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26/02/2024, 20:58 UNINTER

ESTRUTURA DA
CONTABILIDADE
BRASILEIRA
AULA 2

https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/23
26/02/2024, 20:58 UNINTER

Profª Edenise Aparecida dos Anjos

CONVERSA INICIAL
Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)!
Nesta aula, vamos estudar especificamente as características da informação contábil e sua
capacidade de ser útil para seus usuários. Os temas a serem explorados são:
Característica da informação contábil útil e característica qualitativa fundamental: relevância;
Características qualitativas fundamentais: representação fidedigna;
Características qualitativas de melhoria: comparabilidade e verificabilidade;
Características qualitativas de melhoria: tempestividade e compreensibilidade;
Restrição do custo versus benefício da informação contábil.

CONTEXTUALIZANDO
Anteriormente, estudamos os aspectos conceituais da contabilidade, os relatórios contábeis e
principais usuários. Nesta aula, nosso enfoque é direcionado sobre a qualidade das informações
contábeis, ou características qualitativas da informação contábil.
Para iniciar nossa aula, apresenta-se o seguinte questionamento: quais as características
que se espera da informação contábil para que um usuário a classifique como útil e a utilize
como base para a sua tomada de decisão?
A informação, para ser útil, precisa conter alguns atributos, como ser relevante e representar
de maneira fidedigna a situação da entidade. Deve ainda ser passível de ser melhorada, ao ser
comparada, verificada, compreensível e ser apresentada tempestivamente, ou seja, no
momento oportuno.

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São muitos atributos? Não se preocupe, vamos estudar cada um deles e apresentar
exemplos que facilitam o entendimento. Bons Estudos!

TEMA 1 – CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS DE INFORMAÇÕES


FINANCEIRAS ÚTEIS
As características qualitativas da informação contábil são atributos que tornam a informação
contida nos relatórios contábeis úteis, para que seus usuários possam tomar suas decisões.
Voltando aos objetivos dos relatórios contábeis, já estudamos que são emitidos de acordo com as
normas contábeis, para atender as necessidades de uma ampla gama de usuários.
Agora vamos estudar a qualidade da informação gerada pelos Demonstrativos Contábeis,
analisando suas características fundamentais, como relevância das informações, e se
representam de forma fidedigna a situação patrimonial e financeira de uma entidade.
De forma complementar aos atributos fundamentais, espera-se ainda que a qualidade dessas
informações possa ser aumentada, por meio das características de melhoria, quanto à
capacidade de serem comparadas e verificadas; em termos da disponibilidade da informação, a
tempo de ser utilizada no momento certo, com tempestividade; e em relação a seu conteúdo, a
compreensibilidade, na perspectiva de seus usuários. Assim, as características qualitativas são
classificadas em dois grupos: fundamentais e de melhoria. A Figura 1 apresenta as características
de cada uma.

Figura 1 – Características qualitativas

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Fonte: CPC, 2019.

Em síntese, os relatórios contábeis, elaborados de acordo com as normas, devem produzir


informações que possam ser julgadas como úteis por seus usuários. Para aprender sobre essas
características fundamentais e de melhoria, vamos estudá-las individualmente, iniciando pelas
características fundamentais.

1.1 CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS FUNDAMENTAIS


As características qualitativas fundamentais da informação contábil são classificadas em
relevância e representação fidedigna. São classificadas como fundamentais pois representam os
preceitos básicos do que se espera dos demonstrativos contábeis; são carregadas de valor, tanto
quantitativa (expressos em números e valor) quanto qualitativamente (percepção de qualidade).

1.2 CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS FUNDAMENTAIS: RELEVÂNCIA


A relevância é uma das características qualitativas fundamentais, relacionada com a
capacidade de uma informação fazer a diferença nas decisões tomadas pelos seus usuários,
ainda que eles optem por não tirar vantagem, e mesmo que já tenham conhecimento delas e de
outras fontes (CPC, 2019). Essa classificação é apresentada na estrutura conceitual da
contabilidade.

