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Logística

Prof. Me. Maurício de Mauro

Aulas 3 e 4
Lembrando a aula anterior
Os desafios da Logística no Brasil
Investimento em infraestrutura de transporte de cargas sobre o PIB:
• Brasil: 2,4%
• Média Rússia, Índia, China, Coreia, Vietnã, Chile e Colômbia: 3,4%
Fonte: IPEA - INVESTIMENTOS NA INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES: AVALIAÇÃO DO PERÍODO 2002-2013 E PERSPECTIVAS PARA 2014-2016

Qualidade da infraestrutura brasileira de transporte (posição entre 140 países):


• Infraestrutura geral: 85º
• Rodoviária: Densidade: 69º Qualidade: 116º
• Ferroviária: Densidade: 78º Eficiência: 86º
• Aeroviária: Conectividade: 17º Qualidade: 85º
• Portuária: Disponibilidade: 48º Qualidade: 104º
Fonte: Fórum econômico mundial – The Global Competitiveness Report - 2019
Rede de Transportes - BR

Fonte: EPL – PNLI - Transporte inter-regional de carga no Brasil - Panorama 2015


Distribuição modal da matriz brasileira de transportes regionais de
cargas

Fonte: http://www.epl.gov.br/transporte-inter-regional-de-carga-no-brasil-panorama-2015
Modais de Transporte e
Transporte Multimodal
Classificação dos modais
Modal Rodoviário

• Indicado para curtas / médias distâncias (até 800km)


• Adequado para o transporte de produtos de alto valor agregado e distribuição de produtos.
• Em comparação com as ferrovias, o modal rodoviário é mais adequado com pequenos
carregamentos movimentados a curta distância.

• Eficiência depende de infraestrutura adequada (Estradas, Equipamentos e Terminais).


• De acordo com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), existem, hoje, no
Brasil, mais de 700 mil transportadoras e frotas registradas, entre autônomos, empresas e
cooperativas, somando quase 2 milhões de veículos.
Estrutura Rodoviária Brasileira
• Possui a maior representatividade entre os modais existentes;
• Adequado para curtas e médias distâncias;
• Baixo custo inicial de implantação;
• Alto custo de manutenção;
• Muito poluente com forte impacto ambiental;
• Segurança no transporte comprometida devido à existência de roubos de cargas;
• Serviço de entrega porta a porta;
• Maior flexibilidade com grande extensão da malha;
• Transporte com velocidade moderada;
• Os custos se tornam altos para grandes distâncias;
• Tempo de entrega confiável;
• Baixa capacidade de carga com limitação de volume e peso; e
• Integra todos os estados brasileiros.
Rodovias Brasileiras

•A malha viária nacional é Administrada em sua maioria pela federação, por


intermédio do Ministério dos Transportes e Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes – DNIT, tem também como administradores, os
estados, municípios e setores privados.

• Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico –CIDE (conhecida como


imposto sobre os combustíveis) criada com objetivo de ampliar os
investimentos em estradas e infraestrutura.
• https://www.youtube.com/watch?v=pde06LixDwI
Pesquisa CNT de Rodovias 2019

Fonte: Pesquisa CNT de rodovias 2019. – Brasília : CNT : SEST SENAT, 2019.
Malha Rodoviária
Brasileira
Densidade da malha rodoviária pavimentada por país (valores em km/1.000 km2)
Modal Ferroviário – Infraestrutura Ferroviária
https://www.youtube.com/watch?v=umhzv6Zq9CU
Principais empresas concessionárias:
• Em média o custo do frete, cobrado pelas
operadoras nas ferrovias, é 50% mais barato
em relação ao transporte rodoviário.

• Além disso, as ferrovias oferecem rapidez e


possibilitam a movimentação de grandes
cargas.

• A alternativa ferroviária é importante para


operadores que lidam com matérias-primas
como empresas petroquímicas, que além de
perigosas são transportadas em grandes
volumes, bem para as empresas que atuam
no ramo de commodities.
Dificuldades para integração
• O sistema ferroviário brasileiro passou por um período de degradação de suas vias permanentes, material
rodante e superestrutura no período pré-privatização. A necessidade de investimentos no setor
ferroviário após a privatização surge então como fator fundamental para viabilizar a recuperação da sua
capacidade de transporte.

