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Caracterização da contabilidade gerencial

Apresentação
As conjunturas econômica e financeira atuais, com a turbulência crescente do ambiente, a
concorrência acirrada e a busca da excelência empresarial, entre outros aspectos, pressionam as
empresas a obterem informações adequadas para a tomada de decisões rápidas, visando a otimizar
seu desempenho. Assim, na Contabilidade Gerencial, torna-se essencial que os gestores disponham
de informações para o processo decisório organizacional, alcançando os objetivos estratégicos da
empresa.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer a importância da informação na contabilidade,


bem como a relevância da informação no processo decisório, além de aprender os benefícios da
utilização na atividade do gestor.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Definir papel, escopo e usuários das informações geradas pela contabilidade gerencial.
• Explicar o papel da metodologia e sua relavância na tomada de decisão.
• Ilustrar a importância de seu estudo na formação do futuro gestor.
Infográfico
Ser um Contador Gerencial não é exatamente uma função específica dentro das organizações, mas
sim um comportamento profissional e uma postura a ser aplicada dentro do desenvolvimento das
atividades das organizações. Para exercer com presteza a sua profissão, o contador deve estar
envolvido em todo processo decisório da empresa e conhecer profundamente seu negócio. Para
entender melhor o papel do contador gerencial nas organizações, é necessário conhecer
profundamente a Contabilidade Gerencial e seus objetivos.

Neste Infográfico, veja as principais características (perfil) de um contador gerencial nos dias atuais.
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Conteúdo do livro
As necessidades dos gestores das empresas, de informações contábeis, para o processo de
planejamento, de execução e de controle de suas atividades e para avaliação de desempenho, são
supridas pelos diversos instrumentos de Contabilidade Gerencial por meio do sistema de
informação contábil gerencial. Desse modo, a Contabilidade Gerencial é um segmento da ciência
contábil que congrega o conjunto de informações necessárias à administração que complementam
as informações já existentes na Contabilidade Financeira.

No capítulo Caracterização da contabilidade gerencial, base teórica desta Unidade de


Aprendizagem, veja a importância e o papel da informação gerencial e dos usuários dessa
informação, os principais procedimentos, a necessidade da informação no processo decisório e
quais os benefícios da informação para o gestor da Contabilidade Gerencial.

Boa leitura.
CONTABILIDADE
GERENCIAL
Caracterização
da contabilidade
gerencial
Rodolfo Vieira Nunes

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

>> Definir papel, escopo e usuários das informações geradas pela contabilidade
gerencial.
>> Explicar o papel da metodologia e sua relevância na tomada de decisão.
>> Ilustrar a importância da formação do futuro gestor.

Introdução
Toda organização possui uma área da contabilidade responsável por suas in-
formações. Porém, em muitas organizações, existe apenas a preocupação de
apurar tributos e atender às obrigações exigidas pela legislação (PADOVEZE,
2012). Contudo, por meio da contabilidade, é possível extrair informações sobre
a situação econômico-financeira da empresa, possibilitando a melhora do de-
sempenho organizacional. Nesse contexto, tem-se a origem de uma ramificação
da contabilidade: a contabilidade gerencial.
Neste capítulo, você vai compreender a necessidade e importância das in-
formações para a contabilidade gerencial e como se dá um processo de decisão.
Você também vai conhecer qual o papel da informação no processo decisório e
como os gestores da contabilidade gerencial se relacionam com as informações.
2 Caracterização da contabilidade gerencial

