICAÇÃO ANBIMA 13
TIPOS DE INVESTIDOR 18
Mas ao aportar recursos em um fundo, o investidor não empresta à instituição financeira. Ele confia seu
patrimônio à gestão de recursos de terceiros da instituição. Isso significa que esse investidor está
delegando a um profissional - o gestor de recursos - as decisões sobre como investir melhor aquele
patrimônio: que ativos comprar e vender, qual o melhor momento para realizar essas operações etc.
A atividade de gestão de recursos de terceiros pode ser desempenhada por uma área dentro de um
grande banco (como Itaú, Santander, Banco do Brasil, Bradesco) ou de uma corretora (como XP, Rico,
Genial, dentre outras). Mas ela também pode ser desenvolvida por uma empresa que atua apenas
nesse segmento: são as gestoras de recursos, ou “assets”, como são chamadas no mercado financeiro.
No mercado brasileiro, até o fim dos anos 1990, os fundos de investimento estavam praticamente todos
dentro da estrutura dos grandes bancos. Nas décadas seguintes, surgiram centenas de gestoras inde-
pendentes e algumas ganharam notoriedade pelo bom desempenho de seus fundos.
A Instrução CVM nº 555 (ICVM 555) é a norma que trata sobre os principais fundos de investimento oferta-
dos aos investidores. Vale destacar que os fundos de investimento imobiliário são regulados por outra
instrução, a ICVM 472.
DEFINIÇÃO DE UM FUNDO
Segundo a ICVM 555, o fundo de investimento é uma “comunhão de recursos, constituído sob a forma de
condomínio, destinado à aplicação em ativos financeiros.” Por ser um condomínio, o fundo possui um CNPJ
próprio. Apesar disso, o fundo não tem personalidade jurídica, ou seja, não é propriamente uma empresa.
Mas o investidor pode consultar o estado desse fundo (ativo ou inativo) ao pesquisar o CNPJ no site da
Receita Federal. Ele também pode ter acesso aos principais documentos do fundo ao buscar pelo CNPJ no
site da CVM.
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Na carteira administrada, as decisões de aplicação dos recursos também cabem a um gestor profissional. A
diferença é que o dinheiro continua na conta do investidor, e a carteira não tem CNPJ próprio. Além disso,
na carteira administrada o investidor pode ter algum nível de participação nas decisões de investimento.
Nos fundos, o papel do investidor é totalmente passivo.
Por isso, o fundo de investimento consegue acessar aplicações muito mais sofisticadas do que um pequeno
investidor. Por exemplo, algumas debêntures têm como valor mínimo de investimento centenas de milha-
res de reais. Nem todo investidor pessoa física tem esse valor disponível. Contudo, ele pode investir, por
exemplo, R$ 1.000 em um fundo com patrimônio de alguns bilhões de reais. O fundo poderá comprar a
debênture sem dificuldades e o pequeno investidor estará exposto à rentabilidade desse papel.
Além disso, os fundos oferecem diversificação. Supondo que um investidor tivesse R$ 100.000 disponí-
veis para aplicar em uma debênture. Ele conseguiria adquirir um desses títulos, mas talvez não sobrariam
recursos para diversificar a carteira. Mas quando ele aplica em um fundo de investimentos, é possível ter
acesso a uma vasta carteira de diferentes ativos aplicando valores bem menores.
Via fundos multimercado, por exemplo, um investidor pessoa física pode aplicar, indiretamente, seus
recursos em debêntures, títulos públicos brasileiros, americanos e europeus, moedas estrangeiras e até
mesmo ações de empresas globais. Caso desejasse montar a mesma estratégia investindo diretamente nos
ativos, o investidor pessoa física teria um custo muito alto e necessitaria de um grande volume de recursos.
Outra vantagem é que, por terem um patrimônio grande, os fundos podem contratar bons gestores
profissionais para cuidar dos recursos dos cotistas. E não apenas gestores, mas equipes inteiras de
analistas e consultores que se dedicarão integralmente a estudar os mercados em que o fundo investe para
dar suporte às decisões do gestor.
Para o investidor pessoa física, contar com a experiência de um bom gestor de recursos pode ser crucial.
