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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Tema: tema: relação entre ética e deontologia profissional

Eusébio Fernando
Código: 708191661

Curso: Licenciatura em ensino de Educação Física e Desporto


Disciplina: Ética profissional
Ano de frequência: 4º Ano

Docente:
dr.

Nampula
Julho de 2022

Folha de feedback dos tutores

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Classificação
Categorias Indicadores Padrões Pontuação Nota Sobtotal
máxima do
tutor
 Capa 0,5
 Índice 0,5
Estrutura Aspectos 0,5
 Introdução
organizacionai
 Discussão 0,5
s
 Conclusão 0,5
 Bibliografia 0,5
Conteúdo Introdução  Contextualização 1,0
(indicação clara do
tema)
 Descrição dos 1,0
objectivos
 Metodologia adequada 2,0
ao objecto do trabalho
 Articulação e
domínio do discurso
académico 2,0
Alise e (Expressão escrita
Discussão cuidado,
coerência/coesão
textual)
 Revisão
bibliográfica
nacional e 2,0
internacional
relevante na área de
estudo
 Exploração de dados 2,0
Conclusão  Contributo teórico e 2,0
prático
Aspectos Formação  Paginação, tipo e
gerais tamanho de letra,
paragrafa, 1,0
espaçamento entre
linhas
Referencias Normas APA  Rigor e coerência da
Bibliográfi 6ª edição em citações/ referências
ca citações e Bibliográfica 4,0
bibliografia

Índice

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Introdução........................................................................................................................................4

Virtudes profissionais......................................................................................................................5

Deveres Profissionais.......................................................................................................................6

Sigilo profissional............................................................................................................................6

Sigilo................................................................................................................................................6

Competência....................................................................................................................................7

Prudência.........................................................................................................................................7

Fundamento Teóricos para uma Deontologia Profissional..............................................................7

Relação existente entre a ética e deontologia profissional..............................................................8

Actos morais....................................................................................................................................9

Juízos morais...................................................................................................................................9

Normas morais...............................................................................................................................10

Traços essenciais da moral............................................................................................................10

Principio moral..............................................................................................................................10

Conceito de ética como base..........................................................................................................11

Problemas básicos da ética............................................................................................................11

O problema deontológico..............................................................................................................12

A excessão da deontologia da educação........................................................................................13

Profissões na Educação..................................................................................................................13

Carência deontológica das profissões da educação.......................................................................14

Conclusão......................................................................................................................................17

Bibliográfia....................................................................................................................................18

Introdução

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O Presente trabalho enquadra – se na cadeira de Ética Profissional, que tem como tema: relação
entre ética e deontologia profissional, com os seguintes objectivos:

 Identificar os deveres de um profissional dentro de sua profissão;


 Compreender os fundamentos teóricos de Ética Profissional;
 Definir o conceito de Ética e seu objecto de estudo;
 Identificar os problemas básicos da Ética; e
 Compreender a carência deontológica das profissões da educação.

A ética é indispensável ao profissional, porque na acção humana "o fazer" e "o agir" estão
interligados. O fazer diz respeito à competência, à eficiência que todo profissional deve possuir
para exercer bem a sua profissão. O agir se refere à conduta do profissional, ao conjunto de
atitudes que deve assumir no desempenho de sua profissão.

A metodologia usada para a elaboração deste trabalho foi a consulta de obras literárias cujos
nomes dos respectivos autores encontram-se citados ao longo do incremento do trabalho e na
bibliografia.

O trabalho consertou-se de forma dedutiva como fonte da recolha de dados para melhor
formulação dos procedimentos no contexto laboral e aquisição do conhecimento do âmbito
laboral de acordo com os objectivos preconizados.

O trabalho tem a seguinte estrutura: capa, folha de Feedback, folha de recomendações e


sugestões, índice, introdução, desenvolvimento, conclusão e referências bibliográficas.

