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Stutely, Richard.
O guia definitivo do plano de negócios [recurso eletrônico]
: planejamento inteligente para executivos e empreendedores /
Richard Stutely ; tradução: Francisco Araújo da Costa ;
revisão técnica: Cassio Sclovsky Grinberg. – 2. ed. rev. –
Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Bookman, 2012.
CDU 658:005.51
Eu sei que você odeia elas, mas lá vai a única definição de dicionário deste livro:
Um plano de negócios estabelece um método para se administrar uma atividade
específica durante um período futuro específico.
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Muitos acham que o objetivo central por trás de qualquer negócio é a maximização
do lucro (mas essa premissa costuma estar errada – ver Capítulo 6).
No entanto, maximizar o lucro a curto prazo provavelmente acaba por matar o
negócio a longo prazo, a menos que os lucros sejam reinvestidos de maneira inteligente
na atualização e substituição de equipamentos, maquinário, capital humano e proprie-
dade intelectual, todos os quais sofrem desgaste e ficam desatualizados. Em outras
palavras, é preciso focar adequadamente no desenvolvimento de produtos, marketing
de longo prazo, treinamento, recrutamento e substituição de bens de capital.
Como já deve ter percebido, não acredito no dogma “o mundo está mudan-
do tão rápido que meus planos ficam desatualizados imediatamente, então não
tenho por que fazer planos”. A própria velocidade das mudanças torna o planeja-
mento essencial.
Você precisa se afastar da pressão cotidiana de superar os obstáculos e
analisar longa e profundamente o que vem pela frente. Os negócios de mais
sucesso são aqueles que implementam processos de planejamento adequados.
Este livro vai mostrar como fazê-lo.
Documentação formal
Documentar ou não o plano pode fazer uma grande diferença. O exercício formal
de colocar os planos no papel ajuda a destacar riscos e oportunidades e a reve-
lar inconsistências. Além disso, depois de formalizado, o plano de negócios serve
como guia para operações e para reagir a eventos reais. A redação do plano nunca
deve ser um exercício burocrático, que não serve de nada para ninguém. Mas se
tantas pessoas quanto possível, dentro de um limite razoável, puderem se envol-
ver com o desenvolvimento e a revisão do plano, a equipe de gestão tem maior
probabilidade de entender melhor sobre para onde ele vai, com uma melhor visão
compartilhada e um senso de propósito comum a todos.
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Financiamento
Sempre existe um motivo de financiamento por trás de todos os planos. O plano
pode ser utilizado para levantar capital de risco para um novo negócio, mais finan-
ciamento por participação acionária para um negócio existente, empréstimos para
um empreendimento ou mesmo crédito comercial. A ideia pode ser incentivar um
parceiro (um fornecedor, por exemplo) a participar em uma joint venture. Ele pode
ser redigido para apoiar atividades de fusão e aquisição.
O plano também pode ser usado para justificar a alocação de recursos in-
ternos (provavelmente lucros retidos) para uma atividade específica, talvez o seu
projeto pessoal. Considere o custo de oportunidade de alocar os fundos dessa ma-
neira. Por exemplo, pode ser financeiramente mais prudente encerrar as operações
e investir o capital em um depósito bancário. O plano ajuda a identificar esse tipo
de situação e, em caso positivo, normalmente demonstra por que existe um bom
motivo para ignorar o prejuízo financeiro de curto prazo em prol de um ganho a
longo prazo ou de algum outro objetivo.
Um banco japonês muito conhecido tem ativos de mais de 8 bilhões de dó-
lares. Com tanto dinheiro disponível, tente imaginar o retorno sobre investimento
(ROI) da instituição. Cinco porcento, talvez? Ou 25%, quem sabe? Na verdade,
em 1997, o retorno foi de apenas 0,3%. Comercialmente, teria feito mais sentido
fechar o banco, liquidar os ativos e depositá-los em um banco rival, onde renderia,
digamos, 5% ao ano. Obviamente, o banco esperava ter um futuro melhor e havia
considerações políticas, incluindo o possível efeito sobre o nível de desemprego,
que impediam a organização de fechar as portas.
Em última análise, não importa de onde vêm os fundos, o plano também
pode ser usado para arrebatar uma fatia de um orçamento organizacional maior.
Aprovações
Obviamente, um plano documentado cria uma estrutura para aprovação. O pro-
prietário de uma pequena empresa que se dá ao trabalho de documentar o plano
provavelmente também é responsável pela sua aprovação. O mais comum é que
um conselho diretor ou comitê gestor aprove um plano enquanto declaração cole-
tiva de suas intenções. Em outros casos, um diretor solitário em algum outro ponto
da organização aprova o plano de terceiros.
Os processos de aprovação e financiamento têm um alinhamento próximo.
