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Universidade Católica de Moçambique


Instituto de Educação à Distância

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM MOÇAMBIQUE

Bul Raiva – 000103197082000188338

Curso: Administração Pública


Disciplina: Teoria Gral da Administração Pública
Ano de Frequência: 1º Ano -Turma ‟B”

Nampula, Outubro, 2020


II2

1.1.Critérios de avaliação (disciplinas teóricas)

Classificação
Categorias Indicadores Padrões Nota
Pontuação
do Subtotal
máxima
tutor
 Índice 0.5
 Introdução 0.5
Aspectos
Estrutura  Discussão 0.5
organizacionais
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização
(Indicação clara do 2.0
problema)
Introdução  Descrição dos
1.0
objectivos
 Metodologia adequada
2.0
ao objecto do trabalho
 Articulação e domínio
do discurso académico
Conteúdo (expressão escrita 3.0
cuidada, coerência /
Análise e coesão textual)
discussão  Revisão bibliográfica
nacional e internacional
2.0
relevante na área de
estudo
 Exploração dos dados 2.5
 Contributos teóricos
Conclusão 2.0
práticos
 Paginação, tipo e
Aspectos tamanho de letra,
Formatação 1.0
gerais paragrafo, espaçamento
entre linhas
Normas APA
Referências  Rigor e coerência das
6ª edição em
Bibliográfica citações/referências 2.0
citações e
s bibliográficas
bibliografia
3III

Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor

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Índice

Introduçao................................................................................................................................5

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM MOÇAMBIQUE.....6

1.Conceitos Básicos................................................................................................................6

1.1.Administração Pública......................................................................................................6

1.2.Reforma.............................................................................................................................7

2.Evolução histórica da Administração Pública em Moçambique..........................................7

2.1. A Administração Pública no periodo colonial................................................................9

2.2.A Administração Pública Pós Independência Nacional.................................................11

2.1.1.Antecedentes da Reforma do Estado em Moçambique................................................13

2.2.A Administração Pública moçambicana a Luz da Constituição de 1990.......................13

2.3.Administração Pública em Moçambique à luz da Constituição de 2004........................13

3.A administracao pública do amanha..................................................................................14

Conclusões............................................................................................................................15

Referências Bibliográficas....................................................................................................16
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Introduçao

A Administração Pública de qualquer país e de qualquer época tem como finalidade


fundamental satisfazer, através dos seus órgãos e serviços, as necessidades colectivas das
respectivas populações.  

O presente trabalho de campo tem como finalidade identificar os principais percursos de


organização e funcionamento da administração pública moçambicana, especificamente a
mesma pretende diagnosticar a função pública moçambicana, analisar as disfunções funcional
a partir da Estratégia Global da Reforma do Sector Público e perspectivar uma administração
pública que busca os seus fundamentos no modelo gerêncial.
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EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM MOÇAMBIQUE

1.Conceitos Básicos

1.1.Administração Pública

Freitas do Amaral (2006), define a Administração Pública em sentido orgânico


como sendo “um sistema de órgãos, serviços e agentes do Estado bem como das
demais pessoas colectivas públicas, que asseguram em nome da colectividade a
satisfação regular e continua das necessidades colectivas de segurança, cultura e
bem-estar”

Segundo o mesmo autor, Administração Pública é a actividade típica dos serviços


públicos e agentes administrativos no interesse geral da colectividade, com vista a
satisfação regular e continua das necessidades colectivas de segurança, cultura e
bem-estar, obtendo para o efeito os recursos mais adequados e utilizando as formas
mais convenientes”.

No entendimento do Governo de Moçambique e como definido no seu Plano Estratégico de


Desenvolvimento da Administração (PEDAP, também conhecido por ERDAP, 2011-2025
a Administração Pública é “um conjunto de órgãos, serviços e funcionários e agentes
do Estado, bem como das demais pessoas colectivas públicas que asseguram a prestação de
serviços públicos ao cidadão” (MAE, 2011).

