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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

TEMA: Evolução Histórica da Administração Publica em Moçambique

Nome da docente: Helga Libanio Dos Santos

Nome do estudante: Nelson Pedro Tomas,

Curso: Licenciatura em Administração Publica

Disciplina: Teoria Geral da Administração Pública


Ano de frequência: 1˚ Ano

Chimoio, Novembro de 2021


Folha de feedback

Classificação
Categorias Indicadores
Padrões Pontuação Nota
do Subtotal
máxima
tutor
Capa 0.5

Índice 0.5

Aspectos Introdução 0.5


Estrutura
organizacionais Discussão 0.5

Conclusão 0.5

Bibliografia 0.5

Conteúdo Contextualização
(Indicação clara do 1.0
problema)
Introdução
Descrição dos objectivos 1.0

Metodologia adequada ao
2.0
objecto do trabalho
Análise e Articulação e domínio do
discussão discurso académico
(expressão escrita
cuidada, coerência / 2.0
coesão textual)

Revisão bibliográfica
nacional e
internacionais 2.
relevantes na área de
estudo

Exploração dos dados 2.0

Página 2
Contributos
Conclusão 2.0
teóricos práticos

Paginação, tipo e tamanho


Aspectos de letra, paragrafo,
Formatação 1.0
gerais espaçamento entre
linhas
Normas APA 6ª
Referências edição em Rigor e coerência das
4.0
Bibliográficas citações e citações/referências
bibliografia bibliográficas

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Recomendações de melhoria:

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Índice
Introdução........................................................................................................................................2

Administração Pública em Moçambique.........................................................................................3

Evolução histórica da administração pública moçambicana...........................................................3

Delimitação do Território e Administração Pública Colonial em Moçambique.........................5

Administração Pública Em Moçambique Após Independência...................................................7

Primeira fase - Período da Administração Pública pós-independência: Estado Socialista e


Centralizado (entre 1975 e 1987).............................................................................................7

Segunda fase - Período de adopção e implementação do modelo de Estado Democrático e


Descentralizado: entre (1987 a 2001).....................................................................................10

Terceira fase - Período de Democratização e Modernização/Reforma Administrativa: entre


(2001 a 2011).............................................................................................................................12

Fase actual - Período de aprofundamento da democracia participativa: entre 2011 à


Actualidade................................................................................................................................14

Os Pressupostos, Determinantes e Objectivos da Modernização Administrativa no quadro da


Reforma do Sector Público........................................................................................................15

Conclusão......................................................................................................................................17

Bibliografia....................................................................................................................................18

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I. Introdução
Conhecer a Administração Pública nos dias de hoje, já não é apenas do interesse do interesse
exclusivo dos agentes/servidores públicos. Conhecer o aparelho do Estado e a sua administração
é do interesse de todos os cidadãos. Por isso para entender a administração pública a que
necessário primeiramente conhecer os fundamentos da administração pública (administração
geral, o seu histórico e conceituação). O estudo da Administração Pública gira em torno de uma
instituição mencionada, mais pouco conhecida na sua essência: o Estado. A Administração
Publica em Moçambique tem sofrido várias transformações ao longo do tempo, principalmente
pelos objectivos dos administradores e pelas necessidades dos administrados que cada vez mais
ganham consciência da importância dos seus direitos e do controlo das acções públicas. O
presente trabalho busca fazer uma volta ao passado tentando compreender a evolução da
Administração Pública em Moçambique.

I.1. Objectivo Geral


 Apresentar a evolução histórica da administração pública em Moçambique.
I.2. Objectivos específicos
 Referenciar as diferentes fases da Administração Pública Moçambicana;
 Apresentar tipo de Administração Pública que Moçambique adoptou depois da
Independência.

I.3. Metodologia
Para GIL (2006:22), pesquisa bibliográfica é aquela que utiliza material já publicado, constituído
basicamente de livros, artigos de periódicos [...]. Sua principal vantagem é possibilitar ao
investigador a cobertura de uma gama de acontecimentos muito mais ampla do que aquela que
poderia pesquisar directamente. No entanto, este trabalho recorre basicamente ao Manual do
Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa, cadeira de Sociolinguística e outras
fontes impressas e digitais…

I.4. Estrutura do Trabalho


I. Introdução
II. Revisão Bibliográfica
III. Conclusao

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IV. Referências Bibliográficas

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II. Revisão Bibliográfica
2.1. Administração Pública em Moçambique
Segundo o Governo de Moçambique, no seu Plano Estratégico de Desenvolvimento da
Administração (PEDAP), também conhecido por (ERDAP, 2011 - 2025), Administração Pública
é “um conjunto de órgãos, serviços e funcionários e agentes do Estado bem como das demais
pessoas colectivas publicas que asseguram a prestação de serviços públicos ao cidadão” (MAE,
2011).