Nem todo investidor conhece o mercado com profundidade suficiente para tomar as melhores decisões de
quais ativos comprar. Os gestores profissionais, por outro lado, se dedicam a essa atividade em tempo
integral e, em média, têm muito mais informações sobre o mercado do que as pessoas físicas.
Também é vantajoso investir em fundos porque o investidor tem acesso a múltiplos perfis de risco e possi-
bilidades de retorno. Em cada uma das classes de fundos (por exemplo, ações, multimercado e renda fixa)
há fundos mais conservadores e mais agressivos, atendendo a todos os perfis.
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Os fundos também oferecem liquidez e facilidade na escrituração, pois o patrimônio é dividido em cotas. O
investidor, contudo, deve ficar atento ao prazo de resgate que o fundo prevê. Por exemplo, fundos de ações
costumam ter prazos maiores para converter as cotas do investidor em dinheiro, pois leva mais tempo para
negociar as ações e prover liquidez. Já fundos mais conservadores, como os de renda fixa, costumam liberar
o dinheiro do investidor um ou dois dias após o pedido de resgate.
Finalmente, há uma vantagem tributária para quem investe via fundos. Investidores pessoa físicas não
podem compensar lucros de uma classe com prejuízos em outras para fins de redução dos impostos a
serem pagos. Exemplo: se um investidor tem prejuízo com ações da Vale e lucra com Petrobras, ele pode
compensar o lucro de uma com o prejuízo de outra e pagar menos imposto. Mas se ele tem prejuízo com
ações e lucro com CDB, a compensação não é permitida.
O fundo de investimento, por sua vez, não paga Imposto de Renda - quem paga é sempre o cotista. Portan-
to, desde que o investidor não resgate suas cotas, se um dos ativos da carteira do fundo tiver lucro e outro
tiver prejuízo, essa compensação já é feita automaticamente.
O gráfico a seguir mostra a divisão percentual do patrimônio líquido total da indústria entre as classes de
fundos. A maior concentração de PL está nos fundos de renda fixa, que representam 38% do total.
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No gráfico a seguir, vemos quais classes têm mais fundos ativos no mercado. Os fundos multimercados
representam praticamente metade do total dos fundos existentes.
Gestor
O Gestor de Recursos de Terceiros é o agente mais conhecido da indústria de fundos. Grandes gestores
marcaram a história do mercado financeiro no Brasil e fizeram dessa profissão uma das mais admiradas e
desejadas do mercado.
O gestor é responsável por administrar os recursos dos cotistas. É ele que vai selecionar quais ativos farão
parte da carteira do fundo, sempre respeitando o tipo de classificação do fundo e a política de investimen-
tos.
Essa função pode ser desempenhada por pessoa natural ou jurídica credenciada como administrador de
carteira de valores mobiliários pela CVM. O mais comum é que o gestor de fundos seja uma empresa, com
CNPJ próprio. Dentre essas, há gestoras ligadas a bancos, como as assets do Itaú Unibanco, do Bradesco,
dentre outras. Existem também as gestoras independentes, como Alaska, Verde Asset, Quantitas etc. Mas
também há gestores pessoas físicas, normalmente em fundos exclusivos, administrando grandes fortunas -
nesse caso, é comum que o gestor seja o próprio dono do patrimônio.
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Ao administrar a carteira do fundo, o gestor define a estratégia de investimento e se responsabiliza pela
mensuração do risco da carteira. Ele tem decisão plena sobre os ativos financeiros do fundo, seja para
compra, venda ou aluguel de ativos (caso essa operação seja permitida pelo regulamento e a política de
investimentos).
Dentre os aspectos que envolvem os objetivos do fundo, é preciso que o gestor considere:
Dentre os aspectos que envolvem a política de investimentos do fundo, o gestor deve considerar:
Administrador
O administrador é o responsável geral pelo fundo de investimento. É ele quem estrutura o fundo e aprova o
regulamento, e se responsabiliza por todos os aspectos legais que dizem respeito àquele veículo de investi-
mentos. Ele também realiza várias atividades gerenciais e operacionais relacionadas com os cotistas e seus
investimentos.
De modo geral, o administrador é uma grande instituição financeira, como um banco. A atividade de admi-
nistração é, sobretudo, de tecnologia intensiva, para manter em ordem todos os registros do fundo e das
operações que ele realiza.
