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NÍVEL BÁSICO

Prof.: Nedilmar B. Giró

Reavaliando o conceito de missão

1. Um Novo Conceito de Missão?

Muito se tem falado em nossos dias sobre o verdadeiro sentido da missão da Igreja.
Especulações de diversos ramos evangelicais têm ao longo do tempo, forjado diversas
teorias sobre esse tão importante assunto. Deste modo, não é pretensão de nossa parte a
criação de mais um novo conceito de missão; mas, acima de tudo, o de encontrarmos na
Teologia Bíblica toda a sua legítima e real significância.
O termo missão deriva da palavra latina missio (enviar), referindo-se à proclamação do
evangelho a todos os homens em todas as partes do mundo. Uma vez que ela objetiva a
conversão das nações em todos os tempos (Mateus 28. 19.20; Atos 1.8), o envio de
missionários é de máxima importância. A interpretação atual da missão vê esta atividade
da igreja como parte da missio Dei, o Deus triúno propondo-se a reconciliar o mundo
consigo por meio de Cristo. Assim como o Pai envia seu Filho, assim eles enviam a igreja
sob a direção e a inspiração do Espírito Santo. A missão é um instrumento da ação divina
na história para a consumação de seus propósitos para s criaturas humanas. Bosh afirma:
“A missão tem sua origem no coração de Deus. Ele é uma fonte da qual mana amor. Esta
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é a mais profunda origem da missão. É impossível penetrar ainda mais fundo; há missão
porque Deus ama as pessoas.”
Nosso ponto de partida é o fato de que missão está intrinsecamente subordinada ao
Reino de Deus; sendo o seu objetivo único, a proclamação deste. Devemos entender que
Missão não é a simples “proclamação” do plano redentor salvífico; mas também, a
proclamação de todos os atributos que constituem este Reino. Desta feita, é totalmente
inconsequente e infundada a simples pregação do Evangelho tal como é feita em nossos
dias: o Evangelho que salva a alma, mas que não salva o corpo (aspecto social), e tão
pouco a mente (aspecto emocional). Isto seria ao nosso ver, reduzir o amplo conceito de
missão à evangelização (em sua forma catequética ou puramente proselitista). Segundo
Costas: “evangelizar é participar de uma ação transformadora, isto é, a boa-nova de
salvação. Neste sentido, a evangelização não é um conceito, mas sim uma tarefa
dinâmica, encarnada primeiro na vida e ação salvífica de Jesus Cristo. Portanto, ela não
pode ser reduzida a uma fórmula verbal. Evangelizar é reproduzir pelo poder do Espírito
Santo a salvação que foi revelada em Jesus Cristo.”
O conceito de Missão como puramente o envio de missionários a terras distantes (ainda
não cristianizadas), perde seu sentido obsoleto; pois baseia-se tão somente em uma
hermenêutica sensacionalista do ‘além mar’, que nada mais é que uma continuação da
teologia de missões (catequética) da Igreja Romana desde seu período medieval. Tal
conceito, difunde-se principalmente através das “agências” missionárias que têm seu
nascimento na omissão da Igreja, a quem Cristo realmente comissionou para tal missão.
Desta feita, os movimentos para eclesiásticos (que crescem dia a dia assustadoramente),
cumprem de fato, distorcida e imperfeitamente, aquilo que de direito pertence
exclusivamente a Igreja de Cristo na terra.
Não obstante a isso, a Igreja que ora vive ainda intensamente este conceito errôneo das
Missões, tem se despertado enfim para o cumprimento da Grande “Missão”; missão está,
integral e legitimamente Escriturística. Um conceito defendido e explorado a partir do
glorioso Congresso Internacional de Evangelização Mundial em Lausanne, Suíça, de 16 a
25 de julho de 1974. Onde a Missão tomou o seu sentido mais amplo, como aquela que
exerce atividade profética sobre a sociedade; pregando o evangelho de Cristo aplicando
seu conteúdo em todos os seguimentos da sociedade, como na luta contra as misérias
sociais, corrupção política, econômica, etc. Segundo Stephen Neill: “a era das missões
chegou ao fim, começou a era da Missão”. Sendo assim, a Missão tem sua essência
voltada para o alcance não apenas do homem pecador (indivíduo), mas, também, para o
alcance da sociedade pecadora; onde estão “todos os eleitos” de Deus. Diante disso,

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entendemos e optamos por este conceito, defendido a partir de Lausanne, crendo ser
este fruto de uma verdadeira e reformada teologia bíblica; com frutos que evidenciem o
Reino de Deus, tal como acontecera na Genebra dos dias de Calvino; influenciada em
todos os âmbitos sociais pelo ministério profético social da reforma, liderada por ele.

