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14/02/2023, 12:10 UNINTER

 
 
 
ESTRUTURA DA CONTABILIDADE
BRASILEIRA
AULA 2

 
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Profª Edenise Aparecida dos Anjos

CONVERSA INICIAL

Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)!

Nesta aula, vamos estudar especificamente as características da informação contábil e sua

capacidade de ser útil para seus usuários. Os temas a serem explorados são:  

Característica da informação contábil útil e característica qualitativa fundamental: relevância;


Características qualitativas fundamentais: representação fidedigna;

Características qualitativas de melhoria: comparabilidade e verificabilidade;

Características qualitativas de melhoria: tempestividade e compreensibilidade;

Restrição do custo versus benefício da informação contábil.

CONTEXTUALIZANDO

Anteriormente, estudamos os aspectos conceituais da contabilidade, os relatórios contábeis e

principais usuários. Nesta aula, nosso enfoque é direcionado sobre a qualidade das informações
contábeis, ou características qualitativas da informação contábil.

Para iniciar nossa aula, apresenta-se o seguinte questionamento: quais as características que se

espera da informação contábil para que um usuário a classifique como útil e a utilize como

base para a sua tomada de decisão?

A informação, para ser útil, precisa conter alguns atributos, como ser relevante e representar de

maneira fidedigna a situação da entidade. Deve ainda ser passível de ser melhorada, ao ser

comparada, verificada, compreensível e ser apresentada tempestivamente, ou seja, no momento

oportuno.

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São muitos atributos? Não se preocupe, vamos estudar cada um deles e apresentar exemplos

que facilitam o entendimento. Bons Estudos!

TEMA 1 – CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS DE INFORMAÇÕES


FINANCEIRAS ÚTEIS

As características qualitativas da informação contábil são atributos que tornam a informação

contida nos relatórios contábeis úteis, para que seus usuários possam tomar suas decisões. Voltando

aos objetivos dos relatórios contábeis, já estudamos que são emitidos de acordo com as normas
contábeis, para atender as necessidades de uma ampla gama de usuários.

Agora vamos estudar a qualidade da informação gerada pelos Demonstrativos Contábeis,

analisando suas características fundamentais, como relevância das informações, e se representam

de forma fidedigna a situação patrimonial e financeira de uma entidade.

De forma complementar aos atributos fundamentais, espera-se ainda que a qualidade dessas

informações possa ser aumentada, por meio das características de melhoria, quanto à capacidade

de serem comparadas e verificadas; em termos da disponibilidade da informação, a tempo de ser

utilizada no momento certo, com tempestividade; e em relação a seu conteúdo, a

compreensibilidade, na perspectiva de seus usuários. Assim, as características qualitativas são

classificadas em dois grupos: fundamentais e de melhoria. A Figura 1 apresenta as características de

cada uma.

Figura 1 – Características qualitativas

Fonte: CPC, 2019.

Em síntese, os relatórios contábeis, elaborados de acordo com as normas, devem produzir


informações que possam ser julgadas como úteis por seus usuários. Para aprender sobre essas

características fundamentais e de melhoria, vamos estudá-las individualmente, iniciando pelas

características fundamentais.

1.1 CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS FUNDAMENTAIS

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As características qualitativas fundamentais da informação contábil são classificadas em

relevância e representação fidedigna. São classificadas como fundamentais pois representam os

preceitos básicos do que se espera dos demonstrativos contábeis; são carregadas de valor, tanto

quantitativa (expressos em números e valor) quanto qualitativamente (percepção de qualidade).

1.2 CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS FUNDAMENTAIS: RELEVÂNCIA

A relevância é uma das características qualitativas fundamentais, relacionada com a capacidade

de uma informação fazer a diferença nas decisões tomadas pelos seus usuários, ainda que eles

optem por não tirar vantagem, e mesmo que já tenham conhecimento delas e de outras fontes (CPC,

2019). Essa classificação é apresentada na estrutura conceitual da contabilidade.

Mas qual a importância da característica da relevância? Essa é uma das principais

características da informação contábil, pois esse atributo deve estar contido em todas as informações

apresentadas pelos Demonstrativos Contábeis, independente do fato de as informações

apresentarem cunho quantitativo (de quantidade), valores monetários e quadros explicativos.

Somente assim o usuário poderá avaliar se a informação é útil, verificando a capacidade de

influenciar a tomada de decisão.

