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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Corrupção como Problema Ético

Nome do estudante: Dina Luciano Manonga

Código do Estudante: 708205400

Curso: Licenciatura em ensino de Geografia

Cadeira: Ética Profissional

Ano de frequência: 4º, Semestre 2º

Tutor:Pe. Sereneu Rodrigues Alexandre

Quelimane, Maio de 2023


Classificação
Categorias Indicadores Padrões
Nota
Pontuação Subto
do
máxima tal
tutor
 Índice 0.5
 Introdução 0.5
Aspectos
Estrutura
organizacionais  Discussão 0.5
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização
(Indicação clara do 2.0
problema)
Introdução  Descrição dos
1.0
objectivos
 Metodologia adequada
2.0
ao objecto do trabalho
 Articulação e domínio
do discurso académico
Conteúdo 3.0
(expressão escrita
cuidada, coerência /
Análise e coesão textual)
discussão  Revisão bibliográfica
nacional e
2.0
internacional relevante
na área de estudo
 Exploração dos dados 2.5
 Contributos teóricos
Conclusão 2.0
práticos
 Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspectos
Formatação parágrafo, 1.0
gerais
espaçamento entre
linhas

Referência
Normas APA 6ª  Rigor e coerência das
s
edição em citações citações/referências 2.0
Bibliográfi
e bibliografia bibliográficas
cas
Índice
1.Introdução.......................................................................................................................2
1.1. OBJECTIVOS:...........................................................................................................2
Geral:.................................................................................................................................2
1.1.3.Metodologia..............................................................................................................2
1.2.Uma delimitação do conceito da ética.........................................................................3
1.2.1.Perspectivas na explicação das causas, consequências e funções da corrupção......3
1.2.2. Causas da corrupção................................................................................................3
1.2.3.Corrupção E Ética.....................................................................................................4
1.2.4.Resultados ou estratégias de combate a corrupção...................................................4
1.3.Corrupção caso de Moçambique.................................................................................5
Breve Historial...................................................................................................................5
2. Conclusão......................................................................................................................8
3.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................9

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1.Introdução
É preciso perceber que um acto é corrupto se um membro de uma certa organização ou
instituição utiliza-se da sua posição, seus direitos de tomar decisões e seu acesso a
informações ou algum outro recurso restrito para obter uma vantagem para si ou para terceira
pessoa recebendo em troca uma vantagem económica ou pessoal. Quando o acto corrupto
envolve cargos de alto nível, maior será o seu impacto e por, consequência, maiores os
incentivos para a ocorrência de “transbordamento” espalhando a corrupção para níveis
inferiores, ou possibilitando o surgimento de outras lideranças como frequentemente se
observa no jogo político.
A corrupção é, sem sombra de dúvidas, um problema que desafia estudiosos e leigos. Não
parece razoável que pessoas abastadas financeiramente e, muitas vezes, com elevado grau de
instrução se envolvam nesse tipo de actividade ilícita. A explicação tradicional para os actos
de corrupção busca identificar alguma sorte de defeito no carácter das pessoas envolvidas e
considera as alterações legislativas a solução protagonista para debelar tais práticas.

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1.1. Objectivos:

Geral:
 Compreender a corrupção como problema ético
Específicos:
 Compreender e explicar os valores éticos na tomada de decisão;
 Descrer as causas da corrupção em Moçambique;
 Explicar a importância dos princípios éticos para evitar a corrupção;
 Discutir sobre a corrupção e ética em Moçambique

1.1.3.Metodologia

O trabalho foi elaborado por meio da pesquisa bibliográfica e a Internet, contudo o trabalho
apresenta conteúdo descritivo e explicativo. Segundo Gil (2006:65), pesquisa bibliográfica é
aquela que é desenvolvida a partir do material já elaborado, constituído principalmente de
livros e artigos científicos. Esta é relevante para a realização dos trabalhos porque facilita a
recolha de dados, utilizando os métodos científicos.

