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Questões da Bioética
Nampula, Novembro
2022
Universidade Católica de Moçambique
Questões da Bioética
Nampula, Novembro
2022
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FOLHA DE FEEDBACK
Classificação
Categorias Indicadores Padrões Pontuação Nota /
Máxima tutor Subtotal
Capa 0.5
Índice 0.5
Estrutura Aspectos Introdução 0.5
organizacionais Discussão 0.5
Conclusão 0.5
Bibliografia 0.5
Contextualização (indicação
clara do problema) 1.0
Introdução Descrição dos objectivos 1.0
Metodologia adequada ao 2.0
objecto do trabalho
Conteúdo Articulação e domínio do
Análise discurso académico (expressão 2.0
discussão escrita cuidada, coerência/coesão
textual).
Revisão bibliográfica nacional e
internacional revelantes na área 2.0
de estudo.
Exploração dos dados 2.0
Conclusão Contributos teóricos práticos 2.0
Aspectos Formatação Paginação, tipo e tamanho de 1.0
gerais letra, paragrafo, espaçamento
entre linhas
Normas APA
6a ed. e citações Rigor e coerência das citações/ 4.0
e bibliografia referências bibliográficas
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Índice
1.Introdução ................................................................................................................................ 3
1.1.Objectivos ............................................................................................................................. 4
1.1.1.Objectivo Geral.................................................................................................................. 4
3.Conclusão .............................................................................................................................. 13
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1.Introdução
1.1.Objectivos
1.1.1.Objectivo Geral
1.1.1.Objectivos Específicos
1.1.Metodologias
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2.Questões da Bioética
2.1.Conceito da Bioética
Segundo Segre & Cohen (1995), “Bioética é o ramo da ética que enfoca questões relativas à
vida e à morte, propondo discussões sobre alguns temas, entre os quais: prolongamento da vida,
morrer com dignidade, eutanásia e suicídio assistido”.
2.1.1.Princípios da Bioética
De acordo com Reich (1995, p: 35), “Bioética é o estudo sistemático das dimensões morais
incluindo visão moral, decisões, condutas e políticas das ciências da vida e atenção à saúde,
utilizando uma variedade de metodologias éticas em um cenário interdisciplinar”.
As condutas humanas, são dependentes das normas morais que existem na consciência
de cada um. Como consequência, diferentes pontos de vista determinam as diversas respostas
das pessoas frente aos semelhantes.
A existência dessas normas morais tem sempre estado presente na vida das pessoas,
norteando a análise dos problemas. Através conselhos, ordens, obrigações e proibições
recebidas por nós desde pequenos, aprendemos a orientar e determinar nossa conduta
numa etapa posterior. A diversidade dos sistemas morais, pelo pluralismo que existe
nas várias análises de um mesmo ato, determina que, para alguns o que é correto poderá
ser para outros imorais, Reich (1995, p: 35).
Para isso, a Bioética, como área de pesquisa, necessita ser estudada por meio de uma
metodologia interdisciplinar. Isso significa que profissionais de diversas áreas (profissionais da
educação, do direito, da sociologia, da economia, da teologia, da psicologia, da medicina.)
devem participar das discussões sobre os temas que envolvem o impacto da tecnologia sobre a
vida. Todos terão alguma contribuição a oferecer para o estudo dos diversos temas de Bioética.
Um dos conceitos que definem Bioética (“ética da vida”) é que esta é a ciência “que tem como
objetivo indicar os limites e as finalidades da intervenção do homem sobre a vida, identificar
os valores de referência racionalmente propor níveis, denunciar os riscos das possíveis
aplicações, Leone & Cunha. (2001).
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2.1.O Início da Vida Humana
A perspectiva mais radical e intransigente insiste que a vida humana pessoal se inicia ao se
produzir a união do óvulo com o espermatozóide, em um processo de fusão de membranas
denominado singamia. A partir dessa união, começam a recombinação genética e a evolução
de um novo ser humano, que, por ter uma dotação genética completa e definitiva, é uma pessoa
humana. Os traços ainda não-detectáveis são tidos como potencialmente presentes e a eles se
atribui o mesmo status moral que receberão quando vierem a se materializar.
A vida individual do novo ser começa quando o citoplasma o ocítico “faz activamente a
endocitose do núcleo do espermatozóide e começa a activá-lo, ou começa a activar o núcleo
(ou material hereditário) que lhe foi injetado” (Valenzuela, 2001, p. 445).
Conforme Ramos (2009. P. 374). “A Bioética, é fundamental o respeito à vida humana, segundo
os principais livros de Embriologia, a vida humana inicia-se no exato momento da fecundação,
quando a gameta masculino e a gameta feminino se juntam para formar um novo código
genético”.