Diz-se que o administrador tem dever fiduciário perante os cotistas, ou seja, é ele o responsável pelo
cumprimento das normas, a correta aplicação das taxas, provisionamento de despesas, garantia da obser-
vância da política de investimento, garantia da isonomia entre os cotistas, responsabilidade quanto à gestão
de possíveis conflitos de interesses, dentre outras responsabilidades.
Se o administrador do fundo é vinculado a uma instituição financeira, ele deve nomear um membro estatu-
tário da instituição financeira, o qual será responsável civil e criminalmente pelo fundo. Esse responsável
responderá por fraudes ou negligências eventualmente cometidas.
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- Contratação - é incumbência do administrador contratar um gestor (se for o caso, já que o papel de gestor
pode ser desempenhado pelo administrador), um auditor independente que irá auditar as demonstrações
contábeis do fundo, o custodiante do fundo e o escriturador (para fundos em que os ativos preveem necessi-
dade de escrituração);
- Constituição do fundo;
- Elaboração do regulamento e demais documentos;
- Registro de cotistas;
- Elaboração do livro de atas das assembleias gerais;
- Cálculo e divulgação do valor das cotas;
- Marcação a mercado dos ativos em carteira;
- Retenção e recolhimento dos impostos e taxas;
- Emissão de extratos para os clientes;
- Manutenção da documentação das operações por 5 anos;
- Custeio das despesas com elaboração e distribuição do material de divulgação;
- Atendimento ao cotista - esclarecimentos, dúvidas e reclamações;
- Contratar intermediários para distribuição de cotas;
- Fiscalizar os serviços prestados pelos contratados;
- Adotar políticas, práticas e controles internos e de gerenciamento de risco de liquidez (exemplo: percentual
de concentração de cotistas);
- Divulgar o valor das cotas e do PL do fundo aberto;
- Disponibilizar mensalmente aos cotistas os extratos de conta contendo informações sobre o fundo;
- Disponibilizar as informações do fundo, inclusive as relativas à composição da carteira;
- Remeter aos cotistas (Não Qualificados) a demonstração de desempenho do fundo até o último dia útil de
fevereiro;
- Divulgar, em lugar de destaque em sua página na Internet, a demonstração de desempenho do fundo;
- Remeter à CVM: informe diário com valor da cota, quantidade de cotas e número de cotistas; demonstrativo
da composição e diversificação da carteira e perfil, balancete, (mensalmente); demonstrações contábeis com
parecer do Auditor (anualmente); formulário padronizado com “Extrato de Informações sobre o Fundo”
sempre que houver alteração do Regulamento;
- Divulgar, imediatamente, por correspondência aos cotistas e à CVM, ato ou fato relevante relacionado ao
fundo ou aos ativos da carteira;
Custodiante
Outro agente importante da indústria de fundos é o custodiante. Essa atividade, assim como a do administra-
dor, carece de tecnologia intensiva. O custodiante é responsável pela liquidação física e financeira dos ativos
do fundo, bem como pela custódia e controle dos ativos. Ele também tem a incumbência de divulgar qual-
quer evento que afete os ativos do fundo.
Segundo a CVM, o custodiante pode ser o próprio administrador, desde que ele possua o registro na autar-
quia como custodiante. Apesar da possibilidade, é ideal que o custodiante não seja ligado ao administrador.
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Distribuidor
O distribuidor é o canal de acesso para que o investidor consiga aplicar seus recursos no fundo. Ele deve
ser, obrigatoriamente, uma instituição financeira que ficará responsável pelo cadastramento dos cotistas,
toda parte de marketing dos fundos e a distribuição das cotas do fundo, sejam elas dos fundos do próprio
administrador ou cotas de fundos de terceiros.
Os fundos de grandes bancos são distribuídos pelas plataformas das próprias instituições. Gestoras
independentes, contudo, recorrem aos serviços de instituições distribuidoras de títulos e valores mobiliá-
rios. Essas instituições fazem acordos comerciais de distribuição com as gestoras e passam a disponibilizar
em suas plataformas as cotas dos fundos aos investidores. No mercado brasileiro, exemplos de grandes
distribuidoras de fundos são XP, BTG Pactual, Órama, Rico, Warren etc.