Em Moçambique, a Administração Pública, através dos respectivos serviços públicos é o


instrumento através do qual o estado materializa a vontade dos cidadãos. Com o efeito, os artigos
249 e 250 da CRM de 2018, e os respectivos números estabelecem que a Administração Pública
serve o interesse público e na sua actuação respeita os direitos e liberdades fundamentais dos
cidadãos.

Os órgãos da Administração Pública obedecem à Constituição e à lei e actuam com respeito


pelos princípios da igualdade, da imparcialidade, da ética e da justiça. Ainda, a Administração
Pública pode organizar-se através de outras pessoas colectivas distintas do estado Administração,
com a participação dos cidadãos. A Administração Pública promove a simplificação de
procedimentos administrativos e a aproximação dos serviços aos cidadãos.

O Decreto 30/2001 de 15 de Outubro, reforça nos seus artigos 5 e 6 os princípios de actuação dos
serviços da Administração pública, dos quais destacam-se os princípios da prossecução do
interesse público e protecção dos direitos e interesses do cidadão.

2.2. Evolução histórica da administração pública moçambicana


Os Portugueses chegaram a Moçambique nos finais do século XV (1498), chefiados por Vasco
da Gama a procura de ouro e marfim. Desembarcaram pela primeira vez no rio Inharrime
(Inhambane), Quelimane e Ilha de Moçambique.

A primeira forma de ocupação foi a fundação de feitorias quer para a prática do comércio, quer
para a defesa de ataques árabes e dos chefes locais rebeldes, em Sena (1530, Tete. 1537 e

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Quelimane, 1544. No século XVI tiveram contactos com os chefes dos impérios de Mutapa e
Marave. Assim, a colonização de Moçambique foi feita em três fases distintas:

a) Período do Ouro: XIV-XVII


Os portugueses fixaram-se no litoral de Moçambique, primeiro como mercadores e depois como
colonizadores efectivos. A fixação fez-se primeiro no litoral: Sofala em 1505, na Ilha de
Moçambique em 1507. Em 1530 e 1537 penetraram no vale do Zambeze e fundaram Sena e Tete
respectivamente e em 1544 fundaram Quelimane. Em 1607 obtiveram do muenemutapa reinante
a concessão de todas as minas de ouro do Estado vigente na altura.

b) Período do Marfim: XVII-XIX


Com as revoltas ocorridas em 1693 foi gradualmente abandonada a produção do ouro e os
mercadores passaram a interessar-se mais pelo marfim.

c) Período dos escravos: XVII-XIX


De 1750-60 até 1836 a procura de escravos superou a procura de ouro e marfim. Os escravos
eram vendidos aos franceses para as plantações de cana do açúcar e café nas ilhas Mascarenhas
no Indico e numa segunda fase começaram a ser enviados para o Brasil, S. Tomé, Cuba, América
do Norte, Comores e Madagáscar.

A penetração colonial na maior parte do território de Moçambique foi feita através de


Companhias as quais ocupavam cerca de 2/3 do território. Portugal não conseguiu ocupar,
dominar e administrar sozinho o país. Assim, a administração do território foi atribuída em 1892
à Companhia de Moçambique que compreendia uma área de 134.822 km2 limitada entre o rio
Zambeze (norte e noroeste) e o paralelo 22º (sul) e entre o Indico (este) e a Rodésia do Sul
(oeste). Esta concessão durou cerca de 45 anos (1897-1942).

A companhia tinha o direito de explorar os territórios e a população que estavam no seu domínio,
praticar o monopólio do comércio, fazer concessões mineiras e de pesca costeira, colectar taxas e
impostos de palhota e de capitação (mussoco), exploração de mão-de-obra para os países
vizinhos, construir e explorar vias de comunicação, estradas, portos, pontes, caminhos-de-ferro,
conceder terras a terceiros emitir moedas e selos.

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Como dever a companhia tinha o dever de pagar 10% dos dividendos distribuidos e 7,5% dos
lucros liquidos totais, manter a sua sede em Lisboa, manter o estatuto de companhia portuguesa e
entregar os territórios ocupados no fim do contrato. Em 1891 surge a Companhia do Niassa (2ª
companhia majestática), com privilégios de ocupação, administração e exploração da área
ocupada. 25% do território na zona norte entre os rios Rovuma (norte) e Lúrio (sul), o oceano
Indico (este) e Lago Niassa (oeste).

