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1. Introdução
As alterações verificadas na sociedade durante o século passado e início desde englobam as evoluções
que se verificou nas organizações sejam empresas privadas ou organismos públicos.
Os tempos actuais são caracterizados pela globalização das economias, pelo encurtamento do ciclo de
vida dos produtos, pela primazia dada à satisfação dos clientes e à qualidade total e pelo crescente peso
de incorporação de intangíveis no valor final dos produtos, comparativamente com o peso das
incorporações materiais.
A generalidade das disciplinas que tratam de temas relativos à direcção e gestão das organizações
verificaram um particular dinamismo, quer em termos científicos, quer em termos práticos.
No presente capítulo a cadeira vai abordar aspectos relacionados com os Conceitos de Contabilidade
Geral e Financeira, objecto e objectivos, as principais diferenças que existem entre a Contabilidade Geral
e Financeira e a Contabilidade Analítica.
Vamos também abordar sobre as limitações que a Contabilidade Geral e Financeira tem, tendo em conta
que está virada para o exterior, ou seja, não responde a necessidade de gestão interna.
Como forma de fornecer informações para a gestão, surge um outro tipo de contabilidade, a
Contabilidade Analítica, cujo objecto são os custos e proveitos determinados de acordo com as
necessidades de gestão.
A Contabilidade de Gestão, sendo uma dessas áreas de conhecimento, seguiu, naturalmente, a essa
tendência. É neste contexto que se podem identificar quatro fases bem diferenciadas de evolução do
conceito e conteúdo de contabilidade de gestão, centrando inicialmente:
É uma técnica de registo e controlo dos factos patrimoniais que a empresa realiza com o exterior e que
provocam alterações na composição e ou valor do seu património. As informações por ela fornecidas
dizem respeito não só a essas relações, mas também ao apuramento do resultado global. A
Contabilidade Financeira desenvolve-se numa óptica financeira, jurídica e fiscal.
Para FRANCO (1997:21) a Contabilidade “é a ciência que estuda os fenómenos ocorridos no património
das entidades, mediante o registo, a classificação, a demonstração expositiva, a análise e a
interpretação desses factos, com o fim de oferecer informações e orientação – necessárias à tomada
de decisões – sobre a composição do património, suas variações e o resultado económico decorrente
da gestão da riqueza patrimonial”.
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São todos os factos patrimoniais ocorridos na entidade (empresa) que possam alterar ou modificar o
valor do património.
É preciso todavia, dizer algo a respeito das limitações do método contabilístico. Algumas destas
limitações são intrínsecas ao método contabilístico enquanto outras características dos métodos
puramente quantitativos.
A contabilidade não é e nem deve ser entendida como um fim em si mesma. Isto quer dizer que
as informações por si fornecidas só terão utilidade desde que satisfaçam as necessidades da
administração ou de outros interessados, e não apenas as do contabilista.
A contabilidade só é capaz de captar e registar, normalmente, eventos mensuráveis em moeda.
Contudo, em quase todas as decisões, muitos outros elementos não-quantitativos devem ser
levados em conta para uma decisão adequada.
Existe ainda muita confusão entre contabilistas, no diz respeito a princípios, a procedimentos de
avaliação, bem como a terminologia, o que prejudica a qualidade das demonstrações financeiras.
O resultado destas limitações é que os relatórios contabilísticos não espelham exactamente a realidade
económica e financeira da entidade. Muitas vezes a contabilidade fornece um retracto algo desfocado
ou desfasado de uma paisagem empresarial. Mas, os contabilistas não se devem humilhar por isto, pois
o mesmo acontece com outros métodos quantitativos.
À medida que aumenta a dimensão de empresas, determinadas pelo alargamento do Mercado e pelas
incessantes inovações tecnológicas, maior é a necessidade que os gestores tem de informações
atempadas que permitam auxiliar a tomada de medidas fundamentais para fazer face à concorrência,
aumentar os resultados e lançar menos produtos no mercado a preços competitivos. Isto implica que
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todos os aspectos de gestão das empresas estejam devidamente organizadas, programadas e
controladas com vista a facultar o conhecimento profundo de empresas em tempo oportuno.