O corpo de um ser humano, desde as primeiras fases da sua existência, nunca pode ser reduzido
ao conjunto das suas células. O corpo embrionário desenvolve-se progressivamente segundo
um programa bem definido, e com um fim intrínseco próprio, que se manifesta no nascimento
de cada criança.
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O fruto da geração humana, desde o primeiro momento da sua existência, isto é, a partir
da constituição do zigoto, exige o respeito incondicional que é moralmente devido ao ser
humano na sua totalidade corporal e espiritual. O ser humano deve ser respeitado e tratado como
pessoa desde a sua concepção e, por isso, desde esse mesmo momento devem ser-lhe
reconhecidos os direitos da pessoa, entre os quais e antes de tudo, o direito inviolável de cada
ser humano inocente à vida.
Semelhante afirmação de carácter ético, reconhecida como verdadeira e conforme à lei moral
natural pela própria razão, deveria servir de fundamento a todo o ordenamento jurídico. Supõe,
de facto, uma verdade de carácter ontológico, em força do que a referida Instrução evidenciou
na base de sólidos conhecimentos científicos sobre a continuidade do desenvolvimento do ser
humano.
O respeito de tal dignidade é devido a cada ser humano, porque este traz impressos em si, de
maneira indelével, a própria dignidade e o próprio valor. A origem da vida humana, por outro
lado, tem o seu contexto autêntico no matrimónio e na família, onde é gerada através de um
acto que exprime o amor recíproco entre o homem e a mulher. Uma procriação verdadeiramente
responsável em relação ao nascituro deve ser o fruto do matrimónio.
Tornando-se um de nós, o Filho faz com que possamos tornar-nos filhos de Deus, participantes
da natureza divina. Esta nova dimensão não está em contraste com a dignidade da criatura que
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todos os homens reconhecem como racional, mas eleva-a a um ulterior horizonte de vida, que
é a própria vida de Deus, e permite reflectir mais adequadamente sobre a vida humana e sobre
os actos que a constituem.
À luz destes dados da fé, ainda mais se acentua e se reforça o respeito pelo indivíduo humano,
que a razão exige. Por isso, não há contradição entre a afirmação da dignidade e a da sacralidade
da vida humana. As diversas maneiras como, na história, Deus cuida do mundo e do homem,
não só não se excluem entre si, mas, pelo contrário, apoiam-se e compenetram-se mutuamente.
Todas elas derivam e terminam no sábio e amoroso desígnio eterno com que Deus predestina
os homens “a serem conformes à imagem do Seu Filho” .
Este valor aplica-se a todos indistintamente. Pelo simples facto de existir, cada ser humano deve
ser plenamente respeitado. No homem, criado à imagem e semelhança de Deus, reflecte-se, em
cada fase da sua existência, o rosto do seu Filho Unigénito. Este amor ilimitado e quase
incompreensível de Deus pelo homem revela até que ponto a pessoa humana seja digna de ser
amada por si mesma, independentemente de qualquer outra consideração: inteligência, beleza,
saúde, juventude, integridade. Numa palavra, a vida humana é sempre um bem, porque ela é,
no mundo, manifestação de Deus, sinal da sua presença, vestígio da sua glória.
Por isso, tal comunhão é fruto e sinal de uma exigência profundamente humana. Porém, em
Cristo, Deus assume esta exigência humana, confirma-a, purifica-a e eleva-a, conduzindo-a à
perfeição com o sacramento do matrimónio: o Espírito Santo infundido na celebração
sacramental oferece aos esposos cristãos o dom de uma comunidade nova, de amor, que é a
imagem viva e real daquela unidade singularíssima, que torna a Igreja o indivisível Corpo
Místico do Senhor.
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A Igreja, ao pronunciar-se sobre a validade ética de alguns resultados das recentes investigações
da medicina, relativas ao homem e às suas origens, não intervém no âmbito próprio da ciência
médica como tal, mas chama todos os interessados à responsabilidade ética e social do seu
operar. A intervenção do Magistério situa-se na sua missão de promover a formação das
consciências, ensinando com autenticidade a verdade que é Cristo e, ao mesmo tempo,
declarando e confirmando com autoridade os princípios da ordem moral que emanam da própria
natureza humana.
A problemática da venda de órgãos humanos é uma prática corrente em todo o mundo, ou seja,
em países desenvolvidos, como em vias de desenvolvimento.
Na sociedade, esta prática tem suscitado enormes problemas de ordem moral pois, é lá
onde os valores tradicionais e religiosos constituem a base das relações dentro da sociedade.
Assim, a venda de órgãos humanos nessas sociedades constitui uma autêntica violação da
dignidade humana, baseando-se na crença de que o destino da vida depende das forças dos
ancestrais e da divina providência.
Finalmente, existe uma outra linha de autores que constituem uma posição intermediária
afirmando que é necessário doar órgãos humanos principalmente se estes forem necessários
para salvar a vida do doente.