A Administração Pública é entendida num duplo sentido: sentido orgânico e sentido


material. No sentido orgânico, a administração pública é o sistema de órgãos, serviços e
agentes do Estado e de outras entidades públicas que visam a satisfação contínua das
necessidades colectivas.

No sentido material, a Administração Pública é a própria actividade desenvolvida por aqueles


órgãos, serviços e agentes do Estado. Em outras palavras, a Administração Pública é dotada
de poderes que se constituem em instrumentos de trabalho.

Em Moçambique, a administração pública, através dos respectivos serviços públicos é o


instrumento através do qual o estado materializa a vontade dos cidadãos. Com efeito, os
artigos 249 e 250 da CRM, e respectivos números, estabelecem que a administração pública
serve o interesse público e na sua actuação respeita os direitos e liberdades fundamentais dos
cidadãos.
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Por seu turno, o Decreto no. 30/2001, de 15 de Outubro, define no seu artigos 5 e 6 os
princípios de actuação dos serviços da administração pública, dos quais se pode destacar o
princípio da prossecução do interesse público e protecção dos direitos e interesses dos
cidadãos; e o princípio de justiça e de imparcialidade.

1.2.Reforma

O tema da reforma administrativa em Moçambique adquiriu centralidade crescente no debate


sobre as condições para o enfrentamento dos problemas estruturais e das fragilidades
institucionais da gestão pública, caracterizada por uma burocracia excessiva e inoperante,
pouco flexível e dinâmica, e, sobretudo, pela necessidade de ampliação da presença e
representação do Estado ao nível das comunidades locais.

As reformas do século XIX, assentaram fundamentalmente na abolição do patrocínio e na


substituição do recrutamento pelo exame competitivo sob supervisão de um conselho de
examinador central; na reorganização do pessoal do gabinete central dos departamentos em
uma ampla classe para lidar com trabalho mecânico e intelectual respectivamente.

Reforma é o nome que se dá a uma mudança de forma(esta entendida no sentido amplo), uma


modificação na forma, na natureza ou no tamanho de algo, a fim de aprimorá-lo.

Reforma (construção): acção, ato ou efeito de reformar, mudar a forma (em sentido amplo)
de uma construção ou edificação.

Reforma, é um conjunto de acções de carácter transversal ou horizontal e processos de


mudanças que devem ser empreendidos para que os serviços públicos prestados nos diferentes
sectores sejam melhorados e a sua implementação é da responsabilidade dos próprios
sectores. (EGRSP, 2001 - 2011).

2.Evolução histórica da Administração Pública em Moçambique

O processo evolutivo da Administração Pública moçambicana, busca os seus alicerces nas


várias fases da presença Portuguesa e do jugo colonial iniciado nos finais de século XV
(1498). Importa destacar a descoberta de Vasco da Gama e a sua posterior fixação no litoral
de Moçambique, inicialmente como mercadores (efectuando trocas comerciais) e mais tarde
como efectivos colonizadores.
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A primeira forma de ocupação foi a fundação de feitorias quer para a pratica do comercio,
quer para a defesa de ataques árabes e dos chefes locais rebeldes, em Sena (1530, Tete. 1537 e
Quelimane, 1544. No século XVI tiveram contactos com os chefes dos impérios de Mutapa e
Marave. Assim, a colonização de Moçambique foi feita em três fases distintas:

a) Período do Ouro: XIV-XVII

Os portugueses fixaram-se no litoral de Moçambique, primeiro como mercadores e depois


como colonizadores efectivos. A fixação fez-se primeiro no litoral: Sofala em 1505, na Ilha de
Moçambique em 1507. Em 1530 e 1537 penetraram no vale do Zambeze e fundaram Sena e
Tete respectivamente e em 1544 fundaram Quelimane. Em 1607 obtiveram do muenemutapa
reinante a concessão de todas as minas de ouro do Estado vigente na altura.

b) b) Período do Marfim: XVII-XIX

Com as revoltas ocorridas em 1693 foi gradualmente abandonada a produção do ouro e os


mercadores passaram a interessar-se mais pelo marfim.

c) c) Período dos escravos: XVII-XIX

De 1750-60 até 1836 a procura de escravos superou a procura de ouro e marfim. Os escravos
eram vendidos aos franceses para as plantações de cana do açúcar e café nas ilhas
Mascarenhas no Indico e numa segunda fase começaram a ser enviados para o Brasil, S.
Tomé, Cuba, América do Norte, Comores e Madagáscar.