Papel, escopo e usuários das informações


geradas pela contabilidade gerencial
A contabilidade gerencial evoluiu ao longo dos anos, mudando seu foco, ob-
jetivo e posicionamento no processo de planejamento e tomada de decisões
da empresa. Sendo assim, também ocorreram mudanças em suas definições.
Para Atkinson et al. (2015), a contabilidade gerencial é um processo que
objetiva identificar, mensurar, reportar e analisar as informações referentes
às situações econômicas da empresa. Outra definição mais atual e impor-
tante trata a contabilidade gerencial como um conjunto de várias técnicas e
procedimentos contábeis já conhecidos, porém em situações mais analíticas
ou diferenciadas, com o intuito de auxiliar os gestores das organizações no
processo decisório (IUDÍCIBUS; SEGATO, 2020).
Nesse sentido, Oyadomari et al. (2018) afirmam que a contabilidade geren-
cial é um complexo sistema de informações oriundas de análise econômica,
financeira e da produtividade. Essas informações são utilizadas por usuários
internos da organização no processo de tomada de decisões, de modo a
planejar, avaliar e controlar os recursos próprios e de terceiros, visando aos
objetivos estabelecidos. Isso mostra que os conceitos de contabilidade ge-
rencial se adaptam às mudanças e as circunstanciam dentro de um panorama
econômico e empresarial do momento, contudo, mantendo a sua essência
básica, em que as informações são utilizadas pela companhia como uma
ferramenta no processo decisório, ou seja, na tomada de decisão.
Desse modo, pode-se dizer que a contabilidade gerencial é o ramo da
contabilidade que tem por objetivos:

„„ auxiliar a gestão com importantes informações, ajudando-a nos pro-


cessos de tomada de decisão, alocação de recursos, revisão do posi-
cionamento estratégico, cálculos de custos e verificação da satisfação
dos clientes;
„„ fornecer, para os mais diversos usuários, internos e externos, informa-
ções para a tomada de decisão, devendo ser útil aos propósitos que
cada usuário busca atingir.
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Essas informações podem ser tanto de cunho financeiro como não fi-
nanceiro. Algumas das informações classificadas como financeiras ou não
financeiras são as seguintes (PADOVEZE, 2012).

„„ Informações financeiras:
■■ custo de produção;
■■ custo de execução do serviço;
■■ relatório de despesas dos departamentos;
■■ custo de performance;
■■ custo dos processos de produção.
„„ Informações não financeiras:
■■ satisfação do cliente;
■■ fidelidade do cliente;
■■ processo de qualidade;
■■ inovação;
■■ motivação dos colaboradores.

Informações gerenciais
A necessidade de possuir informações é crucial em todos os setores da eco-
nomia, independentemente das atividades desempenhadas. As organizações
que estiverem municiadas de informações internas validadas terão maior
flexibilidade e capacidade de adaptação às alterações.
No entendimento de Marion e Ribeiro (2017), as informações geradas pela
contabilidade devem alimentar seus usuários de forma segura para a tomada
de decisão, levando em consideração a situação da empresa, o desempenho,
a evolução, além de riscos e oportunidades. A informação contábil pode se
expressar por diferentes caminhos, por exemplo: demonstrações financeiras,
escrituração ou registros, documentos, livros, planilhas, notas explicativas,
projeções, pareceres, prognósticos, descrições críticas ou outra forma prevista
em legislação. Ela deve ter caráter veraz e equitativo, de modo a atender às
necessidades dos vários usuários, não podendo privilegiar nenhum deles,
pois os interesses nem sempre são coincidentes. É evidente que a qualidade
da informação irá determinar a qualidade da decisão tomada. Nesse caso,
na visão de Crepaldi e Crepaldi (2017), a informação de cunho gerencial deve
ser simultaneamente:
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a) confiável: a confiabilidade é atributo que faz com que o usuário aceite


a informação contábil e a utilize como base de decisões, configurando
elemento essencial na relação entre aquele e a própria informação, fun-
damentando-se na veracidade, completeza e pertinência do seu conteúdo;
b) tempestiva: a tempestividade se refere ao fato de que a informação
contábil deve chegar ao conhecimento do usuário em tempo hábil, a
fim de que este possa utilizá-la para seus fins;
c) compreensível: a informação contábil deve ser exposta na forma mais
compreensível ao usuário a que se destina, sendo divulgada de forma
clara e objetiva, abrangendo desde elementos de natureza formal,
como a organização espacial e os recursos gráficos empregados, até
a redação e a técnica de exposição utilizadas;
d) comparável: a comparabilidade deve possibilitar ao usuário o conhe-
cimento da evolução entre determinadas informações ao longo do
tempo, numa mesma entidade ou em diversas entidades, ou a situação
destas num momento dado, com vistas a possibilitar o conhecimento
das suas posições relativas;
e) relação custo-benefício: o custo de obtenção da informação não pode
ser maior do que o benefício produzido, pois não se pode gastar mais
do que o benefício proporcionado, já que ao adotar um sistema que
assim agisse o gestor estaria tomando decisões prejudiciais à entidade.
Esse aspecto também está relacionado com a relevância da informação,
pois a produção de informações de pouca relevância pode aumentar
o custo das informações.