Em 1892 surge a Companhia da Zambézia (3ª companhia majestática), que ocupava as áreas de
Chire, limite com a Niassalandia, Zumbo e Luenha, fronteira com a Rodésia do Norte. Esta
companhia não tinha privilégios porque era concessionária. A estrutura administrativa colonial
foi assegurada efectivamente em toda a extensão do território a partir do estabelecimento de
contratos de concessão pelo governo português de zonas do território a grandes companhias que
tinham interesses em Moçambique para desenvolverem actividades económicas e assegurarem
igualmente o exercício delegado da autoridade administrativa nos territórios concessionados à
excepção da zona sul do país que foi considerada reserva de mão-de-obra para as minas de ouro
na vizinha África do Sul.

A zona sul do País foi administrada de forma directa pelos portugueses e serviu como reserva de
mão-de-obra para as plantações de cana do açúcar e exploração mineira na vizinha África do Sul.
Com o Golpe de Estado ocorrido em Maio de 1926 em Portugal, nasceu o Estado Novo, o qual
ganhou vulto a partir de 1930 e consolidou-se em 1932, com o desenvolvimento do
Nacionalismo Económico.

2.3. Delimitação do Território e Administração Pública Colonial em Moçambique


O Governo de Portugal iniciou o processo de delimitação do território de Moçambique depois da
realização da Conferência de Berlim que decorreu no período de 15 de Novembro de 1884 a 26
de Fevereiro de 1885. A partir deste período tiveram lugar conversações entre Portugal e outras
potências coloniais interessadas na colonização do continente africano as quais só terminaram a
29 de Julho de 1869 com a delimitação das actuais fronteiras de Moçambique iniciando desta
forma a ocupação efectiva do território sob a forma de colónia. Após a delimitação das fronteiras
a organização administrativa da colónia acomodou duas estruturas de administração territorial,
nomeadamente a estrutura administrativa colonial e a estrutura de administração tradicional.

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A administração tradicional implicou o estabelecimento de regras de submissão à autoridade
colonial mantendo-se contudo a natureza matriarcal ou patriarcal na respectiva linhagem
conforme os usos e costumes das regiões do País. No período que decorreu desde o inicio da
ocupação efectiva até aos anos 60 Moçambique era designado por colónia de Moçambique. A
partir deste período passou a designar-se província de Moçambique e nos anos 70 passou a
designar-se por Estado de Moçambique. Em todas as fases o governo colonial Português
caracterizou-se por uma postura centralizadora do processo decisório e as relações com as
designadas províncias ultramarinas eram estabelecidas através do Ministério das Colónias e mais
tarde Ministério do Ultramar.

No processo de organização da administração pública Portuguesa podem distinguir-se quatro


fases que influenciaram a administração pública em Moçambique no período anterior à
independência nacional:
a) Até 1820, vigorava a Administração da Monarquia tradicional caracterizada por
indiferença entre a administração e a justiça. Assim, havia concentração no monarca das
funções de administração e de justiça, fraca intervenção da administração na vida
económica, cultural e social da nação e atribuição de grande importância à administração
municipal, forte carácter discricionário na actuação da administração, o que caracterizava
uma Administração Pública Centralizada.
b) O período de 1820 a 1926, que incluiu as fases da Monarquia Liberal e da 1ª. República
caracterizou-se por uma administração liberal, pois ocorreu o processo de separação entre
a administração e a justiça, o reforço das garantias dos cidadãos consagradas nas
sucessivas constituições e cartas constitucionais, na criação do Conselho do Estado em
1845 e do Supremo Tribunal Administrativo em 1870, na extensão da administração
municipal e no abstencionismo do Estado e da Administração em matérias económicas,
culturais e sociais. Neste período deu- se mais ênfase na descentralização da
Administração Pública.
c) Entre 1926 e 1974, na fase do Estado Novo, Portugal adoptou a Administração
Corporativa caracterizada pela separação entre a administração e a justiça, o reforço da
administração central em detrimento da administração municipal, intervenção crescente
da administração na vida económica e social, diminuição das garantias dos particulares
em todas as matérias, por imperativos ideológicos, políticos e económicos, e o

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incremento do autoritarismo político ideológico do Estado. Neste deu-se primazia à
centralização da administração pública. Em Dezembro de 1933, o governo colonial
Português introduziu através do Decreto nº 23.229/33, de 15 de Novembro de 1933, uma
reforma administrativa para as colónias, que ficou conhecida por Reforma Administrativa
Ultramarina (RAU). A RAU tinha por objectivo a regulação e controle da organização e
funcionamento da administração pública nas colónias.
d) Com o golpe de Estado ocorrido a 25 de Abril de 1974, inicia a 2ª. República,
caracterizada administração social e económica. O Estado nesta fase é caracterizado pela
separação das funções administrativa e jurisdicional, pelo reforço da administração local,
pelo incremento do poder intervencionista do Estado na economia e pelo
restabelecimento dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos na constituição. Neste
período foi incrementada a descentralização da Administração Pública.

