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Controladoria

A Controladoria tem sido discutida como um avanço da Contabilidade Societária,


extremamente necessária às organizações para aprimorar a geração de
informações no processo de gestão. Dessa forma, a Controladoria tem a
finalidade de garantir informações adequadas ao processo decisório dos
gestores, colaborando para a busca pela eficácia da empresa e de suas
subdivisões, levando-se em conta o aspecto econômico (MARTINS, 2005).

Mesmo apresentando a Controladoria como um avanço da Contabilidade


Societária, Padoveze (2013, p. 3) argumenta que a Controladoria é uma ciência
autônoma e não se confunde com a Contabilidade, ainda que utilize arduamente
o instrumento contábil. Para o autor, a Controladoria pode ser entendida como a
Ciência Contábil evoluída. Nesse contexto, afirma que a Controladoria pode ser
definida como a unidade administrativa responsável pela utilização de todo o
conjunto da Ciência Contábil dentro da empresa.

A Contabilidade exerce forte influência sobre as atividades da Controladoria, pois


esta estaria focada no planejamento e no controle financeiro do lucro por meio
do orçamento e ao direcionamento dos usuários internos e externos, ou seja, a
definição é voltada à obtenção de resultados (lucros) (LUNKES;
SCHNORRENBERGER, 2009, p. 10).

Quando se trata do direcionamento dos usuários internos e externos, vale


ressaltar a importância da Controladoria para esses diferentes tipos de usuários
da informação contábil. De acordo com Figueiredo e Caggiano (2008), a
Controladoria é responsável por organizar, avaliar e interpretar os resultados
financeiros para suprir as necessidades informacionais dos agentes internos e
externos da organização. Nesse contexto:

Usuários internos: são aqueles diretamente relacionados à atividade rotineira


da empresa e que utilizam os dados contábeis em suas funções. Podemos
considerar: administradores; proprietários; contadores e auditores internos;
outros funcionários, dentre outros.

Usuários externos: são aqueles que apenas se interessam pelos dados


contábeis, sem participar ativamente dos processos da empresa. Tem como
principal objetivo o retorno dos recursos investidos, seja pela entrega de
mercadorias, de dinheiro ou outra forma de propiciar o funcionamento da
organização. As informações precisam estar ligadas à rentabilidade e à garantia
de retorno dos capitais investidos. Alguns deles são: governo, bancos,
fornecedores, acionistas potenciais, analistas de investimentos, outros
interessados.

Na Figura 1.1 podemos observar um resumo dos diferentes tipos de usuários da


Controladoria.
Figura 1.1 – Usuários internos e externos da Controladoria
Fonte: Adaptada de Lunkes e Schnorrenberger (2009, p. 21).

De acordo com os autores, a área de pesquisa e desenvolvimento vai


demandar informações relacionadas à satisfação dos clientes, a área de vendas
e marketing precisa de informações a respeito de receitas geradas, participação
no mercado, comissões dos vendedores, custo dos produtos, dentre outras. A
área de produção e logística precisa de informações relacionadas aos custos
dos processos, atividades e produtos, níveis de qualidade etc. A área
de finanças precisa de informações sobre prazos de pagamento, custo do
capital, recebimento, dentre outras. A área de recursos humanos precisa de
informações a respeito de produtividade, retenção de empregados e níveis de
motivação. O centro de serviços ao cliente precisa de informação sobre custo
dos reparos, atendimentos, reclamações etc. Por fim, a alta
administração precisa de informações mais estratégicas relacionadas ao
planejamento e à missão da organização.

Já em relação aos usuários externos, a área de acionistas e investidores têm


interesse em informações da Controladoria que auxiliem na análise de liquidez,
risco, rentabilidade, dentre outras. A área de agências reguladoras e
governamentais tem interesse em informações a respeito de gerenciamento da
receita, folha de pagamento, práticas contábeis e pagamento de tributos etc.
Os credores geralmente querem informações para analisar a saúde financeira
da organização. Os concorrentes têm interesse em informações sobre o
lançamento de novos produtos. Os fornecedores precisam de informações a
respeito de níveis de estoque, avaliação da liquidez etc. Já os clientes possuem
interesse na continuidade operacional. Por fim, a sociedade em geral tem
preocupação com meio ambiente, liquidez, endividamento, dentre outros fatores.

