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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação a Distância

Teoria Burocrática na Administração Pública

Mariamo Manuel Salimo-Código: 708237077

Nampula, Abril, 2024


Universidade Católica de Moçambique
Instituto de Educação a Distância

Teoria Burocrática na Administração Pública

Mariamo Manuel Salimo-Código: 708237077

Curso: Licenciatura em Administração Pública


Disciplina: Reforma do Sector Público
Ano de Frequência: 2º Ano
Turma: K

Nampula, Abril, 2024


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relevante na área de estudo
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Aspectos
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Referências bibliográficas
6ª edição em
Bibliográfic 4.0
citações e
as
bibliografia
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Índice
Introdução ........................................................................................................................................ 1

1. Administração Burocrática .......................................................................................................... 2

2. Características das Organizações Burocráticas ........................................................................... 3

3. Enquadramento da Burocracia na Administração Pública Moçambicana ................................... 5

Conclusão ........................................................................................................................................ 7

Referências Bibliográficas ............................................................................................................... 8


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Introdução

Administração pública Moçambicana, é possível notar que esta por sua vez vem adoptando
diferentes modelos desde o período colonial até à actualidade. Hoje em dia, é notória a
combinação de dois modelos na administração pública moçambicana, nomeadamente o modelo
burocrático e gerencial. Portanto o presente trabalho aborda sobre: Teoria Burocrática na
Administração Pública. De forma específica foca na contextualização da administração
burocrática e características das organizações burocráticas. Para o enriquecimento do trabalho, foi
usada a metodologia da pesquisa bibliográfica.
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1. Administração Burocrática

A "Teoria de Burocracia na Administração" (mais tarde denominada "Staff", do Inglês),é uma


teoria sociológica de MAX WEBER. Sociólogo alemão Max Weber integrou o estudo das
organizações ao desenvolvimento histórico-social.

Para Silva (2015) os ideais democráticos foram propulsores nessa transição entre os modelos de
administração, pois, passaram a pressionar para que houvesse uma administração pública
profissionalizada, sem a pessoalidade do modelo Patrimonialista, com tratamento igualitário entre
os administrados. A administração burocrática se orienta pelo cumprimento às normas, à
formalidade e ao profissionalismo, ou seja, a igualdade sendo manifestada por meio de regras
formais.

Diferentemente do conceito popular que a Burocracia simboliza, Max Weber apud Chiavenatto
(2003, p. 262) a define como sendo uma “organização eficiente por excelência, e para atingir esta
eficiência a burocracia explica detalhadamente como as coisas deverão ser feitas”. O modelo
burocrático parte de uma desconfiança prévia os Gestores Públicos. Por isso, o cumprimento às
normas e o controle rígido nas acções dos administrados o caracterizam. Existe uma atenção
especial para coibir os abusos e, nesse sentido, os controles são focados principalmente na
legalidade da admissão de pessoal, na legalidade das aquisições públicas e na legalidade do
atendimento das demandas (Pdrae, 1995, p. 15).

Secchi (2009, p. 351), assinala que no modelo burocrático, o poder emana das normas, das
instituições formais e não do perfil carismático ou da tradição, reforçando o entendimento de que
“[…]a partir desse axioma fundamental derivam-se as três características principais do modelo
burocrático: a formalidade, a impessoalidade e o profissionalismo”. Assim, a administração
Burocrática é caracterizada pelo que Junquilho (2010) chama de “dominação legal”: Na
dominação legal a legitimação das relações de mandato e obediências estabelece pela crença em
ordenamentos, regras e estatutos legais, formais e impessoais.

Ou seja, a obediência não é exercida em relação a um senhor por uma tradição institucionalizada,
mas sim por meio de regulamentos de carácter racional.

Wilson (2006) refere que nesse modelo de administração a legitimidade da dominação é o que a
mantém. Por esse ângulo, Paludo (2012) reforça: a legitimidade facilita o exercício do poder
pelos Governos, na medida em que mais facilmente os governados se dispõem a aceitar esse
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poder, na forma de obediência às ordens recebidas (cumprindo as normas definidas pelos


governos); por outro lado, o poder que estiver destituído de legitimidade encontrará fortes
resistências e tenderá a desaparecer.

Segundo Junquilho (2010), na concepção weberina as características da burocracia seriam


fundamentais e superiores às demais (tradição e carisma), desde o ponto de vista técnico, para o
pleno funcionamento das organizações e, em particular, do Estado diante das constantes
evoluções do mundo moderno. Por isso a importância das características da burocracia na
Administração Pública, pois permitiria o fim do abuso do poder patrimonial, dos benefícios
indiscriminados e favores pessoais, bem como a garantia da “precisão, velocidade, eliminação de
equívocos, conhecimento do registro documental, continuidade, sentimento de discrição,
uniformidade operativa, sistema de subordinação.” (Bendix, 1979, p. 399).

