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Estrutura de Transporte

A estrutura do transporte de cargas consiste no direito preferencial de passagem, veículos e transportadores


que operam dentro de cinco modais básicos de transportes. Um modal identifica um método ou forma básica de
transporte. Os cinco modais básicos de transporte são: ferroviário, rodoviário, hidroviário, dutoviário e aéreo.
Os dados confirmam que as participações do transporte rodoviário no mercado doméstico de cargas excedem
amplamente todas as outras modalidades combinadas.

Ferroviário

A capacidade de transportar, de forma eficiente, grandes volumes em longas distâncias é a razão pela qual
as ferrovias são responsáveis por uma parcela significativa dos transportes intermunicipais. As operações
ferroviárias apresentam custos fixos bastante altos devido ao valor dos equipamentos, ao direito preferencial de
passagem e linhas, aos pátios de manobras, e aos terminais. Entretanto, a ferrovia apresenta custos varáveis de
operação relativamente baixa. O desenvolvimento de motores a diesel reduziu os custos variáveis da
tonelada/quilômetro e a eletrificação tem propiciado reduções maiores. Alterações nos acordos trabalhistas têm
reduzido as exigências de mão-de-obra, resultando em reduções nos custos variáveis.
Como resultado da desregulamentação e do desenvolvimento concentrado em negócios, o tráfego nas
ferrovias passou do transporte de uma ampla variedade de mercadorias para o de cargas específicas. O
transporte principal das ferrovias diz respeito ao de setores extrativos de matérias-primas localizados a uma
distância considerável de hidrovias e de itens como automóveis, equipamentos agrícolas e máquinas. A estrutura
de custos fixos das ferrovias oferece vantagens competitivas para movimentação a grandes distâncias. A partir
de 1970, as ferrovias começaram a segmentar o mercado de transporte focalizando o tráfego de cargas de
vagão completo, intermodais e de contêineres As ferrovias voltaram-se ao atendimento das necessidades dos
clientes, em especial dos setores de produtos a granel e de manufatura pesada, diferentemente dos padrões de
serviços prestados com vagões fechados.
Para oferecer melhores serviços a seus principais clientes, as ferrovias avançadas têm concentrado no
desenvolvimento de equipamentos especializados, tais como vagões fechados, com três andares, para
automóveis; vagões com amortecedores especiais; trens unitários; vagões articulados e vagões-plataforma, para
transporte de dois contêineres empilhados. Essas tecnologias são aplicadas pelas ferrovias para reduzir o peso,
aumentar a capacidade de carregamento e facilitar o intercâmbio.
Em um trem unitário, todos os cagões transportam um único produto. Normalmente, o produto é uma
mercadoria a granel, como carvão ou grãos. Os trens unitários têm sido, também, usados como apoio a
operações de montagem para a indústria automotiva. É uma modalidade mais rápida e custa menos para ser
operado do que os trens tradicionais, uma vez que apresenta uma rota ininterrupta, sem pontos de parada da
origem ao destino.
Os vagões articulados possuem um chassi estendido que pode carregar até 10 contêineres em uma única
unidade flexível. O objetivo é reduzir o peso e o tempo exigido no intercâmbio de vagões.
Os vagões-plataforma para dois contêineres, como o próprio nome explica, são construídos para transportar
dois níveis de contêineres em uma única plataforma, duplicando assim a capacidade de cada vagão. Os
contêineres são, em sua essência, carretas sem rodas.

Rodoviário

Os transportadores rodoviários possuem flexibilidade, podendo operar em todas as vias do sistema