• No cerne dos problemas de disponibilidade e baixo nível de investimento na manutenção de linhas está o
alto custo de capital no Brasil.

• Diferentes bitolas entre os trilhos (1,0 e 1,6 metros)

• A segmentação geográfica utilizada no leilão de concessão e a deficiente regulamentação do direito de


passagem dificultam a operação ferroviária intermodal que viabilizaria o transporte em grandes
distâncias.

• A ausência de uma definição prévia de níveis mínimos de serviço e máximos de tarifa que garantam, na
prática, o direito de passagem entre concessionárias, é considerado um entrave à adoção mais frequente
do transporte ferroviário entre empresas e por longas distâncias.
Modal Aquaviário – Infraestrutura portuária
https://www.youtube.com/watch?v=kj7ixi2lqF4
Modal Aquaviário
• Trata-se do mais antigo meio de transporte de cargas internacionais.
• A principal vantagem é a possibilidade de transportar cargas extremamente grandes.
• Trata-se do modal preferencial para o transporte onde são buscadas baixas tarifas e a
velocidade não é um fator predominante.
• Os transportes aquaviários, especialmente os marítimos, são responsáveis por mais de 80%
dos fluxos mundiais do comércio internacional de mercadorias.
• A localização das matérias-primas (commodities) distribuídas de forma assimétrica e o fraco
desenvolvimento das indústrias transformadoras nas regiões abundantes em matérias-primas
continuarão a impulsionar os transportes marítimos.
• As operações aquaviárias exigem não somente os meios de transporte (navios ou balsas), mas
também as estruturas portuárias, compostas pelos cais (piers), armazéns portuários, e pelo
equipamento que possibilita cargas, descargas e movimentação dentro dos portos.
Modal Aquaviário – Tipos de Navios
Navio Carga Geral Navio Porta-Contêineres

LNG – Liquefied Natural


Gas Carrier
Tanquer
Modal Aquaviário – Tipos de Navios
Heavy Lift Cargo Reefer

Roll-on / Roll-off Bulk Carrier


Definição de Porto
• Lugar abrigado contra os ventos e contra as ondas, com instalações sufi
cientes para apoiar a navegação e realizar operações de carga e descarga
de mercadorias, embarque e desembarque de passageiros etc.

• É o elo entre os transportes aquáticos e terrestres, onde se encontram todas


as instalações portuárias para carga e descarga, pátios, armazéns etc.

• A sua área de fundeio é a área onde os navios ficam fundeados, aguardando


oportunidade para atracação ou aguardando berço no cais, denominada de
anteporto. O corredor de ligação entre o alto-mar e as instalações do porto é
denominado canal de acesso de um porto
Principais portos do mundo
Estrutura portuária brasileira
• O sistema portuário nacional foi administrado durante grande parte de sua história, pelo
governo federal, através da Empresa Brasileira de Portos S.A. –Portobrás.

• Extinção da Portobrás em 1990.


• Uma nova gestão mais descentralizada foi aplicada aos portos, sendo administrados pelos
estados e municípios.

• Lei de Modernização dos Portos (Lei 8.630) em fevereiro de 1993.


• Gestão mais privatista e avanços na modernização e eficiência dos portos brasileiros
• Nova lei dos Portos (Lei 12.915, antiga MP 595/2012) de 05 de junho de 2013.
• Pela Lei dos Portos de 1993, ganha a licitação a empresa que pagar maior valor pela outorga
(concessão do serviço portuário). Com a MP, passa a valer o critério de maior eficiência com
menor tarifa --maior movimentação possível de carga pelo menor preço por tonelada.
Portos Brasileiros – Regulamentação Federal
Antaq - Agência Nacional de Transportes Aquaviários - Sua função principal está em regular e fiscalizar
as atividades de prestação de serviços de transporte aquaviário e de exploração da infraestrutura
portuária e aluviaria, harmonizando os interesses do usuário com os das empresas prestadoras de
serviço, preservando o interesse público.

CAP - Conselho de Autoridade Portuária –Sua função é regulamentar a exploração dos portos, como
homologar horários de funcionamento e tarifas portuárias; aprovar o plano de desenvolvimento e de
zoneamento portuário; promover a racionalização e a otimização das instalações; desenvolver
mecanismos de atração de cargas; assegurar o cumprimento das normas de proteção ambiental;
estimular a competitividade; estabelecer normas visando aumento da produtividade e a redução dos
custos das operações portuárias.