O modelo mais comum de remuneração do distribuidor é via rebate das taxas de administração e de
performance cobradas pelo fundo. O administrador faz a contabilidade do fundo, apura a receita com taxa
de administração e o distribuidor recebe um percentual dessa receita. Supondo um rebate de 50%, por
exemplo, se o administrador calcula que, em certo mês, o fundo gerou uma receita de R$ 1 milhão em
taxa de administração, R$ 500 mil vão direto para o distribuidor.
Chinese wall
Em gestoras, sejam independentes ou pertencentes a bancos, podem surgir várias situações de conflito de
interesses. Podemos definir conflito de interesse, nesse contexto, como uma situação em que a
instituição financeira tem duas opções a escolher. Uma delas coloca os interesses próprios em primeiro
lugar e outra prioriza os interesses dos clientes.
Por exemplo: os bancos têm suas carteiras próprias de investimentos, geridas pela área de tesouraria. Essa
carteira pode conter ações do próprio banco, títulos públicos e outros ativos. Quando os ativos dessa
carteira vão bem, o lucro é do banco. Quando vão mal, da mesma forma, o prejuízo é da instituição.
Imagine que um banco tenha comprado um título que, após algum tempo, passa a ter um desempenho
muito ruim. O banco poderia obrigar a gestora da qual é dono a comprar esse título, para se livrar do
prejuízo. Se a gestora fizer essa compra, o mau desempenho do título passa a afetar os cotistas do fundo, e
não mais a instituição.
No caso de uma gestora independente, ou de uma corretora, poderia haver conflito, por exemplo, da
gestão com a área de consultoria de valores mobiliários (se essa área existir na gestora). A gestora pode
pressionar os consultores de investimentos a indicar aos clientes com maior frequência os fundos da casa
em detrimento dos outros fundos distribuídos.
Para mitigar conflitos de interesses e situações que deem margem a fraudes na administração e gestão
dos fundos de investimento, as instituições financeiras devem implementar e obedecer o conceito de
chinese wall, ou seja, de absoluta segregação entre recursos próprios (da tesouraria, do administrador e
do gestor) e de terceiros (o patrimônio dos cotistas do fundo).
Além disso, a instituição deve implementar mecanismos que evitem a divulgação de dados e informações
entre setores não afins e a transferência de ativos entre administrador e gestor.
CLASSIFICAÇÕES DE FUNDOS
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Os fundos de investimentos podem ser classificados sob várias óticas: fiscal, condominial (tipo de
condomínio), estilo de gestão (ativa ou passiva), classificação CVM e classificação Anbima. Veremos, a
seguir, cada uma.
Classificação fiscal
Os fundos de investimento regulamentados pela ICVM 555 podem ser classificados, do ponto de vista
fiscal, como fundos de Renda Fixa Curto Prazo, de Renda Fixa Longo Prazo e de Renda Variável (ações).
Os fundos de renda fixa classificados como longo prazo têm na carteira apenas títulos cujo prazo
médio de vencimento é superior a 1 ano. Eles são tributados de acordo com a tabela regressiva do
Imposto de Renda:
Já os fundos de renda fixa classificados como curto prazo são tributados da seguinte maneira:
Analisando os dois tipos de tributação, para o investidor que pretende manter a aplicação em um
fundo de renda fixa por mais de 360 dias, faz sentido escolher o classificado como longo prazo.
Apesar de ter uma alíquota mínima maior (20%), o fundo de renda fixa curto prazo atende às necessida-
des de investidores mais conservadores. Nas carteiras desses fundos, só pode haver títulos de renda fixa
de curto prazo (prazo médio de vencimento abaixo de 1 ano). Esses títulos têm menor volatilidade
(menor risco, portanto,) do que aqueles com vencimentos mais distantes.
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Se esse desenquadramento permanecer por um período superior ao permitido pela legislação, o fundo
muda de classificação tributária, passando a ser considerado de curto prazo. Logo, a alíquota mínima
passa a ser de 20%. Caso um investidor que mantinha aplicações no fundo há mais de 720 dias pedir o
resgate, ele pagará 20% de Imposto de Renda, em vez dos 15% que pagaria se o fundo tivesse mantido
a classificação de longo prazo.