rodoviário.
Em comparação às ferrovias, o transporte rodoviário tem relativamente pequeno investimento fixo em
instalações de terminais e utilizam rodovias financiadas e mantidas com dinheiro público. Embora os custos das
taxas de licença, de uso e de pedágio serem consideráveis, essas despesas estão diretamente relacionadas ao
número de caminhões operados e aos quilômetros percorridos. Os custos variáveis por quilômetro são altos,
pois é necessário um “cavalo mecânico” e um motorista para cada carreta ou composição de carretas atreladas.
As exigências de mão-de-obra também são maiores devido às restrições de segurança aos motoristas e à
necessidade significativa de trabalho nas docas. As operações de transporte rodoviário caracterizam-se por um
custo fixo baixo e custos variáveis altos. Em comparação às ferrovias, o transporte rodoviário apresenta melhor
desempenho nos carregamentos pequenos em distâncias curtas.
As características dos transportadores rodoviários favorecem os negócios relacionados à produção e a
distribuição de produtos de alto valor agregado, nas distâncias até 750 quilômetros. Devido à flexibilidade de
entrega, eles dominam as movimentações de cargas desde os atacadistas ou armazéns até os varejistas.
Atualmente, com exceção da movimentação de pequenos volumes nos serviços Premium, quase todos os
embarques intermunicipais de menos de 7 mil quilos são transportados por caminhão.
As dificuldades principais estão relacionadas ao aumento do custo de reposição de equipamentos, à
manutenção, à segurança, à escassez de motoristas e ao salário dos trabalhadores das plataformas e docas.
Apesar de o aumento nas folhas de pagamento influenciar todas as modalidades de transporte, os
transportadores rodoviários reúnem muita mão-de-obra, o que resulta numa maior preocupação com o alto
volume de salários. Em contrapartida a essa tendência, os transportadores têm dado muita atenção às melhorias
na programação dos percursos de transporte, aos sistemas de cobrança informatizada, aos terminais
mecanizados, às operações em comboio que atrelam dois ou três reboques com um único “cavalo mecânico”, e
à participação na coordenação de sistemas de transporte intermodal.
O crescimento das operações com caminhões de prestadoras de serviço de logística integrada oferece um
serviço que combina flexibilidade das operações próprias com o potencial de consolidação por operadores
contratados. Operadores de serviços de logística integrada podem executar o serviço de vários embarcadores e,
portanto, obter economias de escala e de distância.
O segmento de carga completa de caminhão inclui cargas com mais de 30 toneladas, que normalmente não
exigem paradas entre a origem e o destino.
O segmento de carga fracionada de caminhão envolve embarques com menos de 30 toneladas, que
normalmente são complementados até alcançar a capacidade total da carreta. Devido aos custos com terminais
na origem e ao custo um tanto alto do marketing, esse segmento apresenta maior percentual de custos fixos do
que o segmento de carga completa.
Transportadores de cargas especiais incluem transporte de produtos a granel e de embalagens. As empresas
de cargas especiais concentram-se em atender às exigências específicas de transporte de um determinado
mercado o produto.

Hidroviário

Normalmente é feita uma distinção entre o transporte por alto-mar e o transporte interno por vias navegáveis.
A principal vantagem do transporte hidroviário é a capacidade de realizar embarques de porte extremamente
grandes. Ele utiliza dois tipos de embarcação nas suas movimentações: embarcações de alto-mar são
geralmente projetadas para o transporte de cabotagem, de longo curso; barcaças de reboque, movidas a diesel,
costumam operar em rios e canais e apresentam muito mais flexibilidade.
Em relação aos custos fixos, o transporte aquaviário posiciona-se entre o ferroviário e o rodoviário. Embora
os transportadores hidroviários tenham que operar seus próprios terminais, o direito preferencial de passagem é
desenvolvido e mantido pelo governo, o que resulta em custos fixos moderados em comparação com o
transporte ferroviário.
As principais desvantagens do transporte hidroviário são sua limitação em certos tipos de operação e sua
baixa velocidade. A menos que as movimentações tenham origem ou destino próximos de uma via navegável,
será necessário transporte complementar por trem ou caminhão. A capacidade do sistema hidroviário de
transportar grandes volumes a um baixo custo variável faz com que a demanda por esse transporte ocorra
quando são desejadas baixas tarifas de frete e a velocidade de trânsito não é prioritária.
Concluindo, o transporte marítimo de longo curso mantém-se como o principal sistema logístico global.

Dutoviário

A natureza básica de um duto é única em comparação com qualquer outra modalidade de transporte. Os
dutos operam 24 horas, durante sete dias por semana e são limitados somente pela mudança de produto
transportado ou manutenção. Diferentemente de outros sistemas, não há contêineres vazios ou veículos que
devem retornar à origem. Os dutos têm os mais altos custos fixos e os menores custos variáveis dentre todas as
modalidades de transportes. Os altos custos fixos se devem ao direito preferencial de passagem dos dutos, à
necessidade e à construção de estações de controle, e ao bombeamento. Uma vez que os dutos não
apresentam mão-de-obra intensiva, os custos variáveis operacionais são extremamente baixos a partir da sua
construção. Uma desvantagem óbvia é que é que os dutos não oferecem muitas opções. Eles são limitados em
relação aos tipos de produtos que podem ser transportados, pois apenas permitem a vazão de gás, líquidos ou
semifluidos.
Além de derivados de petróleo, outro importante produto transportado por dutos é o gás natural.

