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Administração Financeira ­ Manuel Meireles ­ Leitura Recomendada  20 

Prof.Fábio Brussolo 
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS / CONTABILIDADE 

1) ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMONIAL 

O  Balanço  Patrimonial  é  a  demonstração  financeira  responsável  por  demonstrar  a  situação  do 


patrimônio da empresa em determinado período, apresentando os bens, direitos e obrigações de 
uma entidade. 

Balanço Patrimonial deve seguir uma estrutura conforme determina a Lei 6.404/76 com algumas 
alterações geradas pela Lei 11.638/07, e mais recentemente pela Lei 11941/09. 

À seguir verificaremos a estrutura desta demonstração e as regras que devem ser seguidas para 
sua elaboração. 

1.1) ATIVO 

O  Ativo  apresenta  todas  as  contas  que  representam  os  Bens  e  os  Direitos,  ou  seja,  onde 
encontram­se as aplicações de recursos, e são classificados em dois grupos principais, sendo que 
um dos grupos sofre uma subdivisão conforme abaixo: 

­  Ativo Circulante; 
­  Ativo Não Circulante; 
o  Realizável a Longo Prazo 
o  Investimentos 
o  Imobilizado 
o  Intangível 

A ordem de disposição, segundo a legislação vigente, é a ordem decrescente do grau de liquidez 
dos elementos nelas registrados. 

Grau de Liquidez é o maior ou menor prazo no qual Bens e Direitos podem ser transformados em 
dinheiro.  Por  exemplo,  os  Estoques  de  Mercadorias  serão  transformados  em  dinheiro  quando 
forem vendidos à vista; as Duplicatas a Receber, quando forem recebidas, e assim  por diante. A 
velocidade de transformação em dinheiro de cada item do Balanço Patrimonial que é levada em 
consideração  para  a  classificação  do  Ativo,  ou  seja,  as  contas  que  apresentam  mairo  grau  de 
liquidez aparecem em primeiro lugar e as contas que apresentam um grau menor aparecem por 
último no Balanço Patrimonial. 

As  contas  Caixa,  Bancos  e  Aplicações  Financeiras  (de  liquidez  imediata)  são  as  que  possuem 
maior  grau  de  liquidez,  pois  representam  disponibilidades  imediatas.  Por  isso,  são  as  primeiras 
contas  que  aparecem  no  Balanço  Patrimonial,  no  lado  do  Ativo,  e  muitas  empresas  somam  os 
seus valores e criam um item no Balanço chamado de DISPONÍVEL ou DISPONIBILIDADES..
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O Ativo é dividido em: 

a)  Ativo Circulante 

Neste  grupo  aparecem  todas  as contas  que representam  os  Bens e  Direitos  que,  devido  a sua 
finalidade,  e  em  sua  maioria  ,  estão  em  constante  circulação.  Correspondem  aos  recursos 
aplicados em elementos que estão em franco movimento, como, por exemplo, a conta Caixa, que 
todo  instante  está  sendo  movimentada  (entrada  e  saída  de  dinheiro);  o  mesmo  ocorre  com  as 
contas de Estoque, Bancos Conta Movimento, etc). 

O  Ativo  Circulante  também  é conhecido como  o  Ativo  de  Curto  Prazo.  Entende­se  Curto  Prazo 
como todos os bens e direitos da empresa que se converterão em dinheiro até o final do próximo 
exercícios social ao fechamento do balanço. 

Exercício social é o período compreendido entre Janeiro e Dezembro de determinado ano e que, 
normalmente, é objeto da contabilidade. Portanto se estamos levantando o balanço patrimonial do 
exercício  social  de  2008,  todos  os  bens  e  direitos  que  se  converterão  em  dinheiro  dentro  do 
exercícios social  de  2009  (próximo)  serão  considerados  como  Curto  Prazo,  e  todos  os  bens  e 
direitos que se converterão em dinheiro à partir de 2010 farão parte do Longo Prazo. 

Algumas empresas costumam separar as contas que já representam dinheiro, sem a necessidade 
de  nenhum  outro  evento  posterior,  e  chamar  estas  contas  de  Ativo  Circulante  Disponível  ou 
Disponibilidades. Essas contas são as contas: Caixa, Bancos e Aplicações Financeiras. 

Existe também no Ativo Circulante as contas redutoras das Duplicatas a Receber, a saber: 

­  a  parcela  estimada  pela  empresa  que  não  será  recebida  em  decorrência  dos  maus 
pagadores é chamada de Provisão para Devedores Duvidosos; 
­  a parte das Duplicatas a Receber, negociadas com as instituições financeiras com o 
objetivo de realização financeira antecipada é chamada de Duplicatas Descontadas. 