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Mas qual a importância da característica da relevância? Essa é uma das principais


características da informação contábil, pois esse atributo deve estar contido em todas as
informações apresentadas pelos Demonstrativos Contábeis, independente do fato de as
informações apresentarem cunho quantitativo (de quantidade), valores monetários e quadros
explicativos. Somente assim o usuário poderá avaliar se a informação é útil, verificando a
capacidade de influenciar a tomada de decisão.
No entanto, para o uso da informação contábil, o usuário precisa ter conhecimento dos
elementos patrimoniais e de resultados, para que possa realizar suas análises. É nesse momento
que entra o julgamento da utilidade da informação, pois a partir dos valores preditivos e
confirmatórios é possível decidir se a informação disponibilizada para tomada de decisão será ou
não utilizada.
A informação relevante deve conter valor preditivo, que são os dados constantes nos
relatórios, que podem ser processados como entradas para serem utilizados em previsões (análise
da entrada de dinheiro em caixa em períodos futuros). Deve também apresentar valor
confirmatório, em referência à informação disponível nos relatórios, que ao serem analisadas e
confrontadas com períodos anteriores fornecem um feedback da situação encontrada. Espera-se
que uma informação relevante contenha os dois valores, preditivo e confirmatório, ao mesmo
tempo.

Figura 2 – Características qualitativas

Fonte: CPC, 2019.

Exemplo: analise a seguinte situação


A empresa XX Ltda analisou a necessidade de investir em novos equipamentos para
aumentar sua produção e consequentemente suas vendas. Para isso, decidiu verificar com
fornecedores e instituições financeiras qual a melhor opção.
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Os fornecedores e instituições, para conceder o crédito para a Empresa XX, solicitaram os


demonstrativos contábeis dos últimos três anos e do ano corrente.
De posse dos demonstrativos contábeis, analisam os períodos anteriores para avaliar o
desempenho da empresa (valor confirmatório) e verificar sua capacidade de gerar fluxos de
caixa futuros para saldar dívidas (valor preditivo). Analisam ainda se ela tem estoques para
vender; além dos direitos a receber de seus clientes e do nível de endividamento (obrigações a
pagar) nos últimos anos (valor confirmatório), para analisar a capacidade a capacidade futura
de pagamento (valor preditivo).
Somente após tais análises os fornecedores e as instituições financeiras avaliam a
concessão dos empréstimos/financiamento para a empresa XX. Sendo aprovado pelas
entidades credoras, a empresa XX agora analisa qual a melhor opção.

Observe, neste exemplo hipotético, que a base para a concessão de crédito está atrelada à
qualidade da informação contábil e sua relevância, e aos valores preditivos e confirmatórios
contidos na sua apresentação. Somente assim poderá ser julgada como útil para a tomada de
decisão.

1.3 MATERIALIDADE
A relevância é diretamente associada ao conceito de materialidade, pois se uma informação
material for omissa ou distorcida, pode influenciar as decisões dos usuários dos relatórios
financeiros (CPC, 2019). Ressalta-se, nesse contexto, que a contabilidade é realizada com requinte
de detalhes; todavia, nem todas as informações são relevantes para seus usuários, se pensarmos
nos esforços necessários para a sua elaboração e nas métricas de proporções.

Exemplo: analise a seguinte situação


Uma empresa de grande porte distribui por departamentos o material de consumo. Em
determinado período, identificou o total de despesas com papel A4 no valor de R$ 5.000,00
(cinco mil reais). De posse dessa informação, o encarregado pelas despesas de papel A4,
decidiu, então, identificar quantas folhas de papel A4 cada departamento consome, para

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atribuir de forma correta as despesas aos seus respectivos departamentos. Para isso,
designou uma equipe para fazer o controle.
Essa decisão foi tomada levando em consideração a relevância e a materialidade da
informação?
Para responder essa pergunta, vamos comparar a despesa de R$ 5.000,00 com a Receita
Líquida de Vendas da entidade, no valor aproximado de R$ 3.000.000,00 (três milhões de
reais). Analise, agora, o quanto essas despesas (R$ 5.000,00) consomem das receitas líquidas
de vendas nesse mesmo período.

Analisando a proporção de 0,17%, podemos inferir que não faz sentido montar uma equipe
para analisar quanto de papel A4 cada departamento consome – ou seja, essa informação é
imaterial. Afinal, o custo para quantificar quanto cada departamento consome de folhas é
maior que o benefício da informação. Portanto, é imaterial e irrelevante para a tomada de
decisão.
Agora vamos tomar como base a mesma despesa com papel A4, mudando apenas para o
contexto de uma microempresa, que obtém Receitas líquidas de Vendas no valor de R$
120.000,00 (centro e vinte mil reais) no período. Quando analisado o consumo de papel no
valor de$ 5.000,00, comparando-o com as receitas, vamos obter um percentual de 4,17%.
Segue cálculo:

Pode-se agora inferir que a mesma despesa, considerada como imaterial e não
significativa para a empresa de grande porte, é material para uma microempresa – ou seja,
deve ser quantificada para identificar os motivos pelos quais essa despesa consome 4,17%
das receitas, sendo portanto relevante para análise e posterior tomada de decisão.