Outro aspecto importante da tributação dos fundos de investimento é que a alíquota incide sobre cada
aporte feito pelo investidor. Por exemplo: um investidor aplicou R$ 1.000 por mês durante 3 anos. Os
aportes feitos nos primeiros 6 meses serão tributados à alíquota de 15%. Aqueles feitos entre 1 e 2 anos
terão tributação de 17,5%. Os aportes entre 6 meses e 1 ano serão tributados a 20% e os últimos
aportes, feitos nos seis meses finais de aplicação, sofrerão tributação de 22,5%.
Nos fundos fechados, o número de cotas é constante. O investidor só pode resgatar suas cotas no
término do prazo de duração do fundo, ou então, se houver previsão de amortizações pagas aos
cotistas ao longo da existência do fundo. Caso o cotista queira se desfazer de suas cotas fora dessas
janelas de oportunidade, precisará vendê-las a outro investidor no mercado secundário.
Os fundos de condomínio fechado têm grande vantagem tributária sobre os abertos, pois nele não
incide o come-cotas.
Os fundos de renda fixa de curto prazo e longo prazo, multimercados e fundos cambiais estão sujeitos a
uma antecipação na cobrança de Imposto de Renda. Todos os anos, no último dia útil de maio
e de novembro, há a incidência desse imposto mesmo que o cotista não tenha realizado a venda das
cotas. O resultado da cobrança antecipada de imposto é a queda no número de cotas do investidor -
daí vem o apelido dessa tributação, “come-cotas”.
Se a quantidade de cotas do investidor diminui, ele deixa de ganhar rendimentos sobre essa parte do
dinheiro que ele pagou à Receita Federal. Ao longo de muitos anos, o impacto do come-cotas sobre a
rentabilidade do investidor pode ser muito significativo.
Portanto, para investidores que podem aplicar seus recursos por longos prazos (5 a 10 anos, por exem-
plo), vale a pena comprar cotas de um fundo fechado. A tributação ocorrerá apenas no rendimento, não
havendo o efeito da cobrança antecipada de imposto.
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Os assessores de investimentos que atendem pessoas com grandes fortunas podem considerar a
possibilidade de estruturar um fundo fechado exclusivo, para obter a vantagem tributária. Ou então, é
possível recomendar aos clientes fundos fechados, desde que eles possam manter o investi-
mento por longos períodos. Observar a necessidade de liquidez do cliente é sempre imprescindí-
vel.
Fundos de gestão passiva têm como objetivo acompanhar algum índice de referência (chamado
de “benchmark” no jargão do mercado financeiro), replicando a carteira desse índice e buscando uma
rentabilidade próxima. Por exemplo, há fundos de ações passivos que replicam a carteira do Índice
Bovespa e buscam uma rentabilidade próxima à desse índice.
Nos fundos ativos, o objetivo do gestor é superar um índice de referência, e esse índice precisa ser
informado explicitamente no regulamento do fundo. Esse tipo de fundo tende a ter uma taxa de
administração maior do que a dos fundos passivos, para remunerar o esforço do gestor em superar a
referência. Além disso, é comum que os fundos ativos cobrem uma taxa de performance, que é um
percentual pago ao gestor sobre a rentabilidade que ultrapassar a do benchmark.
Além disso, os fundos ativos tendem a ser mais arriscados do que os passivos, já que o gestor, geral-
mente, corre um risco maior do que o do índice de referência para superá-lo em retorno.
CLASSIFICAÇÃO CVM
A classificação dos fundos de investimentos segundo concebida pela ICVM 555 divide esses veículos de
aplicação por classes de ativos que compõem suas carteiras. Segundo a classificação CVM, os
fundos podem ser:
Além disso, a CVM determina ainda alguns sufixos, que são expressões que devem ser adicionadas ao
nome do fundo para ajudar o investidor a identificar o tipo de ativo existente na carteira.
Os principais sufixos para fundos de renda fixa são “Curto Prazo”, “Longo Prazo”, “Referenciado”, “Sim-
ples”, “Dívida Externa”, “Crédito Privado”.
Os fundos multimercados podem ser “Longo Prazo” e “Crédito Privado” e os fundos de ações podem ter
os sufixos “Mercado de Acesso” ou “BDR”.
CLASSIFICAÇÃO ANBIMA
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A classificação Anbima é um aprofundamento da classificação CVM. Ela classifica os fundos em três
níveis. O primeiro nível divide os fundos em classe de ativos, assim como a CVM: Renda Fixa, Ações,
Multimercado e Cambial.