Companhias Docas (autoridade portuária)- Suas funções são: fixar os valores e arrecadar a tarifa
portuária; fiscalizar a execução ou executar as obras de construção, reforma, ampliação, melhoramento
e conservação das instalações portuárias; organizar e regulamentar a guarda portuária; autorizara
entrada e a saída, inclusive a atracação e desatracação, o fundeio e o tráfego de embarcação na área
do porto, bem assim a movimentação de carga da referida embarcação; estabelecer o horário de
funcionamento no porto, bem como as jornadas de trabalho no cais de uso público.
/
A interação entre os vários agentes:
Portos Marítimos no Brasil
• Os Portos marítimos modernos são indutores de desenvolvimento regional, centros de serviços e
plataformas logísticas para o comércio e transporte internacional.

• No caso do Brasil, perdemos competitividade devido aos custos mais elevados causados pela
baixa eficiência da infraestrutura logística do país, inclusive dos portos nacionais.

• Cerca de 85% da carga movimentada nos portos brasileiros é constituída por granéis (64% Sólidos
e 21 % Líquidos)*, conforme ilustrado no quadro abaixo.
Fonte: ANTAQ - 2017

Dados referentes a 2013 Fonte: ANTAQ


Portos Brasileiros – Movimentação de Carga

Fonte: ANTAQ - 2017


Calado : a altura de água entre a superfície e o leito do rio ou mar Influenciado pelas marés, determina muitas
vezes o tamanho do navio que poderá operar no porto e qual a carga máxima que poderá carregar.
Características dos Portos

Extensão do Cais faixa portuária a beira d´água onde irão operar os guindastes,
caminhões e onde se encontra a “muralha”- construção que permite a atracação dos navios.

Número de berços – faixas da muralha destinadas às atracações dos navios, dispondo de


estrutura de carregamento, abastecimento de combustível, água, energia elétrica, etc.

Acessos rodoviários e ferroviários – o fácil acesso aos portos através principalmente


das vias rodoviárias e ferroviárias é essencial para a viabilidade das operações portuárias,
notadamente com relação aos custos de transporte e agilidade.
Porto de Santos
Modal Aéreo
https://www.youtube.com/watch?v=r51FMhfw_-w
Modal Aéreo
• Mais novo e menos utilizado modal de transporte de
cargas.

• Caracterizado pela velocidade de transporte (exemplo da


UPS na primeira aula).

• Custos fixos baixos e custos variáveis altos.


• Não existe carga dominante. As características mais
comuns das cargas transportadas por aeronaves são o
alto valor e a alta prioridade.
A IATA
• A Associação Internacional de Transporte Aéreo ou International Air Transport Association
(IATA) é uma associação fundada em 1945, com sede em Montreal no Canadá.

• Principais funções: Administração de serviços, Estudos sobre tráfego aéreo e Gestão de


rotas, fretes e tráfego, além de estudos sobre segurança de voo.

• IATA tem papel fundamental nas negociações para estabelecimento de tarifas padrões de
frete, regulamenta e padroniza procedimentos de manuseio de carga (cargas gerais, carga
perigosas e cargas perecíveis), documentos inerentes e passagens internacionais.

• As tarifas da IATA são publicadas em manuais próprios três vezes ao ano, mais conhecidos
como TACT´s (The Air Cargo Tariff ). Os diversos manuais são identificados pela cor:

• Vermelho – tarifas aplicadas na América do Norte;

• Verde – tarifas aplicadas nos demais países;

• Laranja – manual de Manuseio de Cargas, além do Dangerous Goods Regulations para cargas
consideradas perigosas.
25 maiores Cias. Aéreas de Carga - 2015

Fonte: http://www.aircargonews.net
Estrutura Aeroportuária Brasileira

A administração, operação e exploração industrial


e comercial da infraestrutura aeroportuária
brasileira estão a cargo da Empresa Brasileira de
Infraestrutura Aeroportuária – INFRAERO e
algumas empresas privadas.