2.4. Administração Pública Em Moçambique Após Independência


2.4.1. Primeira fase - Período da Administração Pública pós-independência: Estado
Socialista e Centralizado (entre 1975 e 1987)
O Estado moçambicano nasce da proclamação da independência em 25 de Junho de 1975 e era
designado por Republica Popular de Moçambique. Esta definia Moçambique como um Estado de
Democracia Popular, onde o Poder pertencia aos operários e camponeses unidos e dirigidos pela
FRELIMO.

Segundo Rocha (2001: 81), a Constituição de 1975 definia em princípios gerais a subordinação
da política do Estado à FRELIMO e impunha o sistema de partido único. O terceiro Congresso
da FRELIMO realizado em Fevereiro de 1977 definiu a linha Marxista – Leninista do Governo
moçambicano e determinava que Moçambique seria um país Socialista. A nova administração
pública a instalar tinha por objectivos “a eliminação das estruturas de opressão e exploração
coloniais e tradicionais e da mentalidade que lhes está subjacente”.

O Conselho de Ministros da República Popular de Moçambique, na sua 1ª. Sessão após a


proclamação da independência (de 9-25 de Julho de 1975), analisou e identificou as
características do Estado colonial implantado em Moçambique e concluiu que o mesmo estava
orientado para as cidades e para a população das zonas urbanas. Para inverter esta situação,

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revolucionar o aparelho de Estado era uma das tarefas fundamentais do Governo o que impunha
uma mudança radical que pusesse o Estado ao serviço das massas operárias e camponesas.

Para este objectivo, era necessário empreender uma profunda transformação dos métodos de
trabalho e de estruturação do aparelho do Estado, a fim de proporcionar a criação de novos
esquemas mentais e regras de funcionamento. A administração pública devia ser “um
instrumento para a destruição de todos os vestígios do colonialismo e do imperialismo, para a
eliminação do sistema de exploração do homem pelo homem, e para a edificação da base
política, material, ideológica, cultural e social da nova sociedade”.

Em matéria de organização do Estado era necessária a criação dos Governos Provinciais e a


criação das Assembleias do Povo. Para reflectir sobre a organização das cidades foi realizada
uma Reunião Nacional sobre Cidades e Bairros Comunais e para reflectir sobre as acções que
deveriam ser levadas a cabo no quadro da edificação da Administração Pública foi realizada uma
Reunião Nacional da Função Pública que ficou como mais conhecida como Seminário de
escangalhamento do aparelho do Estado colonial.

Para assumir o controlo das empresas abandonadas pelos proprietários foram criadas Unidades
de Direcção e Conselhos de Produção nas empresas. A Constituição da República Popular de
Moçambique estabelecia que os órgãos do Estado se subdividiam em órgãos Centrais
(Assembleia Popular, a Comissão Permanente da Assembleia Popular, o Presidente da República
e o Conselho de Ministros) e órgãos Locais (Assembleias Provinciais, Governador Provincial e
Governo Provincial).

O primeiro instrumento normativo aprovado para organizar a Administração Pública foi o


Decreto nº. 1/75, de 27 de Julho, para o Aparelho de Estado Central que definia as principais
funções e tarefas de cada Ministério na realização do Programa Geral de actividades do Conselho
de Ministros, bem como delimitar as competências de cada Ministério, estabelecendo a relação
hierárquica dos diferentes serviços existentes ou a criar.

Para, regulamentar as funções, tarefas, composição e funcionamento dos governos provinciais foi
aprovada a Lei nº. 5/78, de 22 de Abril. O Governo Provincial era definido como um órgão de

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direcção estatal com funções de execução, decisão e controlo no escalão provincial. O Aparelho
de Estado ao nível provincial era constituído pelos seguintes órgãos:
a) Gabinete do Governador Provincial;
b) Direcção Provincial de Apoio e Controlo;
c) Direcções Provinciais e Comissões Provinciais, órgãos estes que observam o princípio de
dupla subordinação no seu funcionamento.
A Lei nº. 7/78, de 22 de Abril, criava os Conselhos Executivos das Assembleias Distritais e
Conselhos Executivos das Assembleias de Cidade com funções de execução, decisão e controlo,
exercendo as suas actividades mandatados pelas respectivas Assembleias do Povo.