Dessa forma, além de atender às necessidades informacionais de usuários


internos e externos em geral, a Controladoria pode ser vista como uma área
organizacional que tem o objetivo de gerar informações relevantes e apropriadas
aos gestores no processo de tomada de decisão, contribuindo com a eficiência
econômica da organização (MOSIMANN; FISCH, 1999).

Nessa perspectiva, Oliveira, Perez e Silva (2004, p. 13) expõem que se pode
entender a Controladoria como um departamento responsável por projetar,
elaborar, implementar e manter o sistema integrado de informações
operacionais, financeiras e contábeis de determinada entidade, com ou sem fins
lucrativos, sendo considerada por muitos autores como estágio evolutivo da
Contabilidade.

Por fim, a missão da Controladoria é zelar pela continuidade da empresa,


assegurando a otimização do resultado global (FIGUEIREDO; CAGGIANO,
2008, p. 10). Para que ela cumpra sua missão, vai utilizar diversas ferramentas,
abordadas no decorrer desta unidade.

A área de Controladoria no Contexto da Gestão


Quando falamos sobre gestão, logo assimilamos o termo à gerência ou à
administração. No contexto organizacional, a gestão subsiste com a intenção de
que as organizações alcancem seus objetivos e metas por meio de planejamento
operacional e financeiro, administração de recursos, organização de processos,
execução de planos, controle de resultados, dentre outros fatores.

Stoner e Freemann (1985, p. 5) citam que a gestão consiste “no processo de


planejar, organizar, liderar e controlar os esforços real izados pelos membros da
organização e o uso de todos os outros recursos organizacionais para alcançar
os objetivos estabelecidos”.

Nesse contexto, quando falamos sobre gestão, podemos definir que dentro
desse universo existe um propósito específico de alcançar os objetivos ou metas
estabelecidos, ou seja, o êxito empresarial. Logo, podemos concluir que, para
uma gestão bem-sucedida, é necessário um processo de gestão eficaz. Nessa
circunstância, Beuren (1998, p. 38) argumenta que

o processo de gestão visa garantir que as decisões dos gestores contribuam


para otimizar o desempenho da organização. Aqui são contempladas as etapas
de planejamento estratégico e operacional, execução e controle, desenvolvidas
de acordo com o modelo de gestão da empresa.
Dessa forma, o processo de gestão pode ser definido como um processo de
planejamento e controle influenciado pela filosofia da empresa e por variáveis
ambientais (PADOVEZE, 2013). Sendo assim, missão, crença e valores das
empresas vão ter influência no seu modelo de gestão.

Segundo Padoveze (2013), o processo de gestão caracteriza-se pelo ciclo


planejamento, execução e controle. De acordo com Beuren (2002, p. 18) o
planejamento apresenta-se em dois aspectos: Planejamento Estratégico (longo
prazo) e Planejamento Operacional (curto prazo). A execução diz respeito às
ações realizadas para efetivar o planejado, e o controle é o processo
administrativo necessário para avaliar a execução das transações realizadas e
garantir a retroalimentação e eventual correção de rumos.

Após entender o processo de gestão, podemos verificar melhor a interação do


processo a partir da Figura 1.2.

Figura 1.2 – Processo de gestão empresarial


Fonte: Elaborada pela autora.