No entanto, para o uso da informação contábil, o usuário precisa ter conhecimento dos

elementos patrimoniais e de resultados, para que possa realizar suas análises. É nesse momento que

entra o julgamento da utilidade da informação, pois a partir dos valores preditivos e confirmatórios é

possível decidir se a informação disponibilizada para tomada de decisão será ou não utilizada.

A informação relevante deve conter valor preditivo, que são os dados constantes nos relatórios,

que podem ser processados como entradas para serem utilizados em previsões (análise da entrada

de dinheiro em caixa em períodos futuros). Deve também apresentar valor confirmatório, em

referência à informação disponível nos relatórios, que ao serem analisadas e confrontadas com

períodos anteriores fornecem um feedback da situação encontrada. Espera-se que uma informação
relevante contenha os dois valores, preditivo e confirmatório, ao mesmo tempo.

Figura 2 – Características qualitativas

Fonte: CPC, 2019.

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Exemplo: analise a seguinte situação

A empresa XX Ltda analisou a necessidade de investir em novos equipamentos para

aumentar sua produção e consequentemente suas vendas. Para isso, decidiu verificar com

fornecedores e instituições financeiras qual a melhor opção.

Os fornecedores e instituições, para conceder o crédito para a Empresa XX, solicitaram os

demonstrativos contábeis dos últimos três anos e do ano corrente.

De posse dos demonstrativos contábeis, analisam os períodos anteriores para avaliar o

desempenho da empresa (valor confirmatório) e verificar sua capacidade de gerar fluxos de

caixa futuros para saldar dívidas (valor preditivo). Analisam ainda se ela tem estoques para

vender; além dos direitos a receber de seus clientes e do nível de endividamento (obrigações a

pagar) nos últimos anos (valor confirmatório), para analisar a capacidade a capacidade futura

de pagamento (valor preditivo).

Somente após tais análises os fornecedores e as instituições financeiras avaliam a concessão

dos empréstimos/financiamento para a empresa XX.  Sendo aprovado pelas entidades credoras,

a empresa XX agora analisa qual a melhor opção.

Observe, neste exemplo hipotético, que a base para a concessão de crédito está atrelada à

qualidade da informação contábil e sua relevância, e aos valores preditivos e confirmatórios contidos

na sua apresentação. Somente assim poderá ser julgada como útil para a tomada de decisão.

1.3 MATERIALIDADE

A relevância é diretamente associada ao conceito de materialidade, pois se uma informação

material for omissa ou distorcida, pode influenciar as decisões dos usuários dos relatórios financeiros

(CPC, 2019). Ressalta-se, nesse contexto, que a contabilidade é realizada com requinte de detalhes;

todavia, nem todas as informações são relevantes para seus usuários, se pensarmos nos esforços

necessários para a sua elaboração e nas métricas de proporções.

Exemplo: analise a seguinte situação

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Uma empresa de grande porte distribui por departamentos o material de consumo. Em

determinado período, identificou o total de despesas com papel A4 no valor de R$ 5.000,00

(cinco mil reais). De posse dessa informação, o encarregado pelas despesas de papel A4, decidiu,

então, identificar quantas folhas de papel A4 cada departamento consome, para atribuir de

forma correta as despesas aos seus respectivos departamentos. Para isso, designou uma equipe

para fazer o controle.

Essa decisão foi tomada levando em consideração a relevância e a materialidade da


informação?

Para responder essa pergunta, vamos comparar a despesa de R$ 5.000,00 com a Receita

Líquida de Vendas da entidade, no valor aproximado de R$ 3.000.000,00 (três milhões de reais).


Analise, agora, o quanto essas despesas (R$ 5.000,00) consomem das receitas líquidas de vendas

nesse mesmo período.

Analisando a proporção de 0,17%, podemos inferir que não faz sentido montar uma equipe

para analisar quanto de papel A4 cada departamento consome – ou seja, essa informação é
imaterial. Afinal, o custo para quantificar quanto cada departamento consome de folhas é maior

que o benefício da informação. Portanto, é imaterial e irrelevante para a tomada de decisão.

Agora vamos tomar como base a mesma despesa com papel A4, mudando apenas para o
contexto de uma microempresa, que obtém Receitas líquidas de Vendas no valor de R$

120.000,00 (centro e vinte mil reais) no período.  Quando analisado o consumo de papel no valor
de$ 5.000,00, comparando-o com as receitas, vamos obter um percentual de 4,17%. Segue

cálculo:

Pode-se agora inferir que a mesma despesa, considerada como imaterial e não significativa

para a empresa de grande porte, é material para uma microempresa – ou seja, deve ser
quantificada para identificar os motivos pelos quais essa despesa consome 4,17% das receitas,

sendo portanto relevante para análise e posterior tomada de decisão.

