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Universidade Católica de Moçambique

Centro de ensino a distância

Tema: Filosofia Política Moçambicana: Seus Desafios Na Democracia

Ngamo Bacar Código: 708223478

Curso: Administração Pública,


Disciplina: Introdução a Filosofia
Ano de frequência: 2º ano

Nampula, Maio, 2023


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Capa 0,5
Índice 0,5
Aspectos Introdução 0,5
Estrutura organizacionais Discussão 0,5
Conclusão 0,5
Bibliografia 0,5
Contextualização 1,0
(Indicação clara do
problema)
Introdução Descrição dos 2,0
objectivos
Metodologia adequada 2,0
ao objecto do trabalho
Articulação e domínio
do discurso académico
(expressão escrita 2,0
Conteúdo cuidada, coerência /
coesão textual)
Análise e discussão
Revisão bibliográfica
nacional e
internacionais 2,0
relevantes na área de
estudo
Exploração dos dados 2,0
Conclusão Contributos teóricos 2,0
práticos
Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspectos Formatação paragrafa, espaçamento 1,0
gerais entre linhas
Normas APA Rigor coerência das
Referências 6ª edição em citações/referências
Bibliográfica citações e bibliográficas 4,0
s bibliografia
Recomendações de melhoria:

Índice
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1.Introdução.......................................................................................................................4
1.1.Metodologia.................................................................................................................4
2.Filosofia Política Moçambicana.....................................................................................5
2.1.Os Desafios da Democracia Moçambicana.................................................................6
3.Filosofia Africana na Construção de um Projecto Democrático em África...................8
4.Conclusão.....................................................................................................................10
5.Bibliográfica.................................................................................................................11

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1.Introdução
O conhecimento dos factores que possibilitaram o surgimento e o desenvolvimento da
Filosofia no mundo helénico, permite formar a base conceitual que permitirá realizar uma
reflexão mais crítica, rigorosa e bem fundamentada da nossa própria visão de mundo e de
certos modelos interpretativos que nossa cultura nos oferece ou mesmo tenta nos impor.

Portanto, a filosofia africana é concebida como um corpo de pensamentos e crenças


produzidos por essa maneira única de pensar. A filosofia africana é vista não como um
fenómeno peculiarmente africano (pois a maioria dos problemas filosóficos transcendem os
limites culturais e raciais), mas apenas como um corpus de pensamentos decorrentes da
discussão e apropriação de ideias filosóficas autênticas por africanos ou dentro do contexto
africano. A filosofia africana, neste sentido, é considerada em termos de contribuição africana
passada, presente ou potencial para a filosofia no sentido estrito do termo.

1.1.Metodologia
O presente trabalho partiu-se de um pressuposto teórico inicial, a qual foi realizada uma
pesquisa bibliográfica apoiando-se em artigos científicos e livros.

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2.Filosofia Política Moçambicana
Por filosofia política Moçambicana entende-se o conjunto de pensamento a emancipação e o
conhecimento do homem negro, quer dentro do seu continente, quer fora dele. A filosofia
política africana contém o pensamento de vários autores e tem com objectivo a libertação
física e psíquica do julgo colonial do continente africano.

Esta corrente é constituída de um grupo de escritores e intelectuais africanos que, em serem


propriamente filósofos políticos no sentido moderno do termo com que se apelidam
pensadores como Maquiavel ou Hobbes, Locke, Rousseau ou Montesquieu, entre outros,
dedicaram-se a reflectir sobre o regime de governo que fosse apropriado aos povos africanos,
que respeitasse e salvaguardasse os seus valores culturais, entre outros assuntos.

Ngoenha, S. (1993),refere que:


Filosofia Política Moçambicana é tida como um instrumento que instruirá o processo de
construção de um futuro melhor no continente africano, como em Moçambique, pois a ela
cabe criar os mecanismos de fomento da soberania, na luta contra a intervenção da
comunidade internacional e estimular a criatividade dos moçambicanos, libertando suas
habilidades, a fim destes trabalharem em prol de assumirem as responsabilidades que a
liberdade comporta, construindo, assim, outras formas de interpretar e agir sobre sua
própria história (p.56).

Ngoenha, (1993),sustenta queʺ Moçambique necessita de instrumentos que oriente sua


política a promover concomitantemente a justiça social e a liberdade de expressão como
também os permitam conseguir assumir a responsabilidade que a liberdade/soberania requer
para desempenhar as prerrogativas de um Estado soberano e democrático" (p.32).