b.. A Missão Como uma Atividade Profética

Ao compreendermos o sentido de Missão em toda a sua plenitude, poderemos observar


que esta, toma sobre si a qualidade Profética. O que implica em dizer que a exemplo do
ministério profético descrito nas Escrituras Sagradas, na qual o profeta era o indivíduo
levantado por Deus para representá-lo como “porta-voz”, isto é, um agente dos desígnios
de Yahweh; a Missão é em si uma ação profética, pois tem por objetivo anunciar os
desígnios de Deus a este mundo tenebroso; corrompido em todos os seus seguimentos
pela ação pecaminosa do homem e pela astúcia de Satanás. Os valores e princípios do
Reino e a Mensagem da Cruz, são a mensagem a ser proclamada. Diante disso a Igreja
destaca-se como a grande profetiza do Reino. A escolhida e vocacionada por Deus para
tamanha e gloriosa obra, que nem aos anjos fora permitido realizar.
Segundo A. A. Van Ruler; “… A missão deve ser vista como a proclamação do Reino de
Deus como Reino de Cristo a cada novo povo e em cada época nova. Assim, o tempo
passa a ser entendido historicamente deste esxaton: o Reino de Deus.”
Deste ponto vista, podemos concluir que a Missão compreende uma continuação do
ministério profético de Israel; que antes não apenas tratava dos assuntos peculiares a
este povo, mas também proclamava a salvação futura aos gentios, por meio de Cristo
Jesus, o Messias prometido (cf. Is 41,49,56, etc.). Sendo assim, podemos afirmar
categoricamente que o profetismo fora um meio singular (quanto a sua eficácia) pelo qual
Deus se revelava ao homem ao longo do desdobramento do plano salvífico na história
humana.
No contexto em que vivia, o profeta não apenas declarava o pecado e a maldade de sua
geração como também era o proclamador da salvação ao seu povo, além de toda sorte
de livramentos oferecidos por Deus ao mesmo. Assim, a missão (como profética) anuncia
em cada povo e em cada momento da história, a soberania de Deus e seus decretos
eternos e imutáveis. Não havendo, portanto, espaço para uma missiologia terapêutica,
que massageia o ego humano com sua mensagem sedutora do sucesso contínuo, do
inabalável, da vida sem doenças, dificuldades, etc. Além do mais, o ministério profético
requer responsabilidade social daquele que anuncia os decretos de Deus. O profeta não é
alguém alheio a realidade em que vive, ou puramente indiferente a ela. Ele deveria ser de
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todo (a medida do possível) notório em todos os seus feitos; sendo, portanto, exemplo de
frutos de justiça.
Ao compreendermos o sentido de Missão em toda a sua plenitude, poderemos observar
que esta, toma sobre si a qualidade Profética. O que implica em dizer que a exemplo do
ministério profético descrito nas Escrituras Sagradas, na qual o profeta era o indivíduo
levantado por Deus para representá-lo como “porta-voz”, isto é, um agente dos desígnios
de Yahweh; a Missão é em si uma ação profética, pois tem por objetivo anunciar os
desígnios de Deus a este mundo tenebroso; corrompido em todos os seus seguimentos
pela ação pecaminosa do homem e pela astúcia de Satanás. Os valores e princípios do
Reino e a Mensagem da Cruz, são a mensagem a ser proclamada. Diante disso a Igreja
destaca-se como a grande profetiza do Reino. A escolhida e vocacionada por Deus para
tamanha e gloriosa obra, que nem aos anjos fora permitido realizar.
Segundo A. A. Van Ruler; “… A missão deve ser vista como a proclamação do Reino de
Deus como Reino de Cristo a cada novo povo e em cada época nova. Assim, o tempo
passa a ser entendido historicamente deste esxaton: o Reino de Deus.”
Deste ponto vista, podemos concluir que a Missão compreende uma continuação do
ministério profético de Israel; que antes não apenas tratava dos assuntos peculiares a
este povo, mas também proclamava a salvação futura aos gentios, por meio de Cristo
Jesus, o Messias prometido (cf. Is 41,49,56, etc.). Sendo assim, podemos afirmar
categoricamente que o profetismo fora um meio singular (quanto a sua eficácia) pelo qual
Deus se revelava ao homem ao longo do desdobramento do plano salvífico na história
humana.
No contexto em que vivia, o profeta não apenas declarava o pecado e a maldade de sua
geração como também era o proclamador da salvação ao seu povo, além de toda sorte
de livramentos oferecidos por Deus ao mesmo. Assim, a missão (como profética) anuncia
em cada povo e em cada momento da história, a soberania de Deus e seus decretos
eternos e imutáveis. Não havendo, portanto, espaço para uma missiologia terapêutica,
que massageia o ego humano com sua mensagem sedutora do sucesso contínuo, do
inabalável, da vida sem doenças, dificuldades, etc. Além do mais, o ministério profético
requer responsabilidade social daquele que anuncia os decretos de Deus. O profeta não é
alguém alheio a realidade em que vive, ou puramente indiferente a ela. Ele deveria ser de
todo (a medida do possível) notório em todos os seus feitos; sendo, portanto, exemplo de
frutos de justiça.
O livro de Lamentações expressa a dor do profeta Jeremias pela ruína social de seu povo.
A mensagem empregada por Jeremias era ao mesmo tempo que salvífica: social, política