Aplicar os conceitos de materialidade, julgar o que é relevante ou não para uma entidade, não
é tarefa fácil, pois requer, do contador, vivência, expertise e bom senso no exercício de sua função.

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Em resumo, uma informação relevante deve ser oportuna, ou seja, deve servir o usuário no
momento em que ele precisa, permitindo análise, interpretação e utilização, para estabelecer
metas, fazer investimentos, enfim, tomar decisões que vão influenciar nos negócios da entidade
que reportou a informação.

TEMA 2 – CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS FUNDAMENTAIS:


REPRESENTAÇÃO FIDEDIGNA
Para serem úteis, as informações contábeis, além de relevantes, precisam representar
fielmente a situação financeira do patrimônio, que está sendo retratada nos relatórios contábeis, ou
seja, deve ser fidedigna. Essa representação pode ser feita em palavras e números, como
apresentar o nome correto das contas e os saldos das transações a que se refere, evitando o uso
de terminologias genéricas, como despesas gerais, por meio das quais não é possível identificar
quais são essas despesas e seus respectivos valores, suprimindo assim informações que possam
vir a ser importantes para a tomada de decisão.
Na perspectiva da estrutura conceitual, para a elaboração de relatórios financeiros úteis, as
informações financeiras não devem apenas representar fenômenos relevantes, mas também,
de forma fidedigna, a essência dos fenômenos que se pretende representar (CPC, 2019).
Assim, a característica qualitativa de uma informação fidedigna é a representação fiel da
situação patrimonial de uma entidade em determinado período. Deve ainda ser maximizada por três
características: completa, neutra e isenta de erros.

Figura 3 – Representação fidedigna

Fonte: CPC, 2019.

2.1 REPRESENTAÇÃO FIDEDIGNA: COMPLETA


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Uma representação completa inclui todas as informações necessárias para que o usuário
compreenda os fenômenos que estão sendo representados, inclusive todas as descrições e
explicações necessárias.
Por exemplo, a representação completa de grupo de ativos inclui, no mínimo, a descrição da
natureza dos ativos do grupo, a representação numérica de todos os ativos do grupo, e a descrição
daquilo que a representação numérica retrata (como valor do custo histórico ou valor justo).
Uma informação completa envolve também explicações de fatos significativos sobre a
natureza e as dimensões de qualidade da informação. Por exemplo, as notas explicativas que
evidenciam as práticas contábeis, além de políticas, critérios e normas adotados para elaboração
dos relatórios.

2.2 REPRESENTAÇÃO FIDEDIGNA: NEUTRA


A informação, para ser neutra, deve ser imparcial, não tendenciosa, buscando apresentar
dados e informações sem viés (CPC, 2019). Assim, a neutralidade diz respeito à não existência de
viés na escolha da forma de registro ou de mensuração, quer para melhorar artificialmente a
realidade, quer para piorá-la.
A neutralidade em casos de incertezas no reconhecimento dos elementos contábeis é apoiada
pelo exercício da prudência, devendo-se adotar o menor valor para os ativos e o maior valor para
os passivos. Nesse contexto, o contador deve ter cautela, ou seja, exercer o princípio da prudência,
de modo que os ativos ou receitas não sejam superestimados, e os passivos ou despesas não
sejam subestimados.

Exemplo
A empresa, a partir do uso das características confirmatórias e preditivas da informação
contábil, observou um padrão de inadimplência, identificando um percentual de 3% dos
valores que ela deveria receber por mês de seus clientes, não sendo pagos ou saldados. Nesse
caso, para que a conta de Duplicatas a Receber de clientes no Ativo não ficasse
superestimada, apresentando um valor que não será convertido em caixa (dinheiro), a
contabilidade reconhece essa perda estimada com clientes de liquidação duvidosa.
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Ao reconhecer essa perda, ocorre a redução do valor da conta de Duplicatas a receber,


evidenciando somente os valores que a empresa efetivamente espera receber em dinheiro no
caixa, e com os quais poderá contar para uso em operações diárias.
Ativos:
(+) Duplicatas de Clientes a receber
(-) Perdas estimadas de cliente de liquidação duvidosa
(=) Saldo de Duplicatas de Clientes a receber

