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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Tema:

Problemas Éticos na Administração Pública e seus Efeitos no Comportamento Profissional


dos Funcionários Públicos

Nome: Quisito Leonardo Código: 708190819

Curso: Licenciatura em Administração Pública


Disciplina: Ética Profissional
Ano de frequência: 4o ano

Pemba, Julho de 2022

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Bibliográfica 6ª edição em das 4.0
s citações e citações/referência
1
bibliografia s bibliográficas

Índice

Introdução...................................................................................................................................3

1.Problemas éticos na administração pública e seus efeitos no comportamento profissional dos


funcionários públicos..................................................................................................................4

1.1.Princípios Éticos da Administração Pública.........................................................................5

1.2.A Corrupção na administração pública.................................................................................6

Conclusão....................................................................................................................................9

Referências bibliográficas.........................................................................................................10

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Introdução

Na administração pública, a ética mostra o caminho que o servidor deve seguir e pautar suas
acções em razão do cargo que ocupa. O problema da ética no serviço público é tão antigo
quanto o próprio governo. O problema pode ser antigo, mas não pode ser considerado
resolvido, sendo necessário revisitá-lo permanentemente tanto em busca de soluções mais
adequadas à realidade actual quanto para discutir o “deve ser”, o ideal, o utópico (mas não
impossível) em Administração Pública.

No entanto, a Administração Pública como o braço executivo do governo, a estrutura que


permite formular, implantar e executar as políticas públicas por este definido, pois, é possível
analisá-la sob a perspectiva da prática profissional de indivíduos que se envolvem
quotidianamente nas actividades organizadas pela estrutura supracitada.

Objectivo geral:

 Analisar problemas éticos na administração pública e seus efeitos no comportamento


profissional dos funcionários públicos;

Objectivo específico:

 Descrever Princípios Éticos da Administração Pública;


 Compreender a Corrupção como uns dos problemas éticos na administração pública;
 Explicar problemas éticos na administração pública e seus efeitos no comportamento
profissional dos funcionários públicos.

Por conseguinte, o trabalho foi elaborado por meio da pesquisa bibliográfica. No que diz
respeito, o trabalho obedece a seguinte estruturação: introdução, desenvolvimento, conclusão
e a respectiva referência bibliográfica, que desde já deseja-se uma boa leitura e esperançosos
das observações e criticas para o seu enriquecimento.

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1. Problemas éticos na administração pública e seus efeitos no comportamento
profissional dos funcionários públicos

A ética é fundamentada na relação do indivíduo com o meio em que está inserido, no entanto
o corrompimento por influência do meio é constantemente visto, principalmente no que se
refere aos serviços públicos. É caótica a situação vivenciada actualmente por nossa
população. Serviços são prestados à sociedade de maneira desinteressada e demorada. Na
saúde, por exemplo, perdem-se vidas por falta de comprometimento dos profissionais que
deveriam estar servindo a sociedade, (Lisboa, 2009).

No entanto, cabe aqui ressaltar que, embora existam leis e penalidades específicas para
desvios de conduta na administração, essas medidas não são suficientes para garantir a
efetivação de um serviço público com qualidade, pois de nada adianta uma lei rígida se o
sistema de fiscalização e controle é bastante falho. É sob esta perspectiva, que faz-se
necessário enfatizar a importância do comportamento ético por parte dos gestores somado à
observância das normas, (Sousa et al., 2016, p.5).

Por outro, os valores sociais estão cada vez mais deturpados, e os maiores afectados são os
que fazem parte da administração pública. Diariamente são noticiadas situações da conhecida
“farra do serviço público”. Corrupção e pessoas que são presas roubando o que foram
designadas para gerir e distribuir em prol da comunidade.

O esperado do indivíduo, que estaria moralmente comprometido com a intenção de uma vida
justa, é que ele considere os interesses colectivos, entretanto, não significa que a saída seria
colocar em prejuízo os interesses singulares. O modelo ético pretendido não pode se efectivar
se não se considerar e fortalecer o particular, sem, entretanto, negar o universal. No entanto, o
que ocorre na sociedade pautada em relações económicas é uma falsa valorização do
indivíduo, (Gomes, 2014, p.1034).

A falsa valorização do indivíduo acarreta no deslumbramento pelo que lhe é oferecido em


troca de serviços, que não se enquadra com a conduta ética que deveria ser o princípio da
ética e moral na administração pública. Contudo, vê-se que o comportamento que deveria ser
adoptado, é na verdade, quase que aniquilado diante das ofertas que lhes dariam grandes
benefícios individuais em detrimento de toda a população, que deveria ser atendida e

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encontra-se a mercê do estado, que conforme acompanhamos nos noticiários, mostra-se cada
vez mais longe do que de fato seria sua função de servir o povo, (Sá, 2009).

