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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

Análise reflexiva e comparativa do estado moçambicano à luz das teorias sobre a


construção do estado

Nome: António Cláudio Trinta; Código: 708208961

Curso: Licenciatura em administração pública


Disciplina: Ciência política e boa governação
Ano de Frequência: 4º
Turma: A
Tutor: Carlos Magode Sale

Nampula, Abril de 2023


Critérios de avaliação

Classificação
Categorias Indicadores Padrões
Nota
Pontuação
do Subtotal
máxima
tutor
 Índice 0.5

 Introdução 0.5
Aspectos
Estrutura
organizacionais  Discussão 0.5
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização
(Indicação clara do 2.0
problema)

Introdução  Descrição dos


1.0
objectivos

 Metodologia adequada
2.0
ao objecto do trabalho
 Articulação e domínio
Conteúdo do discurso académico
(expressão escrita 3.0
cuidada, coerência /
Análise e coesão textual)
discussão  Revisão bibliográfica
nacional e
2.0
internacional relevante
na área de estudo
 Exploração dos dados 2.5
 Contributos teóricos
Conclusão 2.0
práticos

 Paginação, tipo e
Aspectos tamanho de letra,
Formatação 1.0
gerais parágrafo, espaçamento
entre linhas

Normas APA
 Rigor e coerência das
Referências 6ª edição em
citações/referências 2.0
Bibliográficas citações e
bibliográficas
bibliografia
Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor

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Índice
Introdução ................................................................................................................................... 3

1. Análise reflexiva e comparativa do estado moçambicano à luz das teorias sobre a


construção do estado ................................................................................................................... 4

1.1 Os aspectos gerais da ciência política................................................................................... 4

1.1.1 Conceitos da ciência, política e ciência política ................................................................ 4

1.1.2 Objecto de estudo da ciência política ................................................................................ 5

1.1.3 Breve história da ciência política....................................................................................... 6

1.1.4 Conceito, funções e formas do Estado............................................................................... 8

1.1.4.1 Conceito de Estado ......................................................................................................... 8

1.1.4.2 Formas do Estado ........................................................................................................... 9

1.1.4.3 Fins e Função do Estado ............................................................................................... 11

1.1.5 Regimes e sistemas políticos e partidos políticos ............................................................ 11

1.2 Quadro de análise reflexiva e comparativa do estado moçambicano à luz das teorias sobre
um estado .................................................................................................................................. 13

Conclusão ................................................................................................................................. 15

Referências bibliográficas ........................................................................................................ 16


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Introdução
 Contexto e Tema de estudo
Sabe-se que sem política não há solução para um estado. Desta feita, este trabalho da
disciplina de Ciência Política e Boa Governação intitulado “Análise reflexiva e comparativa
do estado moçambicano à luz das teorias sobre a construção do estado” traz uma abordagem
voltada para a construção da governação em Moçambique tendo em conta com as teorias
sobre a construção do estado.
 Objectivos
O trabalho tem como objectivo geral assimilar e consolidar os conhecimentos sobre o
conceito de ciência política, seu objecto de estudo, suas teorias modernas, conceito de estado,
elementos do estado, funções do estado, regime político, sistema político, entre outros. Para
concretizar esse objectivo decidiu-se definir os seguintes objectivos específicos: Definir os
conceitos de ciência, política, ciência política e Estado; Identificar o objecto de estudo da
ciência política; Explicar as funções e formas do Estado; Explicar a evolução da ciência
política identificando as fases e representantes de cada fase; Identificar os regimes e sistemas
políticos e partidos políticos; Esboçar o quadro resumo das características do estado
moçambicano sob olhar das teorias sobre a construção do estado.
 Justificativa
A pertinência deste trabalho surge na medida em que o mesmo vai-nos permitir a adquirir
conhecimentos sobre as características da política moçambicana em termos de partilha de
autoridade/poder; elementos, funções e formas do estado; Regime político, Sistema político; e
partidos políticos.
 Metodologia
A metodologia empregada na elaboração deste trabalho é a pesquisa bibliográfica que
consistiu na leitura e síntese de informações contidas em diversas obras de Ciência Política e,
isso foi possível através de livros da biblioteca Santa Cruz (Nampula Cidade), obras em PDF
da internet e manual de Ciência Política e boa governação da UCM-CED.