Dentre os principais usuários da contabilidade gerencial figuram os altos


executivos e todos os setores da organização, variando a forma de apresenta-
ção e o grau de refinamento que a informação apresenta (PADOVEZE, 2012). As
informações para a alta gerência devem receber um alto grau de refinamento
e ser apresentadas de forma resumida e objetiva.
Para a gerência intermediária, as informações também devem ter um
alto grau de refinamento, mas a apresentação deve ter mais detalhes, pos-
sibilitando o planejamento, o controle e a tempestiva ação, com medidas
necessárias que reforcem ou revertam cada situação apresentada. Já as
informações para o nível operacional são apresentadas de forma longa e
analítica, praticamente em estado bruto.
Nesse sentido, os gestores necessitam de informações que estejam em
consonância com seus modelos. Assim, o modelo de informação deve ser estru-
turado com base na análise de modelos de decisão e mensuração empregados.
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Além disso, o sistema de informações deve fornecer informações básicas que os


gestores necessitam em suas tomadas de decisões. Quanto maior for a sintonia
entre a informação fornecida e as necessidades informativas dos gestores,
melhores decisões poderão ser tomadas (GARRISON; NOREEN; BREWER, 2013).

Enxergar o seu negócio de uma forma muito mais profunda e verda-


deira é o maior dos benefícios da contabilidade gerencial, pois é a
partir disso que você poderá tomar decisões e decidir os melhores rumos para
o empreendimento. Porém, há outros benefícios, como:
„„ manter-se muito bem informado sobre o real resultado do negócio;
„„ tomar decisões certas, na hora certa;
„„ definir planos de ação reais;
„„ aumentar a eficiência da sua gestão;
„„ tomar decisões mais rapidamente;
„„ eliminar desperdícios;
„„ reduzir erros e inconsistências;
„„ melhorar o controle financeiro;
„„ pagar impostos de forma correta, porém menos custosa.

Papel da metodologia e sua relevância


na tomada de decisão
Tomar uma decisão não é algo fácil e exige muito de todos os envolvidos.
Quando se leva a situação para o âmbito empresarial, as circunstâncias po-
dem se complicar, já que as decisões tomadas em uma companhia englobam
processos, custos e pessoas. A velocidade com que as diversas situações
ocorrem dentro de uma empresa faz com que inúmeras decisões tenham que
ser tomadas ao longo do dia, algumas mais simples, outras mais complexas,
conforme Atkinson et al. (2015). Contudo, independentemente do grau de
dificuldade de uma decisão, ela sempre vai trazer consigo consequências,
que podem ser positivas ou negativas.
O processo de tomada de decisão não é um procedimento isolado e que
fica a cargo da contabilidade gerencial, pois tanto a contabilidade de custos
quanto a contabilidade financeira são partes cruciais do processo que norteia
a tomada de decisão de curto e longo prazo, de acordo com Oyadomari et al.
(2018). Desse modo, tem-se a contabilidade financeira como um agregado de
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informações contábeis (compras, vendas, despesas, liquidez, margem, etc.)


para avaliação do resultado empresarial. Já a contabilidade de custo é um
modelo escolhido pela organização para mensurar todos os gastos de uma
companhia, utilizando as informações financeiras para avaliar os gastos da
tomada de decisão. Assim, pode-se dizer que a contabilidade financeira é a
base para a construção da contabilidade de custos.
O processo de tomada de decisão pode ser simples ou complexo — tudo
depende do grau de importância, do objetivo a ser alcançado e dos reflexos da
escolha. Nesse sentido, a tomada de decisão envolve algumas etapas que estão
relacionadas com a identificação do problema, além de definir critérios, analisar
e escolher alternativas e verificar a eficácia da decisão (IUDÍCIBUS; SEGATO, 2020).
Todo esse contexto evidencia a grande importância da tomada de decisões nas
organizações, pois é o que faz com que as empresas saiam do lugar e se man-
tenham em constante movimentação no mercado em que atuam. Por isso, para
Marion e Ribeiro (2017), é crucial conhecer os seguintes tipos de tomada de decisão.