Para assegurar o papel directivo e centralizador do Estado, foi aprovado o Decreto nº. 4/81, de 10
de Junho, o qual passou a designar-se por Normas de Organização e Direcção do Aparelho de
Estado Central (NODAEC). Este Decreto definia os órgãos centrais do Aparelho de Estado como
instrumento unitário do poder para a direcção, planificação e controlo da acção governamental.
Eles subordinavam-se à Assembleia Popular e eram dirigidos pelo Presidente da República e
pelo Conselho de Ministros.

Os princípios de orientação do Aparelho de Estado foram derivados dos Estatutos da Frente de


Libertação de Moçambique (FRELIMO), dos quais o Centralismo Democrático era o princípio
de organização e funcionamento mais importante. Assim, com base no centralismo democrático,
os órgãos centrais do Aparelho de Estado deveriam aplicar os seguintes princípios:
1. Unidade e concentração da direcção política, económica, técnica e administrativa no
dirigente e sua responsabilização individual, combinada com a participação colectiva dos
trabalhadores na tomada, execução e controlo de decisões;
2. Direcção e planificação unitárias da economia e da actividade social do Estado;
3. Desenvolvimento, protecção e plena utilização da propriedade estatal;
4. Orientação e apoio ao desenvolvimento planificado do sector cooperativo em recursos
humanos, técnicos e materiais;
5. Integração e controlo da actividade do sector privado no quadro da política de
desenvolvimento do País;
6. Observância permanente da legalidade;
7. Participação organizada das massas nas tarefas estatais;

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8. Participação na preparação, execução e controlo das decisões da Assembleia Popular,
bem como no trabalho das suas comissões;
9. Promoção da crítica e auto-crítica, da aplicação de estímulos materiais e de avanços
tecnológicos como instrumentos de melhoria da organização, estilo e métodos de
direcção e trabalho, bem como de elevação da produção e da produtividade;
10. Dupla subordinação dos órgãos locais do Aparelho de Estado e promoção da iniciativa
local do aparelho estatal e instituições subordinadas, elevando-se a sua responsabilidade e
disponibilidade em meios para a realização de tarefas estatais;
11. Participação nas tarefas de defesa e segurança e vigilância popular; e
12. Manter relações económicas, científicas, técnicas e culturais internacionais como
implementação dos princípios definidos na Constituição, das decisões do Partido
FRELIMO e dos órgãos superiores do Estado.

Como forma de garantir uma direcção centralizada, as NODAEC definiam como competência
exclusiva dos órgãos centrais do Aparelho de Estado a definição de princípios, objectivos,
normas, metodologias e procedimentos fundamentais nas seguintes áreas:
1. Planificação, finanças, actividades bancária e seguradora, salários e preços;
2. Formação, colocação e gestão de quadros dirigentes, especialistas e técnicos, de acordo
com o quadro classificativo de funções;
3. Investigação e experimentação científica;
4. Estatística e contabilidade nacional;
5. Inspecção e controlo;
6. Defesa e segurança;
7. Relações internacionais.

2.4.2. Segunda fase - Período de adopção e implementação do modelo de Estado


Democrático e Descentralizado: entre (1987 a 2001)
A partir de 1987 foram iniciadas as primeiras mudanças de grande impacto na forma de estar do
Estado moçambicano, e não só, mas também, na forma de ser da sua administração pública. Os
marcos principais das transformações iniciadas são a adesão de Moçambique as instituições de
Breton Woods, o Banco Mundial (BM) e Fundo Monetário Internacional (FMI) nesse mesmo
ano, bem como a introdução de uma nova constituição da república (CRM) pluralista e de cunho

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mais liberal em 1990. Particularmente a constituição da república teve marco importante, com
sua aprovação em 30 de Novembro de 1990, terá trazido várias modificações no seio da
administração pública, porque foi nesse período em que o sistema de economia centralmente
planificado teve os seus últimos momentos, marcando nova era do pluralismo politico e da
economia de mercado em Moçambique.

Mazula et, al (1998) apontam que esse novo quadro constitucional abriu espaço igualmente para
a criação de novas esferas de governo, com a criação dos municípios em 1997 que, são entes
públicos guiados por práticas de gestão autonomizadas e participativas. Nisso, pode-se afirmar
que a municipalização possibilitou o exercício e a partilha do poder político na esfera local e o
surgimento de práticas de gestão inovadoras. O objectivo principal da democratização de
Moçambique era de criar a legitimidade do sistema político e do Estado, de modo que este possa
garantir níveis razoáveis de segurança, sobrevivência e serviços sociais básicos. Porem, dado que
o Estado já tinha perdido a sua legitimidade e estando nessa fase a quer recupera-la, as famílias
foram encontrando formas próprias de sobrevivência e alternativas de organização social.
Considerando-se neste caso, que as comunidades tradicionais como decisivos na sobrevivência
da comunidade local durante os tempos de guerra (Abrahamsson e Nilsson, 1994).