No segundo nível, os fundos dentro de cada classe são classificados conforme o tipo de gestão (passiva
ou ativa) e, para a gestão ativa, a classificação é desmembrada em quatro classes, conforme a sensibili-
dade à taxa de juros.
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Classificação Anbima dos Fundos Multimercado:
O ativo são os bens e direitos do fundo. Basicamente, são os títulos, ações e demais ativos que o fundo
tem em carteira, bem como os eventuais rendimentos, dividendos e outros proventos recebidos.
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O passivo são as obrigações do fundo, ou seja, o que o fundo tem a pagar: impostos, taxas de nego-
ciação de ativos, custódia, corretagem, taxas regulatórias, eventuais multas, dentre outras.
O valor da cota é calculado dividindo o total do PL pelo número de cotas que o fundo possui:
As cotas do fundo são escriturais, ou seja, não são físicas, mas sim, registradas eletronicamente em
nome do investidor que as possui. No Brasil, o valor da cota dos fundos é apurado diariamente. Há
poucas exceções.
Taxa de administração
É a taxa mais conhecida dos investidores, cobrada em praticamente todos os fundos. A taxa de adminis-
tração é divulgada como uma taxa anual, mas seu provisionamento é realizado diariamente, de forma
proporcional, descontado do valor da cota. Embora provisionado diariamente na cota, o valor é pago
mensalmente ao administrador. Vale destacar ainda que a taxa de administração incide sobre o PL do
fundo. Ou seja, todos os cotistas pagam o mesmo percentual de taxa, que incidirá sobre o total de cotas
que eles têm.
O objetivo da cobrança é custear as diversas despesas do fundo, como a contratação de auditoria externa,
serviços de terceiros, administração e controle dos ativos em carteira etc. O valor da taxa de administra-
ção, sua forma de cálculo e cobrança, bem como demais detalhes devem estar descritos com clareza no
regulamento do fundo.
O aumento da taxa só pode ser efetivado pelo administrador do fundo se houver aprovação dos cotistas
em assembleia geral. Já a redução não precisa de autorização para ser aplicada. Vale lembrar que a taxa de
administração é fixa, mas o valor recebido pelo administrador pode flutuar, já que a taxa é cobrada como
um percentual do Patrimônio Líquido do fundo.
Os Fundos de Investimento em Cotas (FIC), ou seja, fundos que investem apenas em cotas de outros
fundos, devem informar a sua própria taxa de administração. Logicamente, o investidor que aplicar num
FIC arcará com duas taxas de administração: a do FIC e a do Fundo de Investimento onde o FIC investiu.
A existência de uma taxa máxima de administração é obrigatória para os fundos não destinados a investi-
dores qualificados. Essa taxa deve ser informada com clareza no regulamento. A taxa máxima prevê as
despesas com taxas de administração de outros fundos em que o fundo em questão investe.
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Rebate da taxa de administração
A ICVM 555 trouxe regras mais específicas quanto ao rebate de taxa de administração, com o objetivo
de minimizar situações de potenciais conflitos de interesse. Uma situação dessas seria, por exemplo, o
administrador ou gestor de um fundo de investimento em cotas de outros fundos negociar rebate de
taxa de administração com os fundos em que ele vai aplicar recursos. Em casos assim, poderia aconte-
cer de o gestor escolher investir no fundo que oferecer o maior rebate, sem que esse seja, necessaria-
mente, o fundo que melhor atende aos interesses dos investidores.
A instrução da CVM estabeleceu que "é vedado ao Administrador, ao Gestor e ao Consultor de Investi-
mentos o recebimento de qualquer remuneração, benefício ou vantagem, direta ou indiretamente por
meio de partes relacionadas, que potencialmente prejudique a independência na tomada de decisão
de investimento pelo fundo”.
É permitido, no entanto, que seja pago rebate da taxa de administração diretamente ao fundo investi-
dor de tal forma que a rentabilidade seja direcionada aos cotistas, e não ao gestor ou administrador.
