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Apresentação
Antes de você se aprofundar no mundo dos transportes, analisando o modal aéreo, hidroviário e
rodoviário, é importante aprender os conceitos básicos de transportes que influenciam a logística
de movimentação de cargas e pessoas.
Bons estudos.
Aprofunde seus conhecimentos no capítulo Conceitos Básicos de Transporte você vai estudar
sobre as diferentes opções de serviço de transporte e as suas características, bem como os
elementos que servem como indicadores para diferenciar esses serviços.
Boa leitura.
SISTEMAS DE
TRANSPORTES
MODAIS
Gisele Lozada
Conceitos básicos
de transporte
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
No contexto da logística, existem diversos modelos de transporte, como
os modais aéreo, hidroviário e rodoviário, cada um com características de
infraestrutura e de operação específicas. Esses diferentes modais podem
ser utilizados de forma individual ou combinada, promovendo a chamada
intermodalidade. A intermodalidade forma um sistema de transportes,
que serve e influencia a logística de movimentação de cargas e pessoas.
Por isso, conhecer e compreender as características e os conceitos
dos sistemas de transportes é essencial para qualquer profissional que
trabalhe com logística. Afinal, a escolha do modal ideal pode ajudar na
redução de custos e tempo, proporcionando uma consequente melhoria
de desempenho na entrega.
Neste capítulo, você vai estudar sobre as diferentes opções de serviço
de transporte e as suas características, bem como os elementos que
servem como indicadores para diferenciar esses serviços. Você também
vai conferir como esses elementos se correlacionam para os diferentes
modais.
2 Conceitos básicos de transporte
ferroviário;
rodoviário;
aeroviário;
hidroviário;
dutoviário.
Conceitos básicos de transporte 3
Enquanto o transporte rodoviário pode ser utilizado como uma opção única, capaz de
garantir o transporte porta a porta, diferentes alternativas podem não ser capazes de
viabilizar tal cobertura. É o que acontece no caso do transporte aeroviário, que depende
de outras alternativas para completar o serviço e garantir a entrega até o destino final.
Ferroviário
O transporte ferroviário é caracterizado como um serviço de longo curso e
baixa velocidade, geralmente utilizado para matérias-primas (carvão, madeira,
produtos químicos) e para produtos manufaturados de baixo custo (alimentos,
papel e produtos florestais), dando preferência para a movimentação de cargas
completas (vagões cheios de um mesmo item). Além disso, a maior parte do
tempo em trânsito desse modal é empregada em atividades como carga e
descarga, movimentações dentro dos terminais, classificação e montagem de
vagões nos trens.
O serviço ferroviário é principalmente de carga completa, que diz respeito
a um tamanho predeterminado de embarque, normalmente próximo ou exce-
dente à capacidade média do vagão, para o qual é aplicada uma taxa estabe-
lecida, refletindo a tendência pelo movimento de grandes volumes. Contudo,
as ferrovias também oferecem serviços especiais aos embarcadores, que vão
desde o transporte de granéis (como carvão e cereais) até vagões especiais
para produtos refrigerados e automóveis novos (que exigem cuidados e equi-
pamentos diferenciados). Além desses, existem ainda serviços diferenciados,
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Rodoviário
Diferente das ferrovias, o serviço rodoviário tem como característica ser
geralmente destinado ao transporte de produtos semiprontos ou acabados, com
menor porte. Como vantagens do transporte rodoviário, podem-se elencar a
frequência e a disponibilidade, o serviço porta a porta (sem necessidade de
carga ou descarga entre origem e destino, o que é inevitável nos modais ferro-
viário e aéreo) e, ainda, a velocidade e a comodidade inerentes a esse serviço.
Embora existam distinções entre os transportes rodoviário e ferroviário,
existe uma grande concorrência entre essas duas modalidades, uma vez que
inúmeros produtos podem ser movimentados por meio desses dois modais. E,
ainda que diferentes, ambos precisam respeitar uma série de regras e limitações
impostas por órgãos reguladores, como no caso do transporte rodoviário, em
que existem normas de segurança rodoviárias que limitam as dimensões e o
peso dos fretes.
Cabe ainda destacar que o transporte rodoviário proporciona entrega ra-
zoavelmente rápida e confiável, além de ter uma vantagem no que tange à
qualidade e à possibilidade de serviços no mercado das cargas de menor porte,
em relação àquelas transportadas em ferrovias.
Aeroviário
O transporte aéreo é bastante utilizado, ainda que possua como característica
marcante o fato de que suas taxas são superiores às do transporte rodoviário e
ferroviário. O grande atrativo do transporte aéreo é a sua inigualável rapidez no
trajeto entre origem e destino, principalmente nos casos de grandes distâncias,
dada a velocidade em que as aeronaves viajam. Além disso, a confiabilidade
e a disponibilidade do serviço aéreo podem ser qualificadas como boas sob
condições operacionais normais.
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Jatos comerciais têm velocidade de cruzeiro (aquela atingida entre o fim da subida e o início
da descida) de 545 a 585 milhas por hora, o que equivale a 877 a 941 quilômetros por hora.