„„ Intuitiva: uma decisão desta natureza é basicamente aquela que é


tomada considerando apenas os sinais que a intuição dá, ou seja, é uma
sensação interna que se tem, em detrimento de outra, não levando em
consideração aspectos lógicos e racionais para escolher algo.
„„ Racional: é o tipo de decisão que a maioria das pessoas mais deseja
aplicar em seu dia a dia, pois ela faz com que o indivíduo leve em
consideração os aspectos lógicos dos fatos, para que, assim, haja
subsídios mais sólidos para decidir ou não por algo.
„„ Com base em valores: este é um tipo de decisão que pode ser facilmente
confundido com a decisão intuitiva, no entanto, existem pontos que as
diferenciam. No caso desta, o indivíduo tende a levar em consideração
os valores que formou ao longo de sua vida para decidir ou não por algo.
„„ Colaborativa: em muitos momentos, este é o tipo de decisão ideal e
que deve ser colocado em prática com mais frequência, pois se trata
do processo decisório que é tomado em conjunto com outras pessoas,
em que o gestor realiza reuniões e conta com ajuda, opinião e suges-
tões de seus colaboradores para decidir quais rumos deve tomar nos
processos organizacionais.
„„ Especializada: quando a intuição falha e a racionalidade e a colabo-
ração não conseguem encontrar alternativas eficientes e nem mesmo
contribuir para que se possa tomar decisões conscientes, assertivas e
seguras, é hora de contar com ajuda especializada para facilitar esse
processo dentro da organização.
Caracterização da contabilidade gerencial 7

Entretanto, antes de as organizações e os gestores escolherem qual o tipo de


tomada de decisão irão adotar, é necessário um passo anterior, ou seja, compre-
ender todas as etapas que envolvem um processo decisório, pois, dentro de um
processo de tomada de decisão, é essencial elencar todos os aspectos relevantes
com o intuito de evitar erros. Assim, tem-se uma compreensão mais profunda da
situação, demonstrando os custos-benefícios disponíveis (OYADOMARI et al., 2018).
Conforme Crepaldi e Crepaldi (2017), é possível dividir todo o processo de
tomada de decisão em cinco etapas principais, conforme a seguir:

1. Identificação do problema: o problema exige controle, para analisar


o que está acontecendo. Inicialmente, o diagnóstico do problema
passa por enxergar as consequências e definir o nível de prioridade
da situação.
2. Coleta de dados: compreender a situação, com o máximo de informações
sobre o problema. As fontes dependem do tipo de questão enfrentada
pelos gestores, já que a coleta de informações é direcionada para as
causas de um problema ou para as justificativas de um requerimento.
3. Identificação das alternativas: deve contar com a participação de outros
profissionais para contribuir com conhecimento e experiência sobre
o problema. É importante usar artefatos para organizar e direcionar
a atenção para os postos-chaves.
4. Escolha da alternativa: é preciso tornar claro e objetivo quais as pro-
postas de solução sugeridas, assim como as atividades devem estar
bem detalhadas.
5. Decisão e acompanhamento: os caminhos possíveis de escolha podem
ser simples ou complexos, como ocorre nas situações em que há uma
medida principal e uma secundária — caso a primeira não funcione.

Importância da informação no processo decisório


Nos dias atuais, as organizações e as pessoas recebem uma imensa quan-
tidade de informações, o que influencia o processo de tomada de decisões.
As tomadas de decisão podem receber classificações distintas, sempre bus-
cando evidenciar as análises das informações e a questão de possível causa
e efeito, evidenciado por Marion e Ribeiro (2017). Muitas dessas informações
são selecionadas conforme procedimentos e padrões estabelecidos pelas
organizações. Assim, a decisão está nas mãos do gestor, que é o responsável
pelos negócios — sua escolha irá influenciar fortemente os resultados da
companhia, sejam positivos ou negativos.
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No processo decisório, a informação assume total relevância, pois é dela