 Estrutura
O trabalho está organizado em duas partes: parte pré-textual que engloba capa, folha de
feedback dos tutores, índice; e a parte textual que contém a introdução, desenvolvimento,
conclusão e referências bibliográficas. Importa destacar que a parte central desse trabalho está
inserida nas páginas 13 e 14 que traz uma análise reflexiva e comparativa do estado
moçambicano à luz das teorias sobre um estado.
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1. Análise reflexiva e comparativa do estado moçambicano à luz das teorias sobre a


construção do estado
1.1 Os aspectos gerais da ciência política
1.1.1 Conceitos da ciência, política e ciência política
 Ciência
O conceito de ciência, como veremos a seguir, é diverso. Segundo Telles (1997),
etimologicamente, o termo ciência deriva do verbo em latim Scire, que significa aprender,
conhecer. Cunha (2006) refere que essa definição etimológica, contudo, é insuficiente para
distinguir ciência de outras actividades também relacionadas com o aprendizado e o
conhecimento.

Um outro conceito de ciência diz que ela se identifica com um conjunto de procedimentos que
permite a distinção entre aparência e essência dos fenómenos perceptíveis pela inteligência
humana.

Segundo Trujillo (1974, p.08, cit. em Lakatos, 2011), “a ciência é todo um conjunto de
atitudes e actividades racionais, dirigidas ao sistemático conhecimento com objecto limitado,
capaz de ser submetido a verificação” (p.22).

Enquanto Fachin (2017), define a ciência como “progresso permanente de acumulo de


conhecimentos sobre algo e de acções racionais, sistemáticas, exactas e verificáveis, capazes
de transformá-las”.

Uma outra definição de ciência encontra-se em Marconi e Lakatos (2011) que consideram
ciência como uma sistematização de conhecimentos, um agrupamento de preposições
logicamente relacionados sobre o comportamento de determinados fenómenos que se
pretendem estudar.
 Política
Para muitas pessoas, essa palavra evoca imagens de campanhas eleitorais, partidos,
propagandas, poluição visual às vésperas de eleição. Outros podem lembrar-se da actuação de
políticos profissionais, na maioria das vezes, maus políticos. Isto faz com que várias pessoas
tomem aversão a tudo o que diz respeito à política (Cunha, 2006, p.67).

Em sua definição clássica, o termo política emana do adjetivo politikós, originado de polis,
que se refere a tudo que se relaciona com a cidade, portanto ao urbano, público, civil.
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A obra de Aristóteles, A política, é considerada a primeira obra sobre este tema, pois introduz
a discussão sobre Estado e sobre as formas de governo (Aristóteles, 2008).

Para Cunha (2006), política modo pelo qual a sociedade, internamente dividida, discute,
delibera e decide em comum, ou seja, o modo pelo qual a sociedade expressa suas diferenças
e conflitos sem transformá-los em guerra.

De acordo com as definições acima podemos afirmar que hoje, principalmente ao conjunto de
actividades, que, de alguma maneira são atribuídas ao Estado moderno, ou que dele emanam.
Vale à pena, neste momento, nos perguntarmos, então, sobre o que é Estado? Qual sua
função? Como surgiu? A resposta a estas perguntas iremos dar no ponto 1.1.4, concretamente
na página 8.
 Ciência política
Telles (1997) afirma que “a ciência política é uma ciência social que tem um objecto e
método, estuda os factos ou acontecimentos políticos, não só os inerentes ao Estado mas em
todas outras vertentes, quer seja local, institucional, etc.” (p.47).

Segundo Ascensão (1993), “a ciência política é o campo das ciências sociais que estuda as
estruturas que moldam as regras de convívio entre as pessoas em agrupamentos. A ciência
política dedica-se a entender e moldar as noções de Estado, governo e organização política, e
pode estudar também outras instituições que interferem directa ou indirectamente na
organização política, como ONGs, Igreja, empresas etc” (p.43).