O planejamento orienta e fornece as diretrizes que norteiam as ações na


organização na busca do alcance de seus próprios propósitos. De acordo com
Lunkes e Schnorrenberger (2009, p. 37), o planejamento é “responsável pela
definição dos objetivos a serem seguidos durante todo o processo de gestão
empresarial”. Nesse contexto, a Controladoria pode atuar na coordenação do
plano, definindo objetivos e administrando o processo (KUPPER, 2005).
Após entender o processo de gestão empresarial, podemos discutir o papel da
Controladoria no apoio ao processo de gestão. Para Almeida, Parisi e Pereira
(1999, p. 375-377), as funções da Controladoria estão ligadas a um conjunto de
objetivos que, ao serem desempenhados, viabilizam o processo de gestão. Na
concepção desses autores, cabe à Controladoria:

a) subsidiar o processo de gestão – ajudando na adequação do processo de


gestão à realidade da empresa ante seu meio ambiente. Essa função é
materializada tanto no suporte à estruturação do processo de gestão quanto no
efetivo apoio às fases do processo de gestão, por meio de um sistema de
informação que permita simulações e projeções sobre eventos econômicos no
processo de tomada de decisão. A Controladoria estará suprindo os gestores
com instrumentos gerenciais que forneçam informações sobre desempenhos e
resultados econômicos;

b) apoiar a avaliação de desempenho – seja dos gestores ou das áreas de


responsabilidade, a avaliação de desempenho deve ser feita individualmente por
todos os gestores e seus respectivos superiores hierárquicos;

c) apoiar a avaliação de resultado – elaborando a análise de resultado


econômico dos produtos e serviços; monitorando e orientando o processo de
estabelecimento de padrões; avaliando o resultado de seus serviços;

d) gerir os sistemas de informações – definindo a base de dados que permita


a organização da informação necessária à gestão; elaborando modelos de
decisão para os diversos eventos econômicos, considerando as características
físico operacionais próprias das áreas, para os gestores; padronizando e
harmonizando o conjunto de informações econômicas;

e) atender os agentes do mercado – a empresa, como sistema aberto, interage


com seu meio ambiente, trocando os mais diferentes tipos de recursos. Assim,
cabe à Controladoria analisar e mensurar o impacto das legislações no resultado
econômico da empresa e atender aos diversos agentes do mercado, seja como
representante legal formalmente estabelecido, seja apoiando o gestor
responsável.

Vamos Praticar

As informações contábeis são essenciais para as atividades da Controladoria,


visto que ela é responsável por organizar, avaliar e interpretar os resultados
financeiros, a fim de demonstrar as informações aos usuários. Com base nisso,
defina quais são os usuários que carecem de tais informações.

Usuários internos: aqueles indiretamente relacionados à atividade casual


da empresa e que utilizam os dados contábeis em suas funções. Podemos
considerar: administradores, proprietários, acionistas ou investidores,
contadores e auditores internos, outros funcionários, dentre outros.
Usuários externos: aqueles que apenas se interessam pelos dados
contábeis, participando ativamente dos processos da empresa. Tem como
principal objetivo o retorno dos recursos investidos, seja pela entrega de
mercadorias, de dinheiro ou por outra forma de propiciar o funcionamento da
organização. As informações de que necessitam estão ligadas à rentabilidade
e à garantia de retorno dos capitais investidos. Alguns deles são: governo,
bancos, fornecedores, acionistas potenciais, analistas de investimentos,
outros interessados.
Usuários internos: são aqueles diretamente relacionados à atividade
rotineira da empresa e que utilizam os dados contábeis em suas funções.
Podemos considerar: administradores, proprietários, fornecedores,
contadores e auditores internos, credores, concorrentes, parceiros; dentre
outros.
Usuários externos: são aqueles que apenas se interessam pelos dados
contábeis, sem participar ativamente dos processos da empresa. Têm como
principal objetivo o retorno dos recursos investidos, seja pela entrega de
mercadorias, de dinheiro ou de outra forma de propiciar o funcionamento da
organização. As informações de que necessitam estão ligadas à rentabilidade
e à garantia de retorno dos capitais investidos. Alguns deles são: governo,
bancos, fornecedores, acionistas potenciais, analistas de investimentos,
outros interessados.
Usuários internos: são aqueles diretamente relacionados à atividade
rotineira da empresa e que não utilizam os dados contábeis em suas funções.
Podemos considerar: administradores, proprietários, clientes, agências
reguladoras e governamentais, outros funcionários, dentre outros.

Referências Bibliográficas
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