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E-BOOK

GESTÃO DE CUSTOS,
RISCOS E PERDAS
Custos totais dos modais de transporte

APRESENTAÇÃO

Os critérios para a escolha de modais devem sempre considerar aspectos de custos por um lado e
características de serviços por outro. Em geral, quanto maior o desempenho em serviços, maior
tende a ser o custo destes. As diferenças de custo e preço entre os modais tendem a ser bem
significativas. Tomando como base um transporte de carga fechada a longa distância, verifica-se
que, em média, os custos e os preços mais elevados são os do modal aéreo, seguido pelo
rodoviário, ferroviário, dutoviário e aquaviário.

No Brasil, os preços relativos dos diferentes modais têm a mesma ordenação encontrada nos
Estados Unidos, ou seja, aéreo, rodoviário, ferroviário, dutoviário e aquaviário. Nesta escolha
estratégica de modais, também é fundamental considerar a qualidade dos serviços oferecidos,
conhecendo aspectos importantes da intermodalidade e da multimodalidade.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você estudará sobre os modais de transporte, verificando


questões estratégicas e operacionais e analisando os custos logísticos da organização. Além
disso, identificará e analisará os custos relacionados à intermodalidade e à multimodalidade.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Discriminar os custos dos transportes rodoviário, ferroviário, aeroviário, dutoviário e


aquaviário.
• Definir os custos da intermodalidade.
• Analisar os custos da multimodalidade.

DESAFIO

É muito importante a diferenciação entre intermodalidade e multimodalidade. O gestor, ao se


deparar com essas opções, tem dificuldade em decidir a melhor opção para ser utilizada pelo seu
negócio.
Sendo assim, responda:

1. Qual é a diferença entre transporte intermodal e multimodal?


2. Qual seria o mais indicado para o segmento de grãos e por que?

INFOGRÁFICO

O gestor precisa conhecer os conceitos e os benefícios que podem vir por meio da utilização
da multimodalidade e da intermodalidade. Isso pode auxiliá-lo a reduzir custos, além
de melhorar o nível do serviço oferecido na gestão da entrega ao cliente.

Neste Infográfico, você vai ver os principais modais de transporte, bem como os pontos
importantes do uso da multimodalidade e da intermodalidade.
CONTEÚDO DO LIVRO

O entendimento sobre os modais de transporte, seus diferenciais e características é


importante para o gerenciamento da logística para garantir que o produto e/ou mercadoria
transportada chegue ao seu destino final. Para tanto, torna-se necessário que o gestor conheça
suas possibilidades entre os modais rodoviário, aquaviário, ferroviário, aéreo e dutoviário, além
das opções propostas pelos conceitos de intermodalidade e multimodalidade.

Dentro desse contexto, e tendo conhecimento das dificuldades do transporte brasileiro, gerenciar
esses custos de forma eficaz é fundamental para ter êxito na sua gestão, pois cada modal tem
suas características e seus custos.

No capítulo Custos totais dos modais de transporte, do livro Gestão de custos, riscos e perdas,
base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender sobre os custos totais dos
modais de transporte, assim como os custos da intermodalidade e da multimodalidade, para que
o gestor possa optar pelo método mais adequado ao negócio.

Boa leitura.
GESTÃO DE
CUSTOS, RISCOS E
PERDAS

Zaida Cristiane dos Reis


Custos totais dos
modais de transporte
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Discriminar os custos dos transportes rodoviário, ferroviário, aeroviário,


dutoviário e aquaviário.
 Definir os custos da intermodalidade.
 Analisar os custos da multimodalidade.

Introdução
Atualmente, o transporte representa, em média, 60% dos custos logísticos
no Brasil (PRESTEX, 2018). Isso faz os interesses se voltarem para decisões
estratégicas e decisões operacionais. O transporte, como um todo, é
a área que movimenta mercadorias e posiciona estoques, e pode ser
classificado de acordo com os seus modais. Os modais de transporte
são: transporte aquaviário, transporte rodoviário, transporte ferroviário,
transporte aéreo e transporte dutoviário. Cada um desses modais tem
as suas particularidades, que os tornam mais ou menos vantajosos. As
condições geográficas e de infraestrutura de cada local, o que será trans-
portado (natureza da carga, volume, etc.), o ambiente comercial existente,
os custos operacionais, entre outros atributos e condições, definem se
um modal será mais ou menos adequado para determinada situação.
Assim, neste capítulo, você vai estudar sobre os modais de transporte,
verificando questões estratégicas e operacionais e analisando os custos
logísticos da organização. Você também vai identificar e analisar os custos
relacionados à intermodalidade e à multimodalidade.
2 Custos totais dos modais de transporte

Custos dos transportes rodoviário, ferroviário,


aeroviário, dutoviário e aquaviário
Segundo Dias (2015), entre as escolhas estratégicas relacionadas a custos, a
escolha do modal de transporte é fundamental. Portanto, o gestor da organi-
zação, junto com a sua equipe de trabalho, precisa decidir sobre:

 modais de transporte de carga — rodoviário, ferroviário, aquaviário


(marítimo, cabotagem, fluvial, lacustre), aeroviário e dutoviário;
 propriedade da frota — própria ou terceirizada;
 seleção e negociação com transportadoras — contratos de longo prazo;
 política de consolidação de cargas — número e localização de armazéns
e transbordos.

Entende-se que essas decisões vão impactar diretamente nos custos totais
da organização. Dias (2015), Gonçalves (2015) e Novaes (2015) afirmam que
a escolha do modal depende de fatores como:

 prazo requerido para a entrega;


 custos de transporte e administrativos;
 riscos e incertezas nas rotas;
 disponibilidade do veículo e frequência das rotas;
 acesso aos pontos de embarque e desembarque;
 características da carga, como peso, volume, refrigeração, periculo-
sidade, etc.

Partindo dessas informações, os custos operacionais dos modais poderão ser


definidos de forma mais adequada. Ainda, os autores dão algumas sugestões
para uma tomada de decisão ideal em relação aos modais:

 para cargas de grande volume e baixo valor unitário (minérios, agrícolas),


deve-se priorizar os modais ferroviário e aquático;
 para cargas de pequeno volume e alto valor unitário (equipamentos)
ou perecíveis (alimentos, vegetais), deve-se priorizar os modais aéreo
e rodoviário;
 para cargas líquidas, gasosas ou de outro tipo de fluido, ou, ainda,
cargas perigosas, deve-se priorizar o modal dutoviário.
Custos totais dos modais de transporte 3

Os modais de transporte, segundo Gonçalves (2015), são geralmente compa-


rados com base na relação custo do frete versus tempo de viagem e volume de
carga relacionados, sendo estabelecida uma relação de custo versus benefícios
para a tomada de decisão. A Figura 1 apresenta essa relação, identificando
por exemplo, que o custo do transporte aéreo é superior aos demais modais de
transporte, porém, muito mais rápido e ágil; já o custo do transporte aquaviário
é menor, porém, a entrega é mais lenta.
Também é importante destacar que, muitas vezes, o transporte aquaviário,
apesar de ter um menor custo, pode não compensar, pois ele exige um grande
volume de carga, visto que um contêiner, por exemplo, carrega toneladas.
Já o transporte aéreo, na maioria das vezes, tem um custo alto, não sendo
recomendado para grandes volumes.

Custo
unitário

Aéreo

Rodoviário

Ferroviário
Aquaviário

Tempo de viagem/
volume de carga
Figura 1. Relação entre custos de frete, o tempo de viagem e o volume da carga.
Fonte: Adaptada de Wanke (2012).

Como vimos, a Figura 1 representa a disponibilidade de volume de carga


comparada ao seu custo unitário de frete. Porém, destaca-se que, na evolução
da distribuição do transporte no Brasil, segundo Wanke (2012), há visivelmente
uma forte concentração no modal rodoviário. Entende-se que, por essa de-
pendência do transporte rodoviário, o custo do frete brasileiro é extremamente
alto, se comparado a outros países.
4 Custos totais dos modais de transporte

Na análise do Banco Mundial (ARVIS et al., 2014), é possível analisar


um comparativo de distâncias entre Brasil e Estados Unidos, observando a
infraestrutura para transporte de carga. Nessa avaliação, é possível perceber
que, se a matriz de transportes no Brasil fosse similar à dos Estados Unidos
da América, com os mesmos custos de cada modal no Brasil, seria possível
economizar, em média, R$ 113 bilhões, ou 37% dos custos com transporte
de carga no Brasil.
Autores como Ching (2014), Dias (2015) e Novaes (2015) destacam que,
nesse contexto, o maior problema do Brasil é a falta de uma infraestrutura
adequada para transporte de cargas. Atualmente, ainda se observam rodovias
similares àquelas da década de 1980. Mesmo quando comparado aos outros
países do BRIC (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia e China), conforme
aponta o Banco Mundial (ARVIS et al., 2014), o Brasil continua sendo o mais
carente em termos de infraestrutura.
Na Figura 2, é possível perceber que o Brasil tem apenas 219 rodovias
pavimentadas, enquanto a China possui 1.576 rodovias pavimentadas, e
os Estados Unidos, 4.375. Ou seja, apesar de uma grande concentração no
transporte rodoviário, o transporte por caminhões sofre muito com a falta
de infraestrutura, e isso, consequentemente, impacta nos custos dos fretes.

Figura 2. Infraestrutura de transportes de carga pelo mundo.


Fonte: Arvis et al. (2014, documento on-line).
Custos totais dos modais de transporte 5

Observam-se, na Figura 2, outros modais de destaque em outros países,


como o aproveitamento de ferrovias para transporte de cargas nos EUA, onde
são utilizadas 225 ferrovias. No Brasil, esse número cai para 29 ferrovias
apenas e, além de tudo, em condições precárias.
O Banco Mundial (ARVIS et al., 2014) salienta que essa deficiência na
infraestrutura de transportes tem um forte impacto para o Brasil em rankings
como o de desempenho logístico, divulgado pelo Banco Mundial de dois em
dois anos desde 2007. No estudo de 2014, o Brasil ficou na 61ª posição, à frente
apenas da Rússia entre os BRICS.

Na construção do ranking de desempenho logístico, o Banco Mundial (ARVIS et al.,


2014) observa seis itens:
1. consistência/confiabilidade;
2. rastreamento de carga;
3. competência dos serviços;
4. disponibilidade de transporte;
5. procedimento de alfândega;
6. infraestrutura.

Cada um dos modais citados, segundo Ching (2014), Dias (2015), Novaes
(2015), Gonçalves (2015), entre outros autores, possui custos e características
operacionais próprias, que os tornam mais adequados para certos tipos de
operações logísticas. Reduzir custos no setor de transportes, segundo esses
autores, demanda do gestor análises de custos e preços, além de outros fatores
que sejam adequados a cada situação; por exemplo, se a frota será própria
ou terceirizada, qual a distância da rota, qual a quantidade de carga, entre
outras avaliações.
Resumidamente, ao analisar os custos totais por modal de transporte,
segundo Ching (2014) e Novaes (2015), pode-se desenvolver a relação de
custos exemplificada no Quadro 1, em que CF significa custos fixos e CV,
custos variáveis.
6 Custos totais dos modais de transporte

Quadro 1. Exemplo de análise dos custos com os modais de transporte

Modal Custo fixo Custo variável Observações

Rodoviário  Rodovias  Combustível CF e CV são


construídas com  Manutenção baixos.
fundos públicos

Ferroviário  Vias férreas  Combustível O CF é alto e o


 Equipamentos  Manutenção CV é baixo.
 Terminais  Capacidade
para transportar
grande
tonelagem

Marítimo /  Navios e  Capacidade O CF é médio


fluvial equipamentos para transportar e o CV é baixo.
grande
tonelagem

Aéreo  Aeronaves  Combustível CF e CV são


 Manuseio  Mão de obra altos.
 Sistema de carga  Manutenção

Dutoviário  Direito de acesso  Capacidade O CF é médio


 Construção para transportar e o CV é muito
 Requisitos para grande baixo.
controle das tonelagem de
estações forma contínua
 Capacidade de
bombeamento

Fonte: Adaptado de Ching (2014) e Novaes (2015).

Com o Quadro 1, pretende-se auxiliar o gestor na tomada de decisões,


pois o seu objetivo é justamente propor um comparativo entre os modais de
transporte, apontando os seus CF e CV. Na coluna “observações”, destaca-se se
esses custos geram valores altos, baixos ou médios para a organização pagar.
Custos totais dos modais de transporte 7

Custos de intermodalidade
Para Dias (2015), na intermodalidade, a empresa contratada (operador logís-
tico) faz toda a documentação e apenas transporta a carga; todo o processo de
desembaraço é de responsabilidade única e exclusivamente do cliente. Como o
nome sugere, esse método consiste na integração entre mais de um modal. Nesse
sentido, na intermodalidade, é preciso que se gere um documento por modal.
Ching (2014) e Novaes (2015) destacam como principais vantagens do
transporte intermodal:

 combinar as potencialidades dos diferentes modos de transporte — isso


pode acarretar reduções nos custos econômicos, na necessidade de
segurança rodoviária, na poluição, no consumo de energia, no tráfego
rodoviário, entre outras;
 permite que o modal ferroviário ou marítimo seja efetuado no fim de
semana ou à noite, com segurança.

Salienta-se que o transporte intermodal somente será viável se for competi-


tivo perante o transporte rodoviário (unimodal). Nesse sentido, será decisivo que
haja eficácia no processo de mudança de modo de transporte, com baixo custo.
Como desvantagem do transporte intermodal, conforme apontam Ching
(2014), Novaes (2015) e Nazário (2000), destaca-se que a troca de modal de
transporte poderá tornar todo o sistema menos eficiente, se:

 implicar um aumento dos custos;


 provocar demoras e menor viabilidade nos prazos de entrega — prin-
cipalmente em função dos processos administrativos burocráticos.

Também se evidencia, segundo os autores, que há necessidade de nor-


malizar e unificar as várias unidades de carga de transporte intermodal de
outros países — por exemplo, em relação ao uso de contêineres. Ou seja,
ainda há necessidade de se desenvolver uma rede de infraestruturas, novas
tecnologias, simplificação de processos administrativos e redução dos custos
na mudança de modo de transporte.
8 Custos totais dos modais de transporte

Como tendências, Ching (2014), Novaes (2015) e Nazário (2000) apon-


tam como uma visão macro dos transportes intermodais a necessidade de
reestruturar os custos operacionais altos na troca de modais. Para tanto, é
preciso analisar ações importantes para a redução dos custos operacionais da
intermodalidade. As tendências macro para essa área são:

 aumento do nível de especialização, capacidade de negociação e inte-


ligência logística do embarcador;
 ampliação da terceirização das operações;
 forte pressão pelo nível de serviço — preço, prazo, informação, qualidade;
 exigência por prazos de entrega menores e mais precisos, com estoques
menores;
 intermodalidade binária, sempre com um dos pares sendo rodoviário.

Na mesma linha, em relação aos custos comerciais, é preciso analisar quais


ações são importantes para reduzi-los. Destacam-se as seguintes tendências:

 o preço passa a ser fator determinante — com o agravamento da crise,


a forte pressão dos embarcadores sobre os preços reflete na redução
real dos valores de frete;
 a contratação de serviços terceirizados continua em alta entre
embarcadores;
 há perspectiva de aumento da ruptura nas relações comerciais antigas,
com tendência à geração de novos contratos.

Complementando, com relação às análises de custos estruturais, é preciso


avaliar ações importantes relacionadas a questões estruturais que impactam
na gestão dos custos da intermodalidade. A retração do mercado, questões
de inovação e tecnologia, assim como ociosidade e fusões de empresas, são
situações que impactam diretamente nas decisões estruturais de um negócio.
Como tendências relacionadas aos custos estruturais, destacam-se:

 o cenário de retração agravado ficou caracterizado pela queda real de


demanda, pela redução nominal de preços e pelo aumento de custos
de transporte;
 determinados transportadores podem não resistir devido à baixa ou
nenhuma margem de operação, inovação e tecnologia;
 aumento de ociosidade da frota;
 aumento dos processos de fusão e aquisição entre transportadoras.
Custos totais dos modais de transporte 9

Novaes (2015) e Nazário (2000) apontam que a intermodalidade é o método mais


praticado na logística, em função de combinar os diferentes modais de transporte. Nesse
sentido, sabe-se que o gestor logístico, buscando o máximo de eficiência e eficácia no
serviço que oferece, procura negociar benefícios individualmente com cada um deles.
Pode-se citar o exemplo de caminhoneiros: se negociado individualmente, o motorista
de caminhão pode conceder um grande desconto no serviço, o que dificilmente se
obtém em outros casos. É evidente que esse benefício depende das características
de cada transportador e, portanto, nem sempre será efetivado.

Observa-se que, no sistema intermodal, é possível, conforme aponta Ching


(2014) e Nazário (2000):

 reduzir custos individualmente em cada trecho e em outros serviços,


como armazenagem;
 reduzir o consumo de energia;
 promover a redução da poluição;
 minimizar o tráfego rodoviário;
 ter maior segurança no trajeto.

Porém, os autores destacam que esses benefícios só podem ser conquistados


se o transporte intermodal for competitivo em relação ao unimodal (no qual
utiliza-se apenas um meio de transporte). Por isso, o gestor precisa desenvolver
cálculos comparativos, para averiguar os benefícios possíveis em cada caso.
Com base em Nazário (2000), podemos também destacar nesse contexto
os custos de transação. Adaptando os conceitos de Nazário (2000) para a
logística, segundo Sardinha (2013) e Martins (2018), o custo de transação
está relacionado ao tempo e ao dinheiro envolvidos na transação em si, gas-
tos pelos gestores nas atividades relacionadas ao serviço propriamente dito.
Nesse sentido, pode-se exemplificar como custos relacionados à transação:
a burocracia, a dificuldade de acesso e ajustes de informação, entre outros.
Avaliando na prática as observações dos autores, o custo de transação pode
ser considerado o custo que o contratante terá ao contratar um serviço de trans-
porte, mas não aquele relacionado ao frete. Trata-se dos custos relacionados
aos trâmites de desembaraço da negociação, ao transportador, à integração
de sistemas, à eficiência e eficácia dos serviços de transporte contratados,
ao cumprimento de prazos, à qualidade, entre outros fatores considerados
10 Custos totais dos modais de transporte

importantes pelo contratante. Nota-se que, muitas vezes, esses custos passam
despercebidos e não são avaliados pelo gestor, mas são considerados um dos
principais fatores para a organização decidir sobre a contratação de serviços
terceirizados, de um modo geral. A intermodalidade, se trabalhada de forma
errônea, pode gerar mais custos de transação.

Custos de multimodalidade
Segundo Dias (2015) e Nazário (2000), a multimodalidade é um modelo no
qual a organização contrata uma única empresa para agilizar todo o processo,
e esta, denominada operador logístico, é a responsável por todos os trâmites.
Assim, é necessário apenas um documento (conhecimento) para todos os
modais. Como benefícios em potencial do transporte multimodal (no qual
um operador logístico é responsável por todas as combinações de modais),
os autores destacam:

 melhor utilização da capacidade disponível da matriz de transporte,


em função de a multimodalidade integrar e centralizar no operador
logístico os trâmites de toda a movimentação logística de uma carga,
utilizando todos os modais necessários, que são gerenciados por um
único operador logístico;
 utilização de combinações de modais mais eficientes energicamente,
pois, como o operador logístico é responsável pela carga e possui controle
sobre os modais que organiza, consegue organizar essas combinações
de forma mais eficaz;
 melhor utilização da tecnologia de informação, visto que o operador
logístico consegue centralizar em um único sistema as informações
das movimentações que estão sob seu controle;
 ganhos no processo, considerando todas as operações entre origem
e destino, já que, no serviço porta a porta, por exemplo, o operador
logístico pode agregar valor oferecendo serviços adicionais;
 melhor utilização da infraestrutura para as atividades de apoio, como
armazenagem e manuseio;
 a responsabilidade da carga perante o cliente, entre origem e destino,
é de apenas um único operador logístico.
Custos totais dos modais de transporte 11

Sabe-se que o gestor precisa avaliar junto com sua equipe as possibilidades
relacionadas à multimodalidade. Por isso, conhecer os benefícios dessa opção
auxilia a empresa na tomada de decisão.
No Brasil, nota-se que existem entraves complexos que impedem a aplicabi-
lidade e a operacionalização da legislação aplicada ao transporte multimodal.
Com relação a esses entraves, Reis, Fonseca e Silva (2006) apontam o seguinte:

 existe contradição na definição de transporte multimodal, exigindo-se


que o conhecimento de transporte de carga para cada modo de trans-
porte seja emitido em separado, de forma que os proprietários acabam
preferindo que a movimentação de suas cargas seja realizada da forma
mais simplificada possível, normalmente por meio do modal rodoviário;
 inexistência de uma alíquota de ICMS única para o transporte multi-
modal no país, já que o documento de transporte único ainda não foi
criado, e não foi eliminada a duplicidade da cobrança do ICMS;
 a infraestrutura também pode influenciar de forma decisiva na utili-
zação de mais de um modal de transporte, e os baixos investimentos
nos sistemas ferroviário e aquaviário prejudicam a produtividade na
movimentação de cargas no país, acarretando a maior utilização do
sistema unimodal.

Ainda conforme o autor, essas dificuldades de gestão do sistema multimodal


podem aumentar os custos da organização, se dimensionadas erroneamente.
Por isso, com o gerenciamento dos custos de forma eficaz, monitorando-se os
benefícios apontados, é possível gerenciar de forma mais assertiva os custos
operacionais da multimodalidade.
A integração entre modais pode ocorrer entre vários modais (aéreo-rodo-
viário, ferroviário-rodoviário, aquaviário-ferroviário, aquaviário-rodoviário)
ou, ainda, entre mais de dois modais. Nas intervenções (as trocas de modais),
nota-se que os terminais possuem papel fundamental, especialmente em relação
à viabilidade econômica e à redução de custos da integração entre os modais.
Nesse sentido, o desafio no Brasil, segundo Novaes (2015) e Nazário (2000),
está justamente na conciliação dos terminais, uma das principais barreiras
ao desenvolvimento dos sistemas multimodais. Os autores apontam que uma
das principais técnicas utilizadas na combinação dos modais, principalmente
nos Estados Unidos, está relacionada ao acoplamento entre modais.
12 Custos totais dos modais de transporte

Focando a integração entre o modal rodoviário e o ferroviário, as abor-


dagens podem ser classificadas da seguinte forma: container on flatcar
(COFC), trailer on flatcar (TOFC) e car less. Essas são algumas opções
importantes para a utilização da multimodalidade e são integrações impor-
tantes que agilizam o controle e melhoram a confiabilidade da utilização
dos transportes multimodais.
Segundo Nazário (2000), essas integrações podem impactar diretamente
na redução dos custos logísticos da multimodalidade, porque agilizam e se
concentram no foco da operação. O autor traz mais detalhes dessas integrações:

 COFC: caracteriza-se pela colocação de um contêiner sobre um vagão


ferroviário. Também existe a possibilidade de posicionar dois contêineres
sobre um vagão (doublestack) para aumentar a produtividade da ferrovia.
 TOFC: também conhecido como piggyback, sua origem vem dos
primórdios da ferrovia americana. Consiste em colocar uma carreta
(semirreboque) sobre um vagão plataforma. Essa operação tem como
principal benefício reduzir custos e tempo com transbordo da carga
entre os modais.
 Car less: como o próprio nome sugere, é uma tecnologia que não utiliza
o vagão ferroviário convencional. Consiste na adaptação de uma carreta,
que é acoplada a um vagão ferroviário igualmente adaptado, conhecido
como truck ferroviário. Com esse sistema, pode ser criado um trem
específico ou misto, ou seja, com outros tipos de vagões.

Conforme estudos da Confederação Nacional do Transporte (CNT, 2018),


a realização de investimentos em multimodalidade no Brasil, entre outros
benefícios já apresentados, pode propiciar uma integração do sistema que
consiga reduzir ou eliminar as interrupções na movimentação das cargas desde
a sua origem até o seu destino. Além disso, o uso do modal mais apropriado
ao tipo de carga a ser transportada traz uma significativa redução do custo
médio do frete.
Custos totais dos modais de transporte 13

A CNT (2018) realizou simulações comparativas do custo de transporte que demonstram


como os ganhos com o uso da multimodalidade são significativos. Como exemplo, o
estudo simulou uma rota com origem no município de Lucas do Rio Verde (MT) com
destino a Santos (SP), verificando que, trabalhando apenas com o modal rodoviário,
obtém-se um custo de R$ 42,00 por tonelada, maior do que o existente quando ocorre a
integração entre o transporte rodoviário e o ferroviário. Nesse mesmo estudo, aponta-se
que, quando se desenvolve uma integração com hidrovias, os benefícios são maiores.
Nesse contexto, investimentos que possibilitem o uso da hidrovia Teles Pires — Tapajós
nas rotas com destino a Santarém (PA) podem reduzir em R$ 34,13 o custo por tonelada
em relação à atual trajetória, por aumentar a utilização da navegação interior. Nesse
sentido, o CNT (2018) destaca que o gestor, ao tomar a decisão de escoar sua produção
de Lucas do Rio Verde (MT) para a região Norte do país, via Teles Pires, em vez da rota
mais utilizada, com destino a Santos (SP), consegue reduzir seu custo operacional e ter
uma economia de R$ 125,36 por tonelada transportada. Resumidamente, o CNT (2018)
descreve que, ao aplicar a multimodalidade de forma adequada, será possível para o
gestor melhorar a remuneração do serviço do transportador e reduzir o frete pago pelos
embarcadores. Além disso, consegue-se desafogar as rotas para o Sul e Sudeste do País.

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14 Custos totais dos modais de transporte

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WANKE, P. Logística empresarial: a perspectiva brasileira. São Paulo: Atlas, 2012.
DICA DO PROFESSOR

Avaliar a operação logística mais adequada para a organização não é uma tarefa fácil para um
gestor, ainda mais quando é necessário decidir entre usar intermodalidade e multimodalidade.

Nesta Dica do Professor, você vai ver a diferença entre transporte intermodal e multimodal,
envolvendo questões de legislação, emissão de documentos e responsabilidade sobre os modais
de transporte.

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EXERCÍCIOS

1) O gestor, ao avaliar os meios de transportes existentes no mercado, precisa decidir


sobre qual o modal ou modais de transporte para o seu negócio.

Sendo assim, nas escolhas estratégicas sobre os modais de transporte, o gestor precisa
definir pontos importantes relacionados:

A) aos modais de transporte de carga, propriedade da frota, seleção e negociação com


transportadoras e política de consolidação de cargas.

B) aos modais de transporte de pessoas, aluguel da frota, seleção de ônibus e política de


tráfico.

C) aos modais de transporte: ferroviário, trem/comboio, metrô e bonde.

D) à administração da frota e ao balanceamento das cargas, de modo a verificar perdas de ida


e retorno.

E) às cargas pesadas que compensam pelo faturamento da empresa.


2) Destaca-se como vantagens do transporte intermodal:

I. Combinar as potencialidades dos diferentes modos de transporte.


II. Permite que o modo ferroviário ou marítimo seja efetuado ao fim de semana ou de
noite, com segurança.
III. Somente será viável se for competitivo perante o transporte rodoviário
(unimodal).

Agora, assinale a alternativa correta.

A) As afirmativas I e III estão corretas.

B) As afirmativas II e III estão corretas.

C) As afirmativas I e II estão corretas.

D) Apenas a afirmativa I está correta.

E) Todas as afirmativas estão corretas.

3) O transporte multimodal traz benefícios ao gestor, visto que concentra em um único


operador logístico o controle da movimentação da mercadoria.

Sendo assim, entre as vantagens em potencial no transporte multimodal (no qual um


operador logístico é responsável por todas as combinações de modais), destaca-se:

A) Melhor utilização da capacidade disponível do transporte rodoviário.

B) Utilização de combinações de modais mais ineficientes, dificultando o transporte de


cargas.

C) Pouca utilização da tecnologia de informação.


D) Melhor utilização da infraestrutura para as atividades de apoio, tais como armazenagem e
manuseio.

E) Ganhos no processo de fabricação, considerando poucas operações entre origem e destino.

4) A intermodalidade traz benefícios ao gestor, porém, existem alguns custos que


precisam ser observados, justamente para avaliar a viabilidade dessa utilização.

Sendo assim, entre as tendências dos custos de intermodalidade é destacado que o


gestor precisa avaliar os custos relacionados:

A) ao ambiente econômico, operacional e emocional.

B) ao ambiente logístico, operacional e estrutural.

C) ao ambiente econômico, operacional e estrutural.

D) ao ambiente econômico, produtivo e estrutural.

E) ao ambiente econômico, operacional e ambiental.

5) Existem combinações entre os modais de transporte que auxiliam o gestor no


gerenciamento da sua movimentação logística.

Sendo assim, os nomes utilizados para combinações de modais de transporte são


chamados de:

A) modais de transporte de carga e propriedade da frota.

B) modais de transporte de pessoas, seleção de ônibus e política de tráfego.


C) modais de transporte: ferroviário, trem/comboio, metrô e bonde.

D) multimodalidade ou intermodalidade.

E) aquaviário ou marítimo, ferroviário, rodoviário e trem.

NA PRÁTICA

É possível proporcionar aos gestores maior agilidade e, por consequência, melhorar o serviço de
entrega, proporcionando ao cliente um atendimento mais eficaz e eficiente. A multimodalidade
aplicada, juntamente com a construção de um centro de distribuição (CD), pode reverter este
quadro.

Este estudo apresenta um investimento realizado por uma empresa de ferramentas elétricas que
estava em um processo de expansão e buscava mais agilidade na sua entrega. A empresa estava
preocupada em perder vendas por não conseguir atender seus clientes nos prazos solicitados.

Veja a seguir:
SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Gestão da qualidade em terminais intermodais da cadeia logística brasileira de grãos

Os terminais intermodais desempenham um papel fundamental para o sistema logístico, uma


vez que são um elo importante entre a produção e a distribuição de alimentos. Neste estudo, foi
possível constatar que os terminais enquadrados na terceira era da qualidade, a garantia da
qualidade, têm eficiência operacional média superior em relação aos terminais localizados na
quarta era, a gestão estratégica da qualidade.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Transporte marítimo: o corredor verde para o Brasil

O transporte marítimo, para um país com dimensão continental como o Brasil, é uma solução
logística sustentável e que possibilita a utilização mais eficiente e eficaz dos demais modais de
transporte, melhorando a intermodalidade em todo o processo logístico, entre origem e destino,
visando a redução ou a eliminação das emissões de gases poluentes, do uso otimizado dos
modais de transporte, das operações portuárias sustentáveis logisticamente e do uso da inovação
nas operações.

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Formação do preço de venda

APRESENTAÇÃO

A elaboração do preço de venda de um produto pode ser considerada um fator crítico para o
sucesso de uma organização neste contexto competitivo no qual as empresas estão inseridas.

Entretanto, esse assunto traz muitas dúvidas aos gestores, principalmente os que estão iniciando
as empresas. A formação do preço de venda, por ser um ponto crítico, precisa de dedicação para
não ser elaborada sem critérios, de forma aleatória.

O gestor precisa obter informações corretas sobre as tributações e os custos que compõem o seu
preço de venda para poder analisar e tomar uma decisão assertiva dentro da competitividade do
mercado e do avanço da concorrência.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você estudará as questões relacionadas ao preço de venda, as


quais visam a auxiliar o gestor na análise crítica relacionada à formação desse valor, o qual
envolve inúmeras variáveis. A partir desse entendimento, torna-se possível tomar decisões mais
assertivas na aplicação de preços nos produtos.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Explicar como os custos e as despesas influenciam na formação do preço de venda.


• Identificar a influência dos impostos e tributos no preço de venda.
• Utilizar fórmulas de cálculo do preço de venda.

DESAFIO

A análise dos custos aponta que quanto menor for o custo em relação aos preços pagos pelo
cliente, maior será a capacidade de fornecimento por parte da organização. É importante que os
gestores que compreendem os custos de seus produtos e serviços possam formar preços
atrativos, assim como obter retornos operacionais desejáveis.
Auxilie Pedro a finalizar o seu plano de negócios, ajudando-o a descobrir qual é o valor que ele
precisa cobrar por hora de serviço prestado. Explique quais dados usou para chegar ao
resultado.
INFOGRÁFICO

Autores de destaque, como Biagio (2012), Souza e Moraes (2018), entre outros, apontam a
importância dos gestores estarem atentos a formação dos seus preços de venda, para que
consigam cumprir suas obrigações e, simultaneamente, obter lucros para a sua organização.

Neste Infográfico, você vai ver os pontos relevantes que um gestor precisa para se manter atento
ao formar o preço de venda de um produto.
CONTEÚDO DO LIVRO

Dentro de uma formação de preço de venda, o gestor precisa considerar uma análise financeira e
de mercado, ou seja, avaliar os seus custos e, simultaneamente, comparar com os preços
praticados pelos seus concorrentes, comparando também a qualidade que os concorrentes
oferecem.

Outro ponto importante a ser considerado nessa análise é o peso da marca, o tempo de mercado
e o volume de vendas, pois esses itens também impactam na formação do preço de venda.

Sendo assim, formar o preço de venda de produtos e serviços de uma organização é um desafio
grande, pois entende-se que a formação do preço de venda está relacionada a fatores internos e
externos relacionados à empresa.

No capítulo Formação do preço de venda, da obra Gestão de custos, riscos e perdas, base
teórica desta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar as questões relacionadas ao preço de
venda, as quais visam a auxiliar o gestor na análise crítica relacionada à formação desse valor, o
qual envolve inúmeras variáveis. A partir desse entendimento, torna-se possível tomar decisões
mais assertivas na aplicação de preços nos produtos.

Boa leitura.
GESTÃO DE CUSTOS,
RISCOS E PERDAS

Zaida Cristiane dos Reis


Formação do preço
de venda
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Explicar como os custos e as despesas influenciam na formação do


preço de venda.
 Identificar a influência dos impostos e tributos no preço de venda.
 Utilizar fórmulas de cálculo do preço de venda.

Introdução
Formar o preço de venda de produtos e serviços de uma organização é
um desafio grande, pois entende-se que a formação do preço de venda
está relacionada a fatores internos e externos à empresa. Além disso,
existe a necessidade de acompanhar preços praticados pelo mercado,
o que vai de encontro ao cálculo do preço de venda baseado em custos
e margem de lucro.
Desse modo, entende-se que as decisões de preço de venda fazem
parte das atividades gerenciais das organizações. Os gestores precisam
levar em conta a natureza dos produtos e serviços, os seus custos e as suas
despesas, a influência dos impostos e tributos, bem como a situação do
mercado e os objetivos organizacionais, para, então, avaliar um método
de cálculo que seja adequado à empresa.
Neste capítulo, você vai estudar as questões relacionadas ao preço
de venda, que visam a auxiliar o gestor na análise crítica relacionada à
formação desse valor, que envolve inúmeras variáveis. A partir desse en-
tendimento, torna-se possível tomar decisões mais assertivas na aplicação
de preços nos produtos.
2 Formação do preço de venda

Influência dos custos e das despesas na


formação do preço de venda
Para analisar a formação do preço de venda, entende-se que o gestor de uma
organização, seja ela de pequeno, médio ou grande porte, precisa utilizar
informações estatísticas. Isso porque, atualmente, além da habilidade de lide-
rança, os líderes precisam saber ler e interpretar as informações disponíveis.
Nesse sentido, surge a necessidade de o gestor conhecer e analisar todos os
indicadores estratégicos e táticos para a tomada de decisão.
Segundo Congan (2013), analisar custos e identificar o melhor método
para aplicá-los na formação do preço de um produto ou serviço é um grande
diferencial e terá grande impacto no planejamento estratégico de todo tipo de
organização. Na visão de Leone (2007), gerenciar os custos requer a visuali-
zação destes na organização como um processo contínuo de informações.
O gestor de custos recebe (ou obtém) dados, que são acumulados de forma
organizada, e desenvolve uma avaliação criteriosa; assim, produz informações
de custos para todos os níveis gerenciais da empresa.
Ainda segundo Leone (2007) e Martins (2018), a gestão de custos pode
ser apresentada como a função financeira que acumula, prepara, avalia e
interpreta os custos dos produtos, dos estoques, dos componentes da empresa,
dos planos operacionais e dos processos de distribuição, para determinar os
resultados esperados, isto é, o lucro da organização. Esse processo tem como
objetivo controlar as operações e auxiliar o gestor nos processos de tomada
de decisão e de planejamento.

Crepaldi (2018) e Martins (2018) destacam que o processo eficaz de gestão de custos
passa, necessariamente, pela eficiência e eficácia dos processos de planejamento,
execução e controle, para, assim, possibilitar a formação do preço de venda de forma
adequada.

Entre os fatores que influenciam a determinação do preço de venda, des-


tacam-se: mercado, custos, concorrência, entre outros. A decisão de preço
de venda deve ter por finalidade primordial encontrar a melhor alternativa
Formação do preço de venda 3

de preço, abrangendo tanto a determinação de um preço específico como o


desenvolvimento de políticas e estratégias de preços.
As organizações estão buscando a redução de custos e o aumento da pro-
dutividade de diversas formas. Isso porque, conforme aponta Congan (2013),
os custos influenciam os preços, por afetarem a oferta. Nesse sentido, quanto
menor for o custo de produção de um produto em relação ao preço pago pelo
consumidor final, maior será a capacidade de fornecimento da organização.
Por isso, surge a dúvida: qual o preço ideal para se obter sucesso junto ao
cliente e trazer lucros para a empresa?
Para responder a essa questão, Congan (2013) e Crepaldi (2018) citam a
metodologia do markup, que pode ser utilizada na análise da decisão sobre
o preço a ser praticado. Os autores explicam que o markup consiste em somar
ao custo unitário do produto uma margem fixa para obter o preço de venda.
Deve-se evidenciar a responsabilidade de cobrir outros custos (caso não tenham
sido inclusos no cálculo do custo unitário), as despesas e, ainda, adequar à
organização resultados lucrativos.
Para formar o preço de vendas unitário com base nos custos, Congan
(2013) aponta quatro passos que precisam ser seguidos:

1. determinar o custo do produto;


2. determinar o percentual de margem a ser usado;
3. multiplicar o percentual da margem pelo custo do produto;
4. somar a margem monetária.

Conforme Leone (2007) e Crepaldi (2018), a partir da determinação do


custo do produto, consegue-se determinar o percentual de margem a ser usado;
depois, multiplica-se o percentual de margem pelo custo do produto, para obter
a margem em unidade monetária; na sequência, soma-se a margem monetária
ao custo do produto, para determinar o preço.
Sabe-se que existem vários métodos de se calcular o custo de um produto;
entretanto, de acordo com Leone (2007), o percentual da margem sobre o
custo é calculado quase sempre de maneira arbitrária, variando conforme
o ramo de atividade da organização e os seus produtos. Para que se possa
escolher o melhor método para a organização, é preciso entender os benefícios
proporcionados pelo controle de custos, que está relacionado à avaliação das
variáveis que influenciam as diretrizes da empresa.
Para Padoveze (2010), percebe-se a importância da formação de preços
quando se trabalha com as imposições do mercado, dos custos, do governo e
4 Formação do preço de venda

da concorrência e a restrição orçamentária do consumidor. Segundo Congan


(2013), as decisões de compras são feitas, geralmente, pesquisando-se os
preços dos produtos, visto que os consumidores, em sua maioria, desenvolvem
expectativas e desejos ilimitados pelos produtos, entretanto, seus recursos
são limitados. Nesse sentido, observa-se que o cliente, de um modo geral,
compra um produto ou serviço se o preço for compatível e se o produto lhe
proporcionar uma satisfação que justifique a sua compra.

A formação do preço de venda de forma adequada poderá trazer para a organização


desenvolvimento e lucratividade; em contrapartida, uma precificação inadequada,
calculada erroneamente, sem o conhecimento correto dos custos e despesas, pode
trazer prejuízos, que podem levar à falência da empresa.

O preço, segundo Biagio (2012), é um valor estabelecido para um produto


ou um serviço. Ou seja, qualquer transação de uma empresa envolve um valor
monetário estabelecido pela formação do preço de vendas. Destaca-se que a
fixação de preços, segundo Sardinha (2013), precisa avaliar o contexto geral
da organização, observando:

 estrutura de custos;
 valor percebido pelo cliente;
 produtos alternativos;
 concorrência;
 tecnologia aplicada;
 valores intangíveis, como marca, confiabilidade, localização, entre outros.

Para o autor, o meio mais assertivo de garantir rentabilidade na formação


do preço de venda é por meio de práticas de preços que cubram os custos
da organização. Nota-se que muitas empresas não conseguem colocar esse
princípio em prática, em função da dificuldade para avaliar seus custos de
produção adequadamente.
O método de formação do preço de venda abrange a coleta, a classificação e
a avaliação de variáveis complexas e interligadas, que podem ser aperfeiçoadas
conforme as estratégias empresariais são elaboradas. A formação do preço de
Formação do preço de venda 5

venda está relacionada, também, a fatores internos e externos da organização.


Nesse sentido, destaca-se que acompanhar preços praticados pelo mercado
e avaliar os custos e a margem a ser aplicada no preço são abordagens que
estão sujeitas a diversos fatores mercadológicos.
Diante do exposto, Horngren, Datar e Foster (2004) afirmam que existem
três variáveis relacionadas à oferta e à demanda e que influenciam direta ou
indiretamente na formação dos preços de venda. Veja-as a seguir.

 Clientes: ao demandar um produto ou serviço, os clientes influenciam


os preços; por isso, entende-se que as organizações devem constante-
mente verificar as suas decisões sobre a formação do preço de venda,
observando a percepção dos clientes em relação ao ofertado. Em síntese,
trata-se de formar o preço a partir do que o cliente está disposto a pagar;
porém, é uma visão subjetiva e de difícil avaliação.
 Concorrentes: as organizações precisam acompanhar atentamente as
ações de seus concorrentes, pois os preços praticados pelos concorrentes,
ou, até mesmo, a existência de produtos substitutos, podem afetar as
vendas da empresa. Nesse sentido, a organização pode formar seu preço
a partir da prática aplicada pelo concorrente.
 Custos: a análise dos custos aponta que, quanto menor for o custo
em relação aos preços pagos pelo cliente, maior será a capacidade de
fornecimento por parte da organização. Assim, é importante que os
gestores que compreendem os custos de seus produtos e serviços pos-
sam formar preços atrativos e obter retornos operacionais desejáveis.
Por essa percepção, a organização forma o preço a partir dos custos,
acrescentando uma margem de lucros adequada para a empresa.

Ao desenvolver uma avaliação da extensão dessas três variáveis, nota-se


que as duas primeiras estão relacionadas aos fatores externos da empresa — os
fatores mercadológicos —, enquanto a última está associada diretamente aos
fatores internos da organização.

Influência dos impostos e da tributos


na formação do preço de vendas
A carga tributária nos produtos ou serviços, segundo Oliveira (2011) e
Martins (2018), corresponde a custos diretos e variáveis. Desse modo, tais
custos precisam ser verificados e incluídos na formação dos preços de ven-
6 Formação do preço de venda

das, para manter os lucros do negócio. Os gestores precisam conhecer qual


o método mais adequado para o negócio e, então, precificar seus produtos
ou serviços. Crepaldi (2018) aponta que, em qualquer método, é preciso
compreender a extensão do impacto da carga tributária na formação dos
preços de venda.
Oliveira (2011) esclarece que muitas organizações definem seus preços
aplicando um percentual sobre a compra de mercadorias, como ocorre no
comércio, em alguns casos. Outras estabelecem os seus preços com base no
valor do custo de mão de obra, no caso de serviços. Oliveira (2011) exemplifica
essas duas situações:

 Exemplo 1: mercadoria comprada a R$ 100,00 e vendida com margem


de 100%; logo, o preço de venda será R$ 200,00.
 Exemplo 2: um serviço possui custo de mão de obra direta de R$
1.000,00, com margem de 50%, devido a outros limitadores; logo, o
preço de venda será R$ 1.500,00.

Entretanto, o autor observa que essa metodologia, por mais simples e


aplicável que seja, não avalia os demais custos da organização, relacionados
com as vendas. Ou seja, esse método de análise pode pôr em risco os lucros
da empresa e, inclusive, gera a possibilidade de inadimplência tributária e,
consequentemente, afeta a viabilidade econômica.
Congan (2013) e Crepaldi (2018) explicam que, para que a formação do
preço de vendas seja elaborada com um valor superior ao de seu custo de
desenvolvimento, seja de aquisição ou fabricação, a organização precisa
transferir para o cliente a carga de tributos sobre o faturamento e o lucro da
organização. Os autores destacam que os principais tributos a serem avaliados
são: Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), Contribuição Social sobre o
Lucro Líquido (CSLL), contribuição aos Programas de Integração Social
(PIS), Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS),
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e Imposto sobre
Produtos Industrializados (IPI).

 IRPJ: conforme lecionam Souza e Moraes (2018), esse imposto incide


sobre a forma de tributação adotada pela pessoa jurídica, ou seja, sobre
o lucro real, presumido ou arbitrado. Esse imposto geralmente é calcu-
lado a cada trimestre, com a aplicação da alíquota de 15% sobre a base
de cálculo correspondente, acrescida do adicional de 10%, quando a
Formação do preço de venda 7

base de cálculo do imposto ultrapassar a multiplicação do valor de R$


20.000,00, pelo número de meses do período de apuração.
 CSLL: Crepaldi (2018) destaca que esse tributo é calculado como o
IRPJ. Para as organizações tributadas com base no lucro presumido,
a base de cálculo corresponderá a 12%, sendo que a alíquota da
contribuição a ser aplicada sobre a base de cálculo correspondente
será de 9%.
 PIS e COFINS: estas, segundo Martins (2018), são contribuições men-
sais que ocorrem sobre o faturamento da empresa. As alíquotas das
mencionadas contribuições são apresentadas no Quadro 1.
 ICMS e IPI: conforme Crepaldi (2018), estes correspondem a tributos
não cumulativos. Sendo o ICMS um imposto de competência estadual,
suas alíquotas variam menos do que as do IPI, que é um imposto federal.
Diferentemente do ICMS, o autor destaca que o IPI não integra o valor
da receita bruta; assim, não faz base de cálculo para as contribuições
ao PIS e para a COFINS.

Quadro 1. Percentuais aplicáveis de PIS/COFINS

PIS COFINS

0,65% para fatos geradores ocorridos 3% para fatos geradores ocorridos


até 30/11/2002, independentemente até 31/01/2004, independentemente
da modalidade de tributação da modalidade de tributação
adotada pela empresa adotada pela empresa

Para fatos geradores ocorridos Para fatos geradores ocorridos


a partir de 01/12/2002: a partir de 01/02/2004:
1,65% para as empresas sujeitas 7,6% para as empresas sujeitas
à incidência não cumulativa e à incidência não cumulativa e
0,65% para as empresas sujeitas 3% para as empresas sujeitas
à incidência cumulativa à incidência cumulativa

Fonte: Adaptado de Martins (2018).

Nesse sentido, percebe-se que, no mercado brasileiro, além da oneração


dos tributos sobre o valor da receita bruta, existe uma carga suplementar que
ocorre sobre o preço de custo dos bens, afetando significativamente a formação
do preço de vendas. Conforme Souza e Moraes (2018), torna-se importante
8 Formação do preço de venda

observar que o preço de custo é vinculado a cargas elevadas de impostos e


contribuições relativos a tributos não recuperáveis, bem como ao alto valor
dos insumos com preços gerenciados pelo governo (água, luz, telefone, gás,
correios e tantos outros) — lembrando que esses preços sobem geralmente
acima da inflação do período.

Entre os impostos não recuperáveis, destacam-se: ICMS e IPI, Imposto Sobre Serviços
de Qualquer Natureza (ISS), Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR), Imposto
Predial e Territorial Urbano (IPTU), Contribuição Provisória sobre Movimentação
Financeira (CPMF), Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA),
Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) e outros (SOUZA; MO-
RAES, 2018). Esses tributos (não recuperáveis) também formam despesa ou custo
para as organizações. Assim, sobre o valor do custo de produção, incide a margem
de lucro da empresa e todos os tributos e contribuições incidentes sobre o valor
da receita bruta da empresa.

Cálculo do preço de vendas


É natural que um gestor tenha dúvidas sobre como formar o preço de vendas
dos seus produtos. Nesse momento, surgem questões como:

 Como a influência da carga tributária pode afetar os preços de venda?


 Existe um método mais indicado para esse cálculo?
 O que mais um gestor deve saber sobre as variáveis da organização?

Souza e Moraes (2018) explicam que os tributos sobre vendas (carga


tributária) são custos diretos e variáveis; desse modo, estão diretamente
relacionados com a variação de vendas. Nesse sentido, entende-se que, quando
existe variação de vendas, isso impacta na variação de tributos, com um
percentual pré-determinado e de fácil cálculo.
Nesse contexto, Sardinha (2013) salienta que um dos cálculos mais adequa-
dos para se resolver os preços de venda é aquele que leva em conta todos os
custos diretos, indiretos e variáveis pertinentes ao produto ou serviço ofertado,
por exemplo: os tributos, as comissões, os custos da matéria-prima e da mão
Formação do preço de venda 9

de obra. Segundo o autor, analisando sob essa ótica, é possível estimar de


forma mais adequada os lucros da organização, definindo com maior precisão
os preços de venda.
Seguindo essa lógica, surge a dúvida sobre qual o regime tributário correto
para a empresa. Para essa questão, existem três opções a serem consideradas:

 Simples Nacional;
 Lucro Presumido;
 Lucro Real.

No Simples Nacional e no Lucro Presumido, conforme aponta Sardinha


(2013), os principais tributos (ICMS, ISS, IRPJ, CSLL, PIS, COFINS) são
avaliados sobre o valor do faturamento apurado no período. No cálculo pelo
Lucro Real, dos tributos apresentados, destaca-se que o IRPJ e a CSLL são
calculados sobre o valor do lucro bruto.
No Brasil, observa-se que a maioria das pequenas e médias empresas
brasileiras são optantes pelo Simples Nacional. Assim, a seguir, apresentam-se
exemplos, com base nas informações de Sardinha (2013) e Souza e Moraes
(2018), sem levar em consideração o INSS.

 Exemplo 1: a empresa compra uma mercadoria a R$ 100,00 e possui


uma média de faturamento mensal de R$ 50.000,00 (vendendo 250
unidades a R$ 200,00 cada).
■ Nesse caso, a influência dos principais tributos (ICMS, IRPJ, CSLL,
PIS, COFINS), conforme a tabela do Simples Nacional, será de
aproximadamente 4,17%, ou R$ 8,34 unitário e R$ 2.085,00 mensal,
conforme o cálculo a seguir:
– Unitário: R$ 200,00 × 4,17% = R$ 8,34.
– Faturamento mensal: R$ 50.000,00 × 4,17% = R$ 2.085,00.
 Exemplo 2: a empresa presta serviços com um faturamento anual de R$
720.000,00 e um faturamento mensal de R$ 60.000,00 e é enquadrada
na forma do anexo III da tabela do Simples Nacional para 2018.
■ Nesse caso, a influência dos principais tributos (ISS, IRPJ, CSLL, PIS,
COFINS) será com uma alíquota nominal de 13,5% e uma alíquota
efetiva de aproximadamente 11,05%, conforme aponta o simulador
do Canal Tributário (Figuras 1 e 2), resultando em um valor total de
impostos de R$ 6.630,00.
10 Formação do preço de venda

Figura 1. Simulador do Canal Tributário — parte I.


Fonte: Adaptada de Simulador... (2017).

Figura 2. Simulador do Canal Tributário — parte II.


Fonte: Adaptada de Simulador... (2017).
Formação do preço de venda 11

Para Souza e Moraes (2018), o gestor precisa entender que os tributos são
custos diretos e variáveis, que são apurados de acordo com o regime tributário
escolhido e que, em cada produto ou serviço ofertado, deve-se agregar esse
custo e, assim, manter a boa adimplência tributária e a lucratividade do em-
preendimento. Vejamos a seguir um exemplo de formação de preço de venda.
Em uma organização, o produto tem um custo unitário total de R$ 137,50.
Suponha que:

 a margem de lucro a ser aplicada sobre o preço de custo é de 100%;


 a alíquota do ICMS é de 18%;
 a alíquota do IPI é de 20%;
 as alíquotas não cumulativas do PIS e da COFINS são 1,65 e 7,6%,
respectivamente;
 no ano calendário anterior, o percentual do IRPJ e da CSLL em relação
ao valor da receita bruta operacional foi de 2,5 e 1,5%, respectivamente.

Nesse exemplo, considera-se que o preço de venda do produto (PVP), sem


o valor dos tributos, seria:

PVP = R$ 137,50 + 100%; logo, o PVP seria de R$ 275,00

Se essa organização quiser fixar o seu preço de venda (PV) de forma a


repassar todos os tributos para o cliente, deve utilizar a seguinte fórmula:

PV = PVP + ICMS + PIS + COFINS + IPI + CSLL + IRPJ

O percentual acumulado dos tributos e contribuições incidentes sobre a


receita bruta é de:

 4% (2,5% + 1,5%), para IRPJ e CSLL;


 27,25% (18% + 7,6% + 1,65%), para ICMS, PIS e COFINS (cálculo
por dentro);
 20%, para o IPI (cálculo por fora).

Com essas informações, a formação do preço de venda se dá da seguinte


forma:

1. Calcula-se o percentual de tributos IRPJ, CSLL, ICMS, PIS e COFINS:


Percentual total de 31,25% = (4% + 27,25%)
12 Formação do preço de venda

2. Calculando o valor por dentro, o percentual total será de 68,75% (100%


− 31,25%). Assim, o valor do preço de venda antes do cálculo do IPI
será de R$ 400,00 (68,75% = R$ 275,00).
3. Assim, o preço de venda após o cálculo do IPI será:
R$ 480,00 = R$ 400,00 + 20%

A decomposição do preço de venda, utilizando os dados anteriores, que


formaram o preço de venda de R$ 480,00 (incluindo o valor do IPI), se dá da
seguinte forma:

 Custo unitário total: R$ 137,50.


 Margem de lucro da empresa: 100%, ou seja, R$ 137,50.
 Tributos constantes no preço de venda:
■ ICMS (18% × R$ 400,00): R$ 72,00;
■ PIS (1,65% × R$ 400,00): R$ 6,60;
■ COFINS (7,6% × R$ 400,00): R$ 30,40;
■ IRPJ e CSLL (4% × R$ 400,00): R$ 16,00;
■ IPI (20% × R$ 400,00): R$ 80,00.
 Valor total da venda (incluindo o IPI): R$ 480,00.

Com base nesses cálculos, é possível perceber o quanto o valor dos tributos
“pesam” na formação do preço de venda da organização.
Percebe-se que, para conseguir vender seus produtos no mercado brasileiro,
que encontra-se retraído e sem condições econômicas e financeiras para de-
senvolver grandes volumes de compras, muitas organizações têm se obrigado
a reduzir sua margem de lucro drasticamente, o que possibilita a redução do
preço de venda. A excessiva carga tributária do Brasil dificulta muito a redução
do preço aplicado e, por sua vez, a comercialização dos produtos, conforme
apontam Souza e Moraes (2018).

No meio contábil, é comum o uso dos termos “cálculo por dentro” e “cálculo por fora”
aplicados ao IPI e ao ICMS, sendo que o IPI seria calculado "por fora", enquanto o ICMS
seria calculado "por dentro". Nesse sentido, apresenta-se que:
 O IPI é calculado “por fora” porque a alíquota é aplicada sobre o valor da venda,
sendo acrescido a ele, gerando o preço final. Por exemplo: na venda de um
Formação do preço de venda 13

produto por R$ 100,00, submetido ao IPI pela alíquota de 10%, o preço final será
de R$ 110,00 (R$ 100,00 do produto + R$ 10,00 de IPI). Por isso, o nome “por fora”,
pois os R$ 10,00 relativos ao IPI são acrescidos a partir do preço inicial, ou seja,
“fora” do preço base.
 Já no ICMS é realizado o cálculo “por dentro” — um pouco mais complicado.
Vamos usar o mesmo exemplo: uma venda de mercadoria no valor de R$ 100,00.
Como o ICMS é calculado "por dentro", ou seja, integra sua própria base de cálculo,
apresenta-se um cálculo mais complexo, veja:
Se a alíquota do ICMS é 17%, os R$ 100,00 correspondem não à base de cálculo (sobre
a qual seria aplicada a alíquota), mas a 83% dessa base (sem o ICMS, que corresponderá
aos 17% remanescentes), aplicando-se, assim, uma regra de três:
 R$ 100,00 está para 83%, assim como "×" está para 17%.
 R$ 100,00 ----- 83%
 × ----------------- 17%
 × = 1700/83
 × = R$ 20,48
Desse modo, note que o IPI com alíquota de 10% incidente sobre a venda a R$ 100,00
gera um preço final de R$ 110,00; já o ICMS, pela alíquota de 17%, incidente sobre uma
venda que, sem o imposto, seria feita no valor de R$ 100,00, gera um preço final de
R$ 120,48. Nessa análise, o cálculo do tributo "por dentro" faz com que a alíquota real
seja superior à aparente, ou seja, nesse exemplo, o tributo termina por corresponder
a mais de 20%, e não a 17%.
Fonte: Adaptado de Machado (2008).

BIAGIO, L. A. Como calcular o preço de venda. São Paulo: Manole, 2012.


CONGAN, S. Custos e formação de preços: análise e prática. São Paulo: Atlas, 2013.
CREPALDI, S. A. Curso básico de contabilidade de custos. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2018.
HORNGREN, C. T.; DATAR, S. M.; FOSTER, G. Contabilidade de custos. 11. ed. São Paulo:
Pearson Prentice Hall, 2004.
LEONE, G. Custos: planejamento, implantação e controle. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
MACHADO, H. B. Por dentro ou por fora? Direito e democracia, [s. l.], 9 jul. 2008. Dispo-
nível em: http://direitoedemocracia.blogspot.com/2008/07/por-dentro-ou-por-fora.
html. Acesso em: 9 abr. 2019.
MARTINS, E. Contabilidade de custos. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2018.
OLIVEIRA, L. M. et al. Manual de contabilidade tributária: textos e testes com as respostas.
10. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
14 Formação do preço de venda

PADOVEZE, C. L. Contabilidade gerencial: um enfoque em sistema de informação con-


tábil. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
SARDINHA, J. C. Formação de preço: uma abordagem prática por meio da análise custo.
São Paulo: Atlas, 2013.
SIMULADOR — simples nacional. Canal Tributário, [s. l.], [2017]. Disponível em: http://
www.canaltributario.com.br/simulador/. Acesso em: 10 abr. 2019.
SOUZA, F. A.; MORAES, M. H. Logística tributária e fiscal. São Paulo: Mag Epub, 2018.
DICA DO PROFESSOR

A formação do preço de venda tem suas dificuldades em função de muitos fatores, os quais são
apontados no contexto da empresa brasileira: quesitos relacionados a tributos, à concorrência, às
expectativas dos clientes e aos custos dispendidos pela empresa.