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Aplicar os conceitos de materialidade, julgar o que é relevante ou não para uma entidade, não é

tarefa fácil, pois requer, do contador, vivência, expertise e bom senso no exercício de sua função. 

Em resumo, uma informação relevante deve ser oportuna, ou seja, deve servir o usuário no

momento em que ele precisa, permitindo análise, interpretação e utilização, para estabelecer metas,
fazer investimentos, enfim, tomar decisões que vão influenciar nos negócios da entidade que

reportou a informação.

TEMA 2 – CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS FUNDAMENTAIS:


REPRESENTAÇÃO FIDEDIGNA

Para serem úteis, as informações contábeis, além de relevantes, precisam representar fielmente a
situação financeira do patrimônio, que está sendo retratada nos relatórios contábeis, ou seja, deve

ser fidedigna. Essa representação pode ser feita em palavras e números, como apresentar o nome
correto das contas e os saldos das transações a que se refere, evitando o uso de terminologias

genéricas, como despesas gerais, por meio das quais não é possível identificar quais são essas
despesas e seus  respectivos valores, suprimindo assim informações que possam vir a ser importantes

para a tomada de decisão.

Na perspectiva da estrutura conceitual, para a elaboração de relatórios financeiros úteis, as


informações financeiras não devem apenas representar fenômenos relevantes, mas também,

de forma fidedigna, a essência dos fenômenos que se pretende representar (CPC, 2019).

Assim, a característica qualitativa de uma informação fidedigna é a representação fiel da situação

patrimonial de uma entidade em determinado período. Deve ainda ser maximizada por três
características: completa, neutra e isenta de erros.

Figura 3 – Representação fidedigna

Fonte: CPC, 2019.

2.1 REPRESENTAÇÃO FIDEDIGNA: COMPLETA

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Uma representação completa inclui todas as informações necessárias para que o usuário
compreenda os fenômenos que estão sendo representados, inclusive todas as descrições e

explicações necessárias.

Por exemplo, a representação completa de grupo de ativos inclui, no mínimo, a descrição da


natureza dos ativos do grupo, a representação numérica de todos os ativos do grupo, e a descrição

daquilo que a representação numérica retrata (como valor do custo histórico ou valor justo).

Uma informação completa envolve também explicações de fatos significativos sobre a natureza e

as dimensões de qualidade da informação. Por exemplo, as notas explicativas que evidenciam as


práticas contábeis, além de políticas, critérios e normas adotados para elaboração dos relatórios.

2.2 REPRESENTAÇÃO FIDEDIGNA: NEUTRA

A informação, para ser neutra, deve ser imparcial, não tendenciosa, buscando apresentar dados e

informações sem viés (CPC, 2019). Assim, a neutralidade diz respeito à não existência de viés na
escolha da forma de registro ou de mensuração, quer para melhorar artificialmente a realidade, quer

para piorá-la.

A neutralidade em casos de incertezas no reconhecimento dos elementos contábeis é apoiada

pelo exercício da prudência, devendo-se adotar o menor valor para os ativos e o maior valor para
os passivos. Nesse contexto, o contador deve ter cautela, ou seja, exercer o princípio da prudência, de

modo que os ativos ou receitas não sejam superestimados, e os passivos ou despesas não sejam
subestimados.

Exemplo

A empresa, a partir do uso das características confirmatórias e preditivas da informação

contábil, observou um padrão de inadimplência, identificando um percentual de 3% dos valores


que ela deveria receber por mês de seus clientes, não sendo pagos ou saldados. Nesse caso,

para que a conta de Duplicatas a Receber de clientes no Ativo não ficasse superestimada,
apresentando um valor que não será convertido em caixa (dinheiro), a contabilidade reconhece

essa perda estimada com clientes de liquidação duvidosa.

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Ao reconhecer essa perda, ocorre a redução do valor da conta de Duplicatas a receber,

evidenciando somente os valores que a empresa efetivamente espera receber em dinheiro no


caixa, e com os quais poderá contar para uso em operações diárias.