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Virtudes profissionais

Em artigo publicado na revista EXAME o consultor dinamarquês Clauss MOLLER (1996,


p.103-104) faz uma associação entre as virtudes lealdade, responsabilidade e iniciativa como
fundamentais para a formação de recursos humanos. Segundo Clauss Moller o futuro de uma
carreira depende dessas virtudes. Vejamos:

O senso de responsabilidade é o elemento


fundamental da empregabilidade. Sem
responsabilidade a pessoa não pode demonstrar
lealdade, nem espírito de iniciativa [...]. Uma pessoa
que se sinta responsável pelos resultados da equipe
terá maior probabilidade de agir de maneira mais
favorável aos interesses da equipe e de seus clientes,
dentro e fora da organização [...]. A consciência de
que organização [...]. A consciência de que se possui
uma influência real constitui uma experiência pessoal
muito importante.

Prossegue citando a virtude da lealdade:

A lealdade é o segundo dos três principais elementos que compõe a empregabilidade. Um


funcionário leal se alegra quando a organização ou seu departamento é bem sucedido, defende a
organização, tomando medidas concretas quando ela é ameaçada, tem orgulho de fazer parte da
organização, fala positivamente sobre ela e a defende contra críticas.

Lealdade não quer dizer necessáriamente fazer o que a pessoa ou organização à qual você quer
ser fiel quer que você faça. Lealdade não é sinônimo de obediência cega. Lealdade significa
fazer críticas construtivas, mas as manter dentro do âmbito da organização. Significa agir com a
convicção de que seu comportamento vai promover os legítimos interesses da organização.
Assim, ser leal às vezes pode significar a recusa em fazer algo que você acha que poderá
prejudicar a organização, a equipe de funcionários.

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As virtudes da responsabilidade e da lealdade são completadas por uma terceira, a iniciativa,
capaz de colocá-las em movimento.

Tomar a iniciativa de fazer algo no interesse da organização significa ao mesmo tempo,


demonstrar lealdade pela organização. Em um contexto de empregabilidade, tomar iniciativas
não quer dizer apenas iniciar um projecto no interesse da organização ou da equipe, mas também
assumir responsabilidade sua complementação e implementação.

Deveres Profissionais

Não obstante os deveres de um profissional, os quais são obrigatórios, devem ser levadas em
conta as qualidades pessoais que também concorrem para o enriquecimento de sua actuação
profissional, algumas delas facilitando o exercício da profissão. Muitas destas qualidades
poderão ser adquiridas com esforço e boa vontade, aumentando neste caso o mérito do
profissional que, no decorrer de sua actividade profissional, consegue incorporá-las à sua
personalidade, procurando vivenciá-las ao lado dos deveres profissionais.

Sigilo profissional

São inúmeros os exemplos de falta de honestidade no exercício de uma profissão. Um


psicanalista, abusando de sua profissão ao induzir um paciente a cometer adultério, está sendo
desonesto. Um contabilista que, para conseguir aumentos de honorários, retém os livros de um
comerciante, está sendo desonesto. A honestidade é a primeira virtude no campo profissional. É
um princípio que não admite relatividade, tolerância ou interpretações circunstanciais.

Sigilo

O respeito aos segredos das pessoas, dos negócios, das empresas, deve ser desenvolvido na
formação de futuros profissionais, pois trata-se de algo muito importante. Uma informação
sigilosa é algo que nos é confiado e cuja preservação de silêncio é obrigatória.

Revelar detalhes ou mesmo frívolas ocorrências dos locais de trabalho, em geral, nada interessa a
terceiros e ainda existe o agravante de que planos e projetos de uma empresa ainda não
colocados em prática possam ser copiados e colocados no mercado pela concorrência antes que a
empresa que os concebeu tenha tido oportunidade de lançá-los.

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Documentos, registros contábeis, planos de marketing, pesquisas científicas, hábitos pessoais,
dentre outros, devem ser mantidos em sigilo e sua revelação pode representar sérios problemas
para a empresa ou para os clientes do profissional.

Competência

Competência, sob o ponto de vista funcional, é o exercício do conhecimento de forma adequada


e persistente a um trabalho ou profissão. Devemos buscá-la sempre. "A função de um citarista é
tocar cítara, e a de um bom citarista é tocá-la bem." (ARISTÓTELES, p.24). É de extrema
importância a busca da competência profissional em qualquer área de actuação. Recursos
humanos devem ser incentivados a buscar sua competência e maestria através do aprimoramento
contínuo de suas habilidades e conhecimentos.