2.3 REPRESENTAÇÃO FIDEDIGNA: LIVRE DE ERROS


Representação fidedigna não significa representação precisa em todos os aspectos. Diante
disso, espera-se no mínimo que os demonstrativos contábeis elaborados de acordo com as
práticas e normas contábeis sejam isentos ou livre de erros, representando fielmente a situação
econômica e financeira da entidade.
Por exemplo, quando a estimativa de preço ou valor não pode ser estimada com precisão, o
valor deve ser descrito de forma clara e precisa como sendo estimativa. Assim, a informação
conterá em seu escopo as limitações da estimativa; se nenhum erro tiver sido cometido na escolha
e na aplicação do processo, será representada de forma fidedigna.
Em resumo, pode-se afirmar que as Demonstrações contábeis estão longe de se constituírem
em uma ciência exata, pois as informações ou os valores informados são consequência da
utilização de julgamentos. Dessa forma, espera-se que contenham as características fundamentais
de relevância e representação fidedignas, para que possam orientar os usuários na tomada de
decisão.

2.4 APLICAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS FUNDAMENTAIS


A estrutura conceitual (CPC, 2019) determina três passos, definidos como processos
eficientes para aplicação das características qualitativas fundamentais, para elaboração e
observação das informações contábeis.
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Figura 4 – Aplicação das características qualitativas fundamentais

Fonte: CPC, 2019.

Por fim, entende-se que as informações apresentadas nos demonstrativos contábeis, para
serem classificadas como úteis por seus usuários, devem ser relevantes (conter valores preditivos
e confirmatórios), influenciando na tomada de decisão, devem conter representação fidedigna (a
informação precisa ser completa, neutra e Isenta de erro), observando os preceitos de prudência e
materialidade nos registros, além de reconhecimento e desreconhecimento dos elementos
patrimoniais e de resultados apresentados.

TEMA 3 – CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS DE MELHORIA


As características de melhoria, como o termo aponta, tem o objetivo de elevar o nível de
qualidade da informação contábil. Assim, uma informação, além de relevante e fidedigna, deve ter
ainda a capacidade de ser comparada, verificada, compreensível e apresentada no momento
oportuno, tempestivo para a tomada de decisão.

Figura 5 – Características de melhoria

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Fonte: CPC, 2019.

3.1 COMPARABILIDADE
A comparabilidade é característica qualitativa que permite, aos usuários, tomarem decisões
que envolvem escolher entre alternativas, como vender ou manter o investimento, ou investir em
uma ou outra entidade. Esse processo é facilitado quando as entidades divulgam seus relatórios
contábeis; sua utilidade será aumentada se puderem se forem comparados a informações
similares sobre outras entidades, e sobre a mesma entidade, referentes a outro período ou outra
data (CPC, 2019, item 2,24).
Para facilitar esse processo, os demonstrativos contábeis devem ser divulgados e publicados
evidenciando os resultados de pelo menos dois períodos. Veja o exemplo do balanço Patrimonial da
Cia Alpargatas S.A., em que se pode observar que o ativo total referente ao exercício de 2018 foi de
R$ 3.980.105; no ano de 2019, foi de R$ 4.522.040. A comparabilidade permite a análise dos
elementos patrimoniais e de resultados, para avaliar a situação econômica e financeira de uma
entidade.

Tabela 1 – Balanço Patrimonial Alpargatas S.A.

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Fonte: B3, 2020.