Exemplo:
A Sociedade de Cafés Alfa SA, tem por objecto a importação e comercialização de cafés, dispondo, para
isso, instalações fabris próprias nos arredores de Angónia e escritórios nesta na Vila Ulongué. Em
Angónia dispõe ainda, de um estabelecimento de venda ao público (cafés e artigos de mercearia) e de
um restaurante. Em 31 de Dezembro de N o Balanço e a Demonstração de Resultados apresentavam a
seguinte estrutura:
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Fonte: Caiado A. C. Pires, Contabilidade Analítica e de Gestão,2011, 6ª Edição, Pag. 44 e 45.
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Em face destes elementos, verifica-se que no referido exercício Surgem as seguintes perguntas?
O sector dos cafés proporcionou resultados substâncias à empresa e que o restaurante merece uma
atenção especial. Na verdade, é importante que se analise os gastos, os preços praticados e o número
de refeições servidas se inserem numa gestão adequada face a concorrência.
A contabilidade geral é insuficiente para dar resposta às necessidades de informação para a gestão,
trata o passado.
Surge assim a necessidade de um outro tipo de contabilidade, virada não para o exterior das empresas
mas para o seu interior. Esta contabilidade interna também se designa por Contabilidade Analítica ou de
Gestão.
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A Contabilidade Geral ou Financeira tem fundamentalmente por objecto o controlo das relações com
terceiros (clientes, fornecedores, devedores, credores, bancos, etc.) revelar as variações das contas do
balanço e proceder ao apuramento do resultado do período.
A contabilidade geral é insuficiente para dar resposta às necessidades de informação para a gestão. Na
verdade, trata-se de uma contabilidade do passado, cujas informações têm falta de actualidade e estão
submetidas a normas rígidas, obedecendo neste caso o Plano Geral de Contabilidade.
Surge assim a necessidade de um outro tipo de contabilidade, virada não para o exterior das empresas
mas para o seu interior. Esta contabilidade interna também se designa por Contabilidade Analítica ou
Contabilidade de Gestão.
A contabilidade nessa época tinha sua aplicação maior no segmento comercial, sendo utilizada para
determinar o resultado do exercício. Porém, com o incremento da indústria surge a necessidade de
cálculo de custos para formação de stocks.
No segmento Industrial, cálculo de custo dos produtos não poderia ser efectuado da mesma forma, uma
vez que o fabricante compra materiais e os transforma, paga mão de-obra para elabora-los e ainda
consome uma infinidade de outros custos (energia, água, equipamentos, etc.) para enfim gerar o bem
para venda.
Nessa situação, na qual vários insumos são consumidos para elaboração de um novo produto, não é
tão simples o cálculo de custos a serem implementados. Essa dificuldade ou necessidade fez surgir a
contabilidade analítica, inicialmente com a finalidade de mensurar os stocks produzidos e determinar o
resultado do exercício.
A Contabilidade Analítica actualmente pode ter infinitas ramificações em sua aplicação dependendo das
particularidades operacionais de cada tipo de empresa e dependendo ainda do estudo pormenorizado
de suas necessidades de controlo de custos com finalidade de redução destes, como forma de aumentar
a competitividade entre empresas no mercado consumidor nacional ou internacional.
O seu valor real está na sua capacidade de prover dados de custos significativos, com presteza
suficiente, para permitir aos directores, gerentes e a seus subordinados, tomar rapidamente acções
correctivas, quando forem encontradas situações desfavoráveis ou quando houver oportunidades
favoráveis de mudanças.
Conceito:
Técnica de análise dos custos e dos proveitos de uma empresa que tem por objectivos:
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O controlo das condições internas de exploração.
A Contabilidade analítica diz respeito a parte interna da empresa e ocupa-se do registo e controle do
movimento interno, do apuramento e análise dos outros custos e proveitos visando a eficiência de
gestão. A Contabilidade analítica é de ordem económica.