Há duas exceções a essa vedação (permitindo, portanto, o rebate da taxa de administração diretamen-
te ao gestor/administrador):
FIC que invista mais de 95% de seu patrimônio em único Fundo de Investimento; ou
Fundos de Investimento exclusivamente destinados a Investidores Profissionais, desde que a totalida-
de dos cotistas assine termo de ciência;
A taxa de entrada é cobrada quando um investidor faz aplicação em um fundo. Atualmente a cobrança
dessa taxa é bem rara no mercado. Já a taxa de saída é mais comum e é cobrada principalmente nos
casos em que o investidor deseja resgatar seus recursos dentro do prazo de carência estabelecido pelo
regulamento do fundo.
Taxa de custódia
Há incidência de taxa de custódia nos fundos, quer sobre os ativos custodiados pelo administrador,
quer por terceiros. A Taxa de Custódia máxima estimada pelo fundo deve ser divulgada no regulamen-
to. Já as despesas com taxas de custódia passam a ser informadas no Demonstrativo de Desempenho.
Taxa de Performance
A taxa de performance é cobrada dos investidores tendo como referência uma meta de desempenho
na gestão dos recursos do fundo. É uma taxa facultativa, cobrada além da taxa de administração
normal do fundo, e somente após a dedução de todas as despesas (inclusive a própria taxa de adminis-
tração). Ela funciona como um incentivo pelo bom desempenho do gestor, e ajuda a alinhar os interes-
ses do gestor com o dos cotistas.
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A ICVM 555 estabelece que a taxa de performance deve estar vinculada a um parâmetro de referência
compatível com a política de investimento do fundo e com os títulos que efetivamente compõem a
carteira. Por exemplo, se um fundo de ações cobrar taxa de performance, o parâmetro de referência
poderia ser o Ibovespa, mas não um índice de renda fixa, como os IMAs da Anbima.
Ainda segundo a instrução da CVM, é proibido estabelecer taxa de performance por percentuais
inferiores a 100% do parâmetro de referência. A taxa será calculada sobre a rentabilidade que exceder
a do benchmark. Por exemplo, considere um fundo com taxa de performance de 20%, cujo benchmark
seja o Ibovespa. Em um semestre, o fundo rendeu 30% e o Ibovespa, 10%. O retorno em excesso do
fundo em relação ao Ibovespa foi de 20%. Logo, será paga ao gestor uma taxa de 20% sobre os 20%
que excederam o Ibovespa (4%, portanto).
A taxa de performance é cobrada periodicamente, sendo que o intervalo mínimo para a cobrança é a
cada seis meses.
Os prazos de cotização e liquidação são informações importantes para investidores ou para os assesso-
res de investimento porque nem sempre coincidem. Quanto à cotização, os prazos vão variar de
acordo com a liquidez dos ativos que compõem a carteira do fundo.
Exemplo: é comum encontrar fundos de ações com cotização do resgate ocorrendo em 30 dias. Esse
prazo é necessário para que o gestor possa negociar as ações de modo a dar liquidez para o investidor
que solicitou resgate e, ao mesmo tempo, manter a composição desejada da carteira do fundo. Passa-
dos os 30 dias, é feita a cotização e a liquidação ocorre um ou dois dias depois.
Em fundos de renda fixa, o prazo de cotização do resgate é menor, podendo ser até no mesmo dia do
pedido. Geralmente, os títulos que compõem as carteiras desses fundos têm alta liquidez, como os
títulos públicos.
Vale destacar que, enquanto não for feita a cotização do resgate, o investidor segue exposto ao que
quer que aconteça com o preço da cota do fundo.
Quando falamos em prazo de cotização e liquidação, não há fundos melhores ou piores. Os prazos,
como já vimos, têm relação direta com a liquidez dos ativos da carteira.
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Portanto, ao apresentar fundos para um investidor, o consultor ou assessor deve se certificar de que
eles atendem às necessidades de liquidez do cliente. Por exemplo, um fundo para reserva de emergên-
cia deve ter prazo curto de cotização e liquidação do resgate, de preferência, no mesmo dia do pedido
ou, no máximo, no dia seguinte.
TIPOS DE INVESTIDOR
Conhecer os diferentes tipos de investidor do mercado é importante, pois o tipo de perfil de cotistas
predominante em um fundo influenciará a maneira como as decisões do gestor são tomadas. Investi-
dores pessoa física, geralmente, aplicam valores menores, se comparados aos grandes investidores
institucionais. Portanto, o modo como o gestor trabalha a liquidez da carteira e os pedidos de resgate,
por exemplo, muda.