Já a ética na administração pública está directamente relacionada à conduta dos funcionários


ocupantes de cargos públicos, pois estes são os executores das acções do Estado. Como
prestadores de serviços de utilidade social, se faz necessária uma conduta ética, visto que o
governo trabalha para o povo, e este produz os integrantes da gestão pública. Porém, o próprio
funcionamento das organizações públicas tende a favorecer a conduta antiética, por existirem
poucas punições, ou simplesmente pela indiferença dos gestores com a "coisa pública",
(Rausch, e Soares, 2010).

Portanto, é inegável a influência da formação pessoal nas acções, não apenas dos agentes
públicos, como de qualquer pessoa no âmbito do trabalho, vivendo dilemas morais diários.
Dilemas estes que vão além do "certo e errado", e que causam conflitos nas tomadas de
decisão, e nesses descompassos de administração, o indivíduo racional e moralmente capaz de
decidir, demonstra uma facilidade em priorizar o interesse e realização pessoais, (Vázquez,
2006).

1.1. Princípios Éticos da Administração Pública


1) Princípio do Serviço Público: os funcionários encontram-se ao serviço exclusivo da
comunidade e dos cidadãos, prevalecendo sempre o interesse público sobre os
interesses particulares ou de grupo;
2) Princípio da Legalidade: os funcionários actuam em conformidade com os princípios
constitucionais e de acordo com a lei e o direito. Os funcionários, no exercício da sua
actividade, devem tratar de forma justa e imparcial todos os cidadãos, actuando
segundo rigorosos princípios de neutralidade, (Serrano, 2010);
3) Princípio da Igualdade: os funcionários não podem beneficiar ou prejudicar qualquer
cidadão em função da sua ascendência, sexo, raça, língua, convicções políticas,
ideológicas ou religiosas, situação económica ou condição social;
4) Princípio da Proporcionalidade: os funcionários, no exercício da sua actividade, só
podem exigir aos cidadãos o indispensável à realização da actividade administrativa;
5) Princípio da Colaboração e da Boa-fé: os funcionários, no exercício da sua
actividade, devem colaborar com os cidadãos, segundo o princípio da Boa-fé, tendo
em vista a realização do interesse da comunidade e fomentar a sua participação na
realização da actividade administrativa, (Serrano, 2010);
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6) Princípio da Informação e da Qualidade: os funcionários devem prestar informações
e/ou esclarecimentos de forma clara, simples, cortês e rápida;
7) Princípio Da Lealdade: os funcionários, no exercício da sua actividade, devem agir de
forma leal, solidária e cooperante.

Contudo, estes princípios e outras normas foram instituídos com o objectivo de nortear a
acção dos agentes públicos de forma ética na execução das funções na administração publica.

1.2. A Corrupção na administração pública

Mesmo sendo difícil de eleger uma definição precisa e universal de corrupção, Jain (2001)
aponta que há um consenso de que corrupção se refere a acções do poder público, realizadas
visando ganho pessoal, de uma forma que não condiz com a maneira correta de agir.

Neste contexto, com base nas afirmações feitas por Jain (2001), observa-se que a corrupção é
a representação prática, que premia a exploração de uma maioria incapaz de decidir por si
mesma, em detrimento de uma minoria “privilegiada” com o poder das decisões. Expõe,
ainda, a decadência ética da sociedade, onde a política é apenas o espelho em menor escala da
grande massa que, em pequenas e grandes acções, busca sempre estar em vantagem com
relação ao próximo.

Neste sentido, a definição de corrupção dada por Silva (1994) é de que a mesma "faz parte de
um universo extenso de actos conclusivos, sendo, ela própria, uma modalidade de conluio, ao
lado de outras modalidades de igual natureza, que, podem ser exemplificadas com a
'conciliação' e o 'jeitinho'".

Por um lado, a corrupção está a ganhar terreno em todos os sectores de actividade na Função
pública, em Moçambique, com toda a legislação que existe, com as instituições que já estão
criadas, para estancar este mal, mas a verdade é que estamos ainda aquém, daquilo que nós
desejaríamos que a nossa realidade fosse.

Não só, depois da independência a obrigação dos colonialistas em abandonar o pais deixando
suas riquezas obrigou ao uso de contentores para salvar os seus pertences. Neste período
inicia-se o processo de corrupção dos funcionários Moçambicanos (para deixar passar os tais
contentores) e que foi somente adopção do comportamento de funcionários do aparelho
colonial. Muitas casas construídas nas nossas cidades foram-no com dinheiro obtido pela
corrupção.

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Nos últimos anos, e sobretudo desde a viragem para a democracia, Moçambique tem
aumentado a sua reputação por causa da corrupção que percorre todos os sectores da
sociedade e pelo facto de que, apesar de ser uma realidade dramática, os doadores não terem
ainda endurecido a sua linguagem visando uma maior pressão sobre governantes.