que partem todos os passos para a resolução de um problema ou para a
tomada de decisão (GARRISON; NOREEN; BREWER, 2013). Entretanto, uma
mesma informação, em momentos ou situações diferentes, requer uma rea-
nálise para uma tomada de decisão. Dessa forma, nunca se deve aceitar uma
mesma informação mais de uma vez sem reavaliá-­la.
O aspecto qualitativo da informação dependerá dos meios e das fontes de
origem dos dados coletados. Conforme Iudícibus e Segato (2020), é fundamen-
tal um controle por meio de mecanismos com o intuito de selecionar o que é
uma informação útil. Essa análise qualitativa da informação organizacional
deve passar pela observação subjetiva dos envolvidos da empresa, levando
em consideração o contexto que tanto a empresa quanto os envolvidos estão
inseridos (ATKINSON et al., 2015). No entendimento de Padoveze (2012), todas
essas características exigem do tomador de decisões uma habilidade ainda
maior para se manter atualizado e para selecionar as informações úteis, não
desperdiçando tempo com o que não é relevante e não descartando o que
é indispensável.

A inteligência da contabilidade gerencial

A Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração


e Contabilidade (ANEFAC) apresenta o programa Momento Econômico ANEFAC,
com o assunto “A inteligência da contabilidade gerencial” em seu canal no
YouTube. Veja a entrevista de Roberto Vertamatti com a diretora contábil-fiscal
da Embraer, Elaine Funo.

Importância do estudo da contabilidade


gerencial na formação do futuro gestor
Nos últimos anos, tem-se vivenciado inúmeras transformações sociais e
econômicas, que muitas vezes são advindas do rápido processo de inovação
tecnológica. Por essa razão, as formas de negociar e trabalhar sofreram
alterações profundas, seja culturalmente (definições e conceitos) ou nas
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ferramentas e atividades do dia a dia. Como resultado, essa enorme mudança


trouxe um alto volume de novas informações, o que exige maior qualificação
dos contadores. O profissional contábil precisa ter um perfil com ampla visão
do ambiente institucional. Sendo assim, a contabilidade gerencial, aliada
com outras áreas do conhecimento científico, será uma pilastra de suporte,
tendo como finalidade a geração de valor para a profissão dentro desse novo
contexto da contabilidade (OYADOMARI et al., 2018).
A terminologia contador gerencial é relativamente antiga. O seu primeiro
registro se deu após a Revolução Industrial, em que a função estava toda
baseada na necessidade de levantar e quantificar os custos do processo
produtivo e da conversão de recursos (mão de obra e materiais) em produ-
tos. De acordo com Crepaldi e Crepaldi (2017), o contador gerencial possui a
função de identificar, mensurar, acumular, verificar, preparar, interpretar e
apresentar as informações para uso da empresa, nas atividades básicas de
planejamento, avaliação e controle, objetivando o uso correto dos recursos.
Porém, no entendimento dos autores, o controller da organização, termino-
logia usada para descrever o contador gerencial, possui como função básica
a atividade de assessoria, pois seu setor tem a responsabilidade de municiar
os gerentes, diretores e a presidência com informações especializadas para
cada área, já que são atribuídas a ele atividades de contabilidade interna,
orçamento e elaboração de relatórios.
Dentro desses conceitos, há algumas qualidades referentes ao contador
gerencial (controller), além de mostrar sua importância dentro das organi-
zações. Entretanto, as qualidades dependem do comprometimento com as
atividades do dia a dia, ou seja, deve-se exercê-las com agilidade e estar
envolvido no processo decisório da empresa, conhecendo detalhadamente
o negócio da companhia (PADOVEZE, 2012). Contudo, sua participação no
processo de tomada de decisão assegura o uso adequado das informações
e ações que permitem o alcance dos resultados. A participação do contador
gerencial na gestão das empresas ajuda na melhor otimização das suas
atividades e ainda melhora o seu desempenho (IUDÍCIBUS; SEGATO, 2020).
Tudo isso faz com que o controlador gerencial atue como um agente de apoio
no processo de tomada de decisão. Nesse sentido, o Quadro 1 apresenta as
principais competências do contador gerencial.
10 Caracterização da contabilidade gerencial

Quadro 1. Estrutura de competências genéricas para contador gerencial

Dimensões Competências do contador gerencial

Competências Contabilidade legal e finanças, ferramentas de


técnicas controle, planejamento e capacidade analítica.

Competências Autocontrole, ouvir de forma eficaz, liderança/trabalho


comportamentais em equipe, gestão da informação e relacionamento
externo.