Segundo Abrahamsson e Nilsson (1995) as transformações políticas dentro do Estado registadas,


sobretudo com o Acordo Geral de Paz (AGP) que pôs fim a guerra civil que opunha o governo
da Frelimo e a Renamo em 1992, tiveram implicações positivas para o estabelecimento de novas
formas de partilha de poder político e no funcionamento da administração pública.

Após as primeiras eleições gerais e multipartidárias em 1994, o partido vencedor (Frelimo) deu
inicio ao processo de reconstrução nacional, face as consequências funestas trazidas pela guerra
civil que durou 16 anos, daí que as eleições multipartidárias trouxeram uma mudança política
significativa no contexto da democratização em Moçambique, dando uma efectiva implantação
de um Estado de Direito.

Portanto, a partir da segunda metade dos anos 90 a estrutura do Estado moçambicano passou,
assim, a ser constituído por três níveis de governo (Lalá e Ostheimer, 2003):
 Os Órgãos Centrais (OC) representados pelos ministérios e agências nacionais;
 Os Órgãos Locais do Estado (OLE) representados pelos governos provinciais e distritais;

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 Os Órgãos do Poder Local (OPL) representados pelas autoridades municipais.

No entanto, Canhanga (2009) destaca que o processo de transferência de funções de recursos do


central para o local em Moçambique, resultou do reconhecimento das instituições locais que
estavam melhor preparadas para introduzirem este modelo de governação. Desta forma, em
1997, o governo criou 33 municípios que incluíam as 11 capitais provinciais, as restantes 12
cidades do país e 10 vilas seleccionadas que se propunham ter condições para assegurar que este
modelo seguisse em frente, surgindo deste modo, como refere Fauré Rodrigues (2011) duma
“descentralização parcial (só nas áreas urbanas) ”.

2.4.3. Terceira fase - Período de Democratização e Modernização/Reforma


Administrativa: entre (2001 a 2011)
O processo de democratização trouxe várias reacções, na esfera social, visando a adaptação do
Estado novo ao contexto. Com a abertura política, passou-se a discutir a pertinência da
instituição de um aparato estatal, capaz de responder com agilidade e transparência as principais
demandas sociais. Portanto, a entrada para uma nova realidade político-constitucional foi
acompanhada por muitas precauções relativas as acções do Estado. Neste processo, as ansiedades
sociais foram se tornando crescentes e generalizadas. Assim surgiu outra variante do Estado
Democrático que tem como principal característica além do pluralismo na organização política e
democrática (Artigo 3 da CRM) a implementação de reformas financeiras (Simione, 2013).

O governo de Moçambique descentralizou o poder político e administrativo, através de uma


emenda constitucional introduzida na lei sobre autarquias locais aprovadas posteriormente, como
são os casos da Lei nº8/2003: Lei dos Órgãos Locais do Estado (LOLE); do Regulamento da Lei
dos Órgãos Locais do Estado: Decreto 11/2005, de 10 de Junho; do Diploma Ministerial 80/2004
de 14 de Maio, referente a articulação das autarquias locais com autoridades comunitárias.

Em Moçambique a partir de 2001 foram criados vários mecanismos administrativos inovadores


que vão ao encontro dessa nova concepção de gestão. Podemos citar como por exemplo a criação
de mecanismos para garantir a disciplina fiscal: a Unidade Técnica de Reforma de
Administração Financeira do Estado (UTRAFE) e do Sistema de Administração Financeira do
Estado (SISTAFE) – criado pela Lei nº 09/2002 de 12 de Fevereiro, Regulamentado pelo
Decreto nº 23/2004 de 20 de Agosto. Portanto, esses mecanismos constituíram-se como grandes

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inovações relativamente a forma de organização e gestão de recursos financeiros públicos e, o
seu foco está na ampliação da eficiência administrativa do sector público.

Com a aprovação da CRM de 2004, passou a ser constituído pelo conselho de ministros, do qual
o Presidente da Republica é quem preside, seguido do Primeiro-ministro e outros Ministros. E a
administração pública passa a ter primazia de servir os interesses públicos e na sua actuação
respeita os direitos e liberdades fundamentais do cidadão. Igualmente os órgãos da administração
pública obedecem a constituição e à lei, baseando pelos princípios da igualdade, imparcialidade,
ética e justiça patente no artigo 249 da CRM de 2004. Na mesma vertente, de forma mais intensa
em 2006 a gestão pública passou a ser avaliada através de indicadores de desempenho que
privilegiam o alinhamento entre os principais instrumentos de governação no sector público, o
Plano Económico e Social (PES) e o Orçamento do Estado (OE).

