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Trabalho De Campo
Docente:
dr. Nelo Armando Verige Chele
2. Objectivos...................................................................................................................2
2.1. Geral.......................................................................................................................2
7. Metodologia..............................................................................................................12
8. Conclusão.................................................................................................................13
9. Referências Bibliográficas........................................................................................14
1. Introdução
O presente trabalho da cadeira de História das Sociedades I, irá debruçar sobre a Função
Sociocultural da Religião em Moçambique. Ao longo da história da humanidade, que é
também história da Igreja, enquanto chamada a acompanhar, a servir e a estar com a
humanidade em todas as épocas históricas e contextos geográficos e culturais, muito se
tem produzido e questionado sobre a presença e acção da Igreja nas nossas sociedades e,
sobretudo, nas sociedades mais jovens, o seu papel e o contributo que dela se espera.
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2. Objectivos
2.1. Geral
Conhecer a Função Sociocultural da Religião em Moçambique.
2.2. Específicos
Reflectir sobre as principais crenças e práticas religiosas em diferentes
culturas em Moçambique;
Descrever os rituais de cada uma das religiões na sociedade moçambicana;
Falar sobre a importância que a religião tem tido no contexto das
comunidades em Moçambique.
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3. Função Sociocultural da Religião em Moçambique
3.1. Conceito da sociocultural
“Na relação entre Homem e cultura, o homem não é apenas o artífice da cultura, mas é
também o principal destinatário, daí que a cultura deve contribuir para a realização do
ser humano na sua dimensão mais ampla” (Vines, 2019).
A Igreja, verdadeiramente missionária por sua natureza e enviada por Cristo, respeita e
promove a cultura de cada povo, quando promove o ser humano e a sua dignidade. Ela
oferece o Evangelho, sem destruir o que há de bom e de belo, reconhece os valores
culturais positivos e, por meio do Evangelho, purifica o que de menos positivo existe,
purificando e introduzindo no culto cristão alguns elementos da cultura do povo.
Portanto, se por um lado a Igreja tem como missão levar Cristo ao povo e não a uma
cultura ou raça, por outro lado é pelo poder do Evangelho que a cultura se deve deixar
penetrar e transformar.
Segundo Procopiuck (2013), refere que “uma crença religiosa é sempre uma crença
reflexiva, não há uma contraparte empírica que exerça autoridade para que tais crenças
sejam corrigidas e ajustadas ao contexto”.
De acordo com o censo de 2017, 24% são católicos romanos, 22% são protestantes,
20% são muçulmanos, e ⅓ não professa qualquer religião ou crença; no entanto, os
líderes religiosos especulam que uma proporção significativa deste grupo pratica
alguma forma de religião indígena, uma categoria não incluída no censo de 2017.
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Os grupos cristãos incluem anglicanos, baptistas, membros da Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias (mormons), congregacionistas, metodistas, nazarenos,
presbiterianos, testemunhas de Jeová, católicos romanos, adventistas do sétimo dia, e
membros da Igreja Universal do Reino de Deus, bem como diversas outras igrejas
evangélicas, apostólicas, e pentecostais (Abbink, 2014).
As três principais organizações islâmicas são a Comunidade Maometana, o Congresso
Islâmico, e o Conselho Islâmico. Existem pequenos grupos judeus, hindus e bahai. As
comunidades religiosas encontram-se dispersas por todo o país. As províncias do norte
são predominantemente muçulmanas, particularmente ao longo da costa, enquanto as
áreas do interior no norte possuem uma concentração mais forte de comunidades cristãs.
Os cristãos são geralmente mais numerosos nas regiões do sul e centro, mas também
vivem muçulmanos nessas áreas.
Para além disso, os clérigos muçulmanos moçambicanos têm cada vez mais procurado
formação no Egipto, Kuwait, África do Sul, e Arábia Saudita, regressando com uma
perspectiva mais fundamentalista do que a tradicional local, do Islão suaíli inspirado
pelo sufismo, que é particularmente comum no Norte.
Muitas pequenas igrejas que se separaram das denominações principais fundem crenças
e práticas religiosas com um enquadramento cristão. Alguns muçulmanos continuam a
realizar rituais indígenas.
Luzia, (2016), ao se referir às sociedades mais simples “estaca o facto de que os ritos
considerados bárbaros, diferentes e bizarros, traduzem, em sua essência, necessidades
humanas aplicadas à vida social”.