A missão essencial consiste na classificação e registo dos gastos industriais por processos
tendentes a determinação tanto quanto possível rigorosa dos custos particulares de vários
produtos e serviços que a empresa fabrica e vende.
Permitir a apreensão, classificação, registo, analise e interpretação dos valores físicos e monetários das
variações patrimoniais ocorridas, projectadas ou simuladas pertencentes ao ciclo produtivo da empresa,
com vista a tomada de decisões de natureza administrativa nos seus diversos níveis de comando ou
hierarquia.
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entidade, de modo que o processo de tomada de decisões na entidade seja eficiente e contribua para
o alcance dos objetivos que persegue
Será que a Contabilidade financeira, como técnica de informação ao serviço de uma entidade (empresa,
clínica, escola, hospital, entre outros), pode fornecer-nos todos os dados indispensáveis à sua gestão?
As informações obtidas com a Contabilidade financeira, embora sejam úteis, são insu-ficientes para dar
resposta às necessidades de informação para a gestão, sobretudo pela sua fraca operacionalidade no
controlo, na gestão corrente e na planificação das atividades, assim como no processo de tomada de
decisões.
A Contabilidade financeira não permite:
Apurar o contributo de cada produto para a formação do resultado do exercício. Esta informação
é fundamental para sabermos se existe algum produto que dá prejuízo ou que não é
suficientemente rentável;
Analisar as condições internas de exploração;
Apurar os gastos e os resultados por produtos, nas várias fases do ciclo produtivo, por
funções e por centros de gastos;
O planeamento e o controlo das actividades, uma vez que os rendimentos e os gastos são
agrupados por natureza. Por exemplo, os gastos com o pessoal a registar na conta 62 - Gastos
com o pessoal, referenciada no SNC, NIRF- PE;
A resposta a muitas questões como:
o Qual o custo de cada unidade produzida? Esta informação é necessária para a
determinação dos preços de venda, para a valorização dos inventários finais e para
efeitos de controlo dos custos de produção;
o De que modo se repartem os gastos pelos produtos fabricados e serviços prestados
pela entidade?
o Qual a evolução dos gastos de um determinado centro de gastos?
o Haverá possibilidade de reduzir o custo industrial dos produtos reduzindo, por exemplo,
os gastos fixos?
o Qual a estrutura de gastos ao longo do ciclo produtivo dos produtos fabricados? Qual é
o peso dos gastos fixos e dos gastos variáveis no custo industrial dos produtos?
o Deve a empresa optar por substituir uma máquina ou proceder à sua reparação?
o Como avaliar o custo dos produtos em vias de fabrico?
No geral, a contabilidade financeira está mais virada ao fornecimento de informações financeiras globais,
e a Contabilidade Analítica ou de Gestão providencia informações analíticas que servem de suporte aos
gestores na tomada de decisões. Das duas contabilidades, ressaltam várias diferenças, entre as quais:
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Cont. Financeira Cont. Analitica
Destinatário da informação Reporte para pessoas e Reporte aos órgãos internos à
entidades externas com organização, nomeadamente:
interesse na organização tais trabalhadores, gestores,
como: Accionistas/ sócios; eventualmente consultores
Credores e bancos; Finanças; para: Planeamento;
Fornecedores e Organização; Direcção;
Clientes Controlo e Avaliação do
desempenho
Objectivo da informação Comunicar as entidades Fornecer feedback a cerca das
externas interessadas de uma decisões tomadas pelos
forma sumária, a situação gestores e em simultâneo
financeira da empresa como um fornecer dados que permitam
todo. efectuar controlo da
performance operacional.
Tipo e âmbito da informação Apresentação da situação Apresentação dos relatórios
financeira geral da Organização financeiros segmentados por
departamentos, produtos,
clientes, trabalhadores, etc.
Natureza da informação Existência obrigatória; Existência não obrigatória, não
Observação dos PCGA, sujeito a normas impositivas
normas, etc. Ênfase na externas. Os sistemas de
objectividade, exactidão e informação são definidos
verificabilidade dos dados internamente de forma a
satisfazer as necessidades
estratégicas e operacionais da
organização