A penetração colonial na maior parte do território de Moçambique foi feita através de


Companhias as quais ocupavam cera de 2/3 do território. Portugal não conseguiu ocupar,
dominar e administrar sozinho o país. Assim, a administração do território foi atribuída em
1892 à Companhia de Moçambique que compreendia uma área de 134.822 km2 limitada entre
o rio Zambeze (norte e noroeste) e o paralelo 22º (sul) e entre o Indico (este) e a Rodésia do
Sul (oeste). Esta concessão durou cerca de 45 anos (1897-1942)

Segundo Nyakada (2008) a lógica da Administração Pública apresenta-se disposta da seguinte


forma:

(i) No periodo colonial assistia-se a um sistema de administração com marcas


iminentemente patrimoniais,
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(ii) No período após independência e antes da assinatura do Acordo Geral da Paz, a


Administração Publica era marcadamente burocrática,

(iii) Nos nossos dias, tem se visto o desencadear de uma série de reformas convindo
tornar a Administracao Pública menos onerosa e mais eficiente, reformas estas que
são uma marca da Nova Gestão Pública ou Administração Gerencial.

2.1. A Administração Pública no periodo colonial

O Governo de Portugal iniciou o processo de delimitação do território de Moçambique depois


da realização da Conferência de Berlim que decorreu no período de 15 de Novembro de 1884
a 26 de Fevereiro de 1885. A partir deste período tiveram lugar conversações entre Portugal e
outras potências coloniais interessadas na colonização do continente africano as quais só
terminaram a 29 de Julho de 1869 com a delimitação das actuais fronteiras de Moçambique
desta forma a ocupação efectiva do território sob a forma de colónia.

Após a delimitação das fronteiras a organização administrativa da colónia acomodou duas


estruturas de administração territorial, nomeadamente a estrutura administrativa colonial e a
estrutura de administração tradicional.

A administração tradicional implicou o estabelecimento de regras de submissão à autoridade


colonial mantendo-se contudo a natureza matriarcal ou patriarcal na respectiva linhagem
conforme os usos e costumes das regiões do País.

No período que decorreu desde o inicio da ocupação efectiva até aos anos 60 Moçambique era
designado por colónia de Moçambique. A partir deste período passou a designar-se província
de Moçambique e nos anos 70 passou a designar-se por Estado de Moçambique. Em todas as
fases o governo colonial Português caracterizou-se por uma postura centralizadora do
processo decisório e as relações com as designadas províncias ultramarinas eram
estabelecidas através do Ministério das Colónias e mais tarde Ministério do Ultramar.

No processo de organização da administração pública Portuguesa podem distinguir-se quatro


fases que influenciaram a administração pública em Moçambique no período anterior à
independência nacional:

a) Até 1820, vigorava a Administração da Monarquia tradicional caracterizada por


indiferença entre a administração e a justiça. Assim, havia concentração no monarca
das funções de administração e de justiça, fraca intervenção da administração na vida
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económica, cultural e social da nação e atribuição de grande importância à


administração municipal, forte carácter discricionário na actuação da administração, o
que caracterizava uma Administração Pública Centralizada.

b) O período de 1820 a 1926, que incluiu as fases da Monarquia Liberal e da 1ª.