Então comparabilidade é isso? Esse é um exemplo de como a informação contábil deve ser
útil para seus usuários, pois é necessário que apresente elementos que possam ser comparados,
o que inclui as informações da própria empresa em períodos diferentes (2018 e 2019), e de outras
empresas do mesmo segmento ou área de atuação, para que se possa fazer inferências.
Por segmento, entende-se determinados grupo de entidades que desenvolvem atividades
econômicas semelhantes, como produtos, serviços e mercado consumidor.
Os usuários comparam a informação contábil, para verificar como a empresa evoluiu nos
últimos anos, se é rentável, gera lucros aos proprietários, e qual o percentual de crescimento de
período a período. Pode-se fazer comparações, ainda, com as informações publicadas de outras
empresas do mesmo segmento. Assim, para afirmar que uma empresa obteve um bom
desempenho em determinado período, é preciso comparar os resultados da empresa analisada
com os resultados de outras empresas do mesmo segmento.
A característica qualitativa da comparabilidade permite também a análise do segmento de
mercado de atuação das entidades, e se o momento é propício para investir nesse tipo de
organização. Veja que a comparabilidade permite aos usuários tomarem os mais diversos tipos de
decisão, sejam internas (compras, vendas, produção e investimento), como externas
(investimentos, em outras entidades, concessão de créditos, abertura de ações no mercado, entre
outros aspectos). Nesse entendimento, a comparabilidade permite aos usuários identificar as
variações econômicas e financeiras de uma entidade entre diferentes períodos, buscando
compreender similaridades. Por exemplo, se o elemento de análise for o estoque, as contas
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analisadas devem ser correlatas às contas de estoques, para que se mantenha a similaridade,
permitindo assim entender as diferenças.
Dentre as características da comparabilidade, pode-se observar que um dos pontos
importantes repousa sobre a consistência da informação de um período para outro.
Por exemplo, critérios de apuração dos inventários-estoques, se os mesmos métodos foram
aplicados de período a período, se houve mudança nas políticas da empresa, e outras diferenças
que mais adiante vamos estudar no reconhecimento e desreconhecimento dos elementos
patrimoniais.
A apuração do inventário-estoques corresponde ao método adotado por uma empresa para
avaliar seus estoques e apurar o custo do produto vendido – e consequentemente o lucro no
momento da venda.
Em síntese, um único fenômeno econômico, apresentado de forma fidedigna, pode contemplar
as características necessárias de uma informação contábil. No entanto, sua relevância é diminuída
se não puder ser comparável.

3.2 CAPACIDADE DE VERIFICAÇÃO: VERIFICABILIDADE


Dentre as características de melhoria, destaca-se a capacidade de verificação da informação
contábil. Por exemplo, a informação apresentada de forma fidedigna (representação fiel dos
eventos econômicos e financeiros da entidade) permite que os usuários verifiquem, confiram,
façam auditorias e perícias, chegando a um consenso sobre os métodos e práticas aplicados para a
elaboração dos demonstrativos contábeis.
Assim, a capacidade de verificação significa que diferentes observadores, bem informados e
independentes, podem chegar a um consenso, embora não a um acordo necessariamente
completo, quanto ao fato de que a representação específica é fidedigna (CPC, 2019). A capacidade
de verificação pode ser direta e indireta.

Figura 6 – Capacidade de Verificação

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Fonte: B3, 2020.

A verificação direta pode ser classificada como quantitativa, observada por exemplo na
contagem dos estoques físicos para comparação com os relatórios emitidos no sistema, na
conferência do dinheiro em caixa no fim do expediente, dentre outras finalidades.
A verificação indireta, por sua vez, está relacionada com os métodos de aplicação contábil.
Um exemplo é verificar o valor contábil do estoque, checando as informações (quantidades e
custos) e recalculando o estoque final, com métodos como a média ponderada móvel ou o método
primeiro a entrar, primeiro a sair (CPC, 2019).
Por fim, observe que a capacidade de verificação pode ser tanto quantitativa (contagem da
quantidade física dos estoques) quanto qualitativa (por exemplo, o método aplicado para
reconhecer o valor contábil dos estoques). Carece, ainda, da representação fidedigna e da
comparabilidade das informações.
A capacidade de verificação é relevante, na medida que os relatórios contábeis apresentam as
informações referentes aos eventos econômicos e financeiros da entidade, e as complementem
com explicações sobre métodos e políticas aplicados na sua elaboração. Somente assim os
usuários poderão julgar a utilidade da informação fornecida.

TEMA 4 – CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS DE MELHORIA:


TEMPESTIVIDADE E COMPREENSIBILIDADE
Assim como as características fundamentais, a comparabilidade e a verificação são
importantes. Para classificar uma informação como útil, ela deve ser apresentada no momento
certo – deve ser tempestiva e compreensível.
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Vamos estudar agora as características qualitativas de melhoria.

4.1 TEMPESTIVIDADE
Por tempestividade, podemos entender a disponibilização das informações com tempo hábil
para influenciar na tomada de decisão por parte de seus usuários. Entende-se, assim, que quanto
mais antiga uma informação, menos útil ela é.