O conhecimento da ciência, da tecnologia, das técnicas e práticas profissionais é pré-requisito


para a prestação de serviços de boa qualidade. Nem sempre é possível acumular todo
conhecimento exigido por determinada tarefa, mas é necessário que se tenha a postura ética de
recusar serviços quando não se tem a devida capacitação para executá-lo. Pacientes que morrem
ou ficam aleijados por incompetência médica, causas que são perdidas pela incompetência de
advogados, prédios que desabam por erros de cálculo em engenharia, são apenas alguns
exemplos de quanto se deve investir na busca da competência.

Prudência

Todo trabalho, para ser executado, exige muita segurança. A prudência, fazendo com que o
profissional analise situações complexas e difíceis com mais facilidade e de forma mais
profunda e minuciosa, contribui para a maior segurança, principalmente das decisões a serem
tomadas. a prudência é indispensável nos casos de decisões sérias e graves, pois evita os
julgamentos apressados e as lutas ou discussões inúteis.

Fundamento Teóricos para uma Deontologia Profissional

Após uma análise de fonte teórica, boa quanto a Ética e Moral, mas muito reduzida quanto à
Deontologia, optamos por uma abordagem paralela de Moral, Ética e Deontologia, na hipótese e
na esperança de que uma exposição suscinta e clara das primeiras duas servisse de base e
justificação para a terceira, ou em outras palavras, partindo da fenomenologia do Mundo da

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Moral, quisemos encontrar seus fundamentos e justificação – isso constitui – a Ética – para que
ela, a Moral, por seu turno, pudesse, se isso se mostrasse possível, fundamentar a Deontologia
que, a uma primeira análise, se nos apresenta como uma casa sem alicerces. Será que a Moral,
fundamentalmente pela Ética, é, sozinha, suficiente para basear validamente a Deontologia.

Deontologia Profissional

Cabe sempre, quando se fala em virtudes profissionais, mencionarmos a existência dos códigos
de ética profissional. As relações de valor que existem entre o ideal moral traçado e os diversos
campos da conduta humana podem ser reunidos em um instrumento regulador. É uma espécie de
contrato de classe e os órgãos de fiscalização do exercício da profissão passam a controlar a
execução de tal peça magna.

Tudo deriva, pois, de critérios de condutas de um indivíduo perante seu grupo e o todo social.
Tem como base as virtudes que devem ser exigíveis e respeitadas no exercício da profissão,
abrangendo o relacionamento com usuários, colegas de profissão, classe e sociedade. O interesse
no cumprimento do aludido código passa, entretanto a ser de todos. O exercício de uma virtude
obrigatória torna-se exigível de cada profissional, como se uma lei fosse, mas com proveito
geral.

Relação existente entre a ética e deontologia profissional

Cria-se a necessidade de uma mentalidade ética e de uma educação pertinente que conduza à
vontade de agir, de acordo com o estabelecido. Essa disciplina da actividade é antiga, já
encontrada nas provas históricas mais remotas, e é uma tendência natural na vida das
comunidades.

É inequívoco que o ser tenha sua individualidade, sua forma de realizar seu trabalho, mas
também o é que uma norma comportamental deva reger a prática profissional no que concerne a
sua conduta, em relação a seus semelhantes. Toda comunidade possui elementos qualificados e
alguns que transgridem a prática das virtudes; seria utópico admitir uniformidade de conduta.

A disciplina, entretanto, através de um contrato de atitudes, de deveres, de estados de


consciência, e que deve formar um código de ética, tem sido a solução, notadamente nas classes

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profissionais que são egressas de cursos universitários (contadores, médicos, advogados, etc.)
Uma ordem deve existir para que se consiga eliminar conflitos e especialmente evitar que se
macule o bom nome e o conceito social de uma categoria. Se muitos exercem a mesma
profissão, é preciso que uma disciplina de conduta ocorra.