Sendo assim, o gestor precisa estar ATENTO, principalmente no início de um negócio, para
conseguir praticar preços competitivos no mercado e, consequentemente, obter lucro

Veja a seguir.

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EXERCÍCIOS

1) Entre as afirmações apresentadas, entende-se que gerenciar os custos é importante


justamente para reduzi-los e tornar a empresa competitiva.

Sendo assim, é importante ressaltar que:

A) o gestor analisa os custos, auxiliando a formação do preço de venda, porém, isso não tem
um impacto competitivo relevante.

B) no gerenciamento de custos, é importante identificar o melhor método para aplicar na


formação do preço do seu produto ou serviço, porém, o impacto competitivo não é
salientado como um grande diferencial.

C) o gestor entende que um grande diferencial concentra-se em dominar a análise dos custos
logísticos, porém, isso não pode afetar o planejamento estratégico da organização.

D) na gestão dos custos logísticos, concentra-se uma grande ênfase na proteção das estratégias
produtivas.
E) na gestão dos custos, o processo eficaz passa pela eficiência e pela eficácia dos processos
de planejamento, execução e controle.

2) Dentro da gestão de custos, destaca-se que o meio mais assertivo de garantir


rentabilidade na formação do preço de venda é desenvolvido por meio de práticas de
preços que cubram os custos da organização.

Sendo assim, a fixação de preços precisa avaliar o contexto geral da organização,


observando:

A) o processo das funções de transformação e transporte.

B) a estrutura de custos, o valor percebido pelo fornecedor, os produtos fixos, a concorrência,


entre outros.

C) os valores intangíveis como: marca, confiabilidade, localização, entre outros.

D) as ações de devoluções das garantias e outros tipos de apoio ao fornecedor.

E) os cálculos de responsabilidade dos comerciantes antes de chegar ao consumidor final.

3) Sabe-se que existem três grandes questões, as quais influenciam direta ou


indiretamente a formação dos preços de venda. São elas: clientes, concorrência e
custos.

Isso incide em afirmar que:

A) os clientes têm poder de barganha junto à empresa, porém, isso não afeta o preço de
vendas, pois quem paga essa diferença é o comércio.

B) os concorrentes precisam se espelhar na empresa e praticar os seus preços, ou seja, sua


influência é baixa para a organização.
C) a análise dos custos aponta que quanto menor for o custo em relação aos preços pagos pelo
cliente, maior será a capacidade de fornecimento por parte da organização.

D) é importante que os gestores façam análises de retornos operacionais apenas do processo


produtivo.

E) as organizações precisam acompanhar atentamente as ações de seus fornecedores, mesmo


que os preços praticados por eles não possam afetar a formação do preço de venda.

4) O Gestor deve levar em conta que uma das tarefas mais difíceis na gestão é a
formação do preço de venda, quando se avalia o impacto que os tributos sobre vendas
podem influenciar os preços de venda dos produtos e/ou serviços.

Ciente desta situação, o gestor ao realizar o cálculo do preço de venda sobre esta
ótica deve considerar que tipo de ação estratégica?

A) Compreender que a variação de vendas determina a variação dos tributos;

B) Saber qual é o regime tributário a ser adotado;

C) Reconhecer o fato gerador dos tributos de vendas;

D) Identificar os custos diretos;

E) Identificar os custos indiretos.

5) Diversas organizações utilizam a técnica de agregar ao custo de aquisição da


mercadoria um percentual, para definir o seu preço de venda. O mercado reconhece
esta prática como uma maneira rápida e ágil para formatar o preço de venda.

Entretanto, observamos que esta prática usual de mercado possui fragilidade em sua
concepção. Quais seriam os motivos desta fragilidade empresarial?
A) Falta a mensuração da carga tributária incidente;

B) Necessita avaliar todos os custos pertinentes relacionados com as vendas e tributos;

C) Limita-se ao processo de reajustes de preços do fornecedor;

D) Identifica o ICMS como principal tributo pautado na formação do preço de venda;

E) Restringe-se aos custos de captação de recursos financeiros.

NA PRÁTICA

Formar preços de venda competitivos é uma tarefa que exige o conhecimento de todos os itens
que compõem o preço do produto. Analisar estruturas de custos é fundamental para o
administrador tomar decisões coerentes sobre a formação do preço de vendas.

Para Martins (2018), a formação do preço de vendas é um critério competitivo de grande


relevância para o gestor tomar decisões assertivas no seu negócio.

Este Na Prática apresenta uma empresa que oferece serviço de tecnologia da informação (TI)
para que o cliente possa armazenar os seus arquivos na nuvem. Por meio dessa análise, foi
possível avaliar as informações que a empresa utiliza para a tomada de decisões relativas aos
preços de venda, além de contribuir para a compreensão da estimativa de custos na atividade
neste segmento.

O grande impasse da empresa está em analisar a formação do seu preço de venda, visto que o
serviço, em muitos momentos, é difícil de mensurar e de comparar com a concorrência.

Veja a seguir:
SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Gestão de capital de giro e formação do preço de venda praticado pelas micro e pequenas
empresas

Leia este artigo, o qual tem por objetivo verificar se os gestores das micro e pequenas empresas
conhecem e utilizam o gerenciamento do capital de giro e a precificação de produtos,
mercadorias e serviços.

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Implicações estratégicas no estabelecimento do preço de venda: um estudo de caso


utilizando a metodologia Value-Focused Thinking

Este estudo tem como objetivo aplicar o método de estruturação de problema Value-Focused
Thinking (VFT) na determinação do preço de venda. Essa avaliação visa a identificação das
implicações estratégicas da abordagem VFT na definição do preço de venda, propondo uma
forma alternativa de tratar o problema, além de identificar novas estratégicas no processo de
precificação dos insumos.

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Formação do preço de venda para uma empresa prestadora de serviços contábeis de


Caxias do Sul

A formação do preço de venda é um trabalho técnico considerado fator determinante de


sobrevivência das organizações para a exploração das atividades. Com os dados coletados,
foram realizados cálculos para definir o custo unitário/hora, absorvendo os custos incorridos e
acrescentada a margem de lucro estipulada. Veja a seguir.

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Gestão dos custos logísticos

APRESENTAÇÃO

Sabe-se que os níveis logísticos procuram manter o fluxo dos serviços com um padrão de
qualidade adequado à demanda do cliente, visto que a logística busca constantemente melhorar
o nível do atendimento de diversas formas, é fundamental monitorar se os serviços oferecidos
atendem ao proposto. Segundo Dias (2015), os estoques representam um papel essencial no dia
a dia das organizações. Sendo assim, seja para a obtenção de lucros e vantagens competitivas ou
como fonte de prejuízo, sua gestão e seu planejamento são importantes, por isso é significativo
identificar a visibilidade dos custos logísticos para que seja possível avaliar estratégias de
planejamento tributário que possam ser aplicadas na logística.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você estudará conceitos para compreender melhor sobre os
custos provenientes dos níveis de serviço que a empresa pretende apresentar. Além disso, verá o
que é necessário para auxiliar um gestor na sua tomada de decisão quanto à oferta do serviço.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Determinar os custos decorrentes de nível de serviço.


• Identificar a visibilidade dos custos logísticos.
• Aplicar o planejamento tributário em logística.

DESAFIO

A dificuldade de um gestor em contrapor o transporte de cargas com mão de obra qualificada e


estrutura da empresa é um problema comum na gestão dos custos logísticos. No Brasil, há muita
rotatividade de mão de obra no setor, devido aos movimentos ergonômicos repetitivos que
podem causar lesões no trabalhador e, simultaneamente a isso, investir em automatização
também requer um investimento alto, e muitas vezes a organização não tem esses recursos.

Diante disso, analise as informações a seguir.


INFOGRÁFICO

A gestão de custos dos custos logísticos busca avaliar os níveis de serviço logístico,
identificando a visibilidade dos serviços prestados e, com isso, desenvolver um planejamento
tributário, possibilitando um aumento de lucratividade. Alguns gestores de logística procuram
constantemente equilibrar o nível de serviços adequado ao que o cliente precisa, com uma
estrutura adaptada a sua realidade e reduzindo custos. Para tanto, uma das alternativas é
desenvolver um planejamento tributário logístico que traz ao gestor condições de reduzir esses
custos, dentro do permitido pela legislação.

Neste Infográfico, você verá alguns pontos importantes da gestão de custos logísticos. Dentro
desse contexto, é essencial observar o nível de serviço prestado pela logística, assim como ter
visibilidade das possibilidades logísticas e preparar de forma estruturada um planejamento
tributário logístico.
CONTEÚDO DO LIVRO

Na gestão dos custos logísticos identifica-se como um dos principais desafios gerenciar a
relação entre custo e nível de serviço. Nota-se que o cliente está exigente, pedindo níveis de
serviço mais confiáveis e ágeis, sem pagar mais por isso. Diante disso, o preço se torna um
qualificador, e o nível de serviço um diferenciador para o mercado.

No capítulo Gestão dos custos logísticos, da obra Gestão de custos, riscos e perdas, base teórica
desta Unidade de Aprendizagem, você vai ver conceitos para auxiliá-lo na análise dos custos
logísticos, permitindo a tomada de decisões eficazes, adaptadas à realidade de sua organização.

Bons estudos.
GESTÃO DE CUSTOS,
RISCOS E PERDAS

Zaida Cristiane dos Reis


Gestão de custos logísticos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Determinar os custos decorrentes de nível de serviço.


 Identificar a visibilidade dos custos logísticos.
 Aplicar o planejamento tributário em logística.

Introdução
Conforme leciona Dias (2015), os estoques representam um papel fun-
damental no dia a dia das organizações. Ching (2014) aponta que, no
início, a gestão de estoques era vista como um meio de reduzir custos
totais associados com a aquisição e a gestão de materiais. Porém, as
organizações, agora, exigem estratégias mais proativas, porque passam
a ser baseadas nas necessidades dos clientes.
Desse modo, sejam eles fontes de lucros e vantagens competitivas ou
de prejuízos, a gestão e o planejamento dos estoques são de fundamental
importância. Destaca-se que a gestão de custos logísticos se relaciona
com o gerenciamento de estoques e tudo o que envolve essa concepção.
Assim, torna-se significativo identificar a visibilidade dos custos logísticos,
para que seja possível avaliar estratégias de planejamento tributário que
possam ser aplicadas na logística.
Neste capítulo, você vai estudar conceitos relacionados aos custos
oriundos dos níveis de serviço que a empresa busca apresentar. Você
vai verificar a visibilidade dos custos logísticos e analisar a aplicação do
planejamento tributário em logística.
2 Gestão de custos logísticos

Custos decorrentes de nível de serviço


De acordo com Caxito et al. (2014), entende-se por estoque a quantidade
de bens físicos que são guardados de forma improdutiva, por um período,
aguardando o seu uso. Ou seja, é todo material parado em algum lugar, desde
que não esteja sendo utilizado naquele momento.

Exemplificando de forma simples, pense em um restaurante: na busca pela excelência


no atendimento ao cliente, o proprietário deve ter comprado vários produtos, várias
matérias-primas, que precisam do correto acondicionamento. Por exemplo: verduras,
legumes e carnes na geladeira; arroz, feijão e produtos similares em lugares com
pouca umidade. Esses produtos se constituem no estoque de matérias-primas desse
estabelecimento. Contudo, para agilizar o atendimento, o proprietário instrui a cozinha
a deixar a carne já temperada. Esse produto, que já passou por determinado tipo de
preparo e que está no aguardo do processo de cozimento, também é considerado
como produto em estoque.

Com base nesse exemplo, surge uma dúvida: por que é necessário manter
os estoques? Respondendo a essa pergunta, Viana (2012) e Gonçalves (2013)
explicam que é importante para a empresa ter estoques para melhorar o nível
de serviço relacionado a determinados aspectos. Veja exemplos a seguir.

 Melhorar o serviço ao cliente: oferecendo a ele o produto desejado,


na hora desejada.
 Economia de escala: pois compras em quantidades maiores dão ao
comprador maior poder de barganha e de negociação.
 Proteção contra mudanças de preços: se existem previsões de reajustes
de preços, a elevação dos níveis de estoques, nesse momento, pode
propiciar maiores lucros para a empresa.
 Proteção contra incertezas na demanda e no tempo de entrega:
problemas logísticos podem acontecer ao longo da cadeia produtiva.
Gestão de custos logísticos 3

 Proteção contra contingências: você se lembra do tsunami no Japão


e os impactos que as montadoras brasileiras sofreram devido à falta
de partes e peças de veículos? Isso são contingências, impasses que
organizações que possuem estoques conseguem superar com maior
flexibilidade.

Ainda com relação aos estoques, pode-se questionar: manter altos ou


baixos níveis de estoques? O que é melhor? Não existe resposta pronta para
essa pergunta, pois é preciso analisar o negócio, a concorrência, o fornecedor
e as exigências mercadológicas para tomar uma decisão coerente.
A logística, nesse período contemporâneo, possui um papel importante
e cada vez mais decisivo para a manutenção dos clientes, bem como para
atrair, conquistar e manter novos clientes. Nesse sentido, Gonçalves (2013)
e Caxito et al. (2014) destacam que se torna essencial mensurar o nível de
serviço logístico, que consiste em avaliar o ciclo do pedido, analisando desde
a recepção do pedido até a entrega ao cliente. Os autores destacam, ainda, que
em alguns casos esse processo abrange até mesmo as funções de montagem,
assistência técnica e outros tipos de apoio ao cliente no uso do produto e/ou
serviço adquirido.
Nesse sentido, os autores complementam que, antes de a organização definir
quais serão os seus indicadores de nível de serviço logístico, torna-se importante
identificar as necessidades, expectativas e desejos dos consumidores, a forma
como estes poderão ser mensurados e quais são os custos envolvidos. Como
principais indicadores de nível de serviço logístico, destacam-se:

 tempo médio de entrega;


 variabilidade do tempo de entrega;
 informações sobre o atendimento do pedido (rastreabilidade);
 serviços de urgência;
 resolução de reclamações;
 políticas de devolução;
 procedimentos de cobrança;
 flexibilidade do sistema;
 serviços técnicos;
 nível de estoque e reposição temporária do produto durante reparos.
4 Gestão de custos logísticos

Com a difusão das compras via Internet, percebe-se que melhores níveis
de serviço logísticos, com custos reduzidos, tornam-se uma exigência dos
consumidores. Para atender a essas demandas da logística, as organizações
classificam os estoques que podem dar um suporte adequado, conforme a
necessidade da empresa. Veja, a seguir, os tipos de estoques mais utilizados,
segundo a visão de Gonçalves (2013), Caxito et al. (2014) e Dias (2015):

 Estoque de segurança: refere-se à quantidade extra de produto arma-


zenado, visando a suprir problemas no fornecimento, como erros de
previsão de consumo e atrasos na entrega das mercadorias.
 Estoque de matéria-prima: refere-se ao estoque de qualquer merca-
doria que ainda não sofreu transformação, ou seja, ainda não passou
pelo processo de fabricação.
 Estoque de material semiacabado: constituído pelos materiais que já
passaram por certas fases do processo produtivo, mas ainda não foram
concluídos. Normalmente estão em determinadas partes ao longo da
linha de produção, aguardando a próxima fase do processo.
 Estoque de produtos acabados: representado pelos produtos já fina-
lizados, à disposição do consumidor.
 Estoque em trânsito: constituído pelas mercadorias em trânsito, que
estão entre a fábrica e o consumidor. Também são considerados como
estoques em trânsito aqueles materiais que estão sendo transportados
dentro da fábrica, entre diferentes locais de armazenagem.

Caxito et al. (2014) também nos apresentam um quadro interessante sobre


os níveis de estoque, conforme mostra o Quadro 1.
Gestão de custos logísticos 5

Quadro 1. Estoques, determinantes e benefícios

Tipos de Determinantes dos


Benefícios
estoques níveis de estoque

Estoque de Demanda e lead time Aumento no nível de serviço,


segurança incertos e incertezas redução de custos devidos
no processo às entregas emergenciais
e às perdas de vendas

Estoque de Aquisição de materiais Aquisição em lotes


matéria-prima de diversos fabricantes econômicos de compras,
reduzindo os custos da
compra de materiais

Estoque Lead time de produção, Aumento na utilização do


de material planejamento e equipamento, redução
semiacabado controle de produção de investimentos em
capacidade adicional

Estoque de Demanda e lead time Redução da quantidade


produtos incertos, incertezas no de setups, aumento
acabados processo e frequência de no nível de serviço
setup de equipamento

Estoque em Tempo de transporte Redução nos custos


trânsito de transporte

Fonte: Adaptado de Caxito et al. (2014).

Esses quesitos são apontados justamente em função da flutuação dos


níveis dos estoques. Para exemplificar, pense na caixa d’água da sua casa:
quando cheia, a boia impede a entrada de mais água, ou seja, o recebimento
de mais produtos; já quando há o consumo e a água sai do nosso estoque,
resulta imediatamente no processo de ressuprimento.
O estoque de uma organização é parecido, pois as compras devem ser
realizadas a partir do momento em que há uma baixa no volume do estoque.
Segundo Dias (2015), considera-se, portanto, o estoque final de um período
como sendo o somatório do estoque inicial mais as entradas e menos as saídas:

Estoque inicial = (+) Entradas (–) Saídas = Estoque final


6 Gestão de custos logísticos

Outro tópico que merece atenção é o fato de que o estoque inicial do dia
01 de cada mês será o estoque final do dia 31 do mês anterior, mas, durante o
mês, ocorrem oscilações, conforme o consumo dos estoques. Perceba que a
intensidade dessa oscilação, segundo Viana (2012) e Gonçalves (2013), depende
da estratégia da empresa (maiores ou menores compras) e das demandas do
mercado. Por esse motivo, uma previsão adequada das vendas pode garantir
o correto processo logístico de suprimento de matérias-primas, produção e
armazenagem de produtos acabados.
Caxito et al. (2014) e Novaes (2015) destacam que, com a difusão das
compras via Internet, os clientes têm dado preferência para a comodidade e a
facilidade nos processos de aquisição de produtos e serviços. Por isso, os autores
salientam que é preciso que as organizações, para se manterem competitivas,
avaliem rapidamente quais aspectos os seus clientes, tanto atuais como em
potencial, consideram como importantes nos serviços logísticos oferecidos,
para que se possa desenvolver estratégias proativas, que estejam alinhadas às
necessidades desses consumidores.
Caxito et al. (2014) e Novaes (2015) apontam algumas ações que vêm sendo
apresentadas para solucionar essas questões. Com destaque, apontam-se os
acordos de níveis de serviço (ANS), que são utilizados para avaliar de forma
mais detalhada os indicadores e níveis de serviço firmados entre os clientes
e os vendedores.

Visibilidade dos custos logísticos


É evidente que a apuração dos custos logísticos é uma parte fundamental da
gestão de qualquer tipo de negócio, seja um pequeno negócio ou uma grande
corporação. O que muda, de acordo com o ramo de atuação, segundo Viana
(2012), Gonçalves (2013) e Dias (2015), é a distribuição dos custos, depen-
dendo do tipo de produto.
Nas organizações que atuam no setor de e-commerce, por exemplo, um dos
gastos principais é representado pela logística. Desse modo, fazer a gestão de
custos logísticos é importante para que os gestores tenham conhecimento sobre
os custos envolvidos nas operações. Como benefícios dessa gestão, autores
como Novaes (2015) e Dias (2015) apontam os seguintes.

 Aumento da lucratividade: quando uma organização pretende aumentar


os seus resultados, podem ser adotadas duas possibilidades — vender
mais, aumentando a entrada de receitas, ou reduzir os custos. Porém,
Gestão de custos logísticos 7

destaca-se que a segunda opção (reduzir custos) depende de reorgani-


zações internas. Extinguir gastos desnecessários e encontrar meios de
economizar na operação logística concebe resultados mais lucrativos e
permite a revisão dos preços, para torná-los mais competitivos no mercado.
 Redução de riscos: a desorganização financeira é um dos principais
riscos para a gestão de uma empresa. Nota-se que, quando não há
visibilidade sobre a movimentação de recursos (entrada e saída de
valores), torna-se difícil desenvolver um planejamento financeiro e
manter o equilíbrio do funcionamento da organização. Essa situação
é ainda mais visível na operação de transportes, pois esta exige um
controle confiável para evitar desperdícios.
 Melhoria da produtividade: a redução de custos envolve diretamente
a reformulação de rotinas de trabalho, com o objetivo de realinhar as
atividades e reduzir gastos. Ao aprofundar essa avaliação, pode-se
identificar oportunidades de melhoria importantes. Com essa noção,
a tomada de decisão em relação às melhorias fica direcionada e pode
proporcionar maior redução de custos, sem prejudicar a qualidade dos
serviços prestados. Nesse contexto, consegue-se aumentar a eficiência
das atividades, ampliando o atendimento dos clientes e tornando a
organização mais competitiva no seu mercado de atuação.

A partir desses tópicos, entende-se a necessidade de colocar o gerencia-


mento dos custos logísticos em prática. Para Novaes (2015), e Souza e Moraes
(2017), é imprescindível identificar os gastos da organização, em função de
melhorar a performance financeira. Por isso, surge a necessidade de se planejar
e controlar esses gastos por meio de uma gestão eficaz, eficiente e efetiva.
Nesse sentido, os autores observam que é necessário estudar a estrutura
dos custos, separando e identificando a participação de cada um dos gastos
totais da organização em um determinado período, acompanhando a evolução
dos processos. Essa análise, para auxiliar em uma maior visibilidade dos
estoques, pode ser dividida em:

 suprimentos — custo de aquisição;


 gestão de estoque — armazenagem (operacional), estoques (imobili-
zado), ruptura (perda) e embalagens;
 transporte — entregas (operacional) e gestão de documentos;
 gestão da frota — aquisição de veículos e manutenção;
 custos administrativos — mão de obra e material auxiliar;
 custos financeiros — investimentos em melhorias operacionais.
8 Gestão de custos logísticos

Para melhorar a visibilidade desses custos logísticos, Souza, Moraes (2017) e


Martins (2018) sugerem que o gestor busque o entendimento das metodologias
de custeio, que são métodos que auxiliam a organização a definir o preço
de venda dos serviços, separando os custos fixos dos variáveis e definindo a
participação desses custos na formação do preço final. Os autores apontam
três métodos de custeio a serem avaliados:

 Custeio por absorção: consiste na apropriação de todos os custos


(fixos e variáveis, diretos e indiretos) causados pelo uso dos recursos
voltados para a prestação dos serviços. Esses gastos são distribuídos
entre as demandas atendidas.
 Custeio variável: o custo final do serviço está relacionado à soma dos
custos variáveis dividida pela produção (demandas atendidas), enquanto
os custos fixos são considerados diretamente no resultado do exercício.
 Custeio ABC: está relacionado às atividades que a organização realiza
no processo de produção de seus produtos.

Outra questão importante para o gestor avaliar sobre a gestão dos custos
está ligada à utilização de centros de distribuição na operação logística.
Sua proposta possibilita a entrega dos pedidos de forma ágil. Desse modo,
segundo Novaes (2015), o gestor aproveita a sua localização privilegiada para
facilitar o acesso aos clientes. Essa alternativa auxilia na descentralização
do gerenciamento das entregas em diversas unidades, onde os produtos são
armazenados e, na sequência, despachados para o consumidor, conforme sua
necessidade.
Nesse contexto, o gerenciamento dos custos logísticos é importante, con-
forme aponta Gonçalves (2013) e Novaes (2015), para que a organização possa
tornar seus processos mais enxutos e, ao mesmo tempo, rentáveis. Isso porque
o gerenciamento influencia na formação do preço dos serviços, atraindo mais
clientes para a empresa. Essa boa administração auxilia a garantir não só a
continuidade da organização, mas também o seu sucesso perante o cliente.

Planejamento tributário em logística


O planejamento tributário, conforme apontam Souza e Moraes (2017), é
um meio legal para as organizações reduzirem de forma planejada a carga
tributária aplicada nas atividades. Com isso, pretende-se gerar economia a
partir de avaliações e redefinições do posicionamento estratégico.
Gestão de custos logísticos 9

Pelo viés do planejamento organizado, entende-se que é possível utilizar meios legais
para reduzir o pagamento de tributos, enquadrando a organização e as operações em
condições favoráveis, entendendo e tirando proveito dos benefícios que a legislação oferece.

Com o planejamento tributário, segundo Martins (2018), e Souza e Moraes


(2017), as organizações avaliam e optam pelo regime de tributação adequado,
observando as atividades realizadas. Desse modo, o gestor precisa, junto à
sua equipe, pesquisar e conhecer as melhores opções para a empresa e como
é possível aproveitá-las. Ao não avaliar esses aspectos, entende-se que o
gestor pode trazer resultados negativos para o negócio, elevando os custos
operacionais sem necessidade.
Assim como a folha de pagamentos e a aquisição dos produtos, dentre
os maiores gastos de uma organização estão os custos logísticos, conforme
aponta Crepaldi (2018), pois abrangem não só os custos com fretes, mas tam-
bém com tributos, como ICMS, PIS, Cofins e outras cobranças feitas sobre
esses serviços. Além disso, também se tem custos tributários relacionados
ao armazenamento dos produtos, como o ISSQN e os encargos trabalhistas.
Novaes (2015), Souza e Moraes (2017) destacam que, com a carga tributária
alta do Brasil, surge a necessidade de se buscar meios legais que reduzam esses
custos, gerando impactos menores nos resultados da organização e aumentando
a margem de contribuição. Esse é o papel do planejamento tributário.

Se uma empresa decide que é necessária a abertura de um novo centro de distri-


buição, precisa do suporte do planejamento tributário para realizar uma tomada
de decisão adequada, avaliando os percentuais tributados em cada estado e os
incentivos fiscais oferecidos pelos governos. Também é fundamental avaliar a capa-
cidade de escoamento da carga, a proximidade dos clientes, dentre outros pontos
complementares para a logística.
10 Gestão de custos logísticos

Com os estudos dos gestores sobre esses aspectos estando bem alinhados,
é possível, segundo Dias (2015) e Novaes (2015), obter a redução dos custos,
ao mesmo tempo em que se otimizam as operações, pois as ações necessárias
são tomadas sob o ponto de vista não só da logística, mas também das obri-
gações fiscais. Novaes (2015), Souza e Moraes (2017) observam que existem
gerenciamentos de logística inadequados, no qual os gestores não possuem
informações adequadas sobre as questões fiscais para tomar decisões com
segurança. Nesses casos, algumas oportunidades de se obter isenções e outras
estratégias tributárias podem passar despercebidas.
Nesse sentido, os autores destacam que é preciso reunir as áreas de logística
e fiscal para fazer o planejamento em conjunto, obtendo decisões mais acertadas
e, a partir disso, elaborar um plano de ação futuro, pois algumas mudanças
nas obrigatoriedades podem ocorrer ao longo do tempo. São exemplos dessas
situações as trocas de documentos físicos pelos eletrônicos e digitais — como
CTe, MDFe e CIOT —, bem como a possibilidade de haver aumento na co-
brança de algumas taxas.
Desse modo, Souza e Moraes (2017) salientam que um dos focos do plane-
jamento tributário é garantir que a organização consiga elaborar avaliações,
antecipar-se às ameaças e às oportunidades e se programar para tomar decisões
adequadas e agir conforme a legislação — que constantemente é atualizada.
Com essa perspectiva, entende-se a necessidade de formar uma equipe com
profissionais qualificados, para conhecer tanto a complexidade das operações
logísticas como o funcionamento do regime tributário aplicado à organização.
Nessa equipe, precisam estar envolvidos gestores, contadores, advogados e,
até mesmo, alguns consultores, se for necessário.
Souza e Moraes (2017) destacam que o planejamento tributário bem estru-
turado pode trazer resultados benéficos para as operações organizacionais.
Entretanto, é preciso avaliar com cuidado para não cometer erros ou aproveitar
os benefícios utilizando métodos equivocados, pois isso pode levar a multas
severas. Por outro lado, se bem planejado e executado, o planejamento tributário
pode garantir os benefícios elencados a seguir.

 Redução dos custos operacionais: esse é um dos principais benefícios,


sendo um dos focos do planejamento tributário — reduzir o custo que
o pagamento de tributos gera para o negócio.
 Tomada de decisão mais acertada: com a definição de quais cenários
são mais favoráveis para a organização, muitas decisões são tomadas
com mais eficácia, embasadas em estudos e análises sólidas. Por exem-
plo, ao abrir uma nova filial ou instalar um novo centro de distribuição.
Gestão de custos logísticos 11

 Aprimoramento dos resultados : por meio da melhoria no processo de to-


mada de decisão, acompanhada da redução dos custos gerenciais, alcança-
-se um desempenho aprimorado, tanto operacional quanto financeiro.
 Possibilidade de gerar novos investimentos: um dos benefícios
significativos ao diminuir o peso da tributação e alcançar a redução
de custos é que a economia causada pode ser destinada à realização
de novos investimentos, relacionados à tecnologia, à expansão e a
outras melhorias no negócio.

Também é observado pelos autores que é possível aproveitar essa redução


de tributos para reavaliar e tornar os preços melhores para os clientes, o que
pode proporcionar uma maior alavancagem para as vendas, aumentando o
faturamento e atraindo novos consumidores. Isso também gera o aumento
da vantagem competitiva do negócio perante o mercado, permitindo que a
empresa se destaque dos concorrentes.
Resumidamente, entende-se que o planejamento tributário e a logística
estão interligados diretamente, pois a logística é uma área onerosa por natu-
reza, que pode ser aperfeiçoada e ter os custos reduzidos caso as equipes, ao
trabalharem em conjunto, consigam alinhar os objetivos operacionais com os
benefícios e as isenções permitidas pelo governo.

CAXITO, F. et al. Logística: um enfoque prático. São Paulo: Saraiva, 2014.


CHING, H. Y. Gestão de estoques na cadeia de logística integrada: supply chain. 4. ed.
São Paulo: Atlas, 2014.
CREPALDI, S. A. Curso básico de contabilidade de custos. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2018.
DIAS, M. A. Administração de materiais. São Paulo: Atlas, 2015.
GONÇALVES, P. S. Administração de materiais: obtendo vantagens competitivas. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2013.
MARTINS, E. Contabilidade de custos. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2018.
NOVAES, A. G. Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição: estratégia, operação
e avaliação. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
SOUZA, F. A.; MORAES, M. H. Logística tributária e fiscal: aspectos fiscais e tributários no
cotidiano das operações logísticas. 2. ed. São Paulo: Editora Mag, 2017.
VIANA, J. J. Administração de materiais. São Paulo: Atlas, 2012.
DICA DO PROFESSOR

O gerenciamento das organizações busca constantemente aumentar seus lucros, e um dos


desafios está em conquistar por meio de maior efetividade na gestão dos seus custos logísticos,
desenvolvendo um planejamento tributário adequado a sua organização.

Nesta Dica do Professor, você vai ver questões relacionadas ao planejamento tributário para que
o gestor possa entender os regimes tributários existentes e como ele poderá utilizar essas
informações para obter resultados positivos para a organização, conhecendo os principais
benefícios de um planejamento tributário eficaz.
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EXERCÍCIOS

1) Para os gestores, é importante identificar as necessidades, as expectativas e os desejos


dos consumidores, por isso, mensurar os níveis de serviços logísticos é importante.

Nesse sentido, entre os níveis de serviços logísticos consideram-se como alguns dos
indicadores importantes:

A) Melhorar o serviço para a produção, serviços de urgência, resolução de reclamações, etc.

B) Políticas de devolução, procedimentos de cobrança, proteção contra as tecnologias


adversas, etc.

C) Tempo médio de entrega, variabilidade do tempo de entrega, informações sobre o


atendimento do pedido (rastreabilidade), etc.

D) Avaliação de tecnologias ineficientes, flexibilidade do sistema, serviços técnicos, etc.


E) Nível de produção, reposição temporária do produto durante reparos, relatório de não
conformidades, etc.

2) Na gestão dos custos logísticos, uma previsão adequada das vendas pode garantir o
correto processo logístico. Mediante a isso, a logística tem um papel importante e
decisivo para a manutenção dos clientes; como destaque, sabe-se que é preciso
mensurar o nível de serviço logístico, e isso incide em:

A) processar as funções de montagem e transformação.

B) avaliar o ciclo do pedido, analisando desde a recepção do pedido até a entrega ao cliente.

C) averiguar as ações de devoluções da assistência técnica e outros tipos de apoio ao cliente.

D) identificar cálculos de responsabilidade das organizações antes de chegar ao consumidor


final.

E) criar estratégias proativas de produção e transformação de produto.

3) Para atender às demandas da logística, as organizações classificam os estoques que


podem dar um suporte adequado, conforme a necessidade da organização. Diante do
exposto, existem tipos diferenciados de estoques, dentre os quais destacam-se estoque
de segurança, de matéria-prima, produto semiacabado, produto acabado e em
trânsito.

Esses tipos de estoque auxiliam as organizações:

A) na separação dos custos de fabricação.

B) na análise dos custos por centros de distribuição e tempo de entrega.


C) nas flutuações dos níveis de estoque.

D) em produzir mantendo estoques altos.

E) em identificar pontos favoráveis para a entrada de novos produtos.

4) Para se obter uma visibilidade maior na estruturação dos custos logísticos é possível
fazer uma divisão por área.

Sugere-se, assim, dividir os custos em:

A) investimentos em melhorias, terceirização dos serviços logísticos e distribuição geográfica.

B) organizações públicas e empresas privadas.

C) suprimentos, gestão de estoque, transporte, gestão da frota, custos administrativos e custos


financeiros.

D) operadores logísticos, processo logístico, terceirização, gestão de frota e custos


financeiros.

E) mudanças em logística, produtos comercializados, quebras de produtos e custos da


organização.

5) O planejamento tributário é um meio legal para as organizações reduzirem de forma


planejada a carga tributária aplicada nas atividades, portanto, na análise gerencial,
um planejamento tributário eficaz pode trazer benefícios como:

A) a diminuição dos prejuízos, uma análise na composição dos custos totais do processo
produtivo e do processo de vendas.
B) redução dos custos operacionais, tomada de decisão mais acertada, aprimoramento dos
resultados e possibilidade de gerar novos investimentos.

C) impacto nesses fatores negativos, pois considera questões relacionadas somente


à manufatura.

D) proporciona o aumento dos tributos que são influenciados pela diversificação dos produtos
e processos.

E) a gestão dos tributos na logística proporciona lucros para o fabricante somente.

NA PRÁTICA

Um grande desafio para os gestores de logística está em mensurar os resultados logísticos para
que sejam tomadas decisões estratégicas que proporcionem para a empresa agilidade,
mantendo os padrões de qualidade no qual a empresa se propõe.

Neste Na Prática, você vai ver o meio de redução de custos que proporcionou agilidade para a
loja de departamentos ACME, por meio de uma movimentação de produtos de vestuário mais
adequada e ágil. O gestor, ao acompanhar a agilidade proporcionada pelo investimento,
percebeu que é preciso desenvolver ações com uma visibilidade de longo prazo, as
quais proporcionem melhores resultados logísticos para a organização.
SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Gestão de custos da logística verde: análise exploratória das contribuições empírico-


teóricas de pesquisa

Este estudo teve como objetivo analisar as contribuições empírico-teóricas da pesquisa em


gestão de custos da logística verde. Os principais resultados indicam que as contribuições da
pesquisa em gestão de custos da logística verde estão relacionadas: ao custo de implantação de
tecnologias avançadas de produção; à gestão de compras e de estoques e as fontes alternativas
de fornecimento de produtos; às informações de custos, com relação ao valor agregado e valor
não agregado de forma sistemática, fornecida pelo custeio baseado em atividades (ABC); à
gestão dos impactos ambientais negativos do transporte de mercadorias; e à implementação de
uma gestão da cadeia de abastecimento verde.

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Gestão de processos logísticos para otimização de resultados em empresas de transporte


rodoviário de cargas

O objetivo deste trabalho é otimizar a gestão de processos logísticos de empresas de transporte


rodoviário de cargas. Nesse contexto, esse trabalho visa a apresentação de formas de estruturar
um bom sistema de gestão, além de como obter informações gerenciais que ajudem a otimizar
os resultados operacionais e financeiros de uma empresa de transporte rodoviário de cargas.

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Mensuração dos custos logísticos: estudo de caso em uma indústria gráfica

O objetivo deste artigo é investigar como ocorre a mensuração dos custos logísticos em uma
indústria gráfica que reestruturou sua área de logística. Os principais achados indicam que
a reestruturação da área de logística realizada pela empresa demandou o mapeamento das
atividades e a mensuração dos respectivos custos.

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Indicadores de desempenho na logística

APRESENTAÇÃO

Identificar os principais indicadores de um processo logístico torna-se importante para que a


organização consiga compreender os resultados de atuação de sua empresa, além de auxiliar o
gestor a tomar decisões proativas em relação aos indicadores diagnosticados. Esses indicadores
devem estar relacionados às necessidades reais da empresa, de modo que realmente sirvam de
apoio à gestão.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você conhecerá os indicadores de desempenho logístico.


Além disso, aprenderá os conceitos de Balanced Scorecard, conhecido também como BSC,
além de alguns de seus indicadores relacionados à logística.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Definir os principais indicadores de desempenho logístico.


• Definir Balanced Scorecard (BSC).
• Analisar os indicadores de desempenho logístico pela perspectiva do Balanced Scorecard.

DESAFIO

O Balanced Scorecard (BSC) tem como objetivo desenvolver indicadores que sejam coerentes
com as necessidades da empresa. Neste sentido, as perspectivas importantes apresentadas por
Kaplan e Nortan (2008) avaliam questões financeiras, de aprendizado, de processos internos e
do cliente.
Você faz parte da equipe de Andreia e, ao saber da notícia, quais dos indicadores financeiros
apresentados você consideraria importante para a empresa utilizar? Justifique a sua resposta.

INFOGRÁFICO

É de extrema importância o inter-relacionamento dos indicadores com a logística. O gestor


precisa avaliar, dentro dos indicadores apresentados, quais seriam os mais indicados.

Dentro desse processo, as organizações podem utilizar o Balanced Scorecard (BSC) para gerir e
nortear sua equipe nas suas tomadas de decisões. Ao avaliar e interpretar as perspectivas do
BSC, o gestor, juntamente com a equipe, obterá um domínio diferenciado, identificando qual, ou
quais, das perspectivas precisam de ações estratégicas.

Neste Infográfico, você vai ver a união dos indicadores logísticos e o BSC.
CONTEÚDO DO LIVRO

Na busca de gerenciar de forma eficaz a logística, desenvolvem-se os indicadores de


desempenho focados na logística. O gestor, ao monitorar essas informações, consegue
identificar problemas no monitoramento das ações logísticas, seus limites, ações supérfluas e
quais são importantes para agilizar o nível de serviço, mantendo a qualidade oferecida ao
cliente.

No capítulo Indicadores de desempenho na logística, do livro Gestão de custos, riscos e perdas,


base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender a definir os principais
indicadores de desempenho logístico, definir Balanced Scorecard (BSC) e analisar os
indicadores de desempenho logístico pela perspectiva do BSC.

Boa leitura.
GESTÃO DE CUSTOS,
RISCOS E PERDAS

Zaida Cristiane dos Reis


Indicadores de
desempenho na logística
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Definir os principais indicadores de desempenho logístico.


 Definir balanced scorecard.
 Analisar os indicadores de desempenho logístico pela perspectiva
do balanced scorecard.

Introdução
A gestão da logística como um todo é sempre desafiadora, pois envolve
as gestões interna e externa, abrangendo tanto o atendimento interno
da organização quanto as ações externas, isto é, a entrega e a satisfação
do consumidor final.
Nessa busca por gerenciar a logística de forma eficaz, desenvolvem-se
inúmeras melhorias, a partir da análise de dados relevantes para essa gestão.
Nesse ponto, surgem os indicadores de desempenho focados na logística,
que vão mensurar e refletir as ações de logística da empresa. O gestor, ao
monitorar essas informações, consegue identificar gargalos, limites, ações
supérfluas e ações que são importantes para agilizar o nível de serviço,
mantendo a qualidade oferecida ao cliente.
Neste capítulo, você vai estudar quais são os indicadores de desem-
penho relacionados à logística e qual é a sua importância, verificando
também o conceito de balanced scorecard (BSC) e os indicadores rela-
cionados a essa metodologia.

Principais indicadores de desempenho logístico


Segundo Dias (2015) e Novaes (2015), os indicadores de desempenho,
também chamados de indicadores-chave de desempenho (KPIs, do inglês
2 Indicadores de desempenho na logística

key performance indicator), são meios de mensurar os resultados de uma


organização, sendo considerados importantes para a análise dos processos
logísticos. Nesse sentido, conforme apontam Ching (2014) e Novaes (2015),
os indicadores são utilizados para medir o nível de serviço da logística,
apresentando situações complexas observadas na sua gestão.
Os autores complementam que a definição dos indicadores logísticos está
diretamente ligada ao tipo de negócio, visto que um indicador pode ser impor-
tante para uma empresa e, para outra, não ser tão significativo. Geralmente, a
organização, ao definir essas questões, leva em conta o estoque, o transporte
e a segurança de cargas.
Como exemplo, se considerarmos que uma empresa utiliza o modal de
transporte rodoviário, é importante avaliar como indicadores de desempenho
as taxas de atrasos e a taxa de problemas com a carga, como acidentes, avarias,
entre outros. Outro exemplo, citado por Novaes (2015), refere-se a grandes
volumes de materiais no estoque e/ou itens com muito valor agregado. A
preocupação, nesse sentido, está relacionada com o volume de estoque ao
final do dia ou o número de movimentações realizadas, procurando reduzir
perdas e desvios.
Segundo Ching (2014) e Novaes (2015), é importante que os KPIs sejam
formados com base em duas características:

 devem ser simples e de fácil entendimento;


 devem ser importantes para o negócio.

Tendo como base essas características, entende-se que as informações


serão coletadas da forma mais adequada.
Viana (2012), Gonçalves (2015) e Dias (2015) observam que os indicadores
logísticos são importantes para qualquer tipo de organização que se compro-
meta em oferecer uma logística de qualidade e com melhoria contínua. Veja,
a seguir, os benefícios dos investimentos em indicadores logísticos.

 Identificação dos gargalos de qualidade — por exemplo, se um dos


indicadores trabalhados está relacionado com a taxa de entregas atrasadas,
e esse número está acima do esperado, percebe-se que há um problema,
um gargalo no processo de entrega. Nesse contexto, cabe ao gestor avaliar
se a rota está mal planejada, se o veículo é inadequado ou, ainda, se o
roteiro de entrega é maior do que a organização tem condições reais de
atender. Destaca-se que qualquer um desses motivos aponta um gargalo
de qualidade que, a partir do indicador, pode ser avaliado e melhorado.
Indicadores de desempenho na logística 3

 Melhora dos resultados logísticos — com a identificação dos gargalos


de qualidade, é possível aumentar a qualidade dos serviços de logística,
respectivamente.
 Apoio à tomada de decisão — os indicadores auxiliam a fornecer
informações para a gestão; com dados coletados de forma concreta
e sendo relevantes, será possível direcionar de forma estruturada a
logística. Desenvolvendo esses indicadores, o gestor consegue trabalhar
de forma mais assertiva, aprimorando as ações estratégicas e gerando
vantagens competitivas.
 Favorecimento da segurança — o controle dos indicadores de desem-
penho para logística também favorece a segurança de todo o processo,
visto que um indicador de estoque pode ajudar a evitar perdas, desvios
ou faturamentos incorretos, ou, ainda, um indicador relacionado à carga
pode auxiliar em roteiros melhores, que evitem roubos, por exemplo,
que são um grande problema no transporte rodoviário.
 Aumento da satisfação do consumidor — não é o uso dos indicadores
que vai gerar impacto direto ao cliente final, porém, a análise dos
resultados e, principalmente, as tomadas de decisões com base nesses
indicadores podem influenciar no aumento do nível de qualidade da
logística. Como exemplo, observa-se que, em uma empresa com taxas de
entrega melhores, efetivas e otimizadas, mais clientes estão recebendo
os produtos dentro do prazo agendado, ficando mais satisfeitos com a
prestação do serviço pela organização.
 Aumento da capacidade de atendimento — a maior eficiência na
logística se converte em redução de custos, e o gestor passa a ter mais
recursos para investimentos, resultando em atendimentos em maior
escala, com mais qualidade nos processos, conquistando mais espaço
no mercado.

Ainda, os autores salientam que, com o monitoramento constante desses


indicadores, é possível investir em melhorias, como uso de softwares de gestão
de logística, treinamento de funcionários ou, ainda, aplicação de códigos de
barras para controlar a entrada e a saída do estoque, entre outros recursos.
Percebe-se que esses benefícios favorecem uma logística mais eficaz, eficiente,
barata e produtiva, e com um número de erros e atrasos menor, consequente-
mente refletindo em custos menores.
Dentre os principais indicadores logísticos, segundo Ching (2014) e Novaes
(2015), podemos apontar:
4 Indicadores de desempenho na logística

 Acuracidade de inventário — relacionada à gestão do estoque na


organização. Segundo Viana (2012), quanto maior for essa acuraci-
dade, melhor será a coerência entre as informações do estoque físico
(quantidades de itens) e do contábil (dados contidos no sistema). Esse
indicador é desenvolvido a partir dos resultados dos balanços internos,
identificando falhas relacionadas a extravios, avarias, obsolescências
internas, entre outras. Viana (2012) salienta que acompanhar os resul-
tados do inventário é importante para que a gestão possa dimensionar
os problemas oriundos da falta de organização e avaliar quais ações
são importantes para serem resolvidas. Além disso, as informações
sobre estoques no sistema são usadas em várias áreas, por exemplo:
verificação da disponibilidade (pelo setor de vendas), análise do volume
de saídas (para a gestão de compras), entre outros.
 Nível médio de estoque — auxilia no acompanhamento das quantidades
médias disponíveis de cada item, procurando evitar excessos ou faltas de
produtos. Nesse sentido, é preciso fazer um estudo do nível adequado,
analisando a demanda, o prazo médio de entrega dos fornecedores, o
índice de produtividade e a disponibilidade dos itens. Essas informa-
ções precisam ser monitoradas constantemente, para que o estoque
seja harmônico com a realidade da empresa, visto que estoques altos
proporcionam maiores custos operacionais e aumentam as chances de
haver perdas e avarias. Já as faltas comprometem o atendimento de pe-
didos e as perdas nas vendas, causando insatisfação perante os clientes.
 Índice de atendimento de pedidos — esse indicador avalia o percentual
de pedidos realizados que são atendidos conforme o estoque disponível,
ou seja, a capacidade de atender às demandas solicitadas. Nesse contexto,
Dias (2015) e Novaes (2015) apontam que, quanto maior o percentual,
mais próximo da realidade da empresa os estoques estarão; com isso,
reduzem-se as chances de perder vendas por falta de itens.
 Nível de serviço de entrega — com esse indicador, é possível mensurar
qual o percentual de entregas realizadas no prazo, com relação ao total
de pedidos enviados no mesmo período. Novaes (2015) destaca que
se esse indicador estiver acima do esperado, é sinal de que existem
dificuldades na gestão de transporte, abrangendo desde a roteirização
até a ineficiência do operador logístico (caso o serviço seja terceirizado)
e afetando diretamente a satisfação do cliente.
 Índice de avarias e extravios — mensura as avarias — como amassado,
arranhão e quebra —, ocasionadas em algum momento na movimentação
da carga, tanto no manuseio como no transporte. O extravio é quando
Indicadores de desempenho na logística 5

a carga “desaparece” antes que chegue ao seu destino final, criando


descontentamento e reclamações dos clientes. Por isso, é fundamental
monitorar, identificar as causas e tomar providências rápidas e eficazes,
pois essas questões refletem em prejuízo financeiro.
 Lead time do pedido — esse indicador, segundo Viana (2012) e Novaes
(2015), acompanha o tempo total que o processo de um cliente leva
para ser concluído, desde que a sua solicitação é gerada pelo vendedor
até a hora em que ela é entregue. Esse indicador abrange o prazo de
transporte e de etapas internas, identificando falhas e possibilitando a
tomada de ações proativas.
 Custos logísticos — como indicadores dos principais custos logísticos,
pode-se citar: custo de frete sobre as vendas, custo de frete por pedido,
custo das avarias e extravios, custo de re-entregas, custo de devoluções
e custo das perdas de estoque.

Entre autores como Viana (2012), Gonçalves (2015), Ching (2014), Dias
(2015) e Novaes (2015), percebe-se que há um consenso em afirmar que os
indicadores de desempenho da logística são fundamentais para o gerenciamento
dos negócios, desde que estejam focados nas necessidades da organização.

Balanced scorecard
A estruturação do planejamento estratégico organizacional requer a utili-
zação de ferramentas apropriadas para a sua efetiva execução. Nesse sentido,
uma das mais reconhecidas e utilizadas é a metodologia BSC, que organiza o
planejamento em uma relação de causa e efeito em quatro grandes perspectivas,
idealizadas por Kaplan e Norton (2008). Trata-se de uma ferramenta técnica
que estabelece a integração e o balanceamento dos principais indicadores de
desempenho de uma empresa.
Desse modo, o BSC foi desenvolvido para que o financeiro seja conse-
quência de outras perspectivas, que focam no cliente, para o atendimento da
missão e da visão organizacional. Por meio de metas e indicadores tangíveis,
esse modelo tem o propósito de traduzir a missão e a estratégia das organiza-
ções, conforme apontam Kaplan e Norton (2008). Nesse sentido, os autores
salientam que as medidas representam o equilíbrio entre os indicadores de
satisfação externa (voltados para acionistas e clientes) e as medidas internas
dos processos-chave de negócios empresariais, como a inovação, o aprendizado
e o crescimento.
6 Indicadores de desempenho na logística

Na elaboração do mapa estratégico do BSC empresarial, Kaplan e Norton


(2008), Silva (2012) e Herrero Filho (2018) destacam que as empresas definem
em quais segmentos de mercado vão competir e quais clientes são o foco da
conquista. Assim, a visão de futuro e o caminho para se chegar lá ficam perfei-
tamente entendidos. Silva (2012) completa, afirmando que o mapa do BSC é a
“luz” que orienta as estratégias da empresa para o alcance dos objetivos traçados.
Nesse sentido, os relatórios do mapa do BSC, nas quatro perspectivas de
Kaplan e Norton, devem estar visíveis a todos os funcionários e gestores da
organização, permitindo, no dia a dia, a orientação necessária para que os
objetivos e metas sejam atingidos. Ou seja, o BSC, para chegar à eficácia,
precisa ser compreendido por todos que participam da organização.
Existem softwares que podem ser usados para o BSC e estão disponíveis
on-line, mas o importante é que as decisões estratégicas estejam ao alcance de
todos, para um desempenho de elevada qualidade. Desse modo, não adianta
a organização utilizar um programa, se este não for entendido e não auxiliar
na tomada de decisões do planejamento estratégico.
Segundo Silva (2012), seguir as orientações expressas nos planos de execu-
ção de iniciativas estratégicas é o caminho do sucesso, em que as oportunidades
de contribuição de cada indicador de desempenho se unem para a excelência dos
objetivos. O BSC é estruturado e baseado em quatro perspectivas: financeira,
de clientes, de processos internos e de aprendizado/crescimento, conforme
mostra a Figura 1.

Figura 1. Perspectivas do BSC.


Fonte: http://www.gcom.com.br (Adaptado 2020).
Indicadores de desempenho na logística 7

Essas quatro perspectivas, segundo Kaplan e Norton (2008), Silva (2012) e


Herrero Filho (2018), precisam estar em perfeita harmonia, inter-relacionadas
com objetivos e indicadores, em um fluxo de causa e efeito, tendo como base
de sustentação a perspectiva do aprendizado e crescimento, culminando na
perspectiva financeira. Para gerenciar de forma adequada o BSC, é preciso
compreender a importância da estruturação do BSC de Kaplan e Norton (2008)
nessas quatro grandes perspectivas.

 Perspectiva financeira — descreve os resultados tangíveis da estratégia


por meio de critérios de avaliação comuns, dentre os quais se destacam:
■ retorno sobre o investimento;
■ valor econômico agregado;
■ lucro operacional;
■ receita por cliente;
■ custo.

Os objetivos financeiros, segundo os autores, servem de foco para os


bjetivos e as medidas das outras perspectivas do scorecard. O scorecard, na
concepção de Silva (2012) e Herrero Filho (2018), deve contar a história da
estratégia e executá-la, começando por objetivos financeiros de longo prazo e
relacionando-os, depois, com uma sequência de ações assertivas que precisam
ser tomadas em relação aos processos financeiros.

 Perspectiva do cliente — nessa perspectiva do BSC, as empresas


identificam os segmentos de clientes e mercados nos quais desejam
competir. Esses segmentos representam as fontes que vão produzir
o componente de receita dos objetivos financeiros da empresa. Ela
permite que as empresas alinhem suas medidas essenciais de resultados
relacionadas aos clientes, para a sua satisfação, fidelização, retenção
e lucratividade — com segmentos específicos de clientes e mercado,
conforme apontam Kaplan e Norton (2008).
 Perspectiva de processos internos — para os autores, a derivação
de objetivos e medidas para a perspectiva dos processos internos é
uma das principais diferenças entre o BSC e os sistemas tradicionais
de medição de desempenho. As tendências mais recentes reforçam a
importância de medir o desempenho dos processos de negócios, como
atendimento de pedidos, compras, planejamento e controle de produção,
que atravessam vários departamentos organizacionais. Normalmente,
8 Indicadores de desempenho na logística

medidas de custo, qualidade, produtividade e tempo devem ser definidas


e avaliadas para esses processos
 Perspectiva de aprendizado e crescimento — os objetivos da pers-
pectiva de aprendizado e crescimento, segundo Kaplan e Norton (2008),
oferecem a infraestrutura que possibilita a consecução de objetivos
ambiciosos nas outras três perspectivas. Ou seja, os objetivos da pers-
pectiva de aprendizado e crescimento são os vetores de resultados
excelentes nas três primeiras perspectivas do scorecard.

As quatro perspectivas apontadas pelo BSC permitem ao gestor uma análise


contínua das estratégias. Na concepção de Silva (2012) e Herrero Filho (2018),
ao monitorar essas perspectivas, é possível mensurar de forma simultânea
situações financeiras e não financeiras, essenciais ao gestor para a tomada
de decisão com bases sólidas de informação, impactando em todos os níveis
hierárquicos da empresa.
Para esses autores, outro reflexo importante é o equilíbrio de indicadores
externos para acionistas e de indicadores internos de processos, inovação,
aprendizagem e crescimento, tanto para a avaliação dos resultados passados
como para projeções futuras. Além disso, essas perspectivas auxiliam na análise
de indicadores mensuráveis e indicadores subjetivos dentro da performance
da organização.

Indicadores de desempenho logístico


pela perspectiva do balanced scorecard
Como vimos, o BSC é uma metodologia desenvolvida por Kaplan e Norton,
professores de Harvard, em 1992, para medição da gestão do desempenho.
Resumidamente, o BSC pretende balancear a performance da organização,
colocando a empresa em um crescimento contínuo, tanto no âmbito econômico-
-financeiro como em processos internos, pessoais e de inovação e tecnologia.
A ideia, segundo Silva (2012) e Herrero Filho (2018), é encontrar equilíbrio
entre os objetivos de curto e médio prazo, olhando para os indicadores da
empresa como um todo. Nesse contexto, adaptando os indicadores do BSC
sob a ótica da logística, pode-se considerar os seguintes indicadores.

 Indicadores de perspectiva financeira: estes são indicadores que


mexem com o bolso do gestor ou dono do negócio. Ou seja, os indi-
cadores financeiros, segundo Silva (2012) e Herrero Filho (2018), têm
Indicadores de desempenho na logística 9

a capacidade de mostrar os resultados do seu negócio. Esse conceito


aplicado na logística se relaciona aos seguintes indicadores:
■ Custo operacional total — diz respeito ao setor de serviços, no qual
se encaixa o transporte rodoviário de cargas, que, segundo Gonçalves
(2015), tem um custo operacional alto na indústria e no comércio.
Isso justifica que se desenvolva um indicador de custo operacional
total, fazendo avaliações mensais e trimestrais.
■ Percentual da mão de obra no custo total — assim como o custo
operacional total é um dos indicadores mais importantes, avaliar
se o percentual de custo com mão de obra, conforme Dias (2015),
está tendo variação mês a mês é igualmente importante, visto que
o custo com mão de obra é considerado o mais alto dentre os custos
operacionais da logística.
■ Percentual do custo com contratação de terceiros — percebe-se
como uma prática adotada por transportadoras a contratação de
caminhoneiros autônomos para fazer fretes. Novaes (2015) destaca
que o controle de gastos de terceiros (nesse caso, os caminhoneiros
autônomos) é também muito importante, devendo-se ter os mesmos
cuidados dispensados aos funcionários contratados.
■ Margem de contribuição — esse indicador apresenta quanto sobra
todo mês, depois de tirar os custos variáveis. Conforme explica
Martins (2018), esse valor, também chamado de lucro bruto, precisa
ser aplicado no pagamento dos custos fixos e dos impostos; a sobra
desses pagamentos será o lucro da empresa.
■ Resultado operacional total — conhecer o resultado operacional
da sua organização todo mês é fundamental, pois, segundo Sardinha
(2013), ele mostra se sua empresa é sustentável ou não. Nota-se que
muitos gestores se perdem quando fazem os seus controles, pois
misturam as receitas e as despesas operacionais com aquelas que
não estão relacionadas com a operação; por exemplo, o pagamento
do financiamento da frota.
■ Retorno sobre o investimento (ROI) — em uma transportadora,
o ROI geralmente é realizado individualmente com cada veículo da
frota, mas isso não impede que seja feito o ROI da empresa como um
todo também. O ROI é especialmente importante, segundo Martins
(2018), se a organização está planejando fazer um investimento,
como a aquisição de um novo caminhão, pois, com esse indicador,
é possível simular qual será o percentual de retorno dentro de um
período de tempo e se ele parece interessante ou não.
10 Indicadores de desempenho na logística

■ Receita em R$ pelo peso da carga — esse indicador tem o objetivo


de mostrar todos os meses, veículo a veículo, qual é o faturamento
por quilo transportado, com o objetivo de avaliar os veículos mais
produtivos. Esse tipo de avaliação pode trazer informações que auxi-
liam a decidir a continuidade ou não de um determinado caminhão.
■ Gastos com combustível em relação ao faturamento — nota-se
que o custo com combustíveis, de um modo geral, segundo Calixto
et al. (2014) e Novaes (2015), é um dos custos mais importantes de
uma transportadora. Assim, o gestor de logística precisa estar atento
à relação entre o faturamento e os gastos com combustíveis, para se
manter equilibrado.
■ Inadimplência — torna-se difícil manter a excelência em serviços
se a maioria dos seus clientes não cumpre com a sua parte de paga-
mentos. Por esse motivo, o gestor precisa estar atento e acompanhar
esse indicador, para evitar surpresas que prejudiquem os lucros da
organização.