A ciência remete-nos a existência de um objecto e método, logo, a ciência política seria o


estudo dos fenómenos políticos (factos e acontecimentos políticos), guiando-se por um
método, como a observação, análise, comparação, sistematização, com vista a interpretar o
poder político. Portanto, é a ciência que estuda o poder político segundo o método científico.

De acordo com as etimologias das palavras ciência e política a ciência política seria o estudo
das coisas do estado.

1.1.2 Objecto de estudo da ciência política


Qualquer que seja a ciência, deve estar composta por um objecto. Fernandes (1995) considera
que a delimitação do objecto da ciência política foi influenciada pela tradição do pensamento
devotado ao estudo dos fenómenos políticos. A primeira e mais antiga tradição do
pensamento dos politicólogos envolve julgamentos de ordem ética ou religiosa.
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A partir do século XX, a ciência política viu alargar-se o seu objecto de estudo a todos os
domínios políticos, onde o poder se manifesta, sem contudo existir unanimidade de opinião
acerca da sua delimitação.

Alguns especialistas em ciência política circunscrevem o objecto da ciência política ao Estado


e outros ampliam-no à todas as manifestações de autoridade, transformando-a na ciência do
poder. Outros ainda circunscrevem-no à concepção intermédia, quer dizer, entre estes dois
extremos.

O estudo da ciência política não se limita ao Estado mas também aos fenómenos paraestatais,
interestatais, superestatais ou transestatais, pois, todos estes fenómenos políticos surgem em
referência ao Estado.

“A ciência política estuda todas as formas internas que lutam pela aquisição e exercício do
poder ou que procuram influenciá-lo para a satisfação dos seus interesses, e as forças
internacionais que influenciam ou tentam influenciar o comportamento do conjunto dos
órgãos que numa sociedade tem capacidade para obrigar os outros a adoptar certos
comportamentos” (Cunha, 2006, p.110).

Diante do exposto acima sobre objecto da ciência política podemos afirmar que não há
unanimidade entre os teóricos, sendo difuso. Alguns teóricos restringem o objecto de estudo
da ciência política ao Estado, outros defendem que o seu objecto é mais amplo, sendo o
poder, em geral, aquilo que deve ser estudado por essa área. Contudo, apesar da diversidade e
inovação de perspectivas em relação ao objecto de estudo, o posicionamento do autor deste
trabalho em relação ao assunto é que a ciência política tem como objecto o estado baseando-
se em sua perspectiva etimológica.

1.1.3 Breve história da ciência política


A história da ciência política está dividida em três períodos, a saber: antiguidade clássica,
idade média e idade moderna e cada um desses períodos tem suas características marcantes e
seus expoentes, como veremos ao longo deste trabalho.
 Ciência política na Antiguidade Clássica
A Ciência Política, entanto que ciência, com um objecto, método e analisar os fenómenos de
forma sistematizada, teve o seu início na Grécia Antiga. Foi Aristóteles o primeiro a fazer as
análises dos fenómenos políticos usando o método indutivo. Aristóteles idealizou 3 formas de
governo que na sua óptica seriam perfeitos: a monarquia, aristocracia e república. Foi
7

Aristóteles o primeiro a aceitar o pluralismo na sociedade, contrariamente a Platão (Simango,


s.d).

Platão considera que para o bom governo ele deve ser dirigido por um filósofo, pois, este
detém conhecimentos suficientes para dirigirem a sociedade. Estes governantes poderiam
trabalhar usando a sua sabedoria sem necessitar de Leis (Simango, s.d).

Para o estudo da Ciência Política, na Antiguidade Clássica, esses dois foram os que mais se
notabilizaram, sem, contudo, tirar mérito a outros estudiosos desta época.

 Ciência política na Idade Média


Santo Agostinho e São Tomás de Aquino foram os dois estudiosos, mais vulgares da Idade
Média que idealizaram a governação e os melhores regimes.

Estes dois estudiosos, os seus pensamentos foram bastantes influenciados pela ideologia
dominante nessa altura, que era a Teologia.