Actos morais

As relações entre as pessoas, entre os grupos e entre as nações não são lineares. Apresentam
problemas, são complexas. Por vezes não sabemos como agir. E sentimos necessidade de saber
como agir. Vejamos alguns exemplos da nossa realidade real ou da realidade fantástica tão
insistente, maciça, brilhante, subreptícia ou descaradamente veiculada por nossa maior pregadora
de princípios "Morais", a TV Globo, com suas novelas:

 Pode uma gestante com rubéola abortar?


 Devia o Roque Santeiro ir armado ou desarmado ao encontro de Navalhada?
 A Lulu podia ou não podia abandonar o José das Medalhas?

Juízos morais

Nós continuamente julgamos os actos dos outros e somos por eles julgados. Às vezes, raramente,
até nos julgamos a nós mesmos. Aprovamos, desaprovamos, condenamos, somos aprovados e
desaprovados. Isto é, emitimos continuamente juízos morais, dando aos actos humanos (livres e
conscientes) os atributos de bom ou de mau.

Ex:

 O Senhorzinho Malta é um criminoso, um arbitrário, um prepotente e devia ser condenado à


prisão perpétua, ou mesmo à morte.
 O Partido X não tinha o direito de gastar rios de dinheiro em São Luís para eleger seu
candidato. Mesmo que fosse dinheiro deles, teria sido abuso do poder económico. Portanto
ilegal e imoral.

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Normas morais

Ora a dúvida quanto a como devemos agir e o facto que julgamos e somos julgados pressupõem
que haja:

 Princípios
 Normas
 Regras
 Leis

– parâmetros de comportamento que nos dizem ou indicam o que se pode ou não pode, deve ou
não deve fazer e que, de certo modo, nos obrigam e em base aos quais nós julgamos, sem ser
considerados levianos, incompetentes ou intrometidos.

Traços essenciais da moral

Resumidamente são os seguintes os traços essenciais da moral.

 É uma forma de comportamento humano que compreende tanto um aspecto normativo


(regras de acção) quanto um aspecto factual l (necessidade de adequação dos actos humanos
às normas)
 a Moral é um facto social: tende a ajudar os grupos e as sociedades a organizarem suas
acções em base a valores e fins e assim a solucionar suas necessidades.
 É um facto individual, de cada pessoa, pois exige a interiorização, a adesão íntima, o
reconhecimento interior das normas estabelecidas pela comunidade ou descobertas
pessoalmente.
 O acto moral, manifestação concreta do comportamento moral de pessoas reais, é complexo,
e é síntese indissolúvel.

Principio moral

A Moral é um sistema de normas, princípios e valores, segundo o qual são regulamentadas as


relações mútuas entre os indivíduos ou entre estes e as comunidades, de tal maneira que estas
normas, dotadas de um carácter histórico e social, sejam acatadas livremente e conscientemente,
por uma convicção íntima e não de uma maneira mecânica, externa ou impessoal.

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Conceito de ética como base

Definições e objecto da ética: Para começar, podemos definir Ética como: "Teoria ou ciência do
comportamento moral dos homens em sociedade"

ou

"Ciência de uma forma específica de comportamento humano que é exactamente o


comportamento moral".

Destas definições se deduz, então, que o Mundo Moral é o campo ou o objecto da Ética. Não
para entrar em pormenores, estabelecer normas e códigos, dizer como deves ou não deves agir
em tal ou tal situação concreta, mas para reflectir sobre os fundamentos, princípios, ideologias
subjacentes, valores, termos e conceitos usados pela Moral.

A Ética, como muito bem diz Sanchez Vásquez, depara com uma experiência histórica-social no
terreno da Moral, ou seja, com uma série de práticas morais e, partindo delas, procura
determinar:

 A essência da Moral
 Sua origem
 As condições objetivas e subjetivas do ato moral
 As fontes de avaliação moral
 A natureza e a função dos juízos morais
 os critérios de justificação destes juízos
 o princípio ou princípios que regem a mudança e a sucessão dos diferentes sistemas morais,
nos diversos tempos e nos diversos lugares.

Problemas básicos da ética

No nosso entender a ÉTICA tem por função responder a dois diferentes problemas:

a. Qual a base, o fundamento e o valor dos códigos, princípios, normas e convicções morais
existentes por aí?