A corrupção em Moçambique não ocorre somente no sector público, ela faz-se sentir também
no sector privado na medida que os agentes privados fazem o uso dos recursos públicos e se
beneficiam das suas relações privilegiadas (é só ver que são empresários de sucesso em
Moçambique) com os membros dos três poderes (legislativo, judicial e executivo) para
alcançar seus objectivos e escapar da punição. A democracia não se compadece com este tipo
de relações assimétricas. Existem em Moçambique condições propícias para ocorrência da
corrupção nomeadamente: elevada burocracia, o sistema judiciário lento, pouco eficiente e
acorrentado ao poder executivo, o elevado poder discricionário na formulação de
implementações políticas e os baixos salários no sector público. Mas na verdade o que me
preocupa não é a abordagem epistemológica da corrupção, mas sim a forma como o discurso
de corrupção é enaltecido pelos dirigentes políticos.

Neste momento a corrupção do alto nível é que está em voga, onde os dirigentes públicos
criam empresas privadas que vencem licitações, ou seja, um ministro cria uma empresa de
prestação de serviços no ministério onde dirige. Que vergonha! Existe ainda o aproveitamento
económico dos recursos naturais recentemente descobertos em Moçambique através de
parcerias entre os megaprojectos e as empresas dos dirigentes políticos ou então a recepção
das comissões para facilitar a entrada de empresas estrangeiras que exploram os recursos
naturais, razão pela qual os contratos com os megaprojectos não são tornados públicos. E
depois rotulam-se de empresários de sucesso vivendo a custa do sofrimento do Povo.

É bastante notório que há uma “parceria” entre os servidores, onde toda a movimentação
dentro da instituição é mantida em sigilo. De modo que os envolvidos nos desvios éticos não
chegam a ser punidos por falta de denúncia, já que o que se espera de um servidor público no
mínimo é uma conduta ética que atenda aos requisitos da lei. Não há regras predefinidas no
ambiente interno das instituições públicas, o que facilita a tomada de decisões fora dos
parâmetros éticos. Para Ramos (2010):

[...] a prática de comportamentos desviantes é favorecida por um ambiente


onde não existem regras internas bem disseminadas, nem para os
comportamentos, nem para métodos de trabalho. Tais condições constituem
uma autorização implícita ou uma brecha a ser explorada, a despeito de
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eventuais desdobramentos negativos para a organização, seus membros ou
beneficiários do serviço público (p. 26).

Portanto, oficialmente, não se tem conhecimento dos processos corruptivos que acontecem
nas instituições, mas isso não caracteriza a falta de conhecimento dos fatos por parte dos
servidores. No entanto, mesmo tendo conhecimento das situações e fatos que ocorrem dentro
das instituições, os mesmos preferem o silêncio, mas os fatos circulam constantemente pelos
corredores.

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Conclusão

Em suma, como qualquer área do conhecimento, a Administração Pública envolve questões


éticas, que dizem respeito não somente às suas acções e resultados, mas também aos
princípios que a governam. Essas questões são tangenciadas pelos modelos que foram
produzidos ao longo do tempo para lidar com o desafio de administrar as acções
governamentais na busca do governo, mas pode-se afirmar que o tratamento dado a elas por
esses modelos é insatisfatório e exige maior aprofundamento.

No entanto, as condições de trabalho são pouco favoráveis, um grande exemplo são os


hospitais públicos. Diante das más condições de trabalho, estabilidade de regime e falta de
compromisso de alguns servidores públicos, percebe-se que a qualidade do serviço cai
consideravelmente e a ética que deveria prevalecer, através de lisura, zelo e efectividades dos
serviços prestados no ambiente de trabalho, é completamente negligenciada.

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Referências bibliográficas

Gomes, N. F. (2014). Ética na administração pública: desafios e possibilidades. Revista de


Administração Pública, v. 48, n. 4, p. 1029-1050.

Jain, Arvind K.. (2001). Corruption: A Review. Journal Of Economic Surveys, [s.l.], v. 15, n.
1, p.71-121, fev. Wiley

Lisboa, L. P. (2009). Ética Geral e Profissional em Contabilidade – São Paulo, S.A.

Ramos, P. R. A. (2010). Corrupção na Administração Pública e crimes de ‘lavagem’ ou


ocultação de bens, direitos e valores. Revista Mineira de Contabilidade, v. 4, n. 40, p. 14-22.

Rausch, R. B. Soares, M. (2010). Controle social na administração pública: a importância da


Transparência das Contas Públicas para inibir a corrupção. Revista de Educação e Pesquisa
em Contabilidade, v. 4, n. 3, p. 23-43.

Sá, A. Lopes de. (2009). Ética profissional. 8 Ed. São Paulo: Atlas.

Serrano, P. J. (2010). Ética e Administração Pública. 1. ed. Alínea.

Silva, M. (1994). Corrupção: tentativa de uma definição funcional. Revista de Administração


Pública, v. 28, n. 1, p. 18-23.

Sousa, Á. A. Dos Reis. Lima, F. V. R. Neiva, L. J. F. (2016). Ética No Serviço Público:


Desafios Para A Gestão De Uma Escola Do Município De Teresina-PI. XII Congresso
Nacional De Excelência Em Gestão & III Inovarse 2016, [S.L], p. 1-28.

Vázquez, Adolfo S. (2006). Ética. 28 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.

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