Competências de Atitude empreendedora e visão geral/estratégica.


postura

Fonte: Adaptado de Cardoso, Mendonça e Oyadomari (2010).

Para compreender melhor o Quadro 1, é primordial entender as três di-


mensões citadas.

„„ Competências técnicas: conhecimento e habilidade adquiridos por


meio de instrução formal ou não formal. Pode-se citar como exemplos:
graduação, pós-graduação, treinamentos, cursos, experiências profis-
sionais, etc. Muitas vezes, essas competências são pré-requisitos para
determinados cargos e funções, já que são consideradas competências
básicas.
„„ Competências comportamentais: são características da personalidade
ou aptidões adquiridas que correspondem às peculiaridades de cada
indivíduo e impactam nas atitudes de cada um. Ou seja, habilidades
que irão demonstrar a forma de atuação da pessoa em diferentes situ-
ações, seja nas atividades do trabalho ou na relação com as pessoas.
„„ Competências de postura: é um conjunto de características de condutas
empregadas pelo profissional no dia a dia de trabalho. Empreendedo-
rismo, responsabilidade social ou ambiental, ética e comprometimento
são alguns dos valores adotados pelas pessoas que influenciam a
postura profissional.

Características de um contador gerencial


Seguindo Oyadomari et al. (2018), um contador gerencial deve possuir as
seguintes características:
Caracterização da contabilidade gerencial 11

„„ Alta qualificação: precisa estar qualificado academicamente e atuali-


zado sobre todas as alterações que acontecem no mundo dos negócios.
„„ Profundo conhecimento de princípios contábeis: deve conhecer toda
a contabilidade da organização e estar atento às regras e normas
contábeis.
„„ Conhecimento de tecnologias sofisticadas: precisa acompanhar to-
das as inovações tecnológicas com o intuito de auxiliar as atividades
profissionais.
„„ Padrão de exigência: com um mercado tão competitivo, o padrão de
exigência se faz necessário para a superação do profissional e da
organização em relação aos seus concorrentes.
„„ Domínio de operações virtuais: saber operacionalizar de forma virtual
as atividades do setor de forma mais eficaz e rápida.
„„ Desburocratização: uma gestão mais dinâmica e assertiva minimiza
erros em todo o processo de tomada de decisão.
„„ Possuir uma equipe de trabalho de alta confiança: ter um grupo de
colaboradores coeso e de confiança é crucial, pois o contador gerencial
deve delegar tarefas e validá-las com o grupo.
„„ Automotivação: todas as decisões precisam ser embasadas, assim,
o contador gerencial deverá ter automotivação e percepção de se
incentivar.
„„ Poder de negociação: bom relacionamento, comunicação e capacidade
de análise da situação.
„„ Coragem: ele é o gestor e o responsável que reporta todas as suas
ações por meio das decisões.
„„ Alta produtividade: garante o sucesso da equipe e da empresa.
„„ Poder de democratização: iniciativas ou mecanismos em que o grupo
tenha participação no processo de decisão.
„„ Comunicação eficaz: uma comunicação que não afete e comprometa
as atividades ou o negócio.
„„ Comprometimento com o sucesso da empresa: ver a companhia como
sua, tendo vontade e cuidado para fazer o negócio prosperar.

Conforme essas características, o contador gerencial não pode ser definido


apenas como um cargo específico da contabilidade nas organizações, pois o
perfil desse profissional demonstra uma postura de liderança e comprome-
timento em relação às atividades da empresa.
12 Caracterização da contabilidade gerencial

A contabilidade gerencial fornece informações vitais para a tomada


de decisão dos gerentes. Acerca do assunto, assinale a alternativa
incorreta.
a) Os encargos trabalhistas e previdenciários da mão de obra indireta não
são considerados como custo de produção.
b) A contabilidade gerencial, de adoção facultativa pela empresa, é voltada
para o público interno e não precisa seguir obrigatoriamente os princípios de
contabilidade geralmente aceitos.
c) O salário de operários em greve não deve ser considerado como custo,
mas sim como gasto ou despesa do período.
d) Entre outras, a contabilidade de custos tem como finalidade auxiliar os
gestores da empresa no desempenho das funções administrativas.
e) As perdas normais ocorridas durante o processo de produção compõem
o custo do produto elaborado.
Resultado: A.
Tudo o que se gasta no processo produtivo: custos. Tudo o que se gasta além
do processo produtivo, como na venda, por exemplo: despesas.