• 4.105 aeroportos e campos de pouso (22% do


total mundial);
• 13.883 aeronaves registradas;
• Apenas 721 pistas pavimentadas (17,9%)
• Voos regulares em 135 dos 5.565 municípios (
2,4%).
• Transporte de cargas: Dos 63 aeroportos
administrados pela INFRAERO, apenas 33
possuem rotas internacionais.
Companhias aéreas e agente de carga
• As companhias aéreas buscam a formação de alianças a fim de trocar cargas entre elas, atingindo
assim os pontos mais remotos do globo.

• Quanto aos agentes de carga, além do vínculo com a IATA, para que possam desempenhar
legalmente suas funções deverão estar filiados à Agência Nacional de Aviação Civil - ANAC,
cumprindo exigências relacionadas a instalações, frota, treinamento de pessoal, além de sistemas
de emissão de documentos de embarque e acompanhamento.

• Mas qual a vantagem em se utilizar um agente de carga, se é possível deixar a carga diretamente na
companhia aérea?

• • Uma das vantagens em se utilizar um agente de carga no transporte está no serviço de


consolidação de carga.
• • Quanto maior o peso da carga, menor o valor da tarifa por Kg.
• • Também o agente de carga (pelo menos um bom agente) o mantém informado durante o trânsito
da carga e o auxilia na tramitação e liberação dos documentos de embarque.
Tarifas de Fretes
Nenhuma companhia aérea tem liberdade para fixar tarifas individualmente -> IATA
(InternationalAir TransportAssociation)

• Relação IATA (peso/volume): 1 kg = 6000 cm³ ou 1 ton = 6 m³


• A companhia aérea cobra o valor mais alto entre o volume e o peso real da carga.
• a tarifa por quilo é multiplicada pelo peso da carga, seja ele real ou cubado (sempre o
peso que for maior).
• O cálculo de frete aéreo é baseado na relação peso/volume das mercadorias. Segundo
Vieira (2003) a regra básica é de que os fretes serão cobrados por peso, desde que o
volume não exceda o limite de 6 vezes o peso da carga. Por exemplo, 1.000 gramas
podem ocupar o espaço de, no máximo, 6.000 cm3. Portanto, para a aplicação da tarifa
correspondente, é necessário determinar o “peso cubado” da mercadoria, que é obtido
dividindo-se o seu volume por 0,006.

Altura (cm) x Largura (cm) x Comprimento (cm) / 6.000


Tipos e Tarifas
Tarifa geral: É aplicada de forma escalonada segundo faixas de peso (até 45 kg; de 45 k a 100 kg; de 100
kg a 300 kg; de 300 kg a 500 kg e acima de 500 kg), levando-se em consideração o "peso cubado".
Quanto maior o peso cubado, menor a tarifa.

Tarifa mínima: Aplicada a pequenos volumes, que não atingem um determinado valor de frete a partir do
seu cálculo por peso. Essa tarifa varia em função da área a que se destina a carga.

Tarifa classificada: Aplicada a poucas mercadorias, dentro de certas áreas determinadas. É expressa
através de porcentagem de aumento ou redução das tarifas de carga: ad valorem (animais vivos, pintos
de menos de 3 dias, carga valiosa, restos humanos, etc); redução (bagagem desacompanhada composta
apenas de roupas e objetos de uso pessoal, produtos culturais, aparelhos médicos).

Tarifa para expedições de unidade de carga: Aplicadas para expedições efetuadas em dispositivos
unitários de carga (ULD). No cálculo desta tarifa não é computada a tara da ULD. Entretanto, alguns tipos
de carga não são aceitos para embarques em ULD como, por exemplo, animais vivos, mercadorias
perigosas, cargas valiosas, restos humanos e outros.

Fonte: http://comexexter.blogspot.com.br
Transporte Multimodal

https://www.youtube.com/watch?v=MRonBSpAOAI
Reflexão
Assistam o filme sobre o sistema logístico de entregas da Amazon.com.

(https://www.youtube.com/watch?v=2qanMpnYsjk&t=13s)

Discutam as seguintes questões:

1. Quais as principais características do sistema logístico da Amazon em relação à armazenagem e


utilização dos modais de transporte?

2. Quais dificuldades vocês identificam para a uma operação similar no Brasil, com base nos desafios
logísticos que discutimos durante a última aula?

3. O que a empresa precisa fazer para viabilizar uma operação desse tipo / porte no Brasil?

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