- Quais as maiores deficiências do sistema de transportes brasileiro?
Grande dependência do Transporte Rodoviário.
Na falta de uma definição direta de um modal, a escolha natural acaba
sendo pelo transporte rodoviário, pois é mais barato comparado ao aéreo e o marítimo e mais “praticável”, em relação ao ferroviário.
Assim, atualmente, cerca de 58% de toda carga logística no país é
levada pelas rodovias. Afinal, a greve dos caminhoneiros em 2017, mostrou o quanto o Brasil é dependente desse modal. Foram necessários apenas 3 dias de paralisação para que as empresas e a sociedade em geral sofresse prejuízos inimagináveis.
No entanto, apesar da grande importância do transporte rodoviário, as
condições da malha viária no país são precárias. As principais reclamações são:
inúmeros buracos; falta de sinalização; rodovias sem asfalto; falta de segurança; pedágios com valores elevados.
E se antes os problemas eram mais acentuados em cidades afastadas,
hoje, a situação já mudou — negativamente. Muitas capitais brasileiras sofrem com um número elevado de roubo de cargas e de caminhões. Dificultando ainda mais o serviço das empresas logísticas.
- Como os Setores público e privado podem contribuir para a melhoria do
sistema de transportes?
Investimento em modais alternativos
Ferrovias e Hidrovias
Atualmente, ainda cerca de 75% das mercadorias produzidas em solo
brasileiro são transportadas pela malha rodoviária, enquanto apenas 5,4% circulam pelas ferrovias. Mesmo assim, é possível de se notar um crescimento do uso da malha ferroviária brasileira nas últimas décadas. De 1997 a 2018, segundo dados da ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários), existiu um aumento de 125% no número do transporte de cargas.
Além disso, também existiu um grande investimento privado nesse setor
durante esse período, com um valor total de 107 bilhões, se atualizados para 2018 com base no IPCA. A despeito de o Brasil possuir cerca de 4 mil quilômetros de costa atlântica navegável (com uma costa litorânea total de aproximadamente 7 mil quilômetros) e reunir as maiores bacias hidrográficas do mundo, o potencial do transporte hidroviário no país ainda é pequeno, na medida em que não há muito investimento na área, tal qual ocorre com o transporte rodoviário.
O setor público pode contribuir na construção de novas ferrovias e
hidrovias para diminuição do gargalo logístico das rodovias. Posteriormente realizar concessões das malhas ferroviárias e hídricas para o setor privado investir em tecnologia para realizar transportes de mercadorias de forma eficiente e sustentável.
- Quais iniciativas já estão sendo tomadas? Estas são suficientes?
Dados do Ministério da Infraestrutura
Oficialmente, foi dada a largada para a maior transformação da malha
ferroviária brasileira desde o Segundo Império. No dia 09/12/2021, em solenidade conduzida pelo ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, e com presença de autoridades do Executivo e Legislativo federal e de 10 estados, o Governo Federal formalizou os nove primeiros contratos para a construção a partir do zero de nove ferrovias no Brasil pelo regime de autorização. Os empreendimentos serão implantados por seis grupos empresariais: os recursos são integralmente privados. A implantação dos empreendimentos será pelo modelo de outorga por autorização, uma forma desburocratizada que deu celeridade ao andamento das propostas apresentadas pelo setor privado para a implantação das novas linhas férreas, de setembro para cá, no âmbito do programa federal Pro Trilhos. A iniciativa do Ministério da Infraestrutura consente a construção e operação de ferrovias, ramais, pátios e terminais ferroviários privados. As primeiras nove autorizações somam 3506 quilômetros de ferrovias a serem construídas em diversas regiões do País.
- Os investimentos em infraestrutura demonstram resultados a curto,
médio ou longo prazo?
Ainda de acordo com o Ministério da Infraestrutura, Uma previsão
anterior ainda no início da gestão, era de que, com as renovações antecipadas e novas concessões ferroviárias, seriam acumulados cerca de R$ 60 bilhões. De acordo com Costa, essa era a proposta para mudar a matriz de transporte ferroviário no país. “Agora, com o plano de autorizações, temos a possibilidade de agregar outros R$ 150 bilhões para serem investidos nesse modal. Isso nos faz pensar onde estaremos em 10 anos: 40% do transporte de cargas do país será feito por meio de ferrovias”, completou.
Fonte: Ministério da Infraestrutura do Governo Federal
- Qual o primeiro passo?
Desde a privatização ocorrida na década de 90, as ferrovias tiveram ao
longo dos anos, 1/3 de sua malha desativada pelas empresas concessionárias responsáveis.
O primeiro passo seria a ativação desses trechos desativados para
transporte de cargas tendo como consequência redução regional de tráfego intenso nas rodovias.
Desburocratização no sentido de liberar e credenciar o uso das hidrovias