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e cultural. E todos estes são valores e diretrizes que de maneira alguma, devem estar
ausentes da missão entendida como um todo. A Igreja torna-se agora, não mais uma
simples proclamadora indiferente a sua realidade; mas sim, uma agência de promoção do
bem-estar social como um todo. Contudo, devemos esclarecer que tudo isto nada tem a
ver com a teologia da libertação, que na verdade nada mais é que uma “teologia”
marxista; deixando de lado o evangelho de Cristo e o Reino como centralidade da história,
para colocar nesse eixo o social e a política como um fim em si mesmo. Para estes, o
cristão teria a sua fé apenas como motivação, seguindo o programa dos partidos (na
política), igual aos não cristãos, porque “hoje o espírito que preside a presença dos
cristãos na vida política partidária não é mais conduzido em função da Igreja, mas em
função do povo e dos pobres”.
Minimizando o papel da revelação e da transcendência, da dimensão espiritual ou mística
da experiência religiosa, os teólogos da libertação, com um implícito universalismo,
reduzem igualmente a distinção entre Igreja e mundo, o campo missionário e a agência
missionária. “Com uma escatologia do tipo pós-milenista, um esvaziamento da identidade
cristã, e o privilegiar de certos marcos teóricos e propostas seculares, essa corrente de
pensamento mais se aproxima do campo das teorias políticas do que da Teologia como
historicamente entendida.”
Na teologia reformada, a teologia profética da missão está baseada em pelo menos 8
(oito) alicerces escriturísticos, a saber: a Soberania de Deus, a Trindade, a Predestinação,
a Depravação Humana, a Eleição Incondicional, a Expiação Limitada, a Graça Irresistível ,
a Perseverança dos Santos, e como alvo de tudo: A Glória de Deus. Todos estes pontos
constituem os pilares da conceito calvinista (que é essencialmente bíblico e teocêntrico),
que abrange “todo o desígnio de Deus”(At 20.27) Evangelizar (proclamar) é anunciar todo
o desígnio de Deus; é “pregar aos gentios o evangelho das insondáveis riquezas de
Cristo”(Ef 3.8); é anunciar “o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o
conselho da sua vontade”(Ef 1.11).
A Soberania de Deus na salvação requer a evangelização… As missões são necessárias.
A Igreja precisa realizar a sua tarefa evangelística, anunciando os propósitos de Deus;
mas quando digo Igreja, penso no corpo de Cristo, que é uma operação do Espírito. A
Igreja precisa ser missionária, anunciando que há um propósito de Deus para o mundo e
que Jesus é o Senhor e Salvador.

c.. A Missão Profética como Agente de Transformação Social

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Depois de compreendermos o sentido real e original da Missão, podemos entender que o