Santo Agostinho concebe duas cidades: cidade de Deus e terrena, em que elas estão em
permanente conflito com o objectivo de controlarem o mundo. A cidade de Deus, que para
Santo Agostinho é a ideal, vivem em conformidade com os mandamentos de Deus, enquanto
que a cidade terrena é o reino de satanáz (Simango, s.d, p.24).

São Tomás de Aquino considera que a origem do poder é divina mas ele pertence ao povo. O
povo pode transferir aos governantes. São Tomás de Aquino começa a admitir a democracia e
que vai ter as suas influências no futuro da Europa (Simango, s.d, p.24).

 Ciência política na idade moderna


A obra “O Príncipe” de Maquiavel é que introduz as concepções modernas da Ciência
Política. Este se preocupa com a manutenção do poder através da eficácia do governo. A
eficácia do governo deve-se reflectir na obediência dos seus cidadãos. Maquiavel não se
preocupa com as questões morais, daí que este tenha introduzido o método objectivo
(Simango, s.d.).

Bodin desenvolve a teoria da soberania. Considera que a soberania do Estado é o poder que
não tem igual internamente e não tem superior externamente (Simango, s.d, p.26).

Hobbes projecta a sociedade perfeita através da construção de um poder político forte.


Considera que na história da humanidade existem dois grandes estados: o estado da natureza e
8

o da sociedade. O estado da natureza é caracterizado pelos conflitos entre os homens e para se


passar para o estado da sociedade é necessário os homens abdicarem de uma parte dos seus
direitos a favor do Estado (Falcão, et al., s.d.).

Resumindo podemos dizer que o estudo da política surgiu na Grécia Antiga, quando
Aristóteles se dedicou a compreender e a definir as diferentes formas de governo. Desde
então, a política entrou em pauta e recebeu grande atenção de governantes e das respectivas
sociedades, pois a política está presente em toda relação humana. Embora a Ciência Política
tenha raízes muito antigas e tenha se consolidado há muito tempo na Europa e nos Estados
Unidos, constituindo departamentos próprios de estudos nas universidades, em Moçambique
ela é relativamente recente ainda. Fruto de um processo que começou a se desenvolver em
meados da década de 1980 após a independência celebrada em 1975.

1.1.4 Conceito, funções e formas do Estado


1.1.4.1 Conceito de Estado
Segundo Ascensão (1993), “Estado é uma nação politicamente organizada. Juridicamente, é
uma sociedade submetida à autoridade de um poder público soberano, proveniente do povo
que o organizou” (p.70).

Para Cunha (2006), o mesmo autor entende que o Estado é uma realidade necessária. É uma
das possíveis formas de organização da sociedade, ao lado de outras formas que existiram ao
longo da História (a tribo, os Impérios antigos, a polis grega, o clã).
a) Elementos do estado
Ascensão (1993) afirma que são três os elementos do Estado: Povo, Território e Soberania.
 Povo: é o conjunto dos nacionais (pessoas ligadas ao Estado). É o conjunto de pessoas
submetidas à ordem jurídica estatal, que compreende o nacional residente e o que está
fora dele.- Comunidade humana (Ascensão, 1993).
Para Machado (1996), População: é o conjunto de pessoas que reside num determinado
território. Ela é constituída pelos estrangeiros e apátridas e pelos nacionais residentes no
território nacional, excluindo, portanto, os nacionais que estejam emigrados.

Segundo Cunha (2006), “o conceito de Povo é político e o de população é meramente


económico ou estatístico. O Estado sem o elemento humano é impensável” (p.90).
 Território: é o elemento material, espacial ou físico do Estado. Sem o Território não
há Estado. Pode haver comunidades humanas politicamente organizadas que não são
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Estado, por exemplo, durante muito tempo a comunidade hebraica, que só em 1948
conseguiu estabelecer o Estado de Israel.
O Território é o espaço geográfico onde se exerce o poder do Estado.
Governo – é a organização necessária ao exercício do poder político (Machado, 1996).

Segundo Cunha (2006), “o Território compreende a superfície do solo e o subsolo terrestre,


que o Estado ocupa, o espaço aéreo, o mar territorial (a sua distância medida a parir da costa e
até às 12 milhas), a plataforma continental (constituída pelo leito do mar e pelo subsolo das
regiões marítimas) e a zona económica exclusiva (corresponde à faixa de mar situada até 200
milhas da costa-os Estados têm o direito exclusivo de explorar os recursos marítimos),
embaixadas e consulados” (p.112).