Enquanto um intelectual que busca exercer sua função social, ao analisar filosoficamente a
realidade política de Moçambique, os erros e acertos que ocorreram durante as duas
repúblicas, apresenta-nos sua contribuição para o desenvolvimento económico e social de seu
país e, consequentemente, para a construção de um novo projecto de democracia.

Acredita, ser necessário o estabelecimento de um projecto de sociedade que estabeleça um


triplo contrato moçambicano, que deve ser composto por um contrato cultural, um contrato
social e um contrato político, para que uma democracia moçambicana possa emergir sem
condicionamentos políticos, ideológicos e económicos advindos do exterior. 6

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A filosofia política Moçambicana tem a função de explicar as regras da democracia e a
definição da organização do político, quando o regime é ameaçado do interior ou do exterior,
e de salvá-la contra quem a coloca em perigo”8. Cabe a ela, opor-se às ameaças internas que
queiram reduzir a política ao campo dos interesses individuais e/ou partidários.

2.1.Os Desafios da Democracia Moçambicana


Castiano,J (2010) refere queʺ a democracia é um sistema de governo onde o poder de tomar
importantes decisões políticas está com o povo. Penso que todos moçambicanos, mesmo os
que comummente são mais cépticos, estariam de acordo em concordar que a democracia
moçambicana é uma realidade muito além da desejada. Porém, apesar de não ser uma
democracia desejável, para os mais introspectivos não seria incompreensível" (p.24).

A democracia na filosofia é uma questão filosófica imprescindível! Através do voto, cada


indivíduo escolhe o modo de sociedade que anseia. Logo, há um problema de carácter
existencial no processo eleitoral, pois os indivíduos não escolhem simplesmente um modelo
político, mas “o tipo de futuro que queremos que seja o nosso e por consequência, dos nossos
filhos, sem condicionamentos ideológicos.

O problema da democracia não é redutível a uma simples questão de eleições de partidos ou


de presidentes, mas implica antes de mais, e sobretudo, o lugar que o povo tem que ocupar
nas decisões dos problemas fundamentais que lhe dizem respeito, e nos mecanismos jurídicos,
para que tenha um controlo real sobre a realidade política, económica, social e educativa.

A democracia moçambicana tem muitos desafios, a começar pela superação do mito do


partido único que foi muito cultivado em nome da unidade nacional durante a luta pela
independência e, depois a pós-independência. Mas esse desafio é uma questão difícil de
debater sem ter que correr risco de alinhar em discursos especulatórios.

Porém, Moçambique viveu muito tempo sobre égide de partido único e, num regime de
partido único, o Estado é partidário e inseparável do partido que tem monopólio da actividade
política legítima, isto para Moçambique criou um embaraço para democracia, tanto é que,
mesmo depois de ser instituída (a democracia) continuou-se violando sistematicamente os
direitos e garantias da sociedade civil, consagrados nos princípios da Constituição de 1990, e,
por conseguinte, continuou se confundindo o papel do Estado com o do partido, facto que
continua timidamente até aos dias actuais.

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Quanto ao Pluralismo político moçambicano, é de salientar a incapacidade de convivência
harmónica e pacífica entre os partidos, há sempre uma tendência de se hostilizar entre si. E
talvez valha a pena dar razão a Osório quando defende que “as práticas e o discurso traduzem,
por um lado, a incapacidade das atuais organizações em adaptar/adoptar novas experiências e
novos conflitos (são protagonizados) e, por outro lado, mostram a existência de tensões.

O pluralismo para Moçambique acaba sendo um dispositivo para instigar guerras, conflitos e
intrigas, contrariando o princípio democrítico dito pelo Bobbio, segundo o qual “o adversário
político não é mais um inimigo (que deve ser destruído), mas um opositor que amanhã poderá
ocupar o nosso lugar”. Portanto, a concepção positiva do pluralismo político ainda é um
grande desafio. Pois para Moçambique o pluralismo, diz Osório “não trata-se apenas de
eliminar oposições ou de conquistar mais poder, mas da sobrevivência do modelo de
organização partidária”.

Apesar da concepção do pluralismo ser tomado no sentido negativo, sobretudo no que tange
as duas maiores potências políticas partidárias de Moçambique, a Frelimo e a Renamo, que se
tomam como forças políticas inimigas, Ngoenha olha com suspeita a hipótese de um governo
de união em que ambos tomariam poder como governo, que muitos propõem como forma de
ultrapassar a crise dos conflitos armados, pois, argumenta ele, que, “todavia, existe o perigo
que isso seja uma forma de compromisso em que os principais partidos partilhem entre si.