Ativos:

(+) Duplicatas de Clientes a receber

(-) Perdas estimadas de cliente de liquidação duvidosa

(=) Saldo de Duplicatas de Clientes a receber

2.3 REPRESENTAÇÃO FIDEDIGNA: LIVRE DE ERROS

Representação fidedigna não significa representação precisa em todos os aspectos. Diante disso,

espera-se no mínimo que os demonstrativos contábeis elaborados de acordo com as práticas e


normas contábeis sejam isentos ou livre de erros, representando fielmente a situação econômica e

financeira da entidade.

Por exemplo, quando a estimativa de preço ou valor não pode ser estimada com precisão, o
valor deve ser descrito de forma clara e precisa como sendo estimativa. Assim, a informação conterá

em seu escopo as limitações da estimativa; se nenhum erro tiver sido cometido na escolha e na
aplicação do processo, será representada de forma fidedigna.

Em resumo, pode-se afirmar que as Demonstrações contábeis estão longe de se constituírem em


uma ciência exata, pois as informações ou os valores informados são consequência da utilização de
julgamentos. Dessa forma, espera-se que contenham as características fundamentais de relevância e

representação fidedignas, para que possam orientar os usuários na tomada de decisão.

2.4 APLICAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS FUNDAMENTAIS

A estrutura conceitual (CPC, 2019) determina três passos, definidos como processos eficientes

para aplicação das características qualitativas fundamentais, para elaboração e observação das
informações contábeis.

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Figura 4 – Aplicação das características qualitativas fundamentais

Fonte: CPC, 2019.

Por fim, entende-se que as informações apresentadas nos demonstrativos contábeis, para serem
classificadas como úteis por seus usuários, devem ser relevantes (conter valores preditivos e

confirmatórios), influenciando na tomada de decisão, devem conter representação fidedigna (a


informação precisa ser completa, neutra e Isenta de erro), observando os preceitos de prudência e

materialidade nos registros, além de reconhecimento e desreconhecimento dos elementos


patrimoniais e de resultados apresentados.

TEMA 3 – CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS DE MELHORIA

As características de melhoria, como o termo aponta, tem o objetivo de elevar o nível de

qualidade da informação contábil. Assim, uma informação, além de relevante e fidedigna, deve ter
ainda a capacidade de ser comparada, verificada, compreensível e apresentada no momento
oportuno, tempestivo para a tomada de decisão.

Figura 5 – Características de melhoria

Fonte: CPC, 2019.

3.1 COMPARABILIDADE

A comparabilidade é característica qualitativa que permite, aos usuários, tomarem decisões que

envolvem escolher entre alternativas, como vender ou manter o investimento, ou investir em uma
ou outra entidade. Esse processo é facilitado quando as entidades divulgam seus relatórios contábeis;

sua utilidade será aumentada se puderem se forem comparados a informações similares sobre
outras entidades, e sobre a mesma entidade, referentes a outro período ou outra data (CPC, 2019,

item 2,24).

Para facilitar esse processo, os demonstrativos contábeis devem ser divulgados e publicados

evidenciando os resultados de pelo menos dois períodos. Veja o exemplo do balanço Patrimonial da
Cia Alpargatas S.A., em que se pode observar que o ativo total referente ao exercício de 2018 foi de

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R$ 3.980.105; no ano de 2019, foi de R$ 4.522.040. A comparabilidade permite a análise dos

elementos patrimoniais e de resultados, para avaliar a situação econômica e financeira de uma


entidade.

Tabela 1 – Balanço Patrimonial Alpargatas S.A.

Fonte: B3, 2020.

Então comparabilidade é isso? Esse é um exemplo de como a informação contábil deve ser útil
para seus usuários, pois é necessário que apresente elementos que possam ser comparados, o que

inclui as informações da própria empresa em períodos diferentes (2018 e 2019), e de outras empresas
do mesmo segmento ou área de atuação, para que se possa fazer inferências.

Por segmento, entende-se determinados grupo de entidades que desenvolvem atividades


econômicas semelhantes, como produtos, serviços e mercado consumidor.

Os usuários comparam a informação contábil, para verificar como a empresa evoluiu nos últimos
anos, se é rentável, gera lucros aos proprietários, e qual o percentual de crescimento de período a

período. Pode-se fazer comparações, ainda, com as informações publicadas de outras empresas do

mesmo segmento. Assim, para afirmar que uma empresa obteve um bom desempenho em

determinado período, é preciso comparar os resultados da empresa analisada com os resultados de


outras empresas do mesmo segmento.