Embora sejam reconhecidas vantagens ao modelo de Administração Burocrático (ancorado pela


concepção weberiana), a capacidade do ser humano de agir de forma distinta ao que está previsto
nas regras ou até mesmo não agir, nos dois modos, infringindo a legislação, não era considerada.

Segundo Junquilho (2010), a formalização do comportamento humano adequada à formalidade


da lei, não é possível. Assim, criou-se uma discrepância entre o que é legal (oficial), formal e o
que é informal, entre o que devia ser feito e o que era feito, “um hiato entre os mundos prescrito
das normas, da impessoalidade e o real – da pessoalidade, isto é, de sentimentos humanos como o
afecto a inveja, o ciúme, dentre outros” (Junquilho, 2010, p. 54).

2. Características das Organizações Burocráticas

As características das organizações burocráticas, conforme Weber (apud Chiavenato, 2003), a


burocracia explica detalhadamente como as coisas deverão ser feitas para alcançar a eficiência, e
tem as seguintes características:

 Carácter legal de normas e regulamentos: é no qual a organização é conectada através


de normas e regulamentos especificados por escrito, no qual, prevê exaustivamente todas
as ocorrências possíveis. Em outros termos, é uma organização baseada em uma espécie
de legislação própria, um livro de normas e condutas como a Constituição para o Estado,
os estatutos para a empresa privada, etc., que define antecipadamente como a organização
burocrática deverá funcionar. (Chiavenato, 2003 p. 262).
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 Carácter formal das comunicações: A organização é atada por comunicações escritas.


Suas regras, decisões e acções administrativas são elaboradas e lavradas por escrito. Daí o
carácter formal da burocracia: todas as acções e procedimentos são feitos para
proporcionar comprovação e documentação adequadas, bem como assegurar a
interpretação unívoca das comunicações. (Chiavenato, 2003 p. 263).
 Carácter racional e divisão de trabalho: Possui um aspecto totalmente racional por ser
uma organização que evidencia uma divisão de trabalho sistemática, que atende a uma
racionalidade, que é adequada aos objectivos a serem atingidos: a eficiência da
organização. Há uma divisão sistemática do trabalho e do poder, estabelecendo as
atribuições de cada participante. Cada participante tem um cargo específico, funções
específicas e uma esfera de competência e responsabilidade. (Chiavenato, 2003 p. 263).
 Impessoalidade nas relações: Um carácter impessoal por conta da distribuição das
actividades que é feita de forma impessoal, isto é, em termos de cargos e funções e não de
pessoas envolvidas. Conforme Chiavenato (2003) a administração burocrática considera
pessoas como ocupantes de cargos e de funções, o poder década pessoa deriva do cargo
que ela ocupa, o mesmo acontece na relação entre subalterno e chefia, a obediência é em
consideração ao cargo de maior nível e não a pessoa em si, desta forma a burocracia
garante a continuidade, pois pessoas vêm e vão, porém, os cargos e funções permanecem
ao longo do tempo. Desta forma, a burocracia é uma estrutura social impessoalmente
organizada.
 Hierarquia de autoridade: Os cargos são estabelecidos de acordo com o princípio da
hierarquia. Cada cargo inferior deve estar sob o controle e supervisão de um posto
superior. Nenhum cargo fica sem controle ou supervisão. Daí a necessidade da hierarquia
da autoridade para definir as chefias nos vários escalões de autoridade (Chiavenato, 2003
p. 258).
 Rotina e procedimentos padronizados: As regras e normas técnicas regulam a conduta
do ocupante de cada cargo, cujas actividades são executadas de acordo com as rotinas e
procedimentos.
 Competência técnica e meritocracia: conforme Chiavenato (2003) é a necessidade de
exames, concursos, testes e títulos para admissão e promoção dos funcionários ocorrem
porque segundo Weber (1999) a burocracia é uma organização na qual a escolha das
pessoas é baseada no mérito e na competência técnica e não em preferências pessoais.
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 Especialização da administração: Os administradores da burocracia não são seus donos,


accionistas ou proprietários. O dirigente não é necessariamente o dono do negócio ou
grande accionista da organização, mas um profissional especializado na sua
administração. Segundo Chiavenato (2003 p.264), “com a burocracia surge o profissional
que se especializa em gerir a organização, e daí o afastamento do capitalista da gestão dos
negócios, diversificando as suas aplicações financeiras de capital”.
 Profissionalização dos participantes: segundo Weber apud (2003), é uma organização
que se caracteriza pela profissionalização dos seus participantes. Cada funcionário da
burocracia é um profissional, pelas seguintes razões: é um especialista, ou seja, cada
funcionário é especializado nas actividades do seu cargo; é assalariado – os funcionários
da burocracia participam da organização e recebem salários correspondentes ao cargo que
ocupam; é nomeado por superior hierárquico; seu mandato é por tempo indeterminado;
segue carreira dentro da organização; não possui a propriedade dos meios de produção, o
administrador profissional administra a organização em nome dos proprietários; é fiel ao
cargo e identifica-se com os objectivos da empresa, o funcionário passa a defender os
interesses do seu cargo e da sua organização.
 Completa previsibilidade do funcionamento: o modelo burocrático parte do
pressuposto de que o comportamento dos membros da organização é perfeitamente
previsível. Os funcionários devem comportar-se de acordo com as normas e regulamentos
da organização; tudo na burocracia é estabelecido no sentido de prever todas as
ocorrências e transformar em rotina sua execução.

