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BR do Mar

Desafio de expansão da navegação de cabotagem


Sendo o Brasil um país com características territoriais singulares e com sua ampla
costa, o transporte marítimo de cabotagem mostra potencial de grande vantagem
competitiva frente a outros modais utilizados no transporte de cargas.

Não obstante seu favorecido neste âmbito e um crescimento equilibrado nos últimos
anos, a utilização do transporte por cabotagem ainda é subutilizo se comparado com
seu potencial.

As métricas estatísticas mostram que ainda são necessárias diversas ações de incentivo
à sua utilização, ao encontro de mudança cultural das indústrias que se acomodaram,
ao longo dos anos, com a utilização do modal rodoviário, muito em consequência dos
problemas de infraestrutura logística brasileira.

Considerando que o transporte impacta no custo final do produto, podendo chegar em


até 7%, as escolhas logísticas são de extrema importância para indústrias, isso inclui o
modal utilizado.

Conforme matéria publicada pela NTC&Logística (setembro, 2019), a legislação


brasileira para transporte por cabotagem impõe ‘lastros’ nas operações das empresas
que oferecem esse transporte, limitando demasiadamente a utilização de
embarcações estrangeiras.

BR do Mar
Para incentivar e promover competitividade no transporte or cabotagem, foi proposto
um projeto, através da PL 4.199/2020, parte do programa “BR do Mar”, o qual tem
como objetivo desenvolver a cabotagem com aumento da concorrência e redução das
barreiras do setor, possibilitando às empresas do setor de navegação contratar e
importar mais embarcações estrangeiras, permitindo aumento da frota e
consequentemente capacidade total transportada.

Neste projeto o Governo Federal destaca vários incentivos e benefícios para o modal
de cabotagem, e entre outros destaco:

 Redução do custo logístico para alta demanda


 Desenvolver a qualidade e oferta e do transporte por cabotagem
 Incentivar a competitividade e concorrência do modal
 Ampliar a disponibilidade e diversidade de frota disponível
 Enriquecer a capacitação e qualificação naval nacionais

No cenário atual exclusivamente as Empresas de Navegação podem realizar transporte


por Cabotagem no Brasil, sendo obrigatória utilização de navios com bandeira
brasileira e eventualmente possibilidade do afretamento de navios estrangeiros
correspondentes a metade da capacidade (toneladas) e em quantidade dos navios
nacionais, além de outras regras que quase inviabilizam essa composição de frota.

Como principais características do transporte de cabotagem, temos que considerar


os pontos a seguir:
 Expressiva extensão costeira e proximidade dos principais centros produtores e
consumidores.
 Ampla capacidade de volume e custo mais acessível por tonelada;
 Baixo risco para danos e consequentemente menor custo de seguro.
 Menor consumo de combustível se considerada tonelada transportada, reduzido
emissão de poluentes.
 Ganhos de escala para transportes de volumes elevados: um navio de 5.000
toneladas é capaz de transportar o equivalente a 72 vagões ou 143 carretas.
 Aumento da competitividade e eficiência, gerando economia para toda cadeia.
 Maior integração entre os diversos modais.

Segundo dados estatísticos da Agência Nacional do Transporte Aquaviário - ANTAQ, a


movimentação cargas em portos brasileiros saltou de 840.153.698 toneladas em 2010
para 1.120.699.567 toneladas em 2018, o que representa um crescimento na ordem
de 33%. Neste mesmo período analisando as movimentações referentes à cabotagem,
pode-se anotar crescimento na ordem de 27%.

Todas as discussões sobre melhorias e investimentos são importantes, porém


considerando que a “BR do Mar” se tratar de um Projeto de Lei, o texto pode sofrer
com alterações conforme tiver sua aprovação em cada esfera que necessita de análise
para aprovação.

Riscos, Responsabilidades e Gerenciamento dos Riscos


O Conhecimento de Embarque Marítimo, comumente conhecido em inglês Bill of
Lading (B/L), em seu verso, contém cláusulas que especificam e limitam a
responsabilidade do armador durante o transporte marítimo.

Considerando que o BL se trata de um contrato por adesão, no qual a contratante


simplesmente adere compulsoriamente às condições estabelecidas pelas companhias
de navegação, a maioria dos Embarcadores não se detêm em uma análise mais
minuciosa das cláusulas e um número ainda maior ignora a legislação aplicável ao
contrato de transporte marítimo formalizado através do Charter Party Bill of Lading,
definindo questões de extrema relevância como:

 “Regime de responsabilidade do transportador marítimo (situações em que será


responsável perante o usuário por perdas e danos nas mercadorias e situações em
que não o será);”
 “Limite de indenização existente em caso de ser apurada uma responsabilidade do
transportador e definição dos prazos para o usuário efetuar reclamações por danos
ou faltas de mercadorias e interpor ações decorrentes desses fatos.”

Existem diferentes legislações em cada país, com isso enxergou-se necessidade de


estabelecer estandardização de regras para o transporte marítimo, e diante dos riscos
à que estão expostos os Exportadores e Importadores, sugerimos que todas as
cláusulas que envolvem as negociações internacional, incluindo Charter Party Bill of
Lading, devem ser cuidadosamente estudadas e conhecer amplamente as Convenções
Internacionais e legislações locais dos países parceiros nas operações comerciais, pois
são estas que determinam a responsabilidade e deveres de todos os envolvidos,
inclusive com limitação de indenização, tornando assim necessária uma consultoria de
risco para contratação adequada de uma apólice para seguro da carga transportada.

Preocupada com o impacto que essa transformação trará para os riscos e


vulnerabilidades envolvendo concentração de risco com aumento do volume
concomitantemente transportado, a Lockton tem acompanhando as constantes e
dinâmicas mudanças na cadeia de suprimentos para oferecer soluções inovadoras aos
nossos clientes.

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