A característica qualitativa da comparabilidade permite também a análise do segmento de

mercado de atuação das entidades, e se o momento é propício para investir nesse tipo de

organização. Veja que a comparabilidade permite aos usuários tomarem os mais diversos tipos de

decisão, sejam internas (compras, vendas, produção e investimento), como externas (investimentos,
em outras entidades, concessão de créditos, abertura de ações no mercado, entre outros aspectos).

Nesse entendimento, a comparabilidade permite aos usuários identificar as variações econômicas e

financeiras de uma entidade entre diferentes períodos, buscando compreender similaridades. Por

exemplo, se o elemento de análise for o estoque, as contas analisadas devem ser correlatas às contas
de estoques, para que se mantenha a similaridade, permitindo assim entender as diferenças.

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Dentre as características da comparabilidade, pode-se observar que um dos pontos importantes


repousa sobre a consistência da informação de um período para outro.

Por exemplo, critérios de apuração dos inventários-estoques, se os mesmos métodos foram


aplicados de período a período, se houve mudança nas políticas da empresa, e outras diferenças

que mais adiante vamos estudar no reconhecimento e desreconhecimento dos elementos

patrimoniais.

A apuração do inventário-estoques corresponde ao método adotado por uma empresa para

avaliar seus estoques e apurar o custo do produto vendido – e consequentemente o lucro no


momento da venda.

Em síntese, um único fenômeno econômico, apresentado de forma fidedigna, pode contemplar

as características necessárias de uma informação contábil. No entanto, sua relevância é diminuída se

não puder ser comparável.

3.2 CAPACIDADE DE VERIFICAÇÃO: VERIFICABILIDADE

  Dentre as características de melhoria, destaca-se a capacidade de verificação da informação


contábil. Por exemplo, a informação apresentada de forma fidedigna (representação fiel dos eventos

econômicos e financeiros da entidade) permite que os usuários verifiquem, confiram, façam

auditorias e perícias, chegando a um consenso sobre os métodos e práticas aplicados para a

elaboração dos demonstrativos contábeis.

Assim, a capacidade de verificação significa que diferentes observadores, bem informados e


independentes, podem chegar a um consenso, embora não a um acordo necessariamente completo,

quanto ao fato de que a representação específica é fidedigna (CPC, 2019). A capacidade de

verificação pode ser direta e indireta.

Figura 6 – Capacidade de Verificação

Fonte: B3, 2020.

A verificação direta pode ser classificada como quantitativa, observada por exemplo na

contagem dos estoques físicos para comparação com os relatórios emitidos no sistema, na
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conferência do dinheiro em caixa no fim do expediente, dentre outras finalidades.

A verificação indireta, por sua vez, está relacionada com os métodos de aplicação contábil. Um

exemplo é verificar o valor contábil do estoque, checando as informações (quantidades e custos) e

recalculando o estoque final, com métodos como a média ponderada móvel ou o método primeiro a
entrar, primeiro a sair (CPC, 2019).

Por fim, observe que a capacidade de verificação pode ser tanto quantitativa (contagem da

quantidade física dos estoques) quanto qualitativa (por exemplo, o método aplicado para reconhecer

o valor contábil dos estoques). Carece, ainda, da representação fidedigna e da comparabilidade das

informações.

A capacidade de verificação é relevante, na medida que os relatórios contábeis apresentam as


informações referentes aos eventos econômicos e financeiros da entidade, e as complementem com

explicações sobre métodos e políticas aplicados na sua elaboração. Somente assim os usuários

poderão julgar a utilidade da informação fornecida.

TEMA 4 – CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS DE MELHORIA:


TEMPESTIVIDADE E COMPREENSIBILIDADE

Assim como as características fundamentais, a comparabilidade e a verificação são importantes.


Para classificar uma informação como útil, ela deve ser apresentada no momento certo – deve ser

tempestiva e compreensível.

Vamos estudar agora as características qualitativas de melhoria.

4.1 TEMPESTIVIDADE

Por tempestividade, podemos entender a disponibilização das informações com tempo hábil

para influenciar na tomada de decisão por parte de seus usuários. Entende-se, assim, que quanto
mais antiga uma informação, menos útil ela é.

Exemplo

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Uma empresa de pequeno porte de vendas no varejo foi atingida fortemente pela recessão

econômica em que vive o país. Com menor poder aquisitivo, os clientes estão endividados e sem

dinheiro para adquirir os produtos de consumo, seja a prazo ou a vista. Diante disso, o
empresário percebe que não está passando por um bom momento, mas as vendas que foram

parceladas em períodos anteriores estão aquecendo o caixa. Otimista, na expectativa de

aumentar suas vendas com a chegada das festas de fim de ano, abasteceu seus estoques.