 Indicadores de perspectiva do cliente: para Silva (2012) e Herrero


Filho (2018), é preciso monitorar de perto a relação com o cliente; nesse
sentido, utilizar indicadores é fundamental. Veja alguns exemplos:
■ Percentual de entregas com avarias — cargas com avarias, segundo
Gonçalves (2015) e Novaes (2015), podem representar um grande
problema para o cliente, muitas vezes exigindo parar o processo
produtivo para resolver esse quesito. Por isso, deve-se utilizar um
indicador de percentual de avarias sobre o total de cargas transpor-
tadas por mês.
■ Não conformidade (re-entregas, devoluções) — alguns tipos de
carga, conforme apontam Calixto et al. (2014) e Novaes (2015), podem
chegar com problemas, ou seja, fora dos padrões exigidos pelo cliente,
gerando devoluções. Entende-se que, ao medir a não conformidade, é
possível entender melhor o funcionamento dos processos relacionados
ao canal de distribuição, ao caminhão e até ao motorista.
■ Tempo de espera para a resolução de problemas — esse indicador
pode auxiliar na gestão da equipe, para identificar pontos de melhorias
no atendimento.
■ Tempo de espera para receber informações sobre serviços pres-
tados — esse indicador auxilia a gestão a monitorar se o cliente
tem a informação da sua carga em tempo real, o que pode deixar o
cliente mais satisfeito.
Indicadores de desempenho na logística 11

■ Pesquisa de satisfação dos clientes — este é considerado um indi-


cador clássico, mas fundamental para extrair informações do cliente
sobre a empresa.

 Indicadores de processos internos: avaliar os processos internos,


conforme Silva (2012) e Herrero Filho (2018) destacam, é importante
para avaliar e estruturar a organização como um todo. Diante disso,
alguns indicadores importantes são:
■ Percentual de entregas feitas na data prometida e atrasos — na
logística de transportes, é comum ocorrerem imprevistos que oca-
sionam atrasos. Porém, como apontam Viana (2012) e Calixto et al.
(2014), tais fatos não podem dar origem a uma cultura de atrasos por
motivos que poderiam ser resolvidos, o que justifica esse indicador
para auxiliar nesse monitoramento.
■ Tempo entre o pedido e o recebimento das mercadorias — avaliar
o tempo entre o pedido e o recebimento das mercadorias, conforme
apontado por Dias (2015) e Novaes (2015), torna-se importante,
principalmente, quando se trabalha com diferentes tipos de merca-
dorias e clientes fixos.
■ Condições especiais de entrega — esse indicador pode auxiliar no
entendimento do faturamento total, verificando-se quanto é gasto
com entregas urgentes, embalagem de transporte especial, entregas
noturnas, entre outros.
■ Controle da ociosidade dos carros — um indicador que auxilie
a monitorar a ociosidade média dos veículos, mensalmente, pode
auxiliar o gestor a estimar perdas de receita.
■ Valor médio das entregas realizadas no mês — esse indicador pode
auxiliar o gestor a avaliar se a empresa está cobrando menos pelos seus
fretes, se um veículo de grande porte está sendo subutilizado com cargas
menores, se há ociosidade nos veículos grandes, entre outros aspectos.
■ Multas por quilômetro rodado — o objetivo desse indicador, cal-
culado mensalmente, é auxiliar a gestão a mostrar um problema de
gerenciamento de motoristas — talvez a falta de treinamento.

 Indicadores de aprendizado e crescimento: os indicadores de aprendizado


e crescimento, conforme apontam Kaplan e Norton (2008), Silva (2012) e
Herrero Filho (2018), são importantes para guiar a empresa na continuidade
do negócio. Nesse sentido, como indicadores, é possível utilizar:
12 Indicadores de desempenho na logística

■ Clima organizacional — medir a satisfação dos empregados é im-


portante para a gestão, pois pode impactar no atendimento do cliente.
Entende-se que uma equipe mais satisfeita vai se comprometer mais
e, consequentemente, trazer mais resultados positivos.
■ Tempo de lançamento de novos serviços — muitas vezes, ações simples
de inovação em serviços podem impactar positivamente junto ao cliente.
Os indicadores apresentados anteriormente podem ser considerados nortea-
dores, para se entender melhor a organização no que tange à gestão da logística e
capacitá-la para torná-la mais proativa. No BSC, Norton e Kaplan (2008) orientam
para a sintetização dos indicadores dentro das perspectivas, em uma planilha, para
que tanto o gestor como a organização possam gerenciá-los de forma mais prática.

BEZERRA, F. Balanced score card (BSC): análise e aplicação. Portal Administração, 2014.
Disponível em: http://www.portal-administracao.com/2014/03/o-que-e-balanced-
-scorecard-bsc.html. Acesso em: 10 abr. 2019.
CAXITO, F. et al. Logística: um enfoque prático. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
CHING, H. Y. Gestão de estoques na cadeia de logística integrada: supply chain. 4. ed.
São Paulo: Atlas, 2014.
DIAS, M. A. Administração de materiais: uma abordagem logística. 6. ed. São Paulo:
Atlas, 2015.
GONÇALVES, P. S. Administração de materiais: obtendo vantagens competitivas. Rio de
Janeiro: Elsevier-Campus, 2015.
HERRERO FILHO, E. Balanced scorecard e a gestão estratégica: uma abordagem prática.
Rio de Janeiro: Alta Books, 2018.
KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. A execução premium. Rio de Janeiro: Elsevier-Campus, 2008.
MARTINS, E. Contabilidade de custos. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2018.
NOVAES, A. G. Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição: estratégia, operação
e avaliação. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier-Campus, 2015.
SARDINHA, J. C. Formação de preço: uma abordagem prática por meio da análise custo.
São Paulo: Atlas, 2013.
SILVA, R. Balanced Scorecard: gestão do ensino superior, gestão profissionalizada e
qualidade de ensino para instituições de ensino superior privado. Curitiba: Juruá, 2012.
VIANA, J. J. Administração de materiais. São Paulo: Atlas, 2012.
BSC - Balanced Scorecard. Disponível em: http://www.gcom.com.br/cloud/Home/
BSC.aspx#. Acesso em: 06 de Jun. 2020.
DICA DO PROFESSOR

As decisões sobre os indicadores adequados para a empresa estão atreladas ao tipo de negócio
no qual a organização está inserida. O gestor precisa pesquisar, conhecer e entender sobre
indicadores, para então tomar a decisão de quais são importantes para a sua avaliação e,
simultaneamente a isso, monitorá-los e utilizá-los como norteadores das suas tomadas de
decisões.

Nesta Dica do Professor, você vai ver alguns direcionadores importantes para o bom
acompanhamento do gestor sobre os indicadores.
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EXERCÍCIOS

1) Sabe-se que os indicadores de desempenho são meios de mensurar os resultados de


uma organização, por isso, eles são aplicados na empresa para:

A) analisar somente processos produtivos.

B) apresentar situações simples da organização.

C) tornar a empresa mais passiva.

D) proteger ações estratégias dos concorrentes.

E) medir o nível de serviço dos distintos processos.

2) Os indicadores logísticos são importantes para qualquer tipo de organização que se


compromete em oferecer uma logística de qualidade e com melhoria contínua.
Sendo assim, como benefícios dos investimentos em indicadores logísticos, destacam-
se:

A) os pontos de pico de produção.

B) os resultados insatisfatórios na gestão dos clientes.

C) o apoio ao setor financeiro.

D) o favorecimento da segurança.

E) a capacidade de atendimento ao fabricante.

3) Sabe-se que o Balanced Scorecard é estruturado e baseado em quatro perspectivas,


sendo elas: perspectiva do aprendizado e crescimento, perspectiva dos processos
internos, perspectiva dos clientes e perspectiva financeira.

Mediante a essas perspectivas, é possível identificar que:

A) as perspectivas de aprendizado e crescimento estão relacionadas ao desempenho dos


processos de produção, logística, qualidade, medidas de custo e tempo, etc.

B) a perspectiva dos processos internos descreve os resultados palpáveis da estratégia, sendo


geradora do foco para os objetivos das demais perspectivas.

C) a perspectiva financeira é uma ferramenta que traduz o ponto de equilíbrio por meio de
objetivos, metas e indicadores, buscando a interação e o equilíbrio entre os principais
indicadores de desempenho da empresa.

D) a perspectiva de processos internos oferece a base que possibilita atingir os objetivos das
demais perspectivas.
E) a perspectiva de clientes alinha medidas para o alcance de resultados identificando
segmentos específicos de clientes e mercado.

4) Os indicadores de perspectiva financeira apontam o desempenho financeiro da


empresa, apresentando ao gestor onde ele está gastando o dinheiro da organização.

Nesse sentido, eles:

A) podem estar relacionados ao custo operacional total e ao retorno sobre o investimento.

B) têm a capacidade de mostrar os resultados do negócio para o cliente e o fornecedor.

C) fazem parte do clima organizacional da empresa, nem sempre sendo avaliados


corretamente.

D) incidem no aprendizado da organização, porém, precisam ser monitorados pela gestão.

E) cuidam dos processos internos da empresa, sem avaliar os processos do macroambiente.

5) Os indicadores de aprendizado e crescimento são importantes para guiar a empresa


na continuidade do negócio.

Sendo assim, quais são os indicadores importantes para esse gerenciamento?

A) Clima organizacional, pois mede a satisfação do cliente em relação à empresa, mas não
aponta métodos de gestão satisfatórios.

B) Satisfação do cliente, para medir a satisfação dos empregados em relação à gestão,


impactando na cultura organizacional da organização.

C) Tempo de lançamento de novos serviços, pois ações simples de inovação em serviços


podem impactar positivamente junto ao cliente.
D) Custo operacional total, o qual apresenta os gastos e as despesas gerais da organização,
porém, dificulta a formação do preço de venda da empresa.

E) Margem de contribuição, visto que avalia a ganho do fornecedor em relação ao cliente,


sem absorver dificuldades inerentes ao processo fabril.

NA PRÁTICA

Uma pesquisa realizada por estudantes do The Logistics Institute da Georgia Tech University,
avaliou 139 empresas americanas, apontando que um dos principais desafios na gestão
do Centro de Distribuições nos Estados Unidos está relacionado ao alto turnover (rotatividade)
da mão de obra, que alcançou uma média de 16%.

Nessa pesquisa, participaram empresas como Avon, BAX Global, Coca-Cola, DHL Solutions,
Direct TV, Disneyland, Eagle Global Logistics, Fuji Photo Film, GlaxoSmithKline, Intel,
Lucent, Merial, Mobil, Novartis, Pernod Ricard, UPS, etc.

Neste Na Prática, você vai ver os indicadores logísticos aplicados em um centro de distribuição
no Brasil.
SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Mensuração e análise de desempenho logístico em sistema de estoque gerenciado pelo


fornecedor e cadeia de suprimentos em três níveis

Este artigo destina-se à mensuração de desempenho de problemas integrados de roteirização e


estoque em uma cadeia de suprimentos com três níveis, consistindo em uma base, um
fornecedor (depósito) e um conjunto de clientes dispersos geograficamente. Experimentos
computacionais realizados sob diferentes cenários permitiram observar um limitante para
ganhos de escala no custo de transporte, além de um padrão constante de estocagem dos clientes
independentemente da política de distribuição adotada.

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Balanced Scorecard aplicado ao desenvolvimento gerencial

Este trabalho objetiva mostrar como funciona um programa de desempenho, baseado nas teorias
do Balanced Scorecard e KPIs (Key Performance Indicators). Esta pesquisa contém dados que
mostram o desempenho das unidades, em que, mês após mês, estabelecem-se metas
desafiadoras, objetivando a melhoria contínua nos processos e na satisfação do cliente.

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Tecnologias de informação e
comunicação (TICs) aplicada à gestão de
custos

APRESENTAÇÃO

A tecnologia de informação e comunicação (TIC) facilita a gestão dos processos logísticos e


reduz custos, porém, deve-se tomar cuidado ao decidir por quais sistemas implantar. Seu custo é
relativamente alto, entretanto, o resultado obtido é ainda maior desde que se escolha o sistema
correto para o tipo de negócio.

A TIC não é um privilégio apenas da logística, então, é preciso optar por um sistema que
permita a integração com os demais sistemas da empresa e dos parceiros da cadeia logística.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você conhecerá um pouco mais sobre as tecnologistas de


informação e comunicação. Além disso, verá como o uso dessa tecnologia está mudando a
forma de gestão dos processos logísticos.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Descrever as principais TICs utilizadas na logística.


• Esquematizar os custos das TICs.
• Analisar como as TICs podem otimizar os custos em logística.

DESAFIO

Para um melhor aproveitamento das operações de armazenagem, o uso do código de barras e da


tecnologia de radiofrequência fazem toda a diferença quando do rastreio da carga e de
informações ligadas ao lote de produção, entre outras informações.
Você foi convidado a participar de uma reunião na qual o tema discutido será maneiras de
solucionar os problemas apontados. Considerando os processos da empresa, quais sugestões
você poderia dar durante a reunião?

INFOGRÁFICO

O sistema de gerenciamento de armazenagem WMS atua como um banco de dados, no qual toda
a movimentação de produtos dentro de um armazém é registrada instantaneamente.

Neste Infográfico, você vai ver algumas das principais funções do WMS.
CONTEÚDO DO LIVRO

Em um mercado tão acirrado, fica quase impossível ter sucesso sem o uso de tecnologia de
informação e comunicação (TIC). Felizmente, as TICs não são um privilégio apenas para as
grandes corporações, visto que a cada dia cresce o número de micro e pequenas empresas, as
quais investem em tecnologia da informação.

No capítulo Tecnologias de informação e comunicação (TICs) aplicada à gestão de custos, da


obra Gestão de custos, riscos e perdas, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você vai
ver as principais TICs utilizadas na logística. Além disso, vai conhecer os principais custos na
implantação dessa tecnologia.

Boa leitura.
GESTÃO DE
CUSTOS, RISCOS
E PERDAS

Isis Boostel
Tecnologias de informação
e comunicação (TICs)
aplicadas à gestão de custos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Descrever as principais TICs utilizadas na logística.


 Esquematizar os custos das TICs.
 Analisar como as TICs podem otimizar os custos em logística.

Introdução
A indústria está vivenciando mais uma grande revolução, graças aos avanços
em tecnologia e comunicação. Essas mudanças impactam significati-
vamente a maneira de se fazer e gerenciar a logística. Hoje, é possível
acompanhar em tempo real todos os processos logísticos, inclusive aqueles
que são realizados externamente, como o transporte de cargas. Os gestores
contam com ferramentas poderosas, que transmitem informações com alta
confiabilidade e agilidade para auxiliá-los na gestão logística.
Neste capítulo, você vai estudar as principais tecnologias de informa-
ção e comunicação aplicadas à logística. Você também vai identificar os
principais custos na implantação dessas tecnologias e vai avaliar como
elas podem otimizar os custos da logística.

Principais tecnologias de informação


e comunicação utilizadas na logística
Segundo Pozo (2015), as tecnologias de informação e comunicação (TICs)
são um facilitador que deve ser usado para superar as barreiras entre fabrican-
tes, atacadistas e varejistas. A gestão dos negócios e a reposição de produtos
2 Tecnologias de informação e comunicação (TICs) aplicadas à gestão de custos

são cada vez mais dependentes de informações precisas, visando a garantir


eficiência e eficácia aos serviços prestados ao cliente.
De acordo com Ballou (2006, p. 133), “O sistema de informação logística
precisa ser abrangente e ter a capacidade suficiente para permitir a comuni-
cação não apenas entre as áreas funcionais da empresa (marketing, produção,
finanças, logística, etc.) mas também entre os membros do canal de suprimentos
(vendedores e clientes)”. O compartilhamento de informações contribui para
diminuir incertezas ao longo da cadeia de suprimentos.
A Figura 1 esquematiza um sistema de informação logística. Nele, pode-
mos perceber que as informações não ficam restritas ao ambiente interno da
empresa. Há uma divisão desse sistema logístico em três subsistemas, que são:

 sistema de gerenciamento de pedidos (SGP);


 sistema de gerenciamento de armazém (SGA);
 sistema de gerenciamento de transporte (SGT).

Figura 1. Visão geral do sistema de informação logística.


Fonte: Ballou (2006, p. 134).

Sistema de gerenciamento de armazém (SGA)


O SGA, ou WMS, do inglês warehouse managament system, é um software que
gerencia o espaço, os equipamentos de movimentação, as pessoas e o estoque
Tecnologias de informação e comunicação (TICs) aplicadas à gestão de custos 3

de um armazém, gerando um aumento de produtividade e, consequentemente,


a redução de custos em todos os processos de um centro de distribuição. Graças
a esse sistema, é possível obter agilidade nos processos, desde o recebimento de
um produto até sua expedição, aumentando a confiabilidade de cada etapa e ga-
rantindo, assim, agilidade e maior índice de satisfação no atendimento ao cliente.
O WMS otimiza as atividades e o fluxo de informações utilizando um
sistema de inteligência artificial, diminuindo o uso de operações envolvendo
a capacidade individual do colaborador. A operação desse sistema consiste
em um banco de dados onde são registradas todas as movimentações dentro
do armazém, por meio de sensores, códigos de barras, leitores, identificação
por radiofrequência (RFID, do inglês radio-frequency identification), etc.
Entre as principais funções do WMS, podemos destacar:

 recebimento e conferência;
 armazenagem e separação;
 movimentação;
 reabastecimento;
 expedição

Sistema de gerenciamento de pedidos (SGP)


As vendas por meio de e-commerce têm aumentado a cada ano. Graças às TICs,
os clientes podem realizar compras sem se dirigir a um estabelecimento comercial.
É possível, ainda, realizar pesquisas de preço e verificar o índice de aprovação e
os comentários dos clientes sobre um determinado produto em poucos segundos.
O SGP é o primeiro passo para uma venda. Esse sistema verifica a dis-
ponibilidade do produto em estoque — ou a necessidade de este entrar em
produção para o atendimento do pedido —, estipula o prazo de entrega para o
cliente, monitora o pagamento da compra e, depois de confirmada a compra,
fornece informações ao cliente sobre o status do pedido. Podemos perceber
que esse sistema deve ser integrado aos demais sistemas, para repassar todas
as informações aos clientes com extrema exatidão.

Sistema de gerenciamento de transporte (SGT)


Também conhecido como TMS, do inglês transportation management system,
esse sistema melhora a qualidade e a produtividade do sistema de distribuição
de produtos. Segundo Ballou (2006), a principal função do SGT é auxiliar
no planejamento e no controle das atividades de transporte de uma empresa,
4 Tecnologias de informação e comunicação (TICs) aplicadas à gestão de custos

selecionando o modal de transporte, consolidando os fretes, planejando a rotei-


rização, programando os embarques, processando as reclamações, rastreando
os embarques e a movimentação e auditando os fretes.

Custos das tecnologias de informação


e comunicação
As TICs facilitam a gestão dos processos logísticos e reduzem custos; porém,
deve-se tomar cuidado ao decidir quais sistemas implantar. O custo desses
sistemas é relativamente alto, mas o resultado obtido é ainda maior, desde que
se escolha o sistema correto para o tipo de negócio.
As TICs não são um privilégio apenas da logística, então, é preciso optar
por um sistema que permita a integração com os demais sistemas da empresa e
dos parceiros da cadeia logística. O mercado oferece várias opções de sistemas,
desde os já definidos até os desenvolvidos para atender a um determinado
negócio. Deve-se tomar alguns cuidados no momento de escolher o fornecedor
do sistema, conforme apontado no Quadro 1.

Quadro 1. Pontos importantes para a escolha de um fornecedor de sistema

Uma empresa com menos de cinco anos de mercado


Tempo de mercado tem maior probabilidade de falir, portanto, é indicado
escolher empresas que estão há mais tempo no ramo.

É importante verificar a carteira de clientes e o por-


tfólio da empresa. Entre em contato com clientes, se
Quantidade e
possível, do mesmo ramo de atuação do seu negócio,
tipos de clientes
para avaliar os principais pontos do processo de im-
plementação e verificar o funcionamento do sistema.

Verifique se o fornecedor está usando as melhores fer-


Atualização
ramentas do mercado e se tem uma equipe capacitada.

Faça também uma visita ao fornecedor para avaliar as


Estrutura
instalações e a estrutura.

Situação financeira Pesquise se o fornecedor tem algum protesto.

Observe a clareza nas informações sobre os serviços


Contrato
contratados.
Tecnologias de informação e comunicação (TICs) aplicadas à gestão de custos 5

Canuto e Giuzio Junior (2009, p. 77) dizem que “[...] para proceder à es-
colha de um fornecedor de software temos que imaginar uma analogia com
um casamento, porque o custo de implementação ou mesmo a troca de um
fornecedor, é incalculável”.
Por fim, é preciso avaliar os custos da implantação do sistema. Entre
eles, podemos destacar os seguintes.

 Licença de uso: para uma empresa ter o direito de utilizar um software,


é necessário adquirir uma licença vitalícia, por meio da compra de um
sistema de gerenciamento, ou simplesmente alugá-lo, pagando valores
mensal ou anualmente. Os valores variam de acordo com o tempo que a
empresa deseja utilizar o sistema. O mais recomendável é adquirir uma
licença por um determinado período, para avaliar a compatibilidade
do sistema aos processos logísticos da empresa, e, após o período de
testes, avaliar se é viável adquirir ou alugar o sistema.
 Custos de manutenção e suporte: todo sistema de informação sempre
passará por atualizações para garantir o correto funcionamento do mesmo,
ou até mesmo para melhorá-lo e corrigir erros que vêm a surgir com o
tempo. Esse custo varia de acordo com o nível de suporte que a empresa
contratante deseja ter. Algumas licenças garantem um suporte imediato
a qualquer momento, enquanto outras oferecem um suporte mais básico.
 Treinamento: operar um sistema de informação requer que os colabora-
dores estejam ambientados ao funcionamento do mesmo. O treinamento
pode ser ministrado nas dependências do fornecedor ou mesmo na
própria empresa.
 Hardware: dependendo da complexibilidade do sistema, serão exigidos
computadores com uma melhor capacidade de processamento de dados. Há
ainda a necessidade de investimento em ferramentas como leitores ópticos
de códigos de barras, tags de radiofrequência, impressoras, rádios, tablets,
rastreadores, equipamentos de telemetria, computadores de bordo, etc.
 Estrutura: é necessária toda uma estrutura de cabeamento, internet e
antenas. Existe, ainda, a possibilidade de se utilizar máquinas e equi-
pamentos de movimentação automatizados.
 Mão de obra: dependendo do porte da empresa, será necessário ter-
ceirizar ou ter no quadro de funcionários uma equipe de profissionais
da área de tecnologia da informação capacitada para resolver ou extrair
do suporte informações necessárias para solucionar qualquer problema
que o sistema venha a apresentar.
6 Tecnologias de informação e comunicação (TICs) aplicadas à gestão de custos

Existe a possibilidade de uma empresa comprar ou alugar um sistema de


informação que permite adquirir novos módulos posteriormente. Dessa forma,
o investimento inicial será menor; de acordo com as necessidades e condições
financeiras da empresa, serão incorporadas novas plataformas ao sistema de
informação e comunicação.

Como as tecnologias de informação


e comunicação podem otimizar os custos
em logística
As TICs são aplicadas em toda a cadeia de suprimentos, e seu uso de forma
conectada tende a otimizar o custo em toda a operação. Vejamos a seguir os
principais sistemas que otimizam as operações de logística.

Vendor managed inventory (VMI)


Entre as várias tecnologias que permitem a otimização de custos nas atividades
das organizações, o VMI (vendor managed inventory), ou gerenciamento do
inventário do fornecedor, permite maior controle do volume de estoque e de
sua reposição no momento certo.
Segundo Yu et al. (2013), o VMI permite ao fornecedor acesso ao sistema de
vendas de sua rede de varejo, possibilitando o controle ideal do nível de estoque,
a fim de que sua operação seja eficiente. O VMI, por meio da disponibilização de
dados, permite a toda a cadeia de suprimentos criar um ciclo de abastecimento com-
partilhado, que permita a redução dos níveis de insumos e do capital imobilizado.
Dong, Dresner e Yao (2014) afirmam que o VMI traz benefícios por meio do
compartilhamento de informações entre os envolvidos e do controle dos dados.
É necessário um processo de transparência e confiança entre os parceiros,
uma vez que ocorre o acesso a informações importantes da operação, como
demanda de consumo dos produtos, giro do estoque, entre outras.
Além dos benefícios citados acima, podemos destacar:

 melhoria do nível de serviço ao cliente, pois a chance de ter seu produto


de preferência nas gôndolas aumenta com a sincronização de dados;
 redução de custos com transporte, uma vez que a distribuição pode ser
melhor coordenada entre os parceiros;
 aumento do lucro nas operações, haja vista que, com o uso do VMI, a
perda de vendas será diminuída;
Tecnologias de informação e comunicação (TICs) aplicadas à gestão de custos 7

 redução de estoques;
 consolidação de entregas.

No entanto, é importante que o fornecedor que passa a ser responsável


pelo ressuprimento automático controle o tempo do pedido e o tamanho do
lote de produtos, a fim de otimizar a conciliação da carga para as entregas.
Faz-se necessário analisar a complexidade e os desafios que existem ao abrir
os dados de sua organização para que terceiros tenham acesso. Por isso, ter
uma relação de parceria e confiança entre fornecedor e varejista é primordial
para que a implementação do VMI seja bem-sucedida. O Quadro 2 apresenta
alguns fatores ligados à implementação do VMI, com base em Silva (2010).

Quadro 2. Fatores críticos, barreiras, sucessos e fracassos na implementação do VMI

Fatores críticos Barreiras Sucessos Fracassos

Compartilhamento, Falta de preparo Melhorias dos níveis 30-40% conse-


disponibilidade, em conectar de serviço, dimi- guem alguns
confiabilidade, informações de nuição de pedidos benefícios e 20-
precisão, facili- demanda ao seu emergenciais e 30% não geram
dade de acesso e programa de pro- erros em pedidos, resultado
consistência das dução e controle avanços no controle
informações de inventários da cadeia e redu-
ções de inventário

Confiança Falta de processos Melhorias nos níveis Faixa muito


que integrem as de serviço, depois estreita entre
informações no controle da ca- os níveis máxi-
deia de suprimento mos e mínimos
e, por fim, em redu- acordados
ções de custos

Credibilidade Incertezas quanto Aumento nos níveis Relutância


aos benefícios de serviço e redu- entre as partes
potenciais do VMI ção de lead times quanto à troca de
informações

Benevolência Possibilidade de Garantia de ven- Pouco interesse


vazar informações das, aumento na para produtos
cruciais margem de lucro e comuns
diminuição em cus-
tos de transportes

(Continua)
8 Tecnologias de informação e comunicação (TICs) aplicadas à gestão de custos

(Continuação)

Quadro 2. Fatores críticos, barreiras, sucessos e fracassos na implementação do VMI

Fatores críticos Barreiras Sucessos Fracassos

Qualidade de TI Alto nível de erros 30–40% das Baixa frequência


e distorções nas implantações VMI de interação
informações atingem grandes
benefícios

Qualidade da Padronização na Número limitado Aderência ao VMI


parceria identificação dos de associados por demanda/exi-
produtos estratégicos gência do cliente

Qualidade da Fornecedores Maior interesse


informação exclusivos ou que para produtos
possuam tecnolo- estratégicos
gias críticas

Fonte: Adaptado de Silva (2010).

Percebe se que o nível de maturidade dos participantes da cadeia de suprimentos


influencia diretamente na qualidade da operação, que exige esforço de tecnologia,
conhecimento da equipe envolvida e outras condições que estão fora da operação
interna das organizações, como a exigência, por parte do cliente, do uso do VMI.
Dessa forma, a análise estratégica do uso do VMI deve ser feita, a fim de que,
após estudos, os pontos positivos se sobreponham aos fatores críticos de seu uso.

Warehouse management system (WMS)


A implantação de um sistema WMS proporciona uma otimização do espaço físico
do armazém e reduz o tempo gasto em todas as etapas do armazenamento, aumen-
tando a rapidez da movimentação de produtos dentro do armazém e melhorando
de forma significativa a produtividade. Isso porque o sistema tende a eliminar
os passos improdutivos, controlando de forma mais eficaz a carga de trabalho.
Com a informatização, o operador do armazém ganha tempo na busca por um
determinado produto, devido ao alto nível de acurácia do inventário. Além disso,
a margem de erro em todo o processo diminui, diminuindo também o retrabalho
e, até mesmo, a chance de erro na expedição de um determinado produto.
Os impactos ambientais decorrentes do processo de armazenagem reduzem
consideravelmente, pois o uso do WMS reduz a quantidade de papel, já que
Tecnologias de informação e comunicação (TICs) aplicadas à gestão de custos 9

elimina inventários físicos, além de otimizar o uso de embalagens. Alguns


softwares possuem a função de dimensionamento de embalagem, identificando
a melhor maneira de acondicionar os produtos enviados ao cliente.
Podemos perceber na Figura 2 que o sistema WMS reduz o lead time e os
erros no processamento de pedidos, minimiza a mão de obra não produtiva,
melhora a utilização dos espaços e melhora a utilização dos equipamentos.
A consequência dessas melhorias é a redução de custos com mão de obra,
equipamento, espaço e falhas no processo de armazenagem.

Figura 2. Benefícios de um sistema WMS.


Fonte: Moura (2008, p. 165).

Identificação por radiofrequência (RFID)


Para melhor aproveitamento das operações de armazenagem, o uso do código
de barras e da tecnologia de rádio frequência (RFID) fazem toda a diferença
para o rastreio da carga e de informações ligadas ao lote de produção, dentre
outras informações. A tecnologia de RFID já existe há mais de 40 anos, mas
somente nos últimos anos tem se tornado relevante para o planejamento e a
inserção das operações logísticas em todo o mundo.
10 Tecnologias de informação e comunicação (TICs) aplicadas à gestão de custos

A tecnologia RFID consiste em chips semicondutores instalados nas eti-


quetas dos itens; esses chips identificam e fornecem dados para registro e
acompanhamento dos produtos durante a permanência de cada unidade nas
instalações da empresa, conforme leciona Costa (1996). As tags de RFID
aumentam a velocidade de leitura e processamento dos dados, reduzindo custos
nas operações logísticas que demandam identificação e rastreio da carga.
Segundo Kelepouris, Pramatari e Doukidis (2014), a RFID tem como premissa
tornar mais fácil e automática a identificação de itens em toda a operação logística;
aumentando a segurança e reduzindo o tempo e o custo dos processos, ela cria
grandes possibilidades para se estabelecer um sistema eficaz de rastreabilidade
de cargas. Para Bowersox, Closs e Cooper (2002), um dos mais importantes usos
da RFID é a identificação de contêineres, que estão presentes nas mais diversas
operações de logística, desde na armazenagem até no transporte de produtos.

Em 2005, grandes empresas como Procter & Gamble (P&G), Grupo Pão de Açúcar,
Chep, Gillette e Accenture, a fim de atestar a tecnologia, executaram um piloto para
análise da RFID nas suas operações. A RFID foi aplicada nas plantas produtiva dessas
empresas, que estão localizadas nas margens da via Anhanguera, no estado de São
Paulo. Para a operação, 1.000 paletes foram equipados com tags de RFID para estudo.
Na Figura 3, você pode analisar a localização das plantas produtivas das empresas
envolvidas na operação.

Figura 3. Localização das plantas e do centro de distribuição.


Fonte: PILOTO... (2005, documento on-line).
Tecnologias de informação e comunicação (TICs) aplicadas à gestão de custos 11

Depois de instaladas as tags de RFID, os paletes foram transportados desde a planta da


Gillette e da P&G até o centro de distribuição do Pão de Açúcar, que contava com portais
de leituras, que captavam informações dos produtos alocados nos paletes por meio das
tags instaladas. Os portais captavam as informações sem intervenção humana, por meio
de uma tag ativa, que, ao passar pelo portal, enviava por meio de ondas de radiofrequência
as informações contidas nas suas tags, como volume de produtos, lotes de produção, etc.
O estudo, que durou dois meses, apresentou os seguintes resultados:
 redução de 10% nos índices de ruptura de estoques nos centros de distribuição
do varejo e do fabricante;
 aumento de 3 a 12% na produtividade da força de trabalho;
 redução de 18 a 26% nas perdas de inventário;
 redução de 10% no custo de manutenção de estoque;
 redução de 2 a 5% nos retornos;
 redução de 10% no nível dos estoques e de 10% nos itens de baixo giro.
De acordo com o estudo, percebe se que o RFID traz resultados significativos para
a operação ligada à gestão de movimentação e armazenamento de cargas.

Hoje, após pilotos desenvolvidos em algumas indústrias, já é possível ver


tags sendo utilizadas em grandes redes de varejo ligadas à moda, como C&A,
Marisa, dentre outras, e em produtos com um valor agregado maior, como em
embalagens de protetor solar em grandes redes de farmácias. Com o uso em
alta escala, o custo da tecnologia cai, e, assim, mais empresas podem aderir
ao uso das tags, usufruindo de seus benefícios.

Blockchain na logística
O blockchain é uma tecnologia que permite acesso a um banco de dados, em
que as informações, ao serem lançadas, não podem ser modificadas. Essa
tecnologia é verificada no uso de criptomoedas (bitcoin), mas hoje já existem
também aplicações para vários segmentos da economia.
Segundo Ribeiro ([2017]), blockchain é um sistema que atua de modo
descentralizado, com uma base de dados que atua de forma descentralizada,
visando a garantir a segurança e a confiabilidade do dado, que não pode ser
alterado. Os envolvidos têm a responsabilidade de armazenar as informações.
Na logística não é diferente; todos os dias, milhares de operações de trans-
porte acontecem envolvendo várias organizações e transações de dados.
Gerenciar os dados e ter a segurança da informação permite a redução de
custos. As operações de produção podem ser beneficiadas com a segurança do
dado para abastecer as plantas produtivas, bem como o varejo, ao ter certeza
do abastecimento de sua operação.
12 Tecnologias de informação e comunicação (TICs) aplicadas à gestão de custos

O uso de blockchain busca dar visibilidade às informações e confiança


aos dados e permite a verificação dos lançamentos em ordem cronológica,
otimizando os processos e possibilitando confiabilidade nas transações. Ve-
rifique os exemplos apresentados na Figura 4 de uma operação de transporte
tradicional e de outra com o uso do blockchain.

Figura 4. Operação com blockchain.


Fonte: Blockchain... ([2018?], documento on-line).

Na operação utilizando a tecnologia de blockchain, todos os players vão ter


acesso à mesma rede e a informações em tempo real. Isso permite velocidade na
tomada de decisão e redução de custos, por meio da total integração de dados.

BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: logística empresarial. 5. ed.


Porto Alegre: Bookman, 2006.
BLOCKCHAIN na logística: como essa tecnologia revolucionará o mercado? Intelipost,
São Paulo, SP, [2018?]. Disponível em: https://www.intelipost.com.br/BLOCKCHAIN/.
Acesso em: 10 abr. 2019.
BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. J.; COOPER, M. B. Supply chain logistics management. New
York: McGraw-Hill, 2002.
CANUTO, S.; GIUZIO JUNIOR, R. Implementando ERP. São Paulo: LCTE, 2009.
COSTA, F. J. C. L. Introdução à administração de materiais em sistemas informatizados.
São Paulo: iEditora, 1996.
Tecnologias de informação e comunicação (TICs) aplicadas à gestão de custos 13

DONG, Y.; DRESNER, M.; YAO, Y. Beyond information sharing: an empirical analysis of
vendor-managed inventory. Production and Operations Management, [s. l.], v. 23, nº. 5,
p. 817–828, 2014.
KELEPOURIS, T.; PRAMATARI, K.; DOUKIDIS, G. RFID-enabled traceability in the food
supply chain. Industrial Management & Data Systems, [s. l.], v. 107, nº. 2, p. 183–200, 2007.
MOURA, R. A. Sistema e técnicas de movimentação e armazenagem de materiais. 6. ed.
São Paulo: Iman, 2008.
PILOTO RFID/EPC Brasil: a cadeia de suprimento do futuro. Rio de Janeiro: CDB — Pão
de Açúcar, 2005. Disponível em: http://doczz.com.br/doc/451703/piloto-rfid-epc-brasil--
-a-cadeia-de-suprimento-do-futuro. Acesso em: 10 abr. 2019.
POZO, H. Administração de recursos materiais e patrimoniais: uma abordagem logística.
7. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
RIBEIRO, S. L. Tecnologia Blockchain: aplicações e iniciativas. Campinas: CPQD, [2017].
SILVA, G. R. Desenvolvimento de um modelo de simulação para avaliação do desempenho
de uma cadeia de suprimentos do ramo de mineração através da adoção da parceria VMI
(Vendor Managed Inventory). 2010. 218 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de
Sistemas Logísticos) — Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.
YU, Y. et al. Optimal selection of retailers for a manufacturing vendor in a vendor
managed inventory system. European Journal of Operational Research, [s. l.], v. 225, p.
273–284, 2013.

Leitura recomendada
SERAPICOS, R. O impacto de Blockchain na cadeia de valor logística. Revista Logística
& Supply Chain, São Paulo, 2018. Disponível em: https://www.imam.com.br/logistica/
noticias/tecnologia-da-informacao/3273-o-impacto-de-Blockchain-na-cadeia-de-
-valor-logistica. Acesso em: 10 abr. 2019.
DICA DO PROFESSOR

Atualmente, vivencia-se a Quarta Revolução Industrial, na qual o foco é a utilização de


tecnologia da informação, comunicação e automação.
Neste novo modelo de indústria, a conectividade é a base de tudo, e a consequência é o aumento
na velocidade de todos os processos de uma empresa.

Nesta Dica do Professor, você vai ver operações com as tecnologias ligadas à indústria 4.0.

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EXERCÍCIOS

1) A tecnologia de informação e comunicação facilita a gestão dos processos logísticos e


reduz custos, porém, deve-se tomar cuidado ao decidir por quais sistemas implantar.

Assinale a alternativa correta referente aos cuidados que devem ser tomados ao
escolher um fornecedor de software.

A) Deve-se optar por empresas novas no mercado, de preferência com menos de 2 anos de
atuação.

B) É mais indicado encontrar um fornecedor com poucos clientes, assim, ele dará mais
suporte para a sua empresa.

C) Fazer contato com clientes ajuda a avaliar os principais passos para a implementação do
sistema.

D) Evite empresas antigas, pois a chance de falência destas é maior.

E) Evite fornecedores que já atendem empresas do mesmo ramo de negócio que o da sua
empresa.

2) Um sistema de informação e comunicação logístico é baseado em três subsistemas:


sistema de gerenciamento de pedidos (SGP), sistemas de gerenciamento de armazém
(SGA) e sistema de gerenciamento de transporte (SGT).

Analise as afirmações a seguir:

I. É possível destacar a distribuição como uma das principais funções do sistema de


gerenciamento de armazém.
II. A seleção dos modais de transporte é uma etapa do sistema de gerenciamento de
pedidos.
III. O sistema de gerenciamento de pedidos verifica a disponibilidade do produto no
estoque.

Quais afirmativas estão corretas?

A) As afirmativas I e III estão corretas.

B) As afirmativas II e III estão corretas.

C) As afirmativas I e II estão corretas.

D) Apenas a afirmativa II está correta.

E) Apenas a afirmativa III está correta.

3) O sistema de gerenciamento de armazém depende de ferramentas para efetuar a


leitura de sinas e, assim, transferir informações para o banco de dados. Um exemplo
desse sistema é a identificação por radiofrequência RFID.

Assinale a alternativa correta referente ao RFID.


A) Essa tecnologia foi descoberta na última década.

B) A tecnologia RFID é utilizada na logística há mais de 40 anos.

C) O sistema RFID realiza a leitura de códigos de barras.

D) As informações sobre os produtos são transmitidas por chips semicondutores.

E) O sistema RFID diminui a velocidade de leitura e interpretação de dados.

4) A blockchain é uma tecnologia de registro distribuído que visa a descentralização


como medida de segurança. São bases de registros e dados distribuídos e
compartilhados que têm a função de criar um índice global para todas as transações
que ocorrem em um determinado mercado.

Assinale V ou F nas alternativas a seguir:

( ) Na operação utilizando a tecnologia de blockchain, todos os envolvidos têm acesso


à mesma rede e às mesmas informações em tempo real.

( ) As informações do banco de dados acessadas por meio de blockchain podem ser


modificadas por qualquer empresa que tenha acesso a elas.

( ) Blockchain é um sistema que atua de modo centralizado com base de dados.

A alternativa que preenche corretamente os parênteses é:

A) V, F, F.

B) V, V, V.

C) F, F, F.
D) F, F, V.

E) V, F, V.

5) O sistema de informação logística é o software que interliga as atividades logísticas


em um processo integrado. Há uma divisão desse sistema logístico em 3 subsistemas,
que são: sistema de gerenciamento de pedidos (SGP), sistemas de gerenciamento de
armazém (SGA) e sistema de gerenciamento de transporte (SGT).

Assinale a alternativa a seguir que relaciona os subsistemas de gerenciamento


logístico com as funcionalidades de cada um deles.

1. Sistemas de gerenciamento de armazém.


2. Sistema de gerenciamento de pedidos.
3. Sistema de gerenciamento de transporte.

( ) Selecionando o modal de transporte.


( ) Gerencia equipamentos de movimentação.
( ) Estipula os prazos de entrega.

Qual é a sequência correta?

A) 1, 2, 3.

B) 3, 2, 1.

C) 3, 1, 2.

D) 2, 1, 3.

E) 1, 3, 2.

NA PRÁTICA
Graças ao uso da tecnologia da informação e comunicação, as empresas recebem informações
relevantes aos seus processos logísticos em tempo real. Dentro da logística, a aplicabilidade das
TICs vem se tornando indispensável, principalmente para as grandes empresas; os benefícios em
implantar a tecnologia são gigantescos, podendo destacar a melhora no atendimento ao cliente e
a redução de custos com processos logísticos.

A Ambev, maior cervejaria do mundo, vem investindo anualmente em soluções de TICs para
melhorar os processos de logística da empresa.

Neste Na Prática, você vai ver alguns dos sistemas implantados que permitem reduzir custos na
distribuição de produtos e melhorias no serviço prestado aos clientes, além de reduzir o número
de acidentes de trabalho nos armazéns.
SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

A revolução das entregas

Grandes operadores logísticos globais usam tecnologias como drones para inovar a entrega de
mercadorias. Veja a seguir.

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Sistema de realidade virtual Pick by Vision ajuda a Ford a controlar o almoxarifado

Veja como a tecnologia de realidade virtual funciona em um trabalho de almoxarifado.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

TICs — Tecnologias da informação e comunicação

TIC é um conjunto de recursos tecnológicos integrados entre si, que proporcionam, por meio das
funções de hardware, software e telecomunicações, a automação e a comunicação dos processos
de negócios, da pesquisa científica e de ensino-aprendizagem.

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Custos logísticos

APRESENTAÇÃO

A instabilidade econômica vivida pelo mundo, a alta competitividade de mercado e o aumento


na exigência dos clientes torna o gerenciamento de custos logísticos um importante passo para
medir a eficiência deste processo e garantir bons resultados para a empresa. Identificar os custos
logísticos e alocá-los de forma correta é um dos principais desafios dos gestores logísticos.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá aprender a identificar quais são os custos inerentes à
gestão logística, verá a importância da qualidade das informações e das boas práticas de
gerenciamento das informações sobre custos.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar quais são os custos inerentes à gestão logística.

• Explicar a importância da qualidade das informações na gestão logística.

• Reconhecer as boas práticas de gerenciamento das informações sobre custos.

DESAFIO

A assertividade na tomada de decisão depende muito da qualidade da informação obtida. O


gestor logístico busca o controle de planejamento das atividades logísticas equilibrando os
serviços aos clientes e os custos destas atividades.

Esse controle é baseado em informações obtidas por meio de auditorias e relatórios que
fornecem dados referentes à eficiência do sistema logístico e às metas estabelecidas para atingir
um desempenho satisfatório.
Baseado nestas informações, qual seria a sua estratégia para alavancar novamente as vendas e
aumentar a lucratividade da empresa?

INFOGRÁFICO

Os custos logísticos são variáveis de acordo com o segmento da empresa, porém existem
aspectos comuns a todas as organizações. Estes elementos vão desde o processamento do pedido
ao estoque da empresa.
Veja neste Infográfico todos os elementos dos custos logísticos.
CONTEÚDO DO LIVRO

Uma das principais dificuldades de um gestor é alocar corretamente os custos das operações e
compreender se estes custos são fixos ou variáveis, diretos ou indiretos. É nesse momento que a
qualidade da informação se torna imprescindível para uma análise acertada e um gerenciamento
de risco correto.

No capítulo Custos logísticos, do livro Gestão de Custos, Riscos e perdas, base teórica desta
Unidade de Aprendizagem, você aprenderá a identificar quais são os custos inerentes à gestão
logística, explicar a importância da qualidade das informações na gestão logística e reconhecer
as boas práticas de gerenciamento de informações sobre custos.
GESTÃO DE
CUSTOS, RISCOS E
PERDAS

Isis Boostel
Custos logísticos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar quais são os custos inerentes à gestão logística.


 Explicar a importância da qualidade das informações na gestão
logística.
 Reconhecer as boas práticas de gerenciamento das informações
sobre custos.

Introdução
No passado, a logística era vista com uma atividade de apoio para uma
empresa. Porém, nos últimos anos, identificou-se que a logística pode
ser empregada como diferencial da empresa, uma vez que os custos
com armazenamento e distribuição de produtos são elevados — então,
quando bem administrados, geram vantagem competitiva. O bom ge-
renciamento dos custos logísticos é fundamental para se obter eficiência
nos processos e garantir uma lucratividade adequada, visando a manter
a competitividade da empresa perante o mercado.
Neste capítulo, você vai estudar os custos da logística, verificando
a importância da qualidade das informações para a gestão logística e
identificando as boas práticas de gerenciamento de custos na logística.

Custos da gestão logística


Há dois caminhos para uma empresa aumentar a lucratividade. O primeiro
consiste em aumentar a entrada de receitas, ou seja, vender mais produtos
2 Custos logísticos

ou serviços. O segundo caminho é reduzir os custos nos processos da


empresa. A redução de custos permite à empresa revisar os preços dos seus
produtos e, dessa forma, tornar-se mais competitiva no mercado — assim,
as vendas tendem a aumentar.
Segundo Castiglioni (2014), uma das principais funções da logística é
justamente administrar os seus custos. Um dos principais trade-offs da lo-
gística é proporcionar o melhor nível de serviços no atendimento aos clientes
com o menor custo possível. É importante observar que, muitas vezes, é
o mercado que dita o preço do produto, devido à grande concorrência em
alguns segmentos, principalmente quando se trata de produtos que alcançam
o mercado internacional.

Trade-off significa o ato de escolher uma coisa em detrimento de outra. Ele consiste
em uma ação econômica que visa à resolução de um problema, mas dá origem a outro,
acarretando uma escolha. Ocorre quando se abre mão de algum bem ou serviço para
se obter outro bem ou serviço.

Segundo Ballou (2006), os custos logísticos são diretamente proporcionais


ao nível de serviço prestado ao cliente. De acordo com a Figura 1, quanto
melhor o serviço logístico no atendimento ao cliente, maior será o custo. O
cliente, quando compra um produto, espera recebê-lo o mais rápido possível.
Porém, atender esse cliente no momento esperado por ele tem um custo.
Percebemos muito esse conceito nos e-commerce, nos casos em que o
cliente tem várias opções de prazo de entrega, cada qual com um preço de
frete diferente. Além do cumprimento do prazo, o cliente espera também
receber o produto correto e em perfeito estado, sendo, assim, necessário o uso
de tecnologia para o processamento do pedido, além de custos adicionais com
embalagens que ofereçam maior proteção. Existe um ponto em que o lucro é
maximizado, e encontrá-lo é um grande desafio na gestão logística (Figura 1).
Custos logísticos 3

Figura 1. Compensações gerais nos custos/receitas em vários níveis dos serviços


logísticos ao cliente.
Fonte: Ballou (2006, p. 106).

Os custos logísticos são relacionados ao planejamento, à implementação


e ao controle de entrada e saída de produtos, sendo divididos em quatro ele-
mentos distintos:

 custo de processamento de pedidos;


 custo de transporte;
 custo de armazenagem;
 custo de estoque.

Castiglioni (2014) afirma que estudar cada elemento é importante para


encontrar informações relevantes para o dimensionamento dos custos de
uma empresa. Porém, a tomada de decisão deve levar em conta o impacto
nos custos totais, e não em cada elemento isolado, conforme mostra a
Figura 2.
4 Custos logísticos

Figura 2. Participação dos custos logísticos nos custos totais.


Fonte: Castiglioni (2014, p. 38).

Importância da qualidade das informações


na gestão logística
Os clientes exigem cada vez mais um melhor atendimento, mas, na maioria das
vezes, não estão dispostos a pagar mais por isso. Nesse contexto, a logística
exerce um papel fundamental para garantir a competitividade no atendimento
ao cliente e pode contribuir das seguintes formas:

 redução nos prazos de entrega;


 garantia de disponibilidade do produto;
 cumprimento dos prazos de entrega;
 facilitação do atendimento ao pedido.

Essa contribuição só será relevante caso haja exatidão nas informações


referentes à quantidade e à localização dos produtos em estoque. Daí a im-
portância de se manter um inventário de estoque atualizado e confiável. As
informações sobre o estoque são fundamentais no momento de a empresa
realizar alguma venda e estipular o prazo de entrega aos clientes.
Os prazos de entrega são reduzidos a partir do momento em que a empresa
tem a quantidade de produtos necessários para o atendimento ao pedido. Caso
não haja disponibilidade, será necessário produzir ou comprar mais produtos;
nesse momento, é imprescindível receber informações sobre a capacidade das
linhas de produção ou a disponibilidade dos fornecedores para reabastecerem
os estoques. Felizmente, hoje, as empresas contam com sistemas informati-
zados para gerenciar a entrada e a saída de produtos, aumentando, assim, a
confiabilidade no atendimento ao pedido.
Custos logísticos 5

Conhecer os custos dos processos é fundamental para a empresa estipular a sua


margem de lucro, controlar as suas operações e tomar decisões. Para alcançar esses
objetivos, as empresas precisam reunir informações de diversos departamentos, e a
imprecisão dessas informações compromete o planejamento empresarial.

Vale lembrar que o preço de venda de um produto deve ser suficiente


para cobrir os custos diretos para produção, como matéria-prima, bem como
despesas variáveis (impostos, comissões) e despesas fixas da empresa, como
aluguel, folha de pagamento, etc. É importante também ressaltar que o preço
de venda deve ser compatível com os praticados no mercado.
De acordo com Christopher (2018, p. 97), “Provavelmente, uma das razões
principais por que a adoção de uma abordagem integrada para gestão logística
e distribuição seja tão difícil para muitas empresas é a falta de informações
sobre custos adequados”. Segundo Castiglioni (2014, p. 25):

A má qualidade da informação de custos pode trazer uma série de distorções


no processo de tomada de decisão. Usualmente, são utilizadas informações
da contabilidade da empresa para fins gerenciais. No entanto, o fato destas
estarem direcionadas a um objetivo, sobretudo fiscais e com foco na produção,
pode prejudicar, ou mesmo inviabilizar, algumas análises gerenciais.

O gestor logístico busca o controle de planejamento das atividades logís-


ticas, equilibrando os serviços aos clientes e aos custos das atividades. Esse
controle é baseado em informações obtidas por meio de auditorias e relatórios,
que fornecem dados referentes à eficiência do sistema logístico e às metas
estabelecidas para atingir um desempenho satisfatório.
Uma quantidade excessiva de relatórios com informações sobre a gestão
logística nem sempre é uma boa prática, pois a quantidade de dados a serem
analisados pode dificultar a interpretação por parte do gestor logístico. Ballou
(2006) sugere três relatórios fundamentais para a gestão logística. Veja-os
a seguir.

 Relatórios de demonstração de custo-serviço: têm como objetivo apre-


sentar os custos de cada etapa da logística. Esses relatórios também
podem conter informações sobre os custos de anos anteriores.
6 Custos logísticos

 Relatório da produtividade: indica a eficiência das atividades logís-


ticas e pode ser baseado em indicadores que apontam a proporção
entre os custos logísticos e as vendas, os custos de cada atividade
em relação ao custo logístico total, os custos logísticos em relação
à média de custos dos concorrentes, o custo logístico em relação ao
orçamento, etc.
 Gráfico do desempenho: proporciona uma melhor observação dos
custos, dos serviços ao cliente e da produtividade. O uso de estatística
pode indicar o melhor momento para se empregar medidas corretivas.

A enorme complexibilidade de gerir a logística é amenizada com o uso


de tecnologias e inteligência artificial. O mercado oferece os mais variados
softwares, que garantem a qualidade das informações, proporcionando aná-
lises mais fidedignas. Dessa forma, o gestor consegue tomar decisões mais
favoráveis ao bom gerenciamento da logística.

Boas práticas de gerenciamento


das informações sobre custos
Segundo Christopher (2018), no que tange à redução de custos, uma das
principais oportunidades se dá no contexto externo, por meio da interação
com parceiros da cadeia de suprimentos, e não necessariamente dentro da
empresa. Christopher (2018) afirma ainda que trabalhar com os concorrentes
por meio de parcerias pode ser uma boa estratégia para a redução de custos.
Empresas, até mesmo as concorrentes, podem dividir um armazém ou um
meio de transporte de longas distâncias, o que, dessa forma, reduziria os
custos logísticos, não gerando desvantagem competitiva.
Fazer o benchmark com os custos de outras empresas do mesmo setor é
importante para avaliar a gestão de custos de uma empresa. Obter esses dados
na atualidade não é difícil, pois universidades, empresas de consultoria e
associações empresariais realizam constantes pesquisas sobre o desempenho
das empresas.
Custos logísticos 7

Benchmarking consiste em uma comparação de desempenho entre sistemas de um


mesmo segmento para obter informações sobre as melhores práticas. Com esse
comparativo, uma empresa pode avaliar se a gestão perante os concorrentes está sendo
eficiente ou se mudanças devem ser realizadas para o alcance de melhores resultados.

Além de avaliar quantitativamente essas informações, deve-se também


avaliar o índice de satisfação dos clientes, afinal, o custo com logística pode
interferir significativamente no nível de atendimento aos clientes. A Figura 3
indica a mediana e o melhor desempenho de custos com logística e cadeia de
suprimentos de empresas de alguns segmentos.

Figura 3. Custos totais da logística e da cadeia de suprimento em relação à


porcentagem de receita.
Fonte: Ballou (2006, p. 578).
8 Custos logísticos

Com base na Figura 3, tomando como exemplo a indústria de telecomuni-


cações, enquanto a mediana de custos das empresas desse setor corresponde a
14% das receitas, a empresa com o melhor desempenho gasta aproximadamente
7% das receitas em logística e cadeia de suprimentos. Ou seja, a indústria de
telecomunicações com o menor custo com logística consegue uma economia
de cerca de 50% em relação à média das demais indústrias do mesmo setor.
Nesse caso, há grandes chances de a empresa com menor custo conseguir se
manter forte no mercado, desde que essa redução de custos com logísticas não
interfira no atendimento aos clientes de forma significativa.
Muitos gestores ainda têm dificuldade de identificar a origem dos custos e
alocá-los nos centros de custos corretos. Nesse sentido, o método de custeio
ABC (do inglês activity-based costing, ou custeio baseado em atividades)
facilita a análise estratégica de custos relacionados com as atividades que mais
consomem recursos em uma empresa. A principal diferença desse método em
relação aos métodos tradicionais está no tratamento dado aos custos indiretos.
Nesse método, cada atividade agrega um centro de custo; dessa forma, pode-se
determinar qual atividade gasta mais recursos, possibilitando melhorias nas
decisões gerenciais, como:

 melhorias nas atividades;


 redução de desperdício;
 obtenção das causas-raiz dos problemas;
 melhor avaliação dos gastos;
 otimização dos processos;
 aumento da eficácia das atividades que agregam maior valor.

Segundo Pozo (2015 apud PEREIRA et al., 2016), o método de custeio


ABC possibilita a gestão mais eficaz dos custos logísticos, uma vez que seu
caráter quantitativo traz mais clareza para a análise e avaliação de processos
logísticos, melhorando a qualidade das decisões. O gerenciamento dos custos
logísticos com base no ABC segue os seguintes passos:

1. Identificação dos processos logísticos envolvidos em uma cadeia ge-


nérica de suprimentos.
2. Detalhamento dos processos logísticos.
3. Determinação das atividades ocorridas dentro dos processos logísticos.
4. Análise e avaliação dessas atividades.
5. Determinação dos custos das atividades e alocação dos custos aos objetos.
Custos logísticos 9

É preciso estabelecer metas e usar indicadores para realizar um bom geren-


ciamento logístico. A precisão das informações é fundamental para avaliar o
rendimento de um equipamento ou mão de obra e a eficiência de um processo.

No custeio dos transportes, por exemplo, o valor do quilômetro rodado só poderá


realmente ser mensurado a partir da coleta de informações sobre a eficiência (consumo de
combustível) do veículo, já que cada modelo de caminhão ou meio de transporte oferece
um determinado rendimento. Informações sobre o trânsito no momento da entrega
também são relevantes para calcular o consumo de combustível necessário para a rota.
Há, ainda, outros fatores necessários para se determinar o custo do quilômetro rodado,
como a vida útil do veículo, os custos com pneus, troca de óleo, manutenção, etc. As
características da carga também devem ser levadas em conta. Existem cargas que são mais
densas do que outras, influenciando no desgaste do veículo e no consumo de combustível.
Portanto, informações sobre a cubagem da carga (relação entre o peso de um produto e o
espaço que ele ocupará dentro do veículo) é fundamental para o cálculo correto do frete.

Já quando o assunto é custos com armazenagem, é importante levantar


informações sobre o tempo que um determinado produto permanece no ar-
mazém. Reduzir o lead time de produção não é o bastante se o produto fica
parado nas docas de recebimento e expedição ou nos armazéns.
A globalização exige que as empresas considerem o mundo na sua totalidade
para traçarem as suas estratégias de competitividade, considerando fatores ex-
ternos e econômicos do cenário mundial. Qualquer evento de grande dimensão
que ocorra do outro lado do planeta interfere diretamente no mercado e pode
impactar no cenário econômico brasileiro, afetando inúmeras empresas. Nesse
contexto, o gerenciamento de riscos passa a ser obrigatório para reduzir os
impactos ou, até mesmo, aproveitar as oportunidades.

O petróleo, por exemplo, é insumo fundamental na logística e seu valor tem como
referência o mercado internacional. Temos também a oscilação das moedas estrangeiras
que impactam diretamente na economia brasileira.
10 Custos logísticos

A complexibilidade e a quantidade de informações é tamanha que hoje se


torna impensável gerenciá-las sem o uso de tecnologia. A indústria 4.0 está
chegando, e o controle e a tecnologia da informação aplicados aos processos
de manufatura vão impactar diretamente a logística.

BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: logística empresarial. São Paulo:


Bookman, 2006.
CASTIGLIONI, J. A. M.; NASCIMENTO, F. C. Custos de processos logísticos. 1. ed. São Paulo:
Érica, 2014.
CHRISTOPHER, M. Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos. São Paulo: Cen-
gage, 2018.
PEREIRA, A. L. C. et al. A produção acadêmica em custos logísticos: estudo bibliométrico
no período de 2005 a 2015. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO,
36., 2016, João Pessoa. Anais [...]. Disponível em: http://www.abepro.org.br/biblioteca/
TN_STO_228_331_28882.pdf. Acesso em: 2 abr. 2019.

Leituras recomendadas
FARIA, A. C.; COSTA, M. F. G. Gestão de custos logísticos. São Paulo: Atlas, 2005.
MOURA, R. A. Sistemas e técnicas de movimentação e armazenagem de materiais. São
Paulo: Imam, 1998.
PORTER, M. E. A vantagem competitiva: criando e sustentando um desempenho superior.
Rio de Janeiro: Campus, 1989.
DICA DO PROFESSOR

O custo de ruptura de estoque, também conhecido como custos de falta de estoque,


ocorre quando há demanda por itens em falta no estoque. Ele pode ser classificado em dois
tipos: custos de vendas perdidas e custos de atrasos.

Nesta Dica do Professor você verá como é feita a gestão para que não ocorra este custo.

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EXERCÍCIOS

1) A gestão dos custos logísticos é extremamente importante para o sucesso de um


negócio. Estima-se que a logística é o departamento de uma empresa que mais oferece
oportunidades de redução de custo. Assinale a alternativa correta referente aos
custos de logística:

A) Quanto menor o nível de atendimento ao cliente maior será o custo logístico.

B) Quanto maior o nível de serviço ao cliente, maior será o lucro.

C) Quanto menor o nível de serviço ao cliente maior será o lucro.

D) Quanto maior o nível de atendimento ao cliente, maior será o custo logístico.

E) O custo logístico é dividido em quatro elementos distintos: aquisição de matéria prima,


produção, armazenagem e transporte.

2) Os custos logísticos são relacionados ao planejamento, implementação e controle de


entrada e saída de produtos e este custo é dividido em quatro elementos distintos.
Como devem ser tratados os custos destes elementos?
A) A tomada de decisão deve levar em conta o impacto em cada elemento isolado.

B) A tomada de decisão deve levar em conta o impacto nos custos totais.

C) A tomada de decisão deve levar em conta apenas o elemento com maior custo.

D) A tomada de decisão deve levar em conta apenas o elemento com menor custo.

E) Informações relevantes só serão percebidas se estudar os elementos em conjunto.

3) Existem vários métodos para o gerenciamento mais eficaz dos custos logísticos,
porém, nos últimos anos, o método ABC de custeio baseado na atividade tem sido
muito utilizado. Assinale a alternativa correta referente a este método de custeio.

A) No método ABC, todas as atividades são direcionadas a apenas um centro de custo.

B) A principal diferença do método ABC em relação aos métodos tradicionais está no


tratamento dado aos custos diretos.

C) A análise e avaliação de processos logísticos são realizadas apenas de forma qualitativa.

D) A eficácia deste método é maior porque trata o custo logístico como um todo, ou seja, sem
desmembrá-lo em cada etapa do processo.

E) No método ABC, cada atividade agrega um centro de custo, permitindo assim determinar
qual atividade gasta mais recursos.

4) A gestão logística só será eficiente se a qualidade das informações obtidas for


satisfatória. Referente a estas informações, assinale a alternativa correta:
A) As melhores informações para gerenciamento dos custos são as obtidas através da
contabilidade da empresa.

B) A grande quantidade de relatórios enriquece as informações sobre a gestão logística.

C) O relatório de demonstração de custo-serviço indica a eficiência das atividades logísticas.

D) O Relatório da produtividade tem como objetivo apresentar os custos de cada etapa da


logística.

E) Os custos de cada etapa da logística são apresentados no relatório de demonstração de


custo-serviço.

5) Conhecer bem os concorrentes é fundamental para avaliar se a gestão logística da sua


empresa está sendo eficaz, afinal, pode-se comparar o desempenho de um
concorrente com o desempenho da sua empresa. Baseado nesta relação de
comparação de desempenho, podemos afirmar que:

A) Existe grande dificuldade de se obter dados sobre custos de outras empresas.

B) Não basta avaliar apenas os custos com logística de outras empresas, sendo importante
avaliar também o nível de satisfação do cliente.

C) O menor custo com logística de uma empresa sempre indicará que a gestão da mesma é
mais eficiente.

D) A avaliação isolada do custo com logística é suficiente para determinar a eficiência da


gestão de uma empresa.

E) Independentemente do ramo das empresas, os custos logísticos sempre corresponderão ao


mesmo percentual da receita da empresa.
NA PRÁTICA

A qualidade de informação é fundamental para um bom gerenciamento dos processos logísticos


e, graças à tecnologia, estas informações chegam com maior velocidade e confiabilidade.

O ERP vem do inglês Enterprise Resource Planning, ou Planejamento dos Recursos da


Empresa. Ele representa uma série de atividades gerenciadas por um software ou por
pessoas que ajudam na gestão de processos dentro de uma empresa.

Veja o caso desta empresa de transportes que reduziu seus custos utilizando o ERP.
SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

4 fatores que influenciam os custos logísticos

Existem interferências internas e externas que impactam diretamente nos custos logísticos e que
podem comprometer a competitividade de uma empresa.

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Conheça os 7 principais custos logísticos e como otimizá-los

Os custos com logística operacional são diferentes entre uma empresa e outra e dependem de
uma série de fatores, porém, existem aspectos em comum em todas as empresas.

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Custos logísticos no Brasil

Comparado com outros países, o custo com logística no Brasil é um dos mais elevados do
mundo. E você sabe o porquê deste alto gasto das empresas com logística?

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Logística e gerenciamento de risco

APRESENTAÇÃO

Você já parou para pensar na quantidade de riscos e problemas que podem acontecer entre a
saída de uma carga do remetente até chegar ao destinatário? O transporte de carga é uma
atividade complexa que oferece vários riscos. É necessário desenvolver ações para garantir que
a carga chegue ao destino final em perfeitas condições e dentro do prazo.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você identificará como as transportadoras gerenciam riscos.


Além disso, explicará a relevância do seguro de carga para o gerenciamento de riscos. Por fim,
reconhecerá as boas práticas do gerenciamento de riscos eficiente.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar como as transportadoras gerenciam riscos.


• Explicar a relevância do seguro de carga para o gerenciamento de riscos.
• Reconhecer as boas práticas do gerenciamento de riscos eficiente.

DESAFIO

O gerenciamento de risco consiste em identificá-lo, analisar de forma qualitativa e quantitativa,


estimar a probabilidade de ocorrência, avaliar o impacto causado, criar o plano de ação para
cada item e monitorar os riscos apontados.

Imagine que você é o gerenciador de risco de uma transportadora de médio porte que atua na
região Sudeste. No último ano, houve três ocorrências de acidentes envolvendo a frota da sua
transportadora. As investigações apontaram que um acidente foi ocasionado por imprudência do
motorista, o qual estava trafegando com excesso de velocidade; outro ocorreu devido a uma
falha nos freios do veículo; e um terceiro acidente aconteceu porque um motorista dormiu ao
volante.

Sendo assim, responda: quais são as estratégias que você irá implantar para reduzir o índice de
acidentes com a frota da sua empresa, sabendo que a empresa não conta com sistemas
tecnológicos para monitoramento do motorista?

INFOGRÁFICO

Cerca de 60% dos transportes de carga no Brasil são realizados por meio do modal rodoviário.
Os acidentes envolvendo veículos de carga são, na maioria das vezes, de grande proporção,
causando danos na carga, além de prejuízo para a transportadora e para os clientes, assim
como danos a terceiros e impacto no trânsito.

Neste Infográfico, você vai ver as principais causas de acidentes envolvendo veículos de carga.
CONTEÚDO DO LIVRO

Chegar com carga ao destino final tem sido um grande desafio devido a fatores internos e
externos. Como se não bastassem os altos índices de acidentes, principalmente no modal
rodoviário, a criminalidade tem dado muita dor de cabeça para gestores e empresários. Nos
últimos anos, o índice de roubos de carga cresceu assustadoramente, obrigando as empresas a
investirem em tecnologia para coibir essas ações.

No capítulo Logística e gerenciamento de risco, da obra Gestão de custos, riscos e perdas, base
teórica desta Unidade de Aprendizagem, você vai ver como as transportadoras gerenciam os
riscos no transporte de cargas. Além disso, vai aprender a importância da contratação de um
seguro de cargas. Por fim, vai conhecer boas práticas para se ter um gerenciamento de riscos
eficiente.

Boa leitura.
GESTÃO DE CUSTOS,
RISCOS E PERDAS

Isis Boostel
Logística e gerenciamento
de riscos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar como as transportadoras gerenciam riscos.


 Explicar a relevância do seguro de carga para o gerenciamento de
riscos.
 Reconhecer as boas práticas do gerenciamento de riscos eficiente.

Introdução
O gerenciamento de riscos no transporte de produtos é fundamental,
pois os veículos de carga estão expostos constantemente a riscos que
podem ser controlados ou, até mesmo, a riscos imprevisíveis — nesse
caso, deve ser adotado um plano de ação para minimizar o impacto.
Neste capítulo, você vai estudar como as transportadoras gerenciam
riscos, verificando alguns seguros obrigatórios e facultativos nos trans-
portes de cargas e identificando algumas ferramentas utilizadas para
gerenciar riscos.

Como as transportadoras gerenciam riscos?


A distribuição de produtos é um dos processos logísticos mais delicados, e
isso explica por que essa etapa é uma das mais terceirizadas em uma empresa.
Além do alto investimento em veículos de transportes, muitas empresas não
possuem know-how quando o assunto é transportar mercadorias, daí a razão de
repassarem essa responsabilidade para uma transportadora. Um bom prestador
de serviços consegue aumentar a eficiência da distribuição, reduzir falhas e
melhorar o atendimento ao cliente.
2 Logística e gerenciamento de riscos

Segundo Ballou (2006, p. 82):

As características de risco do produto são, entre outras, perecibilidade, infla-


mabilidade, valor, tendência a explodir e facilidade de ser roubado. Quando
qualquer produto mostra alto risco em um ou mais desses itens, é natural que se
imponham determinadas restrições sobre o sistema de distribuição. Os custos
de transporte e os de armazenagem tornam-se logicamente mais altos tanto em
termos financeiros absolutos quanto como percentagem do preço de venda.

Nesse sentido, segundo Minetto Junior e Castiglioni (2014, p. 14):

É crescente a procura das empresas por parceiros que ofereçam serviços


logísticos de qualidade, com bom atendimento e custos competitivos. Pouquís-
simas empresas mantêm o serviço de entrega com frota própria, pois tentar
atingir regiões cada vez maiores implica possuir muitos veículos o que, além
de manter o custo de manutenção e mão de obra (motoristas e mecânicos),
significa correr o risco de deixar esses recursos ociosos por algum tempo,
aumentando os custos.

Embora seja o mais comum e abundante dos modais de transporte, o modal


rodoviário é um dos que oferecem maior risco quando se trata de segurança de
carga; afinal, há elevados índices de acidentes, além da facilidade de desvios e
roubos. Por conta disso, existem muitos métodos para prever e impedir esses
eventos de risco, como escoltas e monitoramento via satélite, ou mesmo o
planejamento do menor trajeto ou daquele que ofereça menos riscos (MINETTO
JUNIOR; CASTIGLIONI, 2014). Assim, um programa de gestão de riscos no
transporte consiste em adotar estratégias para minimizar possíveis prejuízos
durante a movimentação de carga. Tratando-se de gerenciamento de riscos,
podemos apontar os principais riscos no transporte por rodovias, conforme
apresentado a seguir.

Acidentes de trânsito
Há vários fatores que contribuem para o grande número de acidentes envol-
vendo veículos de carga nas estradas brasileiras:

 grande distância percorrida — o Brasil é um país de dimensão continen-


tal, e a carga geralmente percorre grandes distâncias até o seu destino;
 descumprimento da lei — a Lei nº. 13.103, de 2 de março de 2015,
regulamenta principalmente aspectos relacionados à jornada de trabalho
e ao descanso do motorista;
Logística e gerenciamento de riscos 3

 excesso de carga;
 imprudência do motorista;
 condições das estradas;
 condições dos veículos;
 uso de drogas.

Para saber mais sobre a Lei nº. 13.103/2015, acesse o link a seguir.

https://goo.gl/bmTT8r

Roubos de cargas e veículos


Os dados sobre roubos de carga no Brasil são alarmantes. Segundo dados da
Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC), em 2017,
o País teve um prejuízo de cerca de R$ 1,574 bilhões considerando apenas a
carga roubada. Cerca de 20% dos veículos não são recuperados, elevando o
valor para a casa dos R$ 2,5 bilhões. Os Quadros 1 e 2 trazem dados de 2014
a 2017 relacionados ao roubo de carga (ROUBO..., 2018).

Quadro 1. Valores de cargas roubadas por região

2014 2015 2016 2017

Valores Valores Valores Valores


Regiões (R$ milhões) (R$ milhões) (R$ milhões) (R$ milhões)

Norte 9,65 14,68 23,19 34,51

Nordeste 61,81 87,76 143,99 202,72

Centro-Oeste 38,06 44,09 49,08 66,10

Sudeste 759,30 775,19 942,98 1.118,03

Sul 135,87 198,60 205,02 152,66

Total 1.004,69 1.120,32 1.364,26 1.574,02

Fonte: Adaptado de Roubo... (2018).


4 Logística e gerenciamento de riscos

Quadro 2. Número de ocorrências de roubos de carga por região

2014 2015 2016 2017

Regiões Ocorrências Ocorrências Ocorrências Ocorrências

Norte 120 178 237 164

Nordeste 1.111 1.129 1.371 1.514

Centro-Oeste 404 578 795 640

Sudeste 15.002 16.508 20.800 22.212

Sul 795 855 1.360 1.440

Total 17.432 19.248 24.563 25.970

Fonte: Adaptado de Roubo... (2018).

O prejuízo para a indústria não para por aí. Uma vez que a carga roubada
é comercializada, as empresas deixam de fazer vendas legais. Ainda, o alto
índice de roubo de cargas roubadas impacta diretamente nos custos logísticos,
principalmente no frete. Segundo Barros (2017, documento on-line):

O aumento do roubo de cargas, no final das contas, impacta no frete. Em


rotas de até 100 km, o custo com seguro é em torno de 4%, já em rotas supe-
riores a 1.000 km, é de 2%. O problema é que esse custo pode dobrar se as
cargas passam por trechos perigosos. E em casos mais extremos, quando há
necessidade de contratar escolta armada, o custo com segurança pode chegar
a 1/3 do custo de transporte.

Avarias e atrasos
As avarias durante o transporte de produtos também devem ser apontadas no
gerenciamento de riscos. Carga mal acondicionada e desrespeito às informações
das embalagens são os principais motivos para danos aos produtos transportados.
Outro item que deve ser contemplado no gerenciamento de riscos é o atraso
nas entregas, pois pode comprometer contratos e resultar em perda de clientes.
As causas de atrasos na entrega dos produtos são inúmeras, e algumas estão
listadas a seguir.

 Trânsito: monitorar o trânsito é importante para a definição da rota,


pois há locais onde o trânsito é mais intenso em determinados períodos.
Logística e gerenciamento de riscos 5

Esse monitoramento reduz o risco de atraso nas entregas, além de


reduzir e aumentar a eficiência do transporte.
 Mudança de rota: isso não significa dizer que uma rota preestabelecida
não pode ser alterada, pois existem fatores como acidentes, por exemplo,
que podem comprometer a entrega de produtos.
 Danos ao veículo: além de comprometerem os prazos de entrega, pos-
síveis danos aos veículos podem aumentar o risco de acidentes.
 Apreensão de mercadorias: trafegar com mercadorias acima do peso
permitido ou divergentes dos documentos fiscais oferece risco de apre-
ensão da carga ou, até mesmo, do veículo. Além de comprometer a
entrega, gera custos para a empresa.
 Demora do cliente em receber uma determinada carga: existe o
risco de atraso de entregas quando vários clientes são atendidos em um
mesmo frete. Avaliar a burocracia que algumas empresas oferecem para
descarregamento de carga é fundamental para traçar uma determinada
rota. Deve-se ficar atento também aos horários de funcionamento da
empresa, para que o veículo possa chegar em tempo hábil para descar-
regar e seguir viagem até um próximo cliente.

Relevância do seguro de carga para


o gerenciamento de riscos
O seguro de transporte de cargas tem a finalidade de indenizar o segurado
caso ocorram avarias, perdas ou roubo de produtos durante o transporte, em
viagens rodoviárias, marítimas ou aéreas. O seguro pode contemplar também
a etapa de armazenamento desses produtos. Tudo depende da modalidade de
seguro contratada.
Segundo Caixeta Filho e Martins (2014, p. 96), “O seguro de transporte
assume importante papel, visto que, diante de tantas perdas potenciais, o prêmio
com seguro passa a apresentar valores elevados”. Algumas das modalidades
de seguro para o transporte de cargas estão listadas a seguir.

 Responsabilidade Civil do Transportador Rodoviário de Cargas


(RCTR–C): toda empresa transportadora registrada na Agência Na-
cional de Transportes Terrestres é obrigada a manter esse seguro, que
garante indenização devido a acidentes como colisão, tombamento,
capotagem, abalroamento e incêndio ou explosão.
6 Logística e gerenciamento de riscos

 Responsabilidade Civil Facultativa do Transportador Rodoviário


por Desaparecimento de Carga (RCF-DC): não é um seguro obri-
gatório; garante indenização em caso de roubos ou desaparecimento
de carga.
 Seguro de Transporte Nacional: a contratação desse seguro é de
responsabilidade do dono da carga e é obrigatória. Garante indenização
por danos a cargas transportadas no território nacional.
 Responsabilidade Civil do Transportador Rodoviário em Viagem
Internacional (RCT-VI): é um seguro contratado pela transportadora
em casos de viagens internacionais e garante indenização em caso de
dano à carga transportada em casos de colisão, tombamento, capotagem,
abalroamento e incêndio ou explosão.
 Risco Rodoviário (RR): oferece cobertura da carga em caso de colisões
ou furtos
 Responsabilidade Civil do Transportador Aéreo de Cargas
(RCTA-C): cobre danos causados pelos transportadores de modais aéreos.
 Responsabilidade Civil do Armador de Cargas (RCA-C): seguro
obrigatório para transportadores de modais aquaviários; cobre danos
a cargas transportadas.
 Seguro do caminhão: existe o seguro obrigatório de Danos Pessoais
causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (DPVAT) e os
seguros referentes à indenização do bem em caso de acidentes ou furtos.

Chamamos de colisão quando dois corpos em movimento se chocam. Já abalroamento


é o choque de um corpo em movimento contra um corpo estático.

As companhias seguradoras, baseadas nas análises de riscos de cada


operação, orientam quais procedimentos deverão ser seguidos durante o
transporte de cargas. O não cumprimento dessas instruções pode resultar em
não pagamento do prêmio do seguro.
Alguns fatores são levados em consideração na formatação do preço do
seguro de cargas.
Logística e gerenciamento de riscos 7

O Decreto-Lei nº. 73, de 21 de novembro de 1966, o Decreto nº. 61.867, de 11 de


dezembro de 1967, e a Lei nº. 8.374, de 30 de dezembro de 1991, regulamentam o
seguro obrigatório para transportadores de carga.

Cargas refrigeradas, frágeis e explosivas, por exemplo, aumentam o preço


do seguro. Além da característica da carga, o valor da carga, o modal de
transporte e a rota de transporte influenciam no valor do seguro. As principais
coberturas contratadas são de roubo, furtos e danos à carga; nesse caso, o
tipo de embalagem também refletirá no valor do seguro. A Figura 1 traz um
ranking das mercadorias mais roubadas em São Paulo em 2015.

Figura 1. Valores em milhões de reais dos produtos mais roubados em São Paulo em 2015.
Fonte: Quais... (2016, documento on-line).
8 Logística e gerenciamento de riscos

A Figura 1 demonstra quais são os principais tipos de carga que despertam


a atenção de bandidos. Esses tipos de produtos exigem mais cuidados por parte
das transportadoras para prevenção do risco de roubo de carga. Nesses casos,
para aceitar a transferência de risco por meio do seguro, as seguradoras fazem
exigências referente ao método de monitoramento e rastreamento das cargas.
Apesar do alto risco de abordagem de veículos de transporte de carga, o roubo
é estimulado pelo alto valor de alguns tipos de cargas. Produtos eletrônicos, por
exemplo, podem render milhões aos assaltantes, e comercializar esse tipo de
produto de forma ilegal é relativamente simples, uma vez que sempre há con-
sumidores interessados em pagar menos por itens muitas vezes bastante caros.
Em algumas regiões do Brasil onde há maior risco de roubo de cargas, o
custo do seguro é, por consequência, maior (Figura 2).

Figura 2. Regiões com maior incidência de roubos de cargas em 2015.


Fonte: Quais... (2016, documento on-line).
Logística e gerenciamento de riscos 9

Transportadoras que operam no estado do Rio de Janeiro, por exemplo,


passaram a cobrar uma taxa extra das empresas que contratam os seus
serviços: a Taxa de Emergência Excepcional (Emex). Segundo o vice-
-presidente da NTC, Urubatan Hellou, “[...] a Emex aumenta, em média,
cerca de 1,5% o valor de cada produto transportado” (SILVEIRA, 2017,
documento on-line).
Estima-se que as grandes transportadoras que atuam no estado sofram
entre cinco e 10 tentativas de roubo de carga diariamente no Rio de Janeiro
e que cerca de 40% das tentativas sejam bem-sucedidas. A Federação das
Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN, [2017] apud SILVEIRA, 2017) indica
que a cada uma hora e dez minutos um roubo de cargas é registrado no
estado. Assim, muitas empresas já estão se recusando a transportar cargas
para o estado do Rio de Janeiro, de forma que existe a probabilidade de
haver um desabastecimento de produtos essenciais, como medicamentos,
por exemplo. Mas, obviamente, não se trata de um problema exclusivo
do estado.
Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, nos cinco
primeiros meses de 2018 um veículo de carga era roubado a cada hora. Portanto,
devido ao aumento de casos de roubos de cargas no estado, seguradoras já estão
recusando a renovação de apólices de seguros e, quando aceitam, aumentam
o valor da franquia em 50%, tornando a transferência de risco inviável para
a empresa (TAVARES, 2018).
Enfim, quanto maiores forem os riscos no transporte de cargas, maior
será o valor do seguro. É importante ressaltar que uma transportadora não
pode usar o seguro para obter lucro; ou seja, o transportador rodoviário de
cargas não pode cobrar custos de seguros dos seus clientes maiores do que os
efetivamente pagos para a seguradora.

Boas práticas do gerenciamento


de riscos eficiente
Segundo Moura (2005, p. 28):

O Gerenciamento de Risco consiste no planejamento das ações de prevenção


de riscos operacionais relacionados à segurança das cargas transportadas,
objetivando reduzir e minimizar o índice de sinistros, garantir a qualidade
dos serviços prestados e o cumprimento dos prazos de entrega contratados.
10 Logística e gerenciamento de riscos

Nesse sentido, de acordo com Castiglioni e Pigozzo (2014), o gerenciamento


de risco é efetuado por meio de procedimentos administrativos, operacionais
e, principalmente, de sigilo das informações. Para tanto, as empresas têm, à
sua disposição, sistemas que permitem rastreamento/monitoramento, comu-
nicações rápidas e eficazes, pronto-atendimento, além de recursos humanos
especializados que buscam, por meio de serviços de inteligência e tecnologia,
antecipar-se aos fatos.
A transportadora deve avaliar criteriosamente cada possível falha, esti-
mando a probabilidade de ocorrência e qual será a gravidade caso a falha
ocorra, para, então, determinar o nível de ação para cada risco identificado.
A primeira boa prática para se obter um gerenciamento de riscos eficiente é
antecipar os riscos. Nesse momento, o histórico de falhas (lições aprendidas/
estoque de conhecimento) que aconteceram pode fornecer informações va-
liosas para não haver incidências que resultem na ruptura da cadeia logística.
Observar as falhas que ocorreram com empresas do mesmo setor também
oferece um direcionamento para antecipar e controlar os riscos.
Como vimos, os riscos de maior impacto para as transportadoras são os rou-
bos e furtos de carga e os acidentes. Por se tratar de riscos externos, comuns a
todas as empresas, que ocorrem com muita frequência e são de grande impacto,
as transportadoras passaram a investir pesado em tecnologia e na restruturação
dos seus processos para a redução desses riscos. Cyro Buonavoglia, presidente
da GRISTEC afirma que “[...] as tecnologias e os serviços de rastreamento e
gerenciamento de riscos são vitais para que as cadeias logísticas não sejam
completamente destruídas pela ação de criminosos” (GERENCIAMENTO...,
2014, documento on-line).
Preocupadas com esse alto índice de ocorrência de roubos de cargas
e o elevado índice de acidentes nas estradas brasileiras, as empresas têm
investido em tecnologia para rastreamento de carga e para monitoramento
das ações dos motoristas na condução dos meios de transportes. Veja a
seguir quais são as principais ferramentas tecnológicas do mercado no que
tange aos transportes.

 Sistema de rastreamento por Sistema de Posicionamento Global


(GPS): esse sistema permite acompanhar a localização geográfica do
meio de transporte em tempo real. O uso de GPS reduz o valor do seguro
e aumenta a probabilidade de encontrar uma carga extraviada, além
de permitir monitorar se o motorista realmente está seguindo a rota.
 Monitoramento por meio de câmeras ou Digital Video Recorder
(DVR) veicular: as câmeras enviam imagens internas da cabine em
Logística e gerenciamento de riscos 11

tempo real; já o DVR veicular, além de monitorar a posição do veículo,


também permite parar o funcionamento do motor, aumentando a segu-
rança e o controle sobre as frotas.
 Rotograma falado: trata-se de um aparelho que se comunica com o
motorista por meio de comando de voz, alertando-o quanto ao risco de
trajetos, como uma curva perigosa à frente, ou até mesmo sugerindo
uma velocidade ideal para realizar manobras.
 Computador de bordo: oferece informações importantes sobre o de-
sempenho do veículo, como consumo médio e instantâneo de combus-
tível, alerta sonoro de limite de velocidade e dados sobre a manutenção
do veículo.
 Telemetria: informa à central de monitoramento como o veículo está
sendo conduzido, aumentando a eficiência dos serviços e reduzindo custos.
 Bloqueadores: Conforme Moura (2005, p. 28):

Os bloqueadores são dispositivos de segurança que permitem o bloqueio do


veículo à distância, utilizando um pager embarcado no veículo. Trata-se de
equipamentos simples, que têm, normalmente, funções antifurto como sen-
sores de abertura de porta e bloqueio automático a partir de um determinado
tempo após o desligamento do veículo ou por meio de um botão ativado pelo
motorista no veículo.

Outra boa prática consiste no uso de escolta armada, muito utilizado com
o intuito de redução de roubos de cargas. O investimento no recrutamento
e na seleção de trabalhadores envolvidos no transporte de carga também é
uma boa prática e reduz o risco decorrente de má conduta ou não cumprimento
das normas e procedimentos operacionais da empresa. É importante, também,
capacitar periodicamente os profissionais envolvidos na distribuição e no
transporte de produtos, em um movimento de melhoria contínua.
Veja, a seguir, em que consiste o processo de seleção dos motoristas.

 Avaliações psicológicas: esse tipo de avaliação é muito importante para


determinar possíveis falhas de conduta ou problemas psíquicos que o
motorista possa ter, como déficit de atenção ou alterações de humor.
Uma boa avaliação psicológica permite avaliar o comportamento do
motorista e contribui para a redução de acidentes no trânsito.
 Exames: todo trabalhador deve passar por exames para atestar sua
saúde. O exame toxicológico permite avaliar se o motorista usou ou faz
uso de substâncias ilícitas, como maconha, cocaína, etc. O uso dessas
substâncias aumenta consideravelmente o risco de acidentes.
12 Logística e gerenciamento de riscos

 Avaliações práticas: avalia os conhecimentos técnicos sobre condução


do veículo e também reduz a probabilidade de acidentes.
 Treinamentos: é importante realizar treinamento periódicos, como de
direção defensiva, para reduzir o risco de acidentes. Outros treinamentos
sobre uso correto e manutenção do veículo reduzem o risco de danos
ao mesmo.
 Monitoramento das viagens: é de extrema importância para acompa-
nhar a maneira de condução do motorista e para verificar se ele respeita
a legislação e os procedimentos da empresa. Esse monitoramento reduz
os riscos de acidentes, roubos de carga e danos ao veículo. É importante
pontuar que os sistemas de monitoramento não são utilizados apenas
para minimizar os riscos durante o transporte de carga. Os sistemas
mais avançados contam com uma série de ferramentas que ajudam na
redução dos custos com o transporte.
 Capacitação continuada: a cada ano, surgem no mercado veículos com
maior tecnologia. A capacitação contínua, além de treinar o colaborador
no uso das novas tecnologias, traz informações sobre mudanças na
legislação, diminuindo, assim, riscos de infrações e danos aos veículos.

A capacitação dos motoristas é uma boa prática para um gerenciamento de riscos


eficiente. Com treinamento, um motorista consegue identificar e agir em situações de
perigo com maior facilidade. É importante ressaltar que a capacitação do colaborador,
além de reduzir riscos, reduz custos de transporte de carga.

O mais importante, sem dúvidas, é definir e utilizar procedimentos compro-


vadamente eficientes de gerenciamento de riscos, contemplando o planejamento
de como será realizado, de como os riscos serão identificados e priorizados,
de como serão definidas respostas a eles, e de como serão monitorados. A
transportadora deve avaliar criteriosamente cada possível falha, estimando a sua
probabilidade de ocorrência e o seu impacto caso ocorra (exposição ao risco),
para, então, determinar as ações para cada risco identificado.
Logística e gerenciamento de riscos 13

BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: logística empresarial. 5. ed.


Porto Alegre: Bookman, 2006.
BARROS, M. O roubo de carga e o impacto no custo de transporte. ILOS, São Paulo,
2017. Disponível em: http://www.ilos.com.br/web/roubo-de-carga-e-o-impacto-no-
-custo-de-transporte. Acesso em: 1 abr. 2019.
CAIXETA FILHO, J. V.; MARTINS, R. S. (org.). Gestão logística do transporte de cargas. 1. ed.
São Paulo: Atlas, 2014.
CASTIGLIONI, J. A. M.; PIGOZZO, L. Transporte e distribuição. 1. ed. São Paulo: Érica, 2014.
GERENCIAMENTO de riscos evitou perda de R$ 26 bi em cargas roubadas entre 2005 e
2013. Agência Transporta Brasil, [s. l.], 2014. Disponível em http://www.transportabrasil.
com.br/2014/03/gerenciamento-de-riscos-evitou-perda-de-r-26-bi-em-cargas-rouba-
das-entre-2005-e-2013. Acesso em: 1 abr. 2019.
MINETTO JUNIOR, R. F.; CASTIGLIONI, J. A. M. Processos logísticos. 1. ed. São Paulo: Érica,
2014.
MOURA, L. C. B. Avaliação do impacto dos sistemas de rastreamento de veículos na logís-
tica. 2005. Dissertação (Mestrado em Engenharia Industrial) — Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2005.
QUAIS as cargas preferidas e onde há mais roubo de cargas no Brasil. Guia do TRC,
[s. l.], 2016. Disponível em: http://www.guiadotrc.com.br/noticiaid2.asp?id=32292.
Acesso em: 1 abr. 2019.
ROUBO de carga dá prejuízo de R$ 2,5 bilhões, mas está em queda. Portal NTC,
[s. l.], 2018. Disponível em: https://www.portalntc.org.br/publicacoes/blog/noticias/
outros/roubo-de-carga-d%C3%A1-preju%C3%ADzo-de-r$-2,5-bilh%C3%B5es,-mas-
est%C3%A1-em-queda. Acesso em: 14 mar. 2019.
SILVEIRA, D. Aumento de roubo de cargas leva transportadoras a cobrarem “taxa de
emergência” no Rio. G1, Rio de Janeiro, 2017. Disponível em: https://g1.globo.com/rio-
-de-janeiro/noticia/aumento-de-roubo-de-cargas-leva-transportadoras-a-cobrarem-
-taxa-de-emergencia-no-rio.ghtml. Acesso em: 1 abr. 2019.
TAVARES, B. SP registra média de um roubo de carga por hora nos primeiros cinco meses
de 2018. G1, Rio de Janeiro, 2018. Disponível em: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/
noticia/sp-tem-um-roubo-de-carga-por-hora-nos-primeiros-cinco-meses-de-2018.
ghtml. Acesso em: 1 abr. 2019.
14 Logística e gerenciamento de riscos

Leituras recomendadas
CNT. Rodoviário. Brasília: CNT, [2018]. Disponível em: http://www.cnt.org.br/Modal/
modal-rodoviario-cnt. Acesso em: 14 mar. 2019.
IDADE média da frota de caminhões é de 12 anos. ABTC, Brasília, DF, 2018. Disponível
em: http://www.abtc.org.br/index.php/noticias/noticias-do-setor/item/4982-idade-
-media-da-frota-de-caminhoes-e-de-12-anos. Acesso em: 14 mar. 2019.
MARTINS, R. O seguro de frete rodoviário é obrigatório? Cargox, [s. l.], 2018. Disponível
em: https://cargox.com.br/blog/o-seguro-de-frete-rodoviario-e-obrigatorio. Acesso
em: 14 mar. 2019.
DICA DO PROFESSOR

Toda carga transportada, seja em modal rodoviário, ferroviário, aéreo ou aquaviário, precisa
estar segurada, independentemente do transporte ser realizada por uma empresa ou por um
profissional autônomo. É importante frisar que existem seguros obrigatórios e facultativos, e
cada um deles oferece uma determinada cobertura.

Nesta Dica do Professor, você vai ver um pouco mais sobre o seguro Responsabilidade Civil
Transportador Rodoviário de Cargas (RCTR-C), o seguro de Transporte Nacional (TN) e a
Responsabilidade Civil Facultativa do Transportador Rodoviário por Desaparecimento de Carga
(RCF-DC).

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EXERCÍCIOS

1) O roubo de cargas é um dos principais problemas enfrentados no transporte de


produtos. Muitas empresas investem pesado em pesquisa e tecnologia para coibir essa
ação. Em 2014, foram registrados cerca de 17.432 ocorrências no Brasil. Em 2015,
esse número subiu para 18.248 casos. Já em 2016, foram registrados 24.563 roubos de
carga e, em 2017, esse número saltou para 25.970 ocorrências.

Sendo assim, assinale a alternativa correta.

A) Houve um aumento de aproximadamente 30% de carga roubada entre os anos de 2014 e


2017.

B) O maior percentual no aumento de carga roubada ocorreu entre os anos de 2016 e 2017.

C) Houve um aumento de aproximadamente 10% de carga roubada entre os anos de 2014 e


2015.
D) O maior percentual no aumento de carga roubada ocorreu entre os anos de 2014 e 2015.

E) O aumento do percentual de carga roubada em 2017 comparado com o de 2016 foi maior
que o aumento em 2015, comparando com o de 2014.

2) Atualmente, existe uma grande variedade de seguros no mercado, sendo alguns


obrigatórios e outros, facultativos.

Assinale a alternativa que indica apenas seguros obrigatórios.

A) RCTR-C , RCF-DC e Transporte Nacional.

B) RR, DPVAT e Transporte Nacional.

C) RCTR-C, Transporte Nacional e DPVAT.

D) RR, RCF-DC e DPVAT.

E) RCTR-C, RR e RCF-DC.

3) O seguro de transporte de cargas tem a finalidade de indenizar o segurado caso


ocorram avarias, perdas ou roubo de produtos durante o transporte em viagens
rodoviárias, marítimas ou aéreas.

Assinale a alternativa correta referente aos principais seguros.

A) O RCTR-C é um seguro obrigatório e de responsabilidade do embarcador.

B) O RCF-DC é um seguro facultativo que garante indenização em caso de acidentes com


cargas.
C) O RCTA-C cobre danos causados pelos transportadores de modais aquaviários.

D) O RCA-C é um seguro obrigatório para transportadores de modais aquaviários, cobrindo


danos a cargas transportadas.

E) RCTA-C, cobre danos causados pelos transportadores de modais rodoviários.

4) Os principais riscos do transporte de carga são: acidentes, roubos de cargas, avarias


e atraso na entrega.

Das alternativas a seguir, qual delas indica uma ferramenta que auxilia o condutor
quanto às condições da via e da velocidade de manobra?

A) Rotograma falado.

B) GPS.

C) Computador de bordo.

D) Telemetria.

E) DVR veicular.

5) O atraso na entrega é um dos riscos no transporte de produtos e pode comprometer


os lucros da empresa, além de gerar insatisfação por parte dos clientes.

Sobre as boas práticas no processo de entrega, é possível afirmar que:

A) a rota traçada sempre deverá ser seguida.

B) carregar o veículo com excesso de carga aumenta a eficiência do transporte e a agilidade


na entrega.

C) deve-se exceder a velocidade em alguns casos para compensar o tempo perdido no


trânsito.

D) a roteirização deve ser realizada com base no horário de funcionamento dos clientes.

E) danos nos veículos proporcionam apenas risco de acidentes.

NA PRÁTICA

O uso de tecnologia é fundamental para o aumento da segurança nas rodovias brasileiras. Graças
a sistemas de monitoramento, é possível acompanhar a movimentação do meio de transporte e,
assim, obter o controle absoluto da forma de condução do motorista, além de rastrear o
caminhão durante toda a rota.

Neste Na Prática, você vai quais são os meios que a transportadora Patrus utiliza para monitorar
o transporte de cargas.
SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Como é feito o cálculo do prêmio do seguro de cargas?

Você sabe o que é o prêmio do seguro? O prêmio, ao contrário do que muitos pensam, não é o
valor que você recebe da seguradora. No vídeo a seguir, você vai ver como a Insert Seguros
calcula o prêmio do seguro de cargas.

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Você sabe o que é telemetria?

Conheça um pouco mais sobre a telemetria e como ela pode auxiliar o gestor de frotas a alcançar
uma gestão mais segura e econômica.

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Boletim estatístico

Veja o último boletim estatístico da Confederação Nacional de Transportes (CNT). Esse boletim
traz informações sobre a infraestrutura dos principais modais de transportes utilizados no Brasil.

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Custos de armazenagem e movimentação

APRESENTAÇÃO

A logística atual é tratada como um setor estratégico para o sucesso de um negócio, e o custo
desse processo representa uma parcela significativa no custo total de uma empresa. Nas
operações de logística, a armazenagem e o transporte de produtos são as etapas de maior custo.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você identificará os custos com armazenagem e transporte.


Além disso, verá a importância das embalagens, sobretudo no processo de movimentação de
produtos.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Discriminar os custos de armazenagem e embalagem inerentes às operações logísticas.

• Identificar os custos com transporte decorrente das operações logísticas.

• Explicar a importância do gerenciamento de riscos e perdas relacionados aos custos de


armazenagem, movimentação e transporte.

DESAFIO

É possível dizer que não existe uma fórmula específica para o bom gerenciamento, assim como
para a redução dos custos dos processos logísticos, afinal, as estratégias para a melhoria da
eficiência dependem de muitas variáveis, entre elas as características dos produtos. Dentro da
logística, as embalagens têm um papel fundamental para reduzir o tempo com movimentação de
produtos, além de proporcionar proteção e conservação das mercadorias.
Sendo assim, responda:

a) Como você poderia melhorar o carregamento do açúcar?

b) Referente à variação de consumo de combustível, qual medida você tomaria?

c) Qual seria a estratégia para aumentar as vendas e reduzir os danos nas embalagens de 5kg?
INFOGRÁFICO

Dentro da logística, a movimentação de produtos é muito importante, estando presente em todas


as fases do processo, ou seja, no descarregamento, no armazenamento, no atendimento ao
pedido e na distribuição é necessário movimentar a carga. Graças ao uso de equipamentos de
movimentação e transporte é possível reduzir o lead time e aumentar a eficiência logística.

Neste Infográfico, você vai ver os quatro tipos de movimentadores de carga mais comuns nos
armazéns. Além disso, vai conhecer as principais vantagens e desvantagens de cada um deles.
CONTEÚDO DO LIVRO

Reduzir custos sem comprometer os níveis de serviço aos clientes é um dos maiores desafios de
um gestor de logística. Entre os processos logísticos, armazenar, movimentar e transportar
produtos são as principais etapas e, quanto maior a eficiência nessas fases, maior será a
competitividade da empresa. A boa gestão de qualquer processo de uma empresa depende da
qualidade das informações recebidas, sendo possível destacar o levantamento de custos como
um norte para a tomada de decisões.

No capítulo Custos de armazenagem e movimentação, da obra Gestão de custos, riscos e


perdas, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você vai ver os custos de armazenagem e
embalagem inerentes às operações logísticas e os custos com transporte decorrente das
operações logísticas. Além disso, vai conhecer a importância do gerenciamento de riscos e das
perdas relacionadas aos custos de armazenagem, movimentação e transporte.

Boa leitura.
GESTÃO DE CUSTOS,
RISCOS E PERDAS

Isis Boostel
Custos de armazenagem
e movimentação
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Discriminar os custos de armazenagem e embalagem inerentes às


operações logísticas.
 Identificar os custos com transporte decorrentes das operações
logísticas.
 Explicar a importância do gerenciamento de riscos e perdas relacio-
nados aos custos de armazenagem, movimentação e transporte.

Introdução
A necessidade de se manterem competitivas no mercado exige que as
empresas compreendam os custos de cada etapa dos seus processos.
É dever do gestor controlar esses custos para que, se possível, fiquem
conforme o planejado, sem comprometer a qualidade do produto ou
serviço.
A logística não é mais vista apenas como uma atividade de apoio.
Nos últimos anos, observou- se a relevância dos custos com as operações
de armazenamento e transporte, e a redução desses custos passou a
proporcionar o destaque das empresas no mercado.
Neste capítulo, você vai estudar sobre os principais custos envolvidos
nos processos de armazenagem e transporte. Você vai também compre-
ender a importância das embalagens na logística e vai identificar como
o gerenciamento de riscos pode reduzir os custos com armazenagem,
movimentação e transporte de produtos.
2 Custos de armazenagem e movimentação

Custos de armazenagem e embalagem


inerentes às operações logísticas
De acordo com Castiglioni e Nascimento (2014, p. 29), “[...] armazenar
significa disponibilizar espaço físico, recursos e procedimentos necessários
para que os materiais sejam acondicionados corretamente, evitando perdas
e demora no fluxo logístico”. Como a maioria dos custos de armazenagem
são fi xos, pouco importa se o armazém está lotado ou se está vazio. Di-
mensionar um armazém é uma tarefa difícil, afi nal, na maioria dos casos, a
movimentação de produtos oscila. Sendo assim, é comum superdimensionar
a estrutura de um armazém para proporcionar o atendimento em períodos
de alta demanda.
Por se tratarem de custos indiretos, é difícil relacionar os custos de armaze-
nagem ao preço do produto e repassá-los aos clientes. Castiglioni e Nascimento
(2014) dividem os custos de armazenagem em três partes, conforme mostra
a Figura 1.

Figura 1. Elementos que constituem os custos de armazém, manuseio de estoques e pessoal.


Fonte: Castiglioni e Nascimento (2014, p. 41).

1. Custos do armazém: a empresa pode considerar ter um armazém próprio


— nesse caso, precisará mobilizar um grande capital para a construção
da edificação que vai receber produtos —, ou pode alugar um espaço
e arcar com custos periódicos. Independentemente de contar com uma
estrutura própria ou alugada, haverá outros custos para manter esse
espaço, como energia elétrica, água, telefone e Imposto Predial e Terri-
torial Urbano (IPTU). Haverá, ainda, custos com sistema de segurança,
como câmeras de monitoramento, e também o custo para conservação
do armazém, que pode envolver custos frequentes, como limpeza e
jardinagem, e custos com manutenção da edificação.
Custos de armazenagem e movimentação 3

2. Custos do manuseio de estoque: nesse caso, serão considerados os


custos com manutenção e depreciação de máquinas e equipamentos
de movimentação, como empilhadeiras, separadores, guindastes,
tratores, entre outros, e equipamentos para armazenamento, como
racks.
3. Custo de pessoal: esse custo engloba salários, encargos sociais, bene-
fícios, alimentação, transportes e premiações pagos aos trabalhadores
envolvidos na operação e gestão dos armazéns.

Poderão surgir também custos com software e ferramentas tecnológicas,


que melhoram a eficiência na gestão do armazém, como o sistema de geren-
ciamento do armazém (WMS, do inglês warehouse management system).

O WMS é um software que gerencia o espaço, os equipamentos, as pessoas e o estoque


de um armazém, gerando aumento de produtividade e, consequentemente, redução
de custos em todos os processos de um centro de distribuição. Graças a esse sistema,
é possível obter agilidade nos processos desde o recebimento de um produto até sua
expedição, aumentando a confiabilidade de cada etapa e garantindo, assim, maior
índice de satisfação no atendimento ao cliente. O WMS otimiza as atividades e o fluxo
de informações utilizando um sistema de inteligência artificial, diminuindo o uso de
operações envolvendo a capacidade individual do colaborador. Esse sistema consiste
basicamente em um banco de dados em que são registradas todas as movimentações
dentro do armazém por meio de sensores, códigos de barras, leitores, identificação
por radiofrequência, etc.

Custo com embalagem


A embalagem é um recipiente ou envoltura que armazena temporariamente
uma variedade de produtos de forma individual ou agrupados. As principais
funções das embalagens são:

 proteção;
 transporte e movimentação;
 segurança;
4 Custos de armazenagem e movimentação

 conservação;
 informação;
 marketing.

Segundo Pozo (2014), a embalagem, na logística, tem como objetivo mo-


vimentar produtos com toda a proteção, sem os danificar além do economica-
mente razoável. Um bom projeto de embalagem do produto auxilia a garantir a
perfeita e econômica movimentação sem desperdícios. Além disso, dimensões
adequadas de empacotamento encorajam manuseio e armazenagem eficientes.
As embalagens podem ser classificadas como primárias, secundárias e
terciárias, conforme mostra a Figura 2.

Figura 2. Classificação de embalagens.

Segundo pesquisa realizada pelo IBRE (Instituto Brasileiro de Economia)


em parceria com a FGV (Fundação Getúlio Vargas), o valor bruto da produção
física de embalagens atingiu o montante de R$ 71,5 bilhões em 2017, o que
corresponde 1,02% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro no ano.
Custos de armazenagem e movimentação 5

O custo com a embalagem pode representar um percentual bem elevado no


custo final do produto. Segundo Moura 2008, a embalagem pode representar
até 50% do custo do produto.
É importante distinguir as embalagens para o consumidor das embala-
gens utilizadas para as operações logísticas. O custo com as embalagens
para o consumidor é facilmente identificado, incide diretamente sobre o
preço do produto e, inclusive, pode agregar valor ao produto. Quando o
consumidor compra um refrigerante, por exemplo, o interesse dele está
voltado apenas para o líquido, mas esse produto precisa estar contido em
um recipiente.
Já as embalagens utilizadas nas operações logísticas facilitam o manu-
seio e a movimentação de produtos. Em se tratando de operações logísticas,
devemos observar algumas questões importantes para se determinar o real
custo de uma embalagem: uma caixa de papelão, por exemplo, usada como
embalagem secundária ou terciária, não retornará para ser reutilizada, por ser
de baixo custo. Já uma embalagem que apresenta um valor maior, como um
container ou palete, retornará para ser reutilizada até o final da sua vida útil;
sendo assim, seu custo será diluído ao longo do tempo.
Deve-se observar que, para o retorno de embalagens, será necessária
uma logística reversa, o que gerará custos que podem ser similares aos
custos de distribuição dos produtos. Portanto, deve-se calcular a viabilidade
financeira para reaproveitamento das embalagens, ou seja, observar se o
custo de uma nova embalagem é inferior ao custo de retorno. É importante
salientar que fabricantes e comerciantes de agrotóxicos e óleos lubrificantes
são obrigados por lei a utilizar a logística reversa para recolhimento das
embalagens.

A Lei nº. 12.305, de 2 de agosto de 2010, e a Lei nº. 7.802, de 11 de julho de 1989,
regulamentam o retorno das embalagens de óleos lubrificantes e agrotóxicos.
6 Custos de armazenagem e movimentação

Custos com transporte decorrentes das


operações logísticas
O transporte é responsável pela maior parcela dos custos totais com logística
das empresas brasileiras. De acordo com uma pesquisa realizada pela Fundação
Dom Cabral, 63,5% dos custos logísticos totais são custos com transporte,
conforme mostra a Figura 3.

Figura 3. Participação percentual média dos grandes itens de custo na composição do


custo logístico total.
Fonte: FDC ([2017], documento on-line).

A Figura 3 representa o custo médio de cada etapa do processo logístico


em relação ao custo logístico total. Esses custos variam de acordo com o tipo
de negócio de cada empresa. Muitas empresas não exportam produtos —
nesse caso, não incidem custos com serviços portuários; outras empresas não
precisam escoar produtos por longas distâncias, devido à proximidade com os
clientes, o que reduz consideravelmente os custos de distribuição.
O tipo de modal utilizado no transporte de cargas também influencia no
custo. Os cincos principais modais de transporte de carga são: rodoviário,
ferroviário, aquaviário, aéreo e o dutoviário. O Quadro 1 traz dados da Con-
federação Nacional do Transporte relacionados à matriz de transportes de
cargas brasileira.
Custos de armazenagem e movimentação 7

Quadro 1. Matriz de transporte de cargas no Brasil

Modal Milhões (TKU) Participação (%)

Rodoviário 485.625 61,1

Ferroviário 164.809 20,7

Aquaviário 108.000 13,6

Dutoviário 33.300 4,2

Aéreo 3.169 0,4

Total 794.903 100,0

Fonte: Adaptado de Transporte... (2017).

TKU significa “toneladas por quilometro útil”. Esse cálculo consiste no produto do peso
da carga, em toneladas, pela distância percorrida, em quilômetros.

Pode-se observar que o modal rodoviário transporta mais de 60% das


cargas no Brasil, enquanto o modal aéreo é responsável por apenas 0,4%.
Dentre os modais de transporte de carga no Brasil, o frete do transporte aéreo
é o mais caro.
É importante ressaltar que o custo do frete é apenas um fator para se decidir
qual meio de transporte utilizar. As características dos produtos, a infraestrutura
da região e o tempo de atendimento ao cliente são fatores que não podem passar
despercebidos. Como citado, o custo com o frete aéreo é maior do que os demais,
porém, oferece maior segurança ao produto e agilidade no atendimento ao cliente.
Os principais custos no transporte de cargas estão listados a seguir.

 Remuneração de capital: também conhecido como custo de opor-


tunidade, representa o valor que a empresa deixou de ganhar se, por
exemplo, em vez de ter construído um armazém, tivesse aplicado esse
valor no mercado financeiro.
8 Custos de armazenagem e movimentação

 Depreciação: está relacionado à desvalorização de um bem ao longo


do tempo. A taxa de depreciação de um caminhão gira em torno de
25% ao ano.
 Combustível: é responsável pela maior parcela dos custos com transporte
de cargas. Os modais rodoviário, aquaviário e ferroviário utilizam o óleo
diesel como principal combustível, conforme mostra o Quadro 2, que
relaciona o consumo dos principais modais.

Quadro 2. Consumo de combustível dos principais modais

Modal de Carga (tonelada Consumo de


transporte por quilômetro) óleo diesel

Rodoviário 30 Ton/Km 1 litro


Ferroviário 125 Ton/Km 1 litro
Hidroviário 575 Ton/Km 1 litro

Fonte: Adaptado de Transporte... (2017).

Percebe-se que o modal rodoviário, apesar de ser o mais utilizado no Bra-


sil, é o que oferece menor eficiência energética. De acordo com o Quadro 2,
cada litro de óleo diesel transporta 30 toneladas em um quilômetro, en-
quanto o modal ferroviário consome um litro para transportar 125 toneladas
em um quilômetro. Já o transporte hidroviário oferece a maior eficiência
energética, transportando 575 toneladas em um quilômetro com um litro de
combustível. Podemos, então, afirmar que o modal rodoviário necessita de
mais combustível para transportar carga e o modal hidroviário oferece maior
economia com óleo diesel. Ou seja, o consumo com combustível no modal
rodoviário é quase 20 vezes maior, se comparado ao transporte por modal
hidroviário, e quatro vezes maior, se comparado ao modal ferroviário. Já o
transporte ferroviário consome 4,5 vezes mais combustível, se comparado
ao modal hidroviário.

 Manutenção: o custo com manutenção envolve gastos com pneus,


peças, lubrificantes e mão de obra para realização da manutenção.
 Taxas e impostos: existem várias taxas e tributos que são cobrados em
função do tipo de modal de transporte, do tipo de carga e da distância.
O pedágio é um exemplo de taxa cobrada em algumas rodovias.
Custos de armazenagem e movimentação 9

 Mão de obra: deve-se levar em consideração os custos com salários,


encargos sociais, benefícios, alimentação, uniforme, equipamento de
proteção individual, etc.

Importância do gerenciamento de riscos


e perdas
A eficiência no gerenciamento de riscos é a base para aperfeiçoar as opera-
ções logísticas e garantir que os custos com essas operações fiquem dentro
ou muito próximos do planejado. Algumas ações contribuem para a redução
dos custos de armazenamento, movimentação e transporte. A boa gestão
de riscos necessita de uma antecipação aos riscos, isto é, uma avaliação do
impacto ou dano caso o evento ocorra e a escolha da medida que será tomada
para gerenciar o risco.
A contratação de seguros é uma forma de uma empresa recuperar valores
financeiros caso ocorra algum evento adverso; porém, o custo com seguro de
edificação, ou até mesmo com seguro dos produtos estocados, varia muito, de
acordo com as características dos produtos e com a localização do armazém.
Daí a importância de estudos quanto à localização geográfica de um arma-
zém, afinal, se o depósito estiver localizado em áreas que apresentam riscos
de fenômenos naturais, o custo do seguro dessa edificação será bem maior.
Armazenar ou movimentar produtos perigosos ou de grande valor econô-
mico vai exigir da empresa o investimento em sistemas de combate a incêndio,
manutenção das instalações elétricas, plano de atendimento a emergências,
monitoramento por câmeras, cofres, etc. Quanto maior for o nível de proteção,
menor será o custo com seguro.
De acordo com a Superintendência de Seguros Privados, no primeiro
semestre de 2017 foram pagos quase R$ 8,2 bilhões de reais em prêmios de
seguros, contra R$ 7,7 bilhões em 2016 e R$ 7,1 bilhões em 2015, considerando
o mesmo período. Além dos valores de indenização, observou-se também o
número de sinistros; as principais ocorrências foram de incêndios de armazéns
e depósitos. Esse aumento no número de ocorrências levou muitas empresas
a encontrarem dificuldades no momento da renovação de seguros; em alguns
casos, o custo anual com seguro dobrou.
No transporte de produtos não é diferente: quanto maior o nível de segu-
rança, menor será o custo com seguro. Um transporte que conta com sistema
de monitoramento da carga aumenta a chance de recuperação dos produtos em
caso de roubos — dessa forma, o valor do seguro tende a ser menor. Controlar
10 Custos de armazenagem e movimentação

a velocidade de tráfego dos transportadores diminui as chances de acidentes,


e o resultado é a redução nos custos com seguro.
Muitas variáveis devem ser levadas em consideração na tomada de decisão
quanto à melhor maneira de gerenciar os riscos. Podemos citar as rotas que
serão realizadas pelos transportadores como exemplo. Nem sempre a rota com
menor distância oferece maior segurança contra roubos de cargas ou acidentes.
Nesse caso, deve-se avaliar se o aumento nos custos variáveis, como consumo
de combustível, será maior ou menor do que os custos com seguro.
Podemos concluir que a contratação de um seguro é uma das formas de
uma empresa transferir os riscos do seu negócio para uma companhia de
seguros a um determinado custo. Quanto maior a probabilidade de o evento
ocorrer, e quanto maior for o seu impacto, maior será o custo com seguro. É
importante frisar que muitas seguradoras recusam seguros em decorrência do
alto risco e grande dano. Caso um contrato seja firmado entre a companhia
de seguros e a empresa, deve-se observar as medidas de prevenção e redução
de risco previstas em contrato que a contratante deverá tomar, para não ter
problemas em receber os valores de indenização em caso de sinistro.

CASTIGLIONI, J. A. M.; NASCIMENTO, F. C. Custos de processos logísticos. 1. ed. São Paulo:


Érica, 2014.
FDC. Custos logísticos no Brasil: 2017. Apresentação. Fundação Dom Cabral, [2017].
Disponível em: https://www.fdc.org.br/conhecimento-site/nucleos-de-pesquisa-site/
Materiais/pesquisa-custos-logisticos2017.pdf. Acesso em: 25 mar. 2019.
MOURA, R. A. Sistemas e técnicas de movimentação e armazenagem de materiais. 6. ed.
São Pulo: Imam, 2008.
POZO, H. Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos: um enfoque para os cursos
superiores de tecnologia. São Paulo: Atlas, 2015.
TRANSPORTE rodoviário: desempenho do setor, infraestrutura e investimentos. Brasília:
CNT, 2017. Disponível em: http://cms.cnt.org.br/Imagens%20CNT/PDFs%20CNT/Estu-
dos%20CNT/estudo_transporte_rodoviario_infraestrutura.pdf. Acesso em: 25 mar. 2019.

Leitura recomendada
BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: logística empresarial. 5. ed.
Porto Alegre: Bookman, 2006.
DICA DO PROFESSOR

Um determinado custo momentâneo pode representar economia ou aumento de faturamento no


futuro. As embalagens, por exemplo, oferecem várias vantagens que proporcionaram melhores
resultados para a empresa no futuro. Uma boa embalagem proporciona redução de custos
decorrentes de avarias e danos causados aos produtos durante o processo de armazenamento e
distribuição. A redução de custos também é alcançada devido à redução no tempo para
descarregar, armazenar e carregar produtos, afinal, muitas vezes a embalagem é utilizada para
unitizar a carga, de forma a movimentar uma maior quantidade de produtos, reduzindo gastos
com mão de obra e disponibilidade de equipamentos.

Nesta Dica do Professor, você vai aprender sobre as principais funções da embalagem e como
seu uso contribui para os processos logísticos.

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EXERCÍCIOS

1) Em média, os custos com transportes são os mais relevantes entre os custos logísticos,
podendo representar mais de 60% dos custos totais. Entre os principais custos com
transportes, destacam-se os custos com combustível, mão de obra, depreciação,
manutenção, taxas e impostos.

Assinale V ou F nas alternativas a seguir.

( ) O modal rodoviário tem o menor custo com combustível em comparação com os


outros modais.

( ) O custo com combustível representa a menor parcela de custos no transporte de


carga.

( ) É possível citar os gastos com encargos sociais como custo de mão de obra.

A alternativa que preenche corretamente os parênteses é:


A) V, V, V.

B) F, F, F.

C) V, F, V.