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1.2.Uma delimitação do conceito da ética

Falar de ética é abandonar a pretensão da neutralidade, pois o conceito exige uma tomada de
posição por parte do estudioso, que não apenas revela sua visão de como o mundo deveria ser,
mas também os valores que ele esposa e defende. Sendo um tema notoriamente difícil de se
abordar, a ética deve ser compreendida à luz da filosofia, e discutida dentro da realidade do
campo de conhecimento com o qual se trabalha. Esta seção examina inicialmente o conceito
de ética para, em seguida, partir para uma definição que norteará as discussões subsequentes.

1.2.1.Perspectivas na explicação das causas, consequências e funções da corrupção


Bentham, (2009).apresenta três perspectivas para explicar a corrupção:
 As explanações personalísticas. Pelas quais a corrupção é vista como "más acções de
gente ruim". Como vinda do povo da fragilidade da natureza humana.
Seu foco está na investigação psicológica ou na ganância e racionalização humanas como
causas.
 As explanações institucionais. Para as quais a corrupção decorre de problemas de
administração que podem ser de. pelo menos dois tipos, o decorrente de estímulo
exercido por líderes corruptos. que levam a corrupção a se reproduzir intra e
interinstitucionalmente. e o advindo dos "gargalos" criados por leis e regulamentos
que trazem rigidez à burocracia: e
 As explanações sistêmicas. para as quais a corrupção emerge da interacção do governo
com o público. constituindo parte integrante do sistema político. Como uma entre as
várias formas de influência.

1.2.2. Causas da corrupção


Hope, (2007). As razões que levam a corrupção a proliferar em países em desenvolvimento,
para esse autor, são:
 Ausência de uma ética do trabalho no serviço público, falta de comprometimento e
responsabilidade, ocorrendo desrespeito a regras e regulamentos;
 Pobreza e desigualdade, forçando indivíduos a tolerarem ou até a se envolverem com
acções corruptas;
 Liderança e disciplina ineficientes por parte dos políticos, pela fraca noção do que seja
o interesse nacional;

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 Expansão do papel do Estado e da burocracia, com crescimento do poder
discricionário do funcionário, o que possibilita abusos;
 Atitudes culturais e padrões de comportamento que privilegiam as orientações
tradicionais ao invés das modernas;
 A existência de uma opinião pública fraca e apática, que não funciona como uma
contra força.
As consequências são disfuncionais, indo da elevação desnecessária dos custos dos programas
governamentais à exportação do comportamento corrupto para outras instituições,
pressionando e influenciando outros funcionários. A corrupção administrativa prejudica o
profissionalismo do serviço público e frustra os funcionários honestos, afectando seu
desempenho e reduzindo sua produtividade.
1.2.3.Corrupção E Ética

A corrupção está a ganhar terreno em todos os sectores de actividade na Função pública, em


Moçambique, revela a Comissão Central de Ética Pública.

Segundo Sinai Nhatitima, membro da Comissão Central de Ética Pública, denuncia também o
incumprimento da lei de probidade pública, em vigor desde 2014.

"Com toda a legislação que existe, com as instituições que já estão criadas, para estancar este
mal, mas a verdade é que estamos ainda aquém, daquilo que nós desejaríamos que a nossa
realidade fosse".

E mais, no dizer deste membro da Comissão central de Ética Pública, que fazia estas
denúncias e constatações durante uma conferência sobre ética e governação, ele disse que "o
que é preciso mudar, quando se fala de combate à corrupção, quem tem que combater a
corrupção é o servidor público."