Essas  contas  aparecem  no  Ativo,  abaixo  da  conta  Duplicatas  a  Receber  com  sinal  negativo, 
indicando a redução. 

b)  Ativo Não Circulante 

a.  Realizável a Longo Prazo 

Neste  grupo  estão  classificadas  todas  as  contas  que  representam  Bens  e  Direitos  cujos 
vencimentos ocorram após o término do exercício social subseqüente. Por exemplo, os Títulos a 
Receber (Duplicatas, Promissórias, etc). 

Por norma legal e princípios contábeis os direitos a receber de empresas coligadas ou controladas 


deverão  ser  lançadas  no  grupo  de  longo  prazo  independentemente  do  prazo  de  recebimento 
desses direitos.
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b.  Investimentos 

É  composto  por  contas  representativas  de  bens  e  direitos,  que  normalmente  representam 
participação em outras empresas, e outros bens e direitos que não se destinam à manutenção das 
operações da empresa, como por exemplo: Imóveis não de Uso, Obras de Arte. 

c.  Imobilizado 

São os bens tangíveis necessários para a operação da empresa. Bens tangíveis são aqueles que 
podem ser tocados fisicamente. Exemplo: Veículos, Máquinas e Equipamentos, Imóveis. Para ser 
considerado como um imobilizado o item deve apresentar quatro características básicas: 

­ não ser destinado à venda; 
­ ser utilizado na operação da empresa; 
­ ter um prazo de vida útil relativamente longo; 
­ tangibilidade 

Encontramos  também  no  Ativo  Imobilizado  as  contas redutoras  ou retificadoras do  Ativo.  Como 
exemplo podemos citar: 

A  conta  Depreciação  Acumulada,  que  registra  a  perda  de  valor  dos  bens  tangíveis, 
por  desgaste  ou  obsolescência,  conforme  percentual  definido  pela  legislação  do 
imposto de renda. Esta conta reduzirá o saldo da conta Ativo Permanente Imobilizado. 

As  empresas  que  exploram  recursos  naturais  como  Reservas  Florestais,  Poços  de 
Petróleo,  Pedreiras,  entre  outras,  registram  esses  valores  como  Ativo  Permanente 
Imobilizado,  e  o  consumo  desses  recursos  devem  ser  registrados  em  uma  conta 
redutora chamada Exaustão Acumulada. 

d.  Intangível 

Este sub­grupo do Ativo Não Circulante surgiu com as alterações da Lei 11.638/07, e tem a função 


de registrar os valores dos bens e direitos que são necessários para a operação da empresa, mas 
não  podem  ser  tocados,  chamados  de  Bens  Intangíveis.  O  grande  exemplo  deste  item  são  as 
Marcas e Patentes e os Fundos de Comércio. 

Esses  bens  também  podem  sofrer  desgastes  com  o  passar  do  tempo,  como  a  perda  de  uma 
patente, e esse tipo de perda deve ser registrado em uma conta redutora deste grupo denominada 
Amortização Acumulada. 

Em alguns Balanços Patrimoniais as empresas chamam os grupos: Investimentos, Imobilizado e 
Intangível de Ativo Permanente da empresa, ou Ativo Fixo.
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1.2) PASSIVO 

No Passivo você encontra as contas que representam as Obrigações e o Patrimônio Líquido, onde 
encontra­se a origem de recursos da empresa, devidamente classificadas em três grupos, sendo à 
saber 

­  Passivo Circulante 
­  Passivo Não Circulante 
­  Patrimônio Líquido. 

a)  Passivo Circulante 

Neste grupo você encontra classificadas as contas que representam Obrigações da empresa que 
vencem no curso do exercício seguinte (curto prazo). 

O conceito de curto prazo é o mesmo já visto no Ativo. 

b)  Passivo Não Circulante 

Neste grupo você encontra classificadas as contas que representam as Obrigações da empresa 
que têm vencimentos após o término do exercício seguinte. 

Da mesma maneira que no Ativo, as obrigações que as empresas tenham com suas coligadas ou 
controladas deverão ser lançadas no grupo de longo prazo, independentemente do vencimento. 

c)  Patrimônio Líquido 

Neste grupo você encontra as contas que representam o Patrimônio Líquido, considerado como o 
Capital Próprio da empresa, é em teoria o valor que a empresa deve para os seus acionistas: 

­  Capital: este é o investimento feito pelos sócios ou acionistas da empresa, podendo 
vir de recursos próprios, ou de reinvestimento do lucro da empresa; 

­  Reservas: podem ser de dois tipos diferentes: 

De  Capital:  São  reservas  feitas  em  função  do  investimento  dos  sócios  na  empresa. 
Podem surgir à partir de Correção Monetária do Capital, Ágio na Emissão de Ações, 
Doações de Bens, entre outras. 