No mesmo período, a contabilidade, que é terceirizada, fechou os demonstrativos contábeis

da empresa. O contador observou que o volume de vendas da empresa vinha reduzindo


significativamente nos últimos anos para o mesmo período. Assim, o cenário econômico não era

propício para adquirir um volume tão grande de mercadorias, pois essa ação poderia

comprometer o fluxo de caixa no futuro próximo. Pensou em conversar com o empresário,

imprimiu os relatórios e guardou-os na gaveta.

Passados três meses, o empresário chegou desaminado ao escritório, manifestando a


possibilidade de fechar as portas, pois não conseguiria vender seus estoques, e estava ficando

sem caixa. O contador, mais que depressa, puxa os demonstrativos contábeis guardados.

Agora reflita, essa informação é relevante para o empresário neste momento? Caso o
contador tivesse reportado a informação no momento oportuno, o empresário “poderia” ter tomado

decisões mais conservadoras, comprando um volume menor de mercadorias, ou talvez realizando

companhas de marketing para atrair mais clientes, fazendo promoções, baixando os preços. Enfim,

uma informação somente é valiosa e útil se influenciar tempestivamente a tomada de decisão.

Nesse contexto, pode-se observar que os registros contábeis fornecem informações de

resultados que já ocorreram. Por isso, uma informação perde a relevância se o contador demorar
muito tempo para comunicá-la ou divulgá-la.

Quanto mais antiga a informação, menos valor ela tem, pois perde a relevância – ou seja, a

capacidade de influenciar: a tomada de decisão; a análise de desempenho (mensal, trimestral ou

anual) da entidade; o valor preditivo para fornecer informações para projeções futuras; a capacidade

de verificação e  comparação; entre outras características.

4.2 COMPREENSIBILIDADE

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Característica de melhoria, a compreensibilidade tem como função apresentar e classificar as

informações evidenciadas nos demonstrativos contábeis, de modo claro e conciso, tornando-as

compreensíveis aos usuários da informação (CPC, 2019).

Exemplo de compreensibilidade

Pelo MEP, o resultado de equivalência patrimonial é reconhecido diretamente no resultado

do período, enquanto a variação cambial do investimento no exterior deve ser reportada em

conta específica do Patrimônio Líquido (Ajuste Acumulado de Conversão – Outros Resultados

Abrangentes), sendo somente reconhecida como receita ou despesa no resultado, quando da


realização dos investimentos (venda ou baixa do investimento líquido).

Fonte: Gelbcke; Martins; Santos, 2018, p. 231.

Você, aluno que está iniciando seu curso, consegue entender a explicação dos autores? Conhece

todos os termos utilizados, como MEP (Método de equivalência patrimonial), Variação cambial,

Resultados Abrangentes, Realização dos investimentos?

Alguns alunos, por já estarem no mercado de trabalho, pode ser que já conheçam, mas a maioria
não. Afinal, é necessário que o aluno percorra uma trilha de conhecimentos, ao longo da qual

lhe serão apresentados aos poucos, e de forma evolutiva, conceitos, definições, técnicas,

classificações etc., para que ao longo do curso possa construir conhecimento, de forma que esteja

habilitado para aplicar a contabilidade e desenvolver competências para interpretar as informações


contábeis, inerentes à prática da profissão.  Assim, para que possa construir conhecimento, o aluno

deve ser munido de informações claras e concisas, para ser considerado como habilitado para, por

exemplo, interpretar os termos descritos no recorte apresentado.

Com os usuários dos demonstrativos contábeis, acontece o mesmo, pois os relatórios são

elaborados de acordo com as normas contábeis vigentes, e por vezes apresentam informações
complexas. Por isso, a compreensibilidade é uma característica qualitativa importante, permitindo o

entendimento da informação por meio de padronização e métodos pré-determinados, como

estamos vendo ao longo da disciplina.

No entanto, isso não significa que os termos e jargões técnicos específicos da área contábil e de

negócios devem ser suprimidos (ocultados) para que sejam compreensíveis. Porque, assim como
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acontece nas Ciências Jurídicas, na Contabilidade os usuários devem estar aptos para interpretar as
informações contábeis fornecidas.