3. Enquadramento da Burocracia na Administração Pública Moçambicana

Com o golpe de Estado ocorrido a 25 de Abril de 1974, inicia a 2ª. República, caracterizada
administração social e económica. O Estado nesta fase é caracterizado pela separação das funções
administrativa e jurisdicional, pelo reforço da administração local, pelo incremento do poder
intervencionista do Estado na economia e pelo restabelecimento dos direitos, liberdades e
garantias dos cidadãos na constituição.

Neste período foi incrementada a descentralização da Administração Pública. Nos anos que se
seguiram à independência, houve uma tendência centralizadora, que pode-se associar à
Administração Pública tradicional, consubstanciada pela adopção do modelo socialista de
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desenvolvimento. Tal como refere Macuane (2007), a separação dos poderes no período pós-
independência em Moçambique é um fenómeno novo.

Até aos meados dos anos 80 os poderes Executivo e Legislativo estavam concentrados

Nas mãos do Presidente da República, que acumulava as funções de Presidente da Assembleia


Popular (o poder Legislativo) e do Partido Frelimo no poder. A falta de uma separação clara entre
a política e a administração atrasou a criação de uma burocracia profissional e meritocrática.
Entretanto, com o PRE Moçambique introduziu algumas reformas no sector público, com ênfase
no que Stevens e Teggeman (2004) chamam de primeira geração de reformas africanas, que
consistiram na privatização das empresas estatais, tais como as companhias de água (Águas de
Moçambique), os dois maiores bancos comerciais (Banco Comercial de Moçambique e Banco
Popular de Desenvolvimento), bem como muitas indústrias, como parte do programa de
ajustamento estrutural.

Nos meados dos anos 90 Moçambique começou a dar um maior enfoque à descentralização, que
culminou com a aprovação pelo parlamento do pacote legislativo autárquico. Isto passou pela
introdução de algumas emendas constitucionais para acomodar juridicamente os municípios
recentemente criados e abrir espaço à eleição directa dos legisladores e chefes dos executivos
municipais, prática que pode-se associar ao modelo burocrático. O burocrático caracterizado por
uma série de normas que norteiam a sua forma de actuação, tal como é o caso da Lei nº 14/2009,
de 17 de Março, que aprova o Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado, o qual
estabelece o regime jurídico do ingresso no Aparelho do Estado, e demais normas.
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Conclusão

Na realização deste trabalho podemos concluir que, quando se fala em burocracia,


automaticamente associa-se à lentidão, a algo que vem para atrapalhar e não ajudar. Porém, na
verdade, é uma forma de tornar as organizações mais eficientes para atingir seus objectivos com
maior eficácia, por detalhar passo a passo como os procedimentos devem ser feitos, mantendo
desta forma uma padronização de técnicas que ajudam a organização a atingir o resultado
esperado. Como a firma o Weber a burocracia é “a forma mais racional de exercer a dominação”.
E as características das organizações burocráticas, conforme Weber (apud Chiavenato, 2003),
são: o carácter legal das normas, carácter formal das comunicações, carácter racional e divisão do
trabalho, impessoalidade nas relações, hierarquia da autoridade, rotinas e procedimentos
padronizados, competência técnica e meritocracia, competência técnica e meritocracia,
especialização da administração, profissionalização dos participantes e completa previsibilidade
do funcionamento.
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Referências Bibliográficas

Chiavenatto, I. (2003). Introdução à Teoria Geral da Administração: uma visão abrangente da


moderna administração das organizações. 7 ed. Rio de Janeiro.

Corrêa, D. A.& Mondlane, A. J. (2015). Gestão das Instituições de Ensino Superior. Do Global
ao Específico. Lisboa. Escolar Editora.

Junquilho, G. S. (2010). Teorias da administração pública. Brasília: UFSC.

Paludo, A. (2012). Administração Pública para Auditor Fiscal da Receita Federal e Auditor
Fiscal do Trabalho. Rio de Janeiro: Campus-Elsevier.

Secchi. L. (2009). Modelos Organizacionais e Reformas da Administração Pública. Revista de


Administração Pública – RAP. Rio de Janeiro.

Silva, C.E.S. (1994). Autonomia de gestão e concorrência: em busca de novas formas de gestão
do sector público em um contexto pós-fordista. Cuiabá.

Weber, M. Economia e sociedade: fundamentos da sociologia. Brasília.

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