De Lucros: São reservas feitas sobre o resultado gerado pela empresa com a intenção 
de  evitar  a  retirada  total  do  lucro  pelos  acionistas,  resguardando  assim  os 
investimentos  na  empresa.  Exemplos:  Reserva  Legal,  Reserva  Estatutária,  Reserva 
de Contingência, entre outras. 

­  Lucros ou Prejuízos Acumulados: é a soma dos resultados gerados pela empresa 
que ainda não foram retirados pelos acionistas, nem transformados em reservas.
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As empresa classificam as suas contas no que chamamos de Plano de Contas, sendo que cada 
empresa adota o seu de acordo com o seu ramo de atividade e a sua estrutura. 

Abaixo representamos um modelo geral de Plano de Contas: 

MODELO DE PLANO DE CONTAS – CONSIDERANDO SOMENTE AS CONTAS 
PATRIMONIAIS. 

1 ­ ATIVO 
1.1 ­ ATIVO CIRCULANTE 
1.1.001 ­ Caixa 
1.1.002 ­ Bancos 
1.1.003 ­ Aplicações de Liquidez Imediata 
1.1.004 – Clientes ou Duplicatas a Receber 
1.1.005 – (­) Provisão para Devedores Duvidosos (Conta Redutora) 
1.1.006 – (­) Duplicatas Descontadas (Conta Redutora) 
1.1.007 ­ Estoques 
1.1.008 ­ Provisão para Perdas em Estoque (Conta Redutora) 
1.1.009 ­ Adiantamento a Fornecedores 
1.1.010 ­ Contas a Receber 
1.1.011 ­ Adiantamento a Funcionários 
1.1.012 ­ Impostos a Recuperar 
1.1.013 ­ Despesas Antecipadas 
1.2 – ATIVO NÃO CIRCULANTE 
1.2.1 – Realizável a Longo Prazo 
1.2.1.001 ­ Créditos de Controladas ou Coligadas 
1.2.1.002 ­ Créditos de Diretores 
1.2.1.003 ­ Empréstimos Compulsórios 
1.2.1.004 ­ Incentivos Fiscais 
1.2.1.005 ­ Depósitos Judiciais 
1.2.1 ­ Investimentos 
1.2.1.001 ­ Participações Controladas ou Coligadas 
1.2.1.002 ­ Participações – Outras 
1.2.1.003 ­ Imóveis não de Uso 
1.2.1.004 ­ Obras de Arte 
1.2.2 ­ Imobilizado 
1.2.2.001 ­ Imóveis 
1.2.2.002 ­ Máquinas e Equipamentos 
1.2.2.003 ­ Instalações 
1.2.2.004 ­ Veículos 
1.2.2.005 ­ Móveis e Utensílios 
1.2.2.006 ­ Obras em Andamento 
1.2.2.007 ­ (­)Depreciação Acumulada (Conta Redutora) 
1.2.2.008 ­ Florestamento e Reflorestamento 
1.2.2.009 ­ Poços de Petróleo 
1.2.2.010 ­ Minas
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1.2.2.011 ­ (­) Exaustão Acumulada (Conta Redutora) 

1.2.3 ­ Intangível 
1.2.3.001 ­ Marcas e Patentes 
1.2.3.002 – Licença de Uso de Software 
1.2.3.003 ­ (­) Amortização Acumulada 

2 ­ PASSIVO 
2.1 ­ PASSIVO CIRCULANTE 
2.1.001 – Fornecedores ou Duplicatas a Pagar 
2.1.002 ­ Contas a Pagar 
2.1.003 ­ Obrigações Fiscais 
2.1.004 ­ Obrigações Sociais e Trabalhistas 
2.1.005 ­ Adiantamento de Clientes 
2.1.006 ­ Financiamentos de Curto Prazo 
2.1.007 ­ Títulos a Pagar 
2.1.008 ­ Dividendos a Pagar 
2.1.009 ­ Provisões 
2.2 – PASSIVO NÃO CIRCULANTE 
2.2.001 ­ Financiamentos de Longo Prazo 
2.2.002 ­ Empréstimos de Longo Prazo 
2.2.003 ­ Provisões de Longo Prazo 
2.3 ­ PATRIMÔNIO LÍQUIDO 
2.3.1 ­ Capital Social  
2.3.1.001 ­ Capital Social 
2.3.1.002 ­ (­) Capital a Integralizar (Conta Redutora) 
2.3.2 ­ Reservas de Capital  
2.3.2.001 ­ Excedentes de Capital 
2.3.2.002 ­ Doações e Subvenções para Investimento 
2.3.3 ­ Reservas de Lucros  
2.3.3.001 ­ Reserva Legal 
2.3.3.002 ­ Reserva Estatutária 
2.3.3.003 ­ Outras Reservas de Lucros 
2.3.4 ­ Lucros ou Prejuízos Acumulados  
2.3.4.001 ­ Lucros Acumulados 
2.3.4.002 ­ Prejuízos Acumulados

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