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e periódico)
Na aula 1 nós começamos a estudar sobre os estoques, sua composição e critérios de valorização.
Vamos começar estudando sobre o controle permanente e periódico e veremos dois critérios de
valorização, o método do varejo e a identificação específica.
Observe que para focar no objetivo das aulas, vamos ignorar em nossos exemplos a incidência de
impostos.
Os estoques podem ser controlados a cada operação de compra e venda, diariamente, a cada mês,
trimestre, semestre ou ano.
Controle Permanente
Portanto, pelo sistema permanente, a cada transação que afeta o estoque, como compras e vendas,
o respectivo controle contábil deve ser feito.
Em função dos avanços tecnológicos e das reduções dos custos na área de tecnologia da informação,
as empresas controlam cada vez mais os seus estoques de modo permanente. O método permite
reduzir as perdas de mercadorias, excesso de aplicação de recursos em estoques e falta de
mercadoria, já que a empresa sabe de forma constante quais mercadorias estão sendo vendidas e
quais continuam em estoque.
Por exemplo, quando vamos a um supermercado e passamos pelo caixa, cada vez que o produto é
“scaneado” através do código de barras o seu valor é baixado automaticamente do estoque. Deste
modo, o supermercado pode apurar o lucro bruto sobre as vendas e tem a informação sobre quando
há necessidade de repor o estoque. Por outro lado, nesse fluxo, se não há baixas por vendas e o
produto é perecível, pode haver uma promoção, para tentar vende-lo. Ainda, se não há vendas e o
produto não é perecível, é informado que não haverá necessidade de se comprar mais estoque
daquele produto.
Dessa forma, em uma empresa que possui estoques e atua através de encomenda dos clientes, por
exemplo no comércio eletrônico, após o processamento dos dados dos pedidos realizados pelos
clientes, o sistema de controle de estoques registra as alterações nos níveis de estoques e prepara os
documentos de expedição e faturamento. Na sequência, o sistema de controle de estoques pode
notificar os setores responsáveis sobre os itens que precisam ser adquiridos e continuamente
fornece relatórios sobre a situação do estoque (STROTTMANN E SCHERER).
Exemplo:
Um supermercado tem em seu estoque os seguintes produtos, que são os mais vendidos:
Produto Quantidade
Arroz 50
Feijão 60
Açucar 30
Sal 40
Óleo 55
Farinha 45
A cada compra passada pelo sistema de códigos de barras, o sistema do supermercado baixa o
produto automaticamente, de modo que é possível determinar quando há necessidade de repor o
estoque.
O supermercado costuma fazer um pedido quando o estoque atinge um nível abaixo de 20 unidades.
Portanto, a gerência do supermercado sabe que deve fazer novo pedido de arroz, óleo e farinha.
No controle permanente o controle contábil é realizado através do movimento da conta de estoques,
como iremos estudar nas próximas aulas.
Controle Periódico
Quando o estoque é controlado em uma periodicidade maior, dizemos que há um controle periódico.
Nesse sistema, os registros contábeis das transações que afetaram o estoque só são efetuados no
final do período. Portanto, a base para determinar o valor do estoque é obtida através do processo
de contagem física, uma vez que a empresa não tem o controle das unidades que são vendidas no
fluxo operacional. Em termos contábeis é fundamental a utilização da conta “Compras”.
Exemplo:
Uma loja de acessórios vende brincos, pulseiras, anéis, colares e bolsas. A loja não baixa a
mercadoria vendida diariamente. Ao final de cada mês, para verificar quanto foi vendido de cada
produto e quanto permanece em estoque, a loja precisa fazer uma contagem física, ou seja, contar
quanto há de cada produto.
Em 31/01/2019, a loja fez a contagem física do estoque e verificou que havia a seguinte quantidade
de cada produto:
Produto Quantidade Estoque
Brincos 100 20
Pulseiras 80 10
Anéis 50 30
Colares 130 40
Bolsas 40 15
Portanto, efetuando a subtração, constatou que a seguinte quantidade de produtos foi vendida:
O CMV corresponde à baixa da mercadoria vendida, de modo que quando uma entidade vende
mercadorias a clientes, deve retira-las de seus estoques e entrega-las aos clientes.
Nesse momento, deve-se reconhecer a Receita de vendas, que é a multiplicação do preço pela
quantidade de mercadoria vendida. Em contrapartida, deve-se reconhecer o CMV, que é a baixa da
mercadoria do estoque da entidade. Deste- modo, há o confronto entre a Receita de vendas com a
baixa da mercadoria, seguindo o Regime de Competência, apurando-se o Lucro Bruto.
O CMV pode ser obtido do seguinte modo, de modo a refletir o fluxo de mercadorias:
Entende-se que o estoque não é sempre comprado pelo mesmo custo. Por exemplo, uma livraria
vende o mesmo livro infantil durante anos. Não é de se esperar que o livro tenha sempre o mesmo
custo. Pode, inclusive, acontecer de no momento existirem livros na prateleira que foram adquiridos
a custos diferentes.
Exemplo
Uma livraria vende o livro “O Patinho Feio”. Em 31/12/2018 havia vinte livros disponíveis em seu
estoque. Estes haviam sido adquiridos da editora por R$40 cada. Em janeiro de 2019, a livraria
comprou mais 15 livros O Patinho Feio, sendo que cada um custou R$50. Em fevereiro de 2019, a
livraria comprou mais 10 livros por R$60 cada.