O território é a base física do Estado, onde a soberania é exercida.


 Soberania: é o poder de organizar-se juridicamente e de fazer valer dentro de seu
território a universalidade de suas decisões nos limites dos fins éticos de convivência.
O poder político do Estado é um poder soberano (Falcão, et al., s.d.). A Soberania manifesta-
se em duas vertentes:
+ Plano interno: pelo poder supremo do Estado sobre o povo e o território;
+ Plano externo: pelo poder independente e autónomo face aos restantes Estados da
Comunidade Internacional (Telles, 1997).

Para Machado (1996), o Estado cujo poder político é um poder supremo (na ordem interna e
poder independente (na ordem internacional).

Limitam a soberania os princípios de direito natural. O poder político soberano exerce-se


através de leis. O conceito de poder político, significa o poder exercido pelo Estado
(Ascensão, 1993).

Concluindo: nem todos os Estado são soberanos, por exemplo, os Estados Federados, caso
dos Estados Federados que integram os EUA, onde cada um deles tem a sua constituição, que
deverá respeitar a Constituição Federal. Assim, na ordem interna, o poder supremo reside no
Estado Federal. Estabelecer relações internacionais é competência do Estado Federal de
Washington, que representa o país na Comunidade internacional (Telles, 1997).

1.1.4.2 Formas do Estado


Forma de Estado é o modo de exercício do poder político em função do território.
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 Formas Puras e Formas Impuras


 Formas Puras:
i. MONARQUIA: governo de um só.
A Monarquia absoluta é o regime em que o soberano exerce o poder governamental em toda
sua plenitude (executivo, legislativo e judiciário), sem depender de qualquer assembleia).
Por exemplo, os Faraós do Egipto, os Reis da Pérsia.
ii. ARISTOCRACIA: governo de vários.
Para Falcão et al. (s.d.), Aristocracia significa etimologicamente, o governo dos melhores (de
aristos - excelente, óptimo – e de kratos – autoridade, império, poder)» (MARTÍNEZ). Liga à
casta, posse de riqueza.
iii. DEMOCRACIA: governo do povo.
O poder democrático não significa um poder exercido por todos os membros da comunidade,
o que seria impossível.

A característica do poder democrático está no facto de ser exercido ou consentido, por muitos.

Democracia directa é aquela em que o povo exerce, por si, os poderes governamentais,
fazendo leis, administrando e julgando (Cunha, 2006);

Democracia indirecta, chamada representativa, é aquela na qual o povo, fonte primária do


poder, não podendo dirigir os negócios do Estado directamente, em face da extensão
territorial, da densidade demográfica e da complexidade dos problemas sociais, outorga as
funções de governo aos seus representantes, que elege periodicamente (Cunha, 2006).

 Formas Impuras:
i. OLIGARQUIA: corrupção da aristocracia.
Para Telles (1997), é o regime político em que o poder é confiado a um número restrito de
pessoas.
Daí que, aos governos corrompidos, exercidos por falsas aristocracias, Aristóteles chamou de
“oligarquias” (Cunha, 2006).
ii. DEMAGOGIA: corrupção da democracia
iii. TIRANIA: corrupção da monarquia.
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1.1.4.3 Fins e Função do Estado


São funções ou actividades que o Estado, mediante os seus órgãos e agentes, desenvolve em
vista dos seus fins (Machado, 1996). Segundo Cunha (2006), classicamente considera-se a
existência de apenas três funções:

+ Legislativa (elaboração de leis);


+ Executiva ou Administrativa (execução das leis);
+Judicial (resolução de conflitos – decisão das questões litigiosas) (Cunha, 2006).
Actualmente, reconhece-se a quarta função do Estado, a Função Política (para garantir os fins
do Estado).

Princípio de separação de poderes: está presente em todos os Estados democráticos, tendo


sido proclamado na Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 (Telles, 1997).