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b. Quais os pressupostos essenciais à ação moral, para que um acto seja moral, aquilo sem o que
não se poderia falar de moralidade?

c. Quais os critérios supremos ou máximos ou básicos de moralidade ou imoralidade de um acto


humano?

Chamamos ao 1º de Problema Crítico e ao 2º de Problema Teórico.

O problema deontológico

O vocabulário grego "déon" significa

 O obrigatório

 O justo

 O adequado

A partir deste particípio e da palavra loghia, Jeremias Bentham cunhou o termo deontologia, em 1834.
Como ciência de normas que são meios para alcançar certos fins.

Após Bentham tornou-se comum considerador a Deontologia não só como uma disciplina normativa, mas
também descritiva e empírica que tem como finalidade a determinação dos deveres que devem ser
cumpridos em determinadas circunstâncias sociais e de modo todo especial dentro de uma determinada
profissão.

A Deontologia é, então, a ciência que estabelece normas directoras das actividades profissionais
sob o signo de rectidão moral ou honestidade estabelecendo o bem a fazer e o mal a evitar no
exercício da profissão. Partindo do pressuposto de que a actividade profissional é, toda ela,
sujeita à norma moral, a Deontologia profissional elabora sistematicamente os ideais e as normas
que devem orientar a actividade profissional.

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A excessão da deontologia da educação

As profissões da educação são geralmente consideradas entre as mais importantes funções


sociais, mas o seu prestígio não é, de um modo geral, elevado. A função docente,
designadamente, deixou de ter o prestígio que já teve e de ser atraente como foi. Entre nós, pelo
menos, porque noutros países a situação é diferente. Por exemplo, nos EUA, segundo inquéritos
à opinião pública (feitos em 2006) sobre a percepção social de 23 ocupações e profissões,
realizados anualmente pelo The Harris Poll, (cf. www.harrispollonline.com):

- A única profissão que subiu em prestígio, desde o primeiro destes inquéritos (1977), foi a dos
professores, que passou de 29% para 52%.

- As seis ocupações ou profissões mais prestigiadas são os bombeiros (63%), os médicos (58%),
os cientistas (54%), os professores (52%) e os militares (51%).

- Os profissionais mais dignos de crédito são os médicos (85%) e os professores do ensino não
superior (83%), seguidos dos cientistas (77%), dos polícias (76%) e dos professores do ensino
superior (75%). Entre as profissões menos dignas de crédito, encontram-se os advogados (27%)
e os sindicalistas (30%).

Profissões na Educação

O paradoxo das profissões da educação compreende-se, se distinguirmos entre:

- O reconhecimento do valor social do serviço que prestam

- E o conhecimento da sua desvalorizada condição profissional.

O valor social do serviço que prestam é o valor da educação como direito fundamental de todo o
ser humano e recurso vital das sociedades humanas, chave do motor do desenvolvimento social e
fonte da vitalidade democrática. A causa da sua desvalorizada condição profissional está na visão
redutora da sua profissionalidade.

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Carência deontológica das profissões da educação

Embora tendo uma semântica e um uso filosóficos precisos, o termo Deontologia designa, na
sua acepção mais corrente, uma Ética ou Moral Profissional, ou seja, uma Ética aplicada ao
exercício de uma profissão, formulando os respectivos deveres profissionais. Há, por isso,
alguma redundância pragmática na expressão ‘Deontologia Profissional’ utilizada nos Estatutos
das principais profissões, em Portugal.

Uma Deontologia é, pois, um quadro normativo regulador do comportamento dos membros de


uma profissão, proclamando os seus valores fundamentais, formulados em princípios e
operacionalizados em deveres, dos quais decorrem direitos. Define, essencialmente, a
responsabilidade profissional, relativa às competências que a profissão requer e à integridade
com que deve ser exercida, para ser digna, honrada e prestigiada. É a quinta-essência de uma
cultura profissional. É uma insígnia de profissionalidade. Aprender uma Deontologia é, portanto,
aprender a pensar, decidir, agir e reagir profissionalmente, isto é, responsavelmente.