fator que irá legitimar o verdadeiro Evangelho e, por conseguinte sua verdadeira forma de
proclamação, são os frutos produzidos por estes em cada povo, raça ou etnia da face da
terra. Devemos entender que não fomos chamados para a alienação social; pelo
contrário, fomos vocacionados para proferir todas as mudanças e transformações
produzidas pelo evangelho no seio da terra. O cristão precisa estar presente no contexto
da vida social, para ser o elemento influenciador, saneador e referencial. A Bíblia fala de
homens santos que exerceram grande influência na história porque se envolveram nos
assuntos seculares, como José do Egito, Daniel, Neemias e tantos outros. A igreja é a luz
do mundo e não a sombra da história. A igreja deve ser a consciência do mundo e não
uma inocente útil nas mãos dos poderosos deste século. Jesus é para nós o grande
modelo. Ele veio do céu. Era do céu. Voltou para o céu. Vivia segundo as leis do céu.
Mas, jamais foi desinteressado pelos problemas da terra. Ele viveu intensamente o seu
tempo, envolvido nos grandes dramas que afetavam as pessoas. Ele viveu no meio do
povo. Ele tinha cheiro de gente. Ele percorria as cidades, cruzava as aldeias, entrava nas
casas e tomava refeição com os pecadores escorraçados pelo legalismo fariseu. Ele
conversava com prostitutas, abraçava as crianças, tocava os leprosos, curava os
enfermos e libertava os oprimidos e possessos de espíritos malignos. Seu ministério se
deu na rua, na praia, no campo, nos lares. Ele não se fechou num religiosismo estreito
nem abraçou uma espiritualidade alienadora. Pelo contrário, onde Jesus estava, o
ambiente era impactado pela sua santa presença. As pessoas eram tocadas pelas suas
santas palavras e abençoadas pela sua ação poderosa. É assim que também viveram os
profetas de Deus. É assim que viveram os apóstolos de Cristo. É assim que a igreja deve
viver.
Não podemos cair no erro dos pietistas do século XVII, que supervalorizavam as coisas
espirituais em detrimento das coisas terrenas. Tão pouco podemos cair numa praxes
puramente proselitista, como o modelo da Missão Catequética. Que consistia tão somente
na suposta evangelização das terras pagãs colonizadas pelo poderio das grandes nações
católicas da idade medieval (como: Portugal e Espanha), que visava a conversão
compulsiva dos nativos à “santa fé católica”.
Introduzindo pelo exercício da força e da escravidão a que eram submetidos, todos os
preceitos e valores da nova religião, fruto da tirania e da ganância que marcaram época.
Como profetas do Reino, precisamos ter um coração sensível e compassivo, capaz de
converter piedade religiosa em ação concreta e factível de ajuda ao necessitado.
Precisamos ultrapassar a fronteira do sentimentalismo piegas que é capaz de chorar

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diante da dor alheia, mas é incapaz de mover uma palha para aliviar essa dor e ajudar a
pessoa aflita. Essa é nossa missão: “sermos influenciadores sociais”. Dentro desse
contexto, a igreja se destaca como a grande portadora das virtudes celestiais. Herdeira da
vida, da justiça, da paz, do real prazer e da alegria, enfim, de tudo aquilo que provém
única e exclusivamente de Deus.
Não basta à igreja fazer belos discursos sobre o amor de Deus, se ela não representa o
braço da misericórdia divina na vida dos aflitos e necessitados. Precisamos entender que
nós somos corpo de Cristo na terra. Jesus fala a um pecador moribundo através de nossa
boca. Ele visita o enfermo quando vamos ao seu encontro no leito de dor. Ele alimenta o
faminto quando abrimos a mão e a despensa da nossa casa par socorrê-lo.
Sendo assim, entendemos que o objetivo maior da missão é a transformação: espiritual e
social. É a proclamação do evangelho que transforma o interior do homem, levando-o a
exteriorizar os frutos de uma vida em Cristo. A transformação social incitada pela prática
do evangelho integral, ocorre a partir do momento em que não desassociamos a prática
do evangelho, isto é, a proclamação (evangelização), da responsabilidade social.
É honroso para o servo de Deus, e constitui um dever imposto a cada um de nós, tentar a
infiltração dos nossos padrões evangélicos na consciência do povo e até nos sistemas
econômicos, políticos e sociais. Isto se faz através do nosso testemunho falado ou escrito
e até por meio de entidades ou grupos tecnicamente organizados, os quais poderão
exercer grande influência entre as diversas classes profissionais.
Não faz mal reprisar que jamais a Igreja pensou tanto na sua responsabilidade social.
Estudos aprofundados na Palavra de Deus têm levado muitos cristãos a compreender
melhor a sua responsabilidade perante as necessidades do mundo em que vivemos.
Como resultado desses estudos, muitos são levados para mais perto do Senhor Jesus e
têm sentido que, quanto mais se aproximam do seu Senhor, maior compreensão têm do
mundo e das suas realidades.
Ao proclamarmos o evangelho a um povo, damos início a um processo de revolução
social. Isto é, transmitimos aquela sociedade todos os valores absolutos do reino: sua
justiça, sua ética, sua moral, etc. ” Em seu sentido mais amplo, a missão é o que a igreja
faz a serviço do reino de Deus”. Desta feita compreendemos que a missão (como
ordenança divina) é a aplicação do evangelho integral ao homem integral.

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