Por mais simples que seja o sistema que vemos, nós reencontramos nele todas as
grandes ideias e todas as principais atitudes rituais que estão na base das religiões mais
avançadas:
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Distinção das coisas em sagradas e profanas;
Noção de alma, de espírito, de personalidade mítica, de divindade nacional e
mesmo internacional;
Culto negativo com as práticas ascéticas que são sua forma exasperada;
Ritos de oblação e de comunhão;
Ritos imitativos;
Ritos comemorativos;
Ritos de expiação.
Baritussio (2015), ao se referir à importância dos rituais “aponta-os como solução a
alguns problemas sociais fundamentais, porque toda a condição humana1 é exposta aos
ritos e rituais”.
Por sua vez, o rito funciona como um conjunto de regras estabelecidas pelo culto, sendo
esse último a expressão colectiva de adoração e veneração de uma divindade; religião e
magia são fenómenos inventados pelos humanos numa tentativa de controlar o universo,
porque as religiões apresentam uma série de tabus irrecusáveis aos seus seguidores.
Luzia,
J. (2016).
Por sua vez, os gestos e atitudes, por não serem aleatórios, obedecem a determinadas
regras e arranjos. Nesse sentido, o rito ultrapassa as barreiras sociais e invade o terreno
religioso e das crenças, ao se aproximar do culto.
Um dos rituais vividos na maioria das Igrejas Católicas é a Missa em Ação de Graças,
tais como as músicas entoadas para louvar e dar graças ao Ser Supremo, os cantos de
entrada, de louvor, ofertório e comunhão. Esses cantos podem ou não ser acompanhados
de dança.
Nos dois rituais citados, o significado contido em Nza Ku Bonga: Agradeço a Deus e o
Supremo e seus símbolos, o corpo de Cristo (hóstia) e o sangue/vinho e a promessa de
repetir o ritual da comunhão em nome D’ Ele, em memória D’Ele. Repetindo tais ritos
contidos no ritual da missa, os fiéis podem ser aceitos no Reino dos Céus, como reza a
liturgia católica.
Por tanto, são marcadas por ritos, como batismo, aniversários, casamentos, morte e
funeral. São cantos que aparentemente significam o lamento da morte. Numa cerimónia
desse tipo em Mapinhane, destacaram-se as capulanas, indumentárias próprias da
cultura. Por seu uso e as diferentes formas como as pessoas se relacionam com ela, a
capulana demonstra e revela uma maneira de ser de um povo peculiar e rico em
tradições.
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Porque é um ser inferior, porque é menos homem. Filhos nascidos de um casamento
sem lobolo não têm pátria. Não podem herdar a terra do pai, muito menos da mãe.
Filhos ficam com o apelido materno.
Há homens que lobolaram os filhos e os netos já crescidos, só para lhes poder deixar
herança. Mulher não lobolada não tem pátria. É de tal maneira rejeitada que não pode
pisar o chão paterno nem mesmo depois de morta.
A imagem que um bantu tem de Deus, além das categorias comuns de Omnipotente,
Omnisciente, o Invisível e Transcendente, é de um Ser sumamente Bom, Único e o
manancial de toda a bondade. É a força vital, na qual somos todos chamados a
reconhecer a nossa participação.
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Neste sentido, sem influências políticas e económicas que alteram o agir social, sem o
egoísmo humano a impor-se sobre a ordem natural e cultural, o povo Bantu, do qual
pertence Moçambique, e por via da sua relação com Deus, da consciência da sua
filiação, é por sua natureza fraterno, hospitaleiro, onde a realização pessoal coincide
com a busca do bem comum.
Ou seja, para um bantu, a dimensão religiosa não se resume apenas à dimensão teórica
da relação com Deus, mas manifesta-se nas relações humanas e com a natureza. que
orienta o agir, bem como o compromisso e responsabilidade na promoção de uma
verdadeira convivência harmoniosa, onde todos e cada um, conforme a sua realidade
concreta e condição social, se possam sentir como membros da sociedade onde se
respeita a dignidade humana e onde se promove o bem comum, sendo o primeiro,
inquestionavelmente, o direito à vida e paz.
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Gonçalves (2014), refere que:
A missão profunda e eficaz da Igreja em Moçambique, olhando para o cenário acima
evidenciado, passava, necessariamente por uma atitude de proximidade e serviço ao
povo, nos seus problemas e anseios concretos, com particular atenção pelos pobres ou
por aqueles que não têm voz
Anunciar Cristo, numa sociedade jovem, como a moçambicana, é lutar pela promoção e
defesa dos direitos humanos inalienáveis. Isto não implica reduzir a acção da Igreja
apenas à dimensão social de promover o Homem, mas sim na tomada de consciência de
que o verdadeiro anúncio do Evangelho deve levar à comunhão com Deus, com o
próximo e com o bem-estar comum.
