Você está na página 1de 4

Proposta da

Comissão Portos
para a formulação da

Política Portuária Nacional

1. Preâmbulo
Para o Setor Empresarial os portos brasileiros constituem um dos mais importantes
instrumentos de desenvolvimento econômico e social, desde que bem administrados,
voltados para atender ao mercado e às necessidades dos usuários. Mas, para que possam
atingir essa finalidade, os portos requerem medidas de aperfeiçoamento permanente para
eliminar as distorções alimentadoras da ineficiência e dos elevados custos, geradas por
práticas obsoletas e pelo excesso de burocracia.

2. Fundamentação
O desenvolvimento do comércio exterior brasileiro é a principal alternativa para
permitir estabilizar a moeda nacional, reduzir a dependência de recursos externos e gerar
empregos no País. Nesse contexto, a solução das questões portuárias passa a desem-
penhar papel de relevo, uma vez que a eficiência e o custo da logística de comércio exterior
serão fatores decisivos para permitir ao País aumentar suas exportações.
Para avaliar corretamente nossa posição no comércio marítimo internacional e
eliminar os obstáculos ainda existentes, é indispensável reconhecer que o Brasil conta com
duas grandes desvantagens: (.1.) a distante posição geográfica em relação aos principais
mercados internacionais; e (.2.) o fato de seu comércio exterior ser atendido pelo tráfego
Norte/Sul, que apresenta menores volumes de carga e fretes mais elevados.
A despeito das melhorias alcançadas nos transportes e nos portos nacionais, os
produtos brasileiros ainda são penalizados com acréscimos de custo logístico devidos a
perdas e ineficiências internas na distribuição e circulação de mercadorias. Os dados
disponíveis apontam que a parcela referente ao custo da logística de transportes se situa
entre 20% e 35% do valor final dos produtos, enquanto nos países industrializados fica na
faixa de 10%.
Os perversos efeitos de todo esse conjunto de ineficiências penalizam diretamente
o produtor e o trabalhador, reduzindo o valor dos salários e a oferta de emprego, além de
contribuir na crescente elevação dos preços dos produtos de consumo. Para eliminar ou
pelo menos diminuir esses efeitos, é preciso haver empenho e decisão por parte do
governo, com amparo numa Política Portuária Nacional voltada para o desenvolvimento
do comércio exterior e doméstico, com diretrizes objetivas que permitam remover os
obstáculos que se opõem à continuação das reformas indispensáveis.

3. Efeitos Positivos da Lei Nº 8.630, de 1993


Como resultado da implementação da Lei 8.630/93, a partir do final de 1997 e
nos anos seguintes foram privatizados, mediante o arrendamento das instalações, os
principais terminais e áreas existentes nos portos públicos. No total, cerca de 7,4

Política Portuária Empresarial Julho de 2003 Página 1 de 4


Comissão Portos
milhões de m2 foram objeto de arrendamentos, compreendendo mais de 145 áreas.
É possível quantificar as vantagens obtidas após o início desse processo. A
tonelagem movimentada registrou aumento da ordem de 53%, passando de 346 milhões
de toneladas, em 1993, para 530 milhões, em 2002. A movimentação de contêineres
registrou expressivo aumento, da ordem de 218%, no mesmo período, passando de 1,1
milhão de TEUs (1993) para 3,5 milhões de TEUs (2002). Além da redução dos preços,
o aumento de qualidade e produtividade nos terminais portuários gerou diminuição nos
custos de movimentação e nos danos às cargas.

4. Definição de uma Política Portuária Nacional

4 .1 . Princípios Orientadores
A Política Portuária Nacional deveria se fundamentar nos seguintes princípios
para permitir a consolidação e complementação da reforma iniciada com a Lei 8.630/93:
• Estímulo permanente à participação da livre iniciativa nos investimentos e nas
atividades portuárias;
• Redução da interferência governamental, racionalizando a regulação e os
processos burocráticos que incidem sobre as atividades portuárias;
• Eliminação do oneroso sistema de licitação financeira para arrendamento de
áreas e instalações, substituindo-o por seleção da proposta que contiver
compromisso com tarifas menores e maior produtividade; e
• Administração do Porto autônoma, descentralizada, ágil e com foco no mercado;
• Obras de infra-estrutura de acessos terrestres e aquaviários – particularmente as
dragagens – asseguradas pelo governo federal.

4 .2 . Objetivos Principais
A formulação da Política Portuária Nacional tem como metas fundamentais:
• Dotar o País de um sistema portuário eficiente, ágil, flexível e com qualidade e
preços competitivos.
• Assegurar a continuidade da implementação da Lei nº 8.630 e a preservação de
seus princípios e disposições.
• Orientar a atuação da agência reguladora, que deve se pautar pela
implementação da política governamental para o setor, pelo estímulo e segurança
ao investidor e pela defesa do usuário.
• Reequipar e informatizar os portos como forma de aumentar a produtividade e a
eficiência dos serviços e reduzir os custos, com linhas de crédito para os
investimentos similares às ofertadas para as exportações e sem ônus tributários
sobre os equipamentos e tecnologias, inclusive os importados.
• Remover os obstáculos e os custos que impedem as operações de transbordo
para angariar mais cargas, estimular o transporte de cabotagem, as operações de
“feeder service” e o uso mais intensivo da navegação interior.
• Formar e divulgar uma cultura portuária, inclusive junto às entidades de classe e
universidades, com ênfase na sua importância como elemento fundamental ao
desenvolvimento nacional por constituir atividade criadora de riqueza, catalisadora
de empreendimentos e geradora de empregos.