Referências
ATKINSON, A. A. et al. Contabilidade gerencial: informação para tomada de decisão e
execução da estratégia. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
CARDOSO, R. L.; MENDONÇA NETO, O. R.; OYADOMARI, J. C. Os estudos internacionais
de competências e os conhecimentos, habilidades e atitudes do contador gerencial
brasileiro: análises e reflexões. BBR, v. 7, n. 5, p. 91–113, 2010. Disponível em: http://
www.spell.org.br/documentos/ver/7818. Acesso em: 16 dez. 2020.
CREPALDI, S. A.; CREPALDI, G. S. Contabilidade gerencial: teoria e prática. 8. ed. São
Paulo: Atlas, 2017.
GARRISON, R. H.; NOREEN, E. W.; BREWER, P. C. Contabilidade gerencial. 14. ed. Porto
Alegre: AMGH Ed., 2013.
INTERNATIONAL FEDERATION OF ACCOUNTANTS. International management accounting
practice statement: management accounting concepts. New York: IFAC, 1998.
IUDÍCIBUS, S.; SEGATO, V. D. Contabilidade gerencial: da teoria à prática. 7. ed. São
Paulo: Atlas, 2020.
MARION, J. C.; RIBEIRO, O. M. Introdução à contabilidade gerencial. 3. ed. São Paulo:
Saraiva, 2017.
OYADOMARI, J. C. T. et al. Contabilidade gerencial: ferramentas para melhoria de de-
sempenho empresarial. São Paulo: Atlas, 2018.
PADOVEZE, C. L. Contabilidade gerencial. Curitiba: IESDE, 2012.
Caracterização da contabilidade gerencial 13

Leitura recomendada
A INTELIGÊNCIA DA CONTABILIDADE GERENCIAL. [S. l.: s. n.], 2016. 1 vídeo (13 min). Pu-
blicado pelo canal ANEFAC. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?app=de
sktop&v=fNkEAmzZEOU. Acesso em: 16 dez. 2020.

Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos


testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da
publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas
páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores
declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou
integralidade das informações referidas em tais links.
Dica do professor
A organização que não tem informação para subsidiar suas decisões estratégicas, bem como a sua
gestão, estará em desvantagem em relação às outras organizações do mesmo segmento. Isso
porque não será possível analisar, em um tempo mínimo, as alternativas de decisão, além de
reproduzir eficazmente o resultado decorrente da decisão tomada.

Nesta Dica do Professor, conheça um pouco mais sobre os tipos de modelo de tomada de decisão.

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Na prática
A formação de hábitos e de rotinas é um fenômeno institucional formal (leis e regras) e informal
(normas sociais). Assim, as organizações se desenvolvem e se profissionalizam, tornando-se mais
complexas e, dado o crescimento de suas operações, surge a necessidade cada vez maior de
informações gerenciais para definir onde, quando, com quem e como a empresa realizará seus
negócios. Desse modo, é relevante o conhecimento da institucionalização de hábitos e de rotinas
organizacionais na estabilidade ou na mudança da contabilidade gerencial.

Neste Na Prática, acompanhe um estudo de caso da empresa Bearings Brasil e seus hábitos e
rotinas na contabilidade gerencial.

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Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja a seguir as sugestões do professor:

Tenha a Contabilidade Gerencial como aliada do seu negócio


Muitos empresários subutilizam os serviços e os benefícios que uma boa contabilidade pode trazer
ao seu negócio. Alguns acreditam que a atuação do contador é apenas burocrática, capaz de
calcular a guia de pagamento dos impostos ou a folha de pagamento dos funcionários ao final do
mês. Confira um vídeo sobre como as informações e os dados são cruciais para a contabilidade
gerencial, pois são a base das decisões empresariais.

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Contabilidade Gerencial como base à controladoria


A controladoria serve como base para a tomada de decisão dos gestores. Ainda pouco utilizada nas
empresas de pequeno e médio porte, este setor é fundamental para a compilação das informações
e as elaborações de relatórios gerenciais. Este artigo evidencia como a Contabilidade Gerencial é
um pilar fundamental para a construção de um setor ou departamento de controladoria.

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