D) F, F, V.

E) V, V, F .

2) A embalagem oferece proteção, segurança, conservação, informação, marketing e


eficiência na movimentação de carga. São compostas de diversos tipos de material, e
algumas podem até ser reutilizadas.

Assinale a alternativa correta sobre ao uso das embalagens para melhor eficiência no
transporte e armazenamento de produtos.

A) O uso de embalagem primária de um medicamento facilita o carregamento da carga.

B) Embalagens de papelão devem voltar à cadeia produtiva quando o custo da logística


reversa for maior que o custo de uma nova embalagem.

C) A principal função da embalagem em uma operação logística é o marketing.

D) Deve-se utilizar a logística reversa no caso de embalagem de agrotóxicos e óleos


lubrificantes.

E) A embalagem terciária é a embalagem que mantém contato direto com o produto.

3) A contratação de um seguro facultativo é uma das estratégias que as empresas


adotam para diminuir o impacto causado por acidentes e roubos. Sobre seguros, é
possível dizer que:

I. Os valores com indenizações vêm aumentando nos últimos anos, apesar da redução
do número de ocorrências.
II. As empresas estão encontrando dificuldades para a renovação do seguro.
III. Quanto maior o nível de segurança que as empresas adotam, menor será o custo
com seguro.

Qual é a alternativa correta?

A) As afirmativas I, II e III estão corretas.

B) As afirmativas I e II estão corretas.

C) As afirmativas I e III estão corretas.

D) As afirmativas II e III estão corretas.

E) Apenas a afirmativa II está correta.

4) Os principais custos logísticos das empresas são relacionados ao armazenamento e


transporte de produtos; no transporte, o modal escolhido para escoamento de
produtos vai impactar diretamente nos custos com transportes de carga.

Das afirmativas a seguir, assinale a alternativa correta.

A) O modal ferroviário tem maior eficiência energética se comparado ao modal hidroviário.

B) O custo com armazenamento é maior que o custo com distribuição de produtos.

C) O modal aéreo é responsável por mais 4% das cargas transportadas no Brasil.


D) Entre os modais que utilizam diesel como combustível, o rodoviário é o de maior
eficiência energética.

E) O modal ferroviário é o segundo maior em participação no transporte de cargas no Brasil.

5) Os custos de armazenagem estão entre os mais relevantes, quando se trata do custo


total com logística, e compreende a estrutura física para guardar produtos,
equipamentos para movimentação de material e mão de obra.

Assinale V ou F nas alternativas a seguir:

( ) A maioria dos custos com armazenagem são variáveis.


( ) O Warehouse Managament System — Sistema de Gerenciamento do Armazém
reduz os custos com armazenagem.
( ) O custo com manutenção de empilhadeiras é um exemplo de custo com manuseio
de estoque.

A alternativa que preenche corretamente os parênteses é:

A) F, V, V.

B) V, V, V.

C) F, V, F.

D) F, F, F.

E) V, F, V.

NA PRÁTICA

O trânsito é um dos principais problemas enfrentados quando o assunto é mobilidade. Muitas


cidades, principalmente as capitais, restringem o acesso de veículos pesados a algumas vias de
circulação, e essa estratégia compromete a distribuição de produtos. Quando não há restrições,
os motoristas se deparam com as vagas de carregamento e descarregamento ocupadas
indevidamente por veículos de pequeno porte, sem contar que a grande quantidade de veículos
disputando espaço nos grandes centros causam atrasos e aumento do custo com a distribuição de
produtos devido ao aumento do consumo de combustível e tempo gasto na entrega.

Neste Na Prática, você vai ver que as empresas de transporte de produtos do estado de São
Paulo enfrentaram o problema devido a restrições de trânsito de caminhões em horário de pico,
transformando uma ameaça em economia.
SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Conheça 19 das principais taxas de transporte de cargas no Brasil

Como se não bastasse a complexabilidade da gestão de transportes no Brasil, as empresas e


transportadoras enfrentam dificuldade em cumprir questões legais relacionadas a taxas e
impostos. Compreender os principais tributos é fundamental para a formatação do frete.
Conheça as principais taxas que incidem sobre o transporte rodoviário de carga no Brasil.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Transporte de cargas do Brasil é um dos mais caros e ineficientes do mundo

No Brasil, os custos logísticos são bem mais elevados se comparados a países de primeiro
mundo ou até mesmo aos emergentes. Uma das razões para esse custo elevado é a falta de
infraestrutura nos outros modais de transportes que causam uma dependência do modal
rodoviário para distribuir produtos. A reportagem a seguir demonstra que o transporte
rodoviário no Brasil é um dos mais caros e ineficientes do mundo, e que os transportes
ferroviário e aquaviário são bem mais baratos e eficientes.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Transporte inter-regional de carga no Brasil

Este documento apresenta um panorama de transporte inter-regional de carga no Brasil em


2015. Você vai ver o levantamento de dados sobre a divisão do carregamento para cada modo de
transporte por grupo de mercadoria, a divisão por grupo de mercadoria e a distribuição das
emissões de dióxido de carbono (CO2) por modo de transporte.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


Logística tributária

APRESENTAÇÃO

No Brasil, o modal rodoviário continua sendo o mais utilizado, mas apresenta problemas que
precisam ser sanados, tanto em relação à infraestrutura precária quanto a assaltos e a outras
adversidades.
Dentro desse contexto, a logística de transporte de cargas é uma das maiores preocupações dos
gestores de frotas e de gestores de empresas em geral.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai ver algumas legislações básicas aplicáveis na
logística, identificando os impostos e os tributos utilizados. É importante salientar que antes de
transportar uma carga é preciso conferir, junto aos órgãos competentes, a regulamentação da
logística, principalmente relacionando-se às cargas para evitar transtornos futuros.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar os impostos e os tributos aplicáveis à logística.


• Reconhecer a margem de valor agregado.
• Avaliar o impacto dos impostos e dos tributos nos custos logísticos.

DESAFIO

As regulamentações aplicadas na logística buscam disciplinar, qualificar e profissionalizar o


setor. Além disso, procuram implementar exigências e algumas restrições que promovem a
redução da competitividade desleal e a prestação dos serviços com maior segurança e eficiência,
reconhecendo, assim, a margem de valor agregado do serviço prestado.

Em uma empresa do segmento metalúrgico, localizada na região da grande São Paulo,


havia uma movimentação muito grande de mercadorias, de materiais de consumo e de matérias
primas, assim como usinagem, o que regularmente ocasionava geração de impostos.
Carlos, gerente de compras dessa empresa, percebeu que sua equipe tinha dificuldades em
identificar quais eram os contribuintes do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços
(ICMS) e do Imposto sobre os Serviços Prestados (ISS), pois é preciso emitir documentos
fiscais sempre que houver um fato gerador para esses tributos e/ou quando estiver
expressamente previsto na legislação.

Você faz parte da equipe gerenciada por Carlos, desse modo, pesquise e auxilie o grupo a
identificar quais são os fatos geradores importantes para a emissão de nota fiscal para que se
efetue uma gestão de compras eficaz?

INFOGRÁFICO

Para realizar o cálculo da MVA, segundo Crepaldi (2018), a Receita Federal se fundamenta em
pesquisas de mercado, que conferem o acréscimo no valor do produto ao sair do fornecedor e
chegar para a venda ao consumidor final. Nota-se que as pesquisas que são realizadas não levam
em conta os descontos praticados nas negociações com os consumidores.

No Infográfico a seguir, destacam-se os principais pontos relacionados à logística tributária.


CONTEÚDO DO LIVRO

Além de apresentar as principais legislações logísticas, também apresentamos os pontos


importantes, objetivando avaliar o impacto dos impostos e dos tributos nos custos logísticos.
Nesse contexto, entendemos que cabe aos gestores entender bem o funcionamento da estrutura
tributária em cada estado onde a empresa mantém suas operações. Esse processo, compreendido
por Dias (2015), consiste em avaliar e em executar as melhores estratégias em relação ao
planejamento de rotas, ao armazenamento de produtos e ao monitoramento de cargas, entre
outras ações de logística integrada.

No capítulo Logística tributária, da obra Gestão de custos, riscos e perdas, base teórica desta
Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer um pouco mais sobre os conceitos relacionados a
esse tema.

Boa leitura.
GESTÃO DE
CUSTOS, RISCOS
E PERDAS

Zaida Cristiane dos Reis


Logística tributária
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar os impostos e tributos aplicáveis à logística.


 Reconhecer a margem de valor agregado.
 Avaliar o impacto dos impostos e tributos nos custos logísticos.

Introdução
No Brasil, o modal rodoviário continua sendo o mais utilizado pela cadeia
de transportes, mas apresenta problemas, relacionados tanto à infraestru-
tura precária quanto a assaltos e outras adversidades, que precisam ser
sanados. Nesse contexto, a logística de transporte de cargas gera grandes
apreensões por parte dos gestores de frotas e gestores de empresas em
geral. É fundamental, portanto, encontrar formas eficazes de minimizar
riscos e contornar esses problemas.
As regulamentações de cargas buscam disciplinar, qualificar e profis-
sionalizar o setor. Além disso, procuram implementar exigências e algu-
mas restrições que promovam a redução da competitividade desleal e a
prestação dos serviços com maior segurança e eficiência, reconhecendo,
assim, a margem de valor agregado do serviço prestado.
Neste capítulo, você vai estudar algumas legislações básicas aplicá-
veis na logística, destacando conceitos fundamentais e identificando os
impostos e tributos utilizados. Você vai verificar que, antes de transportar
uma carga, é preciso conferir nos órgãos competentes a regulamentação
daquela carga específica, para evitar transtornos futuros. Assim, além de
verificar as principais legislações logísticas, você também vai identificar os
documentos necessários e exemplos de infrações frequentes, podendo
avaliar o impacto dos impostos e tributos nos custos logísticos.
2 Logística tributária

Principais impostos e tributos


aplicáveis à logística
Souza e Moraes (2018) destacam que, no Brasil, existe uma grande variedade
de normas tributárias aplicadas ao transporte e à distribuição de mercado-
rias, e os valores das taxas utilizadas estão entre os mais altos do mundo.
Por exemplo, no domínio municipal, todas as organizações são obrigadas
a recolher o Impostos sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN). O
Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Presta-
ções de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal (ICMS) é um
tributo estadual que incide sobre uma série de fatores, contendo os serviços
de distribuição, recebimento e fornecimento de produtos. Já o Imposto sobre
Produtos Industrializados (IPI), segundo Souza e Moraes (2018), é um tributo
federal que está entre as obrigações fiscais das organizações que agem sobre
produtos nacionais ou estrangeiros.
Existem, ainda, conforme os autores citam, outros tributos federais sujeitos
a impactos sobre as operações de distribuição e transporte de mercadorias.
Diante disso, os gestores precisam trabalhar com bastante atenção no pla-
nejamento estratégico em logística, estudando também variáveis como a
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e a Contribuição para o
Financiamento da Seguridade Social (Cofins). Diante do exposto, o contexto
nacional da logística tributária e do planejamento fiscal constitui um processo
de extrema importância para as organizações.
Esses impostos, cobrados separadamente — municipais, estaduais e
federais —, segundo Souza e Moraes (2018), podem originar dificuldades
para a logística, se não for trabalhado um planejamento para lidar com eles.
Nesse sentido, entende-se que é preciso conhecer a composição tributária
nos estados e avaliar os conflitos que as taxas podem proporcionar para o
setor logístico. Com base nesse conhecimento, é possível planejar melhor
as rotas e escolher regiões estratégicas para fazer o armazenamento de
produtos. Dessa forma, é necessária uma boa troca de informações entre o
departamento logístico e o contábil, para que as equipes possam identificar
as opções mais adequadas para a organização em relação aos impostos
na logística.
Logística tributária 3

Em Santa Catarina, as operações logísticas podem auxiliar a organização na redução


de custos, visto que a alíquota aplicada é de 12%, visando a estimular as indústrias.
Em outros estados brasileiros, o percentual é mais alto, o que acarreta maior taxa de
tributos, segundo o Conselho Nacional de Política Fazendária (BRASIL, 2007).

Para Souza e Moraes (2018), ao analisar os tributos logísticos, é de grande


importância fazer uma parceria adequada com o setor contábil e utilizar
um software específico para calcular os impostos. Com isso, a equipe terá
mais confiança para aplicar ações que colaborem com a redução de custos
logísticos, sem prejudicar o cumprimento das obrigações. Cabe aos gestores
entenderem bem o funcionamento da estrutura tributária de cada estado
onde a empresa mantém operações, conforme leciona Dias (2015), bem como
avaliar e executar as melhores estratégias em relação ao planejamento de rotas,
ao armazenamento de produtos e ao monitoramento de cargas, entre outras
ações de logística integrada.
Pela percepção de Souza e Moraes (2018), ao avaliar quais tributos são
aplicados em uma determinada mercadoria, pode-se criar mecanismos para
aproveitar os benefícios fiscais dos municípios. Em função das diferentes tarifas
relativas aos impostos cobrados em cada estado, os gestores podem encontrar
maneiras de reduzir os custos logísticos, implementando ações que otimizem
os processos logísticos, ao mesmo tempo em que garantem o cumprimento
das obrigações legais. Um exemplo disso, utilizado por muitas organizações,
é transferir uma operação para outra cidade que oferece benefícios fiscais,
podendo render economia para a organização e, ainda, ajudar os municípios,
com a abertura de vagas de emprego.
No que tange à burocracia relacionada ao transporte de cargas, para que
as operações logísticas sejam executadas de forma legal, isto é, de acordo com
a legislação vigente, faz-se necessário conhecer as documentações mínimas
necessárias para organizar as rotas de transporte e manter-se atualizado.
Recomenda-se também que, ao emitir ou conferir uma documentação de
4 Logística tributária

transporte, seja consultada a legislação de trânsito relacionada ao transporte


rodoviário de cargas; desse modo, será possível evitar transtornos futuros.
Assim, na sequência, são abordados os documentos utilizados atualmente
para o transporte de cargas rodoviário, o mais utilizado no Brasil, segundo o
Confaz (BRASIL, 2007).

Documentação necessária à logística para


o transporte de cargas
Dentro da legislação do Confaz (BRASIL, 2007) em vigor, destaca-se o
conhecimento de transporte eletrônico (CT-e), um documento eletrônico
exigido para o transporte de cargas que é emitido e armazenado eletronica-
mente. Trata-se de uma espécie de nota fiscal que atesta a prestação do ser-
viço de transporte em todos os modais — rodoviário, aeroviário, ferroviário,
hidroviário e dutoviário.
Conforme a legislação vigente no país, esse documento possui validade em
todo o território nacional e pode substituir diversos documentos fiscais, como:

 conhecimento de transporte rodoviário de cargas;


 conhecimento de transporte aquaviário de cargas;
 conhecimento aéreo;
 conhecimento de transporte ferroviário de cargas;
 nota fiscal de serviço de transporte ferroviário de cargas;
 nota fiscal de serviço de transporte — no caso de transporte de cargas.

Ao transitar com a mercadoria, se o veículo for parado em algum posto


de fiscalização, a existência e a veracidade do CT-e serão consultadas direta-
mente na Secretaria de Fazenda (Sefaz), segundo o Confaz (BRASIL, 2007).
Porém, como esse documento é eletrônico, via de regra, a transportadora
leva juntamente com a carga o documento auxiliar do conhecimento de
transporte eletrônico (DACTE). Ele não substitui o CT-e, mas tem a função
de acompanhar a carga e auxiliar a consulta ao CT-e no site da Sefaz.
Outro documento importante é o manifesto eletrônico de documentos
fiscais (MDF-e), que, segundo o Confaz (BRASIL, 2007), também é emitido
e armazenado eletronicamente, sendo gerado após a emissão do CT-e; assim
como este, possui validade em todo o território brasileiro. De modo geral,
identificam-se as seguintes funções para o MDF-e:
Logística tributária 5

 facilitar o registro em lotes dos documentos fiscais;


 identificar a unidade de carga utilizada;
 auxiliar na identificação de diversas características das mercadorias
transportadas.

Por sua vez, o documento auxiliar do manifesto eletrônico de docu-


mentos fiscais (DAMDFE) é a documentação que acompanha a mercadoria
em trânsito e informa o deslocamento dos documentos da carga, conforme
aponta o Confaz (BRASIL, 2007).
A nota fiscal eletrônica (NF-e) deve ser providenciada pelo remetente da
carga, isto é, a empresa que contrata o serviço de transporte, diferentemente
dos dois primeiros documentos apresentados, que são de responsabilidade da
transportadora. Torna-se fundamental ressaltar que a emissão de tal documento
é obrigatória para toda e qualquer compra e venda que ocorra no país. A NF-e
tem como objetivo confirmar a relação comercial e demonstrar que todos os
impostos referentes à transação foram devidamente recolhidos, conforme expõe
o Confaz (BRASIL, 2007). Assim como os demais documentos, conforme
orienta o Confaz (BRASIL, 2007), a NF-e também possui um documento
auxiliar, que é impresso e acompanha a mercadoria; trata-se do documento
auxiliar de nota fiscal eletrônica (DANFE).
Após compreender os principais documentos necessários para a efetivação
do transporte de mercadorias, é preciso verificar as consequências que se
enfrentará caso estes não sejam portados, ou seja, o riscos das cargas sem
documentação. O gestor de logística deve compreender os riscos que sua
empresa corre ao firmar parceria com uma empresa de transportes que não
atua regularmente, visto que os maiores prejudicados serão o seu negócio e
os seus clientes.
Em resumo, segundo o Confaz (BRASIL, 2007), transportar uma carga
sem a devida documentação acarreta estes e outros problemas:

 gera descontrole na contabilidade da empresa;


 impede que a carga seja segurada;
 acarreta a apreensão da mercadoria.

Esses documentos são fundamentais para a movimentação logística externa


adequada. O gestor logístico deve também estudar as normativas relacionadas
às cargas perigosas e aos demais modais de transporte, buscando manter-se
sempre atualizado.
6 Logística tributária

Para saber mais sobre os tributos e documentos relacionados à logística de transportes,


acesse o site do Confaz.

https://goo.gl/G1ofLp

Sob essa ótica, a logística tributária pode se tornar uma medida preventiva,
segundo Souza e Moraes (2018), sendo empregada no sentido de reduzir os
custos em todos as áreas e ajudando as empresas a economizarem.

Margem de valor agregado na logística tributária


Para Crepaldi (2018), a margem de valor agregado (MVA) é um indicador
que sugere o preço final que se calcula que o consumidor pagará por uma mer-
cadoria e é utilizada para mostrar, dessa forma, quanto de ICMS o fabricante/
importador precisa recolher antecipadamente e cobrar de seus clientes. Esse
valor é calculado pelo governo com base no aumento do valor do produto do
momento da saída da indústria até chegar ao consumidor final.
Desse modo, as MVAs determinam os valores de ICMS que deverão ser
recolhidos de forma adiantada pelos fabricantes e importadores quando as
mercadorias saírem de suas sedes. Esse sistema também é conhecido como
substituição tributária (ST), segundo Martins (2018). Conforme esclarece
o autor, quanto maior a MVA, maior o valor da ST a ser reembolsado pelos
lojistas e, portanto, maior o preço final a ser cobrado dos clientes.
Para a assertividade do cálculo, a Sefaz de cada estado pode oferecer em
seu site um meio de cálculo on-line. Também existem plataformas pagas
que fazem todo o processo automático de ICMS-ST e a consulta de MVAs,
pois entende-se que investir em alguma plataforma diminui os riscos de
erros de cálculos, que geralmente envolvem valores significativos. O cálculo
manual, empregado mais comumente antes do uso difundido dos meios
digitais, também é conveniente para as organizações e não traz resultados
negativos ou prejuízos.
Para realizar o cálculo da MVA, segundo Crepaldi (2018), a Receita Federal
se fundamenta em pesquisas de mercado, que conferem o acréscimo no valor
do produto ao sair do fornecedor e chegar para a venda ao consumidor final.
Logística tributária 7

Nota-se que as pesquisas que são realizadas não levam em conta os descontos
praticados nas negociações com os consumidores.
Nesse sentido, conforme aponta Crepaldi (2018), o critério do governo é
simples: pesquisa-se o valor de venda praticado pelos lojistas e, com base no
valor declarado à Sefaz pelos fabricantes, chega-se ao percentual a ser aplicado
na MVA. Antes da realização da pesquisa, todos deveriam ser alertados para a
forma de cálculo da MVA, principalmente os lojistas, para não sobrecarregarem
o preço ao consumidor final. Observa-se que, se a MVA estiver adequadamente
calculada, ou seja, se o preço que se presume que será pago pelo cliente final
estiver certo, em que pese o quanto a ST é trabalhosa e o quanto ela interfere
no fluxo de caixa, nenhum imposto maior será pago.
Para complementar, faz-se necessário explicar que a ST foi criada pelo
governo por meio da Constituição Federal (BRASIL, 1988), art. 150, § 7º,
para que o processo de arrecadação e supervisão do pagamento dos impostos
fosse simplificado. Mediante esse artigo, que, em alguns casos, é de difícil
compreensão pelos gestores, pode-se compreender o que é ST e como funciona,
para que a organização não pague mais do que o necessário, ou, ainda, pague
a menos e fique em débito com a União, ou não cumpra essa obrigatoriedade.
Martins (2018) destaca que, com o processo da ST alinhado, é possível
recuperar receita para a organização. O autor sintetiza e leciona que a ST é
o recolhimento antecipado dos impostos referentes às operações seguintes
do processo, ou seja, antes da circulação da mercadoria em questão. Assim,
trata-se de um meio de o governo simplificar a ação e, em vez de recolher
os impostos um de cada vez, recolher antes mesmo de o produto ser vendido
ao consumidor final. Resumidamente, o imposto é arrecadado apenas do
responsável pela primeira etapa do processo do produto, que geralmente é o
fabricante. Nota-se que a ST não interfere no valor da mercadoria, mas faz a
somatória do preço inicial com o valor do imposto.
Portanto, de acordo com Souza e Moraes (2018), a indústria vende a mer-
cadoria com o valor de todos os impostos já embutidos, os quais o centro de
distribuição e o comércio pagariam ao longo do processo. O valor, dessa forma,
é considerado o preço normal da operação e do produto mais a ST, e isso é
cobrado na revenda. Porém, conforme destacam os autores, não são todos os
produtos industrializados que sofrem as normas da ST. Geralmente, o foco
dessa aplicação se detém em produtos de difícil fiscalização, aqueles sujeitos
à comercialização informal, como é o caso de cigarros e carnes.
Para saber se o produto que a organização comercializa deve cumprir essa
obrigação, o Confaz (BRASIL, 2007) disponibiliza uma lista e a atualiza
constantemente. É sempre importante consultar se o produto comercializado
8 Logística tributária

está na lista. Na sequência, são apresentados alguns segmentos e mercadorias


sujeitos ao ICMS-ST (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
— Substituição Tributária):

 autopeças;
 bebidas alcoólicas, exceto cerveja e chope;
 cervejas, chopes, refrigerantes, águas e outras bebidas;
 cigarros e outros produtos derivados do fumo;
 cimentos;
 combustíveis e lubrificantes;
 energia elétrica;
 ferramentas;
 lâmpadas, reatores e starters;
 materiais de construção e congêneres;
 materiais de limpeza;
 materiais elétricos;
 medicamentos de uso humano e outros produtos farmacêuticos para
uso humano ou veterinário;
 papéis, plásticos, produtos cerâmicos e vidros;
 pneumáticos, câmaras de ar e protetores de borracha;
 produtos alimentícios;
 produtos de papelaria;
 produtos de perfumaria e de higiene pessoal e cosméticos;
 produtos eletrônicos, eletroeletrônicos e eletrodomésticos;
 rações para animais domésticos;
 sorvetes e preparados para fabricação de sorvetes em máquinas;
 tintas e vernizes;
 veículos automotores;
 veículos de duas e três rodas motorizados;
 venda de mercadorias pelo sistema porta a porta.

Entretanto, mesmo que o produto apareça na lista do Confaz, a organização


também precisa consultar o produto pela nomenclatura comum do Mercosul
(NCM) e averiguar a descrição. Além disso, é preciso pesquisar se o estado para
o qual a mercadoria será transportada aplica a ST. Para obter essa informação,
é preciso acessar o site da Sefaz de cada Estado. Essas três informações devem
ser compatíveis, para então se ter certeza da aplicação da ST.
Logística tributária 9

Suponha o seguinte caso: a empresa XZY vende um produto sujeito ao regime de


ST. A mercadoria pode ser vendida pelo fabricante ou distribuidor, que deverá reter
e recolher o ICMS que será gerado nas operações seguintes com esse produto.
Resumidamente, esse fabricante ou distribuidor deverá pagar o ICMS que será devido
na venda para o comércio e na venda do comércio para o cliente final. Salienta-se
que o valor final do produto e os valores de impostos serão os mesmos, apenas
cobrados em momentos diferentes. Avaliando dessa forma, a ST pode parecer
injusta, mas ela não prejudica nenhum setor participante da cadeia de produção
e distribuição, pois o primeiro da cadeia comumente se responsabiliza pelo papel
do recolhimento, sendo que, durante o processo de repasse e comercialização, o
tributo é revertido para ele.

Impacto dos impostos e tributos


nos custos logísticos
Para avaliar os impactos dos impostos e tributos nos custos logísticos e iden-
tificar meios pelos quais a logística tributária possa realmente gerar economia
para as organizações, entende-se que o gestor precisa organizar-se e desenvolver
um planejamento que integre todas as áreas da empresa com os processos
logísticos. Deve-se avaliar, assim, o quanto a tributação de uma mercadoria
ou serviço pode impactar na geração de despesas.
Nesse sentido, Souza e Moraes (2018) salientam que é possível implementar
métodos que apresentem uma ótima aplicação dos incentivos fiscais e de
recursos, permitindo o bom desempenho das organizações nas atividades de
transporte de produtos. Os autores destacam que os incentivos fiscais oferecem
benefícios para os estados e municípios, pois conseguem atrair empresas e
gerar renda, e para as empresas, que encontram benefícios em otimizar os
resultados do empreendimento.
Diante do exposto, é preciso manter uma equipe de gestores capacitados,
que conheça o planejamento tributário em logística da empresa e, com isso,
proponha estratégias eficazes para a redução de custos, garantindo o cumpri-
mento de todas as obrigações legais impostas às empresas.
Para reduzir os impactos dos tributos logísticos, Souza e Moraes (2018)
sugerem algumas estratégias de logística tributária, que provocam economia
10 Logística tributária

e permitem que as organizações obtenham resultados mais significativos. As


estratégias aplicáveis em logística tributária são:

 variar a distribuição geográfica das operações;


 terceirizar os serviços logísticos;
 acompanhar as mudanças na logística tributária.

É importante variar a distribuição geográfica, pois, segundo Andrade


e Yoshizaki (2012) e Novaes (2015), em função dos diferentes incentivos
fiscais oferecidos em cada estado e município brasileiro, as organizações
podem sediar suas operações logísticas em locais distintos. Por exemplo, as
alíquotas praticadas pelo ICMS, o IPI diferenciado ou, ainda, os benefícios
de infraestrutura, entre outros. Em muitos momentos, observa-se que as
organizações optam por manter os centros de distribuição e as instalações
de forma definitiva nos estados onde a carga tributária é menor, afetando
os rendimentos.
A terceirização dos serviços logísticos, conforme apontam Viana (2012)
e Dias (2015), é uma tendência cada vez mais forte neste período contempo-
râneo do mercado brasileiro, que tem contribuído bastante para a redução dos
custos. Isso porque muitas organizações estão se especializando nas operações
logísticas que envolvem o recebimento de produtos, o abastecimento da linha
de produção ou a gestão de estoque. Essas empresas podem se especializar
na gestão de frotas, no armazenamento de mercadorias ou em qualquer outro
processo logístico. Como gestor, é importante considerar as atividades nas
quais a contratação de uma transportadora pode ser seguramente lucrativa,
sobretudo em relação ao ISS.
A importância de acompanhar de perto as mudanças em logística tri-
butária está relacionada aos impostos, que, conforme Martins (2018) destaca,
podem representar cerca de 50% dos custos logísticos de uma organização.
Alguns especialistas afirmam que esse percentual pode aumentar. Dessa
forma, os gestores responsáveis pelo planejamento fiscal das empresas pre-
cisam acompanhar as mudanças em logística tributária, buscando impedir
as especulações e se antecipar às tentativas do governo de aumentar as taxas
apresentadas para as organizações.
Como impactos negativos, a má gestão da logística tributária pode
prejudicar e trazer um grande prejuízo para a empresa. Por exemplo, a
Logística tributária 11

quantidade de dados e a burocracia são informações que podem afetar a


prestação de contas das organizações que operam no setor. Nesse contexto,
conforme Souza e Moraes (2018) apontam, erros em processos manuais e
pouco integrados geram grandes impactos, como o pagamento de multas e
até a suspensão das atividades.
Para os autores Andrade e Yoshizaki (2012), é importante ressaltar que
existem inúmeros fatores relacionados aos meios de acordo de prestadores de
serviços logísticos. Muitos destes têm como base os aspectos fiscais e tributá-
rios. Para realizar as operações logísticas, como o transporte, a armazenagem
ou a distribuição, é imprescindível que seja realizada uma análise do fluxo
fiscal e da carga tributária a ser aplicada em todo o processo. Caso contrário,
a organização gastará mais do que o necessário.
Uma das atividades mais utilizadas na área da logística é, segundo
Viana (2012) e Novaes (2015), a armazenagem e a distribuição de mer-
cadorias. O emprego de um depósito central pode ser a opção escolhida
pelas organizações que terceirizam toda a atividade de armazenagem e
distribuição, pelas empresas que necessitam de espaços físicos maiores,
entre outras situações.
Nos períodos de crise, por exemplo, é difícil para as empresas estarem
100% em dia com a legislação tributária vigente. Não é que as organizações
queiram agir dentro da ilegalidade, mas elas ficam operacionalmente com
dificuldades de acompanhar o modelo tributário brasileiro. São fatores
que impactam de forma negativa as organizações, observados por Souza e
Moraes (2018):

 queda na lucratividade;
 endividamento por falta de recursos;
 comprometimento do fluxo de caixa.

Esses fatores são resultantes da falta de controle tributário enfrentada


pelas organizações de diversos segmentos e tamanhos de logística no país.
Dessa forma, para Crepaldi (2018) e Souza e Moraes (2018), aplicar estratégias
tributárias estruturadas é fundamental para que a organização possa usufruir,
inclusive, dos incentivos fiscais oferecidos pelo governo.
Como meio de reduzir o pagamento de tributos, como o ICMS, existem
organizações que acabam mantendo filiais perto do cliente, em conjunto com
12 Logística tributária

o depósito do operador logístico, conforme apontam Andrade e Yoshizaki


(2012). Porém, nem sempre é permitido que se mantenha filiais de variadas
empresas no mesmo local de armazenagem. Isso ocorre devido à necessidade
de separação física das mercadorias dessas organizações. Os autores observam
que a legislação para esse tipo de operacionalização logística possui defici-
ências, surgindo a necessidade de o operador logístico solicitar autorização
junto ao Estado (quando a atividade é permitida), para não ser preciso separar
fisicamente os estoques, e demonstrar ser possível solucionar o controle fiscal
e de estoque sem problemas, em caso de sofrer fiscalização.
Dentre as operações logísticas, Andrade e Yoshizaki (2012) destacam as
operações in house, que são desenvolvidas no interior da empresa contra-
tante, nas quais as atividades comportam desde recebimento, conferência
e, até mesmo, abastecimento de linha de produção. Esse tipo de operação é
utilizado geralmente como serviço terceirizado; nesse caso, a fiscalização a
ser observada é o ISS (Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza), justi-
ficando, na operacionalização da logística, a importância dessa prática para
a diminuição de custos.
Em relação à importação, segundo Souza e Moraes (2018), existe uma
tributação específica, que sempre é importante conferir no ato da importação.
Pode-se citar os bens de capital, que possuem regimes especiais, além dos
impostos como IPI, ICMS, PIS/COFINS que poderão ocorrer.
Resumidamente, na área da logística, o planejamento tributário tende a
reduzir tributos que ocorrem nas operações logísticas. Souza e Martins (2018)
destacam que estes são considerados tributos não cumulativos e que, às vezes,
são pagos de modo equivocado, onerando os custos da organização. Desse
modo, é importante analisar de forma estratégica o gerenciamento dos tributos
logísticos e da prestação de serviços e o(s) local(is) de prestação desses serviços,
estudar os benefícios fiscais e considerar práticas de regimes tributários mais
benéficos nas operações logísticas. No final desse processo, pode-se evidenciar
a redução de valores que antes eram pagos sem necessidade pela organização.
Logística tributária 13

ANDRADE, L. E. W. A.; YOSHIZAKI, H. T. Y. Impactos da reforma tributária: avaliando a


influência do novo Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) na recon-
figuração da malha logística brasileira. Revista Transportes, São Paulo, v. 20, nº. 2, 2012.
Disponível em: http://sites.poli.usp.br/org/sistemas.logisticos/pesquisa_destaque/
icms_sbpo.pdf. Acesso em: 14 mar. 2019.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da União,
Brasília, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/cons-
tituicao.htm. Acesso em: 14 mar. 2019.
BRASIL. Ministério da Economia. Conselho Nacional de Política Fazendária. Ajuste SINIEF
nº. 09, de 25 de outubro de 2007. Diário Oficial da União, Brasília, 2007. Disponível em:
https://www.confaz.fazenda.gov.br/legislacao/ajustes/2007/AJ_009_07. Acesso em:
14 mar. 2019.
CREPALDI, S. A. Curso básico de contabilidade de custos. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2018.
DIAS, M. A. Administração de materiais. São Paulo, Atlas, 2015.
MARTINS, E. Contabilidade de custos. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2018.
NOVAES, A. G. Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição: estratégia, operação
e avaliação. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
SOUZA, F. A.; MORAES, M. H. Logística tributária e fiscal: aspectos fiscais e tributários no
cotidiano das operações logísticas. 2. ed. Maringá: Mag Editora, 2018.
VIANA, J. J. Administração de materiais. São Paulo: Atlas, 2012.

Leitura recomendada
MATO GROSSO. Secretaria de Estado de Fazenda. Tarifa externa comum: Brasil. Diário
Oficial da União, Brasília, 2015. Disponível em: https://www.sefaz.mt.gov.br/portal/
download/arquivos/Tabela_NCM.pdf. Acesso em: 14 mar. 2019.
DICA DO PROFESSOR

É um desafio para os gestores administrarem os gastos das empresas com taxas, tarifas e afins.
No Brasil, temos uma grande variedade de tributos federais, estaduais e municipais que sofrem
mudanças constantes, dificultando ainda mais esse gerenciamento.

Por isso, é fundamental criar estratégias focadas na gestão de impostos, que precisam ser
planejadas, assim como qualquer outra operação do negócio. Então, aproveite nossa Dica.
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EXERCÍCIOS

1) Existem diferenças significativas entre os tributos aplicadas ao transporte e à


distribuição de mercadorias no Brasil. Além disso, em nosso país, são aplicados taxas
e impostos que se destacam como os mais altos do mundo. Entre eles, destacam-se os
impostos municipais, estaduais e federais, sendo que:

A) no município, todas as organizações, comerciais e industriais, são obrigadas a recolher o


IPI.

B) no estado, todas as organizações são obrigadas a recolher o Imposto sobre Serviços de


Qualquer Natureza (ISSQN).

C) no estado, tanto organizações formais como informais são obrigadas a pagar IPI.

D) no município, todas as organizações são obrigadas a recolher o Imposto sobre Serviços de


Qualquer Natureza (ISSQN).

E) no âmbito federal, o IPI é um tributo federal que está entre as obrigações fiscais das
empresas que agem somente sobre produtos nacionais.
2) A margem de valor agregado (MVA) aplicada na logística tributária é um indicador
que mostra o preço final que o consumidor pagará por uma mercadoria. Como fatos
importantes relacionados à MVA, destacamos que:

A) A MVA é um sistema também chamado de Substituição Tributária (ST).

B) As secretarias dos estados brasileiros não veem necessidade de trabalhar com softwares
simuladores de cálculo de MVA, por isso não disponibilizam qualquer auxílio para o
cálculo.

C) A Receita Federal realiza pesquisas internacionais para averiguar como outros países
calculam a MVA para aplicar o mesmo método no Brasil.

D) A Receita Federal confere os cálculos aplicados pelo ICMS, sendo responsabilidade desse
órgão o acréscimo no valor do produto ao sair do fornecedor e chegar para a venda ao
consumidor final.

E) Não há necessidade de a empresa compreender a MVA, ou Substituição Tributária, pois,


de qualquer forma, será pago o valor real para que a organização não fique em débito com
a União.

3) Não são todos os produtos industrializados que sofrem as normas da ST. Dessa
forma, é preciso considerar que:

A) é difícil de implementar, porque exige a separação dos custos de fabricação.

B) permite a análise dos custos por centros de distribuição e tempo de entrega.

C) o foco dessa aplicação concentra-se em produtos de difícil fiscalização.

D) o CONFAZ sugere que cada fabricante informe se o seu produto deve estar dentro da lista
de produtos que precisam de cálculo da MVA.

E) entre os produtos que devem estar na lista do MVA constam móveis e roupas.

4) Para reduzir os impactos dos tributos logísticos, sugerem-se estratégias que


propiciem economia e permitam que as organizações obtenham resultados mais
significativos. As principais estratégias aplicáveis em logística tributária são: a
variação da distribuição geográfica das operações, a terceirização dos serviços
logísticos e o acompanhamento das mudanças da logística tributária. Entre essas
estratégias, observamos que:

A) Variar a distribuição geográfica consiste em maiores movimentações logísticas nem


sempre muito lucrativas.

B) As organizações optam por manter centros de distribuição próximos ao fabricante para


manter o estoque sob controle.

C) A terceirização dos serviços logísticos é uma tendência que tem contribuído muito para a
redução dos custos.

D) Operadores logísticos especializam-se em processos de vendas de mercadorias ou em


qualquer outro processo logístico.

E) Acompanhar de perto as mudanças em logística tributária está relacionado aos produtos


comercializados, pois quebras de produtos podem representar cerca de 80% dos custos de
uma organização, podendo aumentar.

5) Na análise gerencial, alguns fatores impactam de forma negativa na má gestão da


logística tributária: a queda na lucratividade, o endividamento por falta de recursos e
o comprometimento do fluxo de caixa. Assim, percebe-se que:
A) a diminuição dos lucros nos tributos logísticos ocorre em função da má análise na
composição dos custos totais do processo produtivo.

B) os fatores negativos são decorrentes da falta de controle tributário enfrentada pelas


organizações.

C) não há uma gestão adequada pela Receita Federal, o que impacta nesses fatores negativos,
pois considera questões relacionadas à manufatura.

D) proporciona a diminuição dos tributos que são influenciados pela diversificação dos
produtos e dos processos.

E) a má gestão dos tributos na logística.

NA PRÁTICA

Este estudo pretende demonstrar vários cenários fiscais nos quais o operador logístico pode
realizar as suas operações, além da utilização de alternativas tributárias que podem contribuir no
desenvolvimento de novos negócios ou de serviços complementares.
Atestará, também, que um estudo prévio é necessário para escolher a melhor alternativa fiscal
em cada projeto de armazenagem, de transporte e demais operações logísticas para avaliar o
impacto tributário em cada caso.

Nesse contexto, este Na Prática apresenta uma reflexão sobre o tema em questão. Veja o
seguinte estudo:
SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Custos logísticos: um estudo sobre a composição do frete rodoviário entre zonas


aduaneiras

Este trabalho buscou explicar os custos de cada item que compõe um frete rodoviário, com o
objetivo de compreender o porquê de seu alto valor. Concluindo-se a veracidade de todos os
valores que englobam o frete rodoviário: a manutenção, a mão de obra, o gerenciamento, os
pedágios, o combustível, os pneus, os encargos e o seguro da mercadoria.

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Análise da formação de custos logísticos entre rotas de transportes de uma cooperativa do


oeste catarinense

Veja este estudo que apresenta uma comparação dos custos logísticos entre as principais rotas de
transporte de uma cooperativa de Santa Catarina. Os custos identificados por quilômetro rodado
(entre as cinco rotas de origem e nove de destino). Os resultados evidenciam que o lucro por
quilômetro rodado tem variação de acordo com a rota estabelecida, destacando a importância da
análise e da gestão dos custos logísticos para o acompanhamento dos resultados, tanto para a
entidade cooperativa, quanto para as empresas transportadoras de cargas que prestam este
serviço.

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Impacto dos tributos sobre o transporte rodoviário de cargas no estado de Mato Grosso –
um estudo de caso

Confira este estudo que faz uma análise do impacto dos tributos sob a ótica dos principais
regimes de tributação aplicáveis às empresas do setor de transporte rodoviário de cargas. Os
resultados apontam que a modalidade Transportador Autônomo como a mais vantajosa.
Entretanto, embora tenham ficado claro as vantagens dessa modalidade de tributação, é preciso
analisar os objetivos do empresário para então fazer a opção quanto ao regime de tributação
mais adequado levando em conta seu custo/benefício.

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Gerenciamento de riscos

APRESENTAÇÃO

O risco está presente em qualquer processo de uma empresa, e na logística não é diferente. Esses
riscos podem ser causados por agentes internos ou externos, além de comprometer o processo de
reabastecimento e distribuição de produtos, gerando prejuízos para a organização. Conhecer os
riscos é fundamental para traçar estratégias de minimização de impacto destes. Vale a pena
lembrar que um bom gerenciamento de risco pode transformar uma ameaça em oportunidade.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você estudará os principais riscos na logística, bem como os
passos necessários e a importância de gerenciá-los.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Definir gerenciamento de risco.

• Descrever os processos de gerenciamento de riscos.

• Explicar a importância do gerenciamento de riscos na logística.

DESAFIO

As cadeias de suprimentos têm se tornado cada vez mais complexas devido a fatores como a
globalização. O aumento dos riscos e das rupturas dessa cadeia é diretamente proporcional a
essa complexibilidade.

Imagine que você é o novo gestor de uma empresa produtora de suco de laranja. Seu único
fornecedor fica a 5km de distância da empresa e, atualmente, ele supre todas as necessidades de
fornecimento da empresa, inclusive tem interesse em fornecer mais laranja, porém, sua empresa
já está operando com o máximo da capacidade produtiva. Sua empresa não faz o gerenciamento
dos riscos, mas você decidiu mudar esse contexto.
Sendo assim, responda:

a) Quais os riscos que você consegue identificar?

b) Quais estratégias você poderia adotar para minimizar esses riscos?

c) Os riscos levantados oferecem alguma oportunidade?

INFOGRÁFICO

O gerenciamento de risco deve considerar a característica do produto para definir a maneira que
esses produtos serão dispostos, além de determinar estratégias de monitoramento destes.

Neste Infográfico, você vai ver algumas características que precisam ser consideradas no
momento de armazenar ou expor produtos.

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CONTEÚDO DO LIVRO

Muitos gestores pecam por pensar que medidas devem ser tomadas apenas quando um risco
aparece. Nos últimos anos, observou-se que as empresas passaram a considerar a gestão de
riscos como uma ferramenta vital para a sustentabilidade do negócio.

No capítulo Gerenciamento de riscos, da obra Gestão de custos, riscos e perdas, base teórica
desta Unidade de Aprendizagem, você vai ver o que é e qual a importância do gerenciamento de
riscos. Além disso, vai aprender sobre os principais passos para gerenciá-los.

Boa leitura.
GESTÃO DE
CUSTOS, RISCOS E
PERDAS

Isis Boostel
Gerenciamento de riscos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Definir gerenciamento de risco.


 Descrever os processos de gerenciamento de riscos.
 Explicar a importância do gerenciamento de riscos na logística.

Introdução
O risco pode ser traduzido como a incerteza de um resultado e pode ter
reflexos positivos (oportunidades) ou negativos (ameaças). Os riscos podem
ocorrer internamente, ou seja, dentro da estrutura de uma empresa, ou
externamente — nesse caso, podem fugir ao controle dos gestores. O
gerenciamento de riscos na logística tem como objetivo identificar possíveis
falhas e adotar medidas adequadas para eliminar ou minimizar esses riscos.
Neste capitulo, você vai estudar os principais riscos na logística, bem
como os passos necessários e a importância de gerenciá-los.

Conceitos fundamentais
Toda empresa deve estar atenta aos riscos internos e externos que podem
comprometer a sua operação. Os riscos internos são aqueles que ocorrem
mediante erros nos processos e deficiência no gerenciamento em diversas
áreas da empresa. Já os riscos externos são aqueles que não são controlados
pela organização. Por exemplo, um desastre natural, como um terremoto,
pode danificar todo o estoque de uma empresa; um atentado terrorista pode
comprometer toda a cadeia de suprimentos.
Felizmente, esses fenômenos naturais e atentados não são comuns no
Brasil; porém, temos outros fatores externos que comprometem os elos da
cadeia de suprimentos. Por exemplo, a greve dos caminhoneiros, ocorrida
em 2018, provocou desabastecimento em praticamente todos os setores da
economia nacional.
2 Gerenciamento de riscos

O agronegócio brasileiro é um dos setores que mais sofre com fatores ex-
ternos. O impacto maior é sentido pelo pequeno produtor. Podemos citar como
exemplo a falta de recursos financeiros para investir em sistemas de irrigação,
não tendo, assim, uma estratégia definida para suprir a ausência de chuvas.

O ano de 2018 foi motivo de felicidade para os agricultores do serrado do Piauí. O


resultado foi a maior safra da história, com uma colheita de 3,5 toneladas por hectare,
graças a um regime de chuvas ideal. Os produtores criaram a expectativa de uma safra
semelhante em 2019, porém, a falta de chuvas em dezembro de 2018 já comprometia
em 30% os resultados no início de 2019.

A gestão de riscos deve ser baseada na probabilidade de ocorrência de


um evento e no impacto que esse evento vai causar caso ocorra. Qualquer
percepção de risco deve servir de alerta para que a empresa tome as devidas
providências e ofereça restrições ao serviço de armazenamento e distribuição
de um produto. Essa precaução logicamente incide sobre o custo de um produto.
Podemos observar na Figura 1 que, quanto maior o grau de risco do produto,
maiores serão os custos de transporte e armazenagem.

Figura 1. Efeitos gerais dos riscos de um produto sobre os custos logísticos.


Fonte: Ballou (2006, p. 82).
Gerenciamento de riscos 3

Segundo Ballou (2006), há também o risco de ruptura da cadeia de suprimen-


tos, e algumas medidas devem ser adotadas para prevenir ou amenizar o impacto.

 Seguro contra riscos — existem vários tipos de seguro no mercado,


desde seguro contra furtos de mercadorias até seguros para perdas
financeiras. Deve-se ficar atento à cobertura do seguro contratado.
 Desenvolvimento de novos fornecedores — segundo Ballou (2006, p.
114), “[...] manter múltiplas fontes de suprimentos ou planejar o acesso a
fornecedores alternativos são medidas que tendem a garantir o fluxo de
produtos/mercadorias durante situações de ruptura dos canais normais.
A dependência de uma única fonte de suprimentos é o maior dos riscos”.
 Alternativas de transporte — o Brasil é um país deficiente quando
o assunto é infraestrutura de transportes. O transporte de produtos
pode ser impactado por diversos motivos, desde a queda de pontes e
encostas, impossibilitando que produtos cheguem no destino por modais
rodoviários ou ferroviários, até manifestações e reivindicações, como
a greve dos caminhoneiros de 2018, que causou desabastecimento
principalmente no varejo e no atacado.
 Modificar a demanda — podemos definir demanda como o desejo que
o consumidor tem de adquirir um determinado produto. Lançamentos de
novos produtos, por exemplo, podem tornar um produto obsoleto, per-
dendo valor perante os clientes. Ballou (2006, p. 114) afirma o seguinte:
Mudar a demanda é uma maneira indireta de enfrentar crises no suprimento.
Trata-se do reconhecimento de que, quando não há meio de disponibilizar um
produto, os clientes devem ser incentivados, por várias formas, a escolher uma
mercadoria alternativa. Dessa maneira será possível manter as vendas no seu
nível habitual até a normalização do desempenho da cadeia de suprimentos.

 Resposta rápida à alteração da demanda — se a demanda mudar, a


empresa tem de estar preparada para dar uma resposta imediata. No
caso de queda na demanda, realizar promoções e liquidações pode
ser uma alternativa. Já no caso de aumento repentino na demanda, a
empresa tem de estar preparada para suprir as necessidades de mercado.
 Estoque de emergência — é a quantidade estipulada de produto que
a empresa deve ter em caso de problemas no reabastecimento dos pro-
dutos. Essa quantidade deve ser dimensionada de forma que a empresa
tenha condições de ofertar o produto aos clientes até a normalização na
cadeia de suprimentos. Não existe uma fórmula ideal para se calcular
esse estoque, também chamado de estoque de segurança, afinal, são
inúmeras as variáveis que podem comprometer o reabastecimento.
4 Gerenciamento de riscos

Processos de gerenciamento de riscos


O primeiro passo para a gestão de riscos é a elaboração do sistema de ge-
renciamento de riscos. Nesse momento, é definida qual metodologia será
utilizada para o planejamento e quais membros da equipe serão responsáveis
pelas ações de monitoramento e atendimento a emergências.
O segundo passo é identificar os riscos e determinar o impacto de cada
um deles na cadeia logística, bem como as medidas emergenciais que serão
tomadas para eliminar ou amenizar os riscos. A seguir, veja quais são os
principais riscos na logística.

 Risco econômico: trata-se de um risco externo, que o gestor terá pouca


influência para controlar. Podemos citar aqui variações cambiais, cria-
ção de impostos, mudanças nas taxas de juros e falência de clientes e
fornecedores.
 Risco político: também é um risco externo que abrange mudança de
governo, ruptura nos acordos comerciais, embargos de importação e
exportação ou, até mesmo, guerras e conflitos.
 Riscos geográficos: são riscos externos causados em função da loca-
lidade de uma empresa. Os desastres naturais são exemplos de riscos
geográficos.
 Risco de planejamento: este é um risco interno e, nesse caso, a empresa
tem a oportunidade de minimizá-lo por meio de análises de comporta-
mento de mercado e negociação de contratos.
 Risco da concorrência: até mesmo uma empresa que domina o mercado
deve se manter atenta às mudanças de tendências. O sucesso muitas
vezes gera uma acomodação; portanto, a empresa deve continuar ino-
vando e buscando a melhoria contínua tanto nos processos quanto na
qualidade de seus produtos.
 Risco ambiental: nos últimos anos, os consumidores têm exigido que
os produtos adquiridos tenham origem em empresas sustentáveis e
ambientalmente corretas.

A análise qualitativa é o próximo passo e consiste em determinar a proba-


bilidade de ocorrência do risco e o impacto na cadeia. Já a análise quantitativa
é baseada em valores monetários e serve de análise para a tomada de decisões
e os investimentos, buscando controlar os riscos.
Após as análises quantitativas e qualitativas e a definição da probabilidade
e do impacto, é hora de planejar as estratégias que serão adotadas caso o
Gerenciamento de riscos 5

risco se torne real. Por fim, deve-se monitorar os riscos constantemente


para determinar o momento certo de agir, aquele em que o limite de risco
aceitável for extrapolado.
A Figura 2 ilustra os processos necessários para gerenciar os riscos. A
comunicação e a consulta são essenciais durante todas as etapas, para que os
responsáveis pela implementação do processo de gestão de riscos e as demais
áreas tenham ciência dos motivos das decisões tomadas. Estabelecer o contexto
consiste em determinar se o risco é interno ou externo.

Figura 2. Processo de gestão de riscos.


Fonte: ABNT (2009, documento on-line).

Importância do gerenciamento de riscos


na logística
A prevenção contra os riscos na logística pode significar redução de prejuízos
e garantia da sobrevivência da empresa em momentos de turbulência. O gestor
logístico deve se embasar em dados e informações sobre o mercado para definir
a melhor estratégia para reduzir os impactos causados pela ruptura da cadeia
de suprimentos, por exemplo.
6 Gerenciamento de riscos

Definir a estratégia de estoque é uma tarefa árdua, que pode ser facilitada
quando o gestor se mantém informado sobre as condições econômicas e de
mercado. Reduzir o estoque diminui o risco de o produto se tornar obsoleto
e reduz as perdas por depreciação e queda na demanda. Porém, em caso de
ruptura na cadeia de suprimentos, a empresa vai perder vendas ou não con-
seguirá cumprir contratos.

É importante frisar que alguns riscos podem proporcionar oportunidades para a


empresa aumentar a sua lucratividade. Podemos citar como exemplo o risco de de-
sabastecimento de produtos alimentícios: com a diminuição da oferta, os preços dos
produtos se elevam. Isso mostra a importância do bom gerenciamento de riscos, que
possibilitará a identificação dessas oportunidades.

Gerenciar o estoque corretamente é um desafio para a logística porque as


características do produto impactam a maneira correta de armazenamento e
influenciam na quantidade a ser estocada. Quando um produto apresenta um
alto risco, naturalmente serão impostas restrições quanto à distribuição desses
produtos, tornando o custo logístico mais elevado. Ballou (2006) classifica os
riscos dos produtos da seguinte forma:

 perecibilidade;
 inflamabilidade;
 valor;
 tendência a explodir;
 facilidade em ser roubado.

As grandes empresas de varejo, buscando minimizar os riscos causados


por produtos encalhados em seus estoques, passaram a realizar compras
por consignação. Assim, as vendas em consignação vêm ganhando espaço
nos últimos anos. Esse tipo de venda se dá da seguinte forma: o fornecedor
deixa os produtos em um determinado local para ser exposto e comercia-
lizado; se o produto for vendido, o vendedor receberá um valor estipulado
em contrato. Caso o produto não seja comercializado, o fornecedor recebe
o produto de volta. Esse tipo de venda, na verdade, transfere os riscos para
o fornecedor.
Gerenciamento de riscos 7

Há ainda um movimento similar às vendas consignadas em ascensão


no mercado, porém, de uma forma imposta. É o que acontece com grandes
redes de varejistas, por exemplo, que exigem a disponibilidade de produtos
ao fornecedor e só vão, de fato, pagar pelo produto após a comercialização
para o cliente final.
Existem muitas maneiras de acontecerem eventos não desejados na logís-
tica e na cadeia de suprimentos, incluindo falhas nas estruturas físicas, que
ocasionam acidentes no transporte, desabamento de edifícios e entrada de
produtos contaminados nas cadeias de abastecimento de produtos alimentícios,
por exemplo.
Segundo Grant (2013), existem possíveis impulsionadores de risco na
logística e na cadeia de suprimento:

 cadeias de suprimento mais enxutas, com número reduzido de forne-


cedores — manter poucos fornecedores pode representar um risco,
afinal, qualquer ruptura na cadeia de suprimento pode causar enor-
mes danos e interromper o processo de produção e venda de novos
produtos;
 redução dos ciclos de tempo de trânsito e de pedidos de compra na
cadeia de suprimentos e utilização de práticas just in time (no momento
certo); esse sistema tende a diminuir consideravelmente os níveis de
estoque e, caso haja qualquer problema no reabastecimento, a produção
será comprometida;
 globalização do abastecimento e fornecimento e maior número de elos
de transporte;
 produção e distribuição centralizadas em um único local;
 tendência crescente à subcontratação.

Segundo Grant (2013, p. 335):

Uma vez determinados os riscos e as probabilidades de riscos de sua logística


e cadeia de suprimentos e a resiliência a esses riscos, uma empresa pode
tratar de derivar várias estratégias de atenuação de riscos e continuidade dos
negócios. Tais estratégias incluem:
• Diversificação por abastecimento múltiplo de suprimentos e produto;
• Ter sistemas paralelos na empresa e subcontratados;
• Acumular estoque pulmão — A quantidade de saída de produtos geral-
mente oscila durante o ano. Estoque pulmão é um estoque produzido ou
comprado excedente à quantidade de saída no período de menor venda
para ser usado quando a demanda aumenta;
8 Gerenciamento de riscos

• Fabricar produtos além do necessário em períodos em que a demanda é


menor do que a capacidade, formando estoques pulmão que serão con-
sumidos posteriormente;
• Ter redundância mantendo capacidade extra;
• Contratar seguro contra perda advinda da quebra da cadeia de suprimentos.

Decidir pela contratação de um seguro também é um desafio para o ges-


tor. Muitas empresas optam por não investir em contratação de seguros de
edificação, estoque, máquinas e equipamentos, por acreditarem que os altos
custos com seguro são, na verdade, uma despesa. Em outros casos, devido aos
ramos de atividade em que atuam, algumas empresas encontram dificuldades
para contratar uma apólice de seguros.
De acordo com Grant (2013, p. 333):

Uma perda esperada é frequentemente expressa em termos como custos em


dólares, libras ou euros ou a perda em anos de vida ou produtividade esperada,
e é necessária para qualquer análise de custo –benefício ou risco–benefício.
Uma análise de benefício introduz uma dimensão ética no risco: um lucro
(ou prejuízo) é considerado uma “recompensa” (ou “custo”) pela aceitação
do risco em negócios.

Em 2016, um incêndio destruiu uma fábrica de colchões e estofados em São Paulo.


Segundo o proprietário, o local não tinha seguro, e seu prejuízo total poderia chegar
a 20 milhões de reais. Veja a reportagem completa acessando o link a seguir.

https://goo.gl/ZWouUz

ABNT. ISO 31000: gestão de riscos — princípios e diretrizes. 2009. Disponível em: https://
gestravp.files.wordpress.com/2013/06/iso31000-gestc3a3o-de-riscos.pdf. Acesso em:
21 mar. 2019.
BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: logística empresarial. 5. ed.
Porto Alegre: Bookman, 2006.
GRANT, D. B. Gestão de logística e cadeia de suprimentos. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
DICA DO PROFESSOR

Um gerenciamento de risco bem estruturado permite que a empresa reduza suas perdas e
aproveite melhor as oportunidades. Uma decisão errada pode comprometer toda a história de
uma empresa, mesmo esta sendo uma gigante de um determinado segmento.

Nesta Dica do Professor, você vai ver que toda tomada de decisão oferece prós e contras. Veja a
seguir o caso de uma empresa líder de mercado que tomou uma decisão errada. Além disso, vai
ficar por dentro da próxima revolução que já está batendo na porta das empresas.

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EXERCÍCIOS

1) Gerenciar os riscos é um dos pilares para o sucesso de uma empresa, o que consiste
em identificá-los e determinar planos de ações para amenizá-los. Os riscos podem ser
internos ou externos.

Assinale a alternativa que pode indicar um risco interno na logística.

A) Roubo de carga.

B) Incêndio em um armazém.

C) Furacão.

D) Variação do câmbio.

E) Falência de um fornecedor.

2) Medir os riscos é fundamental para definir estratégias, assim como um plano de


contingência para minimizá-los, diminuindo o impacto em um negócio.

Assinale a alternativa correta referente à avaliação de riscos.

A) Os riscos só podem ser medidos de forma qualitativa.

B) Todos os riscos devem ser tratados de forma igual.

C) Os riscos podem representar uma oportunidade.