Por isso, “os Relatórios financeiros devem ser elaborados para usuários que têm conhecimento

razoável das atividades comerciais e econômicas e que revisam e analisam as informações de

modo diligente” (CPC, 2019).

Neste contexto, destaca-se a importância do profissional da Contabilidade, pois, por vezes,

mesmo que os usuários sejam habilitados, seus conhecimentos podem não ser suficientes, cabendo
aqui o papel consultivo do contador para sanar dúvidas, sempre que solicitado.  

As características qualitativas de melhoria devem potencializar o máximo possível a qualidade


das informações contábeis. Todavia, se as informações não forem relevantes, representando

fidedignamente os fenômenos econômicos e financeiros de uma entidade, perdem totalmente sua

utilidade (CPC, 2019).

TEMA 5 – RESTRIÇÕES DO CUSTO SOBRE RELATÓRIOS


FINANCEIROS ÚTEIS

Nos temas anteriores, abordamos as características qualitativas fundamentais e de melhoria de

uma informação contábil, como critérios que qualificam uma informação contábil como útil.  Qual é

o custo benefício de gerar as informações contábeis? Já pensou sobre isso?

Imagine um mercadinho da sua comunidade, bairro ou vila, publicando seus Demonstrativos

Contábeis no Diário Oficial da União. Consideramos aqui uma microempresa que fatura até R$

120.000 (cento e vinte mil reais) por mês. Destaque para o fato de que esse tipo de empresa é
desobrigado da divulgação pública de seus relatórios financeiros.

Tabela 2 – Custos de publicação para o Diário Oficial no Estado do Paraná

CUSTO DE PUBLICAÇÃO Custo por cm

Diário Oficial Executivo (Poder Executivo Estadual) R$ 26,00 (centímetro)

Diário Oficial Comércio, Indústria e Serviços R$ 30,00 (centímetro)

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CUSTO DE PUBLICAÇÃO POR PÁGINA Custo por página inteira

• R$ 1.620,00 (17 x 27 cm) - A4

Diário Oficial Comércio, Indústria e Serviços • R$ 2.790,00 (25 x 31 cm) – Tabloide


• R$ 5.709,00 (30 x 52 cm) - Página dupla

Avalia: realmente vale a pena para esta microempresa publicar suas informações no Diário

Oficial, elaborar demonstrativos, notas explicativas de forma pormenorizada, desembolsando de R$


1.620,00 a 5.709,00? A quem se destina ou quem são os usuários dessa informação? Vale o custo?

Qual o benefício?

Essas são perguntas que devem ser levadas em consideração, pois os relatórios contábeis,

elaborados de acordo com as normas contábeis, são destinados primariamente aos usuários

externos, que farão uso dessa informação para a tomada de decisão, pensando em investimentos
em outras empresas, vendas de ações no mercado financeiros, negócios de fusão, incorporação,

cisão. De modo geral, envolvem grandes negociações.

Para uma microempresa, o custo pode não ter benefícios, pois o esforço para emiti-las pode

não trazer resultados (benefícios) para a empresa, transformando-se em despesas.

Por outro lado, no caso de uma sociedade anônima, que está obrigada a publicar o conjunto

completo de demonstrações contábeis, para atender às normas da CMV (Comissão de valores

Mobiliários) e da bolsa de valores, há a necessidade de produzir informação aos acionistas quanto à


distribuição dos lucros, aos investidores interessados nas atividades da empresa, calculando o preço

das ações, pensando nos demais usuários interessados. O custo benefício é relevante, pois seus

usuários aguardam o momento da divulgação e publicação dos demonstrativos contábeis, para

avaliar se continuam ou não a investir na empresa.

Assim, e diante de tudo que já estudamos nesta aula, pode-se inferir que os custos para divulgar
uma informação devem ser imbuídos de benefícios. A estrutura conceitual da contabilidade define o

custo como “uma restrição generalizada que pode ser fornecida pelo relatório financeiro, e desse

modo, devem ser justificados pelos seus respectivos benefícios” (CPC, 2019).  

Os fornecedores da informação, ou seja, a entidade que reporta, representada pela

contabilidade, demandam tempo e esforço em termos de coleta de dados, processamento,

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adequação às normas, verificação e disseminação de informações financeiras. É um trabalho

minucioso, e por isso se deve levar em consideração o custo-benefício de gerar a informação.