Estes incorporam uma nova lógica e visão de planeamento e execução, mas também de prestação
de serviços a sociedade dado que, privilegiam a gestão por resultados, a imposição de uma
cultura de responsabilização dentro da administração pública bem como, a entrada de novos
actores (por exemplo, o processo de contratação e oferecimento de bens e serviços
implementados pelo Decreto nº 15/2010, de 25 de Maio) no processo de gestão das políticas
públicas mediante a criação de parcerias público-privadas.

Importa destacar que como resultado da Reforma foi implementado o Decreto nº5/2006 de 12 de
Abril, referente a desconcentração9 de competências para o Governador Provincial e
Administrador Distrital, promoveu novas práticas de contratação para os quadros de pessoal,
concretizando assim, a nível local, a ideia de profissionalização dentro de um sistema de
carreiras que obedece a tabelas salariais e esquemas de promoção próprios, auxiliado pelo
Decreto nº 54/2009 de 8 de Setembro, que implementa o Sistema de Carreiras e Remuneração
(SCR). Mais 10 municípios foram criados em Abril de 2008, que acrescidos aos criados em1997
totalizavam assim, um número de 43 municípios a nível do território nacional. Por sua vez, a
implementação do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado (EGFAE) em 2009 pela
Lei nº 14/2009, de 17 de Março e o seu Regulamento (REGFAE) aprovado pelo Decreto 62/2009
de 8 de Setembro, isso permitiu proceder a uma gestão de recursos humanos a partir de
mecanismos modernos e de técnicas de avaliação de desempenho.

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Na mesma vertente, os princípios de gestão introduzidos pelo Decreto nº 15/2010, de 25 de Maio
indicam uma contribuição importante para a elevação da transparência no uso dos recursos,
contratação e fornecimento de bens e serviços, trazendo maior racionalidade e flexibilidade
organizacional no papel e qualidades do gestor público.

Nesta senda, a análise dos objectivos dos objectivos do Sistema de Gestão de Desempenho na
Administração Publica (SIGEDAP) aprovado em 2009 pelo Decreto nº 55/2009 de 12 de
Outubro, mostra a realização de um grande salto nos processos de avaliação de desempenho na
administração pública, pois, visa aperfeiçoar a gestão determinada por objectivos, orientada para
resultados e dotada de instrumentos de gestão necessários para actuar e responsabilizar,
motivando as lideranças, os funcionários e agentes do Estado para um desempenho de qualidade
e reconhecendo o mérito e a excelência. Em 2010 foi criado o qualificador profissional de
carreiras, categorias e funções de direcção, chefia, e confiança da função pública em vigor no
aparelho de Estado, para o correcto enquadramento dos funcionários e agentes do Estado

2.5. Fase actual - Período de aprofundamento da democracia participativa: entre


2011 à Actualidade
Em Maio de 2013 mais 10 municípios foram criados, que acrescidos aos 33 criados em 1997 e os
10 criados em 2008, ficam totalizando um número de 53 municípios a nível do território
nacional. O Diploma Ministerial nº221/2013 estabelece os mecanismos que viabilizam a
implementação dos Módulos de Gestão do Património do Estado e de Gestão de Informação para
apoio aos subsistemas de património do Estado e de Controlo Interno estabelecidos no SISTAFE.

Tornando-se necessário conferir maior transparência e assegurar a efectiva implementação dos


procedimentos de contratação das empreitadas de obras públicas, fornecimento de bens e
prestação de serviços ao Estado, foi aprovado o Regulamento de contratação de empreitadas de
obras públicas, fornecimento de bens e prestação de serviços ao Estado pelo Decreto nº 5/2016
de 8 de Marco, e assim, foi revogado Decreto nº 15/2010, de 25 de Maio, que estabelecia o
processo de contratação e oferecimento de bens e serviços ao Estado.

A fim de aperfeiçoar os princípios e normas que regem as relações jurídico-laborais do


funcionário e agentes do Estado, foi aprovado o novo Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes
do Estado (EGFAE), pela Lei nº 10/2017 de 1 de Agosto e o respectivo Regulamento do Estatuto

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Geral dos Funcionários e Agentes do Estado (REGFAE), pelo Decreto nº 5/2018 de 26 de
Fevereiro, desta forma são revogados respectivamente a Lei nº 14/2009, de 17 de Março
(EGFAE) e o seu Regulamento (REGFAE), Decreto 62/2009 de 8 de Setembro.