Aéreo

A mais recente e menos utilizada modalidade é o transporte aéreo de carga. A vantagem significativa do frete
aéreo está na velocidade com que um embarque é movimentado. Embora seja um sistema dispendioso, a
velocidade do transporte aéreo permite outros benefícios logísticos, como a redução ou eliminação de armazéns
operacionais ou inventários.
A despeito de seu alto desempenho, o transporte aéreo ainda permanece mais como um potencial do que
como uma realidade. As possibilidades do transporte aéreo são limitadas, em função de sua restrita capacidade
de carregamento e de levantamento de peso, e da pouca disponibilidade de aeronaves para esse fim.
Entretanto, o advento dos serviços de transporte premium introduziu o serviço de transporte aéreo por meio
de aviões exclusivamente cargueiros. Embora originalmente os serviços premium tenham tido como alvo os
documentos de alta prioridade, eles expandiram-se até incluir o transporte de encomendas.
Os custos fixos do transporte aéreo são baixos se comparados aos do transporte ferroviário, hidroviário e por
dutos. Na verdade, o transporte aéreo está classificado em segundo lugar (em primeiro está o rodoviário) em
relação a custos fixos baixos. As vias aéreas e aeroportos são geralmente desenvolvidos e mantidos pelo
governo. Os custos fixos do transporte aéreo de cargas estão associados à compra de aeronaves e às
necessidades de sistemas de manuseio e contêineres de carga especializados. Por outro lado, os custos
variáveis do transporte aéreo de cargas são extremamente altos, em razão do combustível, das tarifas aos
usuários, da manutenção e da mão-de-obra numerosa tanto a bordo quanto em terra.
Uma vez que os aeroportos exigem espaçosas áreas de terreno, eles costumam se limitados em termos de
integração com outros meios de transporte. Entretanto, há grande interesse na integração efetiva do transporte
aéreo com os demais meios de transporte, assim como no desenvolvimento de aeroportos para cargas de todos
os tipos; a proposta é eliminar o conflito com o serviço de passageiros.
Não há predomínio de nenhuma mercadoria específica no tráfego de operações de cargas aéreas. Talvez o
único diferencial seja que a maior parte da carga é transportada em função do seu nível de prioridade. Os
negócios tendem a utilizar movimentações programadas ou não-programadas de cargas aéreas quando a
necessidade do serviço proposto justifica o alto custo. Os produtos com maior potencial para movimentações
aéreas regulares são aqueles que possuem maior valor ou que são extremamente perecíveis. Quando o período
de venda de um produto (artigos de alta costura, peixe fresco ou flores) ao mercado é extremamente limitado,
como no Natal, o transporte pode ser o único método prático de transporte para apoiar operações nacionais. A
rotina logística de produtos como computadores, peças de reposição e catálogos para consumidores também
utiliza o transporte aéreo.

Classificação por Modal

A tabela 11-4 compara as estruturas dos custos fixos e variáveis de cada modalidade de transporte. A tabela
11-5 mostra a classificação das características operacionais de cada modalidade em relação à velocidade,
disponibilidade, confiabilidade, capacidade e frequência.
A velocidade refere-se ao tempo de uma movimentação. O transporte aéreo é o mais rápido. A
disponibilidade refere-se à capacidade de um sistema em servir um determinado par de localidades. Os
transportadores rodoviários têm a maior disponibilidade, uma vez que podem se dirigir diretamente aos pontos
de origem e de destino. A confiabilidade refere-se à variância potencial entre entregas esperadas ou
programadas. Os dutos, devido ao serviço contínuo e à quase inexistente interferência do clima e dos
congestionamentos, estão na posição mais alta da classificação em termos de confiabilidade. A capacidade é a
habilidade de um sistema em lidar com qualquer exigência de transporte, por exemplo, o volume do
carregamento. Quanto à frequência, está relacionada à quantidade de movimentações programadas. os dutos,
por seus serviços contínuos entre dois pontos, lideram essa classificação.

Tabela 11-4 Estrutura de custo de cada modal


 Ferroviário. Custos fixos altos referentes a equipamentos, terminais, linhas etc. Custos variáveis
baixos
 Rodoviário. Custos fixos baixos (as rodovias construídas e fornecidas com apoio governamental).
Cusos variáveis médios (combustíveis, manutenção etc.).
 Hidroviário. Custos fixos médios (embarcações e equipamentos). Custos variáveis baixos
(capacidade de transporte de grandes volumes e pesos).
 Dutoviário. Custos fixos mais altos (direito de via, construção, necessidades de estações de
controle e capacidade de bombeamento). Custos variáveis baixos (custo de mão-de-obra pouco
significativo).
 Aéreo. Custos fixos baixos (aeronaves e sistema de manuseio de cargas). Custos variáveis altos
(combustível, mão-de-obra, manutenção etc.).

Tabela 11-5 Características relativas operacionais por modal*


Características Ferroviário Rodoviário Hidroviário Dutoviário Aéreo
operacionais
Velocidade 3 2 4 5 1
Disponibilidade 2 1 4 5 3
Confiabilidade 3 2 4 1 5
Capacidade 2 3 1 5 4
Frequência 4 2 5 1 3
Somatório 14 10 18 17 16
*A menor pontuação significa a melhor classificação

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