Além disso, os grandes investidores institucionais, como fundos de pensão, têm processos criteriosos
de avaliação dos fundos em que pretendem aplicar recursos. Por isso, fundos em que a maioria dos
cotistas é de investidores institucionais e profissionais, normalmente passam por investigações mais
minuciosas quanto aos processos de tomada de decisão e gestão de risco (essas investigações são
conhecidas como “due dilligence”).
Os principais tipos de investidor são definidos pela Instrução CVM 539 (ICVM 539): investidores qualifi-
cados, investidores profissionais e investidores institucionais.
Investidores qualificados
Investidores profissionais
- Instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil.
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- Companhias seguradoras e sociedades de capitalização.
- Entidades abertas e fechadas de previdência complementar.
- Pessoas naturais ou jurídicas que possuam investimentos financeiros em valor superior a R$
10.000.000,00 (dez milhões de reais) e que, adicionalmente, atestem por escrito sua condição de
investidor profissional mediante termo próprio. Esse atestado é um anexo da ICVM 539 e deve ser
usado como modelo.
- Clubes de investimento, desde que tenham carteira gerida por administrador de carteira de valores
mobiliários autorizado pela CVM.
As entidades abertas de previdência complementar são, de modo geral, as seguradoras que oferecem
planos de previdência aos clientes. Todo dinheiro que uma pessoa investe em previdência comple-
mentar aberta é aplicado em fundos de investimento.
O cotista do fundo é a seguradora. Ela recebe o dinheiro dos participantes dos planos de previ-
dência complementar e aplica nos fundos que selecionou. Portanto, fundos que têm como cotistas
várias seguradoras também tendem a ser avaliados de maneira criteriosa por essas instituições.
A mesma lógica vale para as entidades de previdência complementar fechada, os fundos de pensão.
Essas entidades, geralmente, são fundações constituídas por empresas que desejam oferecer aos seus
colaboradores a possibilidade de investir em um plano próprio de previdência. Exemplos desses
fundos são a Previ, fundo de previdência dos funcionários do Banco do Brasil, Petros (funcionários da
Petrobras), Postalis (funcionários dos Correios) e Funcef (funcionários da Caixa Econômica Federal).
O Índice de Sharpe (IS) é uma metodologia desenvolvida e divulgada em 1996 por William Sharpe,
economista americano laureado com o Prêmio Nobel. Esse índice é usado na indústria de fundos de
investimento para avaliar a qualidade e a contribuição do gestor e se ele realmente adiciona valor a
carteira, segundo procedimentos estatísticos.
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O IS mensura quanto de prêmio é recebido por risco assumido. Quanto maior ele for, maior será o
prêmio recebido em função do aumento do risco. Sua medida é feita com base na rentabilidade
esperada do ativo analisado versus a rentabilidade de um ativo livre de risco.
Em termos práticos, o Índice de Sharpe mede quantos por cento a mais de retorno o fundo entrega
para cada 1% a mais de risco que ele correr. Então, se um fundo tem Sharpe de 0,7, isso significa que,
para 1% a mais de risco, ele entregará 0,7% a mais de retorno.
Além disso, se um investidor tem na carteira apenas ativos sem risco (indexados ao CDI, por exemplo,
ou o título Tesouro Selic), ao adicionar um fundo com risco, o IS resultante da carteira será o próprio IS
do fundo. Nestas circunstâncias, quanto maior for o IS do fundo, melhor.
Mas se o investidor já tem na carteira fundos com risco, ao adicionar um fundo novo, não basta consi-
derar isoladamente o IS dessa aplicação. É preciso calcular qual será o impacto da entrada do novo
fundo no IS global da carteira. Devemos lembrar que o objetivo é ter o maior IS possível na carteira.
O TE nada mais é que o desvio padrão dos retornos excedentes do ativo (fundo) em relação à referên-
cia. Ele é calculado pela seguinte fórmula:
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Quanto menor for o TE, mais próximo do benchmark a carteira do fundo andou no período analisado.
Essas duas medidas também ajudam a avaliar fundos passivos. Elas são a média da diferença entre o
retorno do fundo e o retorno do benchmark. Quanto maior for o EQM (ou o RMSE), maior a similaridade
entre o retorno do ativo e o do benchmark. Então, quanto menor forem essas medidas, melhor.
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