Exemplo
Uma empresa de pequeno porte de vendas no varejo foi atingida fortemente pela recessão
econômica em que vive o país. Com menor poder aquisitivo, os clientes estão endividados e
sem dinheiro para adquirir os produtos de consumo, seja a prazo ou a vista. Diante disso, o
empresário percebe que não está passando por um bom momento, mas as vendas que foram
parceladas em períodos anteriores estão aquecendo o caixa. Otimista, na expectativa de
aumentar suas vendas com a chegada das festas de fim de ano, abasteceu seus estoques.
No mesmo período, a contabilidade, que é terceirizada, fechou os demonstrativos
contábeis da empresa. O contador observou que o volume de vendas da empresa vinha
reduzindo significativamente nos últimos anos para o mesmo período. Assim, o cenário
econômico não era propício para adquirir um volume tão grande de mercadorias, pois essa
ação poderia comprometer o fluxo de caixa no futuro próximo. Pensou em conversar com o
empresário, imprimiu os relatórios e guardou-os na gaveta.
Passados três meses, o empresário chegou desaminado ao escritório, manifestando a
possibilidade de fechar as portas, pois não conseguiria vender seus estoques, e estava ficando
sem caixa. O contador, mais que depressa, puxa os demonstrativos contábeis guardados.

Agora reflita, essa informação é relevante para o empresário neste momento? Caso o
contador tivesse reportado a informação no momento oportuno, o empresário “poderia” ter tomado
decisões mais conservadoras, comprando um volume menor de mercadorias, ou talvez realizando
companhas de marketing para atrair mais clientes, fazendo promoções, baixando os preços. Enfim,
uma informação somente é valiosa e útil se influenciar tempestivamente a tomada de decisão.

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Nesse contexto, pode-se observar que os registros contábeis fornecem informações de


resultados que já ocorreram. Por isso, uma informação perde a relevância se o contador demorar
muito tempo para comunicá-la ou divulgá-la.
Quanto mais antiga a informação, menos valor ela tem, pois perde a relevância – ou seja, a
capacidade de influenciar: a tomada de decisão; a análise de desempenho (mensal, trimestral ou
anual) da entidade; o valor preditivo para fornecer informações para projeções futuras; a
capacidade de verificação e comparação; entre outras características.

4.2 COMPREENSIBILIDADE
Característica de melhoria, a compreensibilidade tem como função apresentar e classificar as
informações evidenciadas nos demonstrativos contábeis, de modo claro e conciso, tornando-as
compreensíveis aos usuários da informação (CPC, 2019).

Exemplo de compreensibilidade
Pelo MEP, o resultado de equivalência patrimonial é reconhecido diretamente no resultado
do período, enquanto a variação cambial do investimento no exterior deve ser reportada em
conta específica do Patrimônio Líquido (Ajuste Acumulado de Conversão – Outros Resultados
Abrangentes), sendo somente reconhecida como receita ou despesa no resultado, quando da
realização dos investimentos (venda ou baixa do investimento líquido).
Fonte: Gelbcke; Martins; Santos, 2018, p. 231.

Você, aluno que está iniciando seu curso, consegue entender a explicação dos autores?
Conhece todos os termos utilizados, como MEP (Método de equivalência patrimonial), Variação
cambial, Resultados Abrangentes, Realização dos investimentos?
Alguns alunos, por já estarem no mercado de trabalho, pode ser que já conheçam, mas a
maioria não. Afinal, é necessário que o aluno percorra uma trilha de conhecimentos, ao longo
da qual lhe serão apresentados aos poucos, e de forma evolutiva, conceitos, definições, técnicas,
classificações etc., para que ao longo do curso possa construir conhecimento, de forma que esteja
habilitado para aplicar a contabilidade e desenvolver competências para interpretar as informações
contábeis, inerentes à prática da profissão. Assim, para que possa construir conhecimento, o aluno
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deve ser munido de informações claras e concisas, para ser considerado como habilitado para, por
exemplo, interpretar os termos descritos no recorte apresentado.
Com os usuários dos demonstrativos contábeis, acontece o mesmo, pois os relatórios são
elaborados de acordo com as normas contábeis vigentes, e por vezes apresentam informações
complexas. Por isso, a compreensibilidade é uma característica qualitativa importante, permitindo o
entendimento da informação por meio de padronização e métodos pré-determinados, como
estamos vendo ao longo da disciplina.
No entanto, isso não significa que os termos e jargões técnicos específicos da área contábil e
de negócios devem ser suprimidos (ocultados) para que sejam compreensíveis. Porque, assim
como acontece nas Ciências Jurídicas, na Contabilidade os usuários devem estar aptos para
interpretar as informações contábeis fornecidas.
Por isso, “os Relatórios financeiros devem ser elaborados para usuários que têm
conhecimento razoável das atividades comerciais e econômicas e que revisam e analisam as
informações de modo diligente” (CPC, 2019).
Neste contexto, destaca-se a importância do profissional da Contabilidade, pois, por vezes,
mesmo que os usuários sejam habilitados, seus conhecimentos podem não ser suficientes,
cabendo aqui o papel consultivo do contador para sanar dúvidas, sempre que solicitado.
As características qualitativas de melhoria devem potencializar o máximo possível a qualidade
das informações contábeis. Todavia, se as informações não forem relevantes, representando
fidedignamente os fenômenos econômicos e financeiros de uma entidade, perdem totalmente sua
utilidade (CPC, 2019).