Hidroviário
Os serviços de transporte hidroviário, também chamado aquaviário, apresen-
tam escopo limitado por vários motivos, como o fato de estarem confinados
ao sistema nacional de vias aquáticas, que exige que os embarcadores estejam
localizados nas respectivas vias ou que utilizem outro modal de transporte em
combinação com o hidroviário. Além disso, o serviço hidroviário costuma ser
mais lento do que o ferroviário, além de sua confiabilidade e disponibilidade
dependerem principalmente das condições climáticas, características limitantes
que tornam o transporte hidroviário menos atrativo.
6 Conceitos básicos de transporte
Temperaturas muito baixas podem congelar a água, impedindo o movimento nas vias
aquáticas, assim como inundações e secas podem interromper o serviço.
Dutoviário
O modal de transporte dutoviário é ainda extremamente limitado, tanto em
relação ao leque de serviços quanto às suas capacidades. Os produtos trans-
portados por dutos são basicamente gases e líquidos (como o petróleo cru e
os seus derivados), mas alternativas estão em desenvolvimento, para permitir
que outros produtos possam ser transportados por meio dos dutos (como a
movimentação de produtos sólidos suspensos em líquido). Se essas inovações
se mostrarem economicamente viáveis, o serviço dutoviário passará por uma
grande expansão.
A movimentação dos produtos via dutos é muito lenta, não passando de três
a quatro milhas por hora (4,8 e 6,4 km por hora). Em compensação, ela é do
tipo 24 horas/dia, sete dias por semana, o que torna a velocidade efetiva bem
maior quando comparada com a de outros modais. A capacidade de transporte
por meio de dutos é alta, pois o transporte em fluxo permite movimentar
milhares de litros de líquido ou metros cúbicos de gás.
Em relação ao tempo em trânsito, o serviço dutoviário é o mais confiável de
todos os modais, já que o equipamento de bombeamento é altamente confiável,
fazendo com que quase não ocorram interrupções que causem variabilidade
desse tempo. A capacidade disponível de dutos é limitada somente pelo uso
que outros embarcadores possam estar fazendo no momento em que se precisar
das instalações. Os danos e as perdas de produtos nos dutos são reduzidos,
uma vez que líquidos e gases não são sujeitos a danos em grau semelhante ao
dos produtos manufaturados, e ainda porque o número de riscos que podem
afetar uma operação dutoviária é limitado.
A partir dessas diversas opções, é possível selecionar um serviço ou uma
combinação de serviços que seja capaz de proporcionar o melhor conjunto
de qualidade e custos. Para tanto, o profissional de logística deve escolher a
alternativa que melhor se encaixa no cenário, e tal decisão pode ser tomada por
meio da análise das características básicas que os tipos de serviço possuem,
cada um à sua maneira. São elas: preço, tempo médio de viagem, variabilidade
do tempo de trânsito, perdas e danos. Essas características básicas servem como
indicadores capazes de demonstrar as diferenças entre as diversas alternativas
de serviços de transporte.
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Serviços de transporte como os oferecidos por empresas como Fedex e UPS são
alternativas eficientes, mas geralmente utilizadas para cargas menores.
Preço
O preço (custo) do transporte consiste na taxa de transporte dos produtos,
somada às despesas complementares cobradas por serviços adicionais, quando
estas ocorrerem, como taxas de embarque na origem, entrega no destino,
seguros ou preparação de mercadorias para o embarque — todos esses valores
somados correspondem ao custo total do serviço. Quando o embarcador é pro-
prietário do serviço (como uma empresa que possui uma frota de caminhões),
o custo do serviço é apurado pela alocação dos custos relevantes para uma
determinada remessa, como combustível, salários, manutenção, depreciação
do equipamento e custos administrativos.
Conceitos básicos de transporte 9
Algumas expressões utilizadas no contexto dos transportes podem ter relação com
a determinação de custos, como descrito a seguir.
Carga completa: é aquela que ocupa toda a unidade de transporte, otimizando
o uso do espaço físico disponível para o transporte da carga.
Carga fracionada: consiste na consolidação de diferentes mercadorias para
melhor ocupação do espaço físico, podendo incluir mercadorias de vários
clientes (demandando desconsolidação no destino).
Unitização: ocorre quando os produtos são agrupados em lotes padronizados
(como um pallet), o que não implica necessariamente em uma carga completa.
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Por fim, cabe comentar que são vários os critérios utilizados no desenvol-
vimento das tarifas de transportes, aplicados sobre uma grande variedade de
situações de precificação. Contudo, é possível verificar que as estruturas mais
comuns de tarifas têm relação com três fatores, que são volume, distância e
demanda, dando origem a diferentes perfis de tarifas.
No perfil de tarifas baseado em volume, entende-se que os custos dos
serviços de transporte dependem muito do tamanho da carga, fator capaz de
gerar consideráveis economias. As estruturas das tarifas, em geral, refletem
essas economias, uma vez que carregamentos de volumes significativamente
maiores são transportados a tarifas mais baixas do que cargas de menor volume.