1.2.4.Resultados ou estratégias de combate a corrupção

Quatro componentes de uma estratégia anti- corrupção são:

 A aplicação da lei;
 A prevenção;
 A criação de instituições e;
 As campanhas de consciencialização Existência de Códigos de Conduta ou de Ética.
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Razões porque falham os programas anti- corrupção:

 Falta de vontade política;


 Falta de recursos que sustentem a reforma;
 Ambições e promessas irrealistas;
 Reformas não coordenadas;
 Reformas que tem muito enfoque na repressão
 Estratégias em que o alvo é apenas a pequena corrupção e não a grande corrupção;
 Reformas que não contemplam ganhos imediatos (quick wins);
 Reformas que não são institucionalizadas.

1.3.Corrupção caso de Moçambique.

Breve Historial

Depois da independência a obrigação dos colonialistas em abandonar o pais deixando suas


riquezas obrigou ao uso de contentores para salvar os seus pertences. Neste período inicia-se o
processo de corrupção dos funcionários moçambicanos (para deixar passar os tais
contentores) e que foi somente adopção do comportamento de funcionários do aparelho
colonial. Muitas casas construídas nas nossas cidades foram-no com dinheiro obtido pela
corrupção (Mendes, 1994).

Com a criação das lojas do povo houve:

 Organismos que se abasteceram sem pagar: Desenvolvimento da corrupção,


nepotismo, formação de indivíduos competentes para manobras fraudulentas;
 Formação de quadros economistas honestos (Mendes, 1994).

No Livro da Ética Nicomáquea, Aristóteles apresenta um esquema ético-social da relação


entre a virtude pessoal e o bem-estar colectivo ou o bem público.

Que os homens bons são virtuosos, e que ser virtuoso quer dizer "estar em harmonia consigo
mesmo", "querer sempre as mesmas coisas", não ter uma vontade volúvel ou caprichosa, e
desejar ao mesmo tempo o que convém - e se deve- a si mesmo e o que convém - e se deve -
aos demais.
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Que os homens maus, ao contrário, são viciosos que nem estão em harmonia consigo mesmos
pelo traço mudadiço de sua vontade, nem podem tê-la com os demais ao antepor
sistematicamente seus próprios interesses particulares do momento ao que se deve aos demais
(e a si mesmo no futuro). Todos são corruptíveis – não corruptos ou depravados inatos –,
crendo que a mais realista maneira de desenhar instituições duradouras e à prova de corruptos
e vilões (Hume).

Durante o regime autoritário em Moçambique, iniciado em 1975, a pequena corrupção era


comum. Mas não era tolerada (liderança política punia severamente aqueles que abusavam
das suas posições no Estado) com execução de “xiconhocas”. Isso promovia altos standards
morais. Estados autoritários tendem a limitar a actividade criminal através da regulação
excessiva (Moran, 2000).

Corrupção em Moçambique actualmente

A praga da corrupção só será definitivamente erradicada quando o último corrupto houver


morto estrangulado com as tripas do último sacerdote pedófilo (Fernandez, s/d).

Nos últimos anos, e sobretudo desde a viragem para a democracia, Moçambique tem
aumentado a sua reputação por causa da corrupção que percorre todos os sectores da
sociedade e pelo facto de que, apesar de ser uma realidade dramática, os doadores não terem
ainda endurecido a sua linguagem visando uma maior pressão sobre governantes.

A percepção geral sobre os altos índices de corrupção em Moçambique foi já reportada em


diversas abordagens. No anterior regime autoritário, a corrupção não era tolerada e a liderança
política era vigorosa na punição dos que abusavam do bem público, possibilitando também
altos níveis morais de condenação, mesmo apesar dos fracos salários na função pública e uma
carência generalizada de bens de consumo de primeira necessidade. Mas a democratização e
liberalização não foram acompanhadas de um redesenho institucional efectivo de modo a se
acautelar o desenvolvimento da corrupção. Quando falamos em redesenho institucional,
referimo-nos à introdução e aplicação prática de instituições que poderiam contribuir para a
implantação da transparência num quadro político diferente, como sejam as instituições de
accountability.

A ausência de uma cultura de prestação de contas por parte do Governo está, no entanto, a
mudar paulatinamente a percepção dos doadores sobre Moçambique, apesar de que a
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apreciação relativa ao desempenho macroeconómico e dos programas de alívio à pobreza se
mantém mais ou menos a mesma.