Todo o tipo de trabalho tem uma dimensão deontológica, na medida em que há sempre um
contrato implícito que implica a observância de valores morais relativos, por exemplo, à palavra
dada, ao trabalho bem feito e ao preço justo. Por isso, toda a actividade laboral comporta direitos
e deveres, designadamente quando há um contrato de trabalho escrito. Por exemplo, a Secção
VII do Código de Trabalho português tem como título “Direitos, deveres e garantias das partes”,
que são enunciados em oito Artigos (119-126), com numerosas alíneas. E tem mesmo uma
cláusula de salvaguarda da «autonomia técnica inerente à actividade para que o trabalhador foi
contratado, nos termos das regras legais ou deontológicas aplicáveis» (Artigo 112).

Com efeito, os direitos e deveres, no exercício de uma actividade profissional juridicamente


enquadrada, não são apenas uma questão de relação de trabalho, mas também de valores e
relações no trabalho, de

relações humanas, principalmente nas profissões de serviços. Por isso, o Decreto-Lei 184/89 de 2
de Junho, que «estabelece princípios gerais em matéria de emprego público, remunerações e
gestão de pessoal da função pública» tem um Artigo (Artigo 4) intitulado “Deontologia do
serviço público”, que dispõe: «No exercício das suas funções, os funcionários e agentes do

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Estado estão exclusivamente ao serviço do interesse público, subordinados à Constituição e à lei,
devendo ter uma conduta responsável e ética e actuar com justiça, imparcialidade e
proporcionalidade, no respeito pelos direitos e interesses legalmente protegidos dos cidadãos».

E o “Estatuto disciplinar dos agentes da administração pública” (DecretoLegislativo8/97 De 8 de


Maio de 1997) dedica o Artigo 3 aos“Deveres gerais”, que são enunciados em 17 alíneas. Há,
ainda, a “Carta Ética da Administração Pública”, que substituiu uma “Carta Deontológica do
Serviço público” adoptada em 1993 (Resolução do Conselho de Ministros n.º 18/93, publicada
no DR – I Série-B, n.º 64, a 17 de Março). A Carta Ética foi objecto de uma Resolução do
Conselho de Ministros (47/97 de 27 de Fevereiro de 1997), que se lhe refere nestes termos:

Em cumprimento do acordo salarial para 1996 e dos


compromissos de médio e longo prazo, foi discutida e
consensuada com as associações sindicais
subscritoras do acordo um texto designado “Carta
ética – Dez princípios éticos da Administração
Pública”. Entende o Governo que não deve aprovar o
referido documento, mas dele tomar conhecimento
como órgão superior da Administração Pública; tal
facto, porém, não afasta a necessidade de revogar
uma anterior resolução do Conselho de Ministros
sobre esta matéria, o que constitui o exclusivo
objecto da presente resolução.

Como também salvaguardava expressamente a revogada “Carta Deontológica do Serviço Público”


(1993), a sua observância não impedia «a aplicação simultânea das regras de conduta próprias que
respeitem à actividade de grupos profissionais específicos» (ponto 2). De facto, entre os serviços
públicos, alguns são tão específicos e de tão elevado interesse para os indivíduos e para as sociedades,
que o poder público tem o direito e a obrigação de controlar a competência e comportamento de quem os
presta, para garantir a sua qualidade. É o caso, nomeadamente, das profissões liberais, cujo objecto são
serviços indispensáveis à satisfação de direitos do ser humano que um Estado de Direito se obriga a
garantir, como o direito à saúde, o direito à educação e o direito à justiça. A sua regulação pode, no
entanto, ser delegada num órgão auto-regulador, de composição exclusivamente profissional ou mista. É
um órgão que, em Portugal, tem a designação clássica de Ordem. Uma Ordem tem a qualificação
constitucional de “associação pública” (Artigo 267, com a revisão constitucional de 1982), cuja natureza
é simultaneamente pública e privada. Como se lê nos instrumentos legais que publicaram os Estatutos da

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Ordem dos Arquitectos, da Ordem dos Biólogos e da Ordem dos Economistas, a sua natureza é «pública,
enquanto prossegue atribuições públicas relativas ao exercício de profissões onde o interesse público está
especialmente patente, privada, porque associação representativa dos profissionais inscritos».