D) Deve-se elaborar um plano de ação apenas para os riscos internos.

E) Os riscos externos devem ser ignorados, afinal, fogem do controle do gestor.

3) O entendimento da demanda é uma grande oportunidade para gerenciar os riscos de


uma empresa.

Assinale a alternativa que indica como a demanda pode interferir nos processos de
uma empresa.

A) Uma boa prática é realizar promoções quando a demanda está elevada.

B) Uma empresa pode modificar a demanda com o lançamento de um novo produto.

C) O aumento da demanda é um risco para a empresa.

D) A demanda pode ser caracterizada apenas como um risco interno.

E) Mudança da demanda não representa risco para uma empresa.

4) Uma das estratégias para reduzir riscos causados por estoque é realizar compras por
consignação. Essa estratégia é muito utilizada por grandes varejistas e por revendas
de carros usados.

Das alternativas a seguir, qual delas explica a forma de compras consignadas?

A) O varejista é obrigado a comprar mensalmente uma quantidade mínima de produtos.

B) O fornecedor recebe apenas pelos produtos vendidos.

C) Se o produto não for comercializado, o fornecedor recebe apenas 50% do valor em


contrato.

D) O varejista é obrigado a permanecer com o produto até realizar a venda.

E) O pagamento do produto é realizado no ato da entrega do produto ao varejista.

5) Todo bom gestor precisa gerenciar os riscos para tomar decisões que minimizam os
impactos causados por alguma ruptura na cadeia de abastecimento e distribuição de
produtos.

Das alternativas a seguir, qual indica uma boa prática para o gerenciamento de
riscos?

A) Manter o mínimo de fornecedores possível.

B) Concentrar produção e distribuição em um único local.

C) Práticas just-in-time.

D) Acumular estoque como um pulmão.


E) Realizar subcontratações.

NA PRÁTICA

Ataque terrorista é um bom exemplo de risco externo que pode impactar na logística de uma
empresa. O ataque de 11 de setembro nos Estados Unidos impactou milhares de empresas
americanas e de outras nacionalidades.

Neste Na Prática, você vai ver como a montadora Chrysler gerenciou os riscos e diminuiu o
impacto causado por esse ataque.
SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

7 riscos das cargas nas operações logísticas

As operações logísticas envolvem riscos tanto às cargas quanto às pessoas, podendo gerar sérios
problemas à organização. Você sabe identificar os riscos que as cargas oferecem na sua
operação logística? No vídeo a seguir, você vai ver quais são os sete riscos das cargas nas
operações logísticas.

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Gestão de riscos em projetos

Em um mercado tão competitivo, gerenciar riscos é imprescindível para o sucesso de uma


empresa. Assista ao vídeo a seguir e veja a importância da gestão logística em um projeto.

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A importância da análise de riscos para a cadeia logística internacional

Veja a seguir um artigo sobre a importância da análise de riscos para a cadeia logística
internacional, a qual apresenta os conceitos que servem como base para a análise de riscos, além
da melhor forma de iniciar esse processo.

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Sistemas de apuração dos custos
logísticos

APRESENTAÇÃO

É importante que o gestor conheça os apontamentos dos custos da sua empresa para elaborar
adequadamente a estruturação dos custos e, assim, poder elaborar ações estratégicas que
auxiliem na competitividade da organização, mantendo-a com um diferencial competitivo
assertivo. Dessa forma, você deve conhecer os métodos de custeio por absorção e direto, bem
como o sistema de custeio ABC, de acordo com alguns autores, os quais apresentam vantagens e
desvantagens entre os métodos abordados.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá conhecer conceitos sobre análise de custos. Além
disso, você também irá estudar algumas ferramentas gerenciais que auxiliam os gestores na
coordenação e nas tomadas de decisões relacionadas à avaliação de custos.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Definir os sistemas de custeio por absorção e direto.


• Descrever o sistema de custeio ABC.
• Comparar as vantagens e as desvantagens dos sistemas de custeio.

DESAFIO

Os gestores precisam avaliar as propriedades específicas de cada sistema de custeio para optar
por aquele que mais se adequa à realidade da organização.

Imagine que você é o gestor de uma empresa que comercializa dois componentes eletrônicos.
No início da semana, o diretor o chama e diz que precisa de informações mais detalhadas acerca
dos custos e das despesas da empresa. Ele solicita que você explique como diferenciar despesas
e custos na prática. Para isso, ele convoca uma reunião com todos os coordenadores,
objetivando o esclarecimento de dúvidas que possam gerar problemas na contabilidade.
Diante desse contexto, responda às dúvidas dos demais líderes e do diretor:

a) No que se refere ao prédio onde a produção está localizada, deve-se considerar a depreciação
do imóvel como um custo fixo indireto para cada produto? É preciso ser acrescido ao valor do
estoque pelo método de custeio variável?

b) E quanto aos gastos relacionados à propaganda específica dos dois tipos de produtos: podem
ser considerados custos fixos diretos e compõem o valor do estoque pelo método de custeio por
absorção?

c) Por fim, a composição da matéria-prima utilizada em cada componente eletrônico na sua


fabricação pode ser considerada um custo variável direto de cada produto, sendo avaliado como
um valor do estoque pelo método de custeio por absorção?

INFOGRÁFICO

É essencial que os gestores saibam avaliar as propriedades específicas de cada sistema de


custeio para optar por aquele que mais se adequa à realidade da organização. Somente assim as
informações obtidas poderão auxiliar de forma clara na tomada de decisão nas organizações.

Confira no Infográfico a seguir, algumas informações importantes sobre cada sistema de


custeio:
CONTEÚDO DO LIVRO

As empresas necessitam buscar a flexibilidade em termos de estrutura organizacional para


atenderem de forma mais ágil às mudanças do mercado. Além disso, deverão adiantar-se às
exigências dos consumidores. Sendo assim, é necessário que os gestores estejam sempre bem
informados quanto aos custos da organização, com o objetivo de otimizar o desempenho
empresarial.

O capítulo Sistemas de apuração dos custos logísticos, da obra Gestão de custos, riscos e
perdas, aborda os métodos de custeio por absorção e direto, bem como o sistema de custeio
ABC. São apresentadas, também, vantagens e desvantagens dos métodos abordados.

Boa leitura.
GESTÃO DE CUSTOS,
RISCOS E PERDAS

Zaida Cristiane dos Reis


Sistemas de apuração
dos custos logísticos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Definir os sistemas de custeio por absorção e direto.


 Descrever o sistema de custeio ABC.
 Comparar as vantagens e desvantagens dos sistemas de custeio.

Introdução
Segundo Martins (2018), a contabilidade de custos possibilita o entendimento
da estrutura de custos da empresa, colaborando de forma estratégica para
a organização e sendo um diferencial de competitividade, tendo como
função avaliar o estoque, dentre outras atribuições administrativas. Diante
disso, os sistemas de custeio são constituídos de acordo com as necessidades
dos usuários e segundo a natureza das atividades e operações da entidade.
Este capítulo tem como escopo contribuir para o entendimento de
alguns conceitos e ferramentas gerenciais aplicadas na análise de custos
e preços de venda de inúmeras empresas. Neste estudo, enfatiza-se que
as ferramentas gerenciais apresentadas se aplicam nas organizações inde-
pendentemente do porte ou da atuação, com adaptações consideráveis.
Desse modo, você vai estudar os métodos de custeio por absorção e
custeio direto e o sistema de custeio ABC, de acordo com alguns autores,
verificando as vantagens e desvantagens dos métodos abordados.

Definições iniciais de custeio por absorção


e direto
Nota-se que o contexto contemporâneo vem passando por várias transforma-
ções, tanto na perspectiva político-econômica quanto na gestão das empresas.
Como implicações, as organizações se encontram em uma nova realidade, na
2 Sistemas de apuração dos custos logísticos

qual as tendências são apontadas pelo mercado e pela concorrência. Assim,


as empresas necessitam buscar flexibilidade em termos de estrutura organiza-
cional, para atenderem de forma mais ágil às mudanças do mercado. Devem
também se adiantar às exigências dos consumidores, procurando surpreendê-los
com recursos cada vez mais personalizados.
Nesse sentido, surge a necessidade de os gestores obterem informações
relevantes e relacionadas aos custos da organização, visando a otimizar o
desempenho empresarial. O emprego de sistemas de custeio pelas organi-
zações vem possibilitando aos gestores o direcionamento das suas estraté-
gias, por meio do gerenciamento dos custos decorrentes de seus processos
e atividades.

Conforme aponta Crepaldi (2017), a gestão de custos contábeis tem como uma de
suas finalidades oferecer aos gestores informações que são imprescindíveis para uma
boa gestão, bem como auxiliar na tomada de decisões, principalmente diante do
atual cenário globalizado e da forte concorrência, que exigem a redução de custos
para maximizar os lucros.

Segundo Crepaldi (2018), as empresas podem adaptar os custos ao produto


por meio de sistemas de custeio. Veja dois deles a seguir.

 Custeio por absorção: além de ser um dos mais antigos sistemas, é


o único aceito para fins fiscais; consiste na apropriação de todos os
custos de produção aos bens elaborados.
 Custeio direto: é um sistema que só considera como custo do produto
os custos variáveis utilizados no processo produtivo; sendo assim, os
custos fixos são considerados como despesas do período, pois inde-
pendem do volume de produção.

Diante desses conceitos, os gestores precisam avaliar as propriedades


específicas de cada sistema de custeio, para optar por aquele que mais se
adequa à realidade da organização.
No contexto econômico de empresas globais, percebe-se a necessidade
de as organizações alargarem os seus horizontes em termos de perspectivas
dos seus negócios, visto que, desse modo, podem posicionar-se estrate-
Sistemas de apuração dos custos logísticos 3

gicamente e enfrentar a concorrência, abrindo espaço para a adoção de


outros sistemas de custeio.

Sistema de custeio por absorção


O sistema de custeio por absorção, também chamado de sistema integral,
segundo Martins (2018), é aquele sistema que apura o valor dos custos dos
bens ou serviços, tomando como base todos os custos da produção. Meglioni
(2012) corrobora, afirmando que o custeio por absorção é um procedimento
que consiste em atribuir aos produtos produzidos todos os custos de produção,
seja de forma direta ou indireta. Desse modo, os custos, tanto fixos como
variáveis, são concentrados nos produtos.
Ainda conforme Meglioni (2012), o sistema de custeio por absorção adapta
todos os custos da área de fabricação. Os custos diretos são apropriados de
forma prática, e os custos indiretos são adaptados pelo rateio. Nesse caso, um
dos critérios mais empregados é a proporcionalidade do valor da matéria-prima
consumida, do valor da mão de obra direta e da quantidade de horas-homem
e de horas-máquina aplicadas a cada produto.
Martins (2018) aponta que a principal distinção apresentada no uso do
custeio por absorção é entre custos e despesas. Sabe-se que a separação é
fundamental, pois as despesas são lançadas imediatamente contra o resultado
do período, enquanto os custos relativos aos produtos vendidos serão tratados
igualmente. Já os custos referentes aos produtos em produção e aos produtos
acabados que não foram vendidos são acionados nos estoques desses produtos.
Segundo Crepaldi (2017), o custeio por absorção é proveniente dos prin-
cípios fundamentais de contabilidade e é, no Brasil, adotado pela legislação
comercial e pela legislação fiscal. Nesse sistema, adotam-se todos os custos de
produção como despesas apenas no período da venda, evidenciando de forma
apropriada a comparação entre receita e despesa na apuração do resultado.
Por esse motivo, é aceito pelo fisco brasileiro.

Meglioni (2012) aponta a definição da base de rateios a ser empregada como um


problema da alocação dos custos indiretos, pois se trata de um trabalho que envolve
aspectos subjetivos e eventuais. Se o critério seguido não for consistente, a análise
dos custos ficará deficiente para atender aos fins a que se propõe.
4 Sistemas de apuração dos custos logísticos

Cálculo do custeio por absorção


Para calcular o custeio por absorção, é preciso relembrar a diferença entre
custos e despesas, conforme aponta Crepaldi (2017). De maneira geral, cus-
tos são os gastos que têm afinidade direta com a produção ou a aquisição
de estoques. Já as despesas não estão ligadas à atividade-fim, reunindo os
gastos decorrentes de atividades secundárias da organização, como a venda,
a administração e a promoção.
Para esse autor, a importância do custo engloba, por exemplo, a matéria-prima,
as mercadorias compradas para revenda, os salários dos trabalhadores de uma
linha de produção, a energia gasta para fazer o maquinário trabalhar no chão
de fábrica, a depreciação das máquinas e equipamentos, entre outros aspectos.
Alguns desses custos, conforme aponta Crepaldi (2018), são custos fixos, ou
seja, permanecem no mesmo nível, independentemente do volume de produção.
Já os custos variáveis correspondem aos gastos que alteram o consumo de
forma proporcional ao nível de atividade — como é o caso da matéria-prima, já
que, quanto maior for a quantidade produzida, mais insumos serão necessários.

Exemplo de cálculo do custeio por absorção


Suponha que uma empresa de calçados gaste R$ 10,00 em matérias-primas
por par de sapatos produzido. Essa indústria tem um custo fixo mensal de R$
100 mil — entre mão de obra, energia e outras contas — e consegue produzir
20 mil pares de sapatos por mês. Utilizando o método do custeio por absorção,
seu custo unitário fica assim:

Matéria-prima por unidade = R$ 10,00


Rateio do custo fixo = R$ 100.000,00
÷ 20.000 pares = R$ 5,00
Custo unitário = R$ 10,00 + R$ 5,00 = R$ 15,00

Se essa empresa aumentar sua produção para 25 mil pares por mês sem
alterar o seu custo fixo, o cálculo do seu custeio ficará:

Matéria-prima por unidade = R$ 10,00


Rateio do custo fixo = R$ 100.000,00
÷ 25.000 pares = R$ 4,00
Custo unitário = R$ 10,00 + R$ 4,00 = R$ 14,00
Sistemas de apuração dos custos logísticos 5

Esse exemplo, baseado em Crepaldi (2018), é um cálculo simplificado,


pois considera que essa indústria fabrica somente um modelo de par de
sapatos. No entanto, em uma empresa de calçados, normalmente se trabalha
com uma variedade de calçados maior; assim, o ideal seria que o rateio do
custo fixo utilizasse algum critério de ponderação de custeio, destacando-
-se que o método mais comum para ponderar o custo fixo é o tempo
de produção.
Assim, continuando com o exemplo da empresa de calçados, agora imagine
que ela produz dois modelos: sapato de salto e sandália. O sapato de salto
alto consome R$ 10,00 em matéria-prima por unidade e demora 30 minutos
para ser produzido. Já a sandália gasta R$ 8,00 de matéria-prima e demora
20 minutos para ser produzida.
Considere que a empresa produza 10.000 unidades de cada um dos modelos
por mês e que o seu custo fixo mensal ainda seja de R$ 100 mil. Antes de fazer
o cálculo do custeio, é preciso saber como ponderar a diferença de tempo
de produção desses itens, para poder distribuir o custo fixo da empresa de
uma forma mais justa.

Sapato

Tempo de produção unitário = 30 minutos


Tempo de produção total = 10.000 pares
× 30 minutos = 300.000 minutos

Sandália

Tempo de produção unitário = 20 minutos


Tempo de produção total = 10.000 pares
× 20 minutos = 200.000 minutos
Tempo total de produção da fábrica =
300.000 minutos (sapato) + 200.000 minutos
(sandália) = 500.000 minutos

Após aplicar a regra de três, sabe-se que o tempo de fabricação do sapato


representa 60% da atividade da fábrica, e o da sandália, 40%. Para o cálculo,
o custo fixo da empresa precisa manter essas proporções ao calcular o custo
unitário de cada um desses produtos. Assim:
6 Sistemas de apuração dos custos logísticos

Custo fixo total = R$ 100.000,00


Custo fixo a se atribuir aos sapatos = R$ 60.000,00
Custo fixo a se atribuir às sandálias = R$ 40.000,00

Assim, o custo unitário de cada um dos produtos será:

Sapato

Matéria-prima por unidade = R$ 10


Rateio do custo fixo = R$ 60.000 ÷ 10.000 = R$ 6
Custo unitário = R$ 10 + R$ 6 = R$ 16

Sandália

Matéria-prima por unidade = R$ 8,00


Rateio do custo fixo = R$ 40.000 ÷ 10.000 = R$ 4,00
Custo unitário = R$ 8 + R$ 4 = R$ 12,00

Nesse exemplo, pretendeu-se exemplificar uma situação real na qual se


aplica o cálculo do custeio por absorção. Por meio dessa forma detalhada, é
mais viável fazer uma análise do custeio, e, por isso, ela é aceita pelo fisco.
Na logística, o custeio por absorção apresenta dois centros de custos,
quais sejam: custos dos produtos e custos de vendas, gerais e administrativos.
Porém, segundo Novaes (2016), as organizações logísticas estão estruturadas
e alinhadas por região, por linha de produtos ou por localização de unidades
industriais, o que torna difícil utilizar esse modelo, pois surge a necessidade
de se adaptar o método para o modelo de gestão e controle, não trazendo
resultados adequados.

Sistema de custeio direto (variável)


Meglioni (2012) descreve que o sistema de custeio direto, ou variável, é
um procedimento que analisa apenas os custos variáveis de apropriação
direta como custo do produto ou serviço. Segundo o autor, esse sistema é o
critério utilizado para acumular os custos de qualquer objeto ou segmento
da organização. O custeio direto só agrega os custos variáveis aos produtos,
considerando os custos fi xos como despesas. O uso desse sistema exige a
clara distinção entre custos diretos e indiretos, o que pode gerar o uso da
arbitrariedade.
Sistemas de apuração dos custos logísticos 7

Nota-se, mediante o exposto, que o sistema de custeio direto ou variável


busca evitar as distorções existentes nos critérios de rateio apontados no
sistema de custeio por absorção. No custeio por absorção, os custos fixos
são rateados aos produtos e/ou serviços, enquanto, no custeio variável, esses
custos são tratados como despesas e vão direto para o resultado, conforme
aponta Meglioni (2012).
A margem de contribuição, conforme apontado por Martins (2018), é uma
ferramenta empregada nesse sistema, fazendo parte do preço de venda de um
produto; ela é conveniente para a cobertura dos custos indiretos e para a formação
do lucro. Antes de calcular a margem de contribuição de qualquer parte, ativi-
dade ou produto, é preciso avaliar os seus custos diretos e escolher o parâmetro
representativo, classificando os custos fixos e variáveis diante desse parâmetro.
Crepaldi (2017) destaca que o método de custeio direto segue os princípios de
contabilidade do regime de competência e confrontação, o que justifica o fato de
não ser reconhecido para efeitos legais. Entretanto, ele auxilia o gestor na tomada
de decisão gerencial. Se comparado ao sistema por absorção, o custeio direto é
menos utilizado nas organizações, por se tratar de um método mais sofisticado.

Exemplo de cálculo do custeio direto

Para melhor entendimento, suponha uma empresa fictícia que fabrica chocola-
tes, a empresa XYZ. Imagine que, em um determinado mês, essa organização
está planejando vender 10.000 unidades de trufas e 10.000 unidades de bom-
bons, a R$ 3,00 e R$ 2,00 cada unidade, respectivamente. Esse volume de
vendas vai gerar para a empresa um faturamento de R$ 50.000,00, conforme
apresentado no Quadro 1.

Quadro 1. Projeção de vendas da empresa XYZ

Vendas

Produto Quantidade Preço de venda Faturamento


vendida

Trufa 10.000 R$ 3,00 R$ 30.000,00


Bombom 10.000 R$ 2,00 R$ 20.000,00

Total 20.000 50.000

Fonte: Adaptado de Paula (2016).


8 Sistemas de apuração dos custos logísticos

Entretanto, para fabricar as trufas e bombons, a XYZ precisará comprar as


matérias-primas e os insumos (chocolate, recheios, etc.) utilizados na produção
dos itens. Independentemente do quanto de matéria-prima a empresa comprar,
o que importa para o cálculo do custo direto é a quantidade realmente utilizada
na produção dos itens vendidos.
Desse modo, é de extrema importância conhecer a quantidade de cada
matéria-prima utilizada para fabricar uma trufa e para a produção de um
bombom. Verifique o cálculo no Quadro 2.

Quadro 2. Exemplo de cálculo de custo variável direto

Custo variável

Produto Matéria- Quanti- Preço de Custo Custo Custo


-prima dade compra da variável variável variável
consumida matéria- unitário total
-prima

Trufa Chocolate 0,03 R$ 30,00 R$ 0,90 R$ 1,200 R$


ao leite 0,01 R$ 20,00 R$ 0,20 12.000,00
Creme 0,02 R$ 5,00 R$ 0,10
Maracujá

Bombom Chocolate 0,02 R$ 35,00 R$ 0,70 R$ 1,200 R$


branco 0,01 R$ 30,00 R$ 0,30 12.000,00
Chocolate 0,005 R$ 40,00 R$ 0,20
ao leite
Avelã

Total R$
24.000,00

Fonte: Adaptado de Paula (2016).

Assim, fazendo um cálculo simples, pode-se chegar ao custo direto unitá-


rio de cada produto (quantidade de matéria-prima necessária multiplicada pelo
preço de compra da matéria-prima). Por fim, multiplicando-se o custo unitário
pela quantidade total do item vendida, tem-se o custo direto total ou custo
variável, que também pode ser chamado de CPV, ou custo dos produtos vendidos.
Os custos indiretos, conforme Crepaldi (2017), são designados aos por-
tadores finais mediante o emprego de critérios pré-determinados, como: mão
de obra indireta, rateada por horas-homem da mão de obra direta; gastos
Sistemas de apuração dos custos logísticos 9

com energia, com base em horas-máquina utilizadas, entre outros. Segundo


o autor, aplicam-se parcelas de custos a cada tipo de bem ou função por meio
de critérios de rateio. Pode-se também considerar custos que não podem
ser apropriados ou identificados diretamente em um produto, uma linha de
produto, um centro de custo ou um departamento, e, por isso, precisa-se de
taxas/critérios de rateio ou parâmetros para atribuição ao objeto custeado.

Diferença entre custeio por absorção e custeio direto


Apesar de o custeio por absorção ser o único método aceito pela legislação,
segundo Crepaldi (2018), para fins gerenciais, a contabilidade da empresa
pode utilizar outros sistemas de custeio. Dentre os métodos complementares,
Martins (2018) destaca o sistema de custeio direto, também chamado de custo
variável, conforme visto nesta seção. O autor destaca que, diferentemente do
custeio por absorção, o custeio variável considera apenas os custos variáveis
de um produto, ou seja, aqueles cujo total aumenta proporcionalmente em caso
de crescimento da produção ou das vendas. Assim, pelo cálculo do custeio
direto, os custos dos produtos são ajustados mais objetivamente, sem uma
distribuição arbitrária do custo fixo. Esse sistema também permite calcular a
margem de contribuição de cada produto. Porém, ele apresenta apenas o custo
parcial do produto, por não considerar os custos fixos.

Sistema de custeio ABC


Segundo Crepaldi (2017) e Martins (2018), o custeio ABC, ou custeio baseado
em atividades, parte da ideia de que os custos de uma organização são deter-
minados em função das atividades exercidas nela, sendo estas consumidas por
produtos e serviços gerados nessa mesma organização. Segundo os autores,
esse método permite mensurar mais precisamente as despesas e os custos
indiretos (aqueles que não estão diretamente ligados à produção), por meio
da apreciação das atividades, dos seus geradores de custos e dos utilizadores.
Meglioni (2012) e Martins (2018) esclarecem que o custeio ABC é uma
metodologia que permite rastrear os custos das atividades efetivadas por uma
organização, verificando como essas atividades estão relacionadas na geração
de faturamento e no consumo de recursos. Destaca-se que o principal foco desse
método de custeio é amenizar as distorções provocadas pelo uso do rateio arbi-
trário dos custos indiretos, objetivando, assim, identificar os geradores de custos.
Conforme Martins e Rocha (2015), a definição de quais são as atividades
relevantes dentro do processo de produção dos bens ou serviços ocorre por
10 Sistemas de apuração dos custos logísticos

meio da observação direta dos processos e de entrevistas com pessoas que


operacionalizam as atividades, bem como suas lideranças. Na sequência,
analisam-se as atividades, para averiguar se elas:

 têm custo relevante;


 têm potencial de diferenciação;
 têm direcionador de custos próprios (específicos);
 geram bem ou serviço para o qual existe mercado.

Resumidamente, o custeio ABC, conforme apontam Martins e Rocha


(2015), possui as seguintes características:

 deve ser utilizado desde o processo de planejamento e orçamento, não


apenas ex-post facto (após o fato);
 deve ser utilizado como método de análise, e não como sistema de
acumulação de custos;
 deve ser utilizado em análises pontuais, periódicas, e não como sistema
recorrente;
 requer a adoção de padrões e deve ser consistente com o sistema
orçamentário;
 é um instrumento gerencial, e não societário ou tributário;
 não aloca custos de ociosidade aos produtos;
 adota o conceito de variabilidade de custos em relação a vários dire-
cionadores, e não apenas ao volume de produção.

Desse modo, segundo Meglioni (2012), o custeio ABC é considerado um


método que proporciona a evolução de outros sistemas de avaliação de custos.
O custeio ABC surgiu para prover as necessidades das organizações por
informações mais detalhadas, quando duas variáveis básicas de fabricação
começaram a mudar:

1. aumento da participação dos custos indiretos na composição dos custos


totais;
2. aumento da diversificação dos produtos e processos.

Com base nessas mudanças, conforme aponta Crepaldi (2017), avaliar os


custos pelo método tradicional já não contemplava as questões relacionadas
à gestão estratégica do negócio, que busca sempre a melhoria contínua dos
processos, da qualidade e do desempenho da empresa como um todo.
Sistemas de apuração dos custos logísticos 11

Na concepção de Martins e Rocha (2015), não é preciso utilizar o método


de forma contínua. Nesse sentido, o custeio ABC deve ser empregado perio-
dicamente, de forma suplementar ao sistema de custeio da organização, e não
em sua substituição. Ou seja, sua função é possibilitar análises em intervalos
regulares. Para esses autores, o sistema recorrente de custeio, seja por absorção
ou variável, assim como o orçamento, é usado para dar suporte a decisões
do cotidiano, enquanto o custeio ABC requer intervenções e decisões menos
frequentes, como a eliminação de atividades que não estejam agregando valor.

Segundo Crepaldi (2017), os cálculos feitos pelo custeio ABC não são aceitos pela
legislação societária e fiscal; dessa forma, eles só podem ser usados para a gestão e o
controle interno da organização. No entanto, também podem auxiliar no gerenciamento
orçamentário e na prestação de contas.

Exemplo de cálculo do custeio ABC

O exemplo utilizado aqui se refere a uma fábrica de roupas. Suponha que nessa
fábrica de roupas são produzidas camisetas e camisas, e são desenvolvidas,
entre tantas outras, as atividades de comprar materiais, cortar e costurar.
Aplicando o método de custeio ABC para essa fabricação, pode-se identificar
quanto o produto camiseta usa da atividade de comprar materiais, por exemplo.
No Quadro 3, apresentam-se os produtos, a produção mensal, o valor uni-
tário e o total das vendas (faturamento) da fábrica de roupas. Para o cálculo,
foi considerado que tudo o que foi produzido foi vendido.

Quadro 3. Exemplo de produção de uma fábrica de roupas

Produção Total das


Produto mensal Preço unitário vendas

Camisetas 10.000 R$ 8,00 R$ 80.000,00

Camisas 5.000 R$ 12,00 R$ 60.000,00

Fonte: Adaptado de Paula (2016).


12 Sistemas de apuração dos custos logísticos

A partir dos valores verificados no Quadro 3, identificam-se os custos


diretos por unidade de produto, conforme mostra o Quadro 4.

Quadro 4. Custos diretos por unidade em uma fábrica de roupas

Custos diretos por unidade

Camisetas Camisas

Tecido R$ 2,00 R$ 2,00

Mão de obra direta R$ 0,50 R$ 0,80

Total por unidade R$ 2,50 R$ 2,80

Fonte: Adaptado de Paula (2016).

No Quadro 5, destacam-se os custos indiretos e as despesas.

Quadro 5. Custos indiretos e despesas de uma fábrica de roupas

Custos indiretos + despesas

Aluguel R$ 15.000,00

Material de consumo R$ 10.000,00

Despesas com vendas R$ 8.000,00

Total R$ 33.000,00

Fonte: Adaptado de Paula (2016).

Com todos esses valores em mãos, aplica-se a metodologia ABC seguindo


quatro passos:
Sistemas de apuração dos custos logísticos 13

1. Identificar as atividades relevantes de cada departamento (Quadro 6).

Quadro 6. Atividades relevantes dos departamentos

Departamentos Atividades

Compras Comprar os materiais

Corte e costura Cortar e costurar

Fonte: Adaptado de Paula (2016).

2. Atribuir custos às atividades (Quadro 7).

Quadro 7. Atribuição de custos às atividades

Custos indiretos
Departamentos Atividades + despesas

Compras Comprar os materiais R$ 13.000,00

Corte e costura Cortar e costurar R$ 20.000,00

Total R$ 33.000,00

Fonte: Adaptado de Paula (2016).

3. Fazer o levantamento dos direcionadores das atividades e o levantamento


da quantidade de direcionadores para cada produto (Quadro 8).
14 Sistemas de apuração dos custos logísticos

Quadro 8. Direcionadores de atividades x levantamento de quantidades

Direcionadores
Departamentos Atividades de atividades

Compras Comprar os materiais Número de pedidos

Corte e costura Cortar e costurar Tempo de corte e costura

Direcionadores Camisetas Camisas Total


de atividades

Números de 100 unidades 150 unidades 250 unidades


pedidos

Tempo de corte 1.500 horas 2.000 horas 3.500 horas


e costura

Fonte: Adaptado de Paula (2016).

Com base nesse detalhamento, avalia-se qual é o custo de cada atividade


conforme seus direcionadores (Quadros 9 e 10).

Quadro 9. Custos de compra dos materiais

Comprar os materiais

Custo total R$ 13.000,00

Direcionador: número de pedidos

Camisetas Camisas Total

Número de pedidos 100 150 250

Proporção (nº. de 40% 60% 100%


pedidos/total de (100/250) × 100 (150/250) × 100
pedidos) × 100

Custo de comprar 40% × 13.000 60% × 13.000 R$ 13.000,00


os materiais = R$ 5.200 = R$ 7.800

Fonte: Adaptado de Paula (2016).


Sistemas de apuração dos custos logísticos 15

Quadro 10. Custos de corte e costura

Cortar e costurar

Custo total R$ 20.000,00

Direcionador: tempo de corte e costura

Camisetas Camisas Total

Tempo de corte 1.500 horas 2.000 horas 3.500 horas


e costura

Proporção (nº. 42,85% 57,15% 100%


de pedidos/total
de pedidos)

Custo de cortar 42,85% × 20.000 57,15% × 20.000 R$ 13.000,00


e costurar = R$ 8.570 = R$ 11.430

Fonte: Adaptado de Paula (2016).

4. Demonstrar os resultados.

No Quadro 11, apresenta-se um resumo de todos os custos da produção,


diretos e indiretos, incluindo os valores encontrados por atividade, que é o
real objetivo dessa metodologia. Veja como fica a demonstração do resultado
dessa fábrica de roupas.

Quadro 11. Resumo dos custos de produção com base no custeio ABC

Camisetas Camisas Total

Receita de vendas R$ 80.000,00 R$ 60.000,00 R$ 140.000,00

(–) Tecido R$ 20.000,00 R$ 10.000,00 R$ 30.000,00

(–) Mão de obra direta R$ 5.000,00 R$ 4.000,00 R$ 9.000,00

Custos diretos — subtotal R$ 25.000,00 R$ 14.000,00 R$ 39.000,00

(–) Comprar os materiais R$ 5.000,00 R$ 7.000,00 R$ 13.000,00

(Continua)
16 Sistemas de apuração dos custos logísticos

(Continuação)

Quadro 11. Resumo dos custos de produção com base no custeio ABC

Camisetas Camisas Total

(–) Cortar e costurar R$ 8.000,00 R$ 11.000,00 R$ 20.000,00


Custos indiretos — subtotal R$ 13.000,00 R$ 19.000,00 R$ 33.000,00
(=) Resultado antes do R$ 41.230,00 R$ 26.770,00 R$ 68.000,00
imposto de renda

Fonte: Adaptado de Paula (2016).

Observa-se nessa análise o quanto esse método é mais detalhado em relação


aos demais; por isso, pode se tornar uma excelente ferramenta de análise aos
gestores da empresa, justamente pelo detalhamento.
Também se destaca que a metodologia de custeio ABC é perfeitamente
adaptável aos serviços de armazenagem e distribuição. A estrutura do ABC
consiste em direcionar os custos em quatro níveis básicos, quais sejam: unidade,
lote, produto ou custo da empresa como um todo. Adaptando-se à logística,
Novaes (2016) aponta que é possível dividir custos relacionados aos produ-
tos, custos relacionados aos canais e custos relacionados aos clientes. Nesse
contexto, entende-se que existe a possibilidade de os gestores perceberem os
diferentes custos pertinentes a cada uma das categorias ou relacionados às
influências das mesmas, visando a otimizar o processo de tomada de decisão.

Vantagens e desvantagens dos diferentes


sistemas de custeio

Custeio por absorção


A partir das observações de Meglioni (2012), Crepaldi (2017) e Martins (2018),
aponta-se como vantagens do custeio por absorção os seguintes pontos:

 considera o total dos custos por produto;


 possibilita a formação de custos para estoque;
 permite a apuração dos custos por centros de custos.
Sistemas de apuração dos custos logísticos 17

Ainda conforme a abordagem de Meglioni (2012), o principal benefício


de trabalhar com o custeio por absorção é que ele está de acordo com a
legislação. Além disso, ele também é mais simples de implementar, por-
que não exige a separação dos custos de produção por tipo, uma vez que
engloba todos eles.
Já como desvantagens e/ou dificuldades, os autores apontam que o custeio
por absorção:

 poderá elevar artificialmente os custos de alguns produtos;


 não evidencia a capacidade ociosa da empresa;
 os critérios de rateio são sempre arbitrários, então, nem sempre justos;
 apresenta pouca quantidade de informações para fins gerenciais.

Dentre as desvantagens, Martins (2018) também observa que, nesse método,


os custos fixos são distribuídos com base em um rateio, que pode ser arbitrário.
Isso dificulta que seja detalhada a margem real dos produtos; como o custo
fixo da organização depende do volume de produção, o custo de um produto
poderá ser afetado pela redução da produção de outro item.

Vantagens e desvantagens do custeio direto

Para Meglioni (2012), Crepaldi (2017) e Martins (2018), as principais vantagens


do custeio direto são:

 destaca o custo fixo, que independe do processo fabril;


 não exige a prática de rateio;
 evita manipulações;
 fornece o ponto de equilíbrio;
 enfoque gerencial;
 identifica o número de unidades que a organização necessita produzir
e comercializar para saldar seus compromissos de caixa;
 os dados necessários para análise da relação custo/lucro/volume são
rapidamente obtidos;
 é integrado com o custo padrão e orçamento flexível.

Como desvantagens e/ou dificuldades do custeio direto ou variável, os


autores destacam:
18 Sistemas de apuração dos custos logísticos

 o custo direto não é aceito pela auditoria externa das empresas que têm
capital aberto, nem pela legislação do imposto de renda e por uma par-
cela significativa de contadores. A razão disso é que o custeio direto ou
variável atinge os princípios fundamentais de contabilidade, em especial
os princípios da realização da receita, da confrontação e da competência;
 o valor do estoque não mantém relação com o custo total;
 isoladamente, não se aplica para formação do preço de venda.

Mediante o exposto até o momento, com base nos autores Meglioni (2012),
Crepaldi (2017) e Martins (2018), para decidir sobre um sistema de custeio, os
gestores devem buscar um conjunto de princípios, classificados entre si, que
atenda à organização, seja funcional e respeite o princípio da relação custo-
-benefício. Assim, deve-se avaliar as vantagens da implantação de um sistema
de custeio muito detalhado, no qual as informações geradas não justificam os
valores gastos para implementá-lo, por exemplo.

Vantagens e desvantagens do custeio ABC

Martins (2018) aponta as seguintes vantagens do custeio ABC:

 informações gerenciais relativamente mais fidedignas por meio da


redução do rateio;
 adequa-se mais facilmente às empresas de serviços, pela dificuldade
de definição do que são gastos e o que são despesas nessas entidades;
 proporciona melhor visualização dos fluxos dos processos;
 identifica o custo de cada atividade em relação aos custos totais da
entidade;
 pode ser empregado em diversos tipos de empresa;
 possibilita a eliminação ou redução das atividades que não agregam
valor ao produto.

Como desvantagens, Martins (2018) aponta:

 gastos elevados para implantação;


 alto nível de controles internos a serem implantados e avaliados e re-
visões constantes;
 dificuldade de envolvimento e comprometimento dos empregados da
empresa;
Sistemas de apuração dos custos logísticos 19

 não é aceito pelo fisco;


 necessidade de formulação de procedimentos padrões, sendo que a
falta de pessoal competente, qualificado e experiente compromete a
implantação e o acompanhamento, devido à dificuldade de envolvimento
e comprometimento.

Por esse detalhamento, entende-se que o custeio baseado nas atividades


ABC pode ser mais eficaz; entretanto, para Martins (2018), é fundamental que
os participantes do processo estejam comprometidos e atrelados às atividades
e aos processos dos produtos e serviços. Evidentemente, o método deve ser
direcionado para cada tipo de organização, não existindo um sistema que
se adapte de forma uniforme e padronizada a todas as empresas. Destaca-
-se também que não se trata de uma metodologia aceita pela legislação
tributária, além de exigir gastos elevados, controle e revisões constantes
por especialistas.
Salienta-se que os sistemas de custeio são essenciais para toda e qualquer
organização. Atualmente, todas as decisões de gestão empresarial precisam
ser tomadas com base nas informações fornecidas por um sistema de custeio
adequado. Nesse sentido, nenhuma informação deve ser ignorada.

CREPALDI, S. A. Contabilidade gerencial: teoria e prática. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2017.
CREPALDI, S. A. Curso básico de contabilidade de custos. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2018.
MARTINS, E. Contabilidade de custos. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2018.
MARTINS, E.; ROCHA, W. Métodos de custeio comparados: custos e margens analisados
sob diferentes perspectivas. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
MEGLIONI, E. Custos. São Paulo: Makron Books, 2012.
NOVAES, A. Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição. Rio de Janeiro: Elsevier,
2016.
PAULA, G. B. Guia completo do método de custeio por absorção × método de cus-
teio variável: qual o melhor. Treasy, 2016. Disponível em: https://www.treasy.com.br/
blog/metodo-de-custeio-por-absorcao-x-metodo-de-custeio-variavel/. Acesso em:
20 mar. 2019.
DICA DO PROFESSOR

Na gestão de uma organização, quando falamos de custos, todo o gestor tem dificuldades em
saber onde são aplicados seus gastos. Por isso, os métodos de custeio foram desenvolvidos para
auxiliar nessa análise.

Nesta Dica, você vai estudar mais sobre as metodologias relacionadas ao custeio por absorção,
custeio direto e custeio baseado em atividade para que você possa avaliar e aplicar na sua
empresa o procedimento mais adequado ao seu módulo de trabalho.

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EXERCÍCIOS

1) Para avaliar as estratégias no gerenciamento de custos, as organizações vêm


utilizando o método de sistema de custeio. Entre eles, destacam-se o sistema de
custeio por absorção e o custeio direto, sendo que:

A) o custeio direto é o mais antigo dos sistemas, já o custeio por absorção se apropria de todos
os custos de produção.

B) o custeio por absorção considera os custos variáveis utilizados na produção, enquanto o


custeio direto se apropria de todos os custos de produção.

C) o custeio direto promove estoques altos, já o custeio por absorção, por analisar o todo da
produção, pode trazer prejuízos.

D) o custeio de absorção é aceito pelo fisco e o custeio direto considera os custos variáveis do
processo produtivo.

E) no custeio direto pode-se observar uma certa desorganização por não haver detalhamento
do processo produtivo; já no custeio por absorção, há uma avaliação mais criteriosa.

2) O custeio por absorção é um procedimento que consiste em atribuir aos produtos


produzidos todos os custos de produção, porém, aponta-se que:

A) a grande dificuldade está na alocação dos custos indiretos, pois é um trabalho que envolve
aspectos subjetivos e eventuais.

B) o sistema de custeio por absorção avalia somente os custos variáveis da área de fabricação.

C) na análise por absorção, os custos, tanto fixos como variáveis, são concentrados nas áreas
de apoio.

D) a base do rateio dos custos diretos aloca somente avaliações subjetivas.

E) o custeio por absorção é considerado um método simplório, sem grandes perspectivas de


trazer uma avaliação dos custos consistentes.

3) Entre os benefícios atribuídos ao sistema de custeio por absorção, sugere-se ao gestor


avaliar que esse método de custeio:

A) permite a análise dos custos por centros de distribuição e tempo de entrega.

B) é difícil de implementar, porque exige a separação dos custos de fabricação.

C) não auxilia na formação de custos dos estoques, pois as implicações dos custos são
somente operacionais.

D) está de acordo com a legislação brasileira.


E) os estoques são subdividos em custos parciais, os quais nem sempre são utilizados para a
formação do custo do produto.

4) Em relação às dificuldades do sistema de custeio direto, entende-se que o gestor


precisa estar atento ao fato de que:

A) é aceito pela legislação brasileira.

B) o valor do estoque não mantém relação com o custo total.

C) pode ser aplicado na formação do preço de vendas.

D) o custeio direto não está relacionado ao processo produtivo.

E) no custeio direto, é possível avaliar o custos fixos e variáveis diretamente.

5) Na análise gerencial, o custeio ABC é considerado um método que proporciona a


evolução de outros sistemas de avaliação de custos. Podemos destacar como principal
ponto desse tipo de custeio:

A) A diminuição da participação dos custos indiretos na composição dos custos totais do


processo produtivo.

B) O custeio ABC surgiu para suprir as necessidades das organizações por informações mais
detalhadas.

C) Mantém uma avaliação dos custos pelo método tradicional, pois considera questões
relacionadas à manufatura.

D) Proporciona a diminuição da diversificação dos produtos e dos processos.


E) Este é um método de custeio aceito pela legislação fiscal do Brasil.

NA PRÁTICA

Este estudo apresenta a análise na implantação do sistema de custeio ABC em uma organização
de serviços. Os principais resultados evidenciam uma crítica em relação às dificuldades
apontadas para a implementação e o conhecimento do custeio ABC. Para o gestor, é
fundamental conhecer esses problemas para que, ao trabalhar o sistema de custeio ABC no seu
ambiente de trabalho, se detenha nas possíveis dificuldades.

Nesse contexto, este Na Prática apresenta uma reflexão sobre o tema em questão. Veja, a seguir,
o estudo realizado pela Universidade Federal do Paraná:

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SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Avaliação de desempenho de custos logísticos: análise da literatura para levantamento de


futuras pesquisas

Este artigo mostra o que a literatura científica internacional apresenta acerca do tema de
Avaliação de Desempenho de Custos Logísticos. O objetivo é que, por meio deste estudo, seja
possível evidenciar gaps e oportunidades de pesquisa.

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Inovação no projeto de produto como fator para redução de custos logísticos e de


produção

Este estudo tem como objetivo analisar a redução de custos, nos âmbitos logísticos e de matéria-
prima, por meio da inovação no projeto do produto: antenas/torres para redes de telefonia.
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Alocação dos custos diretos e indiretos
relacionados à logística

APRESENTAÇÃO

Existem gastos gerais e específicos para cada setor, em cada estilo de negócio. Desse modo,
entende-se que a alocação correta desses custos dentro das empresas é importante para a gestão
de uma boa estratégia, visto que todas as organizações focam seus esforços na redução de
gastos, buscando evitar diminuição do faturamento e da rentabilidade, ou, ainda, o possível
fechamento da empresa.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você estudará conceitos importantes relacionados à alocação


de custos diretos e indiretos que interferem na logística, o que auxiliará você a compreender
melhor sobre o tema desse estudo.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Descrever os custos diretos e indiretos relacionados à logística.


• Reconhecer os critérios de alocação de custos diretos.
• Identificar os critérios de rateio dos custos indiretos.

DESAFIO

As organizações, na busca de garantir uma boa gestão de custos logísticos, preocupam-se


em manter os processos eficientes, além de garantir bons resultados — como uma lucratividade
satisfatória que permita manter a empresa atuante no mercado, com resultados positivos.
Você, como gestor, precisa avaliar:

Existem condições favoráveis para ampliar esse mercado?

É possível reduzir custos logísticos se a empresa optar por terceirizar o transporte?


INFOGRÁFICO

Um grande desafio apontado ao gestor está relacionado justamente com a alocação correta dos
custos diretos e indiretos da organização, e sua ênfase nos custos logísticos.

Observe, no Infográfico, resumidamente, a interligação entre a classificação dos custos,


exemplificando a apropriação aos produtos e o nível de atividade.

Na sequência, na alocação dos custos é importante pensar na separação adequada dos custos e
despesas para desenvolver uma estratégia assertiva no ciclo produtivo e, dentro do setor
contábil, alocar criteriosamente custo do quilômetro rodado, custo por caminhão, por transporte,
entre outros.
CONTEÚDO DO LIVRO

Segundo Novaes (2016), sob o ponto de vista de transportes, os custos logísticos são todos os
gastos relacionados às atividades de movimentação de matérias-primas e mercadorias de um
negócio, tais como a manutenção da frota, a armazenagem dos produtos, os gastos para
viabilizar o transporte e a folha de pagamento referente à contratação de motoristas.

Leia o capítulo Alocação dos custos diretos e indiretos relacionados à logística, da obra Gestão
de Custos, Riscos e perdas, base teórica desta Unidade de Aprendizagem.

Boa leitura!
GESTÃO DE CUSTOS,
RISCOS E PERDAS

Zaida Cristiane dos Reis


Alocação dos custos
diretos e indiretos
relacionados à logística
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Descrever os custos diretos e indiretos relacionados à logística.


 Reconhecer os critérios de alocação de custos diretos.
 Identificar os critérios de rateio dos custos indiretos.

Introdução
Observa-se que, tanto em organizações relacionadas ao comércio quanto
em indústrias, existem gastos gerais e específicos para cada setor. Assim,
surge a necessidade de que cada setor elabore seu próprio planejamento,
para que a alta gestão compreenda e discuta de forma mais efetiva os
seus gastos e classifique-os corretamente. Dessa forma, o orçamento
pode ser alocado da forma apropriada e os recursos podem ser mais
bem direcionados.
Nota-se que a alocação adequada das despesas dentro das organiza-
ções é fundamental para a elaboração de uma boa estratégia, pois todas
as empresas focam seus esforços na redução de gastos, justamente para
evitarem a diminuição do faturamento e da rentabilidade ou, ainda, o
possível fechamento da empresa.
Diante do exposto, neste capítulo, você vai estudar a alocação ade-
quada relacionada à logística, que visa a gerenciar assertivamente os
gastos da empresa. Você vai verificar os conceitos de custos diretos e
indiretos e vai identificar os critérios de alocação dos custos diretos e os
critérios de rateio dos custos indiretos.
2 Alocação dos custos diretos e indiretos relacionados à logística

Definições iniciais
Os autores da área contábil afirmam que existem diferentes termos que no-
meiam e caracterizam as movimentações dos recursos de uma organização.
No entanto, os termos contábeis mais comuns, de acordo com Ribeiro (2017)
e conforme apresentado na Figura 1, são gasto, despesa e custo. Veja, a seguir,
o conceito de cada um desses termos.

 Gasto: esforço financeiro que a empresa assume para obter bens (produ-
tos) ou serviços, relacionado à obrigação de entrega de ativos (geralmente
dinheiro). Gasto é um termo genérico, que pode representar tanto um
custo como uma despesa.
 Despesa: gasto que incide na redução do patrimônio. É o bem ou serviço
consumido direta ou indiretamente para a obtenção de receita.
 Custo: gasto relacionado a um bem ou serviço empregado na produção
de outros bens ou serviços.

Para Ribeiro (2017), os custos são classificados de acordo com a apropriação


aos produtos ou pelo nível de atividade.

 Apropriação aos produtos


■ Custo direto: relaciona-se com todo o custo que está ligado dire-
tamente ao produto; varia conforme a quantidade produzida. Sem
esse custo, o produto não existiria. Sua apropriação pode ser direta,
bastando que esteja identificado com uma medida de consumo,
como: quilogramas, horas-máquina, horas-homem trabalhadas, entre
outros. Exemplos de custos diretos: matéria-prima, embalagens,
mão de obra direta.
■ Custo indireto: é todo o custo que não está vinculado diretamente
ao produto, mas, sim, ao conjunto do processo produtivo. Para
serem incorporados aos produtos, obedecem a uma mecânica de
apropriação — um processo de rateio. Exemplos de custos indi-
retos: depreciação das máquinas, supervisão da fábrica, energia
elétrica, etc.
 Nível de atividade
■ Custo fixo: é o custo que a empresa tem mensalmente, independen-
temente da produção, e não se altera com o volume produzido dentro
de uma determinada capacidade instalada.
Alocação dos custos diretos e indiretos relacionados à logística 3

■ Custo variável: aparece somente quando a empresa inicia a produ-


ção e a venda de seus produtos. Ele é fixo na unidade e variável no
total. Quanto mais se produzir, maior vai ser o volume consumido.
Exemplo: matéria-prima.

Destaca-se também que as despesas são um tipo de investimento que não


tem ligação direta com a atividade principal da organização, como produção
de bens ou oferta de serviços. Porém, segundo Ribeiro (2017), mesmo não
contribuindo inteiramente para a geração de novos itens a serem comercia-
lizados, as despesas exercem um papel fundamental, e o seu uso pode ter
influência no aumento do faturamento da organização.
Analisando com base nos conceitos apresentados, pode-se afirmar
que o transporte, por exemplo, é um custo direto, se considerado como
atividade da área de logística, visto que pode estar ligado diretamente
ao produto (transporte) de uma empresa. Pode também ser considerado
custo indireto, pois pode não estar vinculado diretamente ao produto,
mas, sim, ao conjunto do processo produtivo, se considerado como parte do
custo do produto.
O transporte é ainda resultado de custos fixos e variáveis, se observado
que o custo fixo é aquele que a empresa tem mensalmente, independen-
temente da movimentação logística, e não se altera com o volume trans-
portado. Um exemplo desse custo fixo no transporte é o salário de funcio-
nários. Já os custos variáveis associados ao transporte ocorrem somente
quando a empresa inicia a movimentação logística, a partir da venda de
seus serviços.
Em resumo, para avaliar a alocação dos custos diretos e indiretos dentro
da logística, torna-se necessário o bom entendimento dos conceitos contábeis
gerais, para uma melhor compreensão da sua aplicação na logística.

Custos diretos e indiretos relacionados


à logística
A alocação dos custos, segundo Atrill e McLaney (2017), depende da separação
adequada dos gastos conforme as informações transmitidas pelo setor. Dessa
maneira, somente o custo individual será equivalente à verdade. Alocar os custos de
forma correta é considerado uma estratégia para conhecer, com maior assertividade,
os gastos de uma empresa, a fim de que ela possa continuar seu ciclo produtivo.
4 Alocação dos custos diretos e indiretos relacionados à logística

Quem tem a responsabilidade dessa alocação, conforme aponta Ribeiro


(2017), é o setor contábil, fazendo esse registro por meio das contas de custeio.
No caso das indústrias, essas despesas se referem aos gastos necessários para
produzir mercadorias. Em síntese, alocar custos é distribuir os gastos conforme
a proporção que cada um merece.
Nesse contexto, gerenciar os custos de manutenção de estoques está
relacionado diretamente ao desempenho da empresa. Viana (2012), Gonçalves
(2013) e Dias (2015) destacam que, antigamente, durante as fases da logística,
as empresas davam ênfase tanto à garantia da qualidade dos produtos como aos
serviços a eles associados, visando a obter vantagens competitivas no mercado.
Porém, atualmente, com o aumento da competitividade entre as organizações,
os fatores acima, por si só, passaram a não ser mais garantia de sucesso para
as empresas. Desse modo, a busca pela redução dos custos em todos os níveis
da cadeia de suprimento passou a ser uma variável muito importante para a
obtenção de resultados positivos em uma organização.
Para fazer uma análise de custos visando a reduzi-los, Viana (2012), Gon-
çalves (2013) e Dias (2015) salientam a importância do conceito de valor
agregado, que representa o valor adicionado ao produto, isto é, os valores
da mão de obra direta, do custo indireto e do custo de estoque do produto
acabado, que são agregados na matéria-prima durante o processo produtivo.
Nesse contexto, os autores destacam a importância de a empresa conhecer
a estrutura dos seus custos, para obter uma série de vantagens competitivas
frente à concorrência, uma vez que ela poderá conhecer e atuar sobre os
processos de produção mais significativos em termos de despesa, visando a
reduzir os maiores custos.

Importância da alocação de custos para a logística


Entende-se que, ao desenvolver uma análise de gastos, pode-se calcular a renta-
bilidade da organização. Nesse sentido, para Viana (2012), Gonçalves (2013) e
Dias (2015), avaliar as implicações dos custos logísticos também corrobora para
mensurar o desempenho de todos os processos e de todas as operações, colaborando
para o planejamento, a coordenação e a implementação das atividades internas.
Para esses autores, as informações, inclusive os números, são essenciais
para a tomada de decisão e a concretização de investimentos lucrativos. Do
mesmo modo, a separação dos gastos colabora para uma precificação mais
adequada das mercadorias. Para que cada item receba um valor correto, torna-
-se importante agrupar as despesas indiretas relacionadas a cada um deles, o
que não é tarefa fácil e exige mais cuidados.
Alocação dos custos diretos e indiretos relacionados à logística 5

A alocação das despesas contribui para que a alta gestão identifique qual
setor está sendo mais lucrativo e qual está dando maior prejuízo, se for o caso.
Entende-se que a organização pode segmentar seus serviços com o objetivo
de melhorar o atendimento, direcionando-se especificamente para atender
às necessidades do cliente. Nesse caso, são desenvolvidos sistemas cujo foco
principal é o atendimento a clientes específicos.
Gonçalves (2013) observa que, em um serviço segmentado e diferenciado,
é possível deter-se facilmente sobre o nível de retorno rentável de cada cliente
e, ainda, avaliar se todos regularmente proporcionam algum tipo de lucro. Para
determinar esse ponto, existem, comumente, dados conjuntos relacionados a
gastos com transporte, armazenagem, estoques, entre outros. O autor salienta
que a baixa qualidade de informações pode comprometer a análise da coorde-
nação, fazendo com que esta considere, de um modo geral, todos os clientes
como rentáveis. Diante do exposto, a tomada de decisões será prejudicada por
informações estratégicas insuficientes ou inadequadas.
Na maioria das organizações, o setor contábil foca nas informações fiscais e
produtivas e, por isso, pode não analisar criteriosamente a distribuição de gastos,
esquecendo o custo de oportunidade e os critérios para avaliar a depreciação.
Ainda é observado, conforme Ribeiro (2017), que o plano de contas também
pode ser mal elaborado, misturando as despesas de diferentes categorias.

O custo de oportunidade é um gasto não registrado na contabilidade, porque não


representa dinheiro desembolsado, de acordo com a explicação de Viana (2012) e Dias
(2015), mas deve ser considerado na análise e, portanto, nos relatórios gerenciais, uma
vez que representa o custo da oportunidade renunciada em preferência da opção
escolhida. Desse modo, entende-se que é um conceito fundamental para o sistema
de logística do Brasil e do mundo.
Para exemplificar esse custo, observa-se que o capital imobilizado como estoque,
quando desconsiderado, pode representar resultados financeiros negativos, ou limitar
o desempenho da empresa e até seu crescimento no mercado. Autores como Viana
(2012), Gonçalves (2013) e Dias (2015) salientam que o dinheiro empregado em um
estoque alto, mas que está estagnado, poderia ser aplicado em um investimento
que ajudasse a organização a crescer gradativamente. Para esses autores, o correto
monitoramento dos estoques abrange a escolha do diagnóstico mais adequado,
verificando se é mais viável uma análise em curto prazo, em médio prazo ou em
longo prazo e o que será custeado, como produtos, canais de distribuição, clientes,
áreas de atendimento, etc.
6 Alocação dos custos diretos e indiretos relacionados à logística

Gonçalves (2013) e Dias (2015) comentam que distribuir os custos lo-


gísticos ao longo da cadeia de suprimentos facilita a assimilação de onde
ocorrem os gastos mais significativos, o que permite delinear estratégias
para diminuir despesas de maneira relevante, evitando, dessa forma, cortar
despesas essenciais, que garantem a qualidade do serviço e do produto. Veja
o exemplo a seguir.

 Três amigos alugaram uma residência. Para desenvolver uma alocação


justa do aluguel, é fundamental saber, na hora de pagar o aluguel, com
quanto cada um deve arcar.
 Se, dentre os amigos, um deles optar pelo melhor quarto da residência,
que é uma suíte, e os outros dois dividirem um quarto menor, o mais
justo é que o primeiro pague mais. Desse modo, de forma correta, o
ideal é que o percentual para cada um possa ser dividido da seguinte
forma: 40% para o primeiro e 30% para cada um dos outros.
 Transformando em valores, um aluguel de R$ 1.500,00, com alocações
adequadas de despesas, ficaria:
R$ 1.500,00 × 40% = R$ 600,00 para o amigo com a suíte.
R$ 1.500,00 × 30% = R$ 450,00 para cada um dos outros dois amigos.
R$ 600,00 + R$ 450,00 + R$ 450,00 = R$ 1.500,00.

Relacionando a teoria de custos a esse exemplo, observa-se que, em uma


organização, segundo Viana (2012), Gonçalves (2013) e Dias (2015), cada setor
deve pagar proporcionalmente aos gastos que gera e, dentro de cada área, os
elementos devem assumir o percentual que consomem. Por exemplo, na área
de transporte, o que se gasta com combustível costuma ser mais alto do que
os valores de manutenção, caso seja uma frota nova.

Tipos de alocação de custos


Segundo Atrill e McLaney (2017) e Ribeiro (2017), existem diferentes mé-
todos para alocar os gastos de uma organização, e o gestor precisa eleger
aquele que é mais viável para o seu negócio. Diante disso, retomam-se dois
conceitos que são muito importantes para esse processo: custos diretos e
custos indiretos.
Relembrando, os custos diretos se relacionam com a produção, destacando
que sua apropriação pode ser direta — basta que o custo seja identificado
como uma medida de consumo. Já os indiretos são aqueles que também estão
ligados ao processo de produção, porém não estão vinculados diretamente ao
Alocação dos custos diretos e indiretos relacionados à logística 7

produto, mas ao conjunto do processo produtivo. Para serem incorporados aos


produtos, obedecem a uma mecânica de apropriação — um processo de rateio.
Para alinhar a análise dos custos diretos e indiretos, pode ser utilizado o
método da margem de contribuição, que, conforme Ribeiro (2017) destaca,
é um percentual que demonstra se a organização está apresentando lucro ou
prejuízo. Para desenvolver o cálculo, é preciso diminuir do preço unitário de
venda de um produto o total dos gastos variáveis (geralmente identificados
com os gastos diretos, pois eles variam de acordo com a produção e as vendas).
Segue a fórmula adotada para esse cálculo, com base em Ribeiro (2017):

MC = PV – GV

onde:

 MC = margem de contribuição;
 PV = preço de venda;
 GV = gastos variáveis.