Deste modo, há 45 livros em estoque. Além disso, estoque tem total tem custo de R$2.150. No
entanto, o estoque vai ser vendido de forma gradativa.
Portanto, a principal questão em relação ao CMV é a sua mensuração, ou seja, como atribuir valor às
mercadorias vendidas. Existem diferentes modos de fazer essa mensuração, como veremos nas
próximas aulas.
Identificação Específica
Método de varejo
Primeiro que entra, primeiro que sai (PEPS)
Último que entra, primeiro que sai (UEPS)
Custo médio ponderado móvel (controle permanente)
Custo médio ponderado fixo (controle periódico)
Identificação específica
De acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 16- Estoques, “o custo dos estoques de itens que não
são normalmente intercambiáveis e de bens ou serviços produzidos e segregados para projetos
específicos deve ser atribuído pelo uso da identificação específica dos seus custos individuais”.
Por exemplo, em uma galeria de artes, que vende quadros, cada quadro é único e tem seu preço e
custo diferenciados. Este fato ocorre também para ativos de grande dimensão como aeronaves,
navios e grandes equipamentos.
Portanto, a identificação específica do custo significa que são atribuídos custos específicos a itens
identificados do estoque. Este é o tratamento apropriado para itens que sejam segregados para um
projeto específico, independentemente de eles terem sido comprados ou produzidos.
Exemplo:
Uma galeria de artes, que revendia quadros, tinha os seguintes quadros disponíveis para a venda:
Os quadros são diferentes e possuem custos específicos a eles. É de se esperar que uma pessoa que
compra o quadro “Primavera em Paris” não vai ficar satisfeita se receber o “Outono em Londres”.
Portanto, o controle deve ser feito separadamente.
Ainda, vamos supor que um clube de futebol tenha o direito econômico sobre os direitos federativos
dos seguintes jogadores:
Cada jogador é único, tem suas características e a sua posição. Portanto, um clube que deseja
comprar os direitos econômicos sobre os direitos federativos do goleiro Marquinhos, por exemplo,
não necessariamente tem interesse no atacante Tiaguinho.
Deste modo, a identificação específica é usada quando os produtos tem uma característica
individualizada.
Porém, quando há grandes quantidades de itens de estoque que sejam geralmente intercambiáveis,
a identificação específica de custos não é apropriada. Em tais circunstâncias, um critério de valoração
dos itens que permanecem nos estoques deve ser usado, como veremos a seguir e nas próximas
aulas. Por exemplo, quando o estoque é composto por bens que suas unidades são idênticas,
podendo ser trocadas umas pelas outras, como um livro, ou uma camiseta, não importa se a loja
entrega ao cliente o produto que recebeu na primeira ou na última compra, já que os produtos, são
iguais.
Método de varejo
As grandes empresas de varejo, que trabalham com um grande número de itens diferentes de
produtos, podem adotar o método do varejo, por ser mais simples e prático. De acordo com o
Pronunciamento Técnico CPC 16- Estoques, “o método de varejo é muitas vezes usado no setor de
varejo para mensurar estoques de grande quantidade de itens que mudam rapidamente, itens que
têm margens semelhantes e para os quais não é praticável usar outros métodos de custeio. ”
Deste modo, o custo do estoque é determinado pela redução do preço de venda da determinada
porcentagem de margem bruta. Muitas vezes, cada departamento de varejo utiliza uma
porcentagem média.
Exemplo:
Uma farmácia tem três departamentos: cosméticos, remédios e nenéns, todos de sua marca própria.
Ela trabalha com as seguintes margens de lucro:
Produto preço
Shampoo 40
Condicionador 30
Perfume 50
Remédio para gripe 40
Remédio para dores 60
Fralda 20
Lenço umidecido 12
Pomada para assadura 16
Para determinar o custo dos produtos devemos aplicar a margem correspondente, deste modo:
Observe que o custo foi obtido deduzindo-se do preço a margem determinada para cada segmento.
Por exemplo, no caso do shampoo, como o preço é R$40, é atribuído o custo de R$40 x (1-40%)=
R$24. Esse processo dever ser feito com cada produto.
20 shampoos
20 condicionadores
15 perfumes
30 remédios para gripe
40 remédios para dores
18 pacotes de fraldas
10 lenços umedecidos
12 pomadas para assadura
Observe que a receita e o custo de cada produto são calculados multiplicando-se o preço/custo
unitário pela quantidade vendida.
Deste modo, por exemplo, a receita com a venda de shampoo é de R$40*20 unidades= R$800.
Já o custo com a venda de shampoo é apurado através do custo atribuído com base na margem
multiplicado pela quantidade de produtos vendidos é de R$24*20= R$480.
Referências
Iudícibus, Sérgio de; Martins, Eliseu; Santos, Ariovaldo dos; Gelbcke, Ernesto Rubens. Manual de
Contabilidade Societária, ed. Atlas, 3ª de, 2018.
Szuster, Natan; Cardoso, Ricardo L.; Szuster Fortunée R.; Szuster, Fernanda R.; Szuster, Flávia R.
Contabilidade Geral, ed. Atlas, 4ª ed., 2013.
Strottmann, Evandro José e Scherer, Oscar Luiz da Silveira. A Importância do Controle de Estoques
para as Empresas Industriais Brasileiras de Grande Porte