O volume é refletido de diversas maneiras na estrutura das tarifas, sendo
considerado de duas formas básicas:
Saiba mais sobre o preço e como ele se apresenta nos diferentes tipos de transporte
na obra Gerenciamento da cadeia de suprimentos/logística empresarial, em especial no
item “Características de Custos por Modal” (BALLOU, 2007, p. 165).
Danos e perdas
Os transportadores costumam apresentar diferenças em relação à sua capaci-
dade de movimentar cargas com segurança, exibindo maior ou menor índice de
danos e perdas, o que corresponde a um dos principais fatores na decisão de
optar por um determinado transportador. Isso porque a condição dos produtos
é uma das mais importantes considerações em matéria de serviços ao cliente.
Os transportadores têm a obrigação de realizar o processo de movimen-
tação de cargas fazendo uso de cuidados razoáveis, a fim de evitar perdas
e danos, sendo responsáveis pelos reflexos destes, caso ocorram. Contudo,
essa responsabilidade é anulada se as perdas e danos forem motivadas por
causas naturais, negligência do embarcador ou outros motivos que fogem ao
controle do transportador.
Os processos de reparação de danos geralmente são demorados, dada
a dificuldade de reunir os fatos relativos a eles, e ainda demandam trabalho
do embarcador para a elaboração dos documentos necessários. Além disso,
provocam a imobilização do capital durante o processamento das reclamatórias,
podendo até mesmo representar aumento considerável dos custos, quando a
solução envolver recurso à justiça.
Em função disso, quanto menor o número de reclamações contra um trans-
portador, mais favorável será a impressão dos clientes quanto aos serviços
oferecidos. Uma alternativa comum adotada pelos embarcadores em situações
com alta perspectiva de danos é a utilização de embalagens com maior grau
de proteção. Embora isso represente uma despesa adicional para o embarcador,
muitas vezes, ela é repassada (mesmo que parcialmente) ao usuário final do
processo.
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1. trem-caminhão;
2. trem-navio;
3. trem-duto;
4. caminhão-avião;
5. navio-avião;
6. caminhão-navio;
7. caminhão-duto;
8. navio-duto;
9. navio-avião;
10. avião-duto.
Contudo, nem todas essas combinações são práticas, e algumas das que
são viáveis ainda não conquistaram a confiança do mercado.
O semirreboque sobre vagão é uma modalidade de serviços de transporte
intermodal, na qual o transporte é realizado com a utilização de semirreboques
em vagões-plataforma ferroviários, sendo empregado normalmente em trajetos
bem maiores do que os normalmente atendidos por caminhões. Representa
a combinação da conveniência e da flexibilidade do transporte rodoviário
com a economia da ferrovia em longos percursos. Ou seja, o semirreboque é
transportado via ferrovia em parte do percurso (aquela onde houver estrutura
ferroviária disponível) e, depois, passa para o transporte rodoviário, sendo
encaixado em um caminhão-trator, que dá continuidade ao transporte sem
que a carga precise ser remanejada do vagão para o caminhão.
A combinação dessas modalidades de transporte permite fazer com que a
taxa seja normalmente mais baixa do que aquela decorrente de um transporte
exclusivamente rodoviário, permitindo que o transporte pesado rodoviário
possa expandir seu alcance econômico. Além disso, permite que a ferrovia
possa atrair parte do transporte que, de outra forma, seria feito exclusivamente
pelo modal rodoviário. Esse contexto permite que o embarcador possa desfrutar
da conveniência do serviço porta a porta de longa distância, ao mesmo tempo
que paga taxas razoáveis. Essa combinação faz desse modelo de transporte
intermodal um dos mais procurados em matéria de serviços coordenados de
transporte.
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Referência
Leituras recomendadas
BATALHA, M. O. (coord.). Gestão da produção e operações: abordagem integrada. São
Paulo: Atlas, 2019.
BOWERSOX, D. J. et al. Gestão logística da cadeia de suprimentos. 4. ed. Porto Alegre:
AMGH, 2014.
JACOBS, F. R.; CHASE, R. B. Administração da produção e de operações: o essencial. Porto
Alegre: Bookman, 2009.
Dica do professor
Os cinco principais modos de transportes podem ser usados de forma combinada ou sozinhos,
sempre de forma a tornar o transporte mais eficiente e eficaz. As decisões de transportes são
orientadas, principalmente, por preço, tempo médio de viagem, variabilidade de tempo de trânsito,
perdas e danos. Nesse sentido, conhecer as características principais de cada modo é fundamental
para orientar a tomada de decisão quanto à escolha do modo a ser adotado. No vídeo a seguir, a
profissional Clara é confrontada com a tarefa de indicar as características que podem orientar a
seleção de modos, confira quais são essas características.
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Na prática
Não existe uma forma única de transporte de carga e passageiro, sendo, muitas vezes, mais
eficiente optar por formas multimodais. Plataformas ou terminais multimodais, portanto, otimizam
custos e tempos de deslocamento, sendo bons investimentos para cidades de todo o mundo.
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