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14.301/22, conhecida como Lei da BR do Mar, passava a vigorar em seu texto final.
Desde que foi promulgada, a principal expectativa sobre a nova legislação era fomentar
logísticos. No entanto, desde que passou a valer, especialistas do setor avaliam que a lei
ainda não tem efeitos práticos, já que falta a regulamentação para que suas prerrogativas
A lei 14.301 teve origem no projeto 4.199, de 2020, de autoria do próprio Executivo.
janeiro de 2022, a lei sofreu vetos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). E, de volta ao
Entre idas e vindas, a lei que era dada como aposta de ser um dos projetos
“Dependemos ainda de uma regulamentação, um decreto que ficou sendo gestado o ano
todo (de 2022) e não foi editado”, explica o diretor-executivo da Associação Brasileira
Inácio Lula da Silva (PT) sinaliza que deve rever o viés do decreto. Pelo menos é o que
Em suma, a Lei da BR do Mar veio para atuar em quatro frentes: frota, indústria naval,
visava ao posterior fomento da indústria naval brasileira, uma vez que, com uma
esperada crescente demanda, mais ativos precisariam ser agregados, além de os navios
trazia a permissão de contratos temporários para movimentar cargas que ainda não
dedicados à modalidade.
Mas nada disso deve ser concretizado até que a regulamentação saia. “O decreto ficou
pronto entre agosto e setembro do ano passado e não foi publicado. É uma grande
frustração para o setor, porque não há expectativa real em termos de edição dessa
gestores da área.
explica Dutra.
Outra questão é definir pontos práticos que geram insegurança sobre como aplicar os
operações.
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contêineres.
2021. Isso aconteceu por conta dos impactos da seca na região amazônica, baixando o
nível de calado dos navios e travando o segmento na região, segundo análise da Antaq.
Nas regiões Sudeste e Sul, em compensação, a navegação por cabotagem teve aumento,
com destaque para os portos do Rio de Janeiro (RJ), com 41%, e Itapoá (SC), com
35%.
de toneladas no ano passado, 3,8% a mais que em 2021, mas com crescimento inferior à
média dos dois anos anteriores, que ficou entre 6,5% e 8,3%, segundo dados da
e 2022 foi de 8,4%, passando de 2,7 toneladas para 2,9 toneladas movimentadas entre
A empresa pública vinculada ao governo paranaense cobra taxas até 50% inferiores em
relação a outras tabelas nas operações por cabotagem nos portos do estado, como forma
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Paranaguá
Vê-se que é uma modalidade que cresce, mas muito discretamente para o potencial que
torno de 12%. Com o planejamento que o governo federal fez implantando esse projeto
de lei e com a devida regulamentação, a estimativa era que alcançaria 30%”, analisa
Ademar Dutra.
“Deve ser um processo gradativo. Para passar uma determinada mercadoria que é
transportada pelo modal rodoviário para a cabotagem, há uma outra lógica logística que
precisa ser construída, e há resistência muito forte do sistema rodoviário de abdicar
desse tipo de transporte. O rodoviário acha que vai perder espaço, quando na verdade
todos os estudos sinalizam que o rodoviário vai continuar movimentando essa carga,
Da mesma forma que a legislação abriu caminho à operação com navios estrangeiros, o
que deve facilitar a oferta de embarcações, também é preciso pensar em outro atrativo
navio. “O combustível do navio de longo curso, que vai pra Ásia, tem tributação
(UFPR), conta que 24% do valor do combustível do navio usado para cabotagem no
Brasil é composto por tributos. “É preciso haver uma nova legislação que estabeleça um
teto e o estado que quiser pode zerar a tributação do bunker. O que vai acontecer é que
os estados vão preferir zerar o bunker e ter navegação barata, e isso pode ajudar muito”,
“Como são poucas empresas (que operam a cabotagem), e até hoje não tinham
incentivo, a oferta é muito pequena. Hoje, a oferta de navios saindo do Sul em direção
ao Nordeste é de um por semana. Se por um motivo perde essa escala, atrasa demais a
operação e, com isso, o tempo acaba virando um outro inibidor”, avalia Mohr.
O ciclo deve fechar a partir das definições sobre as questões trabalhistas relativas à
Resolvidas essas questões, mais incentivos trariam mais investimentos, maior oferta de
Mas ainda não é possível pensar em prazos para isso. De acordo com o Ministério de
deverá ser rediscutida com o setor e a sociedade. Assim que finalizada, seguirá o trâmite
normal até a Casa Civil, para análise e posterior publicação – porém, ainda sem data
definida.