As normas deontológicas das profissões liberais podem estar integradas apenas no respectivo Estatuto ou
ser objecto de desenvolvimento em texto separado. Estão formuladas no Estatuto da Ordem respectiva no
caso das Ordens dos Advogados, dos Engenheiros, dos Arquitectos e dos Economistas, por exemplo. Mas
os Estatutos da Ordem dos Médicos e da Ordem dos Biólogos remetem para as Ordens o seu posterior
desenvolvimento (Artigo 80 do Estatuto da Ordem dos Médicos e Artigo 15.5 do Estatuto da Ordem dos
Biólogos). O Código Deontológico da Ordem dos Médicos é o mais extenso (tem cerca de 150 Artigos).

No caso das profissões da educação, o imperativo deontológico é ainda mais forte do que noutras, porque
são as mais éticas das profissões, principalmente no caso dos educandos mais jovens, por várias razões, a
principal das quais é esta: nelas não está apenas em causa a Ética do sujeito, isto é, o respeito da
dignidade e direitos do educando, mas está essencialmente em jogo o Sujeito ético, ou seja, a formação da
consciência moral e o desenvolvimento da capacidade de autonomia e responsabilidade das crianças,
adolescentes, jovens e eventualmente adultos. É por isso que a responsabilidade dos profissionais da
educação – a responsabilidade pedagógica – pode ser considerada como a maior responsabilidade do
mundo.

Uma Deontologia válida, na sua generalidade, para todas as profissões e profissionais da educação, deve
definir a sua responsabilidade profissional segundo os seus diferentes vectores, isto é, formular os deveres
profissionais na relação com os educandos, os colegas, outros trabalhadores e profissionais, a instituição,
as famílias e a comunidade, a profissão e na investigação. Embora alguns dos seus princípios possam e
devam ser enunciados no seu Estatuto, deve ser desenvolvida em texto autónomo, à semelhança da
Deontologia Médica.

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Conclusão
Chegando o final do presente trabalho, conclui-se que, Deontologia é a ciência que estabelece
normas directoras das profissionais sob o signo de retidão moral ou honestidade estabelecendo o
bem a fazer e o mal a evitar no exercício da profissão.

A Moral é um sistema de normas, princípios e valores, segundo o qual são regulamentadas as


relações mútuas entre os indivíduos ou entre estes e as comunidades, de tal maneira que estas
normas, dotadas de um carácter histórico e social, sejam acatadas livremente e conscientemente,
por uma convicção íntima e não de uma maneira mecânica, externa ou impessoal.

No sentido mais amplo, profissão é o trabalho, ocupação ou actividade habitual de alguém, fonte
principal do seu rendimento e subsistência, de natureza predominantemente física, empírica e
mecânica, exercido sem qualquer habilitação específica e de modo dependente. Não é mais do
que um emprego.

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Bibliográfia

FIGUEIREDO, Luis Cláudio. Da epistemologia à ética das práticas e discursos psicológicos. 2ª edição
revista e ampliada. Petrópolis, Vozes, 1996.

FOUCAULT, M. Ética, sexualidade, política. Ditos e Escritos V. Rio de Janeiro, Forense Universitária,
2004.

NARDI, Henrique C. e SILVA, Rosane Neves. Ética e subjetivação: as técnicas de si e os jogos de


verdade contemporâneos. IN: GUARESCHI, Neuza e HÜNNING, Simone (orgs). Foucault e a

Psicologia. Porto Alegre, Abrapso Sul, 2005.

ROMARO, Rita. Ética na psicologia. Petrópolis, Vozes, 2006.

SOUZA, Ricardo Timm. Ética como fundamento: uma introdução à Ética contemporânea. São
Leopoldo, Nova Harmonia, 2004.

COSTA, Jurandir Freire. A Ética e o espelho da cultura. Rio de Janeiro, Rocco, 1994.

DEL NERO, Carlos. Problemas de ética profissional do psicólogo. Vetor Editora Psicopedagógica,
1997.

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