A corrupção baseia –se em lógicas específicas calcadas em incentivos negativos (ameaças,


penalidades) ou positivos (materiais como o suborno ou imateriais baseados em laços
pessoais). A corrupção em Moçambique não ocorre somente no sector público, ela faz-se
sentir também no sector privado na medida que os agentes privados fazem o uso dos recursos
públicos e se beneficiam das suas relações privilegiadas (é só ver que são empresários de
sucesso em Moçambique) com os membros dos três poderes (legislativo, judicial e executivo)
para alcançar seus objectivos e escapar da punição. A democracia não se compadece com este
tipo de relações assimétricas. Existem em Moçambique condições propícias para ocorrência
da corrupção nomeadamente: elevada burocracia, o sistema judiciário lento, pouco eficiente e
acorrentado ao poder executivo, o elevado poder discricionário na formulação de
implementações políticas e os baixos salários no sector público. Mas na verdade o que me
preocupa não é a abordagem epistemológica da corrupção, mas sim a forma como o discurso
de corrupção é enaltecido pelos dirigentes políticos.

O presidente da República, desde que subiu ao poder sempre falou do combate a corrupção,
aliás, se estamos recordados no primeiro mandato o discurso era: combate a corrupção,
burocratismo, espírito de deixa andar e pobreza absoluta.

É um dado relevante que a corrupção não baixou pelo contrário aumentou segundo dados da
Transparência Internacional. Neste momento a corrupção do alto nível é que está em voga,
onde os dirigentes públicos criam empresas privadas que vencem licitações, ou seja, um
ministro cria uma empresa de prestação de serviços no ministério onde dirige. Que vergonha!
Existe ainda o aproveitamento económico dos recursos naturais recentemente descobertos em
Moçambique através de parcerias entre os megaprojectos e as empresas dos dirigentes
políticos ou então a recepção das comissões para facilitar a entrada de empresas estrangeiras
que exploram os recursos naturais, razão pela qual os contratos com os megaprojectos não são
tornados públicos. E depois rotualm-se de empresários de sucesso vivendo a custa do
sofrimento do Povo.

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2. Conclusão

Como qualquer área do conhecimento, a corrupção envolve questões éticas, que dizem
respeito não somente às suas acções e resultados, mas também aos princípios que a governam.
Essas questões são tangenciadas pelos modelos que foram produzidos ao longo do tempo para
lidar com o desafio de administrar as acções governamentais na busca do governo, mas pode-
se afirmar que o tratamento dado a elas por esses modelos é insatisfatório e exige maior
aprofundamento.

As diferentes teorias éticas construídas ao longo de mais de vinte séculos de reflexão moral
podem ajudar a superar este problema. Estudos mais aprofundados sobre a corrupção suas
causas e consequências de sua adopção, orientados por uma perspectiva ética, devem ser
empreendidos para que se possa efectivamente chegar a uma conclusão a respeito de como se
pode equacionar o problema de bem administrar as actividades públicas, isto é, de agir de
acordo com as necessidades e interesses de uma população que clama por serviços públicos. É
inegável que a Administração Pública lida com problemas de fundo moral; como esses
problemas são trabalhados é, por outro lado, uma questão ainda em aberto.

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3.Referências Bibliográficas

BENTHAM, Jeremy. (2009).Uma introdução aos princípios da moral e da legislação. São


Paulo: Nova Cultural.

BERTEN, André. Deontologia. In: CANTO-SPERBER, Monique (2003). Dicionário de ética


e filosofia moral. São Leopoldo.

MENDES, Adela. (1994). Ética. São Paulo: Loyola, 2ª ed, SINGER, Porto.

MORAN, Douglas F. Etica Social. Itraduzido por COOPER, Terry L. (2000). Handbook of
administrative ethics.

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