TEMA 5 – RESTRIÇÕES DO CUSTO SOBRE RELATÓRIOS


FINANCEIROS ÚTEIS
Nos temas anteriores, abordamos as características qualitativas fundamentais e de melhoria
de uma informação contábil, como critérios que qualificam uma informação contábil como útil.
Qual é o custo benefício de gerar as informações contábeis? Já pensou sobre isso?

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Imagine um mercadinho da sua comunidade, bairro ou vila, publicando seus Demonstrativos


Contábeis no Diário Oficial da União. Consideramos aqui uma microempresa que fatura até R$
120.000 (cento e vinte mil reais) por mês. Destaque para o fato de que esse tipo de empresa é
desobrigado da divulgação pública de seus relatórios financeiros.

Tabela 2 – Custos de publicação para o Diário Oficial no Estado do Paraná


CUSTO DE PUBLICAÇÃO Custo por cm
Diário Oficial Executivo (Poder Executivo Estadual) R$ 26,00 (centímetro)
Diário Oficial Comércio, Indústria e Serviços R$ 30,00 (centímetro)
CUSTO DE PUBLICAÇÃO POR PÁGINA Custo por página inteira
• R$ 1.620,00 (17 x 27 cm) - A4
Diário Oficial Comércio, Indústria e Serviços • R$ 2.790,00 (25 x 31 cm) – Tabloide
• R$ 5.709,00 (30 x 52 cm) - Página dupla

Avalia: realmente vale a pena para esta microempresa publicar suas informações no Diário
Oficial, elaborar demonstrativos, notas explicativas de forma pormenorizada, desembolsando de
R$ 1.620,00 a 5.709,00? A quem se destina ou quem são os usuários dessa informação? Vale o
custo? Qual o benefício?
Essas são perguntas que devem ser levadas em consideração, pois os relatórios contábeis,
elaborados de acordo com as normas contábeis, são destinados primariamente aos usuários
externos, que farão uso dessa informação para a tomada de decisão, pensando em investimentos
em outras empresas, vendas de ações no mercado financeiros, negócios de fusão, incorporação,
cisão. De modo geral, envolvem grandes negociações.
Para uma microempresa, o custo pode não ter benefícios, pois o esforço para emiti-las pode
não trazer resultados (benefícios) para a empresa, transformando-se em despesas.
Por outro lado, no caso de uma sociedade anônima, que está obrigada a publicar o conjunto
completo de demonstrações contábeis, para atender às normas da CMV (Comissão de valores
Mobiliários) e da bolsa de valores, há a necessidade de produzir informação aos acionistas quanto
à distribuição dos lucros, aos investidores interessados nas atividades da empresa, calculando o
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preço das ações, pensando nos demais usuários interessados. O custo benefício é relevante, pois
seus usuários aguardam o momento da divulgação e publicação dos demonstrativos contábeis,
para avaliar se continuam ou não a investir na empresa.
Assim, e diante de tudo que já estudamos nesta aula, pode-se inferir que os custos para
divulgar uma informação devem ser imbuídos de benefícios. A estrutura conceitual da
contabilidade define o custo como “uma restrição generalizada que pode ser fornecida pelo
relatório financeiro, e desse modo, devem ser justificados pelos seus respectivos benefícios” (CPC,
2019).
Os fornecedores da informação, ou seja, a entidade que reporta, representada pela
contabilidade, demandam tempo e esforço em termos de coleta de dados, processamento,
adequação às normas, verificação e disseminação de informações financeiras. É um trabalho
minucioso, e por isso se deve levar em consideração o custo-benefício de gerar a informação.
Sob o ponto de vista dos usuários, podemos observar que também há custo-benefício, pois
para se avaliar a utilidade da informação é necessário dispender tempo e contratar especialistas
para analisar e interpretar as informações disponibilizadas. Caso essas informações não sejam
necessárias ou suficientes, incorrem em custos adicionais para obter as informações em qualquer
outra parte, ou para estimá-las.
Portanto, procura-se considerar custos e benefícios em relação ao relatório financeiro, de
modo geral, e não apenas em relação a entidades individuais que reportam.