Para isso, é necessário que a Igreja, cumprindo o seu mandato missionário, saia de si
para ir ao encontro do homem concreto, para mergulhar e conhecer a sua realidade e
assim poder evangelizá-lo.
Num novo contexto político, económico, social e religioso, onde há cada vez uma maior
consciência e compreensão dos direitos fundamentais, apesar de, largamente, não serem
respeitados, a Igreja é chamada, não só a promover, como também a defender o direito à
vida, à liberdade, à paz e à alegria, elementos chaves e indispensáveis para o
desenvolvimento integral do ser humano.
A missão da Igreja não se limita e nem se deve restringir apenas às comunidades cristãs
ou à cristianização dos ainda não cristãos. Deve estender a sua presença e acção para os
campos da política, da cultura, da economia, da justiça, da família, onde quer que esteja
o ser humano.
Por isso, podemos afirmar, à luz da sua missão e na sua relação com a sociedade a que é
chamada a evangelizar, que “a Igreja não pode ser autenticamente Igreja, se ela não
anunciar a justiça, ao mesmo tempo que denuncia a injustiça. Por outro lado,
evangelizar a família é compreender que este é um dos principais espaços, senão o
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principal, onde se despertam, já desde cedo, os valores fundamentais de uma vida
social.
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De facto, a família, além de ser a Igreja doméstica, constitui a base e o fundamento da
comunidade e da sociedade, a fonte da vida e do amor, não só da vida física, mas
também da vida moral, espiritual, social e cultural. Ela é a Igreja fraterna que prepara o
indivíduo para a dimensão comunitária.
Portanto, tal como a comunidade eclesial, a família, e neste caso concreto a família
moçambicana por sua natureza religiosa, ainda que num culto próprio fundado na crença
de um Deus único, criador de todas as coisas e do qual tudo depende, nos antepassados
como mediadores e elos de ligação entre o homem e o ser divino, não pode viver senão
participando na força vital comunicada por Deus.
É Ele a fonte que comunica e mantém viva a família, a comunidade e que molda a sua
visão ética. Por isso, o agir moral do cristão, na sua relação com o mundo e com as
realidades sociais, perante os desafios que lhe são colocados, deve orientar para a
prática e busca do bem comum, numa atitude relacional (Bertelsen, 2016).
Deste modo, é importante salientar e voltar a sublinhar, como já o fizemos, que a
religião em Moçambique, na sua mais ampla e total presença, em toda a esfera social,
nos problemas, anseios, desafios concretos do povo, dores e alegrias, bem como nos
seus sonhos por uma sociedade mais justa, harmoniosa e fraterna, ao jeito de um núcleo
familiar, tem igualmente a grande missão de promover a liberdade de consciência no
pensar e no agir, uma liberdade baseada e orientada pela responsabilidade pessoal e
social de cada cidadão.
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7. Metodologia
Segundo Fonseca (2002), “metodologia é a descrição da forma como os instrumentos
serão usados para a elaboração de uma pesquisa científica”.
Para além do uso de métodos a elaboração do presente trabalho contou com o uso dos
instrumentos abaixo mencionados:
A revisão bibliográfica
A observação
Para além dos instrumentos acima mencionados a autora teve a primazia de usar
Computador para a compilação do trabalho, caderno de anotações, livros de modo a
anotar, e adquirir conhecimentos na área de desigualdade social.
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8. Conclusão
Conclui-se no presente trabalho que, a tentativa de abordar a família como uma forma
de ser Igreja em Moçambique, resulta da necessidade que todos os moçambicanos, e
não só, têm de compreender a importância da Igreja familiar na transmissão de valores
humanos que nos permitem reconhecer no outro a verdadeira imagem de Deus que
também somos.
Portanto, a prática dos rituais ocorre desde os primórdios, sua importância reside no seu
desenvolvimento e imposição silenciosa aos participantes, em sociedades simples ou
complexas. Não se pode negar a eficácia do ritual para demonstrar sentimentos
colectivos, como símbolos míticos, ou determinadores de alguma essência religiosa.
Sabe-se, entretanto, que as crenças, rituais e cultos são efectivados e sentidos de
diferentes formas e contribuem essencialmente para a formação e educação das pessoas.
Dessa maneira, para conviverem em sociedade, serão, de certa forma, influenciadas
pelos rituais no contexto onde vivem.
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9. Referências Bibliográficas
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Editora.
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