Política Portuária Empresarial Julho de 2003 Página 2 de 4


Comissão Portos
5. Ações Institucionais Modernizadoras Indispensáveis

5 .1 . Na Organização Administrativa dos Portos.


É da maior importância que seja promovida, pelo Governo Federal, a
substituição do atual modelo de administradoras através da extinção das Cias. Docas e
entidades similares, e da criação, em seu lugar, de novas entidades adaptáveis às
crescentes exigências do comércio internacional. Essas entidades devem contar com
uma nova e diferente modelagem jurídica para que possam ter autonomia, atuação e
visão voltadas para os objetivos econômicos e comerciais do porto, bem como observar
as seguintes condições:
• Reafirmar a primazia e importância dos Conselhos de Autoridade Portuária –
CAPs no planejamento, administração e coordenação dos assuntos que envolvam
a administração do porto;
• Estrutura orgânica, descentralizada, restrita ao mínimo necessário para o
cumprimento de suas funções comerciais e administrativas.
• Administradores profissionais aprovados pelo CAP, independentes (político-
partidária e empresarialmente), comprometidos com o desempenho comercial do
porto, dotados de visão de conjunto sobre o papel econômico do porto,
competindo-lhes assegurar uma adequada infra-estrutura física nos acessos,
especialmente o aquaviário.
• Fomentar a livre competição no setor, a atração de investidores e o desenvol-
vimento tecnológico dos portos orientado para a obtenção de eficiência e de
produtividade crescentes.
• Promover a integração do subsetor portuário ao sistema nacional de transportes.

5 .2 . Nas Questões da Mão-de-Obra Avulsa.


As alterações tecnológicas que vêm ocorrendo no setor portuário requerem as
seguintes providências:
• Fortalecimento do Órgão de Gestão de Mão-de-Obra do Trabalho Portuário
Avulso (OGMO) como um departamento de recursos humanos, administrador,
fornecedor de trabalhadores e de treinamento e desenvolvimento de pessoal;
• Promover, em cada porto, anualmente, estudos de dimensionamento do
contingente de mão-de-obra necessário, em função das características
operacionais dos terminais ali existentes;
• Estimular a negociação direta entre Capital e Trabalho para o estabelecimento de
novas convenções e acordos de trabalho.
Rio de Janeiro, 31 de julho de 2003.
Entidades Signatárias:

• Confederação Nacional da Agricultura – CNA


• Confederação Nacional do Comércio – CNC
• Confederação Nacional da Indústria – CNI
• Confederação Nacional dos Transportes – CNT
• Confederação das Associações Comerciais do Brasil – CACB
• Associação Brasileira dos Terminais Líquidos – ABTL
• Associação Brasileira dos Terminais Portuários – ABTP

Política Portuária Empresarial Julho de 2003 Página 3 de 4


Comissão Portos
• Associação Brasileira dos Terminais de Contêineres de Uso Público – ABRATEC
• Associação Brasileira dos Grandes Consumidores Industriais de Energia – ABRACE
• Associação de Comércio Exterior do Brasil – AEB
• Associação Nacional dos Usuários de Transportes – ANUT
• Associação Brasileira de Papel e Celulose – BRACELPA
• Câmara Brasileira de Containers e Transporte Multimodal – CBC
• Centro Nacional de Navegação Transatlântica – CENTRONAVE
• Federação Nacional das Agências de Navegação Marítima – FENAMAR
• Federação Nacional dos Operadores Portuários – FENOP
• Instituto Brasileiro de Mineração – IBRAM
• Instituto Brasileiro de Siderurgia – IBS
• Sindicato Nacional da Industria de Componentes para Veículos – SINDIPEÇAS
• Sindicato Nacional das Empresas de Navegação Marítima – SYNDARMA
• Associação Comercial do Rio de Janeiro – ACRJ
• Associação Comercial de São Paulo – ACSP
• Associação Gaúcha de Avicultura – ASGAV
• Delegacia no Rio Grande do Sul da Ass. Bras. dos Terminais Portuários – ABTP - Sul
• Federação da Agricultura do Estado do Paraná – FAEP
• Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul – FARSUL
• Federação do Comercio do Rio Grande do Sul – FECOMÉRCIO-RS
• Federação das Associações Empresariais do Rio Grande do Sul – FEDERASUL
• Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais – FIEMG
• Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso – FIEMT
• Federação das Indústrias do Estado do Paraná – FIEP
• Federação das Indústrias do Estado da Paraíba – FIEPB
• Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco – FIEPE
• Federação das Indústrias do Estado de Roraima – FIER
• Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina – FIESC
• Federação das Indústrias do Estado de São Paulo – FIESP
• Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul – FIERGS
• Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo – FINDES
• Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro – FIRJAN
• Sindicato da Indústria do Fumo do Estado do Rio Grande do Sul – SINDIFUMO
• Sindicato da Indústria de Adubos do Rio Grande do Sul – SIARGS
• Sindicato da Indústria do Açúcar e Álcool do Estado de Pernambuco – SINDAÇUCAR
• Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado de São Paulo – SINDAMAR
• Sindicato das Agências de Nav. Marítima do Est. do Espírito Santo – SINDAMARES
• Sindicato dos Operadores Portuários do Estado do Espírito Santo – SINDIOPES
• Sindicato dos Operadores Portuários do Estado de São Paulo – SOPESP
Comissão Portos
Av. Almirante Barroso nº 91 sala 609 RIO DE JANEIRO - Centro - RJ Cep 20.031-005
Telefone: (21) 2533 – 04 99 e Fax: (21) 2524-6136 e-mail: comissaoportos@ comissaoportos.com.br

Brasil: O futuro depende dos portos!


Política Portuária Empresarial Julho de 2003 Página 4 de 4

Você também pode gostar