Não só, não haveria uma oposição credível, o que seria mau para a democracia, mas o maior
perigo seria transformar a democracia em uma oligarquia”, isto é, um poder concentrado em
um grupo estrito de indivíduos.

Ngoenha, (1993) refere queʺ os africanos devem “tomar a sério a especificidade cultural que
nós somos e representamos e inventar um modelo institucional que se inspire nos substratos
culturais das populações”, pois na sua ótica, o que há em Moçambique é um jogo de
interesses políticos que prejudica a constituição de uma democracia que proclame a justiça
social e que seja realmente benéfica para os povosʺ (p.45). 8

Por fim, é evidente que Moçambique não possui uma real democracia, visto que os povos não
possuem nem instrumentos que efectivem sua participação na sociedade, sendo a participação
na vida pública a maior característica desta modalidade de governo, segundo os seus
fundamentos. Como também, o modelo institucional dólar-crático é discrepante com a

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realidade social e cultural destes povos, indo de encontro ao que Ngoenha compreende por
democracia.
3.Filosofia Africana na Construção de um Projecto Democrático em África
Afirmamos que não há nenhuma base ontológica para negar a existência de uma filosofia
africana. Também argumentamos que, frequentemente, a luta pela definição de filosofia é, em
última análise, o esforço para adquirir poder epistemológico e político sobre os outros. Esta
luta por poder está presente até no nome “África” ou “Africano”. Isto surge pelo fato do nome
não ser o resultado de um auto definição autóctone e identificação do povo indígena habitante
do continente desde tempos imemoriáveis (Mazrui, 1986.p.25).

Existem muitos povos de origem africana que são formalmente educados em filosofia
mundial, incluindo filosofia ocidental. Neste sentido existem filósofos africanos profissionais.
No entanto, esta condição não confere necessariamente o título de “Filósofo Africano” para
um profissional africano de Filosofia. Para obter este título é imperativo ter como condição
que “Um estudante de filosofia não-ocidental não tem desculpa, exceto um paidêutico, de
estudar filosofia ocidental no mesmo espírito.

A filosofia é essencialmente uma actividade reflexiva. Filosofar é reflectir sobre a experiencia


humana para responder algumas questões fundamentais a seu respeito. Quando o ser humano
reflecte buscando a si mesmo ou o mundo que a cerca, ele está tomada pelo "espanto" e essas
questões fundamentais surgem na sua mente.

A filosofia africana é usada de diferentes formas por diferentes filósofos. Embora os filósofos
africanos gastam seu tempo fazendo o trabalho nas mais diversas áreas, tais como a
metafísica, epistemologia, filosofia moral, filosofia política, uma grande parte da literatura é
retomada com um debate sobre a natureza da filosofia Africano si mesmo e se ele de facto
existe. Na primeira visão, a filosofia africana seria aquela que envolve temas africanos ou que
utiliza métodos que são distintamente africanos. Na segunda visão, a filosofia africana seria
qualquer filosofia praticada por africanos ou pessoas de origem africana.

Por conseguinte, podemos compreender que a Filosofia Africana é entendida, como um


projecto do futuro, pois o filósofo nos certifica de que “Na existência tudo se faz em função
do futuro” portanto, cabe à filosofia mostrar as luzes que iluminem o caminho dos povos
africanos para a maximização dos campos das suas liberdades políticas, sociais e económicas

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contribuindo para a edificação de uma sociedade futura libertária, democrática e soberana
ʺ(Ngoenha,1993.p.67).

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4.Conclusão
Em jeito de desfecho do presente trabalho, chegou-se a conclusão que a filosofia Política
Moçambicana tem o desafio de se debruçar sobre sua temporalidade e contexto histórico e
buscar relevar, construir e fundamentar um projecto de futuro que estabeleça os princípios de
um governo que realmente respeite a heterogeneidade dos povos africanos. Mas, verifica-se
na análise que, o maior desafio das filosofias africanas, em especial em sua dimensão política,
para que os países africanos conquistem a liberdade/soberania, não está em somente conseguir
fundamentar ou inventar um modelo institucional próprio.

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5.Bibliográfica
Castiano, J. (2010). Referenciais da filosofia africana: em busca da intersubjetivação.
Maputo: Ndijra, Edições Paulistas – África.
Mazrui, a. (1986) The Africans, London: BBC Publications, p.25.
Ngoenha, S. E. (1993). Das independências às liberdades: Filosofia africana. Maputo

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