Sob o ponto de vista dos usuários, podemos observar que também há custo-benefício, pois para

se avaliar a utilidade da informação é necessário dispender tempo e contratar especialistas para


analisar e interpretar as informações disponibilizadas. Caso essas informações não sejam necessárias

ou suficientes, incorrem em custos adicionais para obter as informações em qualquer outra parte, ou

para estimá-las.

Portanto, procura-se considerar custos e benefícios em relação ao relatório financeiro, de

modo geral, e não apenas em relação a entidades individuais que reportam.

TROCANDO IDEIAS

Estudamos, nesta aula, que os relatórios contábeis devem fornecer informações úteis para a

tomada de decisão. No entanto, para serem julgadas como úteis por seus usuários, devem conter

características, ou atributos, que as qualifiquem como tal.

Com base nos temas apresentados e em um movimento de socialização profissional, sugerimos

que conversem com profissionais contábeis em atividade, que você conhece ou no seu ambiente de

trabalho, para investigar qual a percepção que apresentam a respeito dos atributos da informação:
características qualitativas fundamentais e de melhoria.

Investigue como essas características são percebidas pelos contadores;

Qual o nível de aplicabilidade na sua rotina (essas características são observáveis no dia a dia?);

Quem são os principais usuários que consomem informações contábeis no contexto analisado

(usuários internos ou externos).

De posse dessas informações, entre no fórum de seu ambiente virtual e discuta, com seus
colegas, a aplicabilidade dessas características qualitativas e os principais usuários da informação

contábil.

NA PRÁTICA

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As características qualitativas de informações financeiras úteis se aplicam a informações financeiras

fornecidas nas demonstrações contábeis, bem como a informações financeiras fornecidas de outras
formas. O custo, que é uma restrição generalizada sobre a capacidade da entidade que reporta de

fornecer informações financeiras úteis, se aplica de forma similar. (CPC, 2019)

Com base neste recorte do CPC, correlacione as características da informação contábil:

1. Características qualitativas fundamentais.

2. Características qualitativas de melhoria.

Associe, atribuindo 1 ou 2 paras as sentenças:

A capacidade de verificação significa que diferentes observadores bem informados e independentes podem chegar
 
ao consenso, embora não a acordo necessariamente completo.

A compreensibilidade tem como função apresentar e classificar as informações evidenciadas nos demonstrativos
 
contábeis de modo claro e conciso tornando-as compreensíveis aos usuários da informação.

  A representação fidedigna é a representação fiel da situação patrimonial de uma entidade em determinado período.

A relevância é relacionada com a capacidade de uma informação fazer a diferença nas decisões tomadas pelos seus
 
usuários, devendo conter valor preditivo e confirmatório ou ambos.

Tempestividade é a disponibilização das informações há tempo de influenciar na tomada de decisão por parte de seus
 
usuários.

Assinale a sequência correta[1]:

a. 2; 1; 1; 2; 2.

b. 2; 2; 1; 1; 2.

c. 2; 1; 1; 1; 2.

d. 2; 1; 1; 2; 1.
e. 2; 2; 1; 2; 1.

FINALIZANDO

Nesta aula, estudamos a qualidade das informações geradas pelos relatórios contábeis. Podemos

pensar, a partir do exposto, sobre a importância das observações das normas contábeis a para sua

elaboração.

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Outro ponto importante que podemos observar é a importância do profissional contábil, seja

para a preparação dos dados (reconhecimento e escrituração), como também no auxílio a tomada de

decisão, de forma direta ou indireta, por meio dos relatórios emitidos.

Por fim, podemos inferir que os usuários da informação, a partir das características qualitativas

apresentadas, determinam se elas influenciam ou não a tomada de decisão. São os usuários que
determinam a utilidade da informação.

REFERÊNCIAS

B3 – Brasil, Bolsa, Balcão. Ações. Disponível em: <http://www.b3.com.br/pt_br/produtos-e-

servicos/negociacao/renda-variavel/empresas-listadas.htm>. Acesso em: 10 mar. 2020.

CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. CPC 00 (R2): Estrutura Conceitual para Relatório

Financeiro. 2019. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-

Emitidos/Pronunciamentos>. Acesso em: 10 mar. 2020.

GELBCKE, E. R.; MARTINS, E.; SANTOS, A. dos. Manual de contabilidade societária: aplicável a
todas as sociedades de acordo com as normas internacionais e do CPC. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2018.

GABARITO

A resposta correta é a b. 2; 2; 1; 1; 2.

[1] O gabarito para essa questão pode ser encontrado ao final deste material, após a seção

Referências.

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https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 21/21

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