O transplante e venda de órgãos humanos constituem práticas seculares, embora com diversas
finalidades. Sabe-se por exemplo que em certas sociedades se pratica a venda de órgãos
humanos para fins mágicos. Todavia, actualmente o transplante e venda de órgãos humanos,
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visa salvar vidas na eminência da morte, por disfunção ou degradação de um dos seus órgãos.
Esta prática suscita debates onde se reflecte sobre a moralidade deste fenómeno.
O uso do corpo humano para o transporte de drogas é uma prática que é punida judicialmente.
Isto é, é ilegal pelo facto de que a própria droga é um elemento que causa males a sociedade e
mesmo ao próprio consumidor. Portanto, é uma prática que eticamente não é admissível.
Em seu início, Bioética contou com a participação de pessoas procedentes do âmbito religioso,
André Hellegers, obstetra católico da Universidade de Georgetown, dos jesuítas (nomeado por
Paulo VI para a comissão de estudos dos métodos contraceptivos), contribuiu na elaboração da
encíclica Humana e vitae (1968).
Santo Agostinho dizia, no século IV, que só a partir de 40 dias após a fertilização podia-
se falar em pessoa (unidade corpo-espírito ou hominização) para o feto masculino. Para
o feto feminino, exigia-se o dobro, 80 dias para falar-se em pessoa. São Tomás de
Aquino reafirmou, no século XIII, que não se pode reconhecer como humano o embrião
que ainda não completou 40 dias, quando então lhe é infundida a “alma racional”.
Essa posição virou a doutrina oficial da Igreja Católica a partir do Concílio de Trento
(encerrado em 1563). Mesmo assim, sempre foi contestada por outros teólogos que,
baseados na autoridade de Tertuliano (século III) e de Santo Alberto Magno (século
XIII), defendiam a hominização imediata, ou seja, desde a fertilização trata-se de um
ser humano em processo.
Durante muito tempo se pensou que esses espaços deveriam ser controlados por instâncias
externas ao sujeito, especialmente as religiões e as normas jurídicas. O corpo e a vida eram
“propriedade” das autoridades eclesiásticas, que definiam nos mínimos detalhes aquilo que se
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podia ou não podia fazer. E, como esses deveres eram estabelecidos em forma de interditos,
acabaram por adquirir um caráter negativo. Aos poucos, foi ganhando força a tese de que a
gestão do corpo é de competência e responsabilidade do indivíduo (“sou o dono do meu corpo
e da minha vida”).
A razão e a consciência servem para confirmá-las. Por último, somente a fé confere à ética seu
conteúdo verdadeiro. As normas morais da Sagrada Escritura são respostas inatacáveis para as
questões e as dúvidas do homem de hoje. Logo, somente a religião pode vencer a crise moral
que contamina a sociedade.
Conforme a Congregação para a Doutrina da Fé. (1990, p. 3). “A Igreja Católica, ao propor
princípios e avaliações morais para a investigação biomédica sobre a vida humana, recorre à
luz da razão e da fé, contribuindo para a elaboração de uma visão integral do homem e de sua
vocação, capaz de acolher tudo o que de bom emerge das obras dos homens e das várias
tradições culturais e religiosas, que, não raras vezes, mostra grande reverência pela vida”.
Na visão natural (ordem estabelecida por Deus, realidade estática), a moral tem princípios
absolutos e indiscutíveis, iluminados pelo que podemos chamar de “teologia escatológica”, pois
aponta para uma situação ideal do homem e da mulher, da sociedade e da ação histórica.
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De facto, a missão do homem é humanizar o criado, romper com o fatalismo e estender
o domínio humano sobre as forças cegas da natureza. Em matéria de fertilidade, no mesmo
tempo em que o homem domina a tecnologia, ele deve estender também seu domínio sobre a
perspectiva, sobre o dever coletivo, prever mais seguramente e confiar menos nesse acaso que
a reação religiosa interpreta como providencial.
Segundo (Callahan, 1970, p. 378) “humano é todo ser que tem um código genético. Desde que
o genótipo esteja presente no momento da fertilização, isso significa que o indivíduo que está
se desenvolvendo é humano a partir da concepção. Crescimento e desenvolvimento são
simplesmente a explicitação do que está inscrito no código genético desse indivíduo particular.
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3.Conclusão
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4.Referências Bibliográficas
Congregação para a Doutrina da Fé. (1990). Instrução sobre a vocação eclesial do Teólogo.
Centro Universitário São Camilo, Loyola, São Paulo:
João Paulo II, (2005). Discurso aos membros do Corpo Diplomático acreditado junto da Santa
Sé. Centro Universitário São Camilo, Loyola, São Paulo:
Ramos, D.L.P. (2009. P. 374). Bioética: pessoa e vida. São Caetano do Sul:
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