No mundo corporativo, a aprovação de um plano costuma significar o mesmo que
a aprovação do financiamento. No entanto, o contrário não é necessariamente ver-
dade. Um fornecedor de capital que aprova uma solicitação de financiamento com
base em um plano não está dizendo que o plano em si está correto. Os proprietários
e executivos sempre são responsáveis pela administração do negócio em si.
Gestão operacional
Um plano cria uma estrutura de gestão, estabelecendo um método para tudo, des-
de a estratégia geral até diretrizes para atividades cotidianas. O nível de detalha-
mento varia de acordo com o grau de mensuração e controle necessário. Nesse
contexto, a parte financeira do plano começa como justificativa para financiamen-
to e se transforma em orçamento operacional.
O que é tudo isso? 33
O plano de negócios é uma ferramenta essencial para a administração e não parte de uma
grande conspiração para destruir florestas. Este livro ajuda a atender esses quatro obje-
tivos básicos e a produzir um documento vivo e funcional para que você e seu negócio
tenham sucesso no mercado.
Seu público-alvo
Dada a variedade de usos para um plano de negócios, é preciso deixar claro que ele
tem muitos públicos-alvo diferentes. Na medida do possível, é preciso conhecer seu
público, saber o que ele está procurando e como vai interpretar o que ler. Em geral,
é uma questão de classificar os leitores de acordo com a profissão e a experiência.
Os capitalistas de risco estão procurando uma proposta sólida, sinais de boa
gestão, um bom plano de marketing e um ponto de saída (um modo de receberem
seu dinheiro de volta). O chefe de uma empresa sabe que sua equipe de gestão tem
capacidade para fazer o que for proposto e provavelmente está mais interessado
em ver que o plano operacional vai ajudar a realizar os objetivos. O banqueiro vai
amar a análise financeira.
Além disso, qualquer plano provavelmente será lido por muitas pessoas dife-
rentes. É importante lembrar que todo leitor é moldado por experiências diferen-
tes, possui conhecimentos diferentes, estará interessado em informações diferentes
e vai interpretá-las de modos diferentes.
Conhecer os indivíduos envolvidos permite a você adaptar o conteúdo. O tra-
balhador de uma divisão operacional provavelmente vai prestar mais atenção à se-
ção de despesas para descobrir como você vai gastar o dinheiro. O leitor orientado
para o marketing vai passar para a seção de receita para tentar entender de onde
vem o dinheiro. O contador tende a preferir os números, enquanto leitores menos
entendidos de matemática lerão a história, e assim por diante.
O primeiro passo para desenvolver seu plano é responder a uma pergunta óbvia:
o que você está planejando e por quê? Quando definir isso concisamente, você
estará muito mais próximo de produzir um plano válido. A seguir, realize todo o
processo de planejamento.
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Não se assuste com a lista a seguir (ver também Figura 1.1), as tarefas são
todas relativamente simples e diretas quando enfrentadas individualmente e na
ordem apresentada.
1. Defina suas atividades de negócios.
2. Defina o estado atual do negócio.
3. Defina o mercado externo, a concorrência e seu posicionamento de mercado.
4. Defina seus objetivos para o período do plano.
5. Desenvolva uma estratégia para alcançar os objetivos.
6. Identifique os riscos e oportunidades.
7. Desenvolva uma estratégia para limitar os riscos e aproveitar as oportunidades.
8. Transforme as estratégias em planos de trabalho.
9. Realize projeções de custos e receitas e desenvolva um plano financeiro.
10. Documente o plano de forma concisa.
O processo é iterativo. A identificação de riscos e oportunidades pode fazer com
que você volte atrás e altere a estratégia para atingir os objetivos. Os planos em si
ou o resultado final (fluxo de caixa, lucro ou prejuízo) podem revelar novos riscos.
Colocando no papel
Tendo criado um plano, agora você precisa colocá-lo no papel. Não é um exercício
pequeno, mas é simples se você abordar o problema do ângulo certo. Não gosto
muito de dizer isso, mas planejar como escrever um plano de negócios é quase tão
importante quanto o modo como planejou o negócio em si. No mínimo de páginas
possível, é preciso cristalizar anos de experiências e talvez vários meses de análise,
estratégia e planejamento.
No processo, você provavelmente terá que resolver conflitos entre o plano e
sua documentação. Estratégias que parecem ótimas no quadro branco podem não
funcionar ao serem analisadas e documentadas. Em parte, isso acontece porque a
documentação e o planejamento são iterativos. Na realidade, parte do plano pode
ser redigido no começo do processo de planejamento. Por exemplo, se você come-
ça o processo com a documentação do histórico e do estado atual do negócio, a
situação de mercado e sua missão, você tem um ponto de partida bastante sólido,
além de já completar alguns capítulos do plano final.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.