Exemplificando, imagine que uma operadora logística entenda como um


valor adequado para ser cobrado de seu cliente R$ 100 para cada 50 quilôme-
tros rodados. Para esse mesmo trajeto, a empresa tem gastos variáveis de R$
30,00. Aplicando-se a fórmula apresentada, obtém-se o seguinte resultado:

MC = PV – GV

MC = 100 – 20 –10 = R$ 70,00

Isso significa que a margem de contribuição nessa situação é de R$ 70.


Desse modo, entende-se que a margem de contribuição é considerada, se-
gundo Ribeiro (2017), o que falta para que a organização possa cumprir com
o pagamento dos gastos fixos e, ao mesmo tempo, obter lucros.
Os autores destacam que nem todos os custos podem ser alocados, mas boa
parte dos gastos de uma empresa podem utilizar-se do processo de alocação de
custos. Considerando tanto a logística interna quanto a externa, é possível alocar:

 salários;
 encargos sociais, como os encargos trabalhistas;
 água, energia elétrica, telefone;
 aluguel;
8 Alocação dos custos diretos e indiretos relacionados à logística

 tributos (impostos, taxas, contribuições);


 serviços terceirizados;
 depreciação (máquinas, móveis, equipamentos, veículos, utensílios);
 uniformes;
 refeições;
 materiais de escritório.

Existem muitos outros elementos, que, segundo Atrill e McLaney (2017) e


Ribeiro (2017), podem variar de acordo com o modelo de negócio. Para uma
indústria, por exemplo, a matéria-prima é um insumo passível de alocação e
rateio, adequando a demanda por produto criado e comercializado.
Atualmente, observa-se que os recursos tecnológicos tendem a ser com-
ponentes essenciais dos gastos logísticos e deverão participar da alocação de
custos, visto que essas ferramentas avançadas representem mais investimentos
do que desembolso de dinheiro, ajudando na economia corporativa, conforme
leciona Novaes (2014). Porém, o autor salienta que, como é preciso aplicar
recursos financeiros na aquisição dessas ferramentas, elas devem estar na
planilha de custos. Gradativamente, elas representarão menos despesas em
diversos setores da organização, contribuindo para a maior produtividade e
o aumento de vendas.
Para entender melhor a alocação de custos indiretos, na sequência, apre-
senta-se uma breve explicação e a divisão dos tipos de alocação de custos
logísticos mais utilizados.

 Alocação por custos diretos: sabe-se que, nessa forma de análise, são
priorizados os gastos diretos, que incidem diretamente sobre a produ-
ção e variam conforme ela varia. Na logística, por exemplo, pode-se
considerar o quanto cada caminhão afetou diretamente as operações
de produção e vendas e, depois, definir esse percentual no rateio de
custos. O valor financeiro aplicado em um veículo geralmente é focado
em combustível, manutenção, pneus e assim por diante.
 Alocação por custos indiretos: nessa situação, o cálculo pode ser feito
aplicando-se parcelas proporcionais dos gastos indiretos sobre o valor
de cada produto. Destaca-se que eles são mais complicados de calcular.
Um critério que geralmente é aplicado para rateio é a remuneração
fixa dos empregados para fazer a distribuição dos gastos. Também
é possível calcular a margem de contribuição e extrair da fórmula os
valores associados às despesas indiretas.
Alocação dos custos diretos e indiretos relacionados à logística 9

 Alocação por faturamento: nesse método, é calculado o percentual de


participação de cada mercadoria na receita bruta mensal do negócio.
Nesse sentido, a coordenação consegue entender melhor quanto esse
item representa para a organização, em termos de geração de receita. Em
relação ao transporte, um exemplo interessante é analisar esse percentual
de acordo com cada veículo que compõe a frota. O percentual também
simula o quanto o produto vai auxiliar no pagamento das contas do mês.
 Alocação por tipos de veículos: um meio de simplificar o cálculo é
especificar como cada veículo influi na frota, considerando seu tamanho.
Por exemplo, uma carreta Volvo certamente representa mais custos
do que um caminhão truck. Entende-se que essa análise nem sempre
é muito correta, mas ajuda a deixar a alocação de custos mais justa e,
portanto, mais equilibrada.

Analisando criteriosamente esses tipos de alocação e rateio, surge a dúvida


para o gestor logístico sobre qual é o tipo mais adequado ao seu negócio
logístico. Esse julgamento deve ser bem ponderado, para que não se faça a
opção por um método inadequado ou menos eficiente.

Critérios de alocação dos custos diretos logísticos


Para Zanluca (2012), os custos diretos são aqueles que estão relacionados a um
determinado objeto de custo, ou que podem ser avaliados e diretamente apropriados
a cada tipo de obra a ser custeada, no todo do seu acontecimento; isto é, estão ligados
diretamente a cada tipo de bem ou função de custo. É aquele custo que pode ser
conferido direto a um produto, a uma linha de produto ou a um centro de custo ou
departamento, não necessitando de rateios para ser atribuído ao objeto custeado.
Exemplos de custos diretos:

 matérias-primas usadas na fabricação do produto;


 mão de obra direta;
 serviços subcontratados e aplicados diretamente nos produtos ou
serviços.

Zanluca (2012) destaca que os custos diretos têm como característica serem
claramente mensuráveis de maneira objetiva. Eles são compostos por todos
os elementos de custo individualizáveis relacionados ao produto ou serviço;
10 Alocação dos custos diretos e indiretos relacionados à logística

identificam-se imediatamente com a produção dos mesmos, mantendo uma


correspondência proporcional. Para o autor, basta um pequeno ato de medição
para alocar esses custos. Para conhecer o consumo de materiais, é necessário
que a organização mantenha um sistema de controle por requisições, para todo
o material que será retirado do armazém, depósito ou almoxarifado que seja
utilizado na produção de determinado produto ou serviço.
Zanluca (2012) também declara que, para alocar o consumo de mão de obra
direta, é preciso que a empresa mantenha um sistema de apontamentos, por
meio do qual se verifica quais os operários que trabalham em cada produto (ou
serviço) no período (dia, semana, mês) e por quanto tempo (minutos, horas).
Em relação às organizações de serviços, os autores salientam que, geral-
mente, faz-se o acompanhamento da ordem de serviço, anotando os custos
alocados diretamente, dentre os quais destacam-se: mão de obra, materiais
aplicados e serviços subcontratados.
Dentro da logística, por exemplo, é possível alocar o quanto determinado
caminhão afetou diretamente as operações de fabricação e vendas e, depois,
definir esse percentual no rateio de custos. Salienta-se que o valor alocado em um
veículo pode ser destinado a combustível, manutenção, pneus, e assim por diante.

Critérios de rateio dos custos indiretos logísticos


Ribeiro (2017) destaca que, se os gastos indiretos não são muito claros,
tornando-se confusos, talvez seja melhor descartar a alocação por custos
indiretos. Já o rateio por faturamento, conforme aponta Ribeiro (2017),
aparentemente pode ser utilizado em qualquer tipo de organização. Não é
difícil, mas também precisa de um acompanhamento constante sobre as vendas,
para que seja atribuído a cada mercadoria o percentual que lhe cabe. Com os
recursos tecnológicos, torna-se menos complexo fazer esse cálculo preciso.
Ainda é possível aplicar mais de um tipo de alocação conforme as necessi-
dades da empresa. O rateio dos custos indiretos por tipos de veículos se aplica
principalmente na gestão de frota, para as organizações que têm frota própria.
Conforme destaca Grant (2017), quando se trata de calcular frete, o tipo de
veículo pode influenciar consideravelmente. Por exemplo: um modelo maior
pode transportar mais cargas e fazer mais entregas em uma só viagem — isso
pode ajudar na redução do preço da entrega; já no caso de um caminhão
frigorífico para transportar congelados, o frete pode se tornar mais caro, em
função do acondicionamento necessário ao caminhão. Destacado pelo autor, o
modal também é importante, pois, dependendo do tipo de carga, o transporte
Alocação dos custos diretos e indiretos relacionados à logística 11

ferroviário ou fluvial pode ser mais vantajoso. A navegação de cabotagem


tem sido muito usada em alguns portos brasileiros, principalmente na Bahia.
Nesse sentido, percebe-se que o cálculo do frete trabalha com variáveis
distintas, como a distância, o tipo de carga, o prazo de entrega e os riscos
envolvidos. Devido à condição das rodovias brasileiras, sabe-se que o modal
rodoviário está exposto a muitos riscos no Brasil, como acidentes e assaltos,
dentre outros; ainda assim, é o mais utilizado. O gestor, para avaliar corre-
tamente os seus custos, precisa conhecer os modais, seus pontos positivos e
negativos, para uma melhor tomada de decisão.
Conforme apontam Atrill e McLaney (2017) e Ribeiro (2017), nos dias
atuais, para analisar o rateio corretamente, é preciso contar com recursos
tecnológicos, como aplicativos móveis e softwares, ou, ainda, uma simples
planilha do Excel. Existem modelos de planilhas de rateio de custos disponíveis
na internet, prontos para uso. Essas planilhas auxiliam consideravelmente a
análise dos cálculos, facilitando ao gestor a tomada de decisão.
Para facilitar a construção da sua própria planilha, sugere-se, por exemplo, que
no rateio de gastos com transporte sejam apresentadas as seguintes informações:

 as placas de cada veículo, apontando os percentuais que cada veículo


deve representar (a soma deve ser igual a 100%);
 os custos indiretos.

O grande desafio para a organização, no que tange à logística, é a movi-


mentação da carga, visto que essa movimentação envolve valores geralmente
mais altos. Percebe-se que empresas sem frota própria precisam desenvolver a
cotação para transporte de cargas e procurar os melhores fretes. A escolha pelo
transporte ainda é uma decisão difícil tanto para o gestor quanto para o cliente.
Percebe-se que hoje estão aparecendo recursos inovadores no mercado,
que buscam intermediar a relação entre organizações sem frota e profissionais
autônomos especializados no transporte de cargas. Essa intermediação tende a
favorecer tanto a empresa quanto o cliente, agilizando as transações, com fretes
mais acessíveis e benefícios para a empresa que precisa dessa movimentação
de itens, bem como para o caminhoneiro autônomo à procura de trabalho.
Novaes (2014) e Grant (2017) salientam que os recursos financeiros gastos
no setor de movimentação de cargas estão associados a inúmeros fatores,
dentre os quais destacam-se:

 distância;
 dificuldades de acesso;
12 Alocação dos custos diretos e indiretos relacionados à logística

 urgência de entrega;
 tipos de carga.

Na análise desses custos, é necessário avaliar criteriosamente os gastos com


combustível, manutenção, remuneração dos motoristas e agentes de transporte,
tributos e documentação relacionados, para integrá-los no rateio dos custos. O
diagnóstico do setor de contabilidade, segundo Ribeiro (2017), deve seguir cri-
térios gerenciais para a efetivação do rateio corretamente. Essa análise de custos
permitirá à alta gestão considerar como o capital investido está se movimentando
dentro do negócio, observando onde está sendo aplicado e qual é a sua origem.
Novaes (2014) observa que os insumos adquiridos representam uma
parcela menor nas despesas corporativas da organização e, consequente-
mente, no rateio geral dos custos dos processos logísticos. No que tange
ao suporte à manufatura, segundo Novaes (2014), no ciclo produtivo, os
gastos indiretos costumam ser alocados de forma inadequada, valorizando
demais os produtos com volume elevado e diminuindo os gastos com mer-
cadorias de baixo volume. Isso gera erros graves no momento de ratear,
pois os valores são distribuídos de forma injusta e desequilibrada. O autor
argumenta sobre a importância de se desenvolver uma política de controle
no setor de manufatura e/ou produção, para diminuir a alocação errada dos
custos indiretos. Caso ocorra uma análise errônea, muitos clientes pagam
mais caro por produtos que poderiam ter um preço menor, mas que estão
assumindo os gastos de outros bens. É preciso chamar a atenção para o fato
de que, na logística, essa incoerência não costuma funcionar, e a organização
acaba perdendo clientes e potencial competitivo.
Já no que tange ao macroprocesso logístico da distribuição física, Gonçal-
ves (2013) aponta que o gestor pode ampliar o sistema para envolver todas as
operações, considerando desde a linha de produção até a entrega do produto.
Na distribuição, é importante manter a rastreabilidade dos gastos por meio da
estrutura logística, para não fazer um rateio de custos sem coerência.

A alocação correta das despesas relacionadas aos produtos, segundo Grant (2017),
envolve não só medir a sua rentabilidade, mas também a dos clientes. Desse modo,
entende-se que é possível aplicar indicadores de desempenho para avaliar a eficaz
participação de cada item no faturamento mensal, como a curva ABC.
Alocação dos custos diretos e indiretos relacionados à logística 13

Como considerações finais, pode-se destacar que o rateio não poderá,


isoladamente, reduzir os custos totais dos processos logísticos, mas auxilia
o gestor a identificar meios de obter essa redução. Desse modo, é preciso
analisar o perfil da organização e optar pelo tipo de alocação e rateio mais
apropriado, distribuindo adequadamente todos os gastos passíveis de divisão
e buscando, ao máximo, ser equilibrado e coerente, buscando respeitar as
proporções de cada setor, produto e veículo na conciliação do orçamento
do setor logístico.
A aplicação de centros de custos, como já mencionado pelos autores
citados, facilita a alocação e o rateio; ou seja, na análise do transporte, cada
veículo da frota pode ser classificado como um centro de custo, podendo
ser replicado para outros setores relacionados. No caso dos estoques, cada
categoria de produto pode ser classificada como um centro que promove
gastos. Nesse sentido, alocando adequadamente, os processos logísticos
podem ser vistos como estratégicos, contribuindo para uma maior economia
da empresa.

ATRILL, P.; MCLANEY, E. Contabilidade gerencial para tomada de decisão. São Paulo:
Saraiva, 2017.
DIAS, M. A. P. Administração de materiais: uma abordagem logística. 6. ed. São Paulo:
Atlas, 2015.
GONÇALVES, P. S. Administração de materiais: obtendo vantagens competitivas. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2013.
GRANT, D. B. Gestão de logística e cadeia de suprimentos. São Paulo: Saraiva, 2017.
NOVAES, A. Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição. 4. ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2014.
RIBEIRO, O. M. Contabilidade de custos. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2017. (Série em Foco).
VIANA, J. J. Administração de materiais. São Paulo: Atlas, 2012.
ZANLUCA, J. C. Manual de contabilidade de custos. Curitiba: Marp, 2012.
DICA DO PROFESSOR

Muitas empresas optam por repassar parte dos custos de entrega para os clientes e cobram uma
taxa de frete, que é acrescentada ao valor final das compras. Porém, essa decisão deve ser
avaliada criteriosamente para uma gestão mais eficaz do processo!

Nesta Dica do Professor, pretende-se trabalhar com algumas observações importantes, as


quais o gestor precisa ter atenção na gestão dos custos logísticos para ampliar seus horizontes e
tomar uma decisão mais eficaz sobre o gerenciamento do seu negócio. Esse aprendizado está
relacionado a uma aplicação de e-commerce, visto que é uma tendência do mercado.
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EXERCÍCIOS

1) Os gestores, para gerenciar melhor os estoques, costumam usar uma classificação


relacionada à apropriação aos produtos e ao nível de atividade. Essas ações são
subdivididas em:

A) Apropriação das atividades: custo direto e fixo.

B) Nível de apropriação: direto e variável.

C) Estoques altos, apropriados ou não aos produtos.

D) Apropriação aos produtos – custos diretos e indiretos e ao nível de atividade – custos fixos
e variáveis.

E) Relaciona-se à desorganização, organização e estratégia.

2) Sabe-se que existe uma dificuldade gerencial na alocação dos custos de forma correta,
e saber alocar com assertividade é considerado uma estratégia a fim de que ela possa
continuar seu ciclo produtivo. Sendo assim, destaca-se que:

A) para desenvolver uma análise assertiva, é preciso uma avaliação do setor contábil.

B) o setor de produção é o mais adequado para gerenciar a avaliação dos custos logísticos.

C) a alocação dos custos de uma empresa deve ser feita pelo setor administrativo.

D) as empresas não alteram suas práticas operacionais em função da análise dos custos.

E) a área financeira é a responsável por analisar a gestão dos custos da empresa.

3) Para mensurar a performance dos processos e das operações relacionadas à logística,


sugere-se ao gestor avaliar:

A) o tempo de entrega.

B) a estabilidade econômica.

C) as implicações dos custos operacionais para auxiliar uma melhor estratégia produtiva,
baseada no suporte financeiro.

D) as implicações dos custos logísticos para auxiliar um melhor planejamento, coordenação e


implementação das atividades internas.

E) os estoques que nem sempre são bem administrados, podendo gerar prejuízos.

4) O gestor precisa conhecer que nos custos diretos são priorizados os gastos diretos,
que incidem diretamente sobre a produção e variam conforme ela varia. Na logística,
por exemplo, pode-se citar como custos diretos:
A) Formação do preço de venda.

B) O quanto cada caminhão afetou diretamente as operações de produção e vendas e, depois,


definir esse percentual no rateio de custos.

C) Custos de fabricação e de salários de produção.

D) Curva ABC.

E) Custos de seguro e tecnologia.

5) Na análise gerencial, o rateio dos custos indiretos por tipos de veículos aplica-se
principalmente na gestão de frota, para as organizações que têm frota própria. Neste
sentido, quando se trata de calcular frete, o tipo de veículo pode influenciar
consideravelmente, como, por exemplo:

A) no custo de movimentação, caminhões menores geram menos custo.

B) um modelo maior pode transportar mais cargas e fazer mais entregas em uma só viagem.

C) caminhões frigoríficos geram menos custos de deslocamento.

D) custo de manutenção de equipamentos de movimentação.

E) custo de produção, vendas e financeiro.

NA PRÁTICA

Mediante as mudanças ocorridas no mercado competitivo contemporâneo, aponta-se como


objetivo a identificação das práticas utilizadas para gestão dos custos logísticos em uma empresa
do sul do setor alimentício. Os principais resultados evidenciam que a empresa utiliza práticas
para gestão dos custos logísticos e que estas são importantes no processo de tomada de decisões.
Além disso, verifica-se que a empresa apresenta um cenário avançado das práticas aplicadas se
comparada com outros estudos semelhantes.

Nesse contexto, apresentam-se, também, simulações que orientarão a melhor escolha em um


período adequado, evitando movimentações financeiras que possam impactar nos recursos
imediatos. Os resultados demonstram ganhos financeiros e de qualidade!

Veja a seguir um estudo de caso em uma empresa do setor alimentício da região Sul do país:
SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Mensuração dos custos logísticos: estudo de caso em uma indústria gráfica

A logística tem sido reconhecida como uma atividade relevante para o sucesso dos negócios.
Um elemento de sua avaliação encontra-se na gestão de custos decorrentes dessa atividade.
Diante disso, o objetivo deste estudo é investigar como ocorre a mensuração dos custos
logísticos em uma indústria gráfica que reestruturou sua área de logística. Veja o
desenvolvimento deste estudo.

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Comércio tradicional versus comércio eletrônico: um estudo de caso sob o olhar da gestão
dos custos logísticos

O objetivo deste estudo é verificar como uma empresa brasileira de grande porte do setor
varejista efetua a mensuração e a análise dos custos logísticos, tanto das suas operações físicas
(comércio tradicional) quanto das suas operações virtuais (comércio eletrônico). Nota-se que
tanto as operações da loja virtual quanto as operações das lojas físicas compartilham da mesma
estrutura logística. Custos logísticos adicionais no comércio eletrônico são compensados pela
maior margem praticada nesse modelo de negócios. Veja esta análise.

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Análise comparativa de custos entre contratação e terceirização de serviços logísticos: um


estudo de caso em uma empresa do segmento de saúde animal e vegetal

Trata-se de um estudo de caso com o objetivo de apurar e demonstrar a estrutura dos custos
logísticos, mais especificamente, aplicando-se a análise no setor de transporte de uma empresa
especializada no setor de saúde animal e vegetal. Sendo assim, verificou-se que a movimentação
da empresa, no período analisado, apresentou que a terceirização seria a melhor opção,
resultando em um custeio menor do que o custo fixo do departamento. Certamente, conclui-se
que estudos dessa natureza contribuem e beneficiam as tomadas de decisões com o foco no setor
logístico. Veja as observações apontada pelos autores.

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Configuração da rede logística

APRESENTAÇÃO

O planejamento ideal da rede logística sempre foi um grande desafio, pois não há uma fórmula
exata para o sucesso desse setor. Integrar o processo logístico com outros processos se torna
primordial para a empresa alcançar resultados positivos e se manter competitiva. Portanto, saber
distribuir bem os recursos logísticos e, principalmente, administrar bem os estoques são pilares
para garantir a saúde do negócio.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai ver um pouco mais sobre o projeto de rede logística,
além de conhecer os conceitos de posição de estoque e coordenação e, por fim, aprender
algumas boas práticas de alocação de recursos em logística.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Esquematizar um projeto de rede logística.

• Conceituar posição de estoques e coordenação logística.

• Utilizar as boas práticas de alocação de recursos em logística.

DESAFIO

A principal função da logística é disponibilizar os produtos na quantidade correta, na qualidade


esperada, atendendo às especificações e aos prazos estipulados pelos clientes. Para a eficiência
dessa operação, é necessário ter à disposição os recursos necessários a fim de garantir o envio de
produtos de forma segura e ágil, com o menor custo possível.
quais estratégias você poderia desenvolver a fim de criar uma rede logística para conseguir abrir
espaço nos mercados do Sul e do Sudeste de maneira que a empresa se mantenha competitiva?
INFOGRÁFICO

Canais de distribuição são os conjuntos de pessoas ou empresas interligadas que garantem que
determinado produto certo chegue ao destino final no momento certo. Há três tipos de canais de
distribuição que dominam o mercado: o direto, o indireto e o híbrido.

No Infográfico a seguir, você vai compreender como se dá o fluxo em cada um desses canais de
distribuição.
CONTEÚDO DO LIVRO

Você já refletiu sobre os desafios da logística no Brasil? Por se tratar de um país de dimensão
continental, as empresas são obrigadas a estudar e planejar a melhor localização para fábricas,
armazéns e centros de distribuição para o atendimento da demanda.

Para compreender melhor esse assunto, é essencial que você leia o capítulo Configuração da
rede logística, da obra Gestão de custos, riscos e perdas, no qual você vai estudar o projeto de
rede logística, conhecer os conceitos de posição de estoque e coordenação e, ainda,
aprender algumas boas práticas de alocação de recursos em logística.

Boa leitura.
GESTÃO DE
CUSTOS, RISCOS
E PERDAS

Isis Boostel
Configuração da
rede logística
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Esquematizar um projeto de rede logística.


 Conceituar posição de estoques e coordenação logística.
 Utilizar as boas práticas de alocação de recursos em logística.

Introdução
Há vários segredos para o insucesso de uma empresa; entre eles, pode-
mos destacar o mau gerenciamento de operações logísticas. O estoque,
quando não administrado de forma eficiente, gera gastos excessivos por
conta de compras realizadas acima do volume necessário e problemas no
atendimento ao cliente, dentre outros motivos. Vivemos em um mercado
cada vez mais disputado, em que as empresas devem enxugar ao máximo
seus custos operacionais, sem prejudicar a expectativa do cliente durante
o processo de compras.
Neste capítulo, você vai estudar o projeto de rede logística e vai ava-
liar o conceito de posição de estoque e coordenação. Por fim, você vai
identificar algumas boas práticas de alocação de recursos em logística.

Projeto de rede logística


A principal função da logística é disponibilizar os produtos na quantidade
correta, na qualidade esperada, atendendo às especificações e aos prazos
estipulados pelos clientes. Para a eficiência dessa operação, é necessário ter à
disposição os recursos necessários para garantir o envio de produtos de forma
segura e ágil, com o menor custo possível.
O projeto para implementação de uma rede logística consiste em analisar
estrategicamente a localização das fábricas, dos fornecedores, do centro de
2 Configuração da rede logística

distribuição, das lojas e dos terminais de transportes, para garantir que o


produto chegue da melhor forma possível ao cliente final, pelo menor custo.
A Figura 1 apresenta um esquema da cadeia de suprimentos atual, abrangendo
todos os atores das etapas de adquirir, transformar e distribuir.

Figura 1. Escopo da cadeia de suprimentos.


Fonte: Ballou (2006, p. 44).

Antes de definir um projeto de rede logística, é preciso entender qual mer-


cado consumidor a empresa busca atingir e observar as peculiaridades de cada
cidade, estado, região ou país, observando aspectos geográficos, climáticos e
de infraestrutura. A logística no Brasil, por se tratar de um país de dimensão
continental, obriga as empresas a estudarem e planejarem a melhor localização
para fábricas, armazéns e centros de distribuição para o atendimento da demanda,
principalmente as empresas que buscam atender todo o território nacional. Já no
caso das empresas que buscam romper as fronteiras, aproveitando a globalização,
a exigência de uma boa localização é fundamental, principalmente no momento
de escoamento de produtos para o mundo.
Existem muitas variáveis para se determinar qual a melhor localização da
unidade fabril de uma empresa; entre elas, podemos destacar as que seguem.

 Fornecedores — deve-se observar a distância dos principais fornecedo-


res de matéria-prima. Quanto maior a proximidade, menor a necessidade
de investimento em estoque de insumo e materiais importantes para
a fabricação dos produtos. É importante também observar a proximi-
dade de fornecedores de serviços essenciais, como a manutenção de
equipamentos específicos.
Configuração da rede logística 3

 Mão de obra — é importante observar se a região oferece mão de obra


qualificada para as atividades da empresa. O aspecto econômico da
região também é importante, tendo em vista que existe uma grande
variabilidade no salário e pacote de benefícios de acordo com cada
localidade.
 Fator tributário — muitos municípios oferecem descontos ou, até mesmo,
isenção de impostos para atrair investimentos e gerar empregos na re-
gião, além de doação de imóveis, como lotes e galpões para a instalação
de novas empresas.
 Mercado consumidor — manter a proximidade com o mercado consu-
midor representa redução de custos, principalmente com transporte, e,
por consequência, maior competitividade.

Com a localidade da fábrica definida, é hora de definir quais canais de


distribuição serão usados no escoamento dos produtos.

Canais de distribuição são o conjunto de pessoas ou empresas interligadas que garan-


tem que um determinado produto chegue ao destino no momento certo.

Os canais de distribuição não se limitam apenas ao fluxo físico de produtos.


Cabe aos canais de distribuição obter dados e informações sobre os consumi-
dores e estimulá-los a adquirirem os produtos. O canal de distribuição pode ser:

 direto — quando a empresa fica responsável pela distribuição dos


produtos para o consumidor final;
 indireto — quando a empresa utiliza serviços de terceiros para a dis-
tribuição dos produtos;
 híbrido — quando a empresa utiliza serviços de terceiros, porém assume
parte do processo, como o contato com os clientes.

Os principais intermediários para a distribuição dos produtos são:

 varejistas — comercializam os produtos para o consumidor final;


 atacadistas — comercializam os produtos apenas para varejistas;
4 Configuração da rede logística

 distribuidores — armazenam, comercializam e prestam assistência


técnica dos produtos para os atacadistas e varejistas de uma determi-
nada região;
 agentes, representantes e corretores — recebem comissões para vender
produtos e serviços de uma determinada empresa.

Segundo Ballou (2006, p. 43), o especialista logístico deveria conhecer


antecipadamente qual seria a receita adicional gerada por meio de incremento
de melhorias na qualidade dos serviços ao cliente. Não há, porém, maneira
de prever essa receita com razoável exatidão. O nível do serviço ao cliente é
estabelecido num valor alvo, normalmente algo suportável para os clientes,
pelas vendas ou demais partes envolvidas.
Ballou (2006) ainda estabelece um triângulo de decisão primária de loca-
lização, estoque e transporte para o gerenciamento logístico (Figura 2), que
tem como objetivo o serviço ao cliente.

Figura 2. Triângulo do planejamento em relação às principais atividades de logística/


gerenciamento de cadeia de suprimentos.
Fonte: Ballou (2006, p. 45).

Podemos observar na Figura 2 que deve ser realizado um estudo detalhado


para tomar decisões sobre as boas práticas quanto ao estoque e ao transporte,
em função da localização de um armazém. O planejamento é o ponto de maior
dificuldade na gestão.
Configuração da rede logística 5

Após definir as estratégias, é hora de colocá-las em prática, organizando-as


e controlando-as para determinar se o planejamento foi correto ou se há pontos
a serem melhorados para otimizar o atendimento ao cliente. Essa margem de
erro entre o planejamento e a prática é reduzida com o uso de simuladores.

Para saber mais sobre simuladores de operações logísticas, acesse o artigo disponível
no link a seguir, que apresenta soluções que melhoraram o desempenho dos processos
logísticos de empresas de transporte, armazenagem e movimentação de cargas,
operadores logísticos, portos, entre outras.

https://goo.gl/LpGC6W

De acordo com Bowersox et al. (2014, p. 313), “[...] os principais aspectos a


serem considerados no projeto de uma rede logística são requisitos resultantes
da integração de estratégias de compras, produção e relacionamento com o
cliente”. Os autores ainda afirmam que as economias com transporte e estoque
são considerações críticas para o projeto de uma rede logística.

Posição de estoques e coordenação logística


O conceito de posição de estoque se refere à quantidade de cada produto
armazenado, devendo-se levar em consideração o fluxo de entrada e saída
de mercadorias para o entendimento da demanda por um determinado pro-
duto. A coordenação logística se faz necessária devido à exigência cada vez
maior de gerenciamento do fluxo de produtos e serviços, já que proporciona
a manutenção da qualidade aceitável sem diminuir a percepção de valor do
cliente em relação a um determinado produto.
Assim, cabe à coordenação logística garantir a entrada correta de matéria-
-prima por meio do planejamento de compras, fazer o planejamento da pro-
dução, para garantir o fluxo de produtos, e administrar o estoque tanto de
matéria-prima quanto de produtos acabados, para, então, distribuir de acordo
com as necessidades dos clientes.
Segundo Bowersox et al. (2014, p. 339), “[...] as decisões de análise de
estoque se concentram em determinar os parâmetros gerenciais de estoque
6 Configuração da rede logística

para atender os níveis de serviços desejados com o mínimo de investimento”.


Os autores classificam os parâmetros de estoque da seguinte forma.

 Estoque de segurança — quantidade de produtos para garantir o for-


necimento em caso de falhas na reposição.
 Ponto de reposição — quantidade atingida de produtos em estoque para
abertura de solicitação de compras ou fabricação dos mesmos; conhecido
também como estoque mínimo. A quantidade de produtos que perma-
nece nos armazéns deve ser suficiente para atender à demanda durante
o processo de compras ou fabricação para reabastecimento do estoque.
 Tamanho do pedido — em muitos casos, realizar uma compra em maior
quantidade gera um maior poder de negociação para o comprador.
Deve-se observar se a economia com o custo do produto e transporte
é maior do que os custos com a armazenagem.
 Ciclo de análise de uma combinação específica de instalação e produto
— deve-se observar a sazonalidade e os prazos de validade dos produtos
estocados, afinal, há produtos que apresentam maior volume de vendas
em determinadas épocas do ano.

A má gestão do estoque pode resultar em perda de vendas ou insatisfação


dos clientes, caso a quantidade não atenda à demanda, ou pode trazer problemas
operacionais e aumento de custo, no caso de produtos em excesso. A previsão
de produtos estocados deve ser analisada em função de muitas variáveis, como
a sazonalidade.
Segundo Ballou (2006), quando a incerteza da variável é tão alta que as
técnicas mais comuns de previsão e a sua utilização no planejamento da cadeia
de suprimentos levam a resultados insatisfatórios, surge a necessidade de outras
modalidades de previsão. A logística tem contribuído para a diminuição da
quantidade de produtos estocados. Porém, muitas empresas ainda mantêm mais
produtos estocados do que o necessário para dar suporte aos seus requisitos
comerciais. Uma empresa que otimiza o fluxo de entrada e saída de produtos
consequentemente terá uma quantidade menor de produtos estocados. Hoje
em dia, é comum muitas empresas adotarem o sistema de cross docking.
O cross docking significa cruzamento de docas e consiste basicamente
em acelerar o fluxo de produtos recebidos para a expedição. Para entendermos
melhor esse conceito, vamos imaginar a seguinte situação: no armazenamento
convencional, um produto é recebido, conferido, armazenado de acordo com as
vendas e expedido. No cross docking, o tempo de armazenamento é reduzido
ou até eliminado. Em casos de manufatura, o produto finalizado é embalado
Configuração da rede logística 7

e enviado à expedição e, muitas vezes, encaminhado diretamente ao meio de


transporte, sem a necessidade de ser armazenado em um determinado local
da empresa. Os correios utilizam esse sistema há anos — as encomendas
chegam no centro de distribuição, são classificadas e partem imediatamente
para a rota de entrega. Esse sistema também é indicado em situações em que
os produtos precisam chegar frescos ao destino.
Bowersox et al. (2014) resumem as funcionalidades do estoque conforme
mostrado no Quadro 1.

Quadro 1. Funcionalidades do estoque

Permite o posicionamento geográfico em diversas


Especialização unidades de produção e distribuição de uma empresa.
geográfica Estoques mantidos em diferentes locais e etapas do
processo de criação de valor permitem a especialização.

Permite a economia de escala dentro de uma


única instalação e consente que cada processo
Desacoplamento opere com eficiência máxima, em vez de fazer
com que a velocidade de todo o processo
seja limitada pelo aspecto mais lento.

Acomoda o tempo decorrido entre a


Equilíbrio entre
disponibilidade de estoque (fabricação,
oferta/demanda
crescimento ou extração) e o consumo.

Acomoda a incerteza relacionada à demanda em


Proteção contra excesso ou aos atrasos previstos ou inesperados
incertezas no recebimento e no processamento de pedidos.
Normalmente é chamada de estoque de segurança.

Fonte: Adaptado de Bowersox et al. (2014).

Nesse contexto, conforme lecionam Bowersox et al. (2014), a quantidade de


produtos em estoque deve ser estipulada em função da localização, e a maior quan-
tidade de armazéns representa uma maior proximidade com o cliente, oferecendo
agilidade no atendimento ao pedido e à demanda e no tempo para atendimento da
mesma. O cálculo da demanda se torna, muitas vezes, especulativo, em função
da mudança de economia de uma região ou, até mesmo, da inserção de um novo
concorrente no mercado. Portanto, estabelecer um estoque de segurança pode
manter o atendimento aos clientes mesmo em situações adversas ou mudanças
nos processos logísticos, como o desenvolvimento de um novo fornecedor.
8 Configuração da rede logística

Boas práticas de alocação de recursos em logística


Cada vez mais as empresas buscam realizar suas operações da forma mais
enxuta possível, ou seja, com o menor custo. No âmbito logístico, a otimização
é alcançada quando a empresa consegue uma redução de recursos alocados,
como meios de transporte, máquinas e equipamentos e mão de obra, sem com-
prometer de forma perceptível a qualidade no atendimento ao cliente. Dentre
as principais etapas do processo logístico, podemos destacar a armazenagem,
o transporte e a gestão de estoque, conforme veremos a seguir.

Armazenagem
O processo de armazenagem costuma ser complexo, principalmente para
pequenas e médias empresas, que não contam com o aporte de investimentos
em máquinas, equipamentos e tecnologia para gerenciar um estoque. A má
gestão dos processos resulta em prejuízos e, muitas vezes, pode decretar a
falência de uma empresa.
Os custos de armazenamento são significativos para uma empresa. Além
do investimento elevado na construção da edificação, em compras de equi-
pamentos de movimentação e no software para gerenciamento do armazém,
existem os custos operacionais, que envolvem, principalmente, mão de obra
e manutenção da instalação e do maquinário, despesas com seguros, IPTU,
água, energia elétrica, limpeza e segurança.
A terceirização dos armazéns é uma boa saída, principalmente para as
empresas de menor poder de investimento em tecnologia e menor conhe-
cimento de gestão de um armazém. É uma boa opção até mesmo para as
grandes corporações; afinal, repassar a responsabilidade de distribuição para
um operador logístico especializado representa economia de recursos imobi-
lizados com estrutura física, máquinas, equipamentos e mão de obra. Além
disso, proporciona à empresa contratante a possibilidade de concentração de
recursos em setores mais estratégicos, como a produção.

Transporte
É imprescindível definir e monitorar o correto cumprimento da rota que o
meio de transporte deverá fazer, para assegurar que o tempo e a distância
percorrida sejam os menores possíveis, garantindo, assim, um menor custo com
o transporte de produtos. Esse procedimento é conhecido como roteirização e
visa a aperfeiçoar as entregas em função de uma série de informações impor-
Configuração da rede logística 9

tantes, como capacidade dos veículos, quantidade de pedidos, rentabilidade


dos clientes e localização dos pontos de entrega.
Os benefícios da roteirização são:

 agilidade nas entregas;


 maximização das entregas realizadas diariamente;
 maximização da taxa de disponibilidade dos veículos;
 otimização da mão de obra;
 economia de combustível, pneus e manutenção do veículo;
 controle do processo de distribuição;
 aumento da produtividade.

A distribuidora Paulistana foi convidada a usar uma versão piloto do roteirizador Rota
Plan. Segundo Marcelo Camargo, responsável pelo setor de transportes da Paulistana,
a empresa aumentou em 25% o número médio de entregas por veículo e reduziu em
32% as entregas não realizadas por falta de tempo (MUNDO LOGÍSTICA, 2014).

Gestão de estoque
O bom gerenciamento do estoque proporciona maior confiabilidade no processo
de comercialização e distribuição de produtos e oferece informações relevantes
quanto ao giro de produtos no armazém e à previsão de demanda, com base
no histórico de saída dos produtos. Graças a essas informações, é possível
determinar o momento de adquirir e produzir novos produtos, ou até mesmo
finalizar a produção de um artigo que não ofereça rentabilidade para a empresa.
A má gestão de estoque é comum principalmente no varejo. Se a empresa
compra produtos em excesso, há um risco de que os produtos fiquem parados
no estoque, resultando em perda de validade para produtos perecíveis. Esse
produto pode também ficar obsoleto, ou seja, ultrapassado e, dessa forma,
não ser mais tão atrativo aos consumidores. Já no caso de compras em menor
quantidade, o resultado principal é a perda de vendas.
Os principais benefícios do bom gerenciamento de estoque são:

 excelência no atendimento aos clientes;


 evita o desperdício de recursos;
10 Configuração da rede logística

 serve como base de informação para o setor de produção;


 cumprimento de prazos e acordos comerciais;
 análise de comportamento de mercado;
 rastreabilidade.

É quase impossível imaginar um bom gerenciamento de qualquer processo


de uma empresa sem o uso de indicadores de desempenho. Esses indicadores
fornecem dados e informações extremamente relevantes para medir a eficiência
e apontar possíveis falhas em cada etapa da logística de uma empresa.

Veja a seguir os indicadores de desempenho que podemos utilizar na logística.

 Templo de ciclo do pedido — tempo total computado desde o momento


da compra até o recebimento do produto.
 Qualidade no serviço de entrega — pode ser medido por meio do per-
centual de problemas que possam resultar em insatisfação do cliente,
como atraso na entrega, produto errado ou avarias.
 Qualidade dos fornecedores — similar à qualidade no serviço de entre-
gas. Nesse caso, a empresa será o cliente. Esses dados são importantes
para avaliar se vale à pena manter ou desenvolver novos fornecedores.
É importante ressaltar que a qualidade dos produtos comprados afeta
diretamente todo o restante dos processos produtivos e logísticos.
 Custos com logística — valor gasto com transporte, armazenamento,
mão de obra, etc.
 Vendas dos produtos — esse indicador demonstra a posição do seu
produto perante os concorrentes e se relaciona com o índice de satis-
fação dos clientes.
 Eficiência da mão de obra — mede a produtividade da mão de obra
envolvida em todo o processo logístico. A rastreabilidade permite
identificar quais trabalhadores atuaram no ciclo do pedido. Podemos
relacionar esse indicador com os custos com logística e a qualidade no
serviço de entrega.
 Eficiência de prestadores de serviços — esse indicador mede a efici-
ência dos terceiros, como os operadores logísticos, e está diretamente
relacionado com todos os indicadores citados.
 Satisfação dos clientes — cliente satisfeito significa novas vendas e boa
reputação da empresa no mercado. Hoje em dia, há sites especializados
em ouvir as reclamações dos clientes. Podemos citar o Reclame Aqui, em
que os clientes podem realizar reclamações de forma gratuita. É muito
Configuração da rede logística 11

comum também obter dados sobre a avaliação dos clientes nas compras
realizadas por e-commerce. As redes sociais também são ferramentas
poderosas para avaliar a qualidade dos produtos e serviços ofertados.

A complexibilidade do gerenciamento logístico vem diminuindo graças


ao uso de tecnologias. O mercado oferece software, ferramentas, máquinas e
equipamentos cada vez mais avançados, trazendo soluções para otimizar cada
processo logístico. É importante que os softwares ofereçam a possibilidade
de integração com outros setores e processos da empresa.

Acesse o link a seguir para saber mais sobre como a marca de fastshop Renner investiu
em tecnologia para melhorar o seu desempenho logístico.

https://goo.gl/pnGuuj

BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: logística empresarial. 5. ed.


Porto Alegre: Bookman, 2006.
BOWERSOX, D. J. et al. Gestão logística de cadeia de suprimentos. 4. ed. Porto Alegre:
AMGH, 2014.
MUNDO LOGÍSTICA. Solução da Target aumenta produtividade da Distribuidora Paulistana.
2014. Disponível em: <http://www.revistamundologistica.com.br/noticias/solucao-da-
-target-aumenta-produtividade-da-distribuidora-paulistana>. Acesso em: 21 fev. 2019.

Leituras recomendadas
CONHEÇA 5 melhores práticas de operação logística para adotar. Blog Logística, [s.l.],
26 jan. 2017. Disponível em: https://www.bloglogistica.com.br/mercado/conheca-5-
-melhores-praticas-de-operacao-logistica-para-adotar/. Acesso em: 21 fev. 2019.
DINO. Problemas na gestão de estoque podem causar falência de empresas. Exame,
Rio de Janeiro, RJ, 27 fev. 2018. Disponível em: https://exame.abril.com.br/negocios/
dino/problemas-na-gestao-de-estoque-podem-causar-falencia-de-empresas/. Acesso
em: 21 fev. 2019.
12 Configuração da rede logística

SEBRAE. Como definir os canais de distribuição do seu produto. Sebrae Nacional, Brasília,
DF, 4 out. 2016. Disponível em: http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/
como-definir-os-canais-de-distribuicao-do-seu-produto,bfbe7e0805b1a410VgnVCM1
000003b74010aRCRD. Acesso em: 21 fev. 2019.
SOLUÇÃO aumenta produtividade de distribuidora. Revista Logística & Supply Chain,
São Paulo, SP, 2 mai. 2014. Disponível em: https://www.imam.com.br/logistica/noticias/
transportes/1781-solucao-aumenta-produtividade-de-distribuidora. Acesso em: 21 fev. 2019.
DICA DO PROFESSOR

Uma boa gestão de estoques possibilita a entrada correta de matéria-prima por meio do
planejamento de compras. Deve-se planejar a produção para garantir o fluxo de produtos.
Afinal, no que se refere ao estoque, é preciso administrar tanto a matéria-prima quanto os
produtos acabados.

Para ajudar nesse processo, existe o conceito de estoque de segurança. Veja na Dica do
Professor a importância de manter esse tipo de estoque.
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EXERCÍCIOS

1) Existem muitas variáveis para determinar a melhor localização da unidade fabril de


uma empresa. Assinale a alternativa correta quanto a essas variáveis.

A) Manter-se longe do fornecedor exige menor investimento e estoque de matéria-prima.

B) A proximidade com o mercado consumidor aumenta os custos de transporte para entrega


de produtos aos clientes.

C) Manter-se próximo ao fornecedor exige maior investimento e estoque de matéria-prima.

D) A proximidade do fornecedor aumenta o risco de falhas na entrega de matéria-prima.

E) A proximidade do fornecedor exige menor investimento e estoque de matéria-prima.


2) Os canais de distribuição não se limitam apenas ao fluxo físico de produtos. Cabe aos
canais de distribuição obter dados e informações sobre os consumidores e estimulá-
los a adquirir os produtos. Assinale a alternativa correta quanto à classificação dos
canais de distribuição.

A) Apenas a empresa fabricante é responsável pela distribuição dos produtos no canal


indireto.

B) O canal é considerado direto quando há participação de terceiros na distribuição dos


produtos.

C) No canal híbrido, a empresa fabricante repassa todo o processo de distribuição para um


terceiro.

D) No canal indireto, o fabricante repassa apenas parte do processo de distribuição de seus


produtos.

E) Embora contrate terceiros para o processo de distribuição de seus produtos, no canal


híbrido o fabricante assume alguma etapa do processo.

3) O bom gerenciamento do estoque pode representar o sucesso e a competitividade de


uma empresa, pois é o segundo maior custo logístico, ficando atrás apenas do
transporte. Segundo Bowersox, é possível resumir a funcionalidade do estoque da
seguinte forma:

A) A especialização geográfica permite a economia de escala dentro de uma única instalação.

B) O equilíbrio entre oferta e demanda acomoda o tempo decorrido entre a disponibilidade de


estoque e o consumo.

C) O desacoplamento permite o posicionamento geográfico em diversas unidades de


produção e distribuição de uma empresa.

D) A proteção contra incertezas normalmente é chamada de ponto de reposição.

E) O desacoplamento é chamado de estoque de segurança.

4) Os indicadores de desempenho fornecem informações importantes sobre a eficiência


de qualquer processo de uma empresa. Sobre os indicadores de desempenho de
operações logísticas, é correto afirmar:

A) Podem ser mensurados apenas de forma quantitativa.

B) Podem ser mensurados apenas de forma qualitativa.

C) Podem ser relacionados a outros processos da empresa.

D) Devem ser tratados de forma independente.

E) Medem apenas a satisfação dos clientes.

5) Diversos fatores devem ser levados em consideração quando uma empresa determina
a melhor forma de gerenciamento de um estoque. Dentre as alternativas abaixo,
indique a opção que se refere a uma boa prática na gestão do estoque.

A) O estoque de segurança é indicado apenas para produtos perecíveis.

B) Apenas quando a quantidade de produto em estoque for zerada, deve-se fazer novo pedido
para reposição.

C) Quanto maior for o fluxo de produtos em um estoque, maior será a quantidade de produtos
estocados.

D) A sazonalidade influencia diretamente no planejamento de estoque de um produto.

E) Um pedido em menor quantidade oferece ao comprador maior poder de negociação.

NA PRÁTICA

O uso de tecnologias é fundamental para o bom gerenciamento de estoque. Além de fornecer


dados precisos sobre a quantidade de itens estocados, permite maior integração com outros
processos, possibilitando, assim, agilidade no reabastecimento.

Confira neste Na Prática por que a empresa Zara instalou um sistema de radiofrequência para
otimizar o gerenciamento de seu estoque.
SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Walmart Brasil - Logística

Assista ao vídeo e conheça um pouco da estrutura logística da Walmart no Brasil.

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Setor de logística e as boas práticas para o sucesso

Saiba mais sobre as boas práticas para o sucesso do setor de logística.

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Custos de manutenção do estoque

APRESENTAÇÃO

A maioria das organizações tem como jargão atender seus clientes na hora certa e com a
quantidade certa. De fato, para obter vantagem competitiva sólida, surge a necessidade de
agilidade e prontidão na distribuição das mercadorias. Diante desse contexto, a maior parte dos
estoques gera alguns benefícios que são importantes para melhorar o serviço ao cliente,
facilitando, inclusive, o suporte para a área de marketing concretizar as vendas e favorecendo a
economia de escala. Afinal, os custos são normalmente menores quando o produto é fabricado
continuamente e em quantidades constantes.

Nesta Unidade de Aprendizagem você vai conhecer os conceitos importantes relacionados à


correta análise dos estoques. Você vai aprender a relacionar os custos de manutenção do estoque
com o controle de perdas. Também vai saber como identificar os custos de estocagem e os
riscos envolvidos nesse processo. Por fim, vai aprender sobre o custo total de manutenção do
estoque.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Relacionar os custos de manutenção do estoque com o controle de perdas.


• Identificar os custos de estocagem e os riscos associados.
• Determinar o custo total de manutenção do estoque.

DESAFIO

Você sabe o que são os custos de estocagem? São todas as despesas que incidem sobre a
organização em função do volume de estoque mantido.

Acompanhe o caso a seguir, que trata desse assunto:


INFOGRÁFICO

Alguns importantes autores como Viana (2012), Gonçalves (2013) e Dias (2015) observam que
a maioria das organizações concentram-se no atendimento aos seus clientes na hora certa e com
a quantidade certa. Então, para ser competitivo no mercado, os estoques devem ser bem
administrados.

No Infográfico a seguir você vai saber mais sobre os custos de manutenção dos estoques,
conhecimento indispensável para administrar corretamente esse setor da empresa.
CONTEÚDO DO LIVRO

Neste momento contemporâneo, o aumento da competitividade entre as empresas, faz com que
as organizações procurem constantemente manter-se ativas na busca de estratégias aplicadas ao
seu tipo de negócio. Desse modo, a busca pela redução dos custos em todos os níveis da cadeia
de suprimento passou a ser uma variável muito importante para obtenção de resultados positivos
de uma organização.

Para se fazer uma análise desses custos a fim de reduzi-los, Viana (2012), Gonçalves (2013)
e Dias (2015) salientam a importância do conceito de valor agregado, que representa o valor
adicionado ao produto, isto é, o valor da mão de obra direta, custo indireto e custo de estoque do
produto acabado que é agregado à matéria-prima no seu processo produtivo.

Diante desse contexto, leia o capítulo intitulado Custos de manutenção do estoque, do


livro Gestão de custos, riscos e perdas, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, no qual
você vai conhecer um pouco mais sobre os conceitos relacionados a esse tema, assim como
relacionar as dimensões dos custos dos estoques.

Boa leitura.
GESTÃO DE
CUSTOS, RISCOS
E PERDAS

Zaida Cristiane dos Reis


Custos de manutenção
do estoque
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Relacionar os custos de manutenção do estoque com o controle de


perdas.
 Identificar os custos de estocagem e os riscos associados.
 Determinar o custo total de manutenção do estoque.

Introdução
O gerenciamento dos custos de manutenção de estoque está diretamente
relacionado ao desempenho da empresa. No cenário atual, a busca pela
redução dos custos em todos os níveis da cadeia de suprimentos passou
a ser uma variável muito importante para a obtenção de resultados
positivos para a organização. A adequada gestão do estoque pode trazer
benefícios, como melhora do serviço prestado ao cliente, economia de
escala e maior precisão do setor de marketing, bem como proteção
contra mudanças de preços em períodos inflacionários, incertezas na
demanda e no tempo de entrega e contingências adversas. Além disso,
esse cuidado com o estoque agrega valor ao produto, no momento em
que o cliente recebe um melhor atendimento.
Neste capítulo, você vai estudar conceitos importantes relacionados
à correta análise dos custos dos estoques, identificando os custos de
estocagem e os seus riscos associados, bem como verificando os con-
ceitos de just in case (JIC) e just in time (JIT), bem como a composição do
custo total de estoque.

Custos de manutenção de estoques e controle de perdas


O gerenciamento dos custos de manutenção de estoques está diretamente
relacionado ao desempenho da empresa. Viana (2012), Gonçalves (2013)
2 Custos de manutenção do estoque

e Dias (2015) destacam que, antigamente, durante as fases da logística, as


empresas davam ênfase à garantia da qualidade dos produtos e aos serviços
a eles associados, visando obter vantagens competitivas no mercado. Porém,
no cenário atual, com o aumento da competitividade entre as organizações,
esses fatores, por si só, passaram a não ser mais garantia de sucesso para as
empresas. Desse modo, a busca pela redução dos custos em todos os níveis
da cadeia de suprimento passou a ser uma variável muito importante para a
obtenção de resultados positivos em uma organização.
Para se fazer uma análise desses custos visando a reduzi-los, Viana
(2012), Gonçalves (2013) e Dias (2015) salientam a importância do conceito
de valor agregado, que representa o valor adicionado ao produto — isto
é, o valor da mão de obra direta, o custo indireto e o custo de estoque do
produto acabado —, que é agregado à matéria-prima no processo produtivo.
Nesse contexto, os autores destacam a importância de a empresa conhecer
a estrutura desses custos, pois tal entendimento pode trazer vantagens
competitivas frente à concorrência, uma vez que a empresa poderá focar nos
processos de produção mais significativos em termos de despesa, visando
a reduzir os maiores custos.
Viana (2012), Gonçalves (2013) e Dias (2015) explicam que o valor agregado
tem como objetivo entregar um valor ou serviço melhor ao cliente final. Esses
autores também apontam que as organizações, ao optarem por esse método
de valorização do produto, devem dominar a metodologia, pois, do contrário,
podem acabar orientando a cadeia de suprimentos com práticas inadequadas.
Destaca-se que, em cada gestão, é preciso desenvolver uma boa parceria entre
cliente e fornecedor, para que se fortaleça uma relação ganha-ganha susten-
tável. Assim, evidencia-se a necessidade de a empresa fazer o gerenciamento
da cadeia de suprimentos, o que implica, consequentemente, na análise da
cadeia de valor como um todo.

Benefícios da manutenção de estoques


Autores como Viana (2012), Gonçalves (2013), Dias (2015), entre outros,
observam que a maioria das organizações se concentram no atendimento aos
seus clientes na hora certa e com a quantidade certa. Diante desse contexto
apresentado pelos autores, entende-se que, para obter uma vantagem com-
petitiva sólida, torna-se necessário a rapidez e a presteza na distribuição das
mercadorias. Portanto, estoques bem administrados podem gerar benefícios,
sendo importantes para:
Custos de manutenção do estoque 3

 melhora do serviço ao cliente — facilitando as ações de marketing,


que geram a demanda e necessitam do produto para consolidar as
vendas;
 economia de escala — os custos são considerados menores quando o
produto é produzido consecutivamente e em quantidade constantes;
 proteção de mudanças de preços em períodos inflacionários — um
volume de compras maior pode minimizar o impacto do aumento de
preços pelos fornecedores;
 proteção contra incertezas na demanda e no tempo de entrega — esse
problema está relacionado a questões oriundas dos sistemas logísticos,
visto que, em muitos momentos, é difícil mensurar o comportamento
da demanda dos clientes ou o tempo de entrega dos fornecedores;
ou seja, para atender aos clientes, é importante manter estoques de
segurança;
 proteção contra contingências adversas — garante a estabilidade da
organização contra greves, incêndios, inundações, instabilidade política
e outras variáveis exógenas que podem gerar problemas.

Os itens anteriores reforçam que, com a manutenção de estoques, os riscos


das organizações diminuem. Conforme apontam Viana (2012), Gonçalves
(2013) e Dias (2015), é evidente que o ideal seria a inexistência de estoques, isto
é, que fosse possível atender o usuário no momento em que surge a necessidade
a ser suprida (JIT). Percebe-se no mercado que as causas significativas da
exigência de estoques estáveis para atendimento imediato tanto do consumo
interno como da área de vendas são:

 a necessidade de sequência produtiva;


 a incerteza da demanda futura ou sua variação ao longo do período
de planejamento;
 a disponibilidade imediata do material nos fornecedores;
 o cumprimento dos prazos de entrega.

Viana (2012) também destaca outras razões para a existência dos estoques,
como as dificuldades de se ter os materiais em mãos no momento em que as
demandas acontecem e o benefício obtido em função das variações dos custos
unitários, principalmente em períodos inflacionários. Nesses períodos, a
manutenção de elevados estoques de materiais estratégicos poderá, em limites
ponderados, beneficiar as organizações.
4 Custos de manutenção do estoque

Just in case versus just in time


Entende-se o real significado do JIT comparando-o com seu antecessor: o JIC.
Autores como Bonatto (2014), Martins e Laugeni (2015) e Corrêa e Corrêa
(2017) destacam que a gestão de um negócio pela ótica do JIC conduz a produ-
ção de acordo com a máxima capacidade de produção, antecipando a demanda
futura sob a forma de estoques. Desse modo, não se desenvolvem esforços
nem para balancear as capacidades nem para eliminar as variabilidades, pois
o interesse é operar o tempo todo na máxima capacidade. Martins e Laugeni
(2015) salientam que, nesse método, o ritmo de produção é ditado pela capa-
cidade excessiva do primeiro processo, que empurra a produção em direção
aos processos sucessivos, resultando em um inventário consideravelmente
mais alto do que o necessário.
Já o JIT, conforme interpretam Martins e Laugeni (2015), gerencia para
obter o nivelamento da produção e age para diminuir as variabilidades no
processo. Corrêa e Corrêa (2017) corroboram, destacando que o JIT atribui
pequenos estoques de material em processo a cada centro produtivo, para
proteger o sistema das incertezas e flutuações estatísticas dos processos de ma-
nufatura. Atingindo-se esse estoque, o processo antecedente é descontinuado.
Interpretando esses conceitos, ao se considerar toda a cadeia produtiva,
o JIT mantém uma quantidade de estoques intermediários inferior ao JIC e,
por meio de ferramentas e técnicas de solução de problemas, busca a melhoria
contínua de seus processos e procedimentos, com base na eliminação de todo
o desperdício. O Quadro 1 traz um resumo comparativo das características
do JIT e do JIC.

Quadro 1. Comparações — JIT versus JIC

JIT JIC

 Puxar produção  Empurrar produção


 Sistema ativo  Sistema passivo
 Estoques reduzidos  Estoques altos
 Erros expostos e solucionados  Erros “escondidos” pelo estoque
 Capacidade utilizada somente se  Capacidade máxima utilizada
necessária  Estoques desorganizados, pelo
 Organização e limpeza da fábrica excesso de mercadorias
Custos de manutenção do estoque 5

Resumidamente, o JIC mantém um estoque forçado, sempre pronto para


quando o cliente solicitar, diferenciando-se do JIT, que atende o cliente a partir
da sua solicitação, reduzindo drasticamente os estoques. Conforme Bonatto
(2014), no contexto brasileiro, o JIT exige uma nova postura dos empresários.
Entende-se que sua assimilação não é fácil, pois os gestores ainda carregam
a filosofia do JIC, segundo a qual a produção em grande quantidade gera
grandes lucros (para os empresários). Mudar hábitos requer a quebra dos
paradigmas existentes.