República caracterizou-se por uma administração liberal, pois ocorreu o processo de
separação entre a administração e a justiça, o reforço das garantias dos cidadãos
consagradas nas sucessivas constituições e cartas constitucionais, na criação do
Conselho do Estado em 1845 e do Supremo Tribunal Administrativo em 1870, na
extensão da administração municipal e no abstencionismo do Estado e da
Administração em matérias económicas, culturais e sociais. Neste período deu- se
mais ênfase na descentralização da Administração Pública.

c) Entre 1926 e 1974, na fase do Estado Novo, Portugal adoptou a Administração


Corporativa caracterizada pela separação entre a administração e a justiça, o reforço da
administração central em detrimento da administração municipal, intervenção
crescente da administração na vida económica e social, diminuição das garantias dos
particulares em todas as matérias, por imperativos ideológicos, políticos e económicos,
e o incremento do autoritarismo político ideológico do Estado. Neste deu-se primazia
à centralização da administração pública.

d) Em Dezembro de 1933, o governo colonial Português introduziu através do Decreto nº


23.229/33, de 15 de Novembro de 1933, uma reforma administrativa para as colónias,
que ficou conhecida por Reforma Administrativa Ultramarina (RAU). A RAU tinha
por objectivo a regulação e controle da organização e funcionamento da administração
pública nas colónias.

e) Com o golpe de Estado ocorrido a 25 de Abril de 1974, inicia a 2ª. República,


caracterizada administração social e económica. O Estado nesta fase é caracterizado
pela separação das funções administrativa e jurisdicional, pelo reforço da
administração local, pelo incremento do poder intervencionista do Estado na economia
e pelo restabelecimento dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos na
constituição. Neste período foi incrementada a descentralização da Administração
Pública.
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2.2.A Administração Pública Pós Independência Nacional

Com a proclamação da independência nacional a 25 de Junho de 1975, nasceu a República


Popular de Moçambique, e entrou em vigor a nova Constituição da República Popular de
Moçambique (RPM). Esta definia Moçambique como um Estado de Democracia Popular,
onde o Poder pertencia aos operários e camponeses unidos e dirigidos pela FRELIMO.

O Artigo 3 da Constituição definia que “A FRELIMO traça a orientação política básica do


Estado e dirige e supervisa a acção dos órgãos estatais a fim de assegurar a conformidade da
política do Estado com os interesses do povo”.

O Artigo 4 estabelecia que a nova administração pública a instalar tinha por objectivos “a
eliminação das estruturas de opressão e exploração coloniais e tradicionais e da mentalidade
que lhes está subjacente”.

O Conselho de Ministros da República Popular de Moçambique, na sua 1ª. Sessão após a


proclamação da independência (de 9-25 de Julho de 1975), analisou e identificou as
características do Estado colonial implantado em Moçambique e concluiu que o mesmo
estava orientado para as cidades e para a população das zonas urbanas. Para inverter esta
situação, revolucionarizar o aparelho de Estado era uma das tarefas fundamentais do Governo
o que impunha uma mudança radical que pusesse o Estado ao serviço das massas operárias e
camponesas.

Para atingir novos objectivos, era necessário empreender uma profunda transformação dos
métodos de trabalho e de estruturação do aparelho do Estado, a fim de proporcionar a criação
de novos esquemas mentais e regras de funcionamento. A administração pública devia ser um
instrumento para a destruição de todos os vestígios do colonialismo e do imperialismo, para a
eliminação do sistema de “exploração do homem pelo homem”, tanto para a edificação da
base política, material, ideológica, cultural e social da nova sociedade”.

Para isso, foi aprovado o primeiro instrumento normativo para organizar a Administração
Pública, o Decreto nº. 1/75 de 27 de Julho, que definia as principais funções e tarefas do
Aparelho de Estado Central.

Com base no Centralismo Democrático, os Órgãos Centrais do Aparelho de Estado deveriam


aplicar os seguintes princípios:
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1. Unidade e concentração da direcção política, económica, técnica e administrativa no


dirigente e sua responsabilização individual, combinada com a participação colectiva
dos trabalhadores na tomada, execução e controlo de decisões;

2. Direcção e planificação unitárias da economia e da actividade social do Estado;

3. Desenvolvimento, protecção e plena utilização da propriedade estatal;

4. Orientação e apoio ao desenvolvimento planificado do sector cooperativo em recursos


humanos, técnicos e materiais;

5. Integração e controlo da actividade do sector privado no quadro da política de


desenvolvimento do País;

6. Observância permanente da legalidade;

7. Participação organizada das massas nas tarefas estatais;

8. Participação na preparação, execução e controlo das decisões da Assembleia Popular,


bem como no trabalho das suas comissões;

9. Promoção da crítica e auto-crítica, da aplicação de estímulos materiais e de avanços


tecnológicos como instrumentos de melhoria da organização, estilo e métodos de
direcção e trabalho, bem como de elevação da produção e da produtividade;

10. Dupla subordinação dos órgãos locais do Aparelho de Estado e promoção da iniciativa
local do aparelho estatal e instituições subordinadas, elevando-se a sua
responsabilidade e disponibilidade em meios para a realização de tarefas estatais;

11. Participação nas tarefas de defesa e segurança e vigilância popular; e

12. Manter relações económicas, científicas, técnicas e culturais internacionais como


implementação dos princípios definidos na Constituição, das decisões do Partido
FRELIMO e dos órgãos superiores do Estado.

Com a proclamação da Independência Nacional em Moçambique, a Administração Pública


associou-se ao modelo socialista, para suprir a necessidade da máquina administrativa, com a
escassez de mão-de-obra qualificada e neste contexto foram recrutados muitos moçambicanos
para integrarem o Aparelho do Estado, outros para gerirem empresas que haviam sido
abandonadas pelos respectivos proprietários.
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Um movimento similar de transformações seguiu-se nos anos 80, que culminou com a
realização do IV Congresso da Frelimo, em Abril de 1983, dando um marco importante para a
mudança do sistema político de governação e a substituição do modelo de desenvolvimento
com base na economia planificada para a economia de mercado em Moçambique.

2.1.1.Antecedentes da Reforma do Estado em Moçambique

Com a proclamação da independência, em 25 de Junho de 1975 e a adopção do modelo


socialista, a Aministração Pública teve que se adequar para responder a necessidade de uma
máquina administrativa que se ajustasse aos interesses nacionais no quadro do cumprimento
dos objectivos de desenvolvimento e para o cumprimento das Directivas Económicas e
Sociais do III Congresso da Frelimo, realizado em Fevereiro de 1977.

Como consequência da fuga de um número significativo de colonos, o Governo da República


Popular de Moçambique teve que tomar medidas rápidas e profundas para manter a
organização e funcionamento do Estado aos vários níveis. Assim, foram recrutados muitos
Moçambicanos para integrarem o Aparelho do Estado e outros para gerirem empresas que
haviam sido intervencionadas devido ao abandono das mesmas pelos respectivos
proprietários.

2.2.A Administração Pública moçambicana a Luz da Constituição de 1990

A revisão da Constituição teve um marco importante, com a sua aprovação em 30 de


Novembro de 1990 o que terá trazido várias modificações no seio da Administração Pública,
porque foi nesse período em que o sistema de economia centralmente planificado conheceu os
seus últimos momentos, marcando nova era do pluralismo político e da economia do mercado
em Moçambique.

Após as primeiras eleições gerais e multipartidárias em 1994, o Governo saído vencedor


(Frelimo) deu iniciam ao processo de reconstrução nacional, face as consequências funestas
trazidas pela guerra civil que durou dezasseis anos, daí que as eleições multipartidárias
trouxeram uma mudança política significativa no contexto da democratização em
Moçambique, dando uma efectiva implantação de um Estado de Direito.

2.3.Administração Pública em Moçambique à luz da Constituição de 2004

A Constituição da República de Moçambique de 2004, passou a ser constituído pelo Conselho


de Ministros, da qual o Presidente da República é quem preside, seguido do Primeiro-Ministro
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e outros Ministros. No entanto podem ser convocados para participar em reuniões do


Conselho de Ministros os Vice-Ministros e os Secretários de Estado e que na sua actuação, o
Conselho de Ministros observa as decisões do Presidente da República e as deliberações da
Assembleia da República.

Das tarefas encarregues ao conselho de Ministros destacam-se:

 Assegurar a Administração do País;


 Garantir a integridade territorial;
 Velar pela Ordem Pública, Segurança e estabilidade dos cidadãos;
 Promover o desenvolvimento económico e social;
 Desenvolver e consolidar a legalidade e realizar a política externa do país.

Em suma a Administração Pública a luz da Constituição de 2004, tem em primazia servir os


interesses públicos e na sua actuação respeita os direitos e liberdades fundamentais dos
cidadãos. Igualmente os órgãos da Administração Pública obedecem à Constituição e à lei,
baseando pelos princípios de igualdade, imparcialidade, ética e justiça patente no art. 249 da
Constituição da República de Moçambique.

3.A administracao pública do amanha

 Melhorar a qualidade da prestação de serviços aos cidadãos, divulgando os seus


direitos e melhorando as condições do seu atendimento;

 Reforçar o papel da Administração Pública enquanto agente de transformação da


sociedade, criando condições técnicas e organizacionais para a instituição de uma
administração para o desenvolvimento;

 Alterar a imagem da Administração Pública, através da melhoria do ambiente de


trabalho, da formação contínua dos seus funcionários e da dignificação do seu papel;
 Reduzir os custos administrativos, através da elevação dos níveis de eficiência e
qualidade de serviços;
 Promover a coordenação da construção e reabilitação de infra-estruturas da
administração dos distritos e postos administrativos;
 Consolidar o processo da reforma dos órgãos locais, através da formação e/ou
capacitação dos funcionários das autarquias locais.
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Conclusões

Desta elaboração pode-se concluir que apesar de esforços e vontade política do Governo de
Moçambique, ainda persistem muitos problemas de organização e do funcionamento da
Administração Pública que constituem autênticos desafios de momento e para os próximos 14
anos. Estes podem ser agrupados em problemas estruturais e funcionais.

Para fazer face a esta situação o Governo aprovou uma estratégia de longo prazo, a Estratégia
de Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública 2012-2025 (ERDAP), com
objectivo fundamental de continuar com as reformas, de forma mais integrada nas actividades
do sector público

Tendo em conta as conclusões desta pesquisa pode-se recomendar que as organizações


públicas deveriam definir estratégias sectoriais mais adequadas e de forma participativa para
realização dos objectivos que se propõem ou que devem realizar, de acordo com a sua missão,
baseadas na Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública (ERDAP)
2012-2025, que constitui o documento orientador deste processo no País.

Por outro lado, as estratégias a adoptar pelas organizações públicas devem estar alinhadas
com as necessidades e prioridades do cidadão, assegurando ao mesmo tempo a eficiência e
eficácia no uso dos escassos recursos públicos postos à sua disposição.
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Referências Bibliográficas

Amaral, DF. (2006). Curso de Direito administrativo. Volume I.3ª Ed. Coimbra, Portugal.

CHICHAVA, J. A da C, (2002), “Nota Introdutória” in ABC do SIFAP: O SIFAP na


Formação e Desenvolvimento dos Funcionários Públicos, Maputo, Ministério da
Administração Estatal.

Chichava, J. A. Da C., Evolução da Administração Pública.

Comissão Interministerial da reforma do Sector Público (CIRESP). 2001. Maputo,


Moçambique.

Constituição da República aprovada em 1990

Constituição da República aprovada em 1994

Constituição da República aprovada em 2004

Decreto no. 30/2001, de 15 de Outubro

Estratégia de Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública 2012-2025 (ERDAP).


Ministério da Função Pública. 2012. Ma

Nyakada (2008), Administração Pública.

República de Moçambique. 2001. Estratégia Global da Reforma do Sector Público 2001-


2011.

República de Moçambique. 2006. Programa da Reforma do Sector Público -II Fase (2006-
2011). Autoridade nacional da Função Pública. Maputo, Moçambique.

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