O Diploma Ministerial nº 49/2018 de 23 de Maio, define os critérios de operacionalização dos


actos administrativos relativos a progressão, promoção e mudanças de carreiras no âmbito das
medidas de contenção de despesas públicas. Com a Lei nº 1/2018 de 12 de Junho foi aprovada a
Lei Revisão da Pontual Constituição da Republica de Moçambique, com o objectivo de ajustar a
CRM ao processo de consolidação da reforma democrática do Estado, ao aprofundamento da
democracia participativa e a garantia da paz, reiterando o respeito aos valores e princípios da
soberania e da unidade do Estado. No nº 2 do artigo 8 da CRM DE 2018, reitera-se o Estado
orienta-se pelos princípios da descentralização e de subsidiariedade. Essa alteração da
constituição permitiu um aprofundamento da democracia, pois pela primeira vez em 2019 houve
eleição dos governadores provinciais, que anteriormente eram nomeados.

2.6. Os Pressupostos, Determinantes e Objectivos da Modernização


Administrativa no quadro da Reforma do Sector Público
Os pressupostos da modernização da administração pública são a criação de uma estrutura
normativa necessária à adequação da administração ao novo quadro institucional e o
desenvolvimento de acções de formação e selecção com o objectivo de profissionalizar a Função
Pública e de institucionalizar mecanismos de controlo do mérito técnico-profissional e do
cumprimento das regras éticas e deontológicas por parte dos funcionários.

Os objectivos da modernização da Administração Pública são:


a) Melhorar os níveis e qualidade de prestação directa de serviços aos cidadãos passando a
considerá-los como clientes, divulgando os seus direitos e melhorando as condições do
seu atendimento;
b) Reforçar o papel da AP enquanto agente da transformação da sociedade, criando
condições técnicas e organizacionais para a instituição de uma administração para o
desenvolvimento;

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c) Criar um melhor ambiente na ecologia administrativa, formando servidores, dignificando
o seu papel, promovendo maior justiça relativa, motivando e mobilizando para o processo
de mudança;
d) Contribuir para a melhoria da imagem da Administração Pública e dos servidores,
superando gradualmente a imagem generalizada de que os funcionários são 'burocratas,
desinteressados e incompetentes', portanto, são obstáculos ao processo de modernização
da sociedade;
e) Promover a elevação dos níveis de eficiência e qualidade dos serviços e assegurar a
redução dos custos administrativos, permitindo que se faça mais e melhor, mas de
maneira diferente, com novos processos, se possível com redução de custos.

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III. Conclusão
Após a elaboração do presente trabalho conclui-se que Administração Pública é o conjunto de
órgãos, os agentes e a actividade concreta do Estado, que satisfaz as necessidades colectivas em
forma directas, contínua e permanente, e com sujeição ao ordenamento jurídico.

As Fases da Evolução da Administração Pública em Moçambique: Período de vigência do


sistema colonial: (entre 1884/5 a 1975); Período da Administração Pública pós independência:
Estado Socialista e Centralizado (entre 1975 e 1987); Período de adopção e implementação do
modelo de Estado Democrático e Descentralizado: entre (1987 a 2001); Período de
Democratização e Modernização/Reforma Administrativa: entre (2001 a 2011) e a ultima,
Período de aprofundamento da democracia participativa: entre 2011 à Actualidade. A
administração pública em Moçambique esta estruturada em três níveis de governo: Os Órgãos
Centrais representados pelos ministérios e agências nacionais; Os Órgãos Locais do Estado
representados pelos governos provinciais e distritais, e Os Órgãos do Poder Local representados
pelas autoridades municipais.

E é importante salientar que O país a cada dia que passa novos desafios se revelam urgindo a
necessidade de satisfaze-los, por vezes as soluções dependem da maquina administrativa que
nem esta sempre a altura do desafio. Pelo que, é importante inovar sempre e,na medida do
possível actualizar os regulamentos com vista as situações a curto, médio e longo prazo.

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IV. Referencias bibliográfica
 EGFAE, Lei nº 1072017 de 1 de Agosto.
 Abrahamsson, H; Nilsson, A. (1995). Mozambique: the trouble transition. From socialist
construction to free market capitalism. London: Zed Books.
 Mazula, A. (1998). Quadro institucional dos direitos municipais. In: Mazula Aguiar et,
al. Autarquias locais em Mocambique: antecedentes e regime jurídico. Lisboa-Maputo:
Ed.UEM.
 Nyakada. V. P. (2008). Lógica Administrativa do Estado Moçambicano (1975-2006).
Brasília. Disponível na internet em: https://core.ac.uk/download/pdf/33530538.pdf.
 ROCHA, Aurélio. Moçambique Historia e Cultura, Textos Editores, Moçambique, 2001.

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