Controle de perdas
Viana (2012) destaca que todos os tamanhos de empresas que possuem estoque
passam por um problema clássico: ao analisar os resultados do inventário de
mercadorias do estoque e conferir com os relatórios gerenciais, a coordenação
percebe que há uma diferença significativa entre o que consta no sistema e a
quantidade real. Trata-se das perdas de estoque.
Viana (2012), Gonçalves (2013) e Dias (2015), entre outros autores,
salientam que prevenir perdas de estoque é um importante controle também
para os pequenos empreendedores, principalmente porque eles trabalham
com quantidades menores de produtos e, muitas vezes, além do prejuízo,
também encontram dificuldades em não atender com presteza os seus
clientes.
Desse modo, destaca-se que a prevenção é um método de diminuir as
perdas com estoque. A seguir, são apresentados os principais fatores que
causam perdas e como preveni-las, conforme lecionam Viana (2012), Gonçalves
(2013) e Dias (2015).

Furtos

Os furtos, conforme menciona Viana (2012), podem ser cometidos tanto por
uma pessoa da equipe da empresa quanto por terceiros (parceiros que tenham
acesso ao ambiente de depósito e intrusos) e ocorrem quando há vulnerabilidade
de segurança e pouco controle de entrada e saída de mercadorias. Exemplo
comum: furtos de objetos pequenos que cabem em bolsos. Em uma empresa
de botões, por exemplo, houve casos de funcionários que saíam com botões
dentro de bolsos falsos nas calças. Esses botões depois eram revendidos sem
se observar os valores corretos e eram comprados por pessoas que corroboram
com esse mercado ilegal.
6 Custos de manutenção do estoque

Para gerenciar essa dificuldade, sugere-se que haja, por parte da organi-
zação, um controle do acesso tanto de pessoas internas quanto externas. Essa
é uma das formas mais eficientes de prevenção de furtos e pode ser feita por
meio de sistemas de segurança, com integração com catracas e monitora-
mento de vídeo. Além disso, é importante ter um controle rígido de estoque
para inibir ações de furto, uma vez que os funcionários se conscientizam de
que há contagem constante dos produtos no estoque. A realização periódica
de inventários, bem como o registro adequado de tudo o que é adquirido e
vendido, portanto, são ações fundamentais.

Avarias

Esta é uma situação muito comum em logística, conforme aponta Dias (2015).
As avarias acontecem quando um produto é danificado parcial ou integralmente.
Geralmente, o estrago acontece antes mesmo de a mercadoria chegar ao estoque,
durante o transporte e manuseio feito pelo fornecedor. Um exemplo comum:
transporte de luminárias e de vidros — itens que são facilmente danificados. Em
muitos casos, o seguro da carga chega a ser maior em função das avarias, ou,
ainda, existem transportadoras que não fazem o transporte de produtos frágeis.
Existem também casos em que os danos acontecem dentro da empresa, por
problemas de organização do espaço físico onde os produtos são estocados,
com exposição excessiva à luz solar ou a falta dela, por exemplo. Podem ocorrer
problemas como esse também devido à falta de equipamentos que facilitem
a localização e o manuseio dos produtos (carrinhos de carga, equipamentos
de transporte de paletes, entre outros).
Essa dificuldade pode ser administrada criando-se uma política de boas
práticas de manuseio de produtos em estoque e conferindo de forma minu-
ciosa os produtos recebidos do fornecedor. Também é importante investir em
equipamentos, para que a equipe empregue pouco esforço físico e concentre
sua atenção em não cometer erros que possam causar danos aos produtos.

Falhas gerenciais

A falta de treinamento adequado, segundo Gonçalves (2013), pode provocar


um registro errado de produtos adquiridos, ou o não registro da saída do pro-
duto. Esses erros gerenciais estão ligados à falta de processos bem definidos,
especialmente quando a organização não possui um bom sistema de controle de
estoque. Nota-se que essas falhas sugerem estoques contábeis não confiáveis,
que podem causar sérios prejuízos.
Custos de manutenção do estoque 7

Para dirimir esse problema, é preciso investir em apoio tecnológico para a


empresa, seguindo um bom sistema integrado, que una o estoque aos demais
controles (compras, vendas, finanças, entre outros). Com essa ação, será possível
tornar os processos de controle de estoque mais confiáveis, inclusive melhorando
o poder de análise da empresa e, consequentemente, a tomada de decisões.

Falhas operacionais

Um erro operacional comum, conforme aponta Gonçalves (2013), é a venda


de produtos que entraram em estoque depois, deixando de lado aqueles que já
entraram há tempos e que podem ser perdidos por passar o prazo de validade.
Exemplo comum: produtos perecíveis, eletrônicos, entre outros.
Para resolver essa situação, sugere-se a criação de regras de estocagem
que privilegiem os produtos conforme a data de recebimento, assim como o
controle de lotes. Novamente, destaca-se a importância de um bom sistema
para ajudar nesse controle, pois quando o gestor sabe o que possui no estoque,
pode fazer ações de promoção de produtos mais antigos, para ter um giro de
estoque mais fluído e produtivo, por exemplo.

Custos de estocagem e os riscos associados


Os custos de estocagem compreendem todas as despesas que incidem sobre a
organização em função do volume de estoque mantido. Segundo Bowersox e
Closs (2001, p. 232), “[...] o custo de manutenção de estoque é o custo incorrido
para manter o estoque disponível”.
Viana (2012), Gonçalves (2013) e Dias (2015) observam que os custos de
estocagem incluem o custo de oportunidade do capital, os custos associados
aos impostos e seguros, os custos de armazenagem física e, finalmente, os
custos associados ao risco de manter o estoque, ou seja, custos de perdas por
deterioração, obsolescência, dano e furto. Nesse sentido, conforme Viana
(2012), Gonçalves (2013) e Dias (2015), à medida que o estoque aumenta,
aumentam também os custos, que podem ser subdivididos em três categorias
principais. Veja-as a seguir.

1. Custos de oportunidade de capital — o dinheiro investido em esto-


ques não está disponível para outras utilizações, segundo Dias (2015),
configurando o custo de uma oportunidade perdida. Aponta-se nesse
item, como custo mínimo, os juros perdidos por não se investir aquele
8 Custos de manutenção do estoque

dinheiro, aproveitando as taxas de juros do mercado, dependendo das


oportunidades de investimento apresentadas para a organização. Enfim,
são os custos relacionados ao capital imobilizado em materiais e bens.
2. Custos de armazenamento ou custo de manutenção de estoque —
Dias (2015) destaca que o armazenamento do estoque requer espaço,
funcionários e equipamentos, e conforme aumenta o estoque, aumentam
também esses custos. Incluem-se nos custos de armazenamento os altos
volumes comprados, os controles envolvidos, os enormes espaços físicos,
o sistema de armazenamento e a movimentação de pessoal alocado, os
equipamentos e sistemas de informação específicos, assim como custos
associados aos impostos e seguros de incêndio e roubo de material alocado.
3. Custos de risco ou custo da perda de produtos — os riscos de se
manter um estoque, conforme Dias (2015), subdividem-se em:
a) obsolescência — perda do valor do produto, resultante de uma mu-
dança no modelo, no estilo ou no desenvolvimento tecnológico; com
isso, o item deixa de ser usado e acaba por ficar em estoque. Muitas
vezes, a empresa, ao tentar vender, não consegue recuperar o capital
investido e acaba perdendo. Isso reforça a ideia de comprar estoques
seguindo a ideia do JIT, comprando o mínimo possível;
b) danos — estoque danificado enquanto é manuseado ou transportado;
c) pequenos furtos — mercadorias perdidas ou furtadas;
d) deterioração — estoque que apodrece ou se dissipa na empresa, ou
cuja vida de prateleira é limitada.

A seguir, complementando essa análise, você verá dois custos que Viana
(2012) aponta como importantes.

1. Custo de pedido — a cada pedido ou requisição emitida, incorrem custos


fixos relacionados a salário do pessoal envolvido no processo, por exemplo,
e custos variáveis, como os recursos necessários para concluir o pedido.
Esse custo está diretamente relacionado ao volume de pedidos e requisições.
2. Custo de falta de estoque — esse custo incide quando as organizações
buscam reduzir ao máximo seus estoques, podendo acarretar o não
cumprimento do prazo de entrega, gerando multas por atraso ou can-
celamentos de pedidos por parte dos clientes. Além disso, a imagem da
empresa se desgasta, e isso acarreta um custo elevado e difícil de medir.

Resumidamente, entende-se que os custos de estoque são aqueles relacio-


nados para se obter e manter os produtos dentro do armazém. Esses custos
Custos de manutenção do estoque 9

precisam ser estudados e aperfeiçoados constantemente, pois influenciam


diretamente nos resultados financeiros das organizações. Veja na Figura 1
como esses custos se relacionam e interferem diretamente no custo de estoque.

Figura 1. Inter-relacionamento dos custos dos estoques.


Fonte: Adaptado de Custo... (2017).

Os custos, conforme apontam Viana (2012), Gonçalves (2013) e Dias (2015),


são implicações decorrentes das operações logísticas utilizadas para satisfazer
as perspectivas do cliente em relação ao produto. Cada fase do produto tem
o seu custo apropriado, e um gestor atento ao seu negócio procura otimizar
os processos, focando em questões relacionadas a tempo, qualidade, custo da
operação, entre outros.
Com essas afirmações, os autores supracitados também reforçam algumas
razões que corroboram para a empresa evitar ou reduzir significativamente
os estoques:

 os estoques representam custos desnecessários, porque envolvem pro-


dutos, máquinas, pessoal e instalações;
 os estoques podem encobrir problemas de qualidade no produto devido
a um armazenamento incorreto;
10 Custos de manutenção do estoque

 geram riscos de obsolescência e deterioração, já que produtos estocados


por muito tempo podem passar do prazo de validade e, se estiverem
acondicionados de forma errada, podem estragar;
 ocupam grandes espaços, de acordo com o volume dos produtos que
foram comprados.

No cenário atual, percebe-se que o desafio do gestor é sustentar um


equilíbrio entre reduzir os estoques e manter uma maior quantidade de
produtos. Lembre-se de que a manutenção de estoques em maior quantidade
possibilita atender com maior agilidade os pedidos dos clientes, enquanto
estoques mais enxutos têm menor custo, mas podem levar à demora nas
entregas dos pedidos, influenciando na qualidade dos serviços e produtos.
Por isso, é preciso entender os custos relacionados ao estoque na organiza-
ção e compará-los, para, assim, tomar decisões com base em um ponto de
equilíbrio adequado para a empresa.

Custo total de manutenção do estoque


No que tange às análises de custo, especialmente aquelas relacionadas ao
custo de manter um estoque, deve-se ter em mente que a abordagem vai
variar de organização para organização. Por exemplo, conforme apontam
Viana (2012), Gonçalves (2013) e Dias (2015), os custos de capital podem
variar dependendo das taxas de juros, do crédito da empresa na praça e das
oportunidades de investimento que a empresa pode ter. Nessa mesma linha,
os autores salientam que os custos de armazenamento variam conforme
o lugar e o tipo de armazenamento necessário. Os custos de risco podem
ser muito baixos ou podem estar perto de 100% do valor do item, no caso
de produtos perecíveis.
Desse modo, o custo total de manutenção de estocagem é geralmente
definido como uma porcentagem em valores monetários do estoque por unidade
de tempo (geralmente um ano). Autores como Viana (2012), Gonçalves (2013)
e Dias (2015) tendem a utilizar um valor de 20–30% em setores industriais.
Porém, é preciso avaliar cada caso, já que, apesar dessa estimativa ser realista
em muitos casos, não é válida para todos os produtos. Por exemplo, a possibi-
lidade de obsolescência de itens de moda é alta, sendo os respectivos custos
de manutenção de estoque maiores.
Custos de manutenção do estoque 11

Uma empresa mantém um estoque anual médio de R$ 2.000.000,00. A empresa


estima que o custo de capital é de 10%, os custos de armazenamento são de 7% e os
custos de risco são da ordem de 6%. Quanto custa anualmente manter esse estoque?
Resposta
 Custo total de se manter o estoque = 10% + 7% + 6% = 23%.
 Custo anual de se manter o estoque = 0,23 x $ 2.000.000 = R$ 460.000,00.
Veja que o cálculo é simples e, muitas vezes, se a análise for feita em relação a um
só item, o custo não é elevado. Porém, aumentando o número de itens, nota-se que
o valor é considerável. Portanto, é importante avaliar todos os custos envolvidos no
negócio, para que a análise seja consistente e possibilite ao gestor uma boa tomada
de decisão entre manter ou reduzir seus estoques.

Composição do cálculo do custo de estoque


Para melhor compreender a análise dos custos dos estoques, Viana (2012),
Gonçalves (2013) e Dias (2015) apresentam explicações sobre a composição
do cálculo da manutenção do custo de estoques. Observa-se que o verdadeiro
cálculo do custo de estoque é superior ao cálculo do custo de mercadoria
vendida (CMV) ou da compra de matérias-primas. Os autores destacam que
as despesas com a gestão de estoque e manutenção também são incluídas em
uma longa lista de variáveis.
Entende-se que cada um desses custos precisa ser analisado de forma
específica para cada tipo de empresa e está relacionado diretamente com as
políticas de gestão e as decisões da empresa. Por exemplo, com uma análise
aprofundada, é possível decidir sobre usar operadores logísticos terceirizados
ou aplicar uma política de cross docking.

Cross docking é considerado um sistema de distribuição, no qual o produto recebido


em um armazém ou centro de distribuição não é estocado, como seria prática co-
mum. Logo que chega ao armazém, o produto é preparado para o carregamento e
a expedição, a fim de ser entregue ao cliente imediatamente, ou, pelo menos, o mais
12 Custos de manutenção do estoque

rapidamente possível, conforme lecionam Oliveira e Pizzolato (2002). Na prática, ocorre


a transferência dos produtos do ponto de recebimento diretamente para o ponto de
expedição e entrega, tendo um mínimo tempo de estoque, se houver, facilitando aos
gestores a concentração na movimentação do centro de distribuição (CD), focalizando
o fluxo de produtos, e não a sua armazenagem.

Em síntese, os custos de estoque têm três categorias principais: custos de


pedido (custo do processamento e custo do pedido), custos de manutenção de
estoque (custo de capital e custo de armazenagem) e custo de falta de estoque.

Custos de pedido

Conforme Viana (2012), Gonçalves (2013) e Dias (2015), o custo de pedido,


conforme visto anteriormente, é a despesa que decorre cada vez que um cliente
faz um pedido. Ele pode ser avaliado como um custo de estoque fixo, sendo
todas as despesas relacionadas com cobranças, gerenciamento de contas dos
clientes e comunicação, ou pode ser considerado como um custo implícito de
logística. Esse último é relacionado ao transporte e à recepção de mercadorias,
sendo considerado um custo variável, que depende do valor do frete e do
volume total de pedidos. O custo do frete é, muitas vezes, capaz de causar
fortes variações no valor unitário dos pedidos — e na margem de lucro.
Estimar o custo de um pedido é considerado pelos autores como algo
difícil, visto que esse cálculo muda nas diferentes estruturas de negócios.
Mesmo em organizações do mesmo segmento, o cálculo pode variar por
conta de estratégias de produtos específicas. Desse modo, o custo do pedido é
influenciado por todos os participantes de uma cadeia de valor, especialmente
pelos fornecedores.
Ao analisar a estrutura do negócio, é preciso identificar as origens dos
fornecedores, pois, por exemplo, um fornecedor pode estar no Brasil ou na
China e pode fazer entregas por transporte marítimo ou por cargas aéreas.
Pode também estipular lotes mínimos de venda que variam conforme as uni-
dades compradas. Nesse sentido, é possível perceber que existem inúmeras
variáveis adicionadas ao cálculo. Por isso, é fundamental entender o fluxo de
mercadorias da organização antes de calcular os custos de pedido.
Custos de manutenção do estoque 13

Custos de manutenção

Custos de manutenção são fundamentais para a análise do estoque, visto


que ignoram o fluxo dos produtos e concentram-se apenas nas despesas do
estoque parado. Os custos de manutenção de estoque, segundo Viana (2012),
Gonçalves (2013) e Dias (2015), podem representar entre 18 e 75% de todas
as despesas com estoque e têm alto potencial de otimização para aumento da
margem de lucro.
Diante dessa condição, é possível distinguir duas subcategorias dos custos
de manutenção de estoque: custo de capital e custos de armazenagem (que
abrangem o custo de risco de estoque e o custo de serviço de estoque). Essas
subcategorias, segundo os autores, auxiliam a avaliar os estoques de forma
mais apropriada, para auxiliar na tomada de decisão.

Custo de capital

O custo de capital é o maior item entre as variáveis de custo de manutenção


de estoque. Compreende tudo o que é pertinente aos investimentos em capital
intelectual e até o custo do dinheiro (variáveis inflacionárias ou deflacionárias).
Determinar o custo de capital pode ser mais ou menos complicado, dependendo
do tipo de organização. Diante desse contexto, é preciso separar o estoque entre
o que é ativo da empresa (ou seja, que faz parte do inventário e do patrimônio,
como as máquinas e os equipamentos do estoque) e o que depende do fluxo de
caixa (como as mercadorias e as matérias-primas adquiridas periodicamente).
Para a maioria das empresas, os custos de capital beiram os 15%, enquanto
outras aplicam uma taxa de 5% sobre o total.

Custo de armazenagem

O custo de armazenagem, como já exposto anteriormente, inclui o custo do


estoque decorrente do aluguel de espaço físico (armazém) e os custos variáveis,
como energia, água e impostos sobre a propriedade (IPTU, por exemplo). Esses
custos são amplos e dependem do tipo de armazenagem que a organização
escolheu — se o espaço é alugado ou próprio. Salienta-se que, por exemplo,
nas organizações nas quais o espaço do estoque é dividido com o escritório,
pelo fato de o mesmo espaço ser usado para diferentes propósitos, é importante
determinar uma porcentagem desse escritório utilizada para o estoque, a fim
de realizar os cálculos de forma mais precisa.
14 Custos de manutenção do estoque

Também é preciso prever a saturação do espaço de armazenamento, que


pode aumentar consideravelmente os custos de forma não linear, criando todo
tipo de despesas extras. Quando um armazém atinge o ponto de saturação,
torna-se extremamente difícil a movimentação, e o fluxo é interrompido (às
vezes, completamente).
Pode-se complementar essa análise com o seguinte:

 custo de serviços de estoque — abrange a segurança do espaço, TI,


recursos humanos, gerenciamento e manuseio. Também pode-se incluir
nessa categoria as despesas relacionadas com controle e giro de estoque;
 custo dos riscos de estoque — os custos de risco de estoque absorvem
o risco de perda de valor dos itens por conta do período em que ficam
armazenados. Essa variável é especialmente importante em empresas
que lidam com produtos perecíveis.

Para Viana (2012), Gonçalves (2013) e Dias (2015), as fórmulas e os cálculos


de custos de manutenção de estoque, como já apresentado anteriormente,
consideram o custo de manutenção do estoque entre 18 e 75% do custo total.
O principal fator para determinar essa porcentagem são os custos de capital
(incluindo o investimento em estoque) e os tipos de produtos (intuitivamente,
quanto mais perecíveis, maiores os custos). Sob a ótica desses autores, ou-
tra forma rápida de calcular o custo de manutenção de estoque consiste em
adicionar 20% à taxa de juros de empréstimos no período. Por exemplo, se a
taxa de juros mensal é de 10%, os custos de manutenção seriam 10% + 20%
= 30%. Destaca-se que é difícil fornecer estimativas mais precisas. Também
pode-se considerar uma média, que pode ser avaliada frequentemente, entre
as categorias mencionadas anteriormente:

 custo de capital: 15%;


 custo de armazenagem: 2%;
 custo de serviço: 2%;
 custo de riscos: 6%.

Custo de falta

Os custos de falta são as despesas que incorrem quando ocorre a falta de itens
após o pedido do cliente. Para o varejo, essa despesa também pode incluir
Custos de manutenção do estoque 15

envios emergenciais, mudanças de fornecedores ou substituição de mercadorias


por produtos ou matérias-primas menos rentáveis. Os autores salientam que,
enquanto esses custos podem ser determinados com mais precisão, outros
custos de falta não são fáceis de mensurar, como as despesas relacionadas
com a perda de clientes ou a perda da reputação da empresa. A perda de
participação no mercado e os planos de contingência de entregas são outros
custos de falta que podem ser considerados no cálculo.
É preciso evidenciar que o custo de estoque é inversamente proporcional
ao custo de falta de estoque. Desse modo, os custos de pedido e manutenção
altos, em geral, geram menores custos de falta de estoque.

BONATO, S. V. Sistemas de qualidade e produtividade. Porto Alegre: Profissional, 2014.


E-book.
BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. J. Logística empresarial. o processo de integração da cadeia
de suprimento. São Paulo: Atlas, 2001
CORRÊA, H. L.; CORRÊA, C. A. Administração da produção e operações. São Paulo: Atlas,
2017.
CUSTO de estoque. Mandaê, São Paulo, 2017. Imagem PNG. Disponível em: https://
www.mandae.com.br/blog/wp-content/uploads/2017/02/custo-de-estoque-fluxo-
-e1486389247398.png. Acesso em: 22 fev. 2019.
DIAS, M. A. Administração de materiais. São Paulo: Atlas, 2015.
GONÇALVES, P. S. Administração de materiais: obtendo vantagens competitivas. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2013.
MARTINS, P. G.; LAUGENI, F. P. Administração da produção. 3.ed. São Paulo: Saraiva, 2015.
OLIVEIRA, P.; PIZZOLATO, N. D. A eficiência da distribuição através da prática do cross
docking. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 22., 2002, Curitiba.
Anais [...]. Paraná, 2002. Disponível em: http://www.gestori.com.br/website/diversos/
artigos/cross_docking.pdf. Acesso em: 22 fev. 2019.
VIANA, J. J. Administração de materiais. São Paulo: Atlas, 2012.

Leitura recomendada
RITZMAN, L. P.; KRAJEWSKI, L. J. Administração da produção e operações. São Paulo:
Pearson, 2007.
DICA DO PROFESSOR

Você sabia que um erro operacional comum é a venda de produtos que entraram em estoque
depois, ou seja, deixar de lado produtos mais antigos e que podem ser perdidos devido ao prazo
de validade? Como não cometer esse ou outro erro que irá prejudicar a empresa?

Para o desenvolvimento de um bom controle de estoques, é importante que o gestor se organize


dentro da empresa e observe alguns itens que contribuem para o sucesso dessa etapa.

Na Dica do Professor, saiba quais são esses itens e como colocá-los em prática.

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EXERCÍCIOS

1) O just in time (JIT) é uma abordagem muito utilizada pelos gestores que procuram
trabalhar com estoques reduzidos. Já o just in case (JIC) aponta um estilo de
gerenciamento que se propõe a manter estoques maiores. Sob essa concepção, é
possível afirmar que:

A) o JIC é um processo de puxar a produção.

B) o JIT é um processo de empurrar a produção.

C) o JIT gera estoques altos.

D) o JIC é um processo que esconde os erros pelo excesso de estoques.

E) o JIT é um processo desorganizado.


2) Atualmente, existe uma busca considerável pela redução dos custos, pois isso impacta
diretamente os lucros de uma organização. Mediante essa análise, destaca-se que nos
custos de manutenção de estoque:

A) a redução dos custos em todos os níveis da cadeia de suprimento é uma variável


importante para a obtenção de resultados positivos de uma organização.

B) o conceito de valor agregado representa o valor mínimo de um produto.

C) não há necessidade de os gestores conhecerem a estrutura de mão de obra direta e indireta,


movimentação, entre outros, para conseguirem reduzir custos de manutenção.

D) as empresas não precisam gerenciar a cadeia de valor, pois ela se autogerencia por meio da
gestão de cada empresa individualmente.

E) os fornecedores ou os clientes da organização não se comprometem com o sistema de


fornecimento da operação na cadeia de valor.

3) A coordenação dos estoques é um desafio para o gestor de uma empresa, porém,


quando bem administrados, podem gerar benefícios, destacando-se:

A) a proteção contra administrações corruptas.

B) a proteção a favor das certezas na demanda e no tempo de entrega.

C) a proteção para manter a estabilidade econômica.

D) a desaceleração da economia de escala.

E) a oferta de um serviço com maior qualidade ao cliente.


4) Toda organização busca constantemente manter-se competitiva. Desse modo, assinale
a alternativa que contém uma razão importante para a empresa reduzir
significativamente os estoques:

A) Os estoques representam custos necessários porque não envolvem produto, máquinas,


pessoal, instalações.

B) Os estoques podem encobrir problemas de qualidade no produto devido a um


armazenamento incorreto.

C) Não há riscos de obsolescência e deterioração ao manter estoques altos.

D) Mesmo que os produtos sejam estocados por muito tempo, não passam do prazo de
validade e, mesmo que estejam acondicionados de forma errada, não estragam.

E) Estoques altos não ocupam grandes espaços, pois podem ser compactados.

5) Para gerenciar os estoques com mais eficácia, podem ser considerados os seguintes
custos de manutenção:

A) Custo de movimentação, de capital, econômico e tecnológico.

B) Custo de capital, de armazenamento, de oportunidade, de pedido e de falta de estoque.

C) Custos internos e externos focando somente no fator produtivo.

D) Custos internos e externos relacionados somente a fornecedor.

E) Custos relacionados a exportação, não avaliando o mercado interno, nacional ou regional,


no qual a organização atua.
NA PRÁTICA

Na evolução dos estudos, foi possível perceber que, para uma empresa ser bem-sucedida, é
necessário que o gestor saiba como monitorar os custos dos seus estoques. Nesse contexto, é
fundamental que sejam estabelecidas as orientações organizacionais antes mesmo de definir os
processos e os métodos de uma determinada função ou um fluxo operacional.

Agora, você vai conhecer o caso da Sodexo Brasil. Veja como a gestão de estoques da empresa
trabalhou para manter a manutenção dos estoques sob controle.

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SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Influência da tecnologia da informação no controle de estoques: estudo de caso

Para que as empresas mantenham o controle e o gerenciamento de suas atividades, incluindo a


gestão de estoque, elas estão cada vez mais conectadas na era da tecnologia, em busca de
softwares que beneficiam o processo. No texto a seguir você vai refletir sobre como a tecnologia
pode contribuir para a gestão da manutenção dos estoques.

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Custos para manter o estoque

O artigo a seguir, produzido para o site Manutenção em Foco fala sobre os principais custos
para manter o estoque.

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Logística na economia atual

APRESENTAÇÃO

Muitas pessoas definem a palavra logística apenas como o transporte de produtos, porém, o
verdadeiro conceito abrange muito mais do que a movimentação de mercadorias. O Brasil é um
país de dimensões continentais e cabe ao governo investir ou atrair investidores em
infraestrutura para escoar e receber produtos. O custo com logística corresponde a uma
significativa parcela no custo final de um produto, portanto, uma logística bem gerenciada
representa uma grande ferramenta de competitividade, tanto no custo de vendas dos produtos
quanto na satisfação e no atendimento ao cliente.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você aprenderá o conceito de logística. Além disso, verá
como a logística funciona no Brasil. Por fim, estudará os custos logísticos com o atual cenário
econômico brasileiro.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Conceituar logística.
• Reconhecer o funcionamento da logística no Brasil.
• Relacionar custos logísticos com o atual cenário econômico brasileiro.

DESAFIO

O maior desafio da logística é garantir que o produto certo chegue ao cliente da forma mais
rápida possível e com o menor custo. Um dos segredos do sucesso na distribuição de produtos
está na excelência em gestão de estoque.

Você foi contratado por uma empresa que se encontra em um momento crítico.
Sendo assim, responda:

a) Como resolver o problema do fornecimento de matéria-prima?


b) Quais estratégias podem ser adotadas para se obter uma confiabilidade do estoque?

INFOGRÁFICO

Um dos maiores objetivos da logística é entregar as mercadorias corretas com agilidade


e segurança, portanto, as empresas devem estudar a melhor forma de distribuir seus produtos
para garantir o sucesso e a rentabilidade da operação logística; é nessa hora que o responsável
pela logística de distribuição deve analisar as vantagens e as desvantagens de cada modal de
transporte.

Neste Infográfico, você vai ver as principais vantagens e desvantagens dos principais modais de
transporte utilizados no Brasil.
CONTEÚDO DO LIVRO

A eficiência da logística de uma empresa é fundamental para manter a organização competitiva


e alcançar as metas estabelecidas, aumentando a rentabilidade desta.

No capítulo Logística na economia atual, da obra Gestão de custos: riscos e perdas, base teórica
desta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar o conceito de logística e sua importância para
a economia de um país. Você também vai conhecer como a logística funciona no Brasil e em
que estágio de atuação ela se encontra em relação ao mundo.

Boa leitura.
GESTÃO DE
CUSTOS, RISCOS
E PERDAS

Isis Boostel
Logística na economia atual
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Conceituar logística.
 Explicar como funciona a logística no Brasil.
 Relacionar custos logísticos com o atual cenário econômico brasileiro.

Introdução
A logística é uma ciência complexa que envolve várias atividades ligadas
à armazenagem, ao estoque, à movimentação de cargas, aos transportes
e ao monitoramento de todos esses processos com o uso de diversas
tecnologias. Como nenhuma cidade é autossuficiente na produção de
todos os insumos e produtos para abastecer as necessidades dos con-
sumidores, faz-se necessária uma integração das atividades logísticas
em nível global.
Neste capítulo, você vai estudar o conceito de logística e sua impor-
tância para a economia de um país. Você também vai conhecer como a
logística funciona no Brasil e em que estágio de atuação ela se encontra
em relação ao mundo.

Conceito de logística
A logística é responsável pelo gerenciamento dos recursos utilizados para o
deslocamento de materiais do ponto A ao ponto B, ou seja, desde o recebimento
de matéria-prima até a destinação final dos artigos produzidos. Portanto, a
logística envolve operações de compras, armazenamento, transporte e dis-
tribuição. Segundo Ballou (2010), a logística trata de todas as atividades
que facilitam o fluxo de produtos, assim como os fluxos de informação, que
colocam os produtos em movimento, com o propósito de providenciar níveis
de serviço adequados aos clientes a um custo razoável.
2 Logística na economia atual

O mundo contemporâneo, caracterizado pelas mais diversas tecnologias,


permite o acesso a informações, lugares e produtos com uma rapidez que nunca
se imaginou. Ao pensar que há 90 anos os produtos eram transportados, em
sua maior parte, por animais e que uma simples carga poderia levar meses
para chegar, percebe-se o quanto a logística foi importante para o crescimento
das nações.
Segundo Ballou (2010), a logística é um tema primordial para as organiza-
ções. Ela possibilita a uma empresa compreender, por meio de estudos, como
ela pode oferecer o melhor nível de serviço aos clientes, a partir do planeja-
mento, do monitoramento das atividades de movimentação e da armazenagem,
possibilitando o melhor fluxo de produtos.
Para Novaes (2004), a logística tem como objetivo solucionar os desafios
relacionados ao suprimento e à distribuição de insumos e produtos acabados
ao longo da cadeia, de maneira a reduzir custos — partindo do princípio de que
o custo não é o único fator a se observar. Já Bowersox e Closs (2001) afirmam
que a logística pode ser definida como um processo de gestão estratégica de
compra, movimentação e estocagem de materiais, bem como um processo de
gestão do fluxo de informação que demanda todo esse processo.
A partir da teoria apresentada, você pode perceber a importância da lo-
gística para a gestão do fluxo de informação e produtos dentro da cadeia de
suprimentos, que comporta, além da empresa, todos os outros atores, dentro
de um contexto maior. A logística permite às organizações se diferenciarem
do mercado quando suas atividades são executadas de forma a maximizar as
operações, minimizando, quando possível, o custo.

Segundo Porter (1989), uma empresa apresenta vantagem competitiva em relação à


outra quando consegue executar suas atividades de forma diferenciada, destacando-se
no mercado.

Para que um produto ou serviço seja oferecido ao mercado, as empresas


devem executar algumas atividades, apresentadas na Figura 1, compondo a
cadeia de valor.
Logística na economia atual 3

Figura 1. Cadeia de valor.


Fonte: Adaptada de Porter (1989).

Pode-se perceber que a cadeia de valor é dividida em atividades de apoio e


atividades primárias. As atividades primárias são apresentadas no Quadro 1.

Quadro 1. Atividades primárias

Inclui atividades de movimentação e armazenagem


Logística interna de materiais, sendo também chamada de logística
inbound.

Nessas atividades, os insumos/matérias-primas são


Operações transformados em produtos em processo e produtos
acabados.

Logística externa Distribuição de produtos.

Marketing e vendas Ações que estimulem o desejo de consumir do cliente.

Práticas que visem ao reforço da marca ou diferencial


Serviços
de serviço, como manutenção ou ajuste.

Fonte: Adaptado de Porter (1989).


4 Logística na economia atual

As atividades de apoio são subdivididas conforme mostra o Quadro 2.

Quadro 2. Atividades de apoio

Aquisição Compras de insumos, produtos acabados e serviços.

Desenvolvimento Ações que aumentem a performance dos


de tecnologia produtos e serviços com o uso da tecnologia.

Gerência de Ações de recrutamento e retenção de talentos.


recursos humanos

Infraestrutura Ações ligadas ao planejamento, à


da empresa gerência, à qualidade, dentre outras.

Fonte: Adaptado pelo autor de Porter (1989).

Para que as operações de logística aconteçam, são necessárias atividades


de suporte, como as apresentadas no Quadro 2. As atividades de apoio estão
relacionadas com recursos tangíveis, como matérias-primas, e recursos
intangíveis, ligados à capacidade intelectual da equipe que forma a organi-
zação e executa as operações envolvidas na produção de uma mercadoria e
sua distribuição.
Vale ressaltar que nenhuma atividade ligada às logísticas inbound e out-
bound, por exemplo, acontece sem um planejamento que envolva desde a equipe
de chão de fábrica até a direção. A tecnologia permite que as informações
fluam no processo, permitindo uma gestão compartilhada.
A análise da cadeia de valor permite às empresas constatarem onde podem
gerar valor ao cliente. A logística está intimamente ligada às atividades
que podem reduzir custos, oferecendo um aumento do nível de serviço ao
cliente final. Vale ressaltar que o aumento do nível de serviço está ligado
ao aumento do custo da operação; então, deve-se analisar a real necessidade
do cliente, para que a logística seja um fator diferencial na operação da
organização.
Para Christopher (2002), quando o ciclo do pedido — que significa o
tempo que o cliente quer esperar pela entrega do produto — for igual ao
tempo gasto nos processos de fabricação, armazenamento, expedição e
distribuição, o processo obteve bom resultado. Se a tecnologia utilizada
Logística na economia atual 5

pelas atividades de logística derem suporte a todo o processo, a empresa


terá a garantia de satisfação de seus clientes.

Como funciona a logística no Brasil


O conceito de logística, abrangendo todas as suas atividades, começou a ser
empregado de forma mais sistemática a partir das grandes guerras mundiais.
Quando estudamos a história desses eventos, percebermos como era importante
para os exércitos terem suprimentos para conseguirem ficar longos períodos
em locais sem acesso à rede de produtos. Segundo Novaes (2004), a evolução
da logística passou por quatro fases: atuação segmentada, integração rígida,
integração flexível e integração estratégica.
A primeira fase da logística, no pós-guerra, teve como característica os
produtos padronizados. Os eletrodomésticos tinham somente uma cor, e era
pequena a diversidade de marcas de produtos, por exemplo, os alimentícios. Na
Figura 2 você pode perceber que o enfoque era dado ao estoque nas diversas
fases da cadeia de suprimentos. Como nessa fase o uso de tecnologia não era
tão abrangente, as várias fases mantinham seu estoque sem integração com o
restante da cadeia de suprimentos; a compra de produtos era feita em lotes, a fim
de reduzir custos com transporte. Podemos classificar essa fase como segmen-
tada ou fragmentada, pois o estoque não era considerado de forma integrada,
mas, sim, individualmente para cada ator da cadeia de suprimentos — ou seja,
o fabricante, o distribuidor e o varejista mantinham seus próprios estoques.

Figura 2. Primeira fase da logística.


Fonte: Adaptada de Novaes (2004).
6 Logística na economia atual

Na segunda fase da logística, a história demonstra uma mudança no


padrão da indústria (Figura 3). Nessa fase, o marketing teve maior atuação;
nota-se o aumento da diversidade de produtos, com mais cores e modelos
diferenciados, possibilitados por uma maior flexibilização da manufatura das
empresas. Com mais opções de produtos, viu-se um aumento considerável do
estoque em todos os elos da cadeia de suprimentos. A crise do petróleo, em
1970, levou a um aumento considerável no custo de distribuição.

Figura 3. Segunda fase da logística.


Fonte: Adaptada de Novaes (2004).

Novaes (2004) caracteriza a segunda fase como o início de uma racionali-


zação integrada da cadeia de suprimentos, mas ainda rígida, pois a correção
em tempo real da demanda ainda não era realizada. Na Figura 3, pode-se
observar a ênfase ao transporte com integração rígida, ligando os participantes.
O autor faz analogia a um duto rígido, como um cano de PVC, pois a área de
manufatura das empresas detinha maior relevância nas tomadas de decisão,
sem planejamento e integração com outras áreas. O aumento de estoque pode
ser percebido por essa estratégia focada na manufatura.
A terceira fase da logística foi caracterizada por maior flexibilidade e
aconteceu em dois níveis, dentro da empresa e nas relações interempresariais.
O fluxo de informações com uso do intercâmbio eletrônico de dados (EDI,
do inglês electronic data interchange) e do código de barras trouxe maior
segurança e velocidade para a transação de informações e a captura de dados
e melhor performance na programação da produção e na gestão de estoques
(Figura 4).
Logística na economia atual 7

Figura 4. Terceira fase da logística.


Fonte: Adaptada de Novaes (2004).

Para Novaes (2004), a terceira fase se equipara a um duto mais flexível,


que se adapta às condições que o mercado apresenta. O aprendizado vindo da
segunda fase rígida, sem conexão entre toda a organização, levou as empresas
a repensarem seus modelos, adaptando-se às necessidades de seu público-alvo.
Você pode perceber que, nas três primeiras fases, existia a integração de
vários elos da cadeia de suprimentos de forma física, com produtos, geren-
ciamento de estoques, transporte e fluxo de informação. A quarta fase da
logística se caracteriza pela forma estratégica que a logística passou a ter nas
organizações, permitindo que ela seja integrada a toda a cadeia de suprimentos.
Essa nova configuração possibilita a todos os participantes a busca de novas
soluções, que agreguem valor e ofereçam diferencial competitivo de forma
holística aos parceiros (Figura 5).

Figura 5. Quarta fase da logística.


Fonte: Adaptada de Novaes (2004).
8 Logística na economia atual

Na Figura 5, você pode perceber como essa integração está presente em


todo o processo e em toda a cadeia de suprimentos, desde o fornecedor até
o consumidor final. Nessa fase, os operadores de transporte e armazenagem
atuam de forma a reduzir o tempo de deslocamento de carga e ajudam as
organizações a controlarem o estoque. O estoque é visto como uma forma
de garantir um diferencial de atendimento ao consumidor e um meio para
controlar exatamente quando deve haver o ressuprimento.
O uso de tecnologias de informação, como EDI (troca eletrônica de da-
dos), estoque gerenciado pelo fornecedor (VMI, do inglês vendor managed
inventory), aplicativos que compartilham espaço nos modais de transporte, Big
Data (captação de grande volume de dados), dentre outras tecnologias, ajuda
as empresas a flexibilizarem suas operações de acordo com a demanda do
cliente. Assim, pode-se adequar as necessidades do cliente e cumprir o lema
da logística de atender exatamente no lugar e na hora do desejo do consumo.
No Brasil, a logística tem um papel muito importante e está presente nas
operações de empresas de pequeno, médio e grande porte. Com o investimento
na indústria automobilística no país, a logística ganhou grande força nas
estratégias de produção, gerenciamento de estoques e distribuição.

Como exemplos de operações estratégicas de logística realizados no Brasil, podemos citar


o consórcio modular da fábrica da Volkswagen em Resende (Rio de Janeiro), em que o
fornecedor entrega os kits para os carros diretamente na linha de produção. Outro exemplo
é a operação just in time na fábrica da Fiat em Betim (Minas Gerais), em que os fornecedores
estão alocados perto da planta produtiva, a fim de reduzir custos com estoque e transporte.

Podemos notar grandes empresas brasileiras que já atuam na quarta fase


da logística, tendo as operações de sua cadeia de suprimentos totalmente
integradas, permitindo o uso da logística de forma a melhorar o custo da ope-
ração e sua competitividade nos cenários nacional e internacional. No entanto,
essa ainda não é a realidade da maioria das empresas brasileiras. O custo das
operações logísticas, a alta carga tributária e a deficiência em infraestrutura
colocam o país ainda na posição de terceira fase, quando analisamos a maior
parte das empresas brasileiras.
Estudando a cadeia de valor, vimos que a atividade de transporte é de suma
importância para a movimentação de cargas. No entanto, a matriz de transportes
Logística na economia atual 9

brasileira é desbalanceada — movimentamos mais cargas em um modal que


não apresenta as melhores condições. A matriz de transporte é formada por
cinco modais, a saber: rodoviário, ferroviário, aquaviário, dutoviário e aéreo.
Veja-os em detalhes a seguir.

Transporte rodoviário
O modal rodoviário é responsável por mais de 60% do escoamento de carga no
país. Ele tem como vantagem poder transportar uma carga de ponta a ponta sem
a necessidade de intercalar outro modal de transporte. Segundo o Ministério da
Infraestrutura, em 2017, o Brasil detinha 1.563,6 mil quilômetros de rodovias.
Em distâncias de até 500 quilômetros, esse modal se mostra bastante
competitivo, e, como temos uma grande malha rodoviária, fica mais fácil
o deslocamento de cargas. No entanto, segundo estudos da Confederação
Nacional de Transporte (CNT) de 2018, mais de 40% das rodovias apresentam
algum tipo de problema em relação à condição e à segurança da via (CNT,
2018a). Outro aspecto que vale destacar é o volume de cargas; nesse modal,
não é possível transportar grandes volumes. Portanto, ele ainda é considerado
um modal mediano em relação a custo e competitividade.

Transporte ferroviário
O modal ferroviário representa mais de 21% do volume de cargas transportado
no Brasil. Ele é considerado um modal com valor de frete baixo, já que é pos-
sível locomover grande volume de carga. Infelizmente, no país, a quantidade
de malha ferroviária é bem inferior à de malha rodoviária; de acordo com a
Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) (BRASIL, [2015]), o
Brasil conta com 30,576 mil quilômetros de ferrovias, contra mais de 1,5 milhão
de quilômetros de rodovias, segundo pesquisa da CNT (2018a). O número
de ferrovias, aliado ao maior tempo de deslocamento de carga, coloca esse
modal em 2º lugar em representatividade no deslocamento de cargas no país.

Transporte dutoviário
O modal dutoviário é caraterizado pelo grande volume de insumo transportado,
pois sua operação acontece 7 × 24 (7 dias por semana e 24 horas por dia).
De acordo com o site da ANTT, a dutovia tem como características a baixa
flexibilidade — pois não podemos alterar o tipo de produto transportado, como
ocorre em outros modais —, a agilidade e a segurança (BRASIL, [2015]).
10 Logística na economia atual

O transporte dutoviário é feito em dutos, que podem ser oleodutos, gaso-


dutos, minerodutos e aquedutos. De acordo com a ANTT, existem 14,592 mil
quilômetros de dutos, divididos entre gasodutos, oleodutos e minerodutos, no
país (BRASIL, [2015]).

Transporte aquaviário
O Brasil tem uma grande vantagem quanto ao modal aquaviário, pois detém
8,5 mil quilômetros navegáveis de costa. Essa condição permite que o Brasil
faça grande uso desse modal para as operações de exportações e importações
de suas cargas pelo mar.
Como vantagens desse modal, podemos destacar o grande volume e a
variedade de cargas para transporte e, consequentemente, um valor mais
competitivo de frete, quando comparado ao modal rodoviário. No entanto,
quando analisamos o quesito tempo, esse modal tem desvantagem em relação
aos modais aéreo e rodoviário. Além disso, um dos grandes problemas rela-
cionados a esse modal é a infraestrutura dos portos brasileiros — não temos
capacidade instalada para receber grandes cargueiros.

Transporte aéreo
O transporte aéreo é considerado o modal mais veloz em detrimentos dos
outros. Essa é uma grande vantagem — imagine quantas cargas precisam ser
movidas com rapidez para atender aos requisitos dos clientes. No transporte
de passageiros, temos visto crescer mundialmente o número de empresas de
transporte aéreo de baixo custo, que permitem maior acesso das pessoas a
esse modal. Nas cargas, ele é geralmente usado para documentos, frutas, joias,
dentre outros produtos. Sua vantagem na velocidade não é representada no
custo, já que este é o modal com maior valor de operação, tendo em vista o
menor volume de cargas que pode transportar.
De acordo com o estudo do plano de transporte da CNT (2018b), para que o
país atue de forma integrada no transporte, faz-se necessário um investimento
de 1,7 trilhão nos modais e terminais de armazenagem e movimentação de
cargas. As regiões Sul e Sudeste ainda são as áreas mais bem servidas no que
tange à estrutura de rodovias e portos. No entanto, há muito o que se fazer
para resolver problemas ligados à infraestrutura das regiões Norte, Nordeste e
Centro-Oeste, essa última altamente produtiva em commodities e que necessita
escoar o insumo de forma mais rápida e com menor custo.
Logística na economia atual 11

Como você percebeu, o Brasil ainda precisa melhorar muito em infraestrutura


logística. Atuar na integração intermodal e buscar meios que instiguem a inicia-
tiva privada a investir pode ser um caminho para aumentar nossa participação
no mercado internacional, reduzindo o custo de deslocamento de cargas.

Custos logísticos com o atual cenário


econômico brasileiro
Sendo um país de mais de 200 milhões de habitantes e grande extensão territorial,
o Brasil enfrenta grandes desafios no que se refere à logística de transporte de
cargas. Um estudo feito pelo grupo Ilos (PANORAMAS..., [2017]) mostra que
o Brasil apresenta um grande desequilíbrio quanto ao uso de sua matriz de
transporte. Mais de 60% da carga brasileira é movimentada pelo modal rodo-
viário, que apresenta alto custo em relação aos modais ferroviário e aquaviário.
Na Figura 6, você pode perceber o custo de cada modal e sua representação na
movimentação de cargas. O modal rodoviário tem a maior representatividade no
volume de carga transportado, com 63% de toneladas por quilômetro útil (TKU),
correspondendo a mais de R$ 353 mil no faturamento do transporte. Em segundo
lugar aparece o modal ferroviário, com 21% TKU, correspondendo a R$ 62 mil; em
terceiro lugar, temos o modal aquaviário, com 13% TKU e R$ 120 mil; em quarto
lugar, o transporte por dutos, com 4% TKU e R$ 103 mil de faturamento, e, por
fim, o modal aéreo, com 0,1 % TKU, representando R$ 2.154 mil de faturamento.

Figura 6. Custo de cada modal e sua representação na movimentação de cargas.


Fonte: Panoramas... ([2017], documento on-line).
12 Logística na economia atual

Ainda podemos citar o problema da infraestrutura logística do país. Pes-


quisas da CNT (2018b) mostram que mais de 40% das rodovias brasileiras
apresentam problemas, sejam de sinalização ou de estrutura da via. Nossos
portos ainda operam abaixo do volume de movimentação de contêineres in-
ternacional; na maioria dos portos, operamos 16 contêineres por hora. Nossos
aeroportos ainda não operam em sua totalidade em cidades menores, e o custo
de operação ainda é muito alto; esse cenário tem mudado após a entrada de
companhias aéreas com estratégia de low cost (baixo custo). O uso de ferrovias
ainda é tímido, tendo em vista o grande território.
Ainda de acordo com pesquisa do Ilos (PANORAMAS..., [2017]), no Brasil,
os custos logísticos representam mais de 12% do produto interno bruto (PIB)
brasileiro. Na Figura 7, você pode perceber que o custo logístico é representado
pelas atividades de estoque, armazenagem, transporte e custo administrativo.
Apesar da retração econômica que o Brasil tem vivido nos últimos anos, o
custo logístico vem em uma curva ascendente desde 2010.

Figura 7. Custos logísticos do Brasil.


Fonte: Panoramas... ([2017], documento on-line).
Logística na economia atual 13

Vale a pena ressaltar que países como Rússia, Estados Unidos e China, que
apresentam dimensões geográficas parecidas com o Brasil, apresentam uma
distribuição de cargas nos modais de forma diferente, conforme aponta a Figura 8.

Figura 8. Comparação da matriz de transportes de países com dimensão geográfica similar.


Fonte: Brasil (2018a, documento on-line).

Você pode perceber que a matriz de transporte brasileira, pela sua dimensão
geográfica, poderia ter o seu fluxo de mercadorias diluídos em modais que
representam menor custo de operação, como o ferroviário e o aquaviário. O
custo logístico do Brasil deve ser ponto de atenção do governo e da iniciativa
privada, pois, para que o País seja competitivo, ele precisa ter uma infraestru-
tura condizente com os padrões internacionais e um custo logístico em nível
de comparação de economias que apresentam dimensões geográficas como a
nossa. Deficiências ligadas à infraestrutura logística no país fazem com que
nosso custo para escoar a mercadoria seja muito alto.
O Brasil, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (BRA-
SIL, 2018b), teve uma das maiores safras de soja, o que o coloca como maior
produtor do grão no mundo. De acordo com o Ministério da Indústria, Comércio
Exterior e Serviços (MDIC), em 2018, a balança comercial brasileira apresentou
superávit comercial, isto é, a diferença entre exportação e importação teve
14 Logística na economia atual

saldo de 58.658,64 dólares. Somos um grande exportador, temos tecnologia


de ponta para a produção de grãos e grandes extensões territoriais; no entanto,
nosso custo de escoar o produto nos faz perder competitividade frente aos
concorrentes internacionais (BRASIL, [2019]).
Dessa forma, você pode perceber como a logística influencia diretamente
o crescimento de um país. Em sua essência, a logística, por meio do planeja-
mento, busca direcionar estratégias de diferenciação e competitividade. No
entanto, quando pensamos na esfera global, é necessário que os governos,
as empresas e toda a cadeia de suprimentos esteja interligada, como sugere
a 4ª fase de integração plena da logística. É preciso também que se entenda
como a logística pode beneficiar os processos da organização quando seu
conjunto de atividades estiverem alinhados a uma estratégia global, buscando
o crescimento e a competitividade do país.

BALLOU, R. H. Logística empresarial, transportes, administração de materiais, distribuição


física. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
BOWERSOX, D. J., CLOSS, D. J. Logística empresarial: o processo de integração da cadeia
de suprimentos. São Paulo: Atlas, 2001.
BRASIL. Agência Nacional de Transportes Ferroviários. Comparação de matrizes de
transporte de carga. Figura em PNG. Brasília, DF, 2018a. Disponível em: https://www.antf.
org.br/wp-content/uploads/2018/11/Compara%C3%A7%C3%A3o-Matriz-de-Tansp.
png. Acesso em: 14 fev. 2019.
BRASIL. Agência Nacional de Transportes Terrestres. Ferroviária. Brasília, DF, [2015].
Disponível em: http://portal.antt.gov.br/index.php/content/view/4751/Ferroviaria.
html. Acesso em: 14 fev. 2019.
BRASIL. Companhia Nacional de Abastecimento. Brasil conclui a segunda maior safra
de grãos com 228,3 milhões de toneladas. Conab, Brasília, DF, 11 set. 2018b. Disponível
em: https://www.conab.gov.br/ultimas-noticias/2506-brasil-conclui-a-segunda-maior-
-safra-de-graos-com-228-3-milhoes-de-toneladas. Acesso em: 14 fev. 2019.
BRASIL. Ministério da Economia, Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Balança co-
mercial. Brasília, DF, [2019]. Disponível em: http://www.mdic.gov.br/index.php/balanca-
-comercial. Acesso em: 14 fev. 2019.
CHRISTOPHER J. M. Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos. São Paulo:
Pioneira, 2002.
Logística na economia atual 15

CNT. Anuário CNT do transporte 2018: estatísticas consolidadas. Brasília, DF, 2018b. Dis-
ponível em: http://anuariodotransporte.cnt.org.br/2018/. Acesso em: 14 fev. 2019.
CNT. Pesquisa CNT de rodovias 2018. Brasília, DF, 2018a. Disponível em: http://pesquisa-
rodovias.cnt.org.br/. Acesso em: 14 fev. 2019.
NOVAES, A. G. (org.). Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição: estratégia,
operação e avaliação. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2004.
PANORAMAS ILOS. Custos logísticos no Brasil. Brochura em PDF. ILOS, Rio de Janeiro, RJ,
[2017]. Disponível em: http://www.ilos.com.br/DOWNLOADS/PANORAMAS/Nova_Bro-
chura%20_CustosLog2017.pdf. Acesso em: 14 fev. 2019.
PORTER, M. E. Vantagem competitiva: criando e sustentando um desempenho superior.
Rio de Janeiro: Campus, 1989.

Leituras recomendadas
BRASIL. Safra de grãos: Brasil deve virar maior produtor mundial de soja no mundo em
2018. Governo do Brasil, Brasília, DF, 10 mai. 2018. Disponível em: http://www.brasil.gov.
br/noticias/economia-e-financas/2018/05/brasil-deve-virar-maior-produtor-mundial-
-de-soja-no-mundo-em-2018. Acesso em: 14 fev. 2019.
CUSTOS logísticos no Brasil: edição 2017. ILOS, Rio de Janeiro, RJ, [2018?]. Disponível
em: http://www.ilos.com.br/web/analise-de-mercado/relatorios-de-pesquisa/custos-
-logisticos-no-brasil/. Acesso em: 14 fev. 2019.
CUSTOS logísticos. ILOS, Rio de Janeiro, RJ, [2019]. Disponível em: http://www.ilos.com.br/
web/solucoes-por-tema/solucoes-por-tema-custos-logisticos/. Acesso em: 14 fev. 2019.
FDC. Núcleo de Logística, Supply Chain e Infraestrutura. Custos logísticos no Brasil
2017. Apresentação em PDF. Brasília, DF, 2017. Disponível em: https://www.fdc.org.br/
conhecimento-site/nucleos-de-pesquisa-site/Materiais/pesquisa-custos-logisticos2017.
pdf. Acesso em: 14 fev. 2019.
SANTOS, G. Gastos com logística consomem 12,37% do faturamento das empresas. Veja,
São Paulo, 19 abr. 2018. Disponível em: https://veja.abril.com.br/economia/gastos-com-
-logistica-consomem-1237-do-faturamento-das-empresas/. Acesso em: 14 fev. 2019.
WORLD BANK GROUP. Doing business 2018: reforming to create Jobs. 15. ed. Washington
DC: World Bank, 2018. Disponível em: http://portugues.doingbusiness.org/content/
dam/doingBusiness/media/Annual-Reports/English/DB2018-Full-Report.pdf. Acesso
em: 14 fev. 2019.
DICA DO PROFESSOR

A boa gestão de custo é vital para a sustentabilidade de um negócio. O Brasil é um país que
oferece barreiras para o bom andamento dos processos logísticos, pois a infraestrutura para a
distribuição dos produtos necessita de uma maior atenção, além de investimentos imediatos.

Nesta Dica do Professor, você vai ver como a logística e seus custos são importantes na
competitividade do Brasil no mercado internacional.

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EXERCÍCIOS

1) A cadeia de valor da logística é composta por atividades primárias e secundárias.

Das alternativas a seguir, qual indica uma atividade de apoio da cadeia de valor?

A) Operações.

B) Aquisição.

C) Marketing e venda.

D) Logística interna.

E) Logística externa.

2) A infraestrutura da empresa é uma das atividades de apoio na cadeia de valor da


logística.

Das alternativas a seguir, assinale a que corresponde a essa infraestrutura.


A) Ações ligadas ao planejamento, à qualidade, às gerências, etc.

B) Ações que estimulem o desejo de consumir do cliente.

C) Compras de insumos e produtos acabados e serviços.

D) Ações que aumentem a performance dos produtos e serviços quando do uso de tecnologia.

E) Práticas que visem ao reforço da marca ou ao diferencial de serviço como manutenção.

3) Segundo Ballou (2010), a logística é um tema primordial para as organizações. Ela


possibilita a uma empresa compreender, por meio de estudos, como ela pode oferecer
o melhor nível de serviço aos clientes, a partir do planejamento, do monitoramento
das atividades de movimentação e da armazenagem, possibilitando o melhor fluxo de
produtos. Ao analisar a evolução da logística, é possível destacar algumas fases.

Assinale a alternativa correta.

A) A primeira fase é caracterizada pelo variado mix de produtos.

B) A terceira fase é caracterizada pela ênfase no estoque.

C) A segunda fase é definida pela mudança na oferta de produtos com variação de cores e
modelos.

D) A quarta fase é caracterizada pelo início do uso do código de barras.

E) A quinta fase é focada na produção e na distribuição.

4) Um estudo feito pelo instituto Ilos em 2016 mostra que o Brasil apresenta um grande
desequilíbrio quanto ao uso de sua matriz de transporte.
De acordo com esse estudo, assinale a alternativa correta.

A) O modal aquaviário é o segundo maior do Brasil.

B) O custo com transporte no modal dutoviário é maior que no modal aquaviário.

C) O modal aéreo é responsável pelo escoamento de 10% dos produtos no Brasil.

D) O custo do modal rodoviário é o menor, por isso a maioria dos produtos é distribuída por
meio desse modal.

E) O modal ferroviário apresenta o menor custo em relação aos outros modais.

5) Outra pesquisa realizada pela Ilos relaciona o custo logístico em relação ao Produto
Interno Bruto (PIB).

Sobre essa pesquisa, assinale a alternativa correta.

A) Em 2008, o custo logístico teve a menor representatividade em relação ao PIB.

B) Em 2016, o custo logístico teve a maior representatividade em relação ao PIB.

C) Em 2012, o custo com transporte teve a maior representatividade em relação ao PIB.

D) A representatividade do custo com armazenagem e administrativo foi maior em 2004 e


2015.

E) Em 2004, o custo logístico teve a maior representatividade em relação ao PIB.


NA PRÁTICA

A Natura é uma das maiores empresas de cosméticos no Brasil, a qual distribui produtos por
todo o território nacional, além da América Latina, portanto, o sucesso dos processos logísticos
é fundamental para a satisfação dos clientes.

Neste Na Prática, você vai ver o caminho percorrido pelos produtos da Natura, desde o
fornecimento da matéria-prima até o consumidor final.
SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Caminhos para o Brasil: infraestrutura logística brasileira vive momento decisivo

Neste vídeo você vai ver a opinião de especialistas sobre investimentos na infraestrutura
logística brasileira.

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Entenda a importância da logística e da infraestrutura para o comércio brasileiro

Para se inserir de forma competitiva e sustentável no comércio internacional, o Brasil precisa de


uma logística e infraestrutura de melhor qualidade, com rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e
aeroportos modernos. No entanto, a realidade do país apresenta vários obstáculos, o que
prejudica a competitividade dos produtos brasileiros. Veja a seguir.

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Transporte brasileiro x europeu

Veja a seguir como o uso da ferrovia não é o diferencial entre o transporte brasileiro e o
europeu.

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