TROCANDO IDEIAS
Estudamos, nesta aula, que os relatórios contábeis devem fornecer informações úteis para a
tomada de decisão. No entanto, para serem julgadas como úteis por seus usuários, devem conter
características, ou atributos, que as qualifiquem como tal.
Com base nos temas apresentados e em um movimento de socialização profissional,
sugerimos que conversem com profissionais contábeis em atividade, que você conhece ou no seu
ambiente de trabalho, para investigar qual a percepção que apresentam a respeito dos atributos da
informação: características qualitativas fundamentais e de melhoria.

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Investigue como essas características são percebidas pelos contadores;


Qual o nível de aplicabilidade na sua rotina (essas características são observáveis no dia a
dia?);
Quem são os principais usuários que consomem informações contábeis no contexto
analisado (usuários internos ou externos).
De posse dessas informações, entre no fórum de seu ambiente virtual e discuta, com seus
colegas, a aplicabilidade dessas características qualitativas e os principais usuários da informação
contábil.

NA PRÁTICA
As características qualitativas de informações financeiras úteis se aplicam a informações
financeiras fornecidas nas demonstrações contábeis, bem como a informações financeiras
fornecidas de outras formas. O custo, que é uma restrição generalizada sobre a capacidade da
entidade que reporta de fornecer informações financeiras úteis, se aplica de forma similar.
(CPC, 2019)
Com base neste recorte do CPC, correlacione as características da informação contábil:
1. Características qualitativas fundamentais.
2. Características qualitativas de melhoria.
Associe, atribuindo 1 ou 2 paras as sentenças:
A capacidade de verificação significa que diferentes observadores bem informados e independentes podem
chegar ao consenso, embora não a acordo necessariamente completo.
A compreensibilidade tem como função apresentar e classificar as informações evidenciadas nos
demonstrativos contábeis de modo claro e conciso tornando-as compreensíveis aos usuários da informação.
A representação fidedigna é a representação fiel da situação patrimonial de uma entidade em determinado
período.
A relevância é relacionada com a capacidade de uma informação fazer a diferença nas decisões tomadas pelos
seus usuários, devendo conter valor preditivo e confirmatório ou ambos.
Tempestividade é a disponibilização das informações há tempo de influenciar na tomada de decisão por parte
de seus usuários.

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Assinale a sequência correta[1]:


a. 2; 1; 1; 2; 2.
b. 2; 2; 1; 1; 2.
c. 2; 1; 1; 1; 2.
d. 2; 1; 1; 2; 1.
e. 2; 2; 1; 2; 1.

FINALIZANDO
Nesta aula, estudamos a qualidade das informações geradas pelos relatórios contábeis.
Podemos pensar, a partir do exposto, sobre a importância das observações das normas contábeis
a para sua elaboração.
Outro ponto importante que podemos observar é a importância do profissional contábil, seja
para a preparação dos dados (reconhecimento e escrituração), como também no auxílio a tomada
de decisão, de forma direta ou indireta, por meio dos relatórios emitidos.
Por fim, podemos inferir que os usuários da informação, a partir das características qualitativas
apresentadas, determinam se elas influenciam ou não a tomada de decisão. São os usuários que
determinam a utilidade da informação.

REFERÊNCIAS
B3 – Brasil, Bolsa, Balcão. Ações. Disponível em: <http://www.b3.com.br/pt_br/produtos-e-
servicos/negociacao/renda-variavel/empresas-listadas.htm>. Acesso em: 10 mar. 2020.
CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. CPC 00 (R2): Estrutura Conceitual para
Relatório Financeiro. 2019. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-
Emitidos/Pronunciamentos>. Acesso em: 10 mar. 2020.
GELBCKE, E. R.; MARTINS, E.; SANTOS, A. dos. Manual de contabilidade societária: aplicável
a todas as sociedades de acordo com as normas internacionais e do CPC. 3. ed. São Paulo: Atlas,
2018.

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GABARITO
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A resposta correta é a b. 2; 2; 1; 1; 2.

[1] O gabarito para essa questão pode ser encontrado ao final deste material, após a seção
Referências.

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