Fins do Estado:
+ a garantia da segurança;
+ a realização da justiça; (Telles, 1997);
+ a promoção do bem-estar económico e social (alínea c, art.11/CRM 2004).

Segundo Cunha (2006), “o fim do Estado é assegurar a vida humana em sociedade. O Estado
deve garantir a ordem interna, assegurar a soberania na ordem internacional elaborar as regras
de conduta e distribuir a justiça” (p.114).

1.1.5 Regimes e sistemas políticos e partidos políticos


 Regimes políticos
Segundo Falcão et al. (s.d.), “um regime político é um conjunto de estruturas políticas que
compõem um estado” (p.21). Aristóteles é que fez a classificação dos regimes políticos, e
concluiu que existem 3 tipos de regimes políticos, a saber: a Monarquia, Aristocracia e
Democracia. Considerou que Monarquia é o regime em que só um é que exerce o poder,
Aristocracia em que o poder é exercido por alguns e a Democracia ao regime em que o poder
é compartilhado por todos os cidadãos. O mesmo estudioso considera que estes 3 regimes
concorrem para a satisfação do interesse geral. Mas eles podem degenerar em Tirania,
Oligarquia e Demagogia caso a sua acção seja feita para os seus próprios interesses
descurando o interesse geral.

 Sistemas Políticos
12

Na sua acepção geral, considera-se um sistema a um conjunto de elementos interdependentes,


ligados entre si por relações, tais que, se uma delas é modificada, as outras também o são e,
consequentemente, todo o conjunto é afectado. O sistema político refere-se a qualquer
conjunto de instituições, grupos ou processos políticos caracterizado por um certo grau de
interdependência recíproca. Portanto, o homem como um animal social, está sempre
envolvido numa multiplicidade de relações, em virtude das quais ele condiciona os seus
próprios semelhantes e é por este condicionado (Simango, s.d, p.42).

Em qualquer agrupamento social há, por isso, duas componentes fundamentais: de um lado os
indivíduos singulares e, do outro, as relações que caracterizam a convivência recíproca dos
indivíduos. Portanto, não se pode resumir sistemas políticos ao Estado, pois, ele não se
confunde à estrutura do aparelho do Estado (Simango, s.d, p.43).

Diante do exposto acima sobre regime e sistema político podemos concluir que sendo a forma
de governo a abstracção que inspira as normas que compõem o sistema, e este a base que
regula o modo efectivo de exercício do poder, expresso no regime, estas atribuições se
dividem em diferentes categorias. São três os regimes e muitos os sistemas, entre os quais o
nosso país aposta no regime democrático.

 Partidos Políticos
A palavra “partido” é originária do latim - pars, partis - a parte, o fragmento, o pedaço. Diz-
se duas partes, dois terços; três partes, três quartos; nove partes, nove décimos; in partem
a/eis reivenire, chegar a ter parte, parte em alguma coisa. Um todo, portanto, se compõe de
partes. Com essa conceituação latina se transferiu para as línguas ocidentais: parti, em
francês; partido, em espanhol e português; party, em inglês; Partei, em alemão.

Simango (s.d) considera Partido Político toda associação duradoura de cidadãos ou entidades
em que estes se agrupam, visando representar politicamente e participar no funcionamento do
sistema de governo constitucionalmente instituído, para o efeito contribuindo para a
designação dos titulares dos órgãos do poder político do Estado.

Encobre esta definição os seguintes elementos: uma associação, associação de cidadãos,


associação duradoura, com objectivo de representação política global da colectividade e de
participação no funcionamento do sistema de governo constitucionalmente instituído.

Finalmente, contribuindo para a designação dos titulares dos órgãos do poder político do
Estado. Os partidos políticos são organizações que lutam pela aquisição, manutenção e
exercício do poder. A ambição de ocupar o poder é a característica essencial do político. O
13

político quer o poder porque julga ter uma solução para o interesse público. A vontade de
exercer o poder é o que distingue o partido dos grupos de interesse e de pressão.

“Os partidos políticos existem para exercer o poder político. Este é o único objectivo do
partido político. Eles para além de pretenderem exercer o poder político, tem como função
facilitar aos diversos grupos sociais apresentarem os seus questionamentos e por outro lado
influenciar nas tomadas de decisão, quer seja dos grupos sociais, quer seja das massas”
(Simango, s.d, p.44).

Os partidos políticos variaram, em sua concepção e estrutura, no tempo e no


espaço. No tempo, obedecendo à influência do pensamento dominante em cada
época e ao determinismo das forças sociais e económicas que pesam sobre as
formações políticas; no espaço, sofrendo a pressão do meio-ambiente, do maior ou
menor grau de desenvolvimento do povo, da formação psicológica de cada
agrupamento humano a que vão servir (Aristóteles, 2008).

No caso de Moçambique, são vários os partidos políticos que fazem e operam a política
moçambicana, mas os principais são: Frente de libertação de Moçambique (FRELIMO),
Resistência Nacional de Moçambique (RENAMO) e Movimento Democrático de
Moçambique (MDM).

1.2 Quadro de análise reflexiva e comparativa do estado moçambicano à luz das teorias
sobre um estado
Aspectos Teoria de base Realidade (estado Conclusão
moçambicano)
Partilha Poder executivo, Existência de poderes Em Moçambique, o poder centra-
de legislativo e legislativo, executivo e se no poder executivo.
autoridadejudiciário, esses judiciário mas esses são
/Poder poderes são dependentes.
independentes
Elementos Povo, território e Soberania, povo e Em Moçambique, o povo é
do Estado o governo território. colocado em segundo lugar pelo
soberano governo.
Funções Jurídicas Funções jurídicas e não Em Moçambique as funções do
do Estado (legislativa) e não jurídicas, estado são negligenciados em
jurídicas (função concretamente a benefício próprio.
política ou Segurança; Justiça e
governativa) Bem-estar.
Formas do Unitários e Estado Unitário O Estado Unitário é um Estado
Estado Complexos descentralizado simples em que há um só poder
político para todo território. O
poder do Estado pode estar
14

concentrado e centralizado nos


órgãos centrais, ou encontrar-se
repartido pelos órgãos locais com
poderes e competências
relativamente autónomos.
Regime A Monarquia, Democracia que é o Em Moçambique, a democracia
Político Aristocracia e regime em que o poder sempre é violada pelos
Democracia é compartilhado por governantes.
todos os cidadãos.
Sistema Parlamentarismo, O sistema político em Esse sistema prejudica a nação na
Político presidencialismo, Moçambique é medida em que o presidente é que
e semi- presidencialista: o chefe decide sobre a vida da nação.
presidencialismo. de estado é igualmente
chefe do governo.
Partidos Os partidos dos Predominam os partidos Em Moçambique, o partido do
Políticos quadros ou dos de massa que têm a governo no poder é que legitima
notáveis e das preocupação de ter mais tudo sobre os destinos da nação,
massas membros. Não se ofuscando dessa forma, outros
preocupam com a partidos políticos.
qualidade
mas com a quantidade
dos seus membros.
Tabela 1: Teorias sobre o estado; Fonte: adaptado pelo autor deste estudo (2023)
15

Conclusão
Conclui-se que a ciência política é a ciência remete-nos a existência de um objecto e método,
logo, a ciência política seria o estudo dos fenómenos políticos (factos e acontecimentos
políticos), guiando-se por um método, como a observação, análise, comparação,
sistematização, com vista a interpretar o poder político. Portanto, é a ciência que estuda o
poder político segundo o método científico.

Também foi possível aprender que em Moçambique, o poder centra-se no poder executivo; o
povo é colocado em segundo lugar pelo governo; as funções do estado são negligenciados em
benefício próprio; O Estado Unitário é um Estado simples em que há um só poder político
para todo território. O poder do Estado pode estar concentrado e centralizado nos órgãos
centrais, ou encontrar-se repartido pelos órgãos locais com poderes e competências
relativamente autónomos; a democracia sempre é violada pelos governantes; O sistema
político é presidencialista, isto é, o chefe de estado é igualmente chefe do governo; existe uma
gama de partidos políticos, porém o partido do governo no poder é que legitima tudo sobre os
destinos da nação, ofuscando dessa forma